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IRMÃO JOÃO
AS CINCO CHAGAS NAS
BANDEIRAS PORTUGUESAS
IRMÃO JOÃO
(Apóstolos de Santa Maria)
AS CINCO CHAGAS
NAS
BANDEIRAS PORTUGUESAS
Cascais, 7 de Fevereiro de 2014
Dia das Cinco Chagas de Jesus
ÍNDICE
Apresentação
1
1ª. PARTE – AS BANDEIRAS DAS 5 CHAGAS
Capítulo I – 1ª dinastia
A - Antes da batalha de Ourique
1 - Bandeira da Casa de Borgonha
3
2 - Bandeira da Fundação
3
3 - Bandeira de S. Miguel
6
B - Batalha de Ourique
1 - Geral
7
2 - Véspera da batalha
8
3 - A aparição de Jesus, contada por D. Afonso
Henriques
10
4 - Batalha
15
5 - Bandeira
16
6 - Local
16
7 - Independência
20
8 - Moeda
20
C - Depois da batalha de Ourique
1 - Primeira bandeira das quinas
D. Afonso Henriques (1139-1185)
21
2 - Bandeira de Portugal
D. Sancho I a D. Sancho II
3 - Bandeira de Portugal e do Algarve
25
Capítulo II – 2ª dinastia
1 - S. Nuno de Santa Maria
29
2 - Crise de 1383-1385 e guerra com Castela 29
3 - A bandeira da geração de Avis
(D. João I a D. Afonso V)
4 - Príncipe herdeiro de Portugal
5 - Guerra com Castela (1475-1479)
6 - D. João II
7 - D. Manuel I
8 - D. João III
9 - D. Sebastião
32
34
36
37
40
42
43
Capítulo III – 3ª dinastia
1 - De D. Sebastião
2 - Com ramos de oliveira
3 - Dos Habsburgos
4 - Império
45
46
48
50
Capítulo IV – 4ª dinastia
A - D. João IV
1 - Da Casa de Bragança
2 - Da Restauração
3 - De D. Sebastião
4 - Da Imaculada Conceição
5 - Príncipe do Brasil
51
51
52
52
52
B - D. Pedro II
53
C - D. João V
1 - Nacional
2 - Bandeira pessoal
3 - “Cartola”
53
54
54
D - D. Maria I
55
E - D. João VI
1 - Reino Unido de Portugal, Brasil, e
Algarves
2 - Príncipe Real
56
58
F) D. Miguel I
58
G) D. Pedro IV
1 - Do Liberalismo
2 - Do Liberalismo-para uso marítimo
3 - Estandarte imperial
60
63
63
H) Dª. Maria II
63
I) D. Pedro V
63
Capítulo V – República
64
2ª. PARTE – IMAGENS DAS BANDEIRAS
1 - Antes da independência
2 - Fundação
3 - Batalha de Ourique
4 - 1ª dinastia
5 - 2ª dinastia
6 - 3ª dinastia
7 - 4ª dinastia
8 - Outros
70
70
71
73
74
78
79
85
9 - República
A - Nova bandeira
A - Fontes
86
B - Propostas
a - Ligadas à República
87
b - Conjuga-se Monarquia e Repúlica
88
c - Ligadas à Monarquia
89
d - Outras
90
C - Órgãos de soberania
a - Nacionais
91
b - Províncias Ultramarinas
92
c - Regiões Autónomas
93
d - Propostas para bandeiras ultramarinas 94
e - Macau
95
3ª. PARTE - ORAÇÕES
1 - Quinquenário de preparação para a Festa
2 - Dia das 5 Chagas (7 de Fevereiro)
a - Terço doloroso meditado
b - Ladainha das 5 Chagas
c - Ladainha dos Sagrados Estigmas
d - Ladainha das Chagas de Jesus e das
Místicas Chagas de nossa Senhora
e - Terço das Santas Chagas 1
(Irmã Maria Marta Chambon)
f - Terço das Santas Chagas 2 ( idem)
g - Terço de reparação das Santas Chagas
h - Coroa 1 das 5 Chagas
i - Coroa 2 das 5 Chagas
j - Coroa 3 das 5 Chagas
l - Coroa 4 das 5 Chagas
m - Coroa 5 das 5 Chagas
97
107
111
115
116
119
121
121
124
127
130
132
135
n - Coroa das Santas Chagas
o - Devoção às Cinco Chagas
p - Saudação às Santas Chagas
q - Adoração às Santas Chagas
r - Meditação sobre as Santas Chagas
s - Oração à Chaga do Ombro I
t - Oração à Chaga do Ombro II
u - Saudação à Chaga do Ombro
v - Oração à Chaga do Coração de Jesus
x - Via-Sacra das Santas Chagas
139
140
142
143
150
152
153
154
155
155
APRESENTAÇÃO
O povo português tem uma grande devoção às Cinco
Chagas. A esmagadora maioria das nossas bandeiras
têm impressas as Cinco Chagas desde o tempo do
nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, logo a seguir
à batalha de Ourique, em 25 de Julho de 1139. Daí a
ideia de fazer este livro. Nem todas as bandeiras
tiveram/têm as Cinco Chagas. “A esmagadora maioria”
como disse.
Estar a ver as Cinco Chagas nas nossas bandeiras é a
mesma coisa que estar a ver a nossa História. Daí que
há como que um resumo da nossa História.
E a capa indica isso mesmo. As Cinco Chagas bem
grandes, que é a parte central das nossas bandeiras. E,
em baixo, três bandeiras:
- a primeira bandeira que surgiu em Portugal com as
Cinco Chagas logo a seguir à vitória de Ourique contra
os muçulmanos em 25 de Julho de 1139
- a bandeira actual
- a bandeira do Presidente da República, que é o
representante máximo de Portugal
E como ao falar-se nas Cinco Chagas tem que se falar
em oração… O último capítulo é dedicado à oração às
Cinco Chagas como:
- mistérios dolorosos meditados
- ladainhas
- via-sacra
1
É certo que o livro é dedicado às Cinco Chagas. Mas
no capítulo da oração, a oração não é só dedicada às
Cinco Chagas. Na via-sacra, por exemplo, reza-se a
todas as Chagas, pois Jesus também teve chagas na Sua
Santa Face, na flagelação…
As bandeiras podem provocar uma certa confusão. Por
exemplo, as bandeiras que vão do número 29 ao
número 35, que são bandeiras que havia no reinado de
D. Manuel I. A primeira começou a ser usada no
reinado de D. João II. Algumas parecem ser iguais, mas
se se reparar nos pequenos pormenores há diferenças
entre elas. Por exemplo, as bandeiras que vão do
número 32 a 34 parecem ser iguais. Mas conte-se os
castelos, e há divergências. Para já não falar de outros
pequenos pormenores…
2
1º GRUPO
AS BANDEIRAS DAS CINCO CHAGAS
Capítulo I
1ª dinastia
A) Antes da batalha de Ourique
1 - Bandeira da Casa de Borgonha
A dinastia afonsina é também chamada da Casa de
Borgonha, pois D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques, vem daí. Esta bandeira foi a adoptada pelos
nossos reis D. Sancho I, D. Afonso II e D. Sancho II
(imagem 1). Curiosamente, esta bandeira já vinha do
tempo de D. Afonso Henriques, como descendente da
Casa de Borgonha, e, (quem sabe?) do pai,D. Henrique.
D. Henrique. A ser verdade, sendo da Casa de Borgonha, é mesmo anterior à batalha de Ourique.
2 - Bandeira da Fundação
Conde D. Henrique – D. Afonso Henriques
1095 – 1139
Quando das primeiras cerimónias das comemorações
centenárias em 1940, foi içada no castelo de Guimarães
uma bandeira com uma cruz azul sobre fundo branco,
bandeira esta que se designou por “Bandeira da
Fundação”. A escolha foi acertada e feliz. Na verdade,
3
as armas do conde D. Henrique – a cruz de azul em
campo de prata – que, tudo leva a crer, seu filho
D. Afonso Henriques, também usou no início da sua
carreira militar, estavam naturalmente indicadas para a
representação do condado Portucalense e das primeiras
lutas pela independência.
Um breve resumo histórico facilitará a compreensão
destas afirmações.
Por volta de 1072, D. Afonso VI conseguiu reunir sob
o seu ceptro os reinos de Leão, Castela e Galiza e
restabelecer a grande monarquia de seu pai
D. Fernando I e, no prosseguimento das suas lutas
contra os mouros, alargou os territórios, conseguindo
para o reino da Galiza, atingir a foz do Tejo com a
conquista de Santarém, Lisboa e Sintra em 1093.
Entretanto, em 1091, o rei casou sua filha legítima,
Dª. Urraca, com Raimundo, filho de Guilherme de
Borgonha, a quem conferiu o governo da Galiza,
abrangendo todas as terras conquistadas a ocidente.
Entre os diversos territórios que constituíam o reino da
Galiza figuravam os condados de Coimbra e de Braga,
o território portucalense e as terras conquistadas ao sul,
estas últimas sob administração de Soeiro Mendes.
Em fins de 1094 aparece a governar Braga um primo
de D. Raimundo, D. Henrique, neto de D. Roberto o
Idoso de França, que D. Afonso VI casara com sua
filha ilegítima D. Teresa. Em 1096 já o conde
D. Henrique governava Braga e Coimbra e em 1097
todo o território do Minho ao Tejo sob a denominação
de condado Portucalense então directamente
subordinado ao rei D. Afonso VI. Perdida Lisboa, que
os mouros tinham reconquistado em 1095, o condado
4
atingia ao sul, Santarém. Ao contrário do que se
verificara até então no governo dos condados, o do
conde D. Henrique passou a ser hereditário.
Morre D. Afonso VI em 1109 e sucede-lhe no trono sua
filha Dª. Urraca, que enviuvara de D. Raimundo dois
anos antes, e cerca de cinco anos depois, em 1114,
morre em Astorga o conde D. Henrique, ficando no
governo do condado Dª. Teresa, por virtude da
menoridade de seu filho, D. Afonso Henriques. Já
então os limites ao sul tinham sido modificados com a
reconquista de Santarém pelos mouros em 1111.
Dª. Teresa aproveita as oportunidades das lutas
intestinas de sua irmã para tentar destruir os laços que a
uniam a Leão e Castela e de tal forma de houve que,
em 1117, o condado era designado como reino embora
a vassalagem nunca tivesse chegado a ser quebrada.
Quando em 1126 sucede a Dª. Urraca seu filho
D. Afonso VII, este procura forçar primeiro a tia e
depois o primo - que entretanto se apoderara do
governo do condado após a batalha de S. Mamede
(1128), - a prestar-lhe vassalagem que considerava
devida.
D. Afonso Henriques, aos quatorze anos, arma-se a si
próprio cavaleiro na Sé de Zamora, como era uso entre
os reis e, em lutas constantes que se prolongam por
cerca de 10 anos, consegue finalmente o
reconhecimento da independência na conferência de
Zamora em 1143.
Ao mesmo tempo que lutava para alcançar a
independência, não abandonava D. Afonso Henriques
as suas pretensões de reconquista aos mouros do
território por estes ocupado. Entre as lutas travadas
5
com os mouros uma referência especial merece a
chamada batalha de Ourique, em 1139, pois tudo leva a
crer ter sido após essa batalha que o nosso primeiro Rei
modificou as suas armas.
Mas, a bandeira que se alçou em Cerneja, e em tantos
outros recontros foi, sem dúvida, a que representava as
armas de seu pai, o conde D. Henrique, a cruz de azul
em campo de prata, - a “bandeira da Fundação”
(imagem 2).
2- A ostentação de bandeiras era algo de relativamente
recente nesta época. As bandeiras derivavam dos
escudos de armas usados pelos senhores feudais.
O escudo do condado Portucalense era o do conde
D. Henrique, o qual consistia num escudo branco com
uma cruz azul.
3 - Bandeira de S. Miguel
Vários indícios testemunham a importância da
veneração, dos primeiros portugueses, ao arcanjo S.
Miguel. A capela de S. Miguel, em Guimarães, foi a
escolhida para o baptismo de D. Afonso Henriques. O
mesmo S. Miguel apareceu e ajudou os portugueses na
conquista de Santarém, levando à fundação da Ordem
de S. Miguel da Ala pelo primeiro rei de Portugal.
Podemos, pois, considerar o arcanjo S. Miguel como o
primeiro santo patrono de Portugal.
Assim como a S. Jorge é atribuída uma bandeira
própria - de campo branco com uma cruz firmada de
vermelho - também a S. Miguel é, por vezes, atribuída
6
uma bandeira distintiva. A bandeira atribuída a este
arcanjo tem campo branco, com uma cruz firmada de
azul. Esta bandeira foi, sobretudo, usada em França,
país de grande veneração a S. Miguel. Até à revolução
francesa a bandeira branca com a cruz azul era uma das
usadas como distintivo nacional, nomeadamente pelos
navios mercantes da Provença. Ainda hoje, por
exemplo, é usada como bandeira municipal de
Marselha (imagem 3).
Uma bandeira de campo branco, com uma cruz firmada
de azul é também a ordenação tradicionalmente
atribuída à bandeira nacional da época da fundação de
Portugal (imagem 2). Será coincidência? Existem
várias teorias acerca das origens da primeira bandeira
de Portugal. Muitos defendem, inclusive, que ela nunca
teria existido... pelo menos com esta ordenação.
Os defensores da sua existência, normalmente,
atribuem a sua origem à Casa de Borgonha à qual
pertencia o conde D. Henrique.
Será que a origem da bandeira da Fundação não se
poderá explicar pela adoração dos primeiros
portugueses a S. Miguel? Será que a Bandeira da
Fundação não era mais do que a Bandeira de S. Miguel,
primeiro Patrono de Portugal?
B – Batalha de Ourique
1 - Geral
Na batalha de Ourique defrontaram-se as tropas cristãs,
comandadas por D. Afonso Henriques, e as mouras por
Ali Ibn Yusuf, emir Almorávida. A vitória cristã foi
7
tamanha que D. Afonso Henriques foi aclamado pelos
combatentes como rei. Foi travada numa das incursões
que os cristãos faziam em terra de mouros para
apreenderem gado, escravos e outros despojos.
Inesperadamente, um exército mouro saiu-lhes ao
encontro e, apesar da inferioridade numérica (cem
contra um) os cristãos venceram. Ela foi travada no dia
de S. Tiago (25 de Julho), que o povo tinha tornado
patrono da luta contra os mouros. Um dos nomes
populares do santo, era mata-mouros. (imagem 4).
Ourique serve, a partir daí, de argumento político: a
intervenção pessoal de Deus era a prova da existência
de um Portugal independente por vontade divina e,
portanto, eterna.
2 - Véspera da batalha
A batalha de Ourique foi o momento decisivo da
independência do pequeno condado portucalense.
Véspera de batalha. Os guerreiros tentavam descansar.
Nas coloridas tendas mouras o movimento fora
intensíssimo durante todo o dia. De cinco reinos
haviam chegado homens aguerridos, decididos a não
deixar progredir o pequeno exército dos cristãos.
Tinham vindo muitos de Sevilha e de Badajoz para se
juntarem à hoste composta por gente de Elvas, Évora e
Beja. Diz-se mesmo que tinha vindo gente de alémmar. Durante o dia, não tinha havido descanso para
ninguém. As setas tinham sido cuidadosamente afiadas
e guardadas nas aljavas. Os velozes alfarazes da
cavalaria moura tinham tido ração suplementar e
relinchavam respondendo aos puros-sangues árabes dos
8
grandes senhores que, impacientes, esperavam pela
acção, pelo combate. Enfim, era noite e a algazarra que
pairava todo o dia sobre o arraial esmorecera um pouco
e só se ouvira como que um zunir de moscas. No
acampamento cristão pairava o silêncio. Também os
ginetes da guerra estavam prontos e impacientes, as
espadas tinham sido afiadas, os peões haviam
experimentado as bestas para que tudo corresse como
desejavam. Os guerreiros descansavam nas tendas,
recostados em leitos improvisados com as peles dos
animais mortos, lá mais ao norte, nas selvas que
bordejavam as suas tendências e propriedades.
Também D. Afonso Henriques estava recostado na sua
tenda. Dera ordem para que ninguém o incomodasse.
Não conseguia dormir. Pensava na batalha do dia
seguinte, na enorme cópia de gente moura contra a sua
minúscula hoste.
Corria até que o exército árabe tinha uma ala de
guerreiras... Mas, era necessário vencer... Deus Se
encarregaria de mostrar ao infiel o Seu poder pelo
braço do guerreiro. Semi-adormecido, apareceu-lhe
como que num sonho, um ancião. Fez sobre ele o sinalda-cruz, chamou-lhe escolhido por Deus e alertou-o da
batalha. (imagem 5) Entretanto, apareceu-lhe um
escudeiro, que vinha dizer-lhe que estava ali um velho
que queria falar-lhe com muita urgência. D. Afonso
Henriques viu, diante dos olhos, bem despertos, o velho
do sonho:
- Tu, outra vez? Quem és afinal, ancião? O que me
queres?
- Quem sou não interessa... Acalma-te e ouve o que
venho dizer-te da parte de Jesus, nosso Senhor: daqui a
9
instantes, quando ouvires tocar os sinos da ermida onde
há já sessenta e seis anos vivo, deves sair do arraial, só
e sem testemunhas. É isto o que Ele manda dizer-te!
Antes do guerreiro abrir a boca, o velho desapareceu na
noite, sem deixar rasto. Daí a instantes, soou,
efectivamente, o sino da ermida e D. Afonso Henriques
pegou na espada e no escudo, com gesto quase
automático, saiu da tenda embrenhando-se na noite,
sem destino, só, como lhe fora recomendado.
Subitamente, um raio iluminou a noite e de dentro dele
saiu uma cruz esplendorosa. Ao centro estava Jesus
rodeado de anjos. Afonso Henriques, ajoelhado,
deixou-se ficar boquiaberto, sem saber o que dizer, sem
se atrever a quebrar o instante, até que dentro de si,
ouviu Jesus dizer-lhe:
- Afonso, confia na vitória de amanhã. Confia na
vitória de todas as batalhas que empreenderes contra os
inimigos da Cruz. Faz como a tua gente que está alegre
e esforçada. Amanhã serás rei.(imagem 6)
Apagou-se o céu e a visão celestial desapareceu, como
viera.
3 - A aparição de Jesus, contada por D. Afonso
Henriques
Bastantíssima era a tradição do aparecimento de Jesus,
nosso Salvador, feito a el-rei D. Afonso Henriques, e
mais, confirmando-se com os escritos de nossos autores
e de muitos estrangeiros gravíssimos, para se ter certo o
favor que Deus nosso Senhor quis fazer à nação
portuguesa. Mas para maior confirmação ordenou o
mesmo senhor, parece que com particular providência,
10
nos ficasse outra memória ilustríssima dessa verdade. E
é uma escritura autêntica em que o mesmo rei
D. Afonso jura sob os santos Evangelhos como viu
com os seus próprios olhos ao Salvador do mundo na
forma que temos contado.
Achou-se, no ano de 1506, no cartório do real mosteiro
de Alcobaça e foi instrumento o Doutor Frei Bernardo
de Brito, cronista-mor de Portugal, a quem o Reino
deve com a glória adquirida por seus escritos, as graças
de tão ditoso achado. É um pergaminho de letra antiga,
já gasto, com selo de el-rei D. Afonso, e outros quatro
de cera vermelha, pendentes de fios de sede da mesma
cor, confirmados por pessoas de autoridade, em que se
fenda o maior crédito humano que pode haver em
escrituras.
O Doutor Frei Lourenço do Espírito Santo, abade então
daquela casa geral da Ordem de Cister, neste reino,
pessoa de grandes letras e muita prudência, julgou ser
Vontade de Deus divulgar-se por todos esta memória. E
assim, indo a Lisboa, levou o pergaminho e mostrou
aos senhores do governo, e depois fazendo jornada à
corte de Madrid, o apresentou ao católico rei
D. Felipe II, e o viram também muitos grandes de sua
corte, e de todos foi venerado e estimado como merecia
um documento de tanto preço, do qual o teor é o
seguinte:
“Eu, Afonso, rei de Portugal, filho do conde
D. Henrique e neto do grande rei D. Afonso, diante de
vós, bispo de Braga e bispo de Coimbra e Teotónio, e
de todos os mais vassalos de meu reino, juro em esta
Cruz de metal, e neste livro dos Santos Evangelhos, em
que eu ponho minhas mãos, que eu, miserável pecador,
11
vi com estes olhos indignos a nosso Senhor Jesus
Cristo estendido na cruz, no modo seguinte:
Eu estava com meu exército nas terras de Alentejo, no
Campo de Ourique, para dar batalha a Ismael e outros
quatro reis mouros que tinham consigo infinitos
milhares de homens. E minha gente temerosa de sua
multidão, estava atribulada e triste, sobremaneira. Em
tanto que publicamente, diziam alguns ser temeridade
acometer tal jornada. E eu, enfadado do que ouvia,
comecei a cuidar comigo que faria. E como estivesse
na minha tenda um livro em que estava escrito o
Antigo Testamento e o de Jesus Cristo, abri-o e li nele
a vitória de Gedeão, e disse para comigo mesmo. Muito
bem sabeis Vós, Senhor Jesus Cristo, que por Vosso
amor tomei sobre mim esta guerra contra os Vossos
adversários. Em Vossa mão está dar a mim e aos meus,
fortaleza para vencer estes blasfemadores do Vosso
Nome.
Ditas estas palavras, adormeci sobre o livro e comecei
a sonhar que via um homem velho vir para onde eu
estava e que me dizia: Afonso, tem confiança, porque
vencerás e destruirás estes reis infiéis e desfarás sua
potência e o Senhor Se te mostrará. (imagem 5)
Estando nesta visão, chegou João Fernandes de Souza,
meu camareiro, dizendo-me: Acordai, senhor meu,
porque está aqui um homem velho que vos quer falar.
Entre - respondi-lhe - se é católico.
“E tanto que entrou, conheci ser aquele que vira no
sonho, o qual me disse: “Senhor, tende bom coração,
vencereis e não sereis vencido. Sois amado do Senhor,
porque sem dúvida pôs sobre vós, e sobre a vossa
geração depois de vossos dias, os olhos da Sua
12
Misericórdia, até à décima sexta descendência, na qual
se diminuirá a sucessão, mas nela assim diminuída, Ele
tornará a pôr os olhos e verá. Ele me manda dizer-vos
que quando na noite seguinte ouvirdes a campainha de
minha ermida, na qual vivo há sessenta e seis anos
guardando no meio dos infiéis com o favor do mui
Alto, saiais fora do real, sem nenhum criado, porque
vos quer mostrar a Sua grande piedade.
Obedeci, e prostrado em terra, com muita reverência,
venerei o embaixador e Quem o mandava. E como,
posto em oração, aguardava o som, na segunda vela da
noite ouvi a campainha, e armado com espada e rodela,
saí fora dos reais, e subitamente vi à parte direita,
contra o nascente, um raio resplandecente e indo-se
pouco a pouco clarificando, cada hora se fazia maior. E
pondo de propósito os olhos para aquela parte, vi de
repente, no próprio raio o sinal da Cruz, mais
resplandecente que o Sol, e um grupo grande de
mancebos resplandecentes, os quais creio que seriam os
santos anjos. Vendo pois esta visão, pondo à parte o
escudo e a espada, (...) me lancei de bruços e desfeito
em lágrimas comecei a rogar pela consolação de meus
vassalos, e disse sem nenhum temor:
A que fim me apareceis, Senhor? Quereis porventura
acrescentar fé, a quem tem tanta? Melhor é, por certo,
que Vos vejam os inimigos e creiam em Vós, que eu
que desde a fonte do baptismo Vos conheci por Deus
verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre Eterno, e assim
Vos conheço agora.
A Cruz era de maravilhosa grandeza, levantada da terra
quase dez côvados. O Senhor, com um tom de voz
suave, que minhas orelhas indignas ouviram, disse-me:
13
- Não te apareci deste modo para acrescentar a tua fé,
mas para fortalecer o teu coração neste conflito, e
fundar os princípios do teu reino sobre pedra firme.
Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha,
mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos
da Minha Cruz. Acharás a tua gente alegre e esforçada
para a peleja, e te pedirá que entres na batalha com o
título de rei. Não ponhas dúvida, mas tudo quanto te
pedirem, concede-lhes facilmente. Eu sou o fundador e
o destruidor dos reinos e impérios, e quero em ti e em
teus descendentes fundar para Mim um império, por
cujo meio, seja Meu Nome publicado entre as nações
mais estranhas. E para que os teus descendentes
conheçam Quem lhes dá o reino, comporás o escudo de
tuas armas do preço com que Eu remi o género
humano, e daquele por que fui comprado pelos judeus,
ser-me-á reino santificado, puro na fé e amado na
minha piedade.
Eu, tanto que ouvi estas coisas, prostrado em terra, O
adorei dizendo:
- Por que méritos, Senhor, me mostrais tão grande
misericórdia? Ponde, pois, os Vossos benignos olhos
nos sucessores que me prometeis, e guardai salva a
gente portuguesa. E se acontecer que tenhais contra ela
algum castigo aparelhado, executai-o antes em mim
(...) e livrai este povo que amo como o único filho”.
“Consentindo nisso, o Senhor disse-me:
- Não se apartará nenhum deles de ti, nunca, nunca a
Minha Misericórdia, porque por sua via tenho
aparelhadas grandes searas, e a eles escolhidos por
meus seguidores em terras muito remotas. (imagem 6)
14
Ditas estas palavras desapareceu e eu, cheio de
confiança e suavidade me tornei para o real. E (para)
que isto passasse na verdade, juro, eu, D. Afonso, pelos
Santos Evangelhos de Jesus Cristo, tocados com estas
mãos. E, portanto, mando a meus descendentes que
para sempre sucederem, que em honra da Cruz e cinco
chagas de Jesus Cristo, tragam em seu escudo, os
cincos escudos partidos em cruz, e em cada um deles os
trinta dinheiros, e por timbre a serpente de Moisés, por
ser figura de Cristo e este seja o troféu de nossa
geração. E se alguém intentar o contrário, seja maldito
do Senhor e atormentado no inferno com Judas, o
traidor.
Foi feita a presente carta em Coimbra aos vinte e nove
de Outubro, era de 1152, eu, el-rei D. Afonso.
4 - Batalha
No dia seguinte a batalha foi terrível. Os mouros eram
aos milhares e avançavam ferozmente contra os
guerreiros de D. Afonso Henriques. Ao primeiro
embate muitos homens caíram no chão trespassados
pelas lanças. Puxou-se então por espadas e alfanges e a
planície foi invadida por um tinir de ferros misturados
com a gritaria de toda aquela multidão e os relinchos
doloridos dos cavalos feridos. Durante muito tempo, foi
um verdadeiro inferno. Os guerreiros cristãos, porém,
levaram a melhor. Os mouros sobreviventes, fugiram
pela planície fora, deixando os cadáveres naquele
imenso chão. Do lado cristão também eram muitos os
mortos e feridos, mas os sobreviventes proclamavam a
vitória, gritando:
15
- Real! Real! Por Afonso, rei de Portugal!
Nesta batalha combateu e foi ordenado cavaleiro o
futuro Grão-Mestre da Ordem dos Templários,
D. Gualdim Pais, fundador das cidades de Tomar e
Pombal.
5 - Bandeira
Diz a tradição que nesse momento e em memória do
acontecimento, o rei pôs no seu pendão cinco escudos,
representando os cinco reis mouros que derrotara. Pôlos em cruz, pela cruz de nosso Senhor e dentro de cada
um mandou bordar trinta dinheiros, que por tanto
vendera Judas a Jesus Cristo. (imagem 16)
6 - Local
Não há consenso entre os estudiosos acerca do local
exacto onde se travou a batalha de Ourique.
A mais antiga descrição da batalha figura na Crónica
dos Godos sob a entrada dos acontecimentos da Era
Hispânica de 1177 (1139 da Era Cristã).
Séculos mais tarde, um dos primeiros autores a abrir a
polémica sobre a autenticidade das narrativas foi
Alexandre Herculano quando, ao afirmar que “Ourique
não passa de uma lenda”, foi acusado de anticlericalismo. Contemporâneamente, outros
historiadores, entre eles José Hermano Saraiva,
voltaram a abordar e a reinterpretar essa questão.
Entre as teorias consideradas, citam-se:
1) Hipótese de Ourique (Baixo-Alentejo) outrora
conhecida como «Campo de Ourique»: mais ou menos
16
equidistante entre Évora e Silves, é a hipótese
tradicionalmente sustentada.
À época, o poder Almorávida estava em fragmentação
na península Ibérica, e o território correspondente ao
moderno Portugal, ainda em mãos muçulmanas,
encontrava-se repartido em, pelo menos, quatro taifas,
sediadas respectivamente em Santarém, Évora, Silves,
e Badajoz. Neste cenário, uma razia do infante
D. Afonso Henriques que incidisse numa zona tão a sul
como o Baixo Alentejo, não seria, de todo, improvável,
uma vez que era durante os períodos de maior discórdia
entre os muçulmanos que as fronteiras cristãs mais
progrediam para o sul. Nesse sentido, a razia que o seu
filho, o infante D. Sancho, fez em 1178 a Sevilha,
acha-se bem documentada, demonstrando na prática, a
possibilidade de se percorrer uma distância tão
significativa em território hostil. Este local fica em
S. Pedro das Cabeças, Castro Verde, junto à localidade
dos Geraldos, num ermo, onde quase se sente o céu.
Sendo este o local provável, onde as forças de
D. Afonso Henriques fizeram frente a cinco reis
mouros.
O local de São Pedro das Cabeças possui uma
paisagem de uma pura beleza selvagem.
Neste local histórico situa-se uma ermida (imagem 7) e
um monumento alusivo à batalha de Ourique
(imagem 8). A ermida de arquitectura popular destacase no topo do cerro, onde foi edificada, no século XVI,
por ordem de D. Sebastião, em homenagem ao
primeiro rei de Portugal e à sua vitória sobre os
mouros.
17
A vila de Ourique, capital do município, tem vários
monumentos evocativos da batalha:
I) estátua de D. Afonso Henriques - está no topo da
colina que era o local do castelo árabe do Orik, hoje em
dia um belo jardim e miradouro da cidade de Ourique.
A estátua é bastante grande mas é talvez uma dimensão
da vida real, pois Afonso Henriques era um homem
alto e forte. Na base do monumento, está escrito:
"D. Afonso Henriques derrotou os mouros na batalha
de Ourique em 25 de Julho de 1139" ( imagem 9)
II) "Ourique - campo da batalha de Ourique" monumento inaugurado numa rotunda em 25 de Julho
de 2008 na vila de Ourique (imagem 10)
Também a bandeira de Ourique é alusiva à batalha: as
Armas da Vila evocam este passado glorioso: num
campo de sangue, um guerreiro (representando El-Rei
D. Afonso Henriques), vestido de ferro, com o braço
direito levantado empunhando uma espada, monta um
cavalo, sobre terra firme (imagem 11).
Também em Castro Verde há um monumento alusivo,
erguido para comemorar os 850 anos da batalha (em
2009), que apresenta um conjunto de símbolos
associados a D. Afonso Henriques e aos primórdios do
reino de Portugal (imagem 12)
2) Hipótese de Vila Chã de Ourique (c. 15 km do
Cartaxo), no Ribatejo.
A sua localização era ocidental demais para atrair o
interesse e as forças do emir de Badajoz, o mais forte
dos quatro supramencionados.
Tem um monumento comemorativo à batalha de
Ourique, Rua 29 de Janeiro 2070-628 Vila Chã de
Ourique, Cartaxo. Monumento em mármore branco,
18
ladeado por um canteiro, situado na praça que fica por
trás da igreja matriz que pretende lembrar a batalha de
Ourique, travada entre D. Afonso Henriques e os
muçulmanos, em 1139 (imagens 13 e 14).
3) Hipótese de Campo de Ourique (c. 7 km de
Leiria), na Estremadura: tal como no caso de Vila Chã,
a sua localização era próxima demais ao litoral para
atrair da mesma forma o interesse e as forças do emir
de Badajoz;
4) Hipótese de Campo de Ourique (Lisboa): Presente
no imaginário popular, sem qualquer fundamentação.
5) E) Hipótese de Aurélia (possivelmente, a moderna
Colmenar de Oreja, próxima a Madrid e Toledo): Há
quem defenda uma confusão entre Ourique (Aurik) e
Aurélia (Aureja, com o "j" aspirado como em
castelhano), aumentando a dúvida sobre a localização
da batalha. É possível que tivesse havido um plano
acordado entre D. Afonso Henriques e o rei de Leão e
Castela, D. Afonso VII; embora inimistados dois anos
antes na batalha de Cerneja, a guerra ao inimigo
comum (o Islão) constituía uma razão forte o suficiente
para suscitar um entendimento entre ambos os
soberanos cristãos, no sentido de este último poder
atacar a fortaleza de Aurélia. Para evitar ser cercado
pelo inimigo muçulmano, D. Afonso VII teria pedido
ao primo, D. Afonso Henriques, que providenciasse
uma manobra diversionista, que passaria por esta
incursão portuguesa no Alentejo, e que forçaria os
emires das taifas do Gharb al-Andalus a combatê-la em
autodefesa. Com isso, D. Afonso VII esperava ter a sua
retaguarda livre para atacar Aurélia, confiante numa
19
rendição rápida, dada a impossibilidade de resposta do
inimigo, ocupado com a manobra dos portugueses.
7 - Independência
De qualquer modo, como consequência, quando o
cardeal Guido de Vico, emissário do Papa, reuniu
D. Afonso Henriques e D. Afonso VII em Zamora
(1143), para tentar convencê-los que a animosidade
entre ambos favorecia os infiéis, o soberano português
escreveu ao Papa Inocêncio II, reclamando para si e
para os seus descendentes, o status de «censual», isto é,
dependente apenas de Roma, invocando para esse fim o
«milagre de Ourique», o que ocorrerá apenas em 1179.
Entretanto, naquele encontro, pelo tratado então
firmado (Tratado de Zamora), D. Afonso VII
considerou D. Afonso Henriques como igual: afirmavase a independência de Portugal.
8 - Moeda
Em 1928 foi lançada no mercado uma moeda de
1000$00 comemorativa da batalha de Ourique.
(imagem 15)
20
C) Depois da batalha de Ourique
1 - Primeira bandeira das quinas
D. Afonso Henriques
(1139 – 1185)
Entre os factos históricos dignos de menção pelo que
respeita às lutas contra os mouros, merece referência
especial o Fossado de Ladeira em 1139 e, no mesmo
ano, o realce particular dado pela História à batalha de
Ourique, travada em 25 de Julho. São unânimes, os
Cronicões, em referenciar esta batalha, pelo que, o
facto histórico com a mesma relacionado, não oferece
dúvidas.
O Livro da Noa de Santa Cruz, de Coimbra, o Crónicon
Lamecense e outros, relatam que, num lugar chamado
Haulic ou Oric ou Ouric, se travou uma batalha entre
portugueses comandados por D. Afonso Henriques e
um exército de mouros comandados por Ismar ou
Esmar ou Examare e mais quatro reis, tendo sido
desbaratados os infiéis com graves perdas, depois de
Jesus Cristo crucificado ter milagrosamente aparecido
no Céu a abençoar os portugueses.
No século XVII, Fr. Bernardo de Brito na crónica de
Cister, relata o milagre sob a forma de juramento feito
pelo rei, mas o documento em que se fundamenta é
manifestamente falso o que, como é evidente, não
invalida nem confirma o milagre.
O que, porém, é incontroverso, é que, a partir de 1139,
D. Afonso Henriques se intitula rei de Portugal, como
21
igualmente é certo ter sido após a batalha de Ourique
que o rei modificou as suas armas.
Sob este ponto, o Crónicon de Santa Cruz diz:
“por memoria daquelle boo aquecimento que lhe Deus
dera pôs no seu pendam cinquo escudos por aquelles
cinquo reis e pose-os em cruz por membrança da cruz
de nosso Senhor Ieshu Christo e pôs em cada um XXX
dinheiros por memoria daquelles XXX dinheiros por
que ludas vendeo Yeshu Christo”.
Camões, nos Lusíadas, referindo-se ao Milagre de
Ourique, diz nas estâncias 53 e 54 do Canto III:
...........................
Aqui pinta no branco escudo ufano,
Que agora esta vitória certifica,
Cinco escudos azuis esclarecidos,
Em sinal destes cinco reis vencidos,
E nestes cinco escudos pinta os trinta
Dinheiros por que Deus fora vendido,
Escrevendo a memória em vária tinta,
Daquele de quem foi favorecido,
Em cada um dos cinco, cinco pinta,
Porque assim fica o número cumprido
Contando duas vezes o do meio
Dos cinco azuis que em cruz pintando veio.
A investigação histórica mostra que, em sinais rodados
de D. Afonso Henriques, se encontram os escudetes em
número variável, dispostos em cruz, com cinco
besantes de prata em cada escudete e, em selos
autenticando cartas de confirmação passadas pelos
nossos primeiros reis, aparecem igualmente os cinco
22
escudetes dispostos em cruz, umas vezes sem indicação
de besantes e outras com um número exagerado deles.
Também os escudetes de azul se apresentam carregados
com número variável de besantes, umas vezes 10,
outras 11 e outras ainda 15 na configuração do escudo
real, configuração que se mantém até ao reinado de
D. Sancho II.
Segundo outras versões, os cinco escudetes
representariam não os cinco reis mouros mas as cinco
chagas de Cristo e segundo outros os cinco ferimentos
que o rei D. Afonso Henriques recebeu na batalha de
Ourique. Significariam igualmente os 30 dinheiros
pelos quais Jesus foi vendido por Judas Iscariotes. Pelo
que respeita aos besantes de prata, há quem queira ver
na sua representação no escudo a afirmação do direito
de cunhar a moeda, que D. Afonso Henriques
considerou como pertencendo-lhe a partir do momento
em que passou a intitular-se rei, claro sinal de
autonomia face a D. Afonso VII. Não obstante, não era
esse o único motivo: os besantes, como pregos que
eram, podiam oferecer mais solidez ao escudo.
A versão dos Cinco Chagas de Cristo é mencionada nos
Lusíadas na estância 7 do Canto I:
...........................
Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou.
23
Em qualquer hipótese, o que não oferece dúvidas é que
a primeira bandeira das quinas (imagem 16) foi usada
desde 1139 até à morte de D. Afonso Henriques e era
representada por cinco escudetes de azul em campo de
preta, escudetes estes dispostos em cruz e com os
escudetes laterais de pontas viradas para o centro,
estando cada escudete carregado com um número
variável de besantes de prata, mas predominando o
número de 11 besantes em cada escudete, dispostos em
3-2-3-2-1.
2 - Bandeira de Portugal
D. Sancho I a D. Sancho II
(1185-1245)
O sucessor de D. Afonso Henriques, D. Sancho I,
substituiria a cruz azul por cinco quinas da mesma cor
(imagem 1). Diz a tradição que, do escudo que
D. Afonso Henriques recebera do pai, com uma cruz
azul, à qual sobrepusera os besantes, nada mais restava
que os pregos que representavam os dinheiros e
pequenos pedaços de tecido azul a eles pegados, dando
assim a impressão dos cinco escudetes de quinas que
ainda hoje a bandeira possui. A cruz azul desaparecia,
assim, definitivamente e estava «encontrado» o
elemento central das armas da nação nascente. Os
escudetes eram cinco, postos em cruz, sendo que os dos
flancos se achavam derribados e apontados ao centro, e
cada escudete estava semeado de um número elevado e
indeterminado de besantes.
24
3 - Bandeira de Portugal e do Algarve
D. Afonso III a D. Fernando I
(1245-1383)
As tentativas para o alargamento do território
metropolitano no sentido de se atingir a orla marítima
meridional começaram com os nossos primeiros reis.
As fronteiras do sul variavam consoantes as
vicissitudes da guerra, batendo-se umas vezes os
portugueses nas planícies alentejanas e outras
retrocedendo a defender as margens do Tejo, fronteira
que sempre se tentou tornar intransponível nos
momentos de crise.
No reinado de D. Sancho I, com o auxílio de uma
esquadra de cruzados conquistou-se Silves, do que
resultou o domínio dos castelos e regiões vizinhas –
Alvor, Albufeira, Lagos, Messines, Paderne. Como
consequência, durante cerca de três anos, os
portugueses tiveram em seu poder parte do Algarve
Ocidental.
Durante esse período, o soberano intitulou-se por vezes
“Rei de Portugal e do Algarve” e por outras, “Rei de
Portugal, de Silves e do Algarve”. Perdidas, porém, as
posições conquistadas, voltou o Rei a usar o título de
“Rei de Portugal”.
Com a subida ao trono de D. Sancho II, iniciou-se a
conquista sistemática do Algarve, conquista esta que se
consumou no reinado seguinte.
Para reduzir as possibilidades de defesa dos mouros e
dificultar os socorros dos reinos do Andaluz,
D. Sancho II efectuou o seu ataque ao longo do rio
25
Guadiana, ocupando Mértola e Aiamonte e atacando
depois Cacela e Tavira (1238).
Separados dos seus irmãos de raça, que na Andaluzia
lutavam contra D. Fernando III de Castela, os mouros
da parte ocidental do Algarve foram definitivamente
submetidos por D. Afonso III, auxiliado nestes
empreendimentos pelos cavaleiros das Ordens
Militares, especialmente os de Santiago e de Calatrava
(Avis).
Para comemorar a conquista de todo o Algarve, o rei
D. Afonso III acrescentou ao escudo uma bordadura
vermelha com oito castelos de ouro, simbolizando as
praças conquistadas ao sul (imagem 19) . Estes
representam, assim, a integração do reino mouro do
Algarve na coroa de Portugal, doravante chamada de
Reino de Portugal e do Algarve. Os cronistas divergem,
no entanto, quanto aos castelos conquistados
(Albufeira, Aljezur, Cacela, Castro Marim, Estômbar,
Faro, Loulé, Paderne, Porches e Sagres).
Embora escrevam numa altura em que se achava já
fixado em sete o número de castelos, aludem a um
número superior. Foi nesta teoria que a comissão
encarregue de propor o desenho da nova bandeira
republicana, em 1910, se baseou para justificar
heraldicamente a presença e o significado dos sete
castelos na bordadura.
O número de castelos foi, após o casamento do rei com
D. Beatriz de Castela, aumentado para nove.
Há igualmente quem pense que a bordadura vermelha
castelada a ouro tivesse a ver com o facto de sua mãe
(Dª. Urraca de Castela), ser castelhana, ou, em menor
26
probabilidade, influenciado pelo seu casamento com
Dª. Beatriz de Castela.
No reinado de D. Dinis, a situação resultante das novas
conquistas foi regularizada, estabelecendo-se com
Castela a distribuição de determinadas povoações,
especialmente ao sul do Tejo, como Olivença, Ouguela,
Campo Maior e S. Félix que nos ficaram pertencendo e
pelo Tratado de Alcanizes de 1297 que consagrou essa
distribuição, o território metropolitano ficou
definitivamente delimitado. O rei acrescentou, com
fundamento nesse tratado, outros castelos à bordadura
vermelha que assim passou a ser de quatorze.
O Dr. Armando de Mattos, na sua notável obra
“Evolução Histórica das Armas Nacionais
Portuguesas”, considera que, de acordo com as práticas
heráldicas da época, por não ser filho primogénito de
D. Afonso II, ao herdar o trono de seu irmão
D. Sancho II, por imposição do Papa Inocêncio IV,
D. Afonso III não poderia usar armas limpas, isto é,
usar o brasão de seu pai sem introduzir alterações, daí
ter incluído a bordadura com os castelos de ouro. Esta
seria, segundo a opinião deste ilustre historiador, a
razão genealógica da existência da bordadura. Não nos
parece muito defensável a opinião, pois se,
geneologicamente, poderia servir de fundamento,
dificilmente justificaria as ulteriores alterações do
número de castelos, primeiramente de oito para nove
ainda no reinado de D. Afonso III e de nove para
catorze no reinado de D. Dinis.
O número de besantes em cada escudete é, por sua vez,
reduzido a 10 dispostos em 3-2-3-2, mas tanto o
número de besantes nos escudetes como o número de
27
castelos na bordadura apresenta-se por vezes variável
ao longo dos reinados seguintes.
No reinado de D. Pedro I notam-se 10 besantes em
cada escudete e 12 castelos na bordadura vermelha e no
de D. Fernando I, encontramos em moedas de ouro,
como a “Dobra Gentil”, os besantes em cada escudete
em número de cinco e os castelos da bordadura em
número de oito, mas no escudo esculpido na chamada
Porta Nobre da muralha fernandina do Porto e no da
capela do Espírito Santo nos Olivais (Coimbra) vêm-se
na bordadura quatorze castelos.
Estas variantes devem fundamentar-se, porém, mais em
razões de ordem estética, resultantes da fantasia dos
desenhadores, do que em razões heraldísticas, pois tudo
leva a concluir que a bandeira nacional durante este
período se apresentava com os cinco escudetes de azul
cada um carregado com 10 besantes de prata dispostos
em 3-2-3-2 e com a bordadura vermelha de início
carregada com oito castelos de ouro e posteriormente
com quatorze castelos.
O que não impede que haja bandeiras com 12
(imagem 20) e 16 castelos (imagem 18), estas vindas
da bandeira de D. Afonso III quando era duque de
Borgonha (França) (imagem 17).
28
Capítulo II
2ª dinastia
1 - S. Nuno de Santa Maria
Ao elaborar a sua bandeira pessoal - estandarte militar tomou ele o cuidado de nela inserir componentes
religiosos, o que lhe permitia (e a seus comandados)
ajoelhar-se diante dela para implorar a ajuda da corte
celeste em cada empreitada. Era uma bandeira branca,
dividida em quadrantes pela cruz de São Jorge,
apresentando uma cena da crucifixão (com a Virgem e
São João aos pés de Cristo agonizante), uma cena de
nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços, e os
guerreiros São Jorge, em posição orante, santo
protector da cavalaria e padroeiro de Portugal e São
Tiago, também em posição orante, padroeiro das
Espanhas, ajoelhados um frente ao outro (e a cruz
branca sobre fundo vermelho, emblema dos Pereiras,
atrás de cada um destes últimos (imagem 23)
2 - Crise de 1383-1385 e guerra com Castela
Quando D. Fernando casou sua filha D. Beatriz com o
rei de Castela, D. João I, foi lavrada, em Salvaterra de
Magos, em 2 de Abril de 1383, uma escritura destinada
a regular os respectivos direitos sucessórios. Segundo
esta escritura, se D. Fernando morresse sem deixar
filho legítimo varão, a herança do reino pertenceria a
D. Beatriz, mas enquanto esta não tivesse filho varão,
29
ou enquanto este não atingisse os 14 anos, governaria
como regente do reino a rainha Dª. Leonor.
Em 22 de Outubro desse mesmo ano, morreu
D. Fernando, e a rainha Dª. Leonor ficou regente do
reino nos termos convencionados. D. João I (de
Castela) logo mandou adicionar as armas de Portugal
às suas, colocando-as por baixo do brasão de Castela,
tal como se depreende na Crónica de D. João I, de
Fernão Lopes: «Vinha o arcebispo de Toledo com capa
bem rica, e mitra na cabeça, e todos os cónegos, e
clerezia da cidade rezando, e traziam a bandeira das
armas de Castella, e os signaes de Portugal, e concertos
em baixo» (capítulo LV). (imagem 21)
Sucedeu, porém, que ao sair da Sé de Toledo, onde foi
aclamado às vozes de «Real, real, por el-Rei D. João de
Castela e de Portugal» pelos dignitários castelhanos e
os membros do séquito de Dª. Beatriz aí presentes,
quando a bandeira era transportada pelo alferes-mor
João Furtado de Mendonça, que seguia a cavalo,
«descoseu o vento os signaes de Portugal, que iam
debaixo, e ficaram pendurados, e o cavallo em que ia o
alferes foi topar em um canto da Sé, e quebrou lhe uma
espádua, e cahiu com elle. Alguns que esto viram,
tiveram-n’o a mau signal, dizendo entre si, que nunca
el-rei de Castella havia de ser rei de Portugal, e
disseram a el-rei de Castella que não era bem de os
signaes de Portugal andarem assim em fundo. E elle
logo mandou poer os signaes ambos em escudo
eguaes.» (Fernão Lopes, Crónica de D. João I, capítulo
LVI). A bandeira armorial de Portugal e Castela tomou
então o aspecto com que surge na imagem 22 (idêntica
às armas constantes nos selos que sobreviveram dos
30
documentos assinados por Dª Beatriz, como rainha de
Portugal). Esta bandeira não é tradicionalmente
considerada como uma das bandeiras históricas do país.
Porém, se se considerar que Dª Beatriz reinou de jure
em Portugal, é legítimo que figure na galeria das
bandeiras nacionais. Mais, apesar de jamais ter sido
hasteada em Lisboa, enquanto capital do reino, sempre
fiel ao Mestre de Avis, certo é que esvoaçou nas
alcáçovas dos vários castelos que reconheceram o
governo de Dª. Beatriz, designadamente o de Santarém,
onde Dª. Beatriz e o seu marido se instalaram na
tentativa do reconhecimento, de facto, da sua realeza.
Ao ter conhecimento da morte de D. Fernando, o rei de
Castela preparou-se logo para entrar em Portugal à
frente das suas tropas. Estava aberta a crise de
1383-1385.
O povo de Lisboa amotinou-se, nomeou Regedor e
Defensor do reino a D. João, Mestre de Avis e irmão
bastardo do rei D. Fernando. Declarada a guerra, após
as jornadas gloriosas de Atoleiros, Aljubarrota e
Valverde, a luta arrasta-se até à assinatura da paz em 31
de Outubro de 1411 entre o rei de Portugal, D. João I, e
o Rei de Castela, então já o rei D. João II, sendo
finalmente o tratado de paz sido ratificado por Portugal
em 1432 e por Castela no ano anterior.
31
3 - A bandeira da geração de Avis
D. João I a D. Afonso V
(1385-1481)
Com a subida ao trono do Mestre de Avis, D. João,
produziu-se nova quebra na continuidade dinástica, já
que não era filho legítimo de D. Pedro I. Assim sendo,
para se distinguir do predecessor (o seu meio irmão
D. Fernando I), surgiu a nova bandeira (imagem 24). A
cruz verde florenciada da Ordem de Avis foi colocada
sob a parte central do escudo sobressaindo as flores de
lis dos extremos da cruz, ficando cada uma das quatro
pontas visível sobre a bordadura vermelha dos castelos.
Os castelos de ouro em número de doze são dispostos
em esquadria de três, junto de cada vértice da
bordadura. A parte central continua, como
anteriormente, a apresentar os cinco escudetes de azul
com a mesma disposição e cada escudete carregado
com os habituais dez besantes de prata, dispostos em
3-2-3-2.
Embora em selos coevos o número de besantes apareça
por vezes reduzido a cinco, dispostos em aspa, em cada
escudete, não oferece dúvidas de que, no que respeita à
bandeira e ao escudo real, o número de besantes em
cada escudete se manteve em número de dez.
Estas variantes no número de besantes, aliás já
anteriormente verificada, nota-se também na estátua
jacente de D. João I, na Capela do Fundador, na
Batalha, pois no vestuário do rei estão indicados apenas
cinco besantes em cada escudete, e o mesmo se observa
na estátua jacente de D. Duarte, no túmulo existente em
32
frente do altar-mor do mesmo mosteiro. Também, no
“Real Grosso” do D. Afonso V e nas bandeiras deste
rei nas Tapeçarias de Pastraña, que comemoram as
vitórias de África, é de cinco o número de besantes em
cada escudete.
É a primeira bandeira cuja historicidade está
comprovada — todas as anteriores são reconstruções. É
também nesta época que surgem as primeiras
referências ao uso do termo «quina» para designar os
escudetes das armas nacionais.
Esta bandeira esteve na origem da bandeira da
organização de juventude salazarista: a Mocidade
Portuguesa.
Convém, porém, realçar que, a partir de D. Afonso V,
se acentua a tendência para, na figuração no escudo, se
reduzir a cinco os besantes em cada escudete, tendência
esta que, embora já verificada anteriormente, se tornou
definitiva a partir do reinado de D. João II, e se
consagrou no reinado seguinte com a exaltação do
milagre de Ourique e os trinta dinheiros a que Camões
se refere nos Lusíadas.
Excluídas estas variações de pormenor, é esta a
bandeira gloriosa da consolidação da nossa
independência e das jornadas de Ceuta com D. João I, e
de Arzila, Tânger e Alcácer Ceguer com D. Afonso V.
Por virtude da influência inglesa resultante da aliança
com a Inglaterra e do casamento de D. João I com
Dª. Filipa, filha de João de Gand, duque de Lencastre,
as técnicas brasonísticas desenvolvem-se, em especial
nos elementos acessórios do escudo. Assim, nas armas
reais, sobrepujando o escudo inseriu-se uma serpente
alada saínte da coroa aberta, indicativo de que D. João I
33
tinha o hábito de Ordem Militar inglesa de S. Jorge,
santo que se tornou o patrono dos combatentes em
lugar de Santiago, que até então se invocava.
O Dr. Armando de Mattos, no seu livro já citado,
entende que o timbre constituído pela serpente alada ou
dragão representa a aliança de D. João I com Dª. Filipa
por ser este o timbre das armas de Lencastre. Embora
ressalvando a opinião deste distinto escritor, parece-nos
mais curial a razão que indicamos.
O “Armorial Português” considera que o uso do dragão
como timbre resultaria de D. João I pertencer à Ordem
Jarreteira. Esta Ordem foi fundada em 1348 por
Eduardo III da Inglaterra, mas não parece que seja
muito aceitável a sua atribuição a D. João I nem o uso
do dragão se justificaria por tal título. O Dr. Armando
de Mattos na obra já citada esclarece e fundamenta a
razão porque tal noção deve ser repelida.
Também os brasões dos filhos do monarca passam a ser
representados com um lambel carregado de flores de lis
de ouro, em número variável, indicativos da respectiva
ordem de sucessão.
4 - Príncipe herdeiro de Portugal
Desde o reinado de D. Duarte (1433-1438), o herdeiro
presuntivo da coroa de Portugal, normalmente o filho
varão mais velho do rei, passou a ter o título de
príncipe, distinguindo-se assim dos seus irmãos, que
tinham o título de infante. Até essa altura, o herdeiro do
trono tinha igualmente o título de infante. Esta
alteração foi introduzida por influência inglesa (muito
sentida na corte portuguesa através da rainha Dª. Filipa
34
de Lencastre, graças à qual já se havia introduzido em
Portugal o uso do título de duque para os membros da
família real não herdeiros do trono), ainda que o uso
fosse consagrado por imitação das coroas de Castela e
Aragão - reinos onde os herdeiros das coroas se
passaram a chamar, respectivamente, príncipe das
Astúrias (desde 1388) e príncipe de Girona (desde
1416). Também em Navarra o herdeiro passaria a ser
chamado príncipe de Viana desde 1440. Dessa forma,
para não ficar menosprezado em termos de prestígio,
decidiu el-rei de Portugal adoptar também o título de
príncipe para o herdeiro da coroa portuguesa
(imagem 25).
A partir do reinado de D. João IV (1645) o herdeiro da
coroa passou a intitular-se príncipe do Brasil caso fosse
varão, ou princesa da Beira, caso fosse menina.
Em 1734, todos os herdeiros presuntivos do trono
passaram a ter o título de príncipe do Brasil,
independentemente do seu sexo. Já o título de príncipe
da Beira passa a ser o do herdeiro do príncipe do Brasil
(portanto o do segundo na linha de sucessão), também
independentemente de ser menino ou menina.
Em 1815, com a elevação do Brasil à condição de reino
dentro do chamado Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, o herdeiro presuntivo da coroa passa a ser
chamado Príncipe Real do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves e, finalmente, após a independência
do Brasil, Príncipe Real de Portugal, título que ainda
hoje se mantém.
35
5 - Guerra com Castela (1475-1479)
Em 1474, falece o rei de Castela, Henrique IV. O rei
deixava como herdeira a sua filha, Dª. Joana, chamada
a Beltraneja pelos seus detractores, que apoiavam a
meia-irmã de Henrique, Dª. Isabel, como candidata ao
trono. Na esperança de fazer valer os direitos da sua
filha, o defunto rei pedira ao cunhado, D. Afonso V,
que casasse com a sobrinha, no sentido de legitimar a
sua débil posição como herdeira. Em 1475 D. Afonso
dá sequência ao projecto de Henrique e casa com
Joana, juntando ao seu título régio o da coroa de
Castela (Rei de Castela, de Leão, de Portugal, de
Toledo, de Galiza, de Sevilha, de Córdova, de Jáen, de
Múrcia, dos Algarves d'Aquém e d'Além Mar em
África, de Gibraltar, de Algeciras, e Senhor da Biscaia
e de Molina) e procede também a uma alteração nas
suas armas, exibindo um escudo esquartelado, com as
armas de Portugal no I e IV quartéis, e as de Castela no
II e III. No ano seguinte, quando invade Castela e é
derrotado em Toro, é esta a bandeira que as suas hostes
transportam - e é esta a bandeira que o quase-mítico
alferes-mor Duarte de Almeida, o Decepado, defende
com a maior valentia, tendo perdido ambas as mãos na
defesa do estandarte nacional e acabando a segurá-lo
com os dentes. É esta também a bandeira que
acompanha o rei D. Afonso V na sua deslocação até
França, onde tenta desesperadamente obter auxílio
junto do rei Luís XI para prosseguir a guerra contra
Dª. Isabel e D. Fernando de Aragão, seu marido.
36
Após a assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo,
em 1479, e a renúncia de D. Afonso V, em seu nome
próprio, e no de sua esposa, D. Joana, à coroa de
Castela, voltou-se à anterior fórmula da bandeira
nacional.
6- D. João II (1481-1495)
Os anos, que decorreram desde a subida ao trono de
D. João II em 1481 até ao final do reinado de
D. João III, correspondem ao período de maior relevo
da nossa História.
D. João II combateu as velhas prerrogativas das classes
privilegiadas, centralizou a administração, consolidou o
poder real e alargou o governo da Nação consagrado na
sua divisa: Polla ley e polla grey.
Simultaneamente, no reinado do “Príncipe Perfeito”,
prosseguiu a descoberta da costa africana e atingiu-se o
cabo da Boa Esperança o que possibilitou e preparou a
viagem à Índia. Ao mesmo tempo, assinava-se com os
Reis Católicos o Tratado de Tordesilhas, que partilhava
entre os dois povos peninsulares todas as terras
descobertas e a descobrir.
Nos escassos quatorze anos que durou o seu reinado,
D. João II prestigiou o nome português elevando-o a
alturas jamais igualadas, de tal modo que, ao morrer
em1495, o seu sucessor, o rei D. Manuel, encontrou
preparadas todas as vias que tornariam Portugal a
primeira potência do seu tempo.
É no reinado de D. Manuel e no de D. João III que
Portugal:
37
- estende o seu domínio a todo o Oriente
- inicia a colonização do Brasil
- detém o maior empório comercial
- possui a maior frota marítima
- domina os mares
- desvenda todos os mistérios do globo.
É verdadeiramente o período da epopeia portuguesa.
Logo no quarto ano do reinado de D. João II (1485)
entendeu este monarca que o escudo real deveria ser
alterado, dando-lhe um cunho mais de acordo com a
tradição. Foi o responsável pela elaboração do escudo
de armas português tal como hoje o conhecemos, nos
seus traços gerais. Foi também o último rei português a
usar uma bandeira armorial. A cruz florenciada da
Ordem de Avis, que lembrava a ascendência dinástica,
foi retirada do escudo, por sentir que a mesma estava à
margem da identidade nacional que o escudo dos
castelos e quinas começavam a transmitir. Os doze
castelos da bordadura vermelha são distribuídos em
volta desta, quatro na parte superior e dois grupos de
quatro de cada lado. Os escudetes de azul são todos
colocados verticalmente, isto é, com as pontas viradas
para baixo, uma vez que os escudetes derribados
poderiam ser heraldicamente considerados como sinal
de bastardia ou derrota, o que não era o caso. Cada
escudete deveria estar carregado apenas com 5 besantes
de prata. Finalmente, ordenou a fixação definitiva do
número de castelos da bordadura em sete e dos
besantes em cada quina em cinco, dispostos em aspa
(esta última deveu-se, em parte, à grande devoção que
o soberano tinha pelas cinco chagas de Jesus).
38
No decurso dos reinados seguintes o escudo mantém
estas características, embora o número de castelos
apareça variável e só venha definitivamente a fixar-se
em sete no reinado de D. João III.
Essas variantes podem notar-se na iluminura da
primeira folha do “Livro dos Copos”, manuscrito
existente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
onde o monarca desenhado, e que se presume seja
D. João III, segura um escudo com treze castelos na
bordadura; na primeira página do Livro primeiro da
“Leitura Nova” existente no mesmo Arquivo Nacional,
onde o escudo apresenta oito castelos; e nos escudos
esculpidos, no púlpito da igreja de S. João Batista em
Tomar, que é da época manuelina, e no do púlpito do
refeitório do convento de Cristo, que é da época de
D. João III, que apresentam apenas sete castelos. Sete
castelos têm também os selos de chumbo de D. Manuel
e número idêntico aparece nas moedas de ouro, como o
cruzado de D. João II, o português de D. Manuel, e o
S. Vicente e Meio de D. João III.
De quanto vimos expondo se conclui que, durante este
período, o número de castelos da bordadura é por vezes
de sete (imagem 27), outras de oito (imagem 28) e
outras ainda de doze ou treze (imagem 29), e só a partir
de D. João III o número de sete se tornou o da única
representação válida.
O número de cinco besantes em cada escudete já
consagrado, desde D. Afonso V, passou a ser o
definitivo, o que veio dar nova actualidade ao milagre
de Ourique, que nesta data é igualmente exaltado como
consagração de Portugal a Deus e como demonstração
do espírito de cruzada em que todos se consideravam
39
empenhados na ânsia de descobrir e evangelizar novos
mundos.
Este elevado anseio, esta ascensão espiritual e
patriótica é patente na apresentação do milagre na
estância 45 do Canto III dos Lusíadas:
A matutina luz, serena e fria,
As estrelas do Pólo já apartava,
Quando na cruz o Filho de Maria,
Amostrando-se a Afonso o animava;
Ele adorando Quem lhe aparecia,
Na Fé todo inflamado assim gritava:
- “Aos Infiéis, Senhor, aos Infiéis,
E não a mim que creio o que podeis!”.
Também nesta época se consagrou a denominação de
“Quinas” dada aos escudetes e o uso da “Bandeira das
Quinas” para a Bandeira Nacional. Camões igualmente
o anota no seu poema na estância 19 do Canto VIII:
... Mas vê cercada
Santarém, e verás a segurança
da figura nos muros que, primeira
Subindo, ergueu das Quinas a bandeira.
O escudo real assente na bandeira branca não mais
sofrerá alterações. Podem, posteriormente, variar as
disposições da bandeira; podem alterar-se as cores;
podem acrescentar-se elementos figurativos; mas o
escudo nacional, esse, está definitivamente encontrado.
7 - D. Manuel I (1495-1521)
Com D. Manuel surgem novos elementos duradouros
nos símbolos nacionais. A bandeira era quadrada, como
todas as anteriores, tendo por pano a cor branca. O
40
escudo voltou a ser carregado na bordadura, tal como
antigamente, com um número superior a sete castelos
sobretudo com 8 (imagem 32), terminando em forma
de cunha, embora também haja representações com
apenas sete (imagem 33).
Igual forma assumiam os pequenos escudetes no seu
interior. A bordadura vermelha e quadrada com
castelos passou a parecer um escudete. Sobre o antigo
escudo das armas reais é colocada uma coroa real
aberta, símbolo de autoridade régia e da centralização
do Estado que tanto ele como o seu antecessor
procuraram levar a cabo. As armas reais passaram a
assentar sobre uma bandeira branca de formato
quadrangular (até aqui, a bandeira mais não era que
apenas o escudo de armas — uma bandeira armorial).
As armas reais persistirão, ainda que com alterações
várias, até à instauração da actual bandeira nacional em
1911. D. Manuel usará, também, a esfera armilar como
símbolo de poder, ilustrativo do seu domínio sobre os
mares, num momento em que o império português
atingia uma extraordinária dimensão. A esfera armilar
inserida na bandeira do Reino Unido de Portugal, do
Brasil e dos Algarves, entre 1816 e 1826, será retomada
com o advento da república na bandeira nacional que
presentemente está em vigor. Os escudos e escudetes
usados por D. Manuel eram rectangulares com a base
em lanceta. Tinha ainda 11 castelos (imagem 30 e 31).
Com a expansão portuguesa, começa-se a usar
bandeiras não apenas para Portugal mas também para
Portugal e o Império. Neste reinado, e para tal fim, usase a bandeira da Ordem de Cristo (imagens 34 e 35). A
Ordem de Cristo foi uma ordem militar fundada pelo
41
rei D. Diniz, que governou Portugal entre 1279 e 1325.
Originária da antiga Ordem dos Templários,
organização militar e religiosa da época das Cruzadas,
a Ordem de Cristo era subordinada directamente ao rei
de Portugal e também realizava Cruzadas. Em nome da
luta contra os mouros, a Ordem recolhia tributos em
todo o reino para montar exércitos e armadas. No
período das expansões marítimas as expedições
também eram vistas como uma continuação
missionária das cruzadas, também com o objetivo de
levar o cristianismo aos novos cantos do mundo, além,
evidentemente, do interesse comercial. Por isso a
Ordem era um dos importantes financiadores das
expedições marítimas.
A Ordem de Cristo tinha tanta importância na política
portuguesa na época do descobrimento que os reis de
Portugal acumulavam o cargo de grão-mestre da
Ordem. Por isso, em 1495, o rei D. Manuel decidiu
sobrepor a Cruz de Cristo ao brasão real. As bandeiras
dos reis eram sempre as oficiais do reino e esta, a
oficial na época do descobrimento, foi usada de 1495 a
1521
8 - D. João III (1521-1557)
No reinado de D. João III, seguindo o gosto humanista,
típico da época, estabeleceu-se o formato redondo na
parte inferior do escudo (formato dito português),
acompanhando as quinas a mesma alteração. Foi neste
reinado que o número dos castelos parece ter voltado
definitivamente aos sete quer para Portugal quer para o
Império.(imagens 36 e 37).
42
9 - D. Sebastião (1557-1578)
D. Sebastião terá usado até final do seu reinado a
mesma bandeira dos seus antecessores. Para a batalha
de Alcácer Quibir, em 1578, levou uma bandeira de
damasco carmesim. Tinha três hastes, sem barrete.
Retorna-se ao escudo cunha. Surge o rectângulo. Nas
bandeiras desta época figuravam inicialmente coroas
fechadas dispondo de um ou de três arcos à vista. Mais
tarde passaram a ter os cinco arcos à vista, os quais se
conservavam até ao fim da monarquia. Foi o que fez
D. Sebastião. Sobre as armas reais pintadas encontravase uma coroa fechada, a qual, com diferente número de
arcos, permaneceu até ao fim da monarquia. Antes de
partir para África e de perder a vida em Alcácer Quibir,
procedeu à substituição da coroa aberta por uma coroa
real fechada (imagens 38 e 39). Este pormenor
simbolizava o reforço da autoridade régia através da
conquista de Marrocos e da obtenção de um título
imperial, que a coroa fechada simbolizava. De igual
forma, ao gosto da época maneirista, regressou-se ao
escudo em formato ogival. Parece ter sido a primeira
bandeira portuguesa com formato rectangular.
Anteriormente todas eram quadrangulares.
O decreto de D. Sebastião relativo à bandeira
determinou também que, doravante, e à semelhança do
que já antes fizera D. João II, se estabelecesse para
sempre em número de sete os castelos na bordadura.
Com este pormenor se completou o ciclo evolutivo
fundamental dos elementos da bandeira nacional.
43
Foi também no seu reinado que o rei começou a usar
uma bandeira pessoal, que não representava o país,
como tinha acontecido até então. Era de damasco
vermelho-carmesim apresentado numa das faces a
imagem de Jesus Crucificado bordada a ouro e na outra
face as armas do Reino com a coroa fechada e o
diadema imperial (imagem 40), igual è com o mesmo
significado da bandeira nacional, como vimos.
Com a União Ibérica, em 1580, mantiveram-se os
símbolos nacionais, já que, segundo o estipulado nas
cortes de Tomar as duas coroas permaneciam
separadas, ainda que na posse do mesmo rei.
Esta bandeira foi respeitada por algum tempo pelos reis
espanhóis, que vieram a tomar o poder da coroa
portuguesa.
Apesar das incertezas, julga-se que durante todo este
período dominou a cor branca na feitura da bandeira
real.
44
Capítulo III
3ª Dinastia
1 - De D. Sebastião
Durante o período filipino, os dois povos peninsulares
estiveram ligados pela união pessoal do monarca.
Todavia, nos termos das condições a que se obrigou o
rei Filipe I (II de Espanha) em 1582, “todas as
características da soberania – leis, governo,
administração da justiça, moeda, língua, - tudo Portugal
conservou” porque a união pessoal não representava
incorporação territorial, antes se mantinha a autonomia
administrativa.
Nem sempre, porém, forma cumpridas as obrigações
assumidas, pois fortalezas e presídios se entregaram a
guarnições espanholas, e para o Conselho de Portugal,
que funcionava junto do soberano e a que só deviam
pertencer portugueses, foram nomeados muitos
espanhóis.
As dificuldades de ordem política e sobretudo
económica, avolumaram-se principalmente a partir do
reinado de Filipe III (IV de Espanha), o que contribuiu
para afastar do Rei Católico a maioria dos portugueses
e estabeleceram o clima que originaria a revolução de
1640 que restituiu ao País à sua plena independência
política.
Enquanto durou o domínio castelhano, o escudo
português não sofreu qualquer alteração pois, muito
embora em alguns actos oficiais aparecesse o escudo
português junto do escudo espanhol, todavia o escudo e
45
bandeiras nacionais mantiveram-se separados e com as
características anteriores, ou seja, continuou a usar-se a
bandeira de D. Sebastião no território de Portugal, bem
como os vários pavilhões navais a bordo de
embarcações portuguesas, numa medida destinada a
apoiar a ficção de "numa mesma cabeça real, duas
coroas distintas", tal como aliás a numeração
independente dos três Filipes para Portugal e Espanha.
Como já vimos com D. Sebastião, nesta altura começou
a distinguir-se entre bandeira real (o estandarte pessoal
do monarca) e bandeira do Reino. É de crer que nas
eventuais estadas em Portugal de algum dos Filipes,
este se tenha feito acompanhar da sua bandeira pessoal,
onde aliás figuravam as armas de Portugal
2 - Com ramos de oliveira
Contudo, em certas representações (de origem
desconhecida) surge a bandeira adoptada por
D. Sebastião rodeada por 16 ramos de oliveira (com
dez pés visíveis e os seis restantes ocultos), dando
particular realce ao escudo português. Vigorou de
1616 a 1640. Foi criada por Filipe II, de Espanha.
Deveria ser hasteada em Portugal, enquanto nos
territórios sob domínio português deveria vigorar a
bandeira de D. Sebastião. Assim, se a conservação das
armas e bandeira nacional parece demonstrar o respeito
dos monarcas filipinos pelos costumes e independência
de Portugal, tal como acordado nas cortes de Tomar, a
presença dos elementos vegetais podem representar,
consoante as teorias:
46
- alusão ao apelido Silva do Marquês de Alenquer,
Vice-Rei de Portugal, com o objectivo de melhor
distinguir, ao longe, a bandeira portuguesa da
castelhana (também branca com as armas ao centro);
- a alegria demonstrada pelo novo rei em obter o
domínio de Portugal (ou ao invés, a alegria das classes
dirigentes portuguesas, encantadas com uma união que
previam benéfica, sobretudo a nível económico);
- a relativa paz com que se fizera a junção da coroa de
Portugal aos domínios dos Habsburgos (mau grado a
batalha de Alcântara), ou o desejo do novo rei de que a
paz voltasse a reinar célere em Portugal;
- ser um símbolo da vitória de Castela, demonstrando
assim a conquista e submissão de Portugal. Esta
interpretação parece pouco consistente, tendo em conta
o esforço que D. Filipe II fez para pacificar o país e não
ferir o seu orgulho;
- por fim, como Filipe II entrou em Elvas, a fim de se
deslocar às Cortes de Tomar e aí ser jurado rei, em
Dezembro de 1580, precisamente quando os
camponeses festejavam a colheita das oliveiras, há
também quem sugira que o novo monarca decidiu
acrescentar à bandeira portuguesa aquele elemento
vegetal em lembrança dessa viagem, ou então serem os
ramos de oliveira um convite para o povo português se
dedicar mais ao trabalho agrícola, tão descurado ao
longo do século XVI. (imagens 41 e 42)
Esta bandeira foi usada para Portugal e para todo o seu
Império.
47
3 - Dos Habsburgos
Para além disso, foi nas armas familiares dos
Habsburgos de Espanha que se verificou uma mudança,
com a sobreposição do escudo português ao conjunto
Leão-Castela/ Aragão-Catalunha-Nápoles-Sicília)
(imagem 43). Esta honrosa posição do escudo
português no conjunto armorial dos domínios da coroa
espanhola fora um dos pontos mais debatidos entre o
cardeal D. Henrique e D. Filipe II de Espanha (através
dos seus plenipotenciários em Lisboa, Cristóvão de
Moura e o Duque de Ossuna). A partir do momento em
que o rei português compreendeu que seria impossível
resistir à pressão castelhana para a absorção de
Portugal, o velho cardeal pediu ao monarca espanhol
que o escudo de armas português ocupasse um dos
lugares mais distintos nas suas novas armas
(eventualmente, todo o primeiro quartel do escudo,
onde se achavam as armas de Leão e Castela,
reformulando a localização dos demais brasões dentro
do escudo). Os embaixadores de D. Filipe recusaram
esta proposta, por considerarem que Sua Majestade
Católica não poderia fazer tão notável agravo aos mais
antigos domínios da sua monarquia (Castela e Aragão),
mas que, não obstante, daria às armas de Portugal o
lugar de peça mais honrosa do escudo. Assim sendo,
acabou por colocá-las no abismo do chefe, o ponto
importante e digno do escudo.
Note-se que esta bandeira, no entanto, não é relativa a
um país ou um estado. Representa isso sim, o poder de
uma família real sobre os seus vários domínios
europeus. Curiosamente ou não, a sua utilização em
48
Portugal foi pouco expressiva, tendo apenas sido usada
a bandeira armorial dos Habsburgos por ocasião das
deslocações de D. Filipe II a Tomar e de D. Filipe III a
Lisboa (1619).
Nesta bandeira podem-se reconhecer as armas de
Castela, no campo I: esquartelado de vermelho, um
castelo de prata iluminado de azul, e prata, um leão
púrpura. No campo II, à dextra, as armas de Aragão:
partido, ouro, quatro palas de vermelho, e à sinistra, as
das Duas Sicílias: franchado de ouro, quatro palas de
vermelho, e prata, uma águia, de negro. Em ponta entre
o I e o II, as armas de Granada: de prata, uma romã, de
sua cor. No campo III, em chefe, as armas da Áustria:
de vermelho, uma faixa, de prata; em ponta, as antigas
armas da Borgonha: bandado de ouro sobre azul, borda
de vermelho. No campo IV, em chefe, as armas novas
da Borgonha: de azul, carregado de flores de lis, de
ouro, borda escaqueada de prata e vermelho; em ponta,
as armas do Brabante: de negro, um leão, de ouro. Em
abismo, dois escudetes, o do chefe com as armas de
Portugal: de prata, cinco escudetes azuis postos em
cruz, cada um carregado de cinco besantes, de prata,
em aspa, borda de vermelho carregada de sete castelos,
de ouro; e o da ponta partido: à dextra, as armas da
Flandres: de ouro, um leão, de negro; e à sinistra, as
armas do Tirol: de prata, uma águia, de vermelho.
Por outro lado, a bandeira dos Habsburgos da Espanha
(a cruz vermelha aspada da Borgonha) torna-se cooficial, juntamente com o pavilhão português, para
efeitos de utilização marítima.
49
4 - Império
Em 1600 Portugal ganha a sua primeira bandeira oficial
– até então a bandeira oficial do reino era a do rei. A
nova bandeira portuguesa é utilizada em todo o
Império. Esta bandeira do Império é usada até 1700
(imagens 44 a 47).
50
Capítulo IV
4ª Dinastia
A) D. João IV (1640-1656)
1 - Da Casa de Bragança
Quando D. João IV tomou posse como rei de Portugal
era Duque de Bragança. Eis a sua bandeira como tal
(imagem 48).
2 - Da Restauração
Quando no 1º de Dezembro de 1640 teve lugar a
Revolução Nacional, os conjurados arvoraram uma
bandeira, que podemos chamar a Bandeira da
Restauração, e que era constituída por uma Cruz de
Cristo assente com fundo verde, onde se assenta uma
cruz vermelha aberta em branco. (imagens 49 e 50).
Após a restauração passou a ser uma bandeira muito
popular, usada lado a lado com a bandeira oficial do
Reino, especialmente em datas festivas. Enquanto
durou a Guerra da Restauração, era até mais comum
ver essa bandeira hasteada do que a bandeira oficial
criada por D. João IV. Esta bandeira foi usada, segundo
alguns historiadores, nas campanhas contra os
espanhóis.
51
3 - De D. Sebastião
Triunfante a Revolução e proclamada a Restauração,
isto é, com o fim do domínio da Dinastia Filipina, a
bandeira real voltou a ser a anterior. Assim, em 15 de
Dezembro, teve lugar a aclamação de D. João IV e a
bandeira real desfraldada pelo Alferes-Mor, nesse acto
solene, foi a bandeira branca com o escudo nacional e a
coroa fechada que se vinha usando desde D. Sebastião
(imagens 51 a 53), excepto num pequeno detalhe
estético - o regresso ao escudo português redondo. No
essencial, esta foi a base da bandeira usada por
Portugal até ao liberalismo.
4 - Da Imaculada Conceição
Por decreto de 25 de Março de 1646, D. João IV
declara Padroeira do Reino nossa Senhora da
Conceição e agrega à bandeira nacional uma orla azul
(imagens 54 e 55). Esta bandeira foi usada não apenas
em Portugal mas também em todo o Império.
Como bandeira pessoal D. João IV adoptou as armas
nacionais com fundo azul, da Imaculada Conceição
(imagens 56).
5 - Príncipe do Brasil
Como ficou dito anteriormente, é no reinado de
D. João IV, a partir de 1645, que o herdeiro da coroa
passou a intitular-se príncipe do Brasil caso fosse
varão, sendo conferido ao príncipe D. Teodósio e de
futuro destinado ao herdeiro da coroa. A esfera armilar
52
serviu como figura fundamental da representação do
referido título (imagem 57). Sendo menina ser-lhe-ia
atribuído o título de princesa da Beira.
B - D. Pedro II (1683-1706)
Durante os reinados seguintes até ao de D. Maria I, não
sofre alteração a bandeira nacional.
Em 1667 dá-se o golpe de estado que afasta do poder
D. Afonso VI e coloca na regência do reino o seu irmão
D. Pedro II, que procede a nova mudança na bandeira
(pelos mesmos motivos que D. Afonso III, D. João I e
D. Manuel I). Como regente altera a bandeira, que
altera novamente a partir do momento em que passa a
ser rei, passando o escudo da bandeira de clássico ou
peninsular, redondo na parte inferior, a francês, isto é,
com a parte inferior terminando dentro dos princípios
da heráldica, terminando em ponta como o escudo.
Passa igualmente de coroa fechada com três arcos a
cinco arcos visíveis, simbolizando assim um novo
reforço da autoridade régia (imagens 59 e 60).
D. Pedro usou como bandeira pessoal o escudo real
encimado pela coroa real fechada, ou seja, as armas
nacionais sobre fundo verde (imagem 61).
C - D. João V (1706-1750)
1 - Nacional
Com a subida ao trono de D. João V, as mudanças na
bandeira são meramente cosméticas, atendendo apenas
ao gosto da época barroca. A borda inferior passa a
53
terminar em arco contracurvado (escudo dito francês) e
é acrescentado um barrete púrpura à coroa real. Notese, no entanto, a importância simbólica da cor púrpura,
que é a cor imperial por excelência (imagem 62).
2 - Bandeira pessoal
D. João V usou as armas nacionais assentes num
pavilhão vermelho/púrpura como seu estandarte
pessoal (imagem 63).
3 - “Cartola”
Com D. João V, também o escudo se modifica quanto à
sua forma, passando a ser do género “cartela”
(imagem 64), mais fantasiado, ao gosto da época, e
são-lhe adicionados elementos figurativos que o
sobrecarregam; mas as características fundamentais não
foram nunca alteradas.
A essa alteração não é alheia a descoberta de ouro no
Brasil, que possibilitou o financiamento de tantas das
obras e de todo o fausto deste reinado, incluindo a
atribuição, por parte do Papa, da dignidade de
Patriarcado à cidade de Lisboa (1716) e a concessão do
título de Sua Majestade Fidelíssima a el-rei D. João V
e seus sucessores (1744).
À medida que nos aproximamos do final do século
XVIII, o formato exterior do escudo torna-se mais
intrincado e complexo, de acordo com os padrões
artísticos da época, influenciados pelo rococó.
Salvos estes pormenores, de pouca importância, pode
afirmar-se que até ao reinado de D. Maria I e começo
54
do reinado de D. João VI, a bandeira nacional se
manteve como vinha sendo usada desde D. Sebastião.
D - Dª. Maria I (1777-1816)
Em 1806, dá-se uma grande reorganização do Exército
Português, introduzindo-se um novo Plano de
Uniformes. Nesse Plano de Uniformes, aparece
claramente especificado, pela primeira vez, o desenho,
cores e distribuição das bandeiras regimentais. Ficou
estabelecido que cada unidade de infantaria teria duas
bandeiras regimentais. A 1ª bandeira seria esquartelada
de quatro peças de azul e quatro de vermelho escarlate,
com uma bordadura contra-esquartelada e, sobretudo,
uma aspa de amarelo. Ao centro teria um círculo
branco com as Armas Reais e, em cada um dos quatro
cantões, o Monograma Real assente sobre um quadrado
branco. A 2ª bandeira teria o campo de uma só cor branco, azul ou amarelo, conforme o forro do uniforme
do regimento, cuja cor indicava a divisão a que
pertencia a unidade - com as Armas Reais ao Centro e
Monogramas Reais nos quatro cantões. Em ambas as
bandeiras seriam colocados listeis brancos com os
nomes das unidades. Nos regimentos de cavalaria
existiriam quatro estandartes - um por esquadrão - de
desenho semelhante ao das segundas bandeiras das
unidades de infantaria, mas de dimensões menores.
Cada esquadrão regimental tinha um estandarte de
campo de cor diferente - branco, azul, amarelo ou
vermelho. Além disso, cada bandeira ou estandarte,
tinha um laço atado, cujas cores identificavam o
regimento dentro de cada divisão.
55
Este modelo de bandeiras foi usado durante a Guerra
Peninsular. Algumas unidades que mais se
distinguiram, foram homenageadas com
acrescentamentos às suas bandeiras. Um exemplo foi o
Regimento de Infantaria Nº 9, em cujas bandeiras foi
colocado, à volta das Armas Reais, um listel com os
dizeres: E julgareis qual é mais excelente, se ser do
Mundo Rei, se de tal Gente.
Eventualmente, estas bandeiras foram também usadas
pelo Exército Miguelista durante a Guerra Civil, já que
as cores nacionais desta facção continuaram a ser o
azul e o vermelho. No entanto, em algumas gravuras
representando tropas, estas aparecem levando bandeiras
brancas com as Armas Reais, semelhantes à, então,
bandeira nacional (de hastear).
E ) D. João VI (1816-1826)
1- Reino Unido de Portugal, Brasil, e Algarves
Quando em 1807 os franceses invadiram Portugal,
reconheceu-se a necessidade de se ressalvar a
continuidade da soberania portuguesa transferindo a
Família Real e a Corte para o Rio de Janeiro e ficando
a Metrópole a ser dirigida pelos Governadores para
esse fim nomeados.
Instalada a Corte no Brasil, o desenvolvimento
verificado nesta colónia justificou a sua elevação à
categoria de Reino, agora ainda mais necessária por ser
a sede do Governo e por isso, em 16 de Dezembro de
1815, por decreto do príncipe regente D. João, assinado
em 16 de Dezembro de 1815, o Brasil foi elevado à
56
condição de Reino dentro do Estado Português, que
passou a ter a designação oficial de Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves.
Oito dias depois, a 20 de Março, morre D. Maria I e
sucede-lhe no trono o Príncipe do Brasil, D. João, que
desde 1799 exercia a regência em nome de sua mãe por
motivo da doença desta.
Dois meses depois de ter subido ao trono, D. João VI,
por Carta Régia de 13 de Maio de 1816, resolveu
modificar as armas nacionais de modo a ficarem de
acordo com a nova denominação oficial de Reino
Unido (imagens 65 e 66). O Brasil não tinha até então
armas próprias, mas durante todo o período colonial
usara frequentemente a esfera armilar de D. Manuel
como emblema, e foi assim este o símbolo escolhido
para figurar as armas do Brasil para o efeito de se
adicionar às armas que constituíram o novo escudo do
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Nesta nova disposição, as armas nacionais ficaram
assentes sobre uma esfera armilar de ouro forrada de
azul, tendo sobreposta a coroa real.
Manteve-se a Corte portuguesa no Brasil durante
quatorze anos. Em 22 de Abril de 1821 o infante
D. Pedro foi investido nas funções de regente do Brasil,
e, dois dias depois, D. João VI embarcou para
Portugal.
O movimento separatista brasileiro, aliás de fundas
raízes anteriores, concretiza-se com o grito do Ipiranga
em 7 de Setembro de 1822, e a aclamação de D. Pedro,
como imperador do Brasil, em 12 de Outubro do
mesmo ano. Conhecido o facto em Lisboa e verificada
a impossibilidade de se manter a unidade anterior, por
57
Carta Patente de 13 de Maio de 1825, D. João VI eleva
o reino do Brasil à categoria de império, reservando
para si o título de imperador e, pelo Tratado do Rio de
Janeiro de 15 de Novembro do mesmo ano, reconhece
a independência do Brasil e a sua separação dos Reinos
de Portugal e Algarves.
Deixou a partir desta data de ter qualquer justificação a
transformação que se operara no escudo nacional que
voltou a ter a anterior configuração.
A bandeira do Reino Unido tinha consagrado a esfera
armilar como elemento heráldico representativo das
armas brasileiras, escolha que estava amplamente
justificada pelo seu valor como símbolo da expansão
portuguesa e pela sua consagração em tantas lutas e
vitórias anteriores.
2 - Príncipe Real
Como dito anteriormente, no reinado de D. Duarte, em
1815, com a elevação do Brasil à condição de Reino
dentro do chamado Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, o herdeiro presuntivo da coroa passa a ser
chamado Príncipe Real do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves e, finalmente, após a independência
do Brasil, Príncipe Real de Portugal, título que ainda
hoje se mantém (imagem 67).
F - D. Miguel I (1828-1834)
As ideias liberais, e as profundas transformações
operadas pela Revolução Francesa, alastraram-se por
toda a Europa, e originaram em Portugal uma crise
58
grave, que se pode considerar iniciada com o
movimento de Gomes Freire em 1817 e que veio a
provocar a guerra civil.
Em 1820 deu-se a revolução das Juntas e, por virtude
dela, elaborou-se a constituição, que foi jurada por
D. João VI em 1 de Outubro de 1822.
A crise agrava-se com a morte de D. João VI, em 1826,
e a instituição de um Conselho de Regência, que
governaria o país “enquanto o legítimo herdeiro e
sucessor desta coroa não der as suas providências”,
pois a falta de precisa indicação do herdeiro legítimo
fundamentaria as lutas entre os partidários de D. Pedro,
defensores das novas ideias, e os de D. Miguel, que
lutavam pelas doutrinas tradicionalistas.
D. Pedro, outorga a Carta Constitucional em 29 de
Abril de 1826, e abdica em sua filha D. Maria da
Glória. D. Miguel assume o poder, convoca os Três
Estados e considera-se rei absoluto.
Tendo a independência do Brasil sido oficialmente
reconhecida em 1825 por Portugal (Tratado do Rio de
Janeiro), após a morte do rei D. João VI, em Março de
1826, voltou-se à antiga expressão da bandeira,
adoptada por D. João V em 1707. Com efeito, não fazia
sentido manter nas armas nacionais um símbolo que
representava um país agora independente.
Esta bandeira foi abandonada em 1830 pela rainha D.
Maria I e pelos liberais. Foi usada pelos partidários de
D. Miguel I e do absolutismo até à sua derrota e
capitulação em Évora Monte, em 26 de Maio de 1834
(imagem 68) frente aos liberais. D. Maria II sobe ao
trono seguindo-se um período de agitação política que
se prolonga pelos reinados seguintes.
59
G) D. Pedro IV (1834)
1 - Do Liberalismo
A nova bandeira criada após as vitórias liberais e a que
a seguir nos vamos referir, sagrou-se assim com o
sangue dos heróis e manteve a continuidade da
representação pátria dos pavilhões anteriores. Discutese -se quais as razões que levariam os
constitucionalistas a escolher a cor azul para a nova
bandeira. Segundo o decreto de D. João VI, de 22 de
Agosto de 1821, revogando o decreto de 7 de Janeiro
de 1796, determinava-se que se alterasse as cores azul e
branca em vez de escarlate e azul como anteriormente
tendo as duas cores sido escolhidas por “serem aquellas
que formárão a divisa da nação portuguesa desde o
princípio da monarchia em mui gloriosas épocas da sua
História”. Também se considera, porém, que a escolha
resultou do desejo de glorificação do espírito católico e
profundamente mariano do povo português,
referenciando-se o azul à cor do manto da Padroeira do
Reino, e esse era até a opinião da Comissão que em
1910 foi nomeada para se escolher a nova bandeira
republicana.
É de recordar efectivamente que, desde a restauração,
Portugal fora consagrado à Imaculada Conceição de
Vila Viçosa por decreto de 25 de Março de 1646, pelo
que a preocupação de manter e vincar bem a adesão aos
princípios religiosos nacionais da parte dos defensores
das novas ideias deve ter tido influência predominante.
60
A bandeira liberal foi usada em dois períodos: entre
1820 e 1826, e a partir de 1830 até 1910.
Na primeira fase, 1820 e 1826, esta bandeira foi usada
em Portugal e em todo o império com o nome de
Bandeira Constitucional. Na sequência da Revolução
do Porto de 1820, as cortes constituintes portuguesas
estabeleceram a Monarquia Constitucional e
decretaram nova alteração na bandeira portuguesa: o
campo da bandeira seria azul e branco – cores do
escudo de D. Afonso Henriques, que consolidou o
reino português. Também desaparecia o globo armilar,
uma vez que esta bandeira, a constitucional, não
representava mais o Reino Unido.
Na segunda fase, pelo decreto de 18 de Outubro de
1830, emitido pelo Conselho de Regência em nome da
rainha Maria II de Portugal, Conselho esse que se
achava exilado na Ilha Terceira, no quadro da guerra
civil de 1832–1834 (imagens 69 e 70), eram decretadas
as características da nova bandeira.
Este determinava que a bandeira nacional passaria a ser
bipartida de azul e branco com as armas reais
assentando sobre as duas metades. Sobre o conjunto, ao
centro, deveria assentar as armas nacionais, metade
sobre cada cor.
Reza a tradição que a primeira bandeira
constitucionalista teria sido bordada pela própria rainha
Maria II de Portugal e trazida para o continente pelos
Bravos do Mindelo, quando desembarcaram nas
proximidades em Vila do Conde para conquistarem o
Porto, onde viriam a ficar sitiados ao longo de mais de
um ano.
61
Nas bandeiras regimentais, as duas cores teriam a
mesma dimensão, mas na bandeira da marinha e na
bandeira comercial o azul representaria apenas um
terço da bandeira. O escudo nacional manteve-se sem
alteração, e só a sua forma passou a ser a do escudo
francês, isto é, com a parte inferior terminada em
ponta, em vez da forma clássica ou peninsular.
Ao contrário do que acontecia anteriormente, as
bandeiras regimentais do Regime Constitucional
passaram a seguir de perto o modelo da bandeira
nacional (de hastear), com algumas diferenças de
pormenor. A partir de 1868, cada regimento passou a
ter uma única bandeira - igual tanto para as unidades de
infantaria como nas de cavalaria - bipartida de azul e
branco, com as Armas Nacionais ao centro, rodeadas
de vergônteas verdes e com um monograma real em
cada um dos quatro cantões. Normalmente, sob as
Armas Nacionais era colocado um listel com o nome da
unidade.
Este modelo de bandeira esteve em vigor, até ao fim da
monarquia em 1910.
No período liberal estabelece-se de forma mais
concreta a distinção entre a bandeira nacional e o
pavilhão real. Como já se teve ocasião de mencionar, a
distinção entre os dois símbolos foi gradualmente
evoluindo e desde cedo que, a par da bandeira nacional,
surgiu o estandarte do rei.
A cor vermelha para o estandarte real prevaleceu. No
período constitucional, encontramos o estandarte de
D. Pedro IV representado por uma bandeira vermelha
semeada de castelos de ouro, e após a subida ao trono
62
de D. Maria II passou a ser vermelho com as armas
reais ao centro debruadas de ouro.
2 - Do Liberalismo – para uso marítimo
Tem-se gerado alguma controvérsia acerca das
proporções do branco e do azul nesta bandeira. A
bandeira para uso terrestre era bipartida de branco e
azul. A bandeira para uso naval, essa sim, apresentava
o azul e o branco na proporção de 1:2, um pouco à
semelhança do que sucede com o actual pendão
nacional português (imagem 71).
3 - Estandarte imperial
É representado por uma bandeira vermelha semeada de
castelos de ouro (imagem 72).
H) Dª. Maria II
A bandeira pessoal passou a ser vermelha com as
armas reais ao centro debruadas de ouro.
I) D. Pedro V
Para além da bandeira nacional, usava a sua bandeira
pessoal (imagens 76 e 77).
63
Capítulo V
República
Em 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a República.
Formado o Governo Provisório, em 15 do mesmo mês,
por Portaria do Ministro do Interior, Dr. António José
de Almeida, foi nomeada uma Comissão constituída
por Abel Acácio de Almeida Botelho, Columbano
Bordalo Pinheiro, João Chagas, José Afonso Pala e
António Ladislau Parreira, Comissão que teria o
encargo de apresentar um projecto sobre a nova
bandeira nacional.
A escolha e características da nova bandeira suscitaram
polémicas e campanhas jornalísticas, tendo sido
apresentados diversos projectos, um dos quais,
acesamente defendido por Guerra Junqueiro,
Braancamp Freire e António Arroio, preconizava se
mantivessem como cores fundamentais o azul e branco
da bandeira do regime monárquico, substituindo-se
apenas a coroa real por símbolos apropriados.
Na bandeira de Guerra Junqueiro, este dizia que "A
bandeira nacional é a identidade duma raça, a alma
dum povo, traduzida em cor. O branco simboliza
inocência, candura unânime, pureza virgem. No azul há
céu e mar, imensidade, bondade infinita, alegria
simples. O fundo da alma portuguesa, visto com os
olhos, é azul e branco."
A Comissão, porém, entendia que as cores da nova
bandeira deveriam ser o verde e o vermelho, por terem
sido estas as cores da bandeira revolucionária que tinha
sido arvorada na Rotunda e nos navios de guerra.
64
O problema da escolha na nova bandeira e das suas
características, e as polémicas que suscitou a sua
mudança, não constituíam caso inédito. Em todos os
países, sempre que se verificaram transformações
políticas de vulto, se observaram modificações nas
bandeiras. Recordemos, por exemplo:
- que em França a escolha das cores azul e vermelha da
cidade de Paris, que os revolucionários de 1789
aditaram ao branco da bandeira real, suscitou grandes
discussões quando, com a subida ao trono de Luís
Filipe, se teve de escolher a bandeira nacional;
- que o Nacional Socialismo alterou totalmente o
pavilhão alemão
- também a República de Weimar modificou as cores e
a disposição da antiga bandeira imperial, etc.
Entendia a Comissão que as cores azul e branca não
deveriam prevalecer sobre as cores verde e vermelha
que defendia, por tais cores não terem a consagração
que a Comissão considerava ter resultado do esforço da
Grei na proclamação do novo regime, e que o
simbolismo das novas cores se enquadrava melhor nos
anseios da Nação para os novos rumos em que ia ser
orientada.
No seu livro, “A Bandeira Nacional”, o senhor capitão
Olímpio de Melo apresenta desenvolvida explicação
das polémicas e campanhas jornalísticas então
levantadas e nesse estudo se observa que “também foi
muito discutido na época a escolha da esfera armilar
em que assentaria o escudo nacional, preconizada pela
Comissão”. Entendiam uns que a esfera representava
uma lamentável referência ao símbolo pessoal de
D. Manuel I, e outros opinavam que tal símbolo
65
justificado embora na bandeira de D. João VI por ser
representação heráldica do Brasil, era absolutamente
inadequado dentro do critério do momento.
A Comissão porém achava que a esfera armilar devia
ser posta na bandeira como “padrão eterno do nosso
génio aventureiro e da nossa existência épica e
sonhadora, pelo que o símbolo não constituía uma
referência ao emblema pessoal de D. Manuel I nem
uma relacionação com o símbolo heráldico brasileiro,
mas unicamente a representação da expansão
portuguesa e a sua missão criadora de novos mundos.
No relatório da Comissão, aliás nem sempre isento de
erros de apreciação e com manifestas deficiências
heráldicas, fundamenta-se a escolha das novas cores e a
figuração das armas nacionais, com bastante
desenvolvimento e marcada exaltação patriótica que
não pode deixar de ser devidamente anotada.
Apresentado o Relatório e Parecer da Comissão ao
Governo e à Assembleia Nacional Constituinte, foi
publicado em 20 de Junho de 1911 o Decreto da
Assembleia Nacional que aprovou a constituição da
nova bandeira (de hastear), e que foi regulamentado em
30 do mesmo mês, com o número 150.
Nos termos destas disposições legais, a bandeira
nacional é bipartida de verde-escuro e vermelho
escarlate, no sentido vertical, com o verde do lado da
tralha e com o escudo assente sobre a esfera armilar de
amarelo, colocado metade na parte verde e a outra
metade na parte vermelha. Tanto a esfera armilar como
os castelos são debruados a preto. O comprimento da
bandeira é de vez e meia a altura da tralha e as duas
66
cores estão dispostas de modo a corresponder dois
quintos ao verde e três quintos ao vermelho.
O referido decreto regulamentava igualmente as
bandeiras regimentais das unidades militares. Estas, tal
como as bandeiras regimentais da monarquia
constitucional, seguiam de perto o modelo da bandeira
nacional. Segundo o referido Decreto:
Nas bandeiras das diferentes unidades militares, que
serão talhadas em seda, a esfera armilar, em ouro,
será rodeada por duas vergonteas de loureiro, também
em ouro, cujas hastes se cruzam na parte inferior da
esfera, ligados por um laço branco, onde, como
legenda imortal, se inscreverá o verso camoneano:
Esta é a ditosa pátria minha amada.
Altura d'esta bandeira - 1,20 m.
Comprimento - 1,30 m.
Diâmetro exterior da esfera - 0,40 m.
Distância entre o diâmetro da esfera e a orla superior
da bandeira - 0,35 m.
Distância entre o diâmetro da esfera e a orla inferior
da bandeira - 0,45 m.
Apesar do Decreto de 1911 ter estabelecido, com
grande precisão, o padrão básico das bandeiras
regimentais, vários regulamentos posteriores,
estabeleceram padrões diferentes para os diversos
ramos das Forças Armadas. Esses regulamentos, que
foram diversas vezes alterados, estabeleceram
dimensões e desenhos variados.
A forma como se encontra redigido o Decreto
regulamentar contém deficiências de técnica
heraldística que levaram os estudiosos a definir de
forma correcta e precisa as armas nacionais.
67
O Dr. Armando de Mattos, no seu já citado livro,
entende que as armas nacionais devem ser designadas
da forma seguinte:
“em campo de prata, cinco escudetes de azul postos em
cruz e carregado cada um de cinco besantes do
primeiro, postos em aspa. O escudo com bordadura de
vermelho carregado de sete castelos de ouro postos
três em faixa e dois a cada flanco. Escudo assente
sobre uma esfera armilar de ouro, debruada de negro.
Formato clássico ou peninsular”.
Na sua forma actual a bandeira portuguesa tem pouco
mais de cem anos de existência. O verde e o vermelho
com que ela se ordenou são hoje cores sagradas regadas
por sangue generoso em defesa da Pátria, pois:
- acompanhou os heróis que em França escreveram a
epopeia de La Lys;
- serviu de mortalha na gesta cavalheiresca da Carvalho
Araújo
- foi amparo, guia e estímulo dos que fixaram e
defenderam os territórios ultramarinos em Naunila, em
Mecula, em Nevala, no Rovuma, nos Cuanhamas e em
tantas outras e tão gloriosas acções.
Símbolo augusto da perenidade da nação portuguesa
drapeja altiva, recordando às novas nações que:
- quando o resto da Europa mergulhava nos conflitos
de que surgiriam os Estados, já Portugal definira a sua
unidade metropolitana
- quando em muitas regiões do globo as populações
viviam no período do neolítico, já Portugal alargara a
civilização cristã a outros continentes.
A sua sombra continuará na presente provação a
proteger a unidade de todos os portugueses, permitindo
68
que, na continuidade da sua missão, se possa dizer ao
Mundo:
Canto X – Est. XCIV
“Dest’arte se esclarece o entendimento
Que experiências fazem, repousado;
Canto VI – Est. XCIX
“Não faltarão cristãos atrevimentos
Nesta pequena casa lusitana.
69
2º GRUPO – IMAGENS DAS BANDEIRAS
A)
ANTES DA INDEPENDÊNCIA
1 – Bandeira da Casa de Borgonha, e de Portugal nos
reinados de D. Sancho I, D. Afonso II e D. Sancho II
B)FUNDAÇÃO
2-Da Fundação e de S. Miguel 3-De Marselha (França)
70
C) BATALHA DE OURIQUE
4- S. Tiago, o mata-mouros
5 - Sonho
6 - aparição
7 – Ermida alusiva à batalha 8 – Monumento alusivo à batalha
71
9-Estátua de D. Afonso Henriques 10-Ourique monumento
alusivo à batalha
11-Brasão da vila de Ourique 12-Castro Verde – Monumento
alusivo à batalha
13 e 14 - Vila Chã de Ourique - Monumento comemorativo
dos 850 anos da batalha
72
15 – Moeda comemorativa da batalha
D) 1ª. DINASTIA
16 – 1ª. bandeira das quinas
de D. Afonso Henriques
17 - De D. Afonso III a
D. Fernando 1
18-De D. Afonso III (ainda
Duque da Borgonha – França)
73
19-De D. Afonso III a
D. Fernando 2
20-De D Afonso III a
D. Fernando 3
E) 2ª. DINASTIA
21 – De Castela e de Portugal
22-De Castela e de Portugal 2
74
23 - De S. Nuno de
Santa Maria
24 – De Avis
(1385-1475; 1479-1485)
25- Estandarte do príncipe
herdeiro
26-De Portugal,
de Castela e de Leão
27-De D. João II (1)
28 – De D. João II (2)
29 – De D. João II (3)
a D. Sebastião
75
31 – De D. Manuel I (3) e de
e de D. João III (3)
30 - De D. Manuel I (2)
e de D. João III (2)
33 – De D. Manuel I (5)
32- De D. Manuel I (4)
34 – De D. Manuel I (6)
76
34-De D. Manuel I (7)
35-De D. Manuel I (8)
36 - De D. João III (4)
37- De D. João III (5)
39 – De D. Sebastião (3)
a Dª Maria I
38- De D. Sebastião (2)
até 1640
77
40 – De D. Sebastião (4)
41 – De D. Sebastião (pessoal)
F) 3ª DINASTIA
41- Domínio filipino 1 (3)
42-Domínio filipino 2 (4)
43-Dos Habsburgos (5)
78
44-Bandeira Real (6)
(1600-1700)
45-Bandeira Real 2 (7)
(1600-1700)
46-Bandeira Real 3
47-Bandeira Real 4
(1600-1700) (8)
(1600-1700) (9)
G) 4ª DINASTIA
48-Da Casa de Bragança
79
49-Da Restauração 1 (6)
50-Da Restauração 2 (7)
51-De D. João IV (8)
e de D. Afonso VI (6)
52-De D. João IV (9)
e de D. Afonso VI (7)
53-Da Imaculada
Conceição (10)
54-Da Imaculada
Conceição (11)
80
55-De D. João IV (pessoal)
56-Do Príncipe do Brasil
57-Para a Índia e para a América
59-De D. Pedro II (pessoal)
58-De D. Pedro II (6)
60-De D. João V, D. José,
D. Pedro III e de Dª. Maria I
(2 em todos)
81
61-De D. João V (pessoal)
62-De 1750 (3)
63-1ª. bandeira regimental
64-2ª bandeira regimental
65-Do Reino Unido de Portugal, 66-Do reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves
Brasil e Algarves (alternativa)
82
67-Do Príncipe Real
68- Usada pelos miguelistas (1826-1834)
69) Do Liberalismo (1)
69-Do Liberalismo (1)
70-Do Liberalismo (2)
71-Do Liberalismo
(Para uso marítimo)
72-Estandarte imperial
de D. Pedro IV
83
73-Jaque Naval miguelista (1826)
75-Regimental
(pessoal)
74-Jaque naval liberal 1830
76-De Dª. Maria II
77-De D. Pedro V (pessoal 1)
78-De D. Pedro V (pessoal 2)
84
H) OUTRAS
79-Usado pelo soberano
em exercício de funções
(D. Manuel II)
80-Bandeira moderna
com escudo ibérico
81- De D. Duarte,
duque de Bragança
82- Proto-monárquica
85
I) REPÚBLICA
a) NOVA BANDEIRA
1 – Nacional actual
2 - Regimental
1) Origens
3 -Da Carbonária
4-Do Grande Oriente
Lusitano (Maçonaria)
86
b) PROPOSTAS
1) Ligadas à República
5-1º Projecto da Comissão Oficial
7-De Aníbal Rodrigues
6-De A. Rigaud
Nogueira
8-De J. S. Ferreira
9-De António Augusto Macieira
87
10-De Delfim Guimarães e
Roque Gameiro
2) Conjuga-se Monarquia e República
11-De Duarte Alves G. Leal
12-De Carvalho Neves
13-De J.A.E.S.
14- De António M. de Sousa
15 – De Augusto Jorge Fernandes Casanova
88
3) Ligadas à Monarquia
16-De Guerra Junqueiro
17-Da Comissão Portuense
18 – De José Pereira de Sampaio~
(Bruno Ferreira)
20 – De Henrique Lopes
de Mendonça
19 De Albano Ferreira
21-De António Arroyo
89
22- De Álvaro A. Da Silva Foito 23-De Alfredo Pinto da Silva
24- De Francisco Ferreira Marques
4) Outras
25-De um professor de ensino livre
90
26-Joaquim Augusto
Fernandes
27-De A. P. S
c) ÓRGÃOS DE SOBERANIA
1) Nacionais
28-Do Presidente da República
30-Da Assembleia da República
91
29-Do 1º Ministro
31-Dos Ministros
32-Dos Governadores Civis de Distrito
2) Províncias Ultramarinas
33-Do Alto Comissário
34-Do Governador de Província
35-Do Governador de Distrito
92
36-Do Governador Geral
37-Do Intendente Distrital
38-Do Inspector Administrativo
39-Do Oficial da Província Ultramarina
3) Regiões autónomas
40-Açores
93
4) Propostas para bandeiras ultramarinas
41-Angola
42-Cabo-Verde
44 – Guiné
43 - Estado Português da Índia
45-Macau
46-Moçambique
94
47-S. Tomé e Príncipe
48-Timor
5) Macau
49-Do Governador
50-Do Comandante-Chefe do Exército
51-Bandeira 1 do Leal Senado
95
52-Bandeira 2 do Leal Senado
53- Do Leal Senado (Pouco usada) 54 - Da Colónia Portuguesa
55 - Província Portuguesa de Macau
56-Macau
57-Governo de Macau
96
3ª. PARTE - ORAÇÕES
1 - Quinquenário de preparação para a Festa
2 de Fevereiro
1º dia
Obediência de Jesus Cristo recebendo as chagas
É certo que a culpa original com que Adão maculou
toda a sua descendência, assim como igualmente os
pecados com que cada um dos homens se têm feito e
farão réus da vingança do Eterno, nada menos são na
sua essência do que uma desobediência formal à lei e
aos preceitos de Deus: dizendo o Apóstolo que o
pecado não entraria no mundo nem ele mesmo o teria,
se a lei que proíbe, não existisse.
E que satisfação se poderia achar condigna para
uma desobediência tal, que não fosse a obediência
profunda do Verbo Humanado? Obediente por isso, o
humilhado até à morte, e morte de cruz, Ele mesmo,
sabendo que o sangue era necessário para ser revogado
o decreto da condenação eterna, sofreu voluntariamente
ser cruelmente atormentado pelas maldades do homem,
e que sobre as inumeráveis feridas Lhe abrissem as
cinco chagas adoráveis e preciosas! Sim, elas são o
sacrifício público da humildade e obediência.
Tu portanto, ó minha alma, considera atentamente o
exemplo que Jesus Cristo te deu, e aprende nas cinco
97
chagas os documentos para chegares a ser humilde
como Ele, e conseguires felizmente o descanso eterno.
Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria
Jaculatória
Queremos obedecer-Vos,
Querido e doce Jesus;
Pois por nós obedecestes
Até morrer numa cruz
Antífona
Eu sou a Vossa Redenção. As Minhas mãos que vos
fizeram, foram trespassadas por cravos. Por vossa
causa fui morto com flagelos e coroado de espinhos.
Pendente na cruz pedi água e deram-Me fel e vinagre, e
com uma lança Me traspassaram o Lado. Depois de
morto e sepultado ressuscitei. Estou convosco e vivo
eternamente.
V. Verão a quem trespassaram.
R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho
primogénito.
Oração
Ó Deus, que na Paixão de Vosso Filho Unigénito, e
pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas,
resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado.
Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas
98
cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue
mereçamos ser recebidos no Céu. Pelo mesmo Cristo
nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do
Espírito Santo. Amen
3 de Fevereiro
2º dia
Paciência de Jesus Cristo recebendo as chagas
Nada há nas chagas de Jesus Cristo e em todo o
sacrifício da cruz, que não seja digno da maior
admiração. Mas é bem distinto o lugar que em nossa
consideração deve ter a paciência admirável com que
Ele recebeu em Seu Corpo sagrado as mesmas chagas e
padeceu tantas dores. Em Isaías lê-se que, exposto aos
mais cruéis tormentos, mas semelhante ao manso
cordeiro que sofre a morte sem se queixar, Ele também
havia de padecer as aflições e as angústias sem abrir a
boca uma só vez.
Chagas dignas da maior veneração! Paciência digna do
maior louvor! Tu portanto, ó minha alma! Reflecte bem
a doutrina que o Redentor do mundo te dá com a Sua
paciência. E, sem te afligires, procura sofrer tudo com
profunda paciência e perfeita resignação, assim como
Jesus Cristo fez para te remir e salvar.
Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria
99
Jaculatória
Por vossas chagas, Senhor,
Que são rios de clemência,
Alcancem as nossas almas
Verdadeira paciência.
Antífona
Eu sou a vossa redenção. As Minhas mãos que vos
fizeram, foram trespassadas de cravos. Por vossa causa
fui morto com flagelos e coroado de espinhos.
Pendente na cruz pedi água e deram-Me vinagre fel, e
com uma lança traspassaram-Me o Lado. Depois de
morto e sepultado ressuscitei: estou comvosco e vivo
eternamente.
V. Verão a quem trespassaram.
R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho
primogénito.
Oração
Ó Deus, que na Paixão do Vosso Filho Unigénito, e
pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas,
resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado.
Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas
cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue
mereçamos ser recebidos no céu. Pelo mesmo Cristo
nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do
Espírito Santo. Amen
100
4 de Fevereiro
3º dia
Jesus Cristo recebeu as chagas a impulsos de sua
ardente caridade
Ver o Filho unigénito do Deus vivo, feito homem,
estendido sobre o madeiro da cruz, com as mãos e pés
trespassados de duros cravos, e com o peito rasgado ao
golpe de uma aguda lança não é outra coisa se não ver a
infinita caridade em que o Seu Coração se abrasava por
levar ao maior extremo as incompreensíveis finezas do
Seu Amor para com os homens. A Sua missão teve
toda a origem na caridade imensa do Pai Eterno, de
quem se diz no Evangelho que por amor extremo
enviara ao mundo o Seu Filho Unigénito para o remir e
salvar.
E sendo este o seu princípio, como não seria também
semelhante o seu fim? Sim, caridade de Jesus Cristo,
caridade a mais extremosa! Ela tudo sofre, tudo padece,
diz o Apóstolo. Tu, portanto ó minha alma! Ouve e
atende o mesmo Jesus que te fala por Suas chagas.
Separando de ti todo o pensamento de vingança e de
ódio, procura somente amar a Deus e ao próximo como
a ti mesmo, para que sejas digna das Suas Chagas.
Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria
101
Jaculatória
Pois que a impulsos de amor
Quisestes ficar chagado,
Fazei que por Vosso amor
Viva eu crucificado.
Antífona
Eu sou a vossa redenção. As Minhas mãos que vos
fizeram, foram trespassadas de cravos. Por vossa causa
fui morto com flagelos e coroado de espinhos.
Pendente na cruz pedi água e deram-Me vinagre fel, e
com uma lança traspassaram-Me o Lado. Depois de
morto e sepultado ressuscitei: estou convosco e vivo
eternamente.
V. Verão a quem trespassaram.
R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho
primogénito.
Oração
Ó Deus, que na Paixão do Vosso Filho Unigénito, e
pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas,
resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado.
Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas
cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue
mereçamos ser recebidos no céu. Pelo mesmo Cristo
nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do
Espírito Santo. Amen
5 de Fevereiro
102
4º dia
Jesus Cristo triunfa pelas Suas chagas.
O mundo não podia ser resgatado sem o império do
pecado ser vencido. E a quem seria reservada esta
vitoria, senão a um Deus humanado, e ao valor infinito
das Suas chagas? A carne tinha corrompido com os
seus vícios a geração dos mortais. O mundo tinha
cativado com as suas enganosas delícias o coração
ambicioso dos homens. O Inferno tinha igualmente
aberta a negra boca para absorver no seu seio os filhos
desgraçados de Eva. Cruéis inimigos! Eles dominavam
absolutos em todo a terra. Um, porém, havia de ser
digno, segundo a frase do Apóstolo, de destruir o poder
das trevas, e abrir na face do orbe o livro da vida. E
este foi, sem dúvida, o filho verdadeiro do homem. Foi
Jesus Cristo que quebrou os laços da culpa, e que nos
remiu e resgatou pelo Sangue Precioso das Suas
Chagas.
Chagas poderosas e triunfantes! À Sua vista a
carne, o inferno, e o mundo ficaram destruídos, e o seu
império não existirá jamais. Tu, portanto, minha alma,
considera bem como Jesus Cristo venceu os seus
inimigos por meio das penetrantes Chagas, e aprende a
procurar nas mortificações e nas dores o escudo seguro,
ao abrigo do qual possas chegar um dia a gozares
vitoriosamente a glória, que esperas.
Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria
103
Jaculatória
Para sermos triunfantes
Das astúcias do inferno,
Estampai em nossas almas
Vossas Chagas, Deus Eterno
Antífona
Eu sou a vossa redenção. As Minhas mãos que vos
fizeram, foram trespassadas de cravos. Por vossa causa
fui morto com flagelos e coroado de espinhos.
Pendente na cruz pedi água e deram-Me vinagre fel, e
com uma lança traspassaram-Me o Lado. Depois de
morto e sepultado ressuscitei: estou comvosco e vivo
eternamente.
V. Verão a quem trespassaram.
R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho
primogénito.
Oração
Ó Deus, que na Paixão do Vosso Filho Unigénito, e
pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas,
resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado.
Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas
cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue
mereçamos ser recebidos no céu. Pelo mesmo Cristo
nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do
Espírito Santo. Amen
104
6 de Fevereiro
As chagas de Jesus Cristo fazem toda a nossa felicidade
A morte, diz S. João no Apocalipse, nunca mais
voltará a recuperar o seu império. Nem o luto, nem a
aflição, nem as dores, a que estavam sujeitos os filhos
de Adão debaixo do jugo do pecado, serão jamais
conhecidos. E, na verdade, Jesus Cristo pregado na
cruz triunfou dos nossos inimigos por Suas chagas, e
estas Chagas santíssimas foram a nossa felicidade
eterna. Chagas preciosas! O inimigo poderá tentar
ainda semear o joio e a cizânia entre o trigo escolhido.
E a serpente antiga poderá armar ainda perigosos laços.
Mas nas Chagas de Jesus Cristo os homens terão
sempre o seu refúgio.
Chagas por extremo adoráveis! Sim, por elas é que
nós temos no Céu aquele Pontífice piedoso, de quem
fala S. Paulo, que se compadece das enfermidades dos
homens. Tu, portanto, ó minha alma! Considera quanto
as Chagas de Jesus te fizeram feliz, e procura pela
prática das virtudes fazer-te digna em todo o tempo de
beberes as águas preciosas da vida, que dimanam das
Chagas preciosas do Salvador.
Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria
Jaculatória
105
Vossas chagas gloriosas,
Sinais da Vossa Bondade,
Sejam, para Vos amarmos,
A nossa felicidade.
Antífona
Eu sou a vossa redenção. As Minhas mãos que vos
fizeram, foram trespassadas de cravos. Por vossa causa
fui morto com flagelos e coroado de espinhos.
Pendente na cruz pedi água e deram-Me vinagre fel, e
com uma lança traspassaram-Me o Lado. Depois de
morto e sepultado ressuscitei: estou comvosco e vivo
eternamente.
V. Verão a quem trespassaram.
R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho
primogénito.
Oração
Ó Deus, que na Paixão do Vosso Filho Unigénito, e
pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas,
resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado.
Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas
cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue
mereçamos ser recebidos no céu. Pelo mesmo Cristo
nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do
Espírito Santo. Amen
106
2 - Dia das 5 Chagas de Jesus (7 de Fevereiro)
a - Terço doloroso meditado
A Agonia de Jesus no jardim das Oliveiras
Jesus é a vítima que Se ofereceu à Justiça Divina para
expiar os pecados do mundo. Mas para os expiar deve
fazer Seus os castigos, que são as consequências dos
pecados. Castigo do pecado é a morte, e Jesus deve
morrer. A morte de cruz, já por si cruel e ignominiosa,
apresenta-se ao espírito do Salvador acompanhado pelo
cortejo de tormentos atrozes e de profundas
humilhações. Vê, pois, em quadros sucessivos, toda a
Sua Paixão: desde a prisão até às cenas do Calvário,
onde é crucificado nas mãos, nos pés e o Seu Coração é
atravessado por uma lança. E Jesus sofre agora todos
esses mistérios de indizível amargura e agonia e morre
no Seu terno Coração (ou seja, no jardim das
Oliveiras), antes de agonizar e morrer na Sua Santa
Humanidade (ou seja, no Calvário).
A Flagelação de Jesus preso à coluna
Jesus foi flagelado com correias de couro com pontas
de chumbo ou ou osso, habitualmente utilizadas para os
escravos. Flagelado com violência espantosa, à maneira
de Roma, isto é, sem número determinado de golpes.
Vários estudiosos do Santo Sudário tentaram contar os
golpes infligidos a Jesus: um, 80; outro, 120; outro, 90.
Uma coisa é certa: as costas de Jesus ficaram reduzidas
a uma chaga contínua, de carne macerada, desde a
107
cabeça aos pés, onde é impossível encontrar um pedaço
de pele intacta. Por estas chagas Jesus reparou pelos
pecados de luxúria que os homens cometem sem
respeito pelo corpo que Deus lhes deu.
Jesus é coroado de espinhos
O Santo sudário mostra como ocorreu a coroação de
espinhos. A grande quantidade de sangue mostra que a
coroa de espinhos foi, não apenas colocada sobre a
cabeça, mas repetidamente enterrada, sob pressão.
A caminho do Calvário, com a cruz às costas, Jesus
caiu várias vezes. Quando tal acontecia, o madeiro da
cruz batia-Lhe na cabeça, premindo com força os
espinhos que, cada vez, se enterravam mais na carne.
Vários estudiosos têm tentado apurar quantos espinhos
terão penetrado no couro cabeludo de Jesus observando
os vários coágulos, conclui-se que pelo menos uns
30:13 na fronte e 20 na região occipital. Note-se,
porem, que o Sudário9 cobria apenas a parte anterior e
posterior da cabeça, deixando os lados em aberto.
Faltam-nos, pois, documentação sobre os lados direito
e esquerdo. Tendo isso em conta, podemos dar como
certo que a cabeça de Jesus foi torturada pelo menos
por cerca de 50 espinhos.
Jesus quis, por meio destas Suas chagas, curar-nos das
nossas soberbas, vaidades e honras mundanas com que
nos levantamos contra Deus e os nossos irmãos.
Jesus a caminho do Calvário com a cruz aos ombros
108
No Sudário vêem-se, muito bem, as feridas provocadas
nos joelhos durante as quedas a caminho do Calvário,
assim como os sinais do patíbulo sobre as costas. No
ombro direito, nota-se uma vasta zona escuriada e
contusa de forma quadrangular, com a dimensão de 9
por 10 centímetros. No ombro esquerdo há outras de
iguais dimensões e características. Foram
manifestamente gravadas por cima das vestes por um
objecto rugoso de notável peso, o qual, apoiando-se
sobre a pele, toda ela uma chaga desde a flagelação,
reabriu e deformou as lesões existentes lacerando as
margens e provocando outras mais profundas.
A propósito destas duas feridas, vem a propósito
lembrar um passo da vida de S. Bernardo. Tendo ele
perguntado a Jesus qual tinha sida a maior das Suas
dores, desconhecidas dos homens, recebeu a seguinte
resposta: “Eu tinha uma grande ferida no ombro, em
que havia carregado a cruz, e esta ferida, era mais
dolorosa do que as outras. Os homens não fazem
menção dela, porque lhes é desconhecida. Honrai-a,
pois, e conceder-Vos-ei tudo o que Me pedirdes. Todos
aqueles que a venerarem, obterão a remissão dos seus
pecados veniais e graças eficazes para conseguirem o
perdão dos pecados mortais que tiverem cometido”.
A Paixão e morte de Jesus na cruz
Observando o Sudário, vê-se que ao nível dos pulsos
estão assinaladas grandes feridas. Daqui se conclui que
Jesus foi crucificado com cravos enterrados nos pulsos.
O cravo foi apoiado verticalmente, ao meio da prega da
109
flexão do pulso e, depois, com um golpe preciso,
enterrado nos tecidos. No trajecto lesou,
inevitavelmente, o nervo mediânico, o que, além de
produzir dores tremendas, provocou a flexão brusca do
polegar, sobre a palma, pela contracção dos músculos
tenar.
A crucifixão das mãos não foi fácil. Quanto à mão
direita, não houve problemas. Com a mão esquerda, ou
porque o cravo fosse mais grosso ou porque estivesse
menos aguçado, não penetrou no ponto justo e foi
necessário extraí-lo e repetir, algumas vezes, a
operação. Seria interessante explicar o que aconteceu
nos pés, mas isto basta para se fazer uma ideia.
Quanto à chaga do Coração, é um resumo de todas as
outras chagas pois diz-nos a que ponto Jesus nos amou,
pois não hesitou em ficar sem qualquer Sangue em todo
o Seu Corpo.
E porque razão quis Jesus que as Suas cinco chagas
sejam mais conhecidas que as outra? Porque elas são o
meio mais claro que Jesus nos dá de mostrar que é
manso, humilde e cheio de misericórdia. E Jesus quer
que O imitemos. Assim, as chagas das mãos dizem-nos
que as nossas mãos devem ser misericordiosas e cheias
de boas obras, que devemos fazer bem ao próximo,
reservando para nós os trabalhos mais duros e custosos.
As Suas chagas dos pés dizem-nos que os nossos pés
devem estar sempre prontos a ajudar, dominando o
próprio cansaço e fadiga, que o nosso verdadeiro
descanso deve ser servir os outros. Quanto à chaga do
Coração, diz-nos que devemos sentir todos os
sofrimentos dos outros, que devemos sentir todos os
sofrimentos dos outros, que devemos conviver mesmo
110
com os que hão-de abusar da nossa bondade, e que
devemos guardar silêncio sobre os nossos próprios
sofrimento.
b - Ladainha das 5 Chagas
Senhor, tende piedade de nós
Jesus Cristo, tende piedade de nós
Senhor, tende piedade de nós
Jesus Cristo, ouvi-nos
Jesus Cristo, atendei-nos
Responde-se sempre: TENDE PIEDADE DE NÓS
Pai do Céu, que sois Deus,
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus,
Espírito Santo, que sois Deus,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus
Jesus flagelado,
Jesus, coroado de espinhos,
Jesus, ensanguentado
Jesus, escarnecido
Jesus, esbofeteado
Jesus, condenado à morte
Jesus, abraçando a cruz
Jesus, caminhando com a cruz
Jesus, caindo 3 vezes no caminho do Calvário
Jesus, encontrando a Vossa Mãe na via dolorosa
Jesus, ajudado pelo Cireneu
Jesus, de rosto limpo pela Verónica
Jesus, consolando as jerusalimitas
Jesus, despido das Suas vestes
111
Jesus, amargurado com fel
Jesus, crucificado
Jesus, agonizando na cruz
Jesus, morrendo por amor
Jesus, ressuscitando gloriosamente
Jesus, subindo ao Céu
Jesus, glorificado junto do Pai
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Salvação do mundo
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Sinais de
misericórdia infinita
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Remédio eficaz de
todas as feridas
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Bálsamo de todas
as dores
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Saúde dos enfermo
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Refúgio dos
pecadores
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Consolação dos que
sofrem
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Conforto dos
moribundos
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Porta do Céu
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Alívio das almas do
Purgatório
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Porto seguro
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Alegria dos Eleitos
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Alegria dos Anjos
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Tesouro da Virgem
Mãe
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Ancora de salvação
112
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Luz que conduz à
eternidade
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Coragem na luta
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Caminho certo para
Deus
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Farol do Amor
Divino
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Revelação de
Caridade infinita
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Defesa segura dos
perigos
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Fortaleza
inexpugnável
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Porta de entrada
para a vida de perfeição
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Esperança de todos
os homens
Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Vínculo de
Caridade e Amor
(a partir daqui apenas se reza o que vem a seguir, não
há resposta)
Chagas de Cristo, recebei-nos na última hora
Chagas de Cristo, acolhei todos os pecadores
Chagas de Cristo, acolhei todas as almas reparadoras
Chagas de Cristo, acolhei todas as almas de vida activa
Chagas de Cristo, acolhei todas as almas de vida
Contemplativa
Chagas de Cristo, acolhei os pecadores obstinados
113
Chaga da Mão Direita, acolhei todas almas vítimas
Chaga da Mão Esquerda, acolhei as almas que se
dedicam à acção
Chaga do Pé Direito, acolhei as almas atribuladas
Chaga do Pé Esquerdo, acolhei os agonizantes de cada
dia
Chaga do Lado, fazei que as almas sejam
autenticamente eucarísticas
Chaga da Fronte, acolhei as almas de perfeição
Chagas ocultas de Jesus, acolhei todos os sacerdotes da
Santa Igreja.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
perdoai-nos, Senhor
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
ouvi-nos, Senhor
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende
piedade de nós Senhor.
V. Meu Jesus, perdão e misericórdia
R. Pelos méritos das Vossas Santas Chagas
Oremos
Ó Deus de infinita misericórdia, que por meio do
Vosso Filho Unigénito, pregado na cruz, quisestes
salvar todos os homens, concedei-nos que, venerando
na Terra as Suas Santas Chagas, mereçamos gozar no
Céu o fruto redentor do Seu Sangue. Ele que é Deus
conVosco na unidade do Espírito Santo. Amen.
114
c - Ladainha dos Sagrados Estigmas
Senhor, tende piedade de nós
Jesus Cristo, tende piedade de nós
Senhor, tende piedade de nós
Jesus Cristo, ouvi-nos
Jesus Cristo, atendei-nos
Responde-se sempre: TENDE PIEDADE DE NÓS
Pai do Céu, que sois Deus,
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus,
Espírito Santo, que sois Deus,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus
Pelos vossos Sagrados Estigmas,
Pelos cravos que Os abriram,
Pela dor que Vos causaram,
Pela cruz que Os acolheu,
Pela glorificação que Vos trouxeram,
Pela salvação que nos mereceram,
Pela redenção que nos recordam,
RESPOSTA: ABENÇOAI-NOS JESUS
Por Vossas mãos benfazejas e feridas,
Por Vossas mãos poderosas e feridas,
Por Vossas mãos benignas e feridas,
Por Vossos pés incansáveis e feridos,
Por Vossos pés sacrificados e feridos,
Por Vosso Coração sensível e ferido,
115
Por Vosso Coração compassivo e ferido,
Por Vosso Coração amoroso e ferido,
RESPOSTA: LOUVOR A VÓS, Ó CRISTO
Estigmas de dor e de glória,
Estigmas, sinais de obediência ao Pai,
Estigmas, disponibilidade do amor,
Estigmas, símbolo de heroísmo,
Estigmas, documento de imolação,
Estigmas, distintivos da Paixão,
Estigmas, anunciados pela profecia,
Estigmas, realizados na cruz,
Estigmas, provas da Ressurreição,
Estigmas, esplendor de vitória,
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
perdoai-nos Senhor
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
ouvi-nos Senhor
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
Tende piedade de nós Senhor
d - Ladainha das Santas Chagas de Jesus e das
Místicas Chagas de nossa Senhora
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
116
RESPOSTA: TENDE PIEDADE DE NÓS
Pai do Céu, Rei dos Céus,
Filho, Redentor do Mundo, que sois Deus,
Espírito Santo, que Sois Deus,
Santíssima Trindade, que Sois um só Deus,
RESPOSTA: ROGAI POR NÓS
Santíssima Virgem Maria, Mãe das Dores,
Venerável Marta de Chambon,
RESPOSTA: CURAI AS CHAGAS DAS NOSSAS
ALMAS
Chagas de Cristo e de Maria, fonte de Eterna
Misericórdia,
Chagas de Cristo e de Maria, rio de Vida e Graça,
Chagas de Cristo e de Maria, propiciação pelos nossos
pecados,
Chagas de Cristo e de Maria, nosso remédio Divino e
salutar,
Chagas de Cristo e de Maria, fonte de Amor e de
Salvação,
Chagas de Cristo e de Maria, tesouro inestimável de
Graça,
Chagas de Cristo e de Maria, terror dos Demónios,
Chagas de Cristo e de Maria, que aplacais a Justa Ira de
Deus Pai,
Chagas de Cristo e de Maria, que cancelais os Castigos
Divinos,
117
Chagas de Cristo e de Maria, que destruís os planos do
Demónio,
Chagas de Cristo e de Maria, que suscitais Santos e
Mártires,
Chagas de Cristo e de Maria, salvação dos pecadores,
Chagas de Cristo e de Maria, nossa força e protecção,
Chagas de Cristo e de Maria, reveladas à venerável
Irmã Marta Chambon,
Chagas de Cristo e de Maria, penhor de salvação,
Chagas de Cristo e de Maria, que mudais o destino do
mundo,
Chagas de Cristo e de Maria, força no meio da
tentação,
Chagas de Cristo e de Maria, nosso encanto e alegria,
Chagas de Cristo e de Maria, Segredo de Amor e
Santidade,
Chagas de Cristo e de Maria, salvação das famílias e da
Santa Igreja,
Chagas de Cristo e de Maria, força dos Santos e
coragem dos Mártires,
Chagas de Cristo e de Maria, conforto dos agonizantes,
Chagas de Cristo e de Maria, alivio das santas almas do
Purgatório,
Chagas de Cristo e de Maria, Devoção dos 'últimos
tempos',
AS RESPOSTAS VARIAM
V.Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo
R. Pelas Vossas Santas Chagas, perdoai-nos Senhor
118
V. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R. Pelas Vossas Santas Chagas, ouvi-nos, Senhor.
V. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R. Pelas Vossas Santas Chagas, tende piedade de nós,
Senhor!
V.Virgem Co-Redentora com o Redentor,
R. Pelos Méritos Infinitos das Vossas Místicas Chagas,
rogai por nós ao Vosso Filho.
Oremos:
Ó Deus e Senhor nosso, que por meio das aparições do
Vosso Filho Jesus Cristo e da Santíssima Virgem Maria
à Bem-aventurada Irmã Marta de Chambon, nos
revelastes o 'tesouro inestimável' das Santas Chagas do
Vosso Filho e das Chagas Místicas de Maria
Santíssima, Mãe de Deus, concedei-nos que, em
virtude e por meio destas mesmas Chagas, nós sejamos
curados das nossas chagas espirituais e temporais, e
cheguemos pela Sua Virtude e Eficácia Eterna, à
Glória da Salvação. Amen.
e - Terço das Santas Chagas 1
(ensinado por Jesus à venerável Irmã Maria Marta
Chambon)
(A primeira parte da oração foi inspirada por um
sacerdote de Roma)
119
V. Ó Jesus, Divino Redentor
R. Sede misericordioso para connosco e para com o
mundo inteiro. Amen.
V. Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal
R. Tende piedade de nós e do mundo inteiro. Amen.
V. Graça e misericórdia, meu Jesus, durante os perigos
presentes.
R. Cobri-nos com o Vosso Sangue Precioso. Amen.
V. Pai Eterno, misericórdia, pelo Sangue de Jesus
Cristo, Vosso Filho Único
R. Tende misericórdia de nós, nós Vo-lo suplicamos.
Amen! Amen! Amen!
Em vez do Pai nosso:
V. Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso
Senhor Jesus Cristo,
R. Para curar as Chagas das nossas almas.
Em vez das Ave Marias:
V. Meu Jesus, perdão e misericórdia
R. Pelos méritos das Vossas Santas Chagas!
A terminar, 3 vezes:
V. Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso
Senhor Jesus Cristo
R. Para curar as chagas das nossas almas.
120
Em lugar dos mistérios do rosário, pode-se rezar os
seguintes:
Primeiro Mistério: As chagas dos pés
Meu Senhor crucificado, adoro as Sagradas chagas dos
Vossos pés.
Pela dor que nelas sofreste e pelo Sangue que
derramaste, concedei-me a Graça de evitar o pecado e
de seguir constantemente, até o fim de minha vida, o
caminho das virtudes cristãs.
Segundo Mistério: A chaga do Coração
Meu Senhor crucificado, adoro a chaga do Vosso
sagrado Coração.
Pelo Sangue, que nela derramaste, vos rogo acendais
no meu coração o fogo de Vosso divino amor e me
concedais a Graça de Vos amar por toda a eternidade.
Terceiro Mistério: A chaga da mão esquerda
Meu Senhor crucificado, adoro a chaga sagrada da
Vossa mão esquerda.
Pela dor que sofrestes e pelo Sangue que derramastes,
rogo-Vos que não me encontreis a Vossa esquerda com
os condenados no dia do juízo final.
Quarto Mistério: A chaga da mão direita
Meu Senhor crucificado, adoro a chaga sagrada, da
Vossa mão direita.
Pela dor que nela sofrestes e pelo Sangue que
derramastes, rogo-Vos que me abençoeis e me
conduzais à vida eterna.
121
Quinto Mistério: As chagas da cabeça
Meu Senhor crucificado, adoro as chagas da Vossa
Santa Cabeça.
Pela dor que nelas sofrestes e pelo Sangue que
derramastes, rogo-Vos que me concedais constância em
Vos servir e aos demais.
f - Terço das Santas Chagas 2
Em vez do Pai-Nosso:
Eterno Pai, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor
Jesus Cristo, para curar as chagas das nossas almas e
das almas do mundo inteiro.
Em vez da Ave-Maria:
Meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos das
Vossas Santas Chagas.
g) Terço de reparação das Chagas de Jesus
(Terço ensinado por nosso Senhor Jesus Cristo ao
vidente Junior Paz, durante um cerco de Jericó
realizado em 2002, no Santuário das Lágrimas de nossa
Senhora da Rosa Mística em São José dos PinhaisParaná-Brasil).
Segurando o crucifixo do terço reza-se a Oração Inicial:
Ó Virgem Mãe das Dores, humildemente me prostro
diante de Vós, para pedir que leveis ao Vosso Divino
Filho esta súplica de reparação pelos meus pecados e
pelos pecados do mundo inteiro. Ajudai-me, ó Mãe, a
122
retirar do Sagrado Coração do Vosso Divino Filho os
espinhos que são cravados, pela minha ingratidão a este
insondável Amor. Quero juntar, ó Mãe das Dores, as
chagas de nosso Senhor Jesus Cristo através do meu
sim ao Vosso chamamento. Amen.
Nas contas grandes, em vez do Pai nosso reza-se:
Ó Sagrado Coração de Jesus, perdoai os meus pecados
e os do mundo inteiro.
Nas contas pequenas em vez da Ave-Maria reza-se:
Ó Sagrado Coração de Jesus, fonte inesgotável de
amor, eu Vos amo.
Mistérios:
1ª dezena – Sagrado Coração de Jesus
“O Meu Sagrado Coração é cercado de espinhos pela
grande ingratidão dos Meus filhos.” (Mensagem de
Nosso Senhor Jesus Cristo, ditada ao Irmão Eduardo,
no dia 29/03/2000.)
2ª dezena – Sagrada Cabeça de Jesus
“Na Minha Cabeça é colocada uma coroa de espinhos
por muitos dos Meus filhos que caem no pecado da
pornografia.” (Nosso Senhor em 29/03/00)
123
3ª dezena – Chagas da Mão direita e da Mão esquerda
“Em Minhas Mãos são cravados grandes cravos pela
ambição de muitos dos Meus filhos mensageiros.”
(Nosso Senhor em 29/03/00)
4ª dezena - Chagas do Pé esquerdo e do Pé direito
“ Os Meus Pés são perfurados pelos Meus filhos
sacerdotes que não honram o seu ministério.” (nosso
Senhor em 29/03/00.)
5ª dezena - Chaga do Peito de Jesus
“O Meu Peito é trespassado por uma lança, ao ver mães
a abortarem crianças inocentes. Isto causa-Me dor e
tristeza. Isto atrai sobre vós a Minha justa ira.” (Nosso
Senhor em 29/03/00)
6ª dezena – Chaga do Ombro de Jesus
“Esta chaga que para muitos não é conhecida, carrego o
peso da Cruz ao ver muitos dos Meus filhos a serem
enganados por seitas criadas por eles mesmos. Eu Sou
o único e verdadeiro Pastor.” (Nosso Senhor em
29/03/00)
7ª dezena – Outras Chagas de Jesus
“Filho, vês estas outras chagas? Elas são causadas por
aqueles filhos que desprezam a Minha Santa Mãe.
124
Reparai estas Minhas chagas. (Nosso Senhor em
29/03/00)”.
No final repete-se três vezes: Ó Sagrado Coração de
Jesus, perdoai os meus pecados e os do mundo inteiro.
Oração final:
Ó Sagrado Coração do meu amantíssimo Senhor.
Consagro-me totalmente a Vós e peço que imprimais
em mim um verdadeiro amor pela Vossa cruz. Hoje
faço o propósito de renunciar a mim mesmo(a), para
tomar a Vossa cruz e Vos seguir. Curai a minha alma e
restituí em mim a paz, para que eu possa estar diante da
Vossa cruz, junto com a Vossa e minha Santa Mãe para
A consolar nestes momentos de tão grande dor que
passais por toda humanidade. Louvo-Vos e agradeçoVos, Senhor, por mais esta oportunidade que me dais
de reparar o Vosso Sagrado Coração.
Ó Cruz da graça, livrai–me de todos os males físicos e
espirituais que me acompanham. Amen.
(Jaculatória ensinada por nossa Senhora ao vidente
Junior Paz)
Jesus e Maria, dai-nos o perdão e a misericórdia divina.
(Jaculatória ensinada por nossa Senhora ao vidente e
Irmão Eduardo Ferreira.)
125
h - Coroa 1 das 5 Chagas
(Esta coroa ou terço das 5 Chagas de nosso Senhor é
próprio dos Padres Passionistas. Foi aprovado,
abençoado e indulgenciado pelos Papas Pio VI (1800),
Leão XII (20 de Setembro de 1823) e beato Pio IX (11
de Agosto de 1851).
Desde meados do século XVIII, quase na mesma data
da fundação da Congregação dos Passionistas, foi
composto por um dos primeiros companheiros de
S. Paulo da Cruz, provavelmente pelo beato Vicente
Maria Estrambi.
Houve um Papa a quem esta oração era tão agradável
que foi encontrado muitas vezes no seu quarto a rezar a
Coroa das 5 Chagas.
É uma coroa pequena que se reza em pouco tempo.
Para lucrar as indulgências desta coroa é necessário ser
meditada e benzida pelo Padre Geral dos Passionistas e
por outro sacerdote por ele nomeado).
Primeira Chaga (do pé esquerdo)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso pé esquerdo. Pela dor que nela
padecestes e pelo Sangue Precioso que dela
derramastes, concedei-nos a graça de fugirmos das
ocasiões de pecado e de não caminharmos pelas vias da
iniquidade, que conduzem à perdição.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
126
Segunda Chaga (do pé direito)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso pé direito. Pela dor que nela
padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, concedei-nos a graça de seguirmos
constantemente a senda das virtudes cristãs, até
entrarmos no Paraíso.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Terceira Chaga (da mão esquerda)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa da mão esquerda. Pela dor que nela padecestes
e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, não
permitais que fiquemos à Vossa esquerda, entre os
condenados, no dia do Juízo Final.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Quarta Chaga (da mão direita)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa da mão direita. Pela dor que nela padecestes e
pelo Sangue Precioso que dela derramastes, abençoainos e levai-nos para o Vosso Reino.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
127
Quinta Chaga (do Lado)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso Lado. Pela dor que nela padecestes
e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, acendei
no nosso coração o fogo do Vosso amor e concedei-nos
a graça de perseverar, amando-Vos por toda a
eternidade.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Oração a nossa Senhora das Dores
Ó Mãe aflitíssima, ó Coração Virginal, dilacerado pelas
Chagas do Vosso Filho! Dignai-Vos receber esta pobre
recordação dos Seus sofrimentos em união com os que
Vós mesma padecestes.
Apresentai esta homenagem a Jesus e fazei que, pela
Vossa santa intercessão, Ele aceite as nossas orações.
3 Ave Marias
i - Coroa 2 das cinco Chagas
Primeira Chaga (do pé esquerdo)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso pé esquerdo. Pela dor que nEla
padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla
derramastes, compadecei-Vos daqueles que, afastados
128
de Vós, vivem em pecado e em perigo de perdição.
Fazei que se convertam e se salvem.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor
Segunda Chaga (do pé direito)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso pé direito. Pela dor que nela
padecestes e pelo Sangue Precioso que dela
derramastes, abençoai os bons, os que vivem na Vossa
amizade e seguem os Vossos ensinamentos para que
não se cansem, mas perseverem.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Terceira Chaga (da mão esquerda)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa da mão esquerda. Pela dor que nEla
padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla
derramastes, abençoai aqueles que vivem em especiais
perigos e tentações, e ajudai-os para que não caiam.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
129
Quarta Chaga (da mão direita)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa da mão direita. Pela dor que nEla padecestes e
pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, nós Vos
pedimos que concedais aos nossos irmãos defuntos o
prémio da felicidade eterna do céu.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Quinta Chaga (do Lado)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso Lado. Pela dor que nEla padecestes
e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes,
concedei-nos que todos os cristãos, segundo o Vosso
grande desejo, estejam unidos na fé e no amor.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Oração a nossa Senhora das Dores
Ó Mãe aflitíssima, ó Coração Virginal, dilacerado pelas
Chagas do Vosso Filho! Dignai-Vos receber esta pobre
recordação dos Seus sofrimentos em união com os que
Vós mesma padecestes.
Apresentai esta homenagem a Jesus e fazei que, pela
Vossa santa intercessão, Ele aceite as nossas orações.
3 Ave Marias
130
j - Coroa 3 das cinco Chagas
Primeira Chaga (do pé esquerdo)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso pé esquerdo. Pela dor que nEla
padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla
derramastes, ajudai e abençoai a Oceânia, para que
neste continente haja muitos e santos missionários que
levem as almas para Vós.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Segunda Chaga (do pé direito)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso pé direito. Pela dor que nela
padecestes e pelo Sangue Precioso que dela
derramastes, ajudai e abençoai a África, para que a Boa
Nova do Vosso Santo Evangelho se estenda a todo esse
grande continente, e todos Vos reconheçam como o
único Salvador.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Terceira Chaga (da mão esquerda)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa da mão esquerda. Pela dor que nEla
131
padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, ajudai e abençoai o continente asiático, para
que viva o espírito da Vossa Palavra e não se deixe
arrastar por outra espiritualidade que não seja aquela
que dimana do Vosso Santo Evangelho.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Quarta Chaga (da mão direita)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa da mão direita. Pela dor que nEla padecestes e
pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, ajudai e
abençoai o continente americano, para que os seus povos descubram que Vós sois o único Messias e Salvador e não se deixem arrastar pelas seitas religiosas.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Quinta Chaga (do Lado)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso Lado. Pela dor que nEla padecestes
e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, ajudai e
abençoai a Europa, para que os católicos deste continente sejam mais coerentes no compromisso de baptizados e cativem à fé católica os membros das
132
outras confissões religiosas e se cumpra o Vosso desejo
de que haja um só rebanho e um só pastor.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Oração a nossa Senhora das Dores
Ó Mãe aflitíssima, ó Coração Virginal, dilacerado pelas
Chagas do Vosso Filho! Dignai-Vos receber esta pobre
recordação dos Seus sofrimentos em união com os que
Vós mesma padecestes.
Apresentai esta homenagem a Jesus e fazei que, pela
Vossa santa intercessão, Ele aceite as nossas orações.
3 Ave Marias
l - Coroa 4 das cinco Chagas
Primeira Chaga (do pé esquerdo)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso pé esquerdo. Pela dor que nEla
padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla
derramastes, ajudai e abençoai os povos em vias de
desenvolvimento, mais carecidos de bens materiais e de
benefícios sociais e que, ordinariamente, são os que
mais sofrem.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
133
Segunda Chaga (do pé direito)
Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso pé direito. Pela dor que nela
padecestes e pelo Sangue Precioso que dela
derramastes, abençoai as nações industrializadas e
avançadas no progresso e bens materiais, para que não
caiam no perigo de se esquecerem de Vós e dos bens
espirituais.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Terceira Chaga (da mão esquerda)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa da mão esquerda. Pela dor que nEla
padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla
derramastes, abençoai os povos que sofrem, vítimas de
ditaduras e agressões, aqueles a quem se negam, às
vezes, até os direitos mais fundamentais, e dai-lhes a
verdadeira liberdade.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Quarta Chaga (da mão direita)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa da mão direita. Pela dor que nEla padecestes e
pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, fazei que
134
as grandes potências sintam a responsabilidade de
fomentar a paz e ajudar os outros povos.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Quinta Chaga (do Lado)
Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga
dolorosa do Vosso Lado. Pela dor que nEla padecestes
e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, fazei que
a Humanidade se converta na grande família de Deus,
em que todos nos amemos como irmãos.
5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor,
gravai no meu coração as Chagas do Redentor”
Oração a nossa Senhora das Dores
Ó Mãe aflitíssima, ó Coração Virginal, dilacerado pelas
Chagas do Vosso Filho! Dignai-Vos receber esta pobre
recordação dos Seus sofrimentos em união com os que
Vós mesma padecestes.
Apresentai esta homenagem a Jesus e fazei que, pela
Vossa santa intercessão, Ele aceite as nossas orações.
3 Ave Marias
135
m - Coroa 5 das cinco Chagas
Oração Inicial
Senhor, aproximamo-nos das Vossas Santas Chagas
cheios de ternura e gratidão. São Elas que melhor nos
revelam os Vossos sofrimentos, mas principalmente o
Vosso Amor por nós. Concedei-nos, Senhor, que
associemos os nossos aos Vossos sentimentos,
enquanto nos ides oferecendo a Vossa vida em cada
uma das Vossas Chagas. Seguindo o Vosso exemplo,
também nós queremos dar um pouco de nós mesmos
em favor dos nossos irmãos. Para isso, abeiramo-nos
do Vosso Lado aberto, saciando a nossa sede na
torrente do Vosso Amor crucificado.
Primeira Chaga – A Encarnação do Verbo
“Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu
da Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si
próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se
semelhante aos homens “ (Filipenses 2, 6-8)
Adoramos, Senhor, o mistério da Vossa divindade e da
vossa humanidade. Sem deixar de ser Deus,
despojastes-Vos voluntariamente da Vossa condição
divina, assumindo a nossa condição humana, em
atitude de serviço e de pobreza, para Vos tornardes
mais semelhantes a nós.
Pelo poder desta Vossa santa chaga, ajudai-nos a
crescer na vida divina que perenemente nos dais.
136
Segunda Chaga – A vida oculta de Jesus
“Depois (Jesus) desceu com Eles, voltou para Nazaré, e
era-Lhes submisso” (Lc 2, 51)
Ficamos desconcertados, Senhor, que tenhais passado
tantos anos de vida oculta, quando era tão forte a
chamada para a messe e o amor do Pai que Vos
abrasava interiormente. Custa-Vos mais estar calado do
que falar.
Nós Vos oferecemos, Senhor, todo o nosso esforço de
crescer interiormente, como Vós, em sabedoria e graça.
Ajudai-nos, Senhor, a conservar sempre viva em nós a
ânsia do rejuvenescimento espiritual pela virtude.
Terceira Chaga – O sofrimento dos homens
“Todos quantos tinham doentes, com diversas
enfermidades, levavam-Lhos. E Ele, impondo as mãos
sobre cada um deles, curava-os” (Lc 4, 40)
A dor de cada doente é a Vossa própria dor. O que os
homens sofrem no seu corpo, Vós o sofreis no Coração.
Imponde também sobre nós as Vossas Mãos e curainos, pois conheceis melhor do que nós os nossos
próprios males.
Concedei-nos, senhor, um amor generoso para nos
preocuparmos mais com o sofrimento dos nossos
irmãos do que com as nossas próprias dores.
137
Quarta dor – A Paixão do Senhor
“Depois de ter mandado açoitar Jesus… puseram-Lhe
na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido…
e levaram-nO dali para O crucificar” (Mc 15, 15.17-20
Senhor, estamos aqui para adorar todas as feridas da
vossa paixão, mas especialmente as Vossas cinco
Chagas: das mãos, dos pés e do Lado. Adoramo-Las
porque sabemos que Elas nos regeneram e nos curam.
Fixamos nelas o olhar para nunca esquecermos o
quanto sofreis por nós e, sobretudo, para nos
lembrarmos sempre do Vosso Amor. O Sangue que
jorra dElas convida-nos a olharmos para Vós com
redobrada atenção.
Queremos caminhar sempre conVosco, iluminados
pelo clarão das Vossas Cinco Chagas.
Quinta Chaga – Jesus Ressuscitado
“Vede as Minhas Mãos e os Meus Pés. Sou Eu mesmo”
(Lc 24, 39), disse Jesus após a Sua Ressurreição. E a
Tomé: “Vê as Minhas Mãos. Aproxima a tua mão e
mete-a no Meu Lado” (Jo 20, 27)
Sabemos, Senhor, que o Vosso sofrimento se
transforma em glória e que as Vossas Chagas
Luminosas, depois da Vossa Ressurreição, ajudaram a
fortalecer a fé dos discípulos. Quando nos sentimos
cansados e a nossa fé começa a desfalecer, que as
Vossas Santas Chagas animem o nosso caminhar e a
nossa esperança.
138
Nós Vos oferecemos, Senhor, a alegria de sermos
cristãos e de podermos seguir o Vosso exemplo. E pelo
poder da Vossa cruz, temos a certeza de que um dia
também nós ressuscitaremos para participarmos
eternamente da Vossa glória
Oração Final
Toda a Vossa Vida, Senhor, é uma Chaga Luminosa
onde encontramos sentido para os nossos sofrimentos e
de onde dimana o Vosso Amor para com os homens.
Perdoai-nos, Senhor, as feridas causadas pelos nossos
pecados, e fazei surgir em cada um de nós chagas de
amor para com os nossos irmãos
n - Coroa em honra das Santas Chagas
Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos,
adoramos, damos louvores e graças pela Chaga do
vosso Pé Esquerdo, pela dor e pelo Sangue que dela
jorrou.
Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos,
adoramos, damos louvores e graças pela Chaga do
vosso Pé Direito, pela dor e pelo Sangue que dela
jorrou.
Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos,
adoramos, damos louvores e graças pela Chaga da
vossa Mão Esquerda, pela dor e pelo Sangue que dela
jorrou.
Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos,
adoramos, damos louvores e graças pela Chaga da
139
vossa Mão Direita, pela dor e pelo Sangue que dela
jorrou.
Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos,
adoramos, damos louvores e graças pela Chaga do
vosso Sagrado Coração, pelo Sangue e Água que dela
jorraram, e nesta Chaga escondemos nossas almas.
Amém.
o - Devoção às Cinco Chagas
Ao estar de joelhos ante vossa imagem sagrada.
Oh! Meu Salvador, a minha consciência diz que tenho
sido eu quem Vos cravou na cruz, com estas minhas
mãos, todas as vezes que tenho ousado cometer um
pecado mortal. Meu Deus, meu amor e meu tudo, digno
de toda adoração e amor, vendo como tantas vezes me
haveis cumulado de bênçãos, acho-me de joelhos,
convencido de que ainda posso reparar as injúrias com
que vos tenho ofendido. Ao menos posso-me
compadecer, posso dar-Vos graças por tudo o que
fizestes por mim. Perdoai-me, meu Senhor. Por isso
com o coração e com os lábios digo: Perdoai-me, meu
Senhor.
A Chaga do Pé Esquerdo: Santíssima Chaga do pé
esquerdo do meu Jesus, eu Vos adoro.
Dói-me, bom Jesus, ver-Vos sofrer aquela pena
dolorosa. Eu Vos dou graças, Jesus de minha alma,
porque sofrestes tão atrozes dores para me deter na
minha carreira ao precipício, sofrendo-Vos a causa dos
pulsantes espinhos dos meus pecados.
140
Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor da Vossa
santíssima Humanidade para ressarcir os meus pecados,
que detesto com sincera contrição.
A Chaga do Pé Direito: Santíssima Chaga do pé direito
do meu Jesus, eu Vos adoro.
Dói-me, bom Jesus, ver-Vos sofrer tão dolorosa pena.
Eu Vos dou graças, Jesus de minha vida , por aquele
amor que sofreu tão atrozes dores, derramando sangue
para castigar os meus desejos pecaminosos e andados
em prol do prazer.
Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor da Vossa
santíssima Humanidade, e peço a graça de chorar as
minhas transgressões e de perseverar no caminho do
bem, cumprindo fidelíssimamente os mandamentos de
Deus.
A Chaga da Mão Esquerda: Santíssima Chaga da mão
esquerda de meu Jesus, Vos adoro.
Dói-me, bom Jesus, ver-Vos sofrer tão dolorosa pena.
Eu Vos dou graças, Jesus de minha vida, porque por
Vosso amor me livrastes de sofrer a flagelação e a
eterna condenação, que mereci por causa dos meus
pecados.
Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor da Vossa
santíssima Humanidade e suplico que me ajudeis a
fazer bom uso das minhas forças e da minha vida, para
produzir frutos dignos da glória e de vida eterna e
assim desarmar a justa ira de Deus.
141
A Chaga da Mão Direita: Santíssima Chaga da mão
direita do meu Jesus, eu Vos adoro.
Dói-me, bom Jesus, de Vos ver sofrer tão dolorosa
pena. Eu Vos dou graças, Jesus da minha vida, por me
terdes acumulado de benefícios e graças, e isso apesar
da minha obstinação no pecado.
Ofereço ao Eterno Pai o sofrimento e o amor da Vossa
santíssima Humanidade e suplico que me ajudeis a
fazer tudo para maior honra e Glória de Deus.
A Chaga do Sacratíssimo Peito: Santíssima Chaga do
Sacratíssimo Peito de meu Jesus, Vos adoro.
Dói-me, bom Jesus, de Vos ver sofrer tão grande
injúria. Eu Vos dou graças, Jesus, pelo o amor que me
tendes, ao permitir que Vos abrissem o peito, com uma
lançada e assim derramar a última gota de Sangue, para
me redimir-me.
Ofereço ao Eterno Pai esta oferta e o amor da Vossa
santíssima Humanidade, para que minha alma possa
encontrar no Vosso Coração trespassado um seguro
Refúgio. Assim seja.
p - Saudação as Santas Chagas
Por Santa Matilde.
Chagas do meu Jesus, eu Vos saúdo. Eu Vos saúdo na
Omnipotência do Pai que em Vós decretou. Na
Sabedoria do Filho que em Vós sofreu e na Bondade do
Espírito Santo, que por Vosso meio redimiu o mundo.
Recomendo-Vos a minha alma.
142
Protegei-me contra os ataques do tentador, na vida e na
hora de minha morte. Assim seja.
q - Adoração às Santas Chagas
(De Joelhos em frente ao Sacrário, ou ao Crucifixo, ou
à Sagrada Face).
Fazer cinco vezes o sinal da Santa Cruz em honra
as cinco grandes Chagas de nosso Senhor.
- Rezar o acto de contrição (“Confesso a Deus
Todo poderoso que pequei...”)
- Oração pedindo a fusão do Espírito Santo
(“Vinde Espírito Santo...”)
- Creio, Pai nosso, Ave-Maria e três glórias.
Eu creio, ó Jesus, que estais verdadeira e
realmente presente no Santíssimo Sacramento. Creio
que as Vossas Mãos, os Vossos Pés e o Vosso Sagrado
Peito conservam, debaixo dos véus Eucarísticos, como
na glória do Céus, os sagrados Sinais das Chagas
abertas pelos cravos e pela lança. Beijo em espírito,
adoro com fé, considero com amor, reconhecimento e
admiração esses Estigmas benditos, fixando neles o
olhar da minha alma para Vos agradecer a grandiosidade do Vosso Amor e da Vossa Misericórdia.
Ó Senhor Jesus, deixai-me penetrar nas Vossas
cinco Chagas com Maria Santíssima, Vossa Mãe, São
João, Santa Maria Madalena, São Francisco de Assis,
Santo Padre Pio de Pietrelcina e tantos outros santos de
todos os séculos que muito terna e amorosamente as
têm compreendido e amado.
143
Purificai-me! Esclarecei-me! Inflamai-me de
amor e piedade pelas Vossas Santas, Salvadoras e
Redentoras Chagas!
(pequena pausa para meditação)
O Salvador subira a encosta do monte Calvário,
curvado sob o peso da Cruz. Exausto pelas dores,
espancamentos e as três quedas na Via Dolorosa, a
túnica colada às incontáveis Chagas, abertas pelos
açoites e os demais tormentos a que fora submetido,
desde a Sua prisão, na noite anterior; a Cabeça
perfurada pelos espinhos da coroa, a Face dilacerada
por cortes, contusões, e os olhos invadidos por
Lágrimas e Sangue. Eis o estado em que Se encontrava
o Cordeiro de Deus.
Era por volta do meio-dia. Os algozes então, com
violência e brutalidade, arrancam a Sua veste e a coroa
de espinhos. Vê-se imediatamente a correr o
Preciosíssimo Sangue do Senhor, como de mil fontes,
ao mesmo tempo. Pedaços da Sua Imaculada Carne são
arrancados junto com a túnica e os espinhos da coroa.
Então, a Augusta e Santa Vítima fica exposta, em
humilhante nudez, aos olhares curiosos, insultantes e
ferozes dos carrascos. A Cruz, o Altar da Santa
Imolação, está estendida no chão, aguardando o Deus
de Amor que iria abençoá-La com o Seu Martírio. Os
verdugos, acto contínuo, deitam violentamente sobre
Ela o Altíssimo, o Salvador do género humano, e Jesus
deixa-Se levar com tanta entrega, tanta paz e doçura,
como um tenro menino que sua mãe acomoda no
berço...
144
(Prostrados, em profundo recolhimento,
transportemo-nos espiritualmente ao Calvário, para
nesse exacto momento, como se agora estivesse a
ocorrer a cena descrita, adorar a nosso amado e
amoroso Senhor.)
Os algozes tomam a Mão direita de Jesus.
Ajustam-Na ao braço direito da Cruz, abremLhe a Palma, aplicam-Lhe um grosso cravo, longo e
triangular, e a golpes de martelo, fazem-no penetrar
primeiro nas carnes e depois na madeira da Cruz.
Ouvem-se as pancadas, uma após a outra, ora agudas,
ora surdas, conforme acertam o cravo ou vão martirizar
a santíssima Mãe de nosso Senhor. Aquela Mão divinal
que só tinha feito o bem: abençoado, erguido, curado,
afagado, apoiado, salvo...
Os músculos rasgam-se, os nervos rompem-se e as
carnes dilaceram-se, o cravo atravessou e vai além, até
se alojar no duro e frio madeiro. Jesus continua no Seu
heróico silêncio, entregue aos desígnios de Amor,
Misericórdia e Salvação da humanidade. Nem um só
momento de impaciência, nem um só queixume. O Seu
olhar compassivo, de bondade, passa pelos algozes e
fixa-Se no Céus, onde o Eterno Pai e os nove Coros de
Anjos, em profundo silêncio, sofrem juntamente e
respectivamente com o Seu amado Filho e Rei. As
horas finais da libertação dos homens e da reabertura
do Reino dos Céus!
145
(Prostrados, em profundo recolhimento, transportemonos...)
É a Mão esquerda que Ele agora entrega.
Mas esta não chega ao lugar do cravo. A
violência com que fora cravada a Mão direita, puxara
todo o Corpo para esse lado. Passou-se então uma
terrível cena: os algozes puxam com toda força o Braço
esquerdo, mas, apesar disso, não conseguem estirá-lo o
bastante, para chegar ao buraco do cravo. Apoiam
então os joelhos sobre as Costelas de Jesus com tal
violência, que apesar de não as partirem, fazem-nas
estalar. Conseguem assim, através de mais esse
inimaginável sofrimento do Salvador, alcançar o ponto
desejado.
Começam então, outra vez, a cair os horríveis golpes
do martelo, com o seu tenebroso eco, apenas interrompido pelas blasfémias dos carrascos e as gargalhadas infernais dos fariseus e dos sumos sacerdotes. Tentemos imaginar o que tudo isso não causava de
tremendo sofrimento ao Imaculado Coração de Maria,
a Santa Maria Madalena, a S. João e as santas senhoras
que a tudo acompanhavam, assistindo a Celestial
Vítima a ser imolada com tanta crueldade.
(Prostrados, em profundo recolhimento, transportemonos...)
Os Pés de Jesus também são puxados com brutalidade.
146
Todo o Corpo se havia contraído pela bárbara
tensão nos Braços. Os Seus Joelhos estavam por isso
mesmo contraídos.
Os verdugos ligaram-No com cordas, e enquanto
uns estavam com os joelhos sobre o Peito do Senhor,
para impedir algum tipo de reacção, e também para que
as santas Mãos não se rasgassem totalmente e se
desprendessem dos braços da Cruz, outros puxavamNo violentamente até chegarem ao furo aberto no pé da
Cruz. Foi uma deslocação espantosa. Todos os Ossos
de Jesus estalaram juntamente, deixando ver as
protuberâncias e as juntas através da Pele. Realizou-se
então a dolorosa profecia:
“Trespassaram as Minhas Mãos e os Meus pés.
Posso contar todos os Meus Ossos”. Quem poderá
imaginar as terriveis dores que sentiu o nosso
Salvador?
Levados enfim os dois Pés ao ponto desejado,
foram cruzados e pregados um sobre o outro. Através
da massa sólida dos músculos palpitantes, enterrou-se
lentamente o cravo, fazendo o Redentor sofrer uma
agonia inexplicável, por falta de um ponto onde apoiar
os Pés. Foi em tal posição que, depois de enterrados os
cravos, viraram a Cruz para lhes dobrar as pontas:
Jesus foi lançado de Peito sobre o solo.
O peso da Cruz redobrado pelos golpes do martelo, que
caíam sobre a ponta dos cravos, martirizava-O,
esfolando-O violentamente contra o chão pedregoso. O
Seu Peito oprimido sentia dificuldades em respirar, as
Suas Mãos e Pés dilacerados eram amontoados de
147
carnes despedaçadas disformes e palpitantes, de onde
corriam jarros de Sangue.
Nessa altura os carrascos erguem a Cruz e colocam-na no furo aberto na rocha. Cada tranco na descida
rasga ainda mais as Mãos e os pés da Augusta Vítima.
Mas, de repente, ela resvala até o fundo da cavidade
onde pára bruscamente. Todos os ossos de Jesus se
entrechocam, as Chagas alargam-se mais e o Preciosíssimo Sangue corre abundantemente.
Estas quatro grandes Chagas abertas nas Mãos e
nos Pés do Salvador ficam expostas ao Sol ardente,
sem que ninguém as trate, pois os soldados impediam,
com violência, qualquer tentativa de aproximação da
nossa Mãe Dolorosa, Santa Maria Madalena e S. João.
Durante as três longas horas em que esteve crucificado,
nosso Senhor sentia constantemente a renovação das
terríveis dores dos primeiros instantes em que fora
pregado, pois pelo peso do Seu santo Corpo e a posição
em que Se encontrava, as Chagas continuaram a abrirse... Oh! Quanta dor meu Amoroso Jesus!
(Prostrados, em profundo recolhimento, transportemonos...)
O Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, exalou seu
último suspiro.
Um soldado aproxima-se da Cruz e com uma lançada
atravessa-Lhe o santo Peito e o sacratíssimo Coração,
de lado a lado. Então juntamente com o brutal e frio
ferro acompanha-lhe na saída uma dupla corrente,
148
ainda quente, dos Preciosíssimos Sangue e Água que
cai, ao mesmo tempo, sobre o algoz lanceiro e o ladrão
arrependido, como um salutar baptismo. Esta foi a
última Chaga que Jesus recebeu, ou seja, doou-nos
absolutamente tudo, até a maior Fonte de Amor que a
humanidade conheceu, o Divino Coração do próprio
Deus!
Nesse momento o Redentor não chegou a sentir dor
física, pois a Sua alma já havia deixado o Santo Corpo,
mas antecipadamente tinha aceite mais essa terrível
ignomínia da parte dos homens, tornando-se portanto
infinitamente meritória.
Após ser retirado do altar da santa imolação, a Cruz, foi
a Dulcíssima Vítima colocada nos santos, ternos e
amorosos Braços da Mãe das Dores, que também tudo
sofreu, espiritualmente, no Seu Imaculado Corpo e
Coração. Nesse sublime, doloroso e misterioso
momento, o Redentor da humanidade coroava também,
pelo sofrimento, a aceitação e a entrega silenciosa aos
desígnios da Santíssima Trindade, a Sua Santíssima e
Puríssima Mãe como Co-Redentora do género humano.
Coroação que mais tarde, já na Glória Celeste, o Rei
dos reis concluiria coroando, definitivamente e para
a eternidade, a Sua Amada e Amorosa Mãe como
Rainha do Céu e da terra.
(Prostrados, em profundo recolhimento, transportemonos...)
Jesus! Jesus! Eu adoro todas as Vossas Santas Chagas,
pois foram fruto do Vosso Amor por todos e cada um
de nós. De modo especial adoro as Vossas cinco
149
grandes Chagas no Calvário, na hora em que Vós as
recebestes. Adoro-as no Céu, gloriosas e triunfantes, e
adoro-as no Santíssimo Sacramento, Senhor da minha
salvação.
Na Santa Hóstia, debaixo do Sagrado Véu, o
Salvador conserva nas Mãos, nos Pés e no Peito as
Chagas da Sua Dolorosíssima Paixão. Elas continuam
abertas, liberando o bálsamo do Preciosíssimo Sangue
do sofrido e amoroso Jesus. São retiros, refúgios
sagrados e doces! Entrai neles pela Sagrada
Comunhão! Adentrai mais fundo, do que penetraram os
cravos e a lança do centurião, mais profundamente do
que o toque do apóstolo S. Tomé e deixai correr sobre
Vós o Sacratíssimo Néctar dessas Fontes Puríssimas.
Enfim, purificai-nos aí, repousai e apreciai o quanto
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é ternura e
doçura.
(prostrados, em profundo recolhimento, adoremos ao
Deus de Amor)
r - Meditação sobre as Santas Chagas
A Chaga do Lado: Lembra a Eucaristia, fonte de Vida,
graça, amor e luz.
É seguro refúgio para todos nós, e é especialmente
reaberta pelos profanadores do Santíssimo Sacramento.
A Chaga da Mão Direita: Por ela Jesus eleva ao Pai as
almas que se santificam por força do Amor divino.
É reaberta pela ingratidão e falta de amor das almas que
fogem aos sacrifícios que Deus lhes pede.
150
A Chaga da Mão Esquerda: É por ela que Jesus faz
chegar ao Pai os anseios das almas dedicadas ao
apostolado. Ferem-na os hipócritas que trabalham no
reino de Deus apenas por vaidade e ostentação.
A Chaga do Pé Direito: Por ela Jesus promete salvar os
pecadores, socorrer os atribulados e aliviar as Almas do
Purgatório. É reaberta pela insensibilidade e falta de
caridade para com o próximo.
A Chaga do Pé Esquerdo: Por esta Chaga se salvarão
os pecadores mais obstinados, se o Senhor lhes der a
graça do arrependimento final, pelos Seus infinitos
merecimentos e dos balsamizadores desta mesma
Chaga. Ferem-na os indiferentes para com a sorte
eterna dos seus irmãos.
A Chaga do Ombro: É reaberta pela ingratidão e falta
de amor de tantas almas a Deus consagradas.
São Bernardo ouviu de Jesus estas palavras:
"Eu tinha uma Chaga profundíssima no ombro sobre a
qual carreguei a Minha pesada Cruz. Essa Chaga era
mais dolorosa que as outras. Honra, pois, essa Chaga,
e farei tudo o que pedires."
A Chaga da Fronte: Por esta Chaga que ensanguentou o
Rosto triste e machucado de Jesus, o mesmo Jesus
promete aceitar os espinhos das almas que trabalham
para defender a Sua seara. Os pecados de inveja, ciúme,
ódio, derrotismo, entre as almas do santuário, ofendem
a Fronte de Jesus.
151
s - Oração à Chaga do Ombro 1
Nas Atas do convento de Claraval conta-se o seguinte:
perguntando São Bernardo ao Divino Redentor, qual
era a dor que sofrera mais, e desconhecida dos homens:
Jesus respondeu-lhe:
"Eu tinha uma chaga profundíssima no ombro sobre o
qual carreguei a Minha pesada cruz: Essa chaga era
mais dolorosa que as outras. Os homens não fazem dela
menção, porque não a conhecem. Honrai-a, pois, e Eu
vos concederei tudo o que me pedires por sua virtude.
Todos aqueles que a venerarem, obterão a remissão dos
seus pecados veniais e graças eficazes para
conseguirem o perdão dos pecados mortais que tiverem
cometido”.
Oração:
Oh! amante Jesus, manso cordeiro de Deus, apesar de
eu ser uma criatura miserável e pecadora, eu Vos adoro
e venero a chaga causada pelo peso da vossa cruz, que
dilacerando as Vossas carnes, desnudou os ossos do
Vosso Ombro Sagrado e da qual a Vossa Mãe dolorosa
tanto se compadeceu.
Também eu, ó altíssimo Jesus, me compadeço de Vós e
do fundo do meu coração Vos louvo, Vos glorifico,
Vos agradeço por essa chaga dolorosa do Vosso Ombro
em que quisestes carregar a Vossa Cruz por minha
salvação.
152
Ah! pelos sofrimentos que padecestes e que
aumentaram o enorme peso da Vossa Cruz, rogo-Vos
com muita humildade: tende piedade de mim, pobre
criatura pecadora, perdoai os meus pecados e conduzime ao Céu pelo caminho da Santa Cruz.
Rezam-se sete Ave-Marias e acrescenta-se: "Minha
Mãe Santíssima imprimi no meu coração as Chagas de
Jesus Crucificado"
Indulgência de 300 dias cada vez.
"Oh! dulcíssimo Jesus, não sejais meu juiz, mas meu
Salvador"
Indulgência de 100 dias cada vez.
t - Oração à Chaga do Ombro II
Oh! bom Jesus, meu Senhor e Redentor, que carregastes a pesada Cruz de todos os pecados do Mundo e
também os meus. Pelos méritos da Chaga e dor que tal
Cruz rasgou no Vosso Ombro, eu Vos peço húmildemente o arrependimento e o perdão de todas as
minhas culpas e a graça de morrer sem pecado.
E lembrando o auxílio que Vos deu Simão Cireneu,
aliviando o peso da Vossa Cruz, peço-Vos ainda, em
virtude da Chaga do vosso Ombro, que foi a mais
escondida do Vosso sacrifício redentor, que susciteis
no mundo muitas almas vítimas, a continuarem nelas a
vossa Paixão, e, pela generosidade do seu holocausto,
suportando com amor heróico, resgatem muitos
153
pecadores, salvem muitos moribundos, e atraiam sobre
a Terra uma chuva da Caridade e Pureza. Amen.
Rezam-se sete Ave-Marias e acrescenta-se: "Minha
Mãe Santíssima imprimi no meu coração as Chagas de
Jesus Crucificado"
Indulgência de 300 dias cada vez.
"Oh! dulcíssimo Jesus, não sejais meu juiz, mas meu
Salvador"
Indulgência de 100 dias cada vez.
u - Saudação à Chaga do Ombro
Oh! amantíssimo Jesus, Cordeiro mansíssimo de Deus,
eu, miserável pecador, saúdo e venero a Chaga
Sacratíssima do Vosso Ombro em que levastes a Vossa
pesada cruz, que rasgou a Vossa Carne e descobriu os
Vossos ossos causando uma dor maior que o de
qualquer outra Chaga do Vosso Sacratíssimo Corpo.
Eu vos adoro, aflitíssimo Jesus. Eu Vos adoro, bendigo
e glorifico, e Vos dou graças por esta sacratíssima e
dolorosíssima Chaga, rogando-Vos pela excessiva dor e
pelo enorme peso da Vossa cruz, tende misericórdia de
mim pecador, perdoai-me todos os pecados mortais e
veniais, e conduzi-me ao Céu pelo caminho da Vossa
cruz. Assim seja.
Meu Deus, meu único bem e meu tudo. Vós sois tudo
para mim, que seja eu todo para vós.
154
v - Oração à Chaga do Coração de Jesus
Oh! Meu dulcíssimo Jesus, seja a Chaga do Vosso
Sacratíssimo Coração o meu refúgio, a minha força e
protecção contra a Vossa justa ira, contra o pecado, e
em especial contra o pecado mortal, contra os enganos
da carne, do mundo e do demónio e defesa contra o
meu amor-próprio, contra todos os males do corpo e da
alma.
Seja a vossa Chaga Sacratíssima o lugar onde possa
sepultar os meus inumeráveis pecados, os quais detesto
e aborreço, colocando-os no abismo aberto desta
Santíssima Chaga, aberta por amor, para nunca mais
voltar a ver estes pecados.
Oh! amabilíssimo Jesus, pela Chaga do Vosso Coração,
concedei-me uma só gota desse Sangue Preciosíssimo
que dEle flui, como prenda de eterno perdão dos meus
pecados.
Nesta Chaga profunda, escondei-me e guardai-me ali
como prisioneiro de amor. Ali purificai-me, dissolveime, mudai-me num amante do Vosso Coração.
Convertei-me noutro Coração de Jesus, para que assim
não pense, nem diga nem faça nada, senão o que é do
Vosso maior agrado. Assim seja.
x - Via-Sacra das Santas Chagas
1ª Estação: Jesus é condenado à Morte
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor
Jesus Cristo, flagelado, coroado de espinhos, repudiado
pelo Seu povo e condenado à morte cruel e ignomi155
niosa na Cruz, para expiar os pecados do género humano. Pelos méritos das Chagas de Jesus, concedei-nos
o perdão dos nossos pecados e faltas, e fazei com que
os agonizantes achem Misericórdia junto de Vós.
Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
2ª Estação: Jesus carrega a Cruz para o Calvário
Pai Eterno, eu Vos ofereço a Chaga profunda e
dolorosa do Santo Ombro de Jesus, sobre a qual se
apoiava tão pesadamente o fardo esmagador da Cruz.
Pelos Méritos desta Chaga, concedei-nos a contrição
perfeita dos nossos pecados e a graça de aceitarmos
com Paz e mansidão de espírito todas as cruzes que
Vos aprouver enviar-nos. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor
Jesus Cristo, caído sob o peso esmagador da Cruz.
Pelos méritos desta primeira queda e das Santas Chagas
de Jesus, eu Vos peço que nos concedais a graça de
começar uma nova vida de fervor e de amor, e de andar
com passo firme e constante no caminho dos Vossos
Mandamentos. Amen.
156
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
4ª Estação: Jesus encontra-Se com Sua Mãe Dolorosa
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor
Jesus Cristo, que trespassaram com uma espada de dor
o Coração Amantíssimo da Sua Santíssima Mãe,
quando Ela O encontrou a carregar a Cruz a caminho
do Calvário. Pelos Méritos da angústia dos Sagrados
Corações de Jesus e de Maria, e pelas Santas Chagas de
Jesus, concedei-nos a contrição perfeita dos nossos
pecados, agora e na hora da nossa morte. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
5ª Estação: Jesus é ajudado pelo Cireneu
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Santas Chagas tão
profundas de nosso Senhor Jesus Cristo que Lhe
esgotaram o Sangue e as forças de modo que os Seus
inimigos, apesar da sua crueldade, foram obrigados a
fazer com que o Cireneu O ajudasse. Pelos Méritos das
Santas Chagas de Jesus e pelo Seu esgotamento total,
concedei-nos o verdadeiro espírito de penitência, e de
amor à Santa Cruz. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
6ª Estação: Verónica enxuga o Rosto de Jesus
157
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas da Santa Face de
Jesus, que O tornaram semelhante a um leproso,
disforme e sem beleza, ou segundo a palavra do
profeta: " como um objeto de quem nós nos
afastamos... como alguém de quem se vira o rosto!"
Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus, purificai, eu
Vos suplico, a face da minha alma e dai-me, como a
Santa Verónica, um coração bom e compassivo para
com o próximo. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
7ª Estação: Jesus cai pela segunda vez
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor
Jesus Cristo, reabertas e reavivadas pelas Suas quedas
repetidas. Pelos Méritos desta segunda queda tão
dolorosa e das Santas Chagas de Jesus, preservai-me
das reincidências no pecado, e concedei-me a graça de
pôr em prática os meios eficazes que a Vossa
Misericórdia me concede, para me corrigir dos meus
defeitos e maus hábitos. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
8ª Estação: Jesus consola as filhas de Jerusalém
158
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor
Jesus Cristo, que comoveram as piedosas filhas de
Jerusalém que choravam de compaixão vendo-O tão
maltratado e desfigurado. Em nome das Santas Chagas
de Jesus, volvei um olhar de Misericórdia sobre os
filhos de Israel, a fim de que reconhecendo O seu
Divino Messias, tenham parte no Grande Benefício da
Redenção, e se tornem apóstolos zelosos de Jesus.
Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
9ª Estação: Jesus cai pela terceira vez
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor
Jesus Cristo, agravadas e aumentadas pela violência
desta queda tão dolorosa, que excitou a cólera e a
zombaria dos Seus inimigos. Pelos Méritos desta
Terceira Queda e das Santas Chagas de Jesus,
preservai-me da cegueira espiritual e concedei a todos
os Vossos Sacerdotes, aos Vossos Religiosos e
Religiosas a graça de andar com passo firme e
constante no caminho da abnegação e da renúncia a si
próprios. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
159
10ª. Estação: Jesus é despojado das Suas vestes
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas abertas do
Sagrado Corpo de Jesus, gotejando Sangue, depois de
ser desumanamente despojado das Suas vestes que
estavam coladas à Sua Carne. Pelos Méritos das Santas
Chagas de Jesus e da confusão que experimentou,
concedei-me a Santa Humildade e um completo
desapego de mim mesmo. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
11ª. Estação: Jesus é pregado na Cruz
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas tão torturantes
das Mãos e dos Pés do nosso Divino Salvador, e a dor
da Sua Cabeça Adorável que a cada golpe do martelo
pulava e recaía com toda a força de encontro ao
madeiro da Cruz. Pelos Méritos das Dores
indescritíveis de Jesus, e pelas Suas Santas Chagas,
trespassai com um raio da Vossa Graça os corações
endurecidos dos infiéis e dos pecadores obstinados, e
conduzi todos, contritos e humilhados, aos pés da Cruz
do Vosso Filho Bem Amado. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
160
12ª Estação: Jesus morre na Cruz
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas Sagradas do
Vosso Filho bem-amado, agonizando sobre a Cruz, as
torturas lancinantes da Sua Cabeça adorável, coroada
de espinhos, das Suas Mãos e dos Seus Pés
trespassados por grossos cravos, e do Seu Corpo todo
entregue a sofrimentos indescritíveis. Em nome e pelas
Santas Chagas de Jesus, livrai, nós Vos suplicamos, as
almas do Purgatório, sede misericordioso para com os
agonizantes e fazei desaparecer todos os nossos
pecados no abismo insondável da Vossa Divina
Misericórdia. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
13ª. Estação: Maria recebe nos Seus Braços nosso
Senhor todo chagado e transpassado pela lança
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor
Jesus Cristo, deposto nos braços de Sua Mãe
Santíssima. Ó Rainha dos Mártires, imprimi no meu
coração as Chagas de Jesus Crucificado. Ensinai-me a
meditar, como Vós, na Sua Coroa de Espinhos, nas
Suas Mãos e Pés trespassados, no Seu Lado aberto pela
lança, em todo o Seu corpo pisado, lavrado pelas
chicotadas da flagelação. Pelos méritos das Santas
Chagas de Jesus alcançai-me, ó Mãe querida, a
contrição perfeita dos meus pecados, agora e na hora da
morte. Amen.
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Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
14ª Estação: Nossa Senhora acompanha o Seu Divino
Filho à sepultura
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas do Corpo
Sagrado de Jesus, deposto no sepulcro. Desse Corpo a
respeito do qual o profeta Isaías nos diz que " das
planta dos Pés ao alto da Cabeça, nada tinha de são...
era todo ferido, magoado de Chagas Vivas que não
foram tratadas, nem curadas, nem abrandadas com
óleo." Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus, tende
piedade da minha alma quando ela se separar do meu
corpo. Não sejais meu Juiz, mas meu Salvador. Amen.
Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das
Vossas Santas Chagas!
Oração Final
Amabilíssimo Jesus, meu Deus e Salvador, única
felicidade da minha alma, confesso que ainda que eu
Vos amasse com o amor que Vos têm os Serafins, não
corresponderia ao Amor com que por mim derramastes
o Vosso Preciosíssimo Sangue e destes a Vossa
Santíssima Vida. Mas, ai de mim que até agora só Vos
tenho ofendido por minha grande culpa! Ofereço-Vos,
Redentor Amabilíssimo, esta breve meditação da Vossa
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Sagrada Paixão e Morte, em prova do meu amor e da
minha gratidão, em união com a compaixão da Vossa
bendita Mãe e de todos os Santos e Anjos. Abençoai os
bons propósitos que fiz nesta Via Sacra. Amen
163
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