IRMÃO JOÃO AS CINCO CHAGAS NAS BANDEIRAS PORTUGUESAS IRMÃO JOÃO (Apóstolos de Santa Maria) AS CINCO CHAGAS NAS BANDEIRAS PORTUGUESAS Cascais, 7 de Fevereiro de 2014 Dia das Cinco Chagas de Jesus ÍNDICE Apresentação 1 1ª. PARTE – AS BANDEIRAS DAS 5 CHAGAS Capítulo I – 1ª dinastia A - Antes da batalha de Ourique 1 - Bandeira da Casa de Borgonha 3 2 - Bandeira da Fundação 3 3 - Bandeira de S. Miguel 6 B - Batalha de Ourique 1 - Geral 7 2 - Véspera da batalha 8 3 - A aparição de Jesus, contada por D. Afonso Henriques 10 4 - Batalha 15 5 - Bandeira 16 6 - Local 16 7 - Independência 20 8 - Moeda 20 C - Depois da batalha de Ourique 1 - Primeira bandeira das quinas D. Afonso Henriques (1139-1185) 21 2 - Bandeira de Portugal D. Sancho I a D. Sancho II 3 - Bandeira de Portugal e do Algarve 25 Capítulo II – 2ª dinastia 1 - S. Nuno de Santa Maria 29 2 - Crise de 1383-1385 e guerra com Castela 29 3 - A bandeira da geração de Avis (D. João I a D. Afonso V) 4 - Príncipe herdeiro de Portugal 5 - Guerra com Castela (1475-1479) 6 - D. João II 7 - D. Manuel I 8 - D. João III 9 - D. Sebastião 32 34 36 37 40 42 43 Capítulo III – 3ª dinastia 1 - De D. Sebastião 2 - Com ramos de oliveira 3 - Dos Habsburgos 4 - Império 45 46 48 50 Capítulo IV – 4ª dinastia A - D. João IV 1 - Da Casa de Bragança 2 - Da Restauração 3 - De D. Sebastião 4 - Da Imaculada Conceição 5 - Príncipe do Brasil 51 51 52 52 52 B - D. Pedro II 53 C - D. João V 1 - Nacional 2 - Bandeira pessoal 3 - “Cartola” 53 54 54 D - D. Maria I 55 E - D. João VI 1 - Reino Unido de Portugal, Brasil, e Algarves 2 - Príncipe Real 56 58 F) D. Miguel I 58 G) D. Pedro IV 1 - Do Liberalismo 2 - Do Liberalismo-para uso marítimo 3 - Estandarte imperial 60 63 63 H) Dª. Maria II 63 I) D. Pedro V 63 Capítulo V – República 64 2ª. PARTE – IMAGENS DAS BANDEIRAS 1 - Antes da independência 2 - Fundação 3 - Batalha de Ourique 4 - 1ª dinastia 5 - 2ª dinastia 6 - 3ª dinastia 7 - 4ª dinastia 8 - Outros 70 70 71 73 74 78 79 85 9 - República A - Nova bandeira A - Fontes 86 B - Propostas a - Ligadas à República 87 b - Conjuga-se Monarquia e Repúlica 88 c - Ligadas à Monarquia 89 d - Outras 90 C - Órgãos de soberania a - Nacionais 91 b - Províncias Ultramarinas 92 c - Regiões Autónomas 93 d - Propostas para bandeiras ultramarinas 94 e - Macau 95 3ª. PARTE - ORAÇÕES 1 - Quinquenário de preparação para a Festa 2 - Dia das 5 Chagas (7 de Fevereiro) a - Terço doloroso meditado b - Ladainha das 5 Chagas c - Ladainha dos Sagrados Estigmas d - Ladainha das Chagas de Jesus e das Místicas Chagas de nossa Senhora e - Terço das Santas Chagas 1 (Irmã Maria Marta Chambon) f - Terço das Santas Chagas 2 ( idem) g - Terço de reparação das Santas Chagas h - Coroa 1 das 5 Chagas i - Coroa 2 das 5 Chagas j - Coroa 3 das 5 Chagas l - Coroa 4 das 5 Chagas m - Coroa 5 das 5 Chagas 97 107 111 115 116 119 121 121 124 127 130 132 135 n - Coroa das Santas Chagas o - Devoção às Cinco Chagas p - Saudação às Santas Chagas q - Adoração às Santas Chagas r - Meditação sobre as Santas Chagas s - Oração à Chaga do Ombro I t - Oração à Chaga do Ombro II u - Saudação à Chaga do Ombro v - Oração à Chaga do Coração de Jesus x - Via-Sacra das Santas Chagas 139 140 142 143 150 152 153 154 155 155 APRESENTAÇÃO O povo português tem uma grande devoção às Cinco Chagas. A esmagadora maioria das nossas bandeiras têm impressas as Cinco Chagas desde o tempo do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, logo a seguir à batalha de Ourique, em 25 de Julho de 1139. Daí a ideia de fazer este livro. Nem todas as bandeiras tiveram/têm as Cinco Chagas. “A esmagadora maioria” como disse. Estar a ver as Cinco Chagas nas nossas bandeiras é a mesma coisa que estar a ver a nossa História. Daí que há como que um resumo da nossa História. E a capa indica isso mesmo. As Cinco Chagas bem grandes, que é a parte central das nossas bandeiras. E, em baixo, três bandeiras: - a primeira bandeira que surgiu em Portugal com as Cinco Chagas logo a seguir à vitória de Ourique contra os muçulmanos em 25 de Julho de 1139 - a bandeira actual - a bandeira do Presidente da República, que é o representante máximo de Portugal E como ao falar-se nas Cinco Chagas tem que se falar em oração… O último capítulo é dedicado à oração às Cinco Chagas como: - mistérios dolorosos meditados - ladainhas - via-sacra 1 É certo que o livro é dedicado às Cinco Chagas. Mas no capítulo da oração, a oração não é só dedicada às Cinco Chagas. Na via-sacra, por exemplo, reza-se a todas as Chagas, pois Jesus também teve chagas na Sua Santa Face, na flagelação… As bandeiras podem provocar uma certa confusão. Por exemplo, as bandeiras que vão do número 29 ao número 35, que são bandeiras que havia no reinado de D. Manuel I. A primeira começou a ser usada no reinado de D. João II. Algumas parecem ser iguais, mas se se reparar nos pequenos pormenores há diferenças entre elas. Por exemplo, as bandeiras que vão do número 32 a 34 parecem ser iguais. Mas conte-se os castelos, e há divergências. Para já não falar de outros pequenos pormenores… 2 1º GRUPO AS BANDEIRAS DAS CINCO CHAGAS Capítulo I 1ª dinastia A) Antes da batalha de Ourique 1 - Bandeira da Casa de Borgonha A dinastia afonsina é também chamada da Casa de Borgonha, pois D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques, vem daí. Esta bandeira foi a adoptada pelos nossos reis D. Sancho I, D. Afonso II e D. Sancho II (imagem 1). Curiosamente, esta bandeira já vinha do tempo de D. Afonso Henriques, como descendente da Casa de Borgonha, e, (quem sabe?) do pai,D. Henrique. D. Henrique. A ser verdade, sendo da Casa de Borgonha, é mesmo anterior à batalha de Ourique. 2 - Bandeira da Fundação Conde D. Henrique – D. Afonso Henriques 1095 – 1139 Quando das primeiras cerimónias das comemorações centenárias em 1940, foi içada no castelo de Guimarães uma bandeira com uma cruz azul sobre fundo branco, bandeira esta que se designou por “Bandeira da Fundação”. A escolha foi acertada e feliz. Na verdade, 3 as armas do conde D. Henrique – a cruz de azul em campo de prata – que, tudo leva a crer, seu filho D. Afonso Henriques, também usou no início da sua carreira militar, estavam naturalmente indicadas para a representação do condado Portucalense e das primeiras lutas pela independência. Um breve resumo histórico facilitará a compreensão destas afirmações. Por volta de 1072, D. Afonso VI conseguiu reunir sob o seu ceptro os reinos de Leão, Castela e Galiza e restabelecer a grande monarquia de seu pai D. Fernando I e, no prosseguimento das suas lutas contra os mouros, alargou os territórios, conseguindo para o reino da Galiza, atingir a foz do Tejo com a conquista de Santarém, Lisboa e Sintra em 1093. Entretanto, em 1091, o rei casou sua filha legítima, Dª. Urraca, com Raimundo, filho de Guilherme de Borgonha, a quem conferiu o governo da Galiza, abrangendo todas as terras conquistadas a ocidente. Entre os diversos territórios que constituíam o reino da Galiza figuravam os condados de Coimbra e de Braga, o território portucalense e as terras conquistadas ao sul, estas últimas sob administração de Soeiro Mendes. Em fins de 1094 aparece a governar Braga um primo de D. Raimundo, D. Henrique, neto de D. Roberto o Idoso de França, que D. Afonso VI casara com sua filha ilegítima D. Teresa. Em 1096 já o conde D. Henrique governava Braga e Coimbra e em 1097 todo o território do Minho ao Tejo sob a denominação de condado Portucalense então directamente subordinado ao rei D. Afonso VI. Perdida Lisboa, que os mouros tinham reconquistado em 1095, o condado 4 atingia ao sul, Santarém. Ao contrário do que se verificara até então no governo dos condados, o do conde D. Henrique passou a ser hereditário. Morre D. Afonso VI em 1109 e sucede-lhe no trono sua filha Dª. Urraca, que enviuvara de D. Raimundo dois anos antes, e cerca de cinco anos depois, em 1114, morre em Astorga o conde D. Henrique, ficando no governo do condado Dª. Teresa, por virtude da menoridade de seu filho, D. Afonso Henriques. Já então os limites ao sul tinham sido modificados com a reconquista de Santarém pelos mouros em 1111. Dª. Teresa aproveita as oportunidades das lutas intestinas de sua irmã para tentar destruir os laços que a uniam a Leão e Castela e de tal forma de houve que, em 1117, o condado era designado como reino embora a vassalagem nunca tivesse chegado a ser quebrada. Quando em 1126 sucede a Dª. Urraca seu filho D. Afonso VII, este procura forçar primeiro a tia e depois o primo - que entretanto se apoderara do governo do condado após a batalha de S. Mamede (1128), - a prestar-lhe vassalagem que considerava devida. D. Afonso Henriques, aos quatorze anos, arma-se a si próprio cavaleiro na Sé de Zamora, como era uso entre os reis e, em lutas constantes que se prolongam por cerca de 10 anos, consegue finalmente o reconhecimento da independência na conferência de Zamora em 1143. Ao mesmo tempo que lutava para alcançar a independência, não abandonava D. Afonso Henriques as suas pretensões de reconquista aos mouros do território por estes ocupado. Entre as lutas travadas 5 com os mouros uma referência especial merece a chamada batalha de Ourique, em 1139, pois tudo leva a crer ter sido após essa batalha que o nosso primeiro Rei modificou as suas armas. Mas, a bandeira que se alçou em Cerneja, e em tantos outros recontros foi, sem dúvida, a que representava as armas de seu pai, o conde D. Henrique, a cruz de azul em campo de prata, - a “bandeira da Fundação” (imagem 2). 2- A ostentação de bandeiras era algo de relativamente recente nesta época. As bandeiras derivavam dos escudos de armas usados pelos senhores feudais. O escudo do condado Portucalense era o do conde D. Henrique, o qual consistia num escudo branco com uma cruz azul. 3 - Bandeira de S. Miguel Vários indícios testemunham a importância da veneração, dos primeiros portugueses, ao arcanjo S. Miguel. A capela de S. Miguel, em Guimarães, foi a escolhida para o baptismo de D. Afonso Henriques. O mesmo S. Miguel apareceu e ajudou os portugueses na conquista de Santarém, levando à fundação da Ordem de S. Miguel da Ala pelo primeiro rei de Portugal. Podemos, pois, considerar o arcanjo S. Miguel como o primeiro santo patrono de Portugal. Assim como a S. Jorge é atribuída uma bandeira própria - de campo branco com uma cruz firmada de vermelho - também a S. Miguel é, por vezes, atribuída 6 uma bandeira distintiva. A bandeira atribuída a este arcanjo tem campo branco, com uma cruz firmada de azul. Esta bandeira foi, sobretudo, usada em França, país de grande veneração a S. Miguel. Até à revolução francesa a bandeira branca com a cruz azul era uma das usadas como distintivo nacional, nomeadamente pelos navios mercantes da Provença. Ainda hoje, por exemplo, é usada como bandeira municipal de Marselha (imagem 3). Uma bandeira de campo branco, com uma cruz firmada de azul é também a ordenação tradicionalmente atribuída à bandeira nacional da época da fundação de Portugal (imagem 2). Será coincidência? Existem várias teorias acerca das origens da primeira bandeira de Portugal. Muitos defendem, inclusive, que ela nunca teria existido... pelo menos com esta ordenação. Os defensores da sua existência, normalmente, atribuem a sua origem à Casa de Borgonha à qual pertencia o conde D. Henrique. Será que a origem da bandeira da Fundação não se poderá explicar pela adoração dos primeiros portugueses a S. Miguel? Será que a Bandeira da Fundação não era mais do que a Bandeira de S. Miguel, primeiro Patrono de Portugal? B – Batalha de Ourique 1 - Geral Na batalha de Ourique defrontaram-se as tropas cristãs, comandadas por D. Afonso Henriques, e as mouras por Ali Ibn Yusuf, emir Almorávida. A vitória cristã foi 7 tamanha que D. Afonso Henriques foi aclamado pelos combatentes como rei. Foi travada numa das incursões que os cristãos faziam em terra de mouros para apreenderem gado, escravos e outros despojos. Inesperadamente, um exército mouro saiu-lhes ao encontro e, apesar da inferioridade numérica (cem contra um) os cristãos venceram. Ela foi travada no dia de S. Tiago (25 de Julho), que o povo tinha tornado patrono da luta contra os mouros. Um dos nomes populares do santo, era mata-mouros. (imagem 4). Ourique serve, a partir daí, de argumento político: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna. 2 - Véspera da batalha A batalha de Ourique foi o momento decisivo da independência do pequeno condado portucalense. Véspera de batalha. Os guerreiros tentavam descansar. Nas coloridas tendas mouras o movimento fora intensíssimo durante todo o dia. De cinco reinos haviam chegado homens aguerridos, decididos a não deixar progredir o pequeno exército dos cristãos. Tinham vindo muitos de Sevilha e de Badajoz para se juntarem à hoste composta por gente de Elvas, Évora e Beja. Diz-se mesmo que tinha vindo gente de alémmar. Durante o dia, não tinha havido descanso para ninguém. As setas tinham sido cuidadosamente afiadas e guardadas nas aljavas. Os velozes alfarazes da cavalaria moura tinham tido ração suplementar e relinchavam respondendo aos puros-sangues árabes dos 8 grandes senhores que, impacientes, esperavam pela acção, pelo combate. Enfim, era noite e a algazarra que pairava todo o dia sobre o arraial esmorecera um pouco e só se ouvira como que um zunir de moscas. No acampamento cristão pairava o silêncio. Também os ginetes da guerra estavam prontos e impacientes, as espadas tinham sido afiadas, os peões haviam experimentado as bestas para que tudo corresse como desejavam. Os guerreiros descansavam nas tendas, recostados em leitos improvisados com as peles dos animais mortos, lá mais ao norte, nas selvas que bordejavam as suas tendências e propriedades. Também D. Afonso Henriques estava recostado na sua tenda. Dera ordem para que ninguém o incomodasse. Não conseguia dormir. Pensava na batalha do dia seguinte, na enorme cópia de gente moura contra a sua minúscula hoste. Corria até que o exército árabe tinha uma ala de guerreiras... Mas, era necessário vencer... Deus Se encarregaria de mostrar ao infiel o Seu poder pelo braço do guerreiro. Semi-adormecido, apareceu-lhe como que num sonho, um ancião. Fez sobre ele o sinalda-cruz, chamou-lhe escolhido por Deus e alertou-o da batalha. (imagem 5) Entretanto, apareceu-lhe um escudeiro, que vinha dizer-lhe que estava ali um velho que queria falar-lhe com muita urgência. D. Afonso Henriques viu, diante dos olhos, bem despertos, o velho do sonho: - Tu, outra vez? Quem és afinal, ancião? O que me queres? - Quem sou não interessa... Acalma-te e ouve o que venho dizer-te da parte de Jesus, nosso Senhor: daqui a 9 instantes, quando ouvires tocar os sinos da ermida onde há já sessenta e seis anos vivo, deves sair do arraial, só e sem testemunhas. É isto o que Ele manda dizer-te! Antes do guerreiro abrir a boca, o velho desapareceu na noite, sem deixar rasto. Daí a instantes, soou, efectivamente, o sino da ermida e D. Afonso Henriques pegou na espada e no escudo, com gesto quase automático, saiu da tenda embrenhando-se na noite, sem destino, só, como lhe fora recomendado. Subitamente, um raio iluminou a noite e de dentro dele saiu uma cruz esplendorosa. Ao centro estava Jesus rodeado de anjos. Afonso Henriques, ajoelhado, deixou-se ficar boquiaberto, sem saber o que dizer, sem se atrever a quebrar o instante, até que dentro de si, ouviu Jesus dizer-lhe: - Afonso, confia na vitória de amanhã. Confia na vitória de todas as batalhas que empreenderes contra os inimigos da Cruz. Faz como a tua gente que está alegre e esforçada. Amanhã serás rei.(imagem 6) Apagou-se o céu e a visão celestial desapareceu, como viera. 3 - A aparição de Jesus, contada por D. Afonso Henriques Bastantíssima era a tradição do aparecimento de Jesus, nosso Salvador, feito a el-rei D. Afonso Henriques, e mais, confirmando-se com os escritos de nossos autores e de muitos estrangeiros gravíssimos, para se ter certo o favor que Deus nosso Senhor quis fazer à nação portuguesa. Mas para maior confirmação ordenou o mesmo senhor, parece que com particular providência, 10 nos ficasse outra memória ilustríssima dessa verdade. E é uma escritura autêntica em que o mesmo rei D. Afonso jura sob os santos Evangelhos como viu com os seus próprios olhos ao Salvador do mundo na forma que temos contado. Achou-se, no ano de 1506, no cartório do real mosteiro de Alcobaça e foi instrumento o Doutor Frei Bernardo de Brito, cronista-mor de Portugal, a quem o Reino deve com a glória adquirida por seus escritos, as graças de tão ditoso achado. É um pergaminho de letra antiga, já gasto, com selo de el-rei D. Afonso, e outros quatro de cera vermelha, pendentes de fios de sede da mesma cor, confirmados por pessoas de autoridade, em que se fenda o maior crédito humano que pode haver em escrituras. O Doutor Frei Lourenço do Espírito Santo, abade então daquela casa geral da Ordem de Cister, neste reino, pessoa de grandes letras e muita prudência, julgou ser Vontade de Deus divulgar-se por todos esta memória. E assim, indo a Lisboa, levou o pergaminho e mostrou aos senhores do governo, e depois fazendo jornada à corte de Madrid, o apresentou ao católico rei D. Felipe II, e o viram também muitos grandes de sua corte, e de todos foi venerado e estimado como merecia um documento de tanto preço, do qual o teor é o seguinte: “Eu, Afonso, rei de Portugal, filho do conde D. Henrique e neto do grande rei D. Afonso, diante de vós, bispo de Braga e bispo de Coimbra e Teotónio, e de todos os mais vassalos de meu reino, juro em esta Cruz de metal, e neste livro dos Santos Evangelhos, em que eu ponho minhas mãos, que eu, miserável pecador, 11 vi com estes olhos indignos a nosso Senhor Jesus Cristo estendido na cruz, no modo seguinte: Eu estava com meu exército nas terras de Alentejo, no Campo de Ourique, para dar batalha a Ismael e outros quatro reis mouros que tinham consigo infinitos milhares de homens. E minha gente temerosa de sua multidão, estava atribulada e triste, sobremaneira. Em tanto que publicamente, diziam alguns ser temeridade acometer tal jornada. E eu, enfadado do que ouvia, comecei a cuidar comigo que faria. E como estivesse na minha tenda um livro em que estava escrito o Antigo Testamento e o de Jesus Cristo, abri-o e li nele a vitória de Gedeão, e disse para comigo mesmo. Muito bem sabeis Vós, Senhor Jesus Cristo, que por Vosso amor tomei sobre mim esta guerra contra os Vossos adversários. Em Vossa mão está dar a mim e aos meus, fortaleza para vencer estes blasfemadores do Vosso Nome. Ditas estas palavras, adormeci sobre o livro e comecei a sonhar que via um homem velho vir para onde eu estava e que me dizia: Afonso, tem confiança, porque vencerás e destruirás estes reis infiéis e desfarás sua potência e o Senhor Se te mostrará. (imagem 5) Estando nesta visão, chegou João Fernandes de Souza, meu camareiro, dizendo-me: Acordai, senhor meu, porque está aqui um homem velho que vos quer falar. Entre - respondi-lhe - se é católico. “E tanto que entrou, conheci ser aquele que vira no sonho, o qual me disse: “Senhor, tende bom coração, vencereis e não sereis vencido. Sois amado do Senhor, porque sem dúvida pôs sobre vós, e sobre a vossa geração depois de vossos dias, os olhos da Sua 12 Misericórdia, até à décima sexta descendência, na qual se diminuirá a sucessão, mas nela assim diminuída, Ele tornará a pôr os olhos e verá. Ele me manda dizer-vos que quando na noite seguinte ouvirdes a campainha de minha ermida, na qual vivo há sessenta e seis anos guardando no meio dos infiéis com o favor do mui Alto, saiais fora do real, sem nenhum criado, porque vos quer mostrar a Sua grande piedade. Obedeci, e prostrado em terra, com muita reverência, venerei o embaixador e Quem o mandava. E como, posto em oração, aguardava o som, na segunda vela da noite ouvi a campainha, e armado com espada e rodela, saí fora dos reais, e subitamente vi à parte direita, contra o nascente, um raio resplandecente e indo-se pouco a pouco clarificando, cada hora se fazia maior. E pondo de propósito os olhos para aquela parte, vi de repente, no próprio raio o sinal da Cruz, mais resplandecente que o Sol, e um grupo grande de mancebos resplandecentes, os quais creio que seriam os santos anjos. Vendo pois esta visão, pondo à parte o escudo e a espada, (...) me lancei de bruços e desfeito em lágrimas comecei a rogar pela consolação de meus vassalos, e disse sem nenhum temor: A que fim me apareceis, Senhor? Quereis porventura acrescentar fé, a quem tem tanta? Melhor é, por certo, que Vos vejam os inimigos e creiam em Vós, que eu que desde a fonte do baptismo Vos conheci por Deus verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre Eterno, e assim Vos conheço agora. A Cruz era de maravilhosa grandeza, levantada da terra quase dez côvados. O Senhor, com um tom de voz suave, que minhas orelhas indignas ouviram, disse-me: 13 - Não te apareci deste modo para acrescentar a tua fé, mas para fortalecer o teu coração neste conflito, e fundar os princípios do teu reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos da Minha Cruz. Acharás a tua gente alegre e esforçada para a peleja, e te pedirá que entres na batalha com o título de rei. Não ponhas dúvida, mas tudo quanto te pedirem, concede-lhes facilmente. Eu sou o fundador e o destruidor dos reinos e impérios, e quero em ti e em teus descendentes fundar para Mim um império, por cujo meio, seja Meu Nome publicado entre as nações mais estranhas. E para que os teus descendentes conheçam Quem lhes dá o reino, comporás o escudo de tuas armas do preço com que Eu remi o género humano, e daquele por que fui comprado pelos judeus, ser-me-á reino santificado, puro na fé e amado na minha piedade. Eu, tanto que ouvi estas coisas, prostrado em terra, O adorei dizendo: - Por que méritos, Senhor, me mostrais tão grande misericórdia? Ponde, pois, os Vossos benignos olhos nos sucessores que me prometeis, e guardai salva a gente portuguesa. E se acontecer que tenhais contra ela algum castigo aparelhado, executai-o antes em mim (...) e livrai este povo que amo como o único filho”. “Consentindo nisso, o Senhor disse-me: - Não se apartará nenhum deles de ti, nunca, nunca a Minha Misericórdia, porque por sua via tenho aparelhadas grandes searas, e a eles escolhidos por meus seguidores em terras muito remotas. (imagem 6) 14 Ditas estas palavras desapareceu e eu, cheio de confiança e suavidade me tornei para o real. E (para) que isto passasse na verdade, juro, eu, D. Afonso, pelos Santos Evangelhos de Jesus Cristo, tocados com estas mãos. E, portanto, mando a meus descendentes que para sempre sucederem, que em honra da Cruz e cinco chagas de Jesus Cristo, tragam em seu escudo, os cincos escudos partidos em cruz, e em cada um deles os trinta dinheiros, e por timbre a serpente de Moisés, por ser figura de Cristo e este seja o troféu de nossa geração. E se alguém intentar o contrário, seja maldito do Senhor e atormentado no inferno com Judas, o traidor. Foi feita a presente carta em Coimbra aos vinte e nove de Outubro, era de 1152, eu, el-rei D. Afonso. 4 - Batalha No dia seguinte a batalha foi terrível. Os mouros eram aos milhares e avançavam ferozmente contra os guerreiros de D. Afonso Henriques. Ao primeiro embate muitos homens caíram no chão trespassados pelas lanças. Puxou-se então por espadas e alfanges e a planície foi invadida por um tinir de ferros misturados com a gritaria de toda aquela multidão e os relinchos doloridos dos cavalos feridos. Durante muito tempo, foi um verdadeiro inferno. Os guerreiros cristãos, porém, levaram a melhor. Os mouros sobreviventes, fugiram pela planície fora, deixando os cadáveres naquele imenso chão. Do lado cristão também eram muitos os mortos e feridos, mas os sobreviventes proclamavam a vitória, gritando: 15 - Real! Real! Por Afonso, rei de Portugal! Nesta batalha combateu e foi ordenado cavaleiro o futuro Grão-Mestre da Ordem dos Templários, D. Gualdim Pais, fundador das cidades de Tomar e Pombal. 5 - Bandeira Diz a tradição que nesse momento e em memória do acontecimento, o rei pôs no seu pendão cinco escudos, representando os cinco reis mouros que derrotara. Pôlos em cruz, pela cruz de nosso Senhor e dentro de cada um mandou bordar trinta dinheiros, que por tanto vendera Judas a Jesus Cristo. (imagem 16) 6 - Local Não há consenso entre os estudiosos acerca do local exacto onde se travou a batalha de Ourique. A mais antiga descrição da batalha figura na Crónica dos Godos sob a entrada dos acontecimentos da Era Hispânica de 1177 (1139 da Era Cristã). Séculos mais tarde, um dos primeiros autores a abrir a polémica sobre a autenticidade das narrativas foi Alexandre Herculano quando, ao afirmar que “Ourique não passa de uma lenda”, foi acusado de anticlericalismo. Contemporâneamente, outros historiadores, entre eles José Hermano Saraiva, voltaram a abordar e a reinterpretar essa questão. Entre as teorias consideradas, citam-se: 1) Hipótese de Ourique (Baixo-Alentejo) outrora conhecida como «Campo de Ourique»: mais ou menos 16 equidistante entre Évora e Silves, é a hipótese tradicionalmente sustentada. À época, o poder Almorávida estava em fragmentação na península Ibérica, e o território correspondente ao moderno Portugal, ainda em mãos muçulmanas, encontrava-se repartido em, pelo menos, quatro taifas, sediadas respectivamente em Santarém, Évora, Silves, e Badajoz. Neste cenário, uma razia do infante D. Afonso Henriques que incidisse numa zona tão a sul como o Baixo Alentejo, não seria, de todo, improvável, uma vez que era durante os períodos de maior discórdia entre os muçulmanos que as fronteiras cristãs mais progrediam para o sul. Nesse sentido, a razia que o seu filho, o infante D. Sancho, fez em 1178 a Sevilha, acha-se bem documentada, demonstrando na prática, a possibilidade de se percorrer uma distância tão significativa em território hostil. Este local fica em S. Pedro das Cabeças, Castro Verde, junto à localidade dos Geraldos, num ermo, onde quase se sente o céu. Sendo este o local provável, onde as forças de D. Afonso Henriques fizeram frente a cinco reis mouros. O local de São Pedro das Cabeças possui uma paisagem de uma pura beleza selvagem. Neste local histórico situa-se uma ermida (imagem 7) e um monumento alusivo à batalha de Ourique (imagem 8). A ermida de arquitectura popular destacase no topo do cerro, onde foi edificada, no século XVI, por ordem de D. Sebastião, em homenagem ao primeiro rei de Portugal e à sua vitória sobre os mouros. 17 A vila de Ourique, capital do município, tem vários monumentos evocativos da batalha: I) estátua de D. Afonso Henriques - está no topo da colina que era o local do castelo árabe do Orik, hoje em dia um belo jardim e miradouro da cidade de Ourique. A estátua é bastante grande mas é talvez uma dimensão da vida real, pois Afonso Henriques era um homem alto e forte. Na base do monumento, está escrito: "D. Afonso Henriques derrotou os mouros na batalha de Ourique em 25 de Julho de 1139" ( imagem 9) II) "Ourique - campo da batalha de Ourique" monumento inaugurado numa rotunda em 25 de Julho de 2008 na vila de Ourique (imagem 10) Também a bandeira de Ourique é alusiva à batalha: as Armas da Vila evocam este passado glorioso: num campo de sangue, um guerreiro (representando El-Rei D. Afonso Henriques), vestido de ferro, com o braço direito levantado empunhando uma espada, monta um cavalo, sobre terra firme (imagem 11). Também em Castro Verde há um monumento alusivo, erguido para comemorar os 850 anos da batalha (em 2009), que apresenta um conjunto de símbolos associados a D. Afonso Henriques e aos primórdios do reino de Portugal (imagem 12) 2) Hipótese de Vila Chã de Ourique (c. 15 km do Cartaxo), no Ribatejo. A sua localização era ocidental demais para atrair o interesse e as forças do emir de Badajoz, o mais forte dos quatro supramencionados. Tem um monumento comemorativo à batalha de Ourique, Rua 29 de Janeiro 2070-628 Vila Chã de Ourique, Cartaxo. Monumento em mármore branco, 18 ladeado por um canteiro, situado na praça que fica por trás da igreja matriz que pretende lembrar a batalha de Ourique, travada entre D. Afonso Henriques e os muçulmanos, em 1139 (imagens 13 e 14). 3) Hipótese de Campo de Ourique (c. 7 km de Leiria), na Estremadura: tal como no caso de Vila Chã, a sua localização era próxima demais ao litoral para atrair da mesma forma o interesse e as forças do emir de Badajoz; 4) Hipótese de Campo de Ourique (Lisboa): Presente no imaginário popular, sem qualquer fundamentação. 5) E) Hipótese de Aurélia (possivelmente, a moderna Colmenar de Oreja, próxima a Madrid e Toledo): Há quem defenda uma confusão entre Ourique (Aurik) e Aurélia (Aureja, com o "j" aspirado como em castelhano), aumentando a dúvida sobre a localização da batalha. É possível que tivesse havido um plano acordado entre D. Afonso Henriques e o rei de Leão e Castela, D. Afonso VII; embora inimistados dois anos antes na batalha de Cerneja, a guerra ao inimigo comum (o Islão) constituía uma razão forte o suficiente para suscitar um entendimento entre ambos os soberanos cristãos, no sentido de este último poder atacar a fortaleza de Aurélia. Para evitar ser cercado pelo inimigo muçulmano, D. Afonso VII teria pedido ao primo, D. Afonso Henriques, que providenciasse uma manobra diversionista, que passaria por esta incursão portuguesa no Alentejo, e que forçaria os emires das taifas do Gharb al-Andalus a combatê-la em autodefesa. Com isso, D. Afonso VII esperava ter a sua retaguarda livre para atacar Aurélia, confiante numa 19 rendição rápida, dada a impossibilidade de resposta do inimigo, ocupado com a manobra dos portugueses. 7 - Independência De qualquer modo, como consequência, quando o cardeal Guido de Vico, emissário do Papa, reuniu D. Afonso Henriques e D. Afonso VII em Zamora (1143), para tentar convencê-los que a animosidade entre ambos favorecia os infiéis, o soberano português escreveu ao Papa Inocêncio II, reclamando para si e para os seus descendentes, o status de «censual», isto é, dependente apenas de Roma, invocando para esse fim o «milagre de Ourique», o que ocorrerá apenas em 1179. Entretanto, naquele encontro, pelo tratado então firmado (Tratado de Zamora), D. Afonso VII considerou D. Afonso Henriques como igual: afirmavase a independência de Portugal. 8 - Moeda Em 1928 foi lançada no mercado uma moeda de 1000$00 comemorativa da batalha de Ourique. (imagem 15) 20 C) Depois da batalha de Ourique 1 - Primeira bandeira das quinas D. Afonso Henriques (1139 – 1185) Entre os factos históricos dignos de menção pelo que respeita às lutas contra os mouros, merece referência especial o Fossado de Ladeira em 1139 e, no mesmo ano, o realce particular dado pela História à batalha de Ourique, travada em 25 de Julho. São unânimes, os Cronicões, em referenciar esta batalha, pelo que, o facto histórico com a mesma relacionado, não oferece dúvidas. O Livro da Noa de Santa Cruz, de Coimbra, o Crónicon Lamecense e outros, relatam que, num lugar chamado Haulic ou Oric ou Ouric, se travou uma batalha entre portugueses comandados por D. Afonso Henriques e um exército de mouros comandados por Ismar ou Esmar ou Examare e mais quatro reis, tendo sido desbaratados os infiéis com graves perdas, depois de Jesus Cristo crucificado ter milagrosamente aparecido no Céu a abençoar os portugueses. No século XVII, Fr. Bernardo de Brito na crónica de Cister, relata o milagre sob a forma de juramento feito pelo rei, mas o documento em que se fundamenta é manifestamente falso o que, como é evidente, não invalida nem confirma o milagre. O que, porém, é incontroverso, é que, a partir de 1139, D. Afonso Henriques se intitula rei de Portugal, como 21 igualmente é certo ter sido após a batalha de Ourique que o rei modificou as suas armas. Sob este ponto, o Crónicon de Santa Cruz diz: “por memoria daquelle boo aquecimento que lhe Deus dera pôs no seu pendam cinquo escudos por aquelles cinquo reis e pose-os em cruz por membrança da cruz de nosso Senhor Ieshu Christo e pôs em cada um XXX dinheiros por memoria daquelles XXX dinheiros por que ludas vendeo Yeshu Christo”. Camões, nos Lusíadas, referindo-se ao Milagre de Ourique, diz nas estâncias 53 e 54 do Canto III: ........................... Aqui pinta no branco escudo ufano, Que agora esta vitória certifica, Cinco escudos azuis esclarecidos, Em sinal destes cinco reis vencidos, E nestes cinco escudos pinta os trinta Dinheiros por que Deus fora vendido, Escrevendo a memória em vária tinta, Daquele de quem foi favorecido, Em cada um dos cinco, cinco pinta, Porque assim fica o número cumprido Contando duas vezes o do meio Dos cinco azuis que em cruz pintando veio. A investigação histórica mostra que, em sinais rodados de D. Afonso Henriques, se encontram os escudetes em número variável, dispostos em cruz, com cinco besantes de prata em cada escudete e, em selos autenticando cartas de confirmação passadas pelos nossos primeiros reis, aparecem igualmente os cinco 22 escudetes dispostos em cruz, umas vezes sem indicação de besantes e outras com um número exagerado deles. Também os escudetes de azul se apresentam carregados com número variável de besantes, umas vezes 10, outras 11 e outras ainda 15 na configuração do escudo real, configuração que se mantém até ao reinado de D. Sancho II. Segundo outras versões, os cinco escudetes representariam não os cinco reis mouros mas as cinco chagas de Cristo e segundo outros os cinco ferimentos que o rei D. Afonso Henriques recebeu na batalha de Ourique. Significariam igualmente os 30 dinheiros pelos quais Jesus foi vendido por Judas Iscariotes. Pelo que respeita aos besantes de prata, há quem queira ver na sua representação no escudo a afirmação do direito de cunhar a moeda, que D. Afonso Henriques considerou como pertencendo-lhe a partir do momento em que passou a intitular-se rei, claro sinal de autonomia face a D. Afonso VII. Não obstante, não era esse o único motivo: os besantes, como pregos que eram, podiam oferecer mais solidez ao escudo. A versão dos Cinco Chagas de Cristo é mencionada nos Lusíadas na estância 7 do Canto I: ........................... Vede-o no vosso escudo, que presente Vos amostra a vitória já passada, Na qual vos deu por armas e deixou As que Ele para si na Cruz tomou. 23 Em qualquer hipótese, o que não oferece dúvidas é que a primeira bandeira das quinas (imagem 16) foi usada desde 1139 até à morte de D. Afonso Henriques e era representada por cinco escudetes de azul em campo de preta, escudetes estes dispostos em cruz e com os escudetes laterais de pontas viradas para o centro, estando cada escudete carregado com um número variável de besantes de prata, mas predominando o número de 11 besantes em cada escudete, dispostos em 3-2-3-2-1. 2 - Bandeira de Portugal D. Sancho I a D. Sancho II (1185-1245) O sucessor de D. Afonso Henriques, D. Sancho I, substituiria a cruz azul por cinco quinas da mesma cor (imagem 1). Diz a tradição que, do escudo que D. Afonso Henriques recebera do pai, com uma cruz azul, à qual sobrepusera os besantes, nada mais restava que os pregos que representavam os dinheiros e pequenos pedaços de tecido azul a eles pegados, dando assim a impressão dos cinco escudetes de quinas que ainda hoje a bandeira possui. A cruz azul desaparecia, assim, definitivamente e estava «encontrado» o elemento central das armas da nação nascente. Os escudetes eram cinco, postos em cruz, sendo que os dos flancos se achavam derribados e apontados ao centro, e cada escudete estava semeado de um número elevado e indeterminado de besantes. 24 3 - Bandeira de Portugal e do Algarve D. Afonso III a D. Fernando I (1245-1383) As tentativas para o alargamento do território metropolitano no sentido de se atingir a orla marítima meridional começaram com os nossos primeiros reis. As fronteiras do sul variavam consoantes as vicissitudes da guerra, batendo-se umas vezes os portugueses nas planícies alentejanas e outras retrocedendo a defender as margens do Tejo, fronteira que sempre se tentou tornar intransponível nos momentos de crise. No reinado de D. Sancho I, com o auxílio de uma esquadra de cruzados conquistou-se Silves, do que resultou o domínio dos castelos e regiões vizinhas – Alvor, Albufeira, Lagos, Messines, Paderne. Como consequência, durante cerca de três anos, os portugueses tiveram em seu poder parte do Algarve Ocidental. Durante esse período, o soberano intitulou-se por vezes “Rei de Portugal e do Algarve” e por outras, “Rei de Portugal, de Silves e do Algarve”. Perdidas, porém, as posições conquistadas, voltou o Rei a usar o título de “Rei de Portugal”. Com a subida ao trono de D. Sancho II, iniciou-se a conquista sistemática do Algarve, conquista esta que se consumou no reinado seguinte. Para reduzir as possibilidades de defesa dos mouros e dificultar os socorros dos reinos do Andaluz, D. Sancho II efectuou o seu ataque ao longo do rio 25 Guadiana, ocupando Mértola e Aiamonte e atacando depois Cacela e Tavira (1238). Separados dos seus irmãos de raça, que na Andaluzia lutavam contra D. Fernando III de Castela, os mouros da parte ocidental do Algarve foram definitivamente submetidos por D. Afonso III, auxiliado nestes empreendimentos pelos cavaleiros das Ordens Militares, especialmente os de Santiago e de Calatrava (Avis). Para comemorar a conquista de todo o Algarve, o rei D. Afonso III acrescentou ao escudo uma bordadura vermelha com oito castelos de ouro, simbolizando as praças conquistadas ao sul (imagem 19) . Estes representam, assim, a integração do reino mouro do Algarve na coroa de Portugal, doravante chamada de Reino de Portugal e do Algarve. Os cronistas divergem, no entanto, quanto aos castelos conquistados (Albufeira, Aljezur, Cacela, Castro Marim, Estômbar, Faro, Loulé, Paderne, Porches e Sagres). Embora escrevam numa altura em que se achava já fixado em sete o número de castelos, aludem a um número superior. Foi nesta teoria que a comissão encarregue de propor o desenho da nova bandeira republicana, em 1910, se baseou para justificar heraldicamente a presença e o significado dos sete castelos na bordadura. O número de castelos foi, após o casamento do rei com D. Beatriz de Castela, aumentado para nove. Há igualmente quem pense que a bordadura vermelha castelada a ouro tivesse a ver com o facto de sua mãe (Dª. Urraca de Castela), ser castelhana, ou, em menor 26 probabilidade, influenciado pelo seu casamento com Dª. Beatriz de Castela. No reinado de D. Dinis, a situação resultante das novas conquistas foi regularizada, estabelecendo-se com Castela a distribuição de determinadas povoações, especialmente ao sul do Tejo, como Olivença, Ouguela, Campo Maior e S. Félix que nos ficaram pertencendo e pelo Tratado de Alcanizes de 1297 que consagrou essa distribuição, o território metropolitano ficou definitivamente delimitado. O rei acrescentou, com fundamento nesse tratado, outros castelos à bordadura vermelha que assim passou a ser de quatorze. O Dr. Armando de Mattos, na sua notável obra “Evolução Histórica das Armas Nacionais Portuguesas”, considera que, de acordo com as práticas heráldicas da época, por não ser filho primogénito de D. Afonso II, ao herdar o trono de seu irmão D. Sancho II, por imposição do Papa Inocêncio IV, D. Afonso III não poderia usar armas limpas, isto é, usar o brasão de seu pai sem introduzir alterações, daí ter incluído a bordadura com os castelos de ouro. Esta seria, segundo a opinião deste ilustre historiador, a razão genealógica da existência da bordadura. Não nos parece muito defensável a opinião, pois se, geneologicamente, poderia servir de fundamento, dificilmente justificaria as ulteriores alterações do número de castelos, primeiramente de oito para nove ainda no reinado de D. Afonso III e de nove para catorze no reinado de D. Dinis. O número de besantes em cada escudete é, por sua vez, reduzido a 10 dispostos em 3-2-3-2, mas tanto o número de besantes nos escudetes como o número de 27 castelos na bordadura apresenta-se por vezes variável ao longo dos reinados seguintes. No reinado de D. Pedro I notam-se 10 besantes em cada escudete e 12 castelos na bordadura vermelha e no de D. Fernando I, encontramos em moedas de ouro, como a “Dobra Gentil”, os besantes em cada escudete em número de cinco e os castelos da bordadura em número de oito, mas no escudo esculpido na chamada Porta Nobre da muralha fernandina do Porto e no da capela do Espírito Santo nos Olivais (Coimbra) vêm-se na bordadura quatorze castelos. Estas variantes devem fundamentar-se, porém, mais em razões de ordem estética, resultantes da fantasia dos desenhadores, do que em razões heraldísticas, pois tudo leva a concluir que a bandeira nacional durante este período se apresentava com os cinco escudetes de azul cada um carregado com 10 besantes de prata dispostos em 3-2-3-2 e com a bordadura vermelha de início carregada com oito castelos de ouro e posteriormente com quatorze castelos. O que não impede que haja bandeiras com 12 (imagem 20) e 16 castelos (imagem 18), estas vindas da bandeira de D. Afonso III quando era duque de Borgonha (França) (imagem 17). 28 Capítulo II 2ª dinastia 1 - S. Nuno de Santa Maria Ao elaborar a sua bandeira pessoal - estandarte militar tomou ele o cuidado de nela inserir componentes religiosos, o que lhe permitia (e a seus comandados) ajoelhar-se diante dela para implorar a ajuda da corte celeste em cada empreitada. Era uma bandeira branca, dividida em quadrantes pela cruz de São Jorge, apresentando uma cena da crucifixão (com a Virgem e São João aos pés de Cristo agonizante), uma cena de nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços, e os guerreiros São Jorge, em posição orante, santo protector da cavalaria e padroeiro de Portugal e São Tiago, também em posição orante, padroeiro das Espanhas, ajoelhados um frente ao outro (e a cruz branca sobre fundo vermelho, emblema dos Pereiras, atrás de cada um destes últimos (imagem 23) 2 - Crise de 1383-1385 e guerra com Castela Quando D. Fernando casou sua filha D. Beatriz com o rei de Castela, D. João I, foi lavrada, em Salvaterra de Magos, em 2 de Abril de 1383, uma escritura destinada a regular os respectivos direitos sucessórios. Segundo esta escritura, se D. Fernando morresse sem deixar filho legítimo varão, a herança do reino pertenceria a D. Beatriz, mas enquanto esta não tivesse filho varão, 29 ou enquanto este não atingisse os 14 anos, governaria como regente do reino a rainha Dª. Leonor. Em 22 de Outubro desse mesmo ano, morreu D. Fernando, e a rainha Dª. Leonor ficou regente do reino nos termos convencionados. D. João I (de Castela) logo mandou adicionar as armas de Portugal às suas, colocando-as por baixo do brasão de Castela, tal como se depreende na Crónica de D. João I, de Fernão Lopes: «Vinha o arcebispo de Toledo com capa bem rica, e mitra na cabeça, e todos os cónegos, e clerezia da cidade rezando, e traziam a bandeira das armas de Castella, e os signaes de Portugal, e concertos em baixo» (capítulo LV). (imagem 21) Sucedeu, porém, que ao sair da Sé de Toledo, onde foi aclamado às vozes de «Real, real, por el-Rei D. João de Castela e de Portugal» pelos dignitários castelhanos e os membros do séquito de Dª. Beatriz aí presentes, quando a bandeira era transportada pelo alferes-mor João Furtado de Mendonça, que seguia a cavalo, «descoseu o vento os signaes de Portugal, que iam debaixo, e ficaram pendurados, e o cavallo em que ia o alferes foi topar em um canto da Sé, e quebrou lhe uma espádua, e cahiu com elle. Alguns que esto viram, tiveram-n’o a mau signal, dizendo entre si, que nunca el-rei de Castella havia de ser rei de Portugal, e disseram a el-rei de Castella que não era bem de os signaes de Portugal andarem assim em fundo. E elle logo mandou poer os signaes ambos em escudo eguaes.» (Fernão Lopes, Crónica de D. João I, capítulo LVI). A bandeira armorial de Portugal e Castela tomou então o aspecto com que surge na imagem 22 (idêntica às armas constantes nos selos que sobreviveram dos 30 documentos assinados por Dª Beatriz, como rainha de Portugal). Esta bandeira não é tradicionalmente considerada como uma das bandeiras históricas do país. Porém, se se considerar que Dª Beatriz reinou de jure em Portugal, é legítimo que figure na galeria das bandeiras nacionais. Mais, apesar de jamais ter sido hasteada em Lisboa, enquanto capital do reino, sempre fiel ao Mestre de Avis, certo é que esvoaçou nas alcáçovas dos vários castelos que reconheceram o governo de Dª. Beatriz, designadamente o de Santarém, onde Dª. Beatriz e o seu marido se instalaram na tentativa do reconhecimento, de facto, da sua realeza. Ao ter conhecimento da morte de D. Fernando, o rei de Castela preparou-se logo para entrar em Portugal à frente das suas tropas. Estava aberta a crise de 1383-1385. O povo de Lisboa amotinou-se, nomeou Regedor e Defensor do reino a D. João, Mestre de Avis e irmão bastardo do rei D. Fernando. Declarada a guerra, após as jornadas gloriosas de Atoleiros, Aljubarrota e Valverde, a luta arrasta-se até à assinatura da paz em 31 de Outubro de 1411 entre o rei de Portugal, D. João I, e o Rei de Castela, então já o rei D. João II, sendo finalmente o tratado de paz sido ratificado por Portugal em 1432 e por Castela no ano anterior. 31 3 - A bandeira da geração de Avis D. João I a D. Afonso V (1385-1481) Com a subida ao trono do Mestre de Avis, D. João, produziu-se nova quebra na continuidade dinástica, já que não era filho legítimo de D. Pedro I. Assim sendo, para se distinguir do predecessor (o seu meio irmão D. Fernando I), surgiu a nova bandeira (imagem 24). A cruz verde florenciada da Ordem de Avis foi colocada sob a parte central do escudo sobressaindo as flores de lis dos extremos da cruz, ficando cada uma das quatro pontas visível sobre a bordadura vermelha dos castelos. Os castelos de ouro em número de doze são dispostos em esquadria de três, junto de cada vértice da bordadura. A parte central continua, como anteriormente, a apresentar os cinco escudetes de azul com a mesma disposição e cada escudete carregado com os habituais dez besantes de prata, dispostos em 3-2-3-2. Embora em selos coevos o número de besantes apareça por vezes reduzido a cinco, dispostos em aspa, em cada escudete, não oferece dúvidas de que, no que respeita à bandeira e ao escudo real, o número de besantes em cada escudete se manteve em número de dez. Estas variantes no número de besantes, aliás já anteriormente verificada, nota-se também na estátua jacente de D. João I, na Capela do Fundador, na Batalha, pois no vestuário do rei estão indicados apenas cinco besantes em cada escudete, e o mesmo se observa na estátua jacente de D. Duarte, no túmulo existente em 32 frente do altar-mor do mesmo mosteiro. Também, no “Real Grosso” do D. Afonso V e nas bandeiras deste rei nas Tapeçarias de Pastraña, que comemoram as vitórias de África, é de cinco o número de besantes em cada escudete. É a primeira bandeira cuja historicidade está comprovada — todas as anteriores são reconstruções. É também nesta época que surgem as primeiras referências ao uso do termo «quina» para designar os escudetes das armas nacionais. Esta bandeira esteve na origem da bandeira da organização de juventude salazarista: a Mocidade Portuguesa. Convém, porém, realçar que, a partir de D. Afonso V, se acentua a tendência para, na figuração no escudo, se reduzir a cinco os besantes em cada escudete, tendência esta que, embora já verificada anteriormente, se tornou definitiva a partir do reinado de D. João II, e se consagrou no reinado seguinte com a exaltação do milagre de Ourique e os trinta dinheiros a que Camões se refere nos Lusíadas. Excluídas estas variações de pormenor, é esta a bandeira gloriosa da consolidação da nossa independência e das jornadas de Ceuta com D. João I, e de Arzila, Tânger e Alcácer Ceguer com D. Afonso V. Por virtude da influência inglesa resultante da aliança com a Inglaterra e do casamento de D. João I com Dª. Filipa, filha de João de Gand, duque de Lencastre, as técnicas brasonísticas desenvolvem-se, em especial nos elementos acessórios do escudo. Assim, nas armas reais, sobrepujando o escudo inseriu-se uma serpente alada saínte da coroa aberta, indicativo de que D. João I 33 tinha o hábito de Ordem Militar inglesa de S. Jorge, santo que se tornou o patrono dos combatentes em lugar de Santiago, que até então se invocava. O Dr. Armando de Mattos, no seu livro já citado, entende que o timbre constituído pela serpente alada ou dragão representa a aliança de D. João I com Dª. Filipa por ser este o timbre das armas de Lencastre. Embora ressalvando a opinião deste distinto escritor, parece-nos mais curial a razão que indicamos. O “Armorial Português” considera que o uso do dragão como timbre resultaria de D. João I pertencer à Ordem Jarreteira. Esta Ordem foi fundada em 1348 por Eduardo III da Inglaterra, mas não parece que seja muito aceitável a sua atribuição a D. João I nem o uso do dragão se justificaria por tal título. O Dr. Armando de Mattos na obra já citada esclarece e fundamenta a razão porque tal noção deve ser repelida. Também os brasões dos filhos do monarca passam a ser representados com um lambel carregado de flores de lis de ouro, em número variável, indicativos da respectiva ordem de sucessão. 4 - Príncipe herdeiro de Portugal Desde o reinado de D. Duarte (1433-1438), o herdeiro presuntivo da coroa de Portugal, normalmente o filho varão mais velho do rei, passou a ter o título de príncipe, distinguindo-se assim dos seus irmãos, que tinham o título de infante. Até essa altura, o herdeiro do trono tinha igualmente o título de infante. Esta alteração foi introduzida por influência inglesa (muito sentida na corte portuguesa através da rainha Dª. Filipa 34 de Lencastre, graças à qual já se havia introduzido em Portugal o uso do título de duque para os membros da família real não herdeiros do trono), ainda que o uso fosse consagrado por imitação das coroas de Castela e Aragão - reinos onde os herdeiros das coroas se passaram a chamar, respectivamente, príncipe das Astúrias (desde 1388) e príncipe de Girona (desde 1416). Também em Navarra o herdeiro passaria a ser chamado príncipe de Viana desde 1440. Dessa forma, para não ficar menosprezado em termos de prestígio, decidiu el-rei de Portugal adoptar também o título de príncipe para o herdeiro da coroa portuguesa (imagem 25). A partir do reinado de D. João IV (1645) o herdeiro da coroa passou a intitular-se príncipe do Brasil caso fosse varão, ou princesa da Beira, caso fosse menina. Em 1734, todos os herdeiros presuntivos do trono passaram a ter o título de príncipe do Brasil, independentemente do seu sexo. Já o título de príncipe da Beira passa a ser o do herdeiro do príncipe do Brasil (portanto o do segundo na linha de sucessão), também independentemente de ser menino ou menina. Em 1815, com a elevação do Brasil à condição de reino dentro do chamado Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o herdeiro presuntivo da coroa passa a ser chamado Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e, finalmente, após a independência do Brasil, Príncipe Real de Portugal, título que ainda hoje se mantém. 35 5 - Guerra com Castela (1475-1479) Em 1474, falece o rei de Castela, Henrique IV. O rei deixava como herdeira a sua filha, Dª. Joana, chamada a Beltraneja pelos seus detractores, que apoiavam a meia-irmã de Henrique, Dª. Isabel, como candidata ao trono. Na esperança de fazer valer os direitos da sua filha, o defunto rei pedira ao cunhado, D. Afonso V, que casasse com a sobrinha, no sentido de legitimar a sua débil posição como herdeira. Em 1475 D. Afonso dá sequência ao projecto de Henrique e casa com Joana, juntando ao seu título régio o da coroa de Castela (Rei de Castela, de Leão, de Portugal, de Toledo, de Galiza, de Sevilha, de Córdova, de Jáen, de Múrcia, dos Algarves d'Aquém e d'Além Mar em África, de Gibraltar, de Algeciras, e Senhor da Biscaia e de Molina) e procede também a uma alteração nas suas armas, exibindo um escudo esquartelado, com as armas de Portugal no I e IV quartéis, e as de Castela no II e III. No ano seguinte, quando invade Castela e é derrotado em Toro, é esta a bandeira que as suas hostes transportam - e é esta a bandeira que o quase-mítico alferes-mor Duarte de Almeida, o Decepado, defende com a maior valentia, tendo perdido ambas as mãos na defesa do estandarte nacional e acabando a segurá-lo com os dentes. É esta também a bandeira que acompanha o rei D. Afonso V na sua deslocação até França, onde tenta desesperadamente obter auxílio junto do rei Luís XI para prosseguir a guerra contra Dª. Isabel e D. Fernando de Aragão, seu marido. 36 Após a assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo, em 1479, e a renúncia de D. Afonso V, em seu nome próprio, e no de sua esposa, D. Joana, à coroa de Castela, voltou-se à anterior fórmula da bandeira nacional. 6- D. João II (1481-1495) Os anos, que decorreram desde a subida ao trono de D. João II em 1481 até ao final do reinado de D. João III, correspondem ao período de maior relevo da nossa História. D. João II combateu as velhas prerrogativas das classes privilegiadas, centralizou a administração, consolidou o poder real e alargou o governo da Nação consagrado na sua divisa: Polla ley e polla grey. Simultaneamente, no reinado do “Príncipe Perfeito”, prosseguiu a descoberta da costa africana e atingiu-se o cabo da Boa Esperança o que possibilitou e preparou a viagem à Índia. Ao mesmo tempo, assinava-se com os Reis Católicos o Tratado de Tordesilhas, que partilhava entre os dois povos peninsulares todas as terras descobertas e a descobrir. Nos escassos quatorze anos que durou o seu reinado, D. João II prestigiou o nome português elevando-o a alturas jamais igualadas, de tal modo que, ao morrer em1495, o seu sucessor, o rei D. Manuel, encontrou preparadas todas as vias que tornariam Portugal a primeira potência do seu tempo. É no reinado de D. Manuel e no de D. João III que Portugal: 37 - estende o seu domínio a todo o Oriente - inicia a colonização do Brasil - detém o maior empório comercial - possui a maior frota marítima - domina os mares - desvenda todos os mistérios do globo. É verdadeiramente o período da epopeia portuguesa. Logo no quarto ano do reinado de D. João II (1485) entendeu este monarca que o escudo real deveria ser alterado, dando-lhe um cunho mais de acordo com a tradição. Foi o responsável pela elaboração do escudo de armas português tal como hoje o conhecemos, nos seus traços gerais. Foi também o último rei português a usar uma bandeira armorial. A cruz florenciada da Ordem de Avis, que lembrava a ascendência dinástica, foi retirada do escudo, por sentir que a mesma estava à margem da identidade nacional que o escudo dos castelos e quinas começavam a transmitir. Os doze castelos da bordadura vermelha são distribuídos em volta desta, quatro na parte superior e dois grupos de quatro de cada lado. Os escudetes de azul são todos colocados verticalmente, isto é, com as pontas viradas para baixo, uma vez que os escudetes derribados poderiam ser heraldicamente considerados como sinal de bastardia ou derrota, o que não era o caso. Cada escudete deveria estar carregado apenas com 5 besantes de prata. Finalmente, ordenou a fixação definitiva do número de castelos da bordadura em sete e dos besantes em cada quina em cinco, dispostos em aspa (esta última deveu-se, em parte, à grande devoção que o soberano tinha pelas cinco chagas de Jesus). 38 No decurso dos reinados seguintes o escudo mantém estas características, embora o número de castelos apareça variável e só venha definitivamente a fixar-se em sete no reinado de D. João III. Essas variantes podem notar-se na iluminura da primeira folha do “Livro dos Copos”, manuscrito existente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, onde o monarca desenhado, e que se presume seja D. João III, segura um escudo com treze castelos na bordadura; na primeira página do Livro primeiro da “Leitura Nova” existente no mesmo Arquivo Nacional, onde o escudo apresenta oito castelos; e nos escudos esculpidos, no púlpito da igreja de S. João Batista em Tomar, que é da época manuelina, e no do púlpito do refeitório do convento de Cristo, que é da época de D. João III, que apresentam apenas sete castelos. Sete castelos têm também os selos de chumbo de D. Manuel e número idêntico aparece nas moedas de ouro, como o cruzado de D. João II, o português de D. Manuel, e o S. Vicente e Meio de D. João III. De quanto vimos expondo se conclui que, durante este período, o número de castelos da bordadura é por vezes de sete (imagem 27), outras de oito (imagem 28) e outras ainda de doze ou treze (imagem 29), e só a partir de D. João III o número de sete se tornou o da única representação válida. O número de cinco besantes em cada escudete já consagrado, desde D. Afonso V, passou a ser o definitivo, o que veio dar nova actualidade ao milagre de Ourique, que nesta data é igualmente exaltado como consagração de Portugal a Deus e como demonstração do espírito de cruzada em que todos se consideravam 39 empenhados na ânsia de descobrir e evangelizar novos mundos. Este elevado anseio, esta ascensão espiritual e patriótica é patente na apresentação do milagre na estância 45 do Canto III dos Lusíadas: A matutina luz, serena e fria, As estrelas do Pólo já apartava, Quando na cruz o Filho de Maria, Amostrando-se a Afonso o animava; Ele adorando Quem lhe aparecia, Na Fé todo inflamado assim gritava: - “Aos Infiéis, Senhor, aos Infiéis, E não a mim que creio o que podeis!”. Também nesta época se consagrou a denominação de “Quinas” dada aos escudetes e o uso da “Bandeira das Quinas” para a Bandeira Nacional. Camões igualmente o anota no seu poema na estância 19 do Canto VIII: ... Mas vê cercada Santarém, e verás a segurança da figura nos muros que, primeira Subindo, ergueu das Quinas a bandeira. O escudo real assente na bandeira branca não mais sofrerá alterações. Podem, posteriormente, variar as disposições da bandeira; podem alterar-se as cores; podem acrescentar-se elementos figurativos; mas o escudo nacional, esse, está definitivamente encontrado. 7 - D. Manuel I (1495-1521) Com D. Manuel surgem novos elementos duradouros nos símbolos nacionais. A bandeira era quadrada, como todas as anteriores, tendo por pano a cor branca. O 40 escudo voltou a ser carregado na bordadura, tal como antigamente, com um número superior a sete castelos sobretudo com 8 (imagem 32), terminando em forma de cunha, embora também haja representações com apenas sete (imagem 33). Igual forma assumiam os pequenos escudetes no seu interior. A bordadura vermelha e quadrada com castelos passou a parecer um escudete. Sobre o antigo escudo das armas reais é colocada uma coroa real aberta, símbolo de autoridade régia e da centralização do Estado que tanto ele como o seu antecessor procuraram levar a cabo. As armas reais passaram a assentar sobre uma bandeira branca de formato quadrangular (até aqui, a bandeira mais não era que apenas o escudo de armas — uma bandeira armorial). As armas reais persistirão, ainda que com alterações várias, até à instauração da actual bandeira nacional em 1911. D. Manuel usará, também, a esfera armilar como símbolo de poder, ilustrativo do seu domínio sobre os mares, num momento em que o império português atingia uma extraordinária dimensão. A esfera armilar inserida na bandeira do Reino Unido de Portugal, do Brasil e dos Algarves, entre 1816 e 1826, será retomada com o advento da república na bandeira nacional que presentemente está em vigor. Os escudos e escudetes usados por D. Manuel eram rectangulares com a base em lanceta. Tinha ainda 11 castelos (imagem 30 e 31). Com a expansão portuguesa, começa-se a usar bandeiras não apenas para Portugal mas também para Portugal e o Império. Neste reinado, e para tal fim, usase a bandeira da Ordem de Cristo (imagens 34 e 35). A Ordem de Cristo foi uma ordem militar fundada pelo 41 rei D. Diniz, que governou Portugal entre 1279 e 1325. Originária da antiga Ordem dos Templários, organização militar e religiosa da época das Cruzadas, a Ordem de Cristo era subordinada directamente ao rei de Portugal e também realizava Cruzadas. Em nome da luta contra os mouros, a Ordem recolhia tributos em todo o reino para montar exércitos e armadas. No período das expansões marítimas as expedições também eram vistas como uma continuação missionária das cruzadas, também com o objetivo de levar o cristianismo aos novos cantos do mundo, além, evidentemente, do interesse comercial. Por isso a Ordem era um dos importantes financiadores das expedições marítimas. A Ordem de Cristo tinha tanta importância na política portuguesa na época do descobrimento que os reis de Portugal acumulavam o cargo de grão-mestre da Ordem. Por isso, em 1495, o rei D. Manuel decidiu sobrepor a Cruz de Cristo ao brasão real. As bandeiras dos reis eram sempre as oficiais do reino e esta, a oficial na época do descobrimento, foi usada de 1495 a 1521 8 - D. João III (1521-1557) No reinado de D. João III, seguindo o gosto humanista, típico da época, estabeleceu-se o formato redondo na parte inferior do escudo (formato dito português), acompanhando as quinas a mesma alteração. Foi neste reinado que o número dos castelos parece ter voltado definitivamente aos sete quer para Portugal quer para o Império.(imagens 36 e 37). 42 9 - D. Sebastião (1557-1578) D. Sebastião terá usado até final do seu reinado a mesma bandeira dos seus antecessores. Para a batalha de Alcácer Quibir, em 1578, levou uma bandeira de damasco carmesim. Tinha três hastes, sem barrete. Retorna-se ao escudo cunha. Surge o rectângulo. Nas bandeiras desta época figuravam inicialmente coroas fechadas dispondo de um ou de três arcos à vista. Mais tarde passaram a ter os cinco arcos à vista, os quais se conservavam até ao fim da monarquia. Foi o que fez D. Sebastião. Sobre as armas reais pintadas encontravase uma coroa fechada, a qual, com diferente número de arcos, permaneceu até ao fim da monarquia. Antes de partir para África e de perder a vida em Alcácer Quibir, procedeu à substituição da coroa aberta por uma coroa real fechada (imagens 38 e 39). Este pormenor simbolizava o reforço da autoridade régia através da conquista de Marrocos e da obtenção de um título imperial, que a coroa fechada simbolizava. De igual forma, ao gosto da época maneirista, regressou-se ao escudo em formato ogival. Parece ter sido a primeira bandeira portuguesa com formato rectangular. Anteriormente todas eram quadrangulares. O decreto de D. Sebastião relativo à bandeira determinou também que, doravante, e à semelhança do que já antes fizera D. João II, se estabelecesse para sempre em número de sete os castelos na bordadura. Com este pormenor se completou o ciclo evolutivo fundamental dos elementos da bandeira nacional. 43 Foi também no seu reinado que o rei começou a usar uma bandeira pessoal, que não representava o país, como tinha acontecido até então. Era de damasco vermelho-carmesim apresentado numa das faces a imagem de Jesus Crucificado bordada a ouro e na outra face as armas do Reino com a coroa fechada e o diadema imperial (imagem 40), igual è com o mesmo significado da bandeira nacional, como vimos. Com a União Ibérica, em 1580, mantiveram-se os símbolos nacionais, já que, segundo o estipulado nas cortes de Tomar as duas coroas permaneciam separadas, ainda que na posse do mesmo rei. Esta bandeira foi respeitada por algum tempo pelos reis espanhóis, que vieram a tomar o poder da coroa portuguesa. Apesar das incertezas, julga-se que durante todo este período dominou a cor branca na feitura da bandeira real. 44 Capítulo III 3ª Dinastia 1 - De D. Sebastião Durante o período filipino, os dois povos peninsulares estiveram ligados pela união pessoal do monarca. Todavia, nos termos das condições a que se obrigou o rei Filipe I (II de Espanha) em 1582, “todas as características da soberania – leis, governo, administração da justiça, moeda, língua, - tudo Portugal conservou” porque a união pessoal não representava incorporação territorial, antes se mantinha a autonomia administrativa. Nem sempre, porém, forma cumpridas as obrigações assumidas, pois fortalezas e presídios se entregaram a guarnições espanholas, e para o Conselho de Portugal, que funcionava junto do soberano e a que só deviam pertencer portugueses, foram nomeados muitos espanhóis. As dificuldades de ordem política e sobretudo económica, avolumaram-se principalmente a partir do reinado de Filipe III (IV de Espanha), o que contribuiu para afastar do Rei Católico a maioria dos portugueses e estabeleceram o clima que originaria a revolução de 1640 que restituiu ao País à sua plena independência política. Enquanto durou o domínio castelhano, o escudo português não sofreu qualquer alteração pois, muito embora em alguns actos oficiais aparecesse o escudo português junto do escudo espanhol, todavia o escudo e 45 bandeiras nacionais mantiveram-se separados e com as características anteriores, ou seja, continuou a usar-se a bandeira de D. Sebastião no território de Portugal, bem como os vários pavilhões navais a bordo de embarcações portuguesas, numa medida destinada a apoiar a ficção de "numa mesma cabeça real, duas coroas distintas", tal como aliás a numeração independente dos três Filipes para Portugal e Espanha. Como já vimos com D. Sebastião, nesta altura começou a distinguir-se entre bandeira real (o estandarte pessoal do monarca) e bandeira do Reino. É de crer que nas eventuais estadas em Portugal de algum dos Filipes, este se tenha feito acompanhar da sua bandeira pessoal, onde aliás figuravam as armas de Portugal 2 - Com ramos de oliveira Contudo, em certas representações (de origem desconhecida) surge a bandeira adoptada por D. Sebastião rodeada por 16 ramos de oliveira (com dez pés visíveis e os seis restantes ocultos), dando particular realce ao escudo português. Vigorou de 1616 a 1640. Foi criada por Filipe II, de Espanha. Deveria ser hasteada em Portugal, enquanto nos territórios sob domínio português deveria vigorar a bandeira de D. Sebastião. Assim, se a conservação das armas e bandeira nacional parece demonstrar o respeito dos monarcas filipinos pelos costumes e independência de Portugal, tal como acordado nas cortes de Tomar, a presença dos elementos vegetais podem representar, consoante as teorias: 46 - alusão ao apelido Silva do Marquês de Alenquer, Vice-Rei de Portugal, com o objectivo de melhor distinguir, ao longe, a bandeira portuguesa da castelhana (também branca com as armas ao centro); - a alegria demonstrada pelo novo rei em obter o domínio de Portugal (ou ao invés, a alegria das classes dirigentes portuguesas, encantadas com uma união que previam benéfica, sobretudo a nível económico); - a relativa paz com que se fizera a junção da coroa de Portugal aos domínios dos Habsburgos (mau grado a batalha de Alcântara), ou o desejo do novo rei de que a paz voltasse a reinar célere em Portugal; - ser um símbolo da vitória de Castela, demonstrando assim a conquista e submissão de Portugal. Esta interpretação parece pouco consistente, tendo em conta o esforço que D. Filipe II fez para pacificar o país e não ferir o seu orgulho; - por fim, como Filipe II entrou em Elvas, a fim de se deslocar às Cortes de Tomar e aí ser jurado rei, em Dezembro de 1580, precisamente quando os camponeses festejavam a colheita das oliveiras, há também quem sugira que o novo monarca decidiu acrescentar à bandeira portuguesa aquele elemento vegetal em lembrança dessa viagem, ou então serem os ramos de oliveira um convite para o povo português se dedicar mais ao trabalho agrícola, tão descurado ao longo do século XVI. (imagens 41 e 42) Esta bandeira foi usada para Portugal e para todo o seu Império. 47 3 - Dos Habsburgos Para além disso, foi nas armas familiares dos Habsburgos de Espanha que se verificou uma mudança, com a sobreposição do escudo português ao conjunto Leão-Castela/ Aragão-Catalunha-Nápoles-Sicília) (imagem 43). Esta honrosa posição do escudo português no conjunto armorial dos domínios da coroa espanhola fora um dos pontos mais debatidos entre o cardeal D. Henrique e D. Filipe II de Espanha (através dos seus plenipotenciários em Lisboa, Cristóvão de Moura e o Duque de Ossuna). A partir do momento em que o rei português compreendeu que seria impossível resistir à pressão castelhana para a absorção de Portugal, o velho cardeal pediu ao monarca espanhol que o escudo de armas português ocupasse um dos lugares mais distintos nas suas novas armas (eventualmente, todo o primeiro quartel do escudo, onde se achavam as armas de Leão e Castela, reformulando a localização dos demais brasões dentro do escudo). Os embaixadores de D. Filipe recusaram esta proposta, por considerarem que Sua Majestade Católica não poderia fazer tão notável agravo aos mais antigos domínios da sua monarquia (Castela e Aragão), mas que, não obstante, daria às armas de Portugal o lugar de peça mais honrosa do escudo. Assim sendo, acabou por colocá-las no abismo do chefe, o ponto importante e digno do escudo. Note-se que esta bandeira, no entanto, não é relativa a um país ou um estado. Representa isso sim, o poder de uma família real sobre os seus vários domínios europeus. Curiosamente ou não, a sua utilização em 48 Portugal foi pouco expressiva, tendo apenas sido usada a bandeira armorial dos Habsburgos por ocasião das deslocações de D. Filipe II a Tomar e de D. Filipe III a Lisboa (1619). Nesta bandeira podem-se reconhecer as armas de Castela, no campo I: esquartelado de vermelho, um castelo de prata iluminado de azul, e prata, um leão púrpura. No campo II, à dextra, as armas de Aragão: partido, ouro, quatro palas de vermelho, e à sinistra, as das Duas Sicílias: franchado de ouro, quatro palas de vermelho, e prata, uma águia, de negro. Em ponta entre o I e o II, as armas de Granada: de prata, uma romã, de sua cor. No campo III, em chefe, as armas da Áustria: de vermelho, uma faixa, de prata; em ponta, as antigas armas da Borgonha: bandado de ouro sobre azul, borda de vermelho. No campo IV, em chefe, as armas novas da Borgonha: de azul, carregado de flores de lis, de ouro, borda escaqueada de prata e vermelho; em ponta, as armas do Brabante: de negro, um leão, de ouro. Em abismo, dois escudetes, o do chefe com as armas de Portugal: de prata, cinco escudetes azuis postos em cruz, cada um carregado de cinco besantes, de prata, em aspa, borda de vermelho carregada de sete castelos, de ouro; e o da ponta partido: à dextra, as armas da Flandres: de ouro, um leão, de negro; e à sinistra, as armas do Tirol: de prata, uma águia, de vermelho. Por outro lado, a bandeira dos Habsburgos da Espanha (a cruz vermelha aspada da Borgonha) torna-se cooficial, juntamente com o pavilhão português, para efeitos de utilização marítima. 49 4 - Império Em 1600 Portugal ganha a sua primeira bandeira oficial – até então a bandeira oficial do reino era a do rei. A nova bandeira portuguesa é utilizada em todo o Império. Esta bandeira do Império é usada até 1700 (imagens 44 a 47). 50 Capítulo IV 4ª Dinastia A) D. João IV (1640-1656) 1 - Da Casa de Bragança Quando D. João IV tomou posse como rei de Portugal era Duque de Bragança. Eis a sua bandeira como tal (imagem 48). 2 - Da Restauração Quando no 1º de Dezembro de 1640 teve lugar a Revolução Nacional, os conjurados arvoraram uma bandeira, que podemos chamar a Bandeira da Restauração, e que era constituída por uma Cruz de Cristo assente com fundo verde, onde se assenta uma cruz vermelha aberta em branco. (imagens 49 e 50). Após a restauração passou a ser uma bandeira muito popular, usada lado a lado com a bandeira oficial do Reino, especialmente em datas festivas. Enquanto durou a Guerra da Restauração, era até mais comum ver essa bandeira hasteada do que a bandeira oficial criada por D. João IV. Esta bandeira foi usada, segundo alguns historiadores, nas campanhas contra os espanhóis. 51 3 - De D. Sebastião Triunfante a Revolução e proclamada a Restauração, isto é, com o fim do domínio da Dinastia Filipina, a bandeira real voltou a ser a anterior. Assim, em 15 de Dezembro, teve lugar a aclamação de D. João IV e a bandeira real desfraldada pelo Alferes-Mor, nesse acto solene, foi a bandeira branca com o escudo nacional e a coroa fechada que se vinha usando desde D. Sebastião (imagens 51 a 53), excepto num pequeno detalhe estético - o regresso ao escudo português redondo. No essencial, esta foi a base da bandeira usada por Portugal até ao liberalismo. 4 - Da Imaculada Conceição Por decreto de 25 de Março de 1646, D. João IV declara Padroeira do Reino nossa Senhora da Conceição e agrega à bandeira nacional uma orla azul (imagens 54 e 55). Esta bandeira foi usada não apenas em Portugal mas também em todo o Império. Como bandeira pessoal D. João IV adoptou as armas nacionais com fundo azul, da Imaculada Conceição (imagens 56). 5 - Príncipe do Brasil Como ficou dito anteriormente, é no reinado de D. João IV, a partir de 1645, que o herdeiro da coroa passou a intitular-se príncipe do Brasil caso fosse varão, sendo conferido ao príncipe D. Teodósio e de futuro destinado ao herdeiro da coroa. A esfera armilar 52 serviu como figura fundamental da representação do referido título (imagem 57). Sendo menina ser-lhe-ia atribuído o título de princesa da Beira. B - D. Pedro II (1683-1706) Durante os reinados seguintes até ao de D. Maria I, não sofre alteração a bandeira nacional. Em 1667 dá-se o golpe de estado que afasta do poder D. Afonso VI e coloca na regência do reino o seu irmão D. Pedro II, que procede a nova mudança na bandeira (pelos mesmos motivos que D. Afonso III, D. João I e D. Manuel I). Como regente altera a bandeira, que altera novamente a partir do momento em que passa a ser rei, passando o escudo da bandeira de clássico ou peninsular, redondo na parte inferior, a francês, isto é, com a parte inferior terminando dentro dos princípios da heráldica, terminando em ponta como o escudo. Passa igualmente de coroa fechada com três arcos a cinco arcos visíveis, simbolizando assim um novo reforço da autoridade régia (imagens 59 e 60). D. Pedro usou como bandeira pessoal o escudo real encimado pela coroa real fechada, ou seja, as armas nacionais sobre fundo verde (imagem 61). C - D. João V (1706-1750) 1 - Nacional Com a subida ao trono de D. João V, as mudanças na bandeira são meramente cosméticas, atendendo apenas ao gosto da época barroca. A borda inferior passa a 53 terminar em arco contracurvado (escudo dito francês) e é acrescentado um barrete púrpura à coroa real. Notese, no entanto, a importância simbólica da cor púrpura, que é a cor imperial por excelência (imagem 62). 2 - Bandeira pessoal D. João V usou as armas nacionais assentes num pavilhão vermelho/púrpura como seu estandarte pessoal (imagem 63). 3 - “Cartola” Com D. João V, também o escudo se modifica quanto à sua forma, passando a ser do género “cartela” (imagem 64), mais fantasiado, ao gosto da época, e são-lhe adicionados elementos figurativos que o sobrecarregam; mas as características fundamentais não foram nunca alteradas. A essa alteração não é alheia a descoberta de ouro no Brasil, que possibilitou o financiamento de tantas das obras e de todo o fausto deste reinado, incluindo a atribuição, por parte do Papa, da dignidade de Patriarcado à cidade de Lisboa (1716) e a concessão do título de Sua Majestade Fidelíssima a el-rei D. João V e seus sucessores (1744). À medida que nos aproximamos do final do século XVIII, o formato exterior do escudo torna-se mais intrincado e complexo, de acordo com os padrões artísticos da época, influenciados pelo rococó. Salvos estes pormenores, de pouca importância, pode afirmar-se que até ao reinado de D. Maria I e começo 54 do reinado de D. João VI, a bandeira nacional se manteve como vinha sendo usada desde D. Sebastião. D - Dª. Maria I (1777-1816) Em 1806, dá-se uma grande reorganização do Exército Português, introduzindo-se um novo Plano de Uniformes. Nesse Plano de Uniformes, aparece claramente especificado, pela primeira vez, o desenho, cores e distribuição das bandeiras regimentais. Ficou estabelecido que cada unidade de infantaria teria duas bandeiras regimentais. A 1ª bandeira seria esquartelada de quatro peças de azul e quatro de vermelho escarlate, com uma bordadura contra-esquartelada e, sobretudo, uma aspa de amarelo. Ao centro teria um círculo branco com as Armas Reais e, em cada um dos quatro cantões, o Monograma Real assente sobre um quadrado branco. A 2ª bandeira teria o campo de uma só cor branco, azul ou amarelo, conforme o forro do uniforme do regimento, cuja cor indicava a divisão a que pertencia a unidade - com as Armas Reais ao Centro e Monogramas Reais nos quatro cantões. Em ambas as bandeiras seriam colocados listeis brancos com os nomes das unidades. Nos regimentos de cavalaria existiriam quatro estandartes - um por esquadrão - de desenho semelhante ao das segundas bandeiras das unidades de infantaria, mas de dimensões menores. Cada esquadrão regimental tinha um estandarte de campo de cor diferente - branco, azul, amarelo ou vermelho. Além disso, cada bandeira ou estandarte, tinha um laço atado, cujas cores identificavam o regimento dentro de cada divisão. 55 Este modelo de bandeiras foi usado durante a Guerra Peninsular. Algumas unidades que mais se distinguiram, foram homenageadas com acrescentamentos às suas bandeiras. Um exemplo foi o Regimento de Infantaria Nº 9, em cujas bandeiras foi colocado, à volta das Armas Reais, um listel com os dizeres: E julgareis qual é mais excelente, se ser do Mundo Rei, se de tal Gente. Eventualmente, estas bandeiras foram também usadas pelo Exército Miguelista durante a Guerra Civil, já que as cores nacionais desta facção continuaram a ser o azul e o vermelho. No entanto, em algumas gravuras representando tropas, estas aparecem levando bandeiras brancas com as Armas Reais, semelhantes à, então, bandeira nacional (de hastear). E ) D. João VI (1816-1826) 1- Reino Unido de Portugal, Brasil, e Algarves Quando em 1807 os franceses invadiram Portugal, reconheceu-se a necessidade de se ressalvar a continuidade da soberania portuguesa transferindo a Família Real e a Corte para o Rio de Janeiro e ficando a Metrópole a ser dirigida pelos Governadores para esse fim nomeados. Instalada a Corte no Brasil, o desenvolvimento verificado nesta colónia justificou a sua elevação à categoria de Reino, agora ainda mais necessária por ser a sede do Governo e por isso, em 16 de Dezembro de 1815, por decreto do príncipe regente D. João, assinado em 16 de Dezembro de 1815, o Brasil foi elevado à 56 condição de Reino dentro do Estado Português, que passou a ter a designação oficial de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Oito dias depois, a 20 de Março, morre D. Maria I e sucede-lhe no trono o Príncipe do Brasil, D. João, que desde 1799 exercia a regência em nome de sua mãe por motivo da doença desta. Dois meses depois de ter subido ao trono, D. João VI, por Carta Régia de 13 de Maio de 1816, resolveu modificar as armas nacionais de modo a ficarem de acordo com a nova denominação oficial de Reino Unido (imagens 65 e 66). O Brasil não tinha até então armas próprias, mas durante todo o período colonial usara frequentemente a esfera armilar de D. Manuel como emblema, e foi assim este o símbolo escolhido para figurar as armas do Brasil para o efeito de se adicionar às armas que constituíram o novo escudo do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Nesta nova disposição, as armas nacionais ficaram assentes sobre uma esfera armilar de ouro forrada de azul, tendo sobreposta a coroa real. Manteve-se a Corte portuguesa no Brasil durante quatorze anos. Em 22 de Abril de 1821 o infante D. Pedro foi investido nas funções de regente do Brasil, e, dois dias depois, D. João VI embarcou para Portugal. O movimento separatista brasileiro, aliás de fundas raízes anteriores, concretiza-se com o grito do Ipiranga em 7 de Setembro de 1822, e a aclamação de D. Pedro, como imperador do Brasil, em 12 de Outubro do mesmo ano. Conhecido o facto em Lisboa e verificada a impossibilidade de se manter a unidade anterior, por 57 Carta Patente de 13 de Maio de 1825, D. João VI eleva o reino do Brasil à categoria de império, reservando para si o título de imperador e, pelo Tratado do Rio de Janeiro de 15 de Novembro do mesmo ano, reconhece a independência do Brasil e a sua separação dos Reinos de Portugal e Algarves. Deixou a partir desta data de ter qualquer justificação a transformação que se operara no escudo nacional que voltou a ter a anterior configuração. A bandeira do Reino Unido tinha consagrado a esfera armilar como elemento heráldico representativo das armas brasileiras, escolha que estava amplamente justificada pelo seu valor como símbolo da expansão portuguesa e pela sua consagração em tantas lutas e vitórias anteriores. 2 - Príncipe Real Como dito anteriormente, no reinado de D. Duarte, em 1815, com a elevação do Brasil à condição de Reino dentro do chamado Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o herdeiro presuntivo da coroa passa a ser chamado Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e, finalmente, após a independência do Brasil, Príncipe Real de Portugal, título que ainda hoje se mantém (imagem 67). F - D. Miguel I (1828-1834) As ideias liberais, e as profundas transformações operadas pela Revolução Francesa, alastraram-se por toda a Europa, e originaram em Portugal uma crise 58 grave, que se pode considerar iniciada com o movimento de Gomes Freire em 1817 e que veio a provocar a guerra civil. Em 1820 deu-se a revolução das Juntas e, por virtude dela, elaborou-se a constituição, que foi jurada por D. João VI em 1 de Outubro de 1822. A crise agrava-se com a morte de D. João VI, em 1826, e a instituição de um Conselho de Regência, que governaria o país “enquanto o legítimo herdeiro e sucessor desta coroa não der as suas providências”, pois a falta de precisa indicação do herdeiro legítimo fundamentaria as lutas entre os partidários de D. Pedro, defensores das novas ideias, e os de D. Miguel, que lutavam pelas doutrinas tradicionalistas. D. Pedro, outorga a Carta Constitucional em 29 de Abril de 1826, e abdica em sua filha D. Maria da Glória. D. Miguel assume o poder, convoca os Três Estados e considera-se rei absoluto. Tendo a independência do Brasil sido oficialmente reconhecida em 1825 por Portugal (Tratado do Rio de Janeiro), após a morte do rei D. João VI, em Março de 1826, voltou-se à antiga expressão da bandeira, adoptada por D. João V em 1707. Com efeito, não fazia sentido manter nas armas nacionais um símbolo que representava um país agora independente. Esta bandeira foi abandonada em 1830 pela rainha D. Maria I e pelos liberais. Foi usada pelos partidários de D. Miguel I e do absolutismo até à sua derrota e capitulação em Évora Monte, em 26 de Maio de 1834 (imagem 68) frente aos liberais. D. Maria II sobe ao trono seguindo-se um período de agitação política que se prolonga pelos reinados seguintes. 59 G) D. Pedro IV (1834) 1 - Do Liberalismo A nova bandeira criada após as vitórias liberais e a que a seguir nos vamos referir, sagrou-se assim com o sangue dos heróis e manteve a continuidade da representação pátria dos pavilhões anteriores. Discutese -se quais as razões que levariam os constitucionalistas a escolher a cor azul para a nova bandeira. Segundo o decreto de D. João VI, de 22 de Agosto de 1821, revogando o decreto de 7 de Janeiro de 1796, determinava-se que se alterasse as cores azul e branca em vez de escarlate e azul como anteriormente tendo as duas cores sido escolhidas por “serem aquellas que formárão a divisa da nação portuguesa desde o princípio da monarchia em mui gloriosas épocas da sua História”. Também se considera, porém, que a escolha resultou do desejo de glorificação do espírito católico e profundamente mariano do povo português, referenciando-se o azul à cor do manto da Padroeira do Reino, e esse era até a opinião da Comissão que em 1910 foi nomeada para se escolher a nova bandeira republicana. É de recordar efectivamente que, desde a restauração, Portugal fora consagrado à Imaculada Conceição de Vila Viçosa por decreto de 25 de Março de 1646, pelo que a preocupação de manter e vincar bem a adesão aos princípios religiosos nacionais da parte dos defensores das novas ideias deve ter tido influência predominante. 60 A bandeira liberal foi usada em dois períodos: entre 1820 e 1826, e a partir de 1830 até 1910. Na primeira fase, 1820 e 1826, esta bandeira foi usada em Portugal e em todo o império com o nome de Bandeira Constitucional. Na sequência da Revolução do Porto de 1820, as cortes constituintes portuguesas estabeleceram a Monarquia Constitucional e decretaram nova alteração na bandeira portuguesa: o campo da bandeira seria azul e branco – cores do escudo de D. Afonso Henriques, que consolidou o reino português. Também desaparecia o globo armilar, uma vez que esta bandeira, a constitucional, não representava mais o Reino Unido. Na segunda fase, pelo decreto de 18 de Outubro de 1830, emitido pelo Conselho de Regência em nome da rainha Maria II de Portugal, Conselho esse que se achava exilado na Ilha Terceira, no quadro da guerra civil de 1832–1834 (imagens 69 e 70), eram decretadas as características da nova bandeira. Este determinava que a bandeira nacional passaria a ser bipartida de azul e branco com as armas reais assentando sobre as duas metades. Sobre o conjunto, ao centro, deveria assentar as armas nacionais, metade sobre cada cor. Reza a tradição que a primeira bandeira constitucionalista teria sido bordada pela própria rainha Maria II de Portugal e trazida para o continente pelos Bravos do Mindelo, quando desembarcaram nas proximidades em Vila do Conde para conquistarem o Porto, onde viriam a ficar sitiados ao longo de mais de um ano. 61 Nas bandeiras regimentais, as duas cores teriam a mesma dimensão, mas na bandeira da marinha e na bandeira comercial o azul representaria apenas um terço da bandeira. O escudo nacional manteve-se sem alteração, e só a sua forma passou a ser a do escudo francês, isto é, com a parte inferior terminada em ponta, em vez da forma clássica ou peninsular. Ao contrário do que acontecia anteriormente, as bandeiras regimentais do Regime Constitucional passaram a seguir de perto o modelo da bandeira nacional (de hastear), com algumas diferenças de pormenor. A partir de 1868, cada regimento passou a ter uma única bandeira - igual tanto para as unidades de infantaria como nas de cavalaria - bipartida de azul e branco, com as Armas Nacionais ao centro, rodeadas de vergônteas verdes e com um monograma real em cada um dos quatro cantões. Normalmente, sob as Armas Nacionais era colocado um listel com o nome da unidade. Este modelo de bandeira esteve em vigor, até ao fim da monarquia em 1910. No período liberal estabelece-se de forma mais concreta a distinção entre a bandeira nacional e o pavilhão real. Como já se teve ocasião de mencionar, a distinção entre os dois símbolos foi gradualmente evoluindo e desde cedo que, a par da bandeira nacional, surgiu o estandarte do rei. A cor vermelha para o estandarte real prevaleceu. No período constitucional, encontramos o estandarte de D. Pedro IV representado por uma bandeira vermelha semeada de castelos de ouro, e após a subida ao trono 62 de D. Maria II passou a ser vermelho com as armas reais ao centro debruadas de ouro. 2 - Do Liberalismo – para uso marítimo Tem-se gerado alguma controvérsia acerca das proporções do branco e do azul nesta bandeira. A bandeira para uso terrestre era bipartida de branco e azul. A bandeira para uso naval, essa sim, apresentava o azul e o branco na proporção de 1:2, um pouco à semelhança do que sucede com o actual pendão nacional português (imagem 71). 3 - Estandarte imperial É representado por uma bandeira vermelha semeada de castelos de ouro (imagem 72). H) Dª. Maria II A bandeira pessoal passou a ser vermelha com as armas reais ao centro debruadas de ouro. I) D. Pedro V Para além da bandeira nacional, usava a sua bandeira pessoal (imagens 76 e 77). 63 Capítulo V República Em 5 de Outubro de 1910 foi proclamada a República. Formado o Governo Provisório, em 15 do mesmo mês, por Portaria do Ministro do Interior, Dr. António José de Almeida, foi nomeada uma Comissão constituída por Abel Acácio de Almeida Botelho, Columbano Bordalo Pinheiro, João Chagas, José Afonso Pala e António Ladislau Parreira, Comissão que teria o encargo de apresentar um projecto sobre a nova bandeira nacional. A escolha e características da nova bandeira suscitaram polémicas e campanhas jornalísticas, tendo sido apresentados diversos projectos, um dos quais, acesamente defendido por Guerra Junqueiro, Braancamp Freire e António Arroio, preconizava se mantivessem como cores fundamentais o azul e branco da bandeira do regime monárquico, substituindo-se apenas a coroa real por símbolos apropriados. Na bandeira de Guerra Junqueiro, este dizia que "A bandeira nacional é a identidade duma raça, a alma dum povo, traduzida em cor. O branco simboliza inocência, candura unânime, pureza virgem. No azul há céu e mar, imensidade, bondade infinita, alegria simples. O fundo da alma portuguesa, visto com os olhos, é azul e branco." A Comissão, porém, entendia que as cores da nova bandeira deveriam ser o verde e o vermelho, por terem sido estas as cores da bandeira revolucionária que tinha sido arvorada na Rotunda e nos navios de guerra. 64 O problema da escolha na nova bandeira e das suas características, e as polémicas que suscitou a sua mudança, não constituíam caso inédito. Em todos os países, sempre que se verificaram transformações políticas de vulto, se observaram modificações nas bandeiras. Recordemos, por exemplo: - que em França a escolha das cores azul e vermelha da cidade de Paris, que os revolucionários de 1789 aditaram ao branco da bandeira real, suscitou grandes discussões quando, com a subida ao trono de Luís Filipe, se teve de escolher a bandeira nacional; - que o Nacional Socialismo alterou totalmente o pavilhão alemão - também a República de Weimar modificou as cores e a disposição da antiga bandeira imperial, etc. Entendia a Comissão que as cores azul e branca não deveriam prevalecer sobre as cores verde e vermelha que defendia, por tais cores não terem a consagração que a Comissão considerava ter resultado do esforço da Grei na proclamação do novo regime, e que o simbolismo das novas cores se enquadrava melhor nos anseios da Nação para os novos rumos em que ia ser orientada. No seu livro, “A Bandeira Nacional”, o senhor capitão Olímpio de Melo apresenta desenvolvida explicação das polémicas e campanhas jornalísticas então levantadas e nesse estudo se observa que “também foi muito discutido na época a escolha da esfera armilar em que assentaria o escudo nacional, preconizada pela Comissão”. Entendiam uns que a esfera representava uma lamentável referência ao símbolo pessoal de D. Manuel I, e outros opinavam que tal símbolo 65 justificado embora na bandeira de D. João VI por ser representação heráldica do Brasil, era absolutamente inadequado dentro do critério do momento. A Comissão porém achava que a esfera armilar devia ser posta na bandeira como “padrão eterno do nosso génio aventureiro e da nossa existência épica e sonhadora, pelo que o símbolo não constituía uma referência ao emblema pessoal de D. Manuel I nem uma relacionação com o símbolo heráldico brasileiro, mas unicamente a representação da expansão portuguesa e a sua missão criadora de novos mundos. No relatório da Comissão, aliás nem sempre isento de erros de apreciação e com manifestas deficiências heráldicas, fundamenta-se a escolha das novas cores e a figuração das armas nacionais, com bastante desenvolvimento e marcada exaltação patriótica que não pode deixar de ser devidamente anotada. Apresentado o Relatório e Parecer da Comissão ao Governo e à Assembleia Nacional Constituinte, foi publicado em 20 de Junho de 1911 o Decreto da Assembleia Nacional que aprovou a constituição da nova bandeira (de hastear), e que foi regulamentado em 30 do mesmo mês, com o número 150. Nos termos destas disposições legais, a bandeira nacional é bipartida de verde-escuro e vermelho escarlate, no sentido vertical, com o verde do lado da tralha e com o escudo assente sobre a esfera armilar de amarelo, colocado metade na parte verde e a outra metade na parte vermelha. Tanto a esfera armilar como os castelos são debruados a preto. O comprimento da bandeira é de vez e meia a altura da tralha e as duas 66 cores estão dispostas de modo a corresponder dois quintos ao verde e três quintos ao vermelho. O referido decreto regulamentava igualmente as bandeiras regimentais das unidades militares. Estas, tal como as bandeiras regimentais da monarquia constitucional, seguiam de perto o modelo da bandeira nacional. Segundo o referido Decreto: Nas bandeiras das diferentes unidades militares, que serão talhadas em seda, a esfera armilar, em ouro, será rodeada por duas vergonteas de loureiro, também em ouro, cujas hastes se cruzam na parte inferior da esfera, ligados por um laço branco, onde, como legenda imortal, se inscreverá o verso camoneano: Esta é a ditosa pátria minha amada. Altura d'esta bandeira - 1,20 m. Comprimento - 1,30 m. Diâmetro exterior da esfera - 0,40 m. Distância entre o diâmetro da esfera e a orla superior da bandeira - 0,35 m. Distância entre o diâmetro da esfera e a orla inferior da bandeira - 0,45 m. Apesar do Decreto de 1911 ter estabelecido, com grande precisão, o padrão básico das bandeiras regimentais, vários regulamentos posteriores, estabeleceram padrões diferentes para os diversos ramos das Forças Armadas. Esses regulamentos, que foram diversas vezes alterados, estabeleceram dimensões e desenhos variados. A forma como se encontra redigido o Decreto regulamentar contém deficiências de técnica heraldística que levaram os estudiosos a definir de forma correcta e precisa as armas nacionais. 67 O Dr. Armando de Mattos, no seu já citado livro, entende que as armas nacionais devem ser designadas da forma seguinte: “em campo de prata, cinco escudetes de azul postos em cruz e carregado cada um de cinco besantes do primeiro, postos em aspa. O escudo com bordadura de vermelho carregado de sete castelos de ouro postos três em faixa e dois a cada flanco. Escudo assente sobre uma esfera armilar de ouro, debruada de negro. Formato clássico ou peninsular”. Na sua forma actual a bandeira portuguesa tem pouco mais de cem anos de existência. O verde e o vermelho com que ela se ordenou são hoje cores sagradas regadas por sangue generoso em defesa da Pátria, pois: - acompanhou os heróis que em França escreveram a epopeia de La Lys; - serviu de mortalha na gesta cavalheiresca da Carvalho Araújo - foi amparo, guia e estímulo dos que fixaram e defenderam os territórios ultramarinos em Naunila, em Mecula, em Nevala, no Rovuma, nos Cuanhamas e em tantas outras e tão gloriosas acções. Símbolo augusto da perenidade da nação portuguesa drapeja altiva, recordando às novas nações que: - quando o resto da Europa mergulhava nos conflitos de que surgiriam os Estados, já Portugal definira a sua unidade metropolitana - quando em muitas regiões do globo as populações viviam no período do neolítico, já Portugal alargara a civilização cristã a outros continentes. A sua sombra continuará na presente provação a proteger a unidade de todos os portugueses, permitindo 68 que, na continuidade da sua missão, se possa dizer ao Mundo: Canto X – Est. XCIV “Dest’arte se esclarece o entendimento Que experiências fazem, repousado; Canto VI – Est. XCIX “Não faltarão cristãos atrevimentos Nesta pequena casa lusitana. 69 2º GRUPO – IMAGENS DAS BANDEIRAS A) ANTES DA INDEPENDÊNCIA 1 – Bandeira da Casa de Borgonha, e de Portugal nos reinados de D. Sancho I, D. Afonso II e D. Sancho II B)FUNDAÇÃO 2-Da Fundação e de S. Miguel 3-De Marselha (França) 70 C) BATALHA DE OURIQUE 4- S. Tiago, o mata-mouros 5 - Sonho 6 - aparição 7 – Ermida alusiva à batalha 8 – Monumento alusivo à batalha 71 9-Estátua de D. Afonso Henriques 10-Ourique monumento alusivo à batalha 11-Brasão da vila de Ourique 12-Castro Verde – Monumento alusivo à batalha 13 e 14 - Vila Chã de Ourique - Monumento comemorativo dos 850 anos da batalha 72 15 – Moeda comemorativa da batalha D) 1ª. DINASTIA 16 – 1ª. bandeira das quinas de D. Afonso Henriques 17 - De D. Afonso III a D. Fernando 1 18-De D. Afonso III (ainda Duque da Borgonha – França) 73 19-De D. Afonso III a D. Fernando 2 20-De D Afonso III a D. Fernando 3 E) 2ª. DINASTIA 21 – De Castela e de Portugal 22-De Castela e de Portugal 2 74 23 - De S. Nuno de Santa Maria 24 – De Avis (1385-1475; 1479-1485) 25- Estandarte do príncipe herdeiro 26-De Portugal, de Castela e de Leão 27-De D. João II (1) 28 – De D. João II (2) 29 – De D. João II (3) a D. Sebastião 75 31 – De D. Manuel I (3) e de e de D. João III (3) 30 - De D. Manuel I (2) e de D. João III (2) 33 – De D. Manuel I (5) 32- De D. Manuel I (4) 34 – De D. Manuel I (6) 76 34-De D. Manuel I (7) 35-De D. Manuel I (8) 36 - De D. João III (4) 37- De D. João III (5) 39 – De D. Sebastião (3) a Dª Maria I 38- De D. Sebastião (2) até 1640 77 40 – De D. Sebastião (4) 41 – De D. Sebastião (pessoal) F) 3ª DINASTIA 41- Domínio filipino 1 (3) 42-Domínio filipino 2 (4) 43-Dos Habsburgos (5) 78 44-Bandeira Real (6) (1600-1700) 45-Bandeira Real 2 (7) (1600-1700) 46-Bandeira Real 3 47-Bandeira Real 4 (1600-1700) (8) (1600-1700) (9) G) 4ª DINASTIA 48-Da Casa de Bragança 79 49-Da Restauração 1 (6) 50-Da Restauração 2 (7) 51-De D. João IV (8) e de D. Afonso VI (6) 52-De D. João IV (9) e de D. Afonso VI (7) 53-Da Imaculada Conceição (10) 54-Da Imaculada Conceição (11) 80 55-De D. João IV (pessoal) 56-Do Príncipe do Brasil 57-Para a Índia e para a América 59-De D. Pedro II (pessoal) 58-De D. Pedro II (6) 60-De D. João V, D. José, D. Pedro III e de Dª. Maria I (2 em todos) 81 61-De D. João V (pessoal) 62-De 1750 (3) 63-1ª. bandeira regimental 64-2ª bandeira regimental 65-Do Reino Unido de Portugal, 66-Do reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves Brasil e Algarves (alternativa) 82 67-Do Príncipe Real 68- Usada pelos miguelistas (1826-1834) 69) Do Liberalismo (1) 69-Do Liberalismo (1) 70-Do Liberalismo (2) 71-Do Liberalismo (Para uso marítimo) 72-Estandarte imperial de D. Pedro IV 83 73-Jaque Naval miguelista (1826) 75-Regimental (pessoal) 74-Jaque naval liberal 1830 76-De Dª. Maria II 77-De D. Pedro V (pessoal 1) 78-De D. Pedro V (pessoal 2) 84 H) OUTRAS 79-Usado pelo soberano em exercício de funções (D. Manuel II) 80-Bandeira moderna com escudo ibérico 81- De D. Duarte, duque de Bragança 82- Proto-monárquica 85 I) REPÚBLICA a) NOVA BANDEIRA 1 – Nacional actual 2 - Regimental 1) Origens 3 -Da Carbonária 4-Do Grande Oriente Lusitano (Maçonaria) 86 b) PROPOSTAS 1) Ligadas à República 5-1º Projecto da Comissão Oficial 7-De Aníbal Rodrigues 6-De A. Rigaud Nogueira 8-De J. S. Ferreira 9-De António Augusto Macieira 87 10-De Delfim Guimarães e Roque Gameiro 2) Conjuga-se Monarquia e República 11-De Duarte Alves G. Leal 12-De Carvalho Neves 13-De J.A.E.S. 14- De António M. de Sousa 15 – De Augusto Jorge Fernandes Casanova 88 3) Ligadas à Monarquia 16-De Guerra Junqueiro 17-Da Comissão Portuense 18 – De José Pereira de Sampaio~ (Bruno Ferreira) 20 – De Henrique Lopes de Mendonça 19 De Albano Ferreira 21-De António Arroyo 89 22- De Álvaro A. Da Silva Foito 23-De Alfredo Pinto da Silva 24- De Francisco Ferreira Marques 4) Outras 25-De um professor de ensino livre 90 26-Joaquim Augusto Fernandes 27-De A. P. S c) ÓRGÃOS DE SOBERANIA 1) Nacionais 28-Do Presidente da República 30-Da Assembleia da República 91 29-Do 1º Ministro 31-Dos Ministros 32-Dos Governadores Civis de Distrito 2) Províncias Ultramarinas 33-Do Alto Comissário 34-Do Governador de Província 35-Do Governador de Distrito 92 36-Do Governador Geral 37-Do Intendente Distrital 38-Do Inspector Administrativo 39-Do Oficial da Província Ultramarina 3) Regiões autónomas 40-Açores 93 4) Propostas para bandeiras ultramarinas 41-Angola 42-Cabo-Verde 44 – Guiné 43 - Estado Português da Índia 45-Macau 46-Moçambique 94 47-S. Tomé e Príncipe 48-Timor 5) Macau 49-Do Governador 50-Do Comandante-Chefe do Exército 51-Bandeira 1 do Leal Senado 95 52-Bandeira 2 do Leal Senado 53- Do Leal Senado (Pouco usada) 54 - Da Colónia Portuguesa 55 - Província Portuguesa de Macau 56-Macau 57-Governo de Macau 96 3ª. PARTE - ORAÇÕES 1 - Quinquenário de preparação para a Festa 2 de Fevereiro 1º dia Obediência de Jesus Cristo recebendo as chagas É certo que a culpa original com que Adão maculou toda a sua descendência, assim como igualmente os pecados com que cada um dos homens se têm feito e farão réus da vingança do Eterno, nada menos são na sua essência do que uma desobediência formal à lei e aos preceitos de Deus: dizendo o Apóstolo que o pecado não entraria no mundo nem ele mesmo o teria, se a lei que proíbe, não existisse. E que satisfação se poderia achar condigna para uma desobediência tal, que não fosse a obediência profunda do Verbo Humanado? Obediente por isso, o humilhado até à morte, e morte de cruz, Ele mesmo, sabendo que o sangue era necessário para ser revogado o decreto da condenação eterna, sofreu voluntariamente ser cruelmente atormentado pelas maldades do homem, e que sobre as inumeráveis feridas Lhe abrissem as cinco chagas adoráveis e preciosas! Sim, elas são o sacrifício público da humildade e obediência. Tu portanto, ó minha alma, considera atentamente o exemplo que Jesus Cristo te deu, e aprende nas cinco 97 chagas os documentos para chegares a ser humilde como Ele, e conseguires felizmente o descanso eterno. Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria Jaculatória Queremos obedecer-Vos, Querido e doce Jesus; Pois por nós obedecestes Até morrer numa cruz Antífona Eu sou a Vossa Redenção. As Minhas mãos que vos fizeram, foram trespassadas por cravos. Por vossa causa fui morto com flagelos e coroado de espinhos. Pendente na cruz pedi água e deram-Me fel e vinagre, e com uma lança Me traspassaram o Lado. Depois de morto e sepultado ressuscitei. Estou convosco e vivo eternamente. V. Verão a quem trespassaram. R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho primogénito. Oração Ó Deus, que na Paixão de Vosso Filho Unigénito, e pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas, resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado. Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas 98 cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue mereçamos ser recebidos no Céu. Pelo mesmo Cristo nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amen 3 de Fevereiro 2º dia Paciência de Jesus Cristo recebendo as chagas Nada há nas chagas de Jesus Cristo e em todo o sacrifício da cruz, que não seja digno da maior admiração. Mas é bem distinto o lugar que em nossa consideração deve ter a paciência admirável com que Ele recebeu em Seu Corpo sagrado as mesmas chagas e padeceu tantas dores. Em Isaías lê-se que, exposto aos mais cruéis tormentos, mas semelhante ao manso cordeiro que sofre a morte sem se queixar, Ele também havia de padecer as aflições e as angústias sem abrir a boca uma só vez. Chagas dignas da maior veneração! Paciência digna do maior louvor! Tu portanto, ó minha alma! Reflecte bem a doutrina que o Redentor do mundo te dá com a Sua paciência. E, sem te afligires, procura sofrer tudo com profunda paciência e perfeita resignação, assim como Jesus Cristo fez para te remir e salvar. Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria 99 Jaculatória Por vossas chagas, Senhor, Que são rios de clemência, Alcancem as nossas almas Verdadeira paciência. Antífona Eu sou a vossa redenção. As Minhas mãos que vos fizeram, foram trespassadas de cravos. Por vossa causa fui morto com flagelos e coroado de espinhos. Pendente na cruz pedi água e deram-Me vinagre fel, e com uma lança traspassaram-Me o Lado. Depois de morto e sepultado ressuscitei: estou comvosco e vivo eternamente. V. Verão a quem trespassaram. R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho primogénito. Oração Ó Deus, que na Paixão do Vosso Filho Unigénito, e pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas, resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado. Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue mereçamos ser recebidos no céu. Pelo mesmo Cristo nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amen 100 4 de Fevereiro 3º dia Jesus Cristo recebeu as chagas a impulsos de sua ardente caridade Ver o Filho unigénito do Deus vivo, feito homem, estendido sobre o madeiro da cruz, com as mãos e pés trespassados de duros cravos, e com o peito rasgado ao golpe de uma aguda lança não é outra coisa se não ver a infinita caridade em que o Seu Coração se abrasava por levar ao maior extremo as incompreensíveis finezas do Seu Amor para com os homens. A Sua missão teve toda a origem na caridade imensa do Pai Eterno, de quem se diz no Evangelho que por amor extremo enviara ao mundo o Seu Filho Unigénito para o remir e salvar. E sendo este o seu princípio, como não seria também semelhante o seu fim? Sim, caridade de Jesus Cristo, caridade a mais extremosa! Ela tudo sofre, tudo padece, diz o Apóstolo. Tu, portanto ó minha alma! Ouve e atende o mesmo Jesus que te fala por Suas chagas. Separando de ti todo o pensamento de vingança e de ódio, procura somente amar a Deus e ao próximo como a ti mesmo, para que sejas digna das Suas Chagas. Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria 101 Jaculatória Pois que a impulsos de amor Quisestes ficar chagado, Fazei que por Vosso amor Viva eu crucificado. Antífona Eu sou a vossa redenção. As Minhas mãos que vos fizeram, foram trespassadas de cravos. Por vossa causa fui morto com flagelos e coroado de espinhos. Pendente na cruz pedi água e deram-Me vinagre fel, e com uma lança traspassaram-Me o Lado. Depois de morto e sepultado ressuscitei: estou convosco e vivo eternamente. V. Verão a quem trespassaram. R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho primogénito. Oração Ó Deus, que na Paixão do Vosso Filho Unigénito, e pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas, resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado. Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue mereçamos ser recebidos no céu. Pelo mesmo Cristo nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amen 5 de Fevereiro 102 4º dia Jesus Cristo triunfa pelas Suas chagas. O mundo não podia ser resgatado sem o império do pecado ser vencido. E a quem seria reservada esta vitoria, senão a um Deus humanado, e ao valor infinito das Suas chagas? A carne tinha corrompido com os seus vícios a geração dos mortais. O mundo tinha cativado com as suas enganosas delícias o coração ambicioso dos homens. O Inferno tinha igualmente aberta a negra boca para absorver no seu seio os filhos desgraçados de Eva. Cruéis inimigos! Eles dominavam absolutos em todo a terra. Um, porém, havia de ser digno, segundo a frase do Apóstolo, de destruir o poder das trevas, e abrir na face do orbe o livro da vida. E este foi, sem dúvida, o filho verdadeiro do homem. Foi Jesus Cristo que quebrou os laços da culpa, e que nos remiu e resgatou pelo Sangue Precioso das Suas Chagas. Chagas poderosas e triunfantes! À Sua vista a carne, o inferno, e o mundo ficaram destruídos, e o seu império não existirá jamais. Tu, portanto, minha alma, considera bem como Jesus Cristo venceu os seus inimigos por meio das penetrantes Chagas, e aprende a procurar nas mortificações e nas dores o escudo seguro, ao abrigo do qual possas chegar um dia a gozares vitoriosamente a glória, que esperas. Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria 103 Jaculatória Para sermos triunfantes Das astúcias do inferno, Estampai em nossas almas Vossas Chagas, Deus Eterno Antífona Eu sou a vossa redenção. As Minhas mãos que vos fizeram, foram trespassadas de cravos. Por vossa causa fui morto com flagelos e coroado de espinhos. Pendente na cruz pedi água e deram-Me vinagre fel, e com uma lança traspassaram-Me o Lado. Depois de morto e sepultado ressuscitei: estou comvosco e vivo eternamente. V. Verão a quem trespassaram. R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho primogénito. Oração Ó Deus, que na Paixão do Vosso Filho Unigénito, e pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas, resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado. Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue mereçamos ser recebidos no céu. Pelo mesmo Cristo nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amen 104 6 de Fevereiro As chagas de Jesus Cristo fazem toda a nossa felicidade A morte, diz S. João no Apocalipse, nunca mais voltará a recuperar o seu império. Nem o luto, nem a aflição, nem as dores, a que estavam sujeitos os filhos de Adão debaixo do jugo do pecado, serão jamais conhecidos. E, na verdade, Jesus Cristo pregado na cruz triunfou dos nossos inimigos por Suas chagas, e estas Chagas santíssimas foram a nossa felicidade eterna. Chagas preciosas! O inimigo poderá tentar ainda semear o joio e a cizânia entre o trigo escolhido. E a serpente antiga poderá armar ainda perigosos laços. Mas nas Chagas de Jesus Cristo os homens terão sempre o seu refúgio. Chagas por extremo adoráveis! Sim, por elas é que nós temos no Céu aquele Pontífice piedoso, de quem fala S. Paulo, que se compadece das enfermidades dos homens. Tu, portanto, ó minha alma! Considera quanto as Chagas de Jesus te fizeram feliz, e procura pela prática das virtudes fazer-te digna em todo o tempo de beberes as águas preciosas da vida, que dimanam das Chagas preciosas do Salvador. Cinco vezes o Pai nosso e a Ave Maria Jaculatória 105 Vossas chagas gloriosas, Sinais da Vossa Bondade, Sejam, para Vos amarmos, A nossa felicidade. Antífona Eu sou a vossa redenção. As Minhas mãos que vos fizeram, foram trespassadas de cravos. Por vossa causa fui morto com flagelos e coroado de espinhos. Pendente na cruz pedi água e deram-Me vinagre fel, e com uma lança traspassaram-Me o Lado. Depois de morto e sepultado ressuscitei: estou comvosco e vivo eternamente. V. Verão a quem trespassaram. R. E lamentarão sobre ele, como na morte do filho primogénito. Oração Ó Deus, que na Paixão do Vosso Filho Unigénito, e pela efusão de sangue das Suas cinco Chagas, resgatastes a natureza humana perdida pelo pecado. Concedei-nos, Senhor, que venerando na terra as Suas cinco chagas, pelo fruto do Seu Preciosíssimo Sangue mereçamos ser recebidos no céu. Pelo mesmo Cristo nosso Senhor que conVosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amen 106 2 - Dia das 5 Chagas de Jesus (7 de Fevereiro) a - Terço doloroso meditado A Agonia de Jesus no jardim das Oliveiras Jesus é a vítima que Se ofereceu à Justiça Divina para expiar os pecados do mundo. Mas para os expiar deve fazer Seus os castigos, que são as consequências dos pecados. Castigo do pecado é a morte, e Jesus deve morrer. A morte de cruz, já por si cruel e ignominiosa, apresenta-se ao espírito do Salvador acompanhado pelo cortejo de tormentos atrozes e de profundas humilhações. Vê, pois, em quadros sucessivos, toda a Sua Paixão: desde a prisão até às cenas do Calvário, onde é crucificado nas mãos, nos pés e o Seu Coração é atravessado por uma lança. E Jesus sofre agora todos esses mistérios de indizível amargura e agonia e morre no Seu terno Coração (ou seja, no jardim das Oliveiras), antes de agonizar e morrer na Sua Santa Humanidade (ou seja, no Calvário). A Flagelação de Jesus preso à coluna Jesus foi flagelado com correias de couro com pontas de chumbo ou ou osso, habitualmente utilizadas para os escravos. Flagelado com violência espantosa, à maneira de Roma, isto é, sem número determinado de golpes. Vários estudiosos do Santo Sudário tentaram contar os golpes infligidos a Jesus: um, 80; outro, 120; outro, 90. Uma coisa é certa: as costas de Jesus ficaram reduzidas a uma chaga contínua, de carne macerada, desde a 107 cabeça aos pés, onde é impossível encontrar um pedaço de pele intacta. Por estas chagas Jesus reparou pelos pecados de luxúria que os homens cometem sem respeito pelo corpo que Deus lhes deu. Jesus é coroado de espinhos O Santo sudário mostra como ocorreu a coroação de espinhos. A grande quantidade de sangue mostra que a coroa de espinhos foi, não apenas colocada sobre a cabeça, mas repetidamente enterrada, sob pressão. A caminho do Calvário, com a cruz às costas, Jesus caiu várias vezes. Quando tal acontecia, o madeiro da cruz batia-Lhe na cabeça, premindo com força os espinhos que, cada vez, se enterravam mais na carne. Vários estudiosos têm tentado apurar quantos espinhos terão penetrado no couro cabeludo de Jesus observando os vários coágulos, conclui-se que pelo menos uns 30:13 na fronte e 20 na região occipital. Note-se, porem, que o Sudário9 cobria apenas a parte anterior e posterior da cabeça, deixando os lados em aberto. Faltam-nos, pois, documentação sobre os lados direito e esquerdo. Tendo isso em conta, podemos dar como certo que a cabeça de Jesus foi torturada pelo menos por cerca de 50 espinhos. Jesus quis, por meio destas Suas chagas, curar-nos das nossas soberbas, vaidades e honras mundanas com que nos levantamos contra Deus e os nossos irmãos. Jesus a caminho do Calvário com a cruz aos ombros 108 No Sudário vêem-se, muito bem, as feridas provocadas nos joelhos durante as quedas a caminho do Calvário, assim como os sinais do patíbulo sobre as costas. No ombro direito, nota-se uma vasta zona escuriada e contusa de forma quadrangular, com a dimensão de 9 por 10 centímetros. No ombro esquerdo há outras de iguais dimensões e características. Foram manifestamente gravadas por cima das vestes por um objecto rugoso de notável peso, o qual, apoiando-se sobre a pele, toda ela uma chaga desde a flagelação, reabriu e deformou as lesões existentes lacerando as margens e provocando outras mais profundas. A propósito destas duas feridas, vem a propósito lembrar um passo da vida de S. Bernardo. Tendo ele perguntado a Jesus qual tinha sida a maior das Suas dores, desconhecidas dos homens, recebeu a seguinte resposta: “Eu tinha uma grande ferida no ombro, em que havia carregado a cruz, e esta ferida, era mais dolorosa do que as outras. Os homens não fazem menção dela, porque lhes é desconhecida. Honrai-a, pois, e conceder-Vos-ei tudo o que Me pedirdes. Todos aqueles que a venerarem, obterão a remissão dos seus pecados veniais e graças eficazes para conseguirem o perdão dos pecados mortais que tiverem cometido”. A Paixão e morte de Jesus na cruz Observando o Sudário, vê-se que ao nível dos pulsos estão assinaladas grandes feridas. Daqui se conclui que Jesus foi crucificado com cravos enterrados nos pulsos. O cravo foi apoiado verticalmente, ao meio da prega da 109 flexão do pulso e, depois, com um golpe preciso, enterrado nos tecidos. No trajecto lesou, inevitavelmente, o nervo mediânico, o que, além de produzir dores tremendas, provocou a flexão brusca do polegar, sobre a palma, pela contracção dos músculos tenar. A crucifixão das mãos não foi fácil. Quanto à mão direita, não houve problemas. Com a mão esquerda, ou porque o cravo fosse mais grosso ou porque estivesse menos aguçado, não penetrou no ponto justo e foi necessário extraí-lo e repetir, algumas vezes, a operação. Seria interessante explicar o que aconteceu nos pés, mas isto basta para se fazer uma ideia. Quanto à chaga do Coração, é um resumo de todas as outras chagas pois diz-nos a que ponto Jesus nos amou, pois não hesitou em ficar sem qualquer Sangue em todo o Seu Corpo. E porque razão quis Jesus que as Suas cinco chagas sejam mais conhecidas que as outra? Porque elas são o meio mais claro que Jesus nos dá de mostrar que é manso, humilde e cheio de misericórdia. E Jesus quer que O imitemos. Assim, as chagas das mãos dizem-nos que as nossas mãos devem ser misericordiosas e cheias de boas obras, que devemos fazer bem ao próximo, reservando para nós os trabalhos mais duros e custosos. As Suas chagas dos pés dizem-nos que os nossos pés devem estar sempre prontos a ajudar, dominando o próprio cansaço e fadiga, que o nosso verdadeiro descanso deve ser servir os outros. Quanto à chaga do Coração, diz-nos que devemos sentir todos os sofrimentos dos outros, que devemos sentir todos os sofrimentos dos outros, que devemos conviver mesmo 110 com os que hão-de abusar da nossa bondade, e que devemos guardar silêncio sobre os nossos próprios sofrimento. b - Ladainha das 5 Chagas Senhor, tende piedade de nós Jesus Cristo, tende piedade de nós Senhor, tende piedade de nós Jesus Cristo, ouvi-nos Jesus Cristo, atendei-nos Responde-se sempre: TENDE PIEDADE DE NÓS Pai do Céu, que sois Deus, Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, Espírito Santo, que sois Deus, Santíssima Trindade, que sois um só Deus Jesus flagelado, Jesus, coroado de espinhos, Jesus, ensanguentado Jesus, escarnecido Jesus, esbofeteado Jesus, condenado à morte Jesus, abraçando a cruz Jesus, caminhando com a cruz Jesus, caindo 3 vezes no caminho do Calvário Jesus, encontrando a Vossa Mãe na via dolorosa Jesus, ajudado pelo Cireneu Jesus, de rosto limpo pela Verónica Jesus, consolando as jerusalimitas Jesus, despido das Suas vestes 111 Jesus, amargurado com fel Jesus, crucificado Jesus, agonizando na cruz Jesus, morrendo por amor Jesus, ressuscitando gloriosamente Jesus, subindo ao Céu Jesus, glorificado junto do Pai Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Salvação do mundo Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Sinais de misericórdia infinita Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Remédio eficaz de todas as feridas Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Bálsamo de todas as dores Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Saúde dos enfermo Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Refúgio dos pecadores Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Consolação dos que sofrem Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Conforto dos moribundos Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Porta do Céu Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Alívio das almas do Purgatório Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Porto seguro Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Alegria dos Eleitos Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Alegria dos Anjos Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Tesouro da Virgem Mãe Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Ancora de salvação 112 Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Luz que conduz à eternidade Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Coragem na luta Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Caminho certo para Deus Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Farol do Amor Divino Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Revelação de Caridade infinita Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Defesa segura dos perigos Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Fortaleza inexpugnável Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Porta de entrada para a vida de perfeição Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Esperança de todos os homens Jesus, pelas Vossas Santas Chagas, Vínculo de Caridade e Amor (a partir daqui apenas se reza o que vem a seguir, não há resposta) Chagas de Cristo, recebei-nos na última hora Chagas de Cristo, acolhei todos os pecadores Chagas de Cristo, acolhei todas as almas reparadoras Chagas de Cristo, acolhei todas as almas de vida activa Chagas de Cristo, acolhei todas as almas de vida Contemplativa Chagas de Cristo, acolhei os pecadores obstinados 113 Chaga da Mão Direita, acolhei todas almas vítimas Chaga da Mão Esquerda, acolhei as almas que se dedicam à acção Chaga do Pé Direito, acolhei as almas atribuladas Chaga do Pé Esquerdo, acolhei os agonizantes de cada dia Chaga do Lado, fazei que as almas sejam autenticamente eucarísticas Chaga da Fronte, acolhei as almas de perfeição Chagas ocultas de Jesus, acolhei todos os sacerdotes da Santa Igreja. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós Senhor. V. Meu Jesus, perdão e misericórdia R. Pelos méritos das Vossas Santas Chagas Oremos Ó Deus de infinita misericórdia, que por meio do Vosso Filho Unigénito, pregado na cruz, quisestes salvar todos os homens, concedei-nos que, venerando na Terra as Suas Santas Chagas, mereçamos gozar no Céu o fruto redentor do Seu Sangue. Ele que é Deus conVosco na unidade do Espírito Santo. Amen. 114 c - Ladainha dos Sagrados Estigmas Senhor, tende piedade de nós Jesus Cristo, tende piedade de nós Senhor, tende piedade de nós Jesus Cristo, ouvi-nos Jesus Cristo, atendei-nos Responde-se sempre: TENDE PIEDADE DE NÓS Pai do Céu, que sois Deus, Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, Espírito Santo, que sois Deus, Santíssima Trindade, que sois um só Deus Pelos vossos Sagrados Estigmas, Pelos cravos que Os abriram, Pela dor que Vos causaram, Pela cruz que Os acolheu, Pela glorificação que Vos trouxeram, Pela salvação que nos mereceram, Pela redenção que nos recordam, RESPOSTA: ABENÇOAI-NOS JESUS Por Vossas mãos benfazejas e feridas, Por Vossas mãos poderosas e feridas, Por Vossas mãos benignas e feridas, Por Vossos pés incansáveis e feridos, Por Vossos pés sacrificados e feridos, Por Vosso Coração sensível e ferido, 115 Por Vosso Coração compassivo e ferido, Por Vosso Coração amoroso e ferido, RESPOSTA: LOUVOR A VÓS, Ó CRISTO Estigmas de dor e de glória, Estigmas, sinais de obediência ao Pai, Estigmas, disponibilidade do amor, Estigmas, símbolo de heroísmo, Estigmas, documento de imolação, Estigmas, distintivos da Paixão, Estigmas, anunciados pela profecia, Estigmas, realizados na cruz, Estigmas, provas da Ressurreição, Estigmas, esplendor de vitória, Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos Senhor Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, Tende piedade de nós Senhor d - Ladainha das Santas Chagas de Jesus e das Místicas Chagas de nossa Senhora Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouvi-nos. Jesus Cristo, atendei-nos. 116 RESPOSTA: TENDE PIEDADE DE NÓS Pai do Céu, Rei dos Céus, Filho, Redentor do Mundo, que sois Deus, Espírito Santo, que Sois Deus, Santíssima Trindade, que Sois um só Deus, RESPOSTA: ROGAI POR NÓS Santíssima Virgem Maria, Mãe das Dores, Venerável Marta de Chambon, RESPOSTA: CURAI AS CHAGAS DAS NOSSAS ALMAS Chagas de Cristo e de Maria, fonte de Eterna Misericórdia, Chagas de Cristo e de Maria, rio de Vida e Graça, Chagas de Cristo e de Maria, propiciação pelos nossos pecados, Chagas de Cristo e de Maria, nosso remédio Divino e salutar, Chagas de Cristo e de Maria, fonte de Amor e de Salvação, Chagas de Cristo e de Maria, tesouro inestimável de Graça, Chagas de Cristo e de Maria, terror dos Demónios, Chagas de Cristo e de Maria, que aplacais a Justa Ira de Deus Pai, Chagas de Cristo e de Maria, que cancelais os Castigos Divinos, 117 Chagas de Cristo e de Maria, que destruís os planos do Demónio, Chagas de Cristo e de Maria, que suscitais Santos e Mártires, Chagas de Cristo e de Maria, salvação dos pecadores, Chagas de Cristo e de Maria, nossa força e protecção, Chagas de Cristo e de Maria, reveladas à venerável Irmã Marta Chambon, Chagas de Cristo e de Maria, penhor de salvação, Chagas de Cristo e de Maria, que mudais o destino do mundo, Chagas de Cristo e de Maria, força no meio da tentação, Chagas de Cristo e de Maria, nosso encanto e alegria, Chagas de Cristo e de Maria, Segredo de Amor e Santidade, Chagas de Cristo e de Maria, salvação das famílias e da Santa Igreja, Chagas de Cristo e de Maria, força dos Santos e coragem dos Mártires, Chagas de Cristo e de Maria, conforto dos agonizantes, Chagas de Cristo e de Maria, alivio das santas almas do Purgatório, Chagas de Cristo e de Maria, Devoção dos 'últimos tempos', AS RESPOSTAS VARIAM V.Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo R. Pelas Vossas Santas Chagas, perdoai-nos Senhor 118 V. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, R. Pelas Vossas Santas Chagas, ouvi-nos, Senhor. V. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, R. Pelas Vossas Santas Chagas, tende piedade de nós, Senhor! V.Virgem Co-Redentora com o Redentor, R. Pelos Méritos Infinitos das Vossas Místicas Chagas, rogai por nós ao Vosso Filho. Oremos: Ó Deus e Senhor nosso, que por meio das aparições do Vosso Filho Jesus Cristo e da Santíssima Virgem Maria à Bem-aventurada Irmã Marta de Chambon, nos revelastes o 'tesouro inestimável' das Santas Chagas do Vosso Filho e das Chagas Místicas de Maria Santíssima, Mãe de Deus, concedei-nos que, em virtude e por meio destas mesmas Chagas, nós sejamos curados das nossas chagas espirituais e temporais, e cheguemos pela Sua Virtude e Eficácia Eterna, à Glória da Salvação. Amen. e - Terço das Santas Chagas 1 (ensinado por Jesus à venerável Irmã Maria Marta Chambon) (A primeira parte da oração foi inspirada por um sacerdote de Roma) 119 V. Ó Jesus, Divino Redentor R. Sede misericordioso para connosco e para com o mundo inteiro. Amen. V. Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal R. Tende piedade de nós e do mundo inteiro. Amen. V. Graça e misericórdia, meu Jesus, durante os perigos presentes. R. Cobri-nos com o Vosso Sangue Precioso. Amen. V. Pai Eterno, misericórdia, pelo Sangue de Jesus Cristo, Vosso Filho Único R. Tende misericórdia de nós, nós Vo-lo suplicamos. Amen! Amen! Amen! Em vez do Pai nosso: V. Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, R. Para curar as Chagas das nossas almas. Em vez das Ave Marias: V. Meu Jesus, perdão e misericórdia R. Pelos méritos das Vossas Santas Chagas! A terminar, 3 vezes: V. Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo R. Para curar as chagas das nossas almas. 120 Em lugar dos mistérios do rosário, pode-se rezar os seguintes: Primeiro Mistério: As chagas dos pés Meu Senhor crucificado, adoro as Sagradas chagas dos Vossos pés. Pela dor que nelas sofreste e pelo Sangue que derramaste, concedei-me a Graça de evitar o pecado e de seguir constantemente, até o fim de minha vida, o caminho das virtudes cristãs. Segundo Mistério: A chaga do Coração Meu Senhor crucificado, adoro a chaga do Vosso sagrado Coração. Pelo Sangue, que nela derramaste, vos rogo acendais no meu coração o fogo de Vosso divino amor e me concedais a Graça de Vos amar por toda a eternidade. Terceiro Mistério: A chaga da mão esquerda Meu Senhor crucificado, adoro a chaga sagrada da Vossa mão esquerda. Pela dor que sofrestes e pelo Sangue que derramastes, rogo-Vos que não me encontreis a Vossa esquerda com os condenados no dia do juízo final. Quarto Mistério: A chaga da mão direita Meu Senhor crucificado, adoro a chaga sagrada, da Vossa mão direita. Pela dor que nela sofrestes e pelo Sangue que derramastes, rogo-Vos que me abençoeis e me conduzais à vida eterna. 121 Quinto Mistério: As chagas da cabeça Meu Senhor crucificado, adoro as chagas da Vossa Santa Cabeça. Pela dor que nelas sofrestes e pelo Sangue que derramastes, rogo-Vos que me concedais constância em Vos servir e aos demais. f - Terço das Santas Chagas 2 Em vez do Pai-Nosso: Eterno Pai, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, para curar as chagas das nossas almas e das almas do mundo inteiro. Em vez da Ave-Maria: Meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos das Vossas Santas Chagas. g) Terço de reparação das Chagas de Jesus (Terço ensinado por nosso Senhor Jesus Cristo ao vidente Junior Paz, durante um cerco de Jericó realizado em 2002, no Santuário das Lágrimas de nossa Senhora da Rosa Mística em São José dos PinhaisParaná-Brasil). Segurando o crucifixo do terço reza-se a Oração Inicial: Ó Virgem Mãe das Dores, humildemente me prostro diante de Vós, para pedir que leveis ao Vosso Divino Filho esta súplica de reparação pelos meus pecados e pelos pecados do mundo inteiro. Ajudai-me, ó Mãe, a 122 retirar do Sagrado Coração do Vosso Divino Filho os espinhos que são cravados, pela minha ingratidão a este insondável Amor. Quero juntar, ó Mãe das Dores, as chagas de nosso Senhor Jesus Cristo através do meu sim ao Vosso chamamento. Amen. Nas contas grandes, em vez do Pai nosso reza-se: Ó Sagrado Coração de Jesus, perdoai os meus pecados e os do mundo inteiro. Nas contas pequenas em vez da Ave-Maria reza-se: Ó Sagrado Coração de Jesus, fonte inesgotável de amor, eu Vos amo. Mistérios: 1ª dezena – Sagrado Coração de Jesus “O Meu Sagrado Coração é cercado de espinhos pela grande ingratidão dos Meus filhos.” (Mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, ditada ao Irmão Eduardo, no dia 29/03/2000.) 2ª dezena – Sagrada Cabeça de Jesus “Na Minha Cabeça é colocada uma coroa de espinhos por muitos dos Meus filhos que caem no pecado da pornografia.” (Nosso Senhor em 29/03/00) 123 3ª dezena – Chagas da Mão direita e da Mão esquerda “Em Minhas Mãos são cravados grandes cravos pela ambição de muitos dos Meus filhos mensageiros.” (Nosso Senhor em 29/03/00) 4ª dezena - Chagas do Pé esquerdo e do Pé direito “ Os Meus Pés são perfurados pelos Meus filhos sacerdotes que não honram o seu ministério.” (nosso Senhor em 29/03/00.) 5ª dezena - Chaga do Peito de Jesus “O Meu Peito é trespassado por uma lança, ao ver mães a abortarem crianças inocentes. Isto causa-Me dor e tristeza. Isto atrai sobre vós a Minha justa ira.” (Nosso Senhor em 29/03/00) 6ª dezena – Chaga do Ombro de Jesus “Esta chaga que para muitos não é conhecida, carrego o peso da Cruz ao ver muitos dos Meus filhos a serem enganados por seitas criadas por eles mesmos. Eu Sou o único e verdadeiro Pastor.” (Nosso Senhor em 29/03/00) 7ª dezena – Outras Chagas de Jesus “Filho, vês estas outras chagas? Elas são causadas por aqueles filhos que desprezam a Minha Santa Mãe. 124 Reparai estas Minhas chagas. (Nosso Senhor em 29/03/00)”. No final repete-se três vezes: Ó Sagrado Coração de Jesus, perdoai os meus pecados e os do mundo inteiro. Oração final: Ó Sagrado Coração do meu amantíssimo Senhor. Consagro-me totalmente a Vós e peço que imprimais em mim um verdadeiro amor pela Vossa cruz. Hoje faço o propósito de renunciar a mim mesmo(a), para tomar a Vossa cruz e Vos seguir. Curai a minha alma e restituí em mim a paz, para que eu possa estar diante da Vossa cruz, junto com a Vossa e minha Santa Mãe para A consolar nestes momentos de tão grande dor que passais por toda humanidade. Louvo-Vos e agradeçoVos, Senhor, por mais esta oportunidade que me dais de reparar o Vosso Sagrado Coração. Ó Cruz da graça, livrai–me de todos os males físicos e espirituais que me acompanham. Amen. (Jaculatória ensinada por nossa Senhora ao vidente Junior Paz) Jesus e Maria, dai-nos o perdão e a misericórdia divina. (Jaculatória ensinada por nossa Senhora ao vidente e Irmão Eduardo Ferreira.) 125 h - Coroa 1 das 5 Chagas (Esta coroa ou terço das 5 Chagas de nosso Senhor é próprio dos Padres Passionistas. Foi aprovado, abençoado e indulgenciado pelos Papas Pio VI (1800), Leão XII (20 de Setembro de 1823) e beato Pio IX (11 de Agosto de 1851). Desde meados do século XVIII, quase na mesma data da fundação da Congregação dos Passionistas, foi composto por um dos primeiros companheiros de S. Paulo da Cruz, provavelmente pelo beato Vicente Maria Estrambi. Houve um Papa a quem esta oração era tão agradável que foi encontrado muitas vezes no seu quarto a rezar a Coroa das 5 Chagas. É uma coroa pequena que se reza em pouco tempo. Para lucrar as indulgências desta coroa é necessário ser meditada e benzida pelo Padre Geral dos Passionistas e por outro sacerdote por ele nomeado). Primeira Chaga (do pé esquerdo) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso pé esquerdo. Pela dor que nela padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, concedei-nos a graça de fugirmos das ocasiões de pecado e de não caminharmos pelas vias da iniquidade, que conduzem à perdição. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” 126 Segunda Chaga (do pé direito) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso pé direito. Pela dor que nela padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, concedei-nos a graça de seguirmos constantemente a senda das virtudes cristãs, até entrarmos no Paraíso. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Terceira Chaga (da mão esquerda) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa da mão esquerda. Pela dor que nela padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, não permitais que fiquemos à Vossa esquerda, entre os condenados, no dia do Juízo Final. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Quarta Chaga (da mão direita) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa da mão direita. Pela dor que nela padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, abençoainos e levai-nos para o Vosso Reino. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” 127 Quinta Chaga (do Lado) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso Lado. Pela dor que nela padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, acendei no nosso coração o fogo do Vosso amor e concedei-nos a graça de perseverar, amando-Vos por toda a eternidade. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Oração a nossa Senhora das Dores Ó Mãe aflitíssima, ó Coração Virginal, dilacerado pelas Chagas do Vosso Filho! Dignai-Vos receber esta pobre recordação dos Seus sofrimentos em união com os que Vós mesma padecestes. Apresentai esta homenagem a Jesus e fazei que, pela Vossa santa intercessão, Ele aceite as nossas orações. 3 Ave Marias i - Coroa 2 das cinco Chagas Primeira Chaga (do pé esquerdo) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso pé esquerdo. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, compadecei-Vos daqueles que, afastados 128 de Vós, vivem em pecado e em perigo de perdição. Fazei que se convertam e se salvem. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor Segunda Chaga (do pé direito) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso pé direito. Pela dor que nela padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, abençoai os bons, os que vivem na Vossa amizade e seguem os Vossos ensinamentos para que não se cansem, mas perseverem. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Terceira Chaga (da mão esquerda) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa da mão esquerda. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, abençoai aqueles que vivem em especiais perigos e tentações, e ajudai-os para que não caiam. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” 129 Quarta Chaga (da mão direita) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa da mão direita. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, nós Vos pedimos que concedais aos nossos irmãos defuntos o prémio da felicidade eterna do céu. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Quinta Chaga (do Lado) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso Lado. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, concedei-nos que todos os cristãos, segundo o Vosso grande desejo, estejam unidos na fé e no amor. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Oração a nossa Senhora das Dores Ó Mãe aflitíssima, ó Coração Virginal, dilacerado pelas Chagas do Vosso Filho! Dignai-Vos receber esta pobre recordação dos Seus sofrimentos em união com os que Vós mesma padecestes. Apresentai esta homenagem a Jesus e fazei que, pela Vossa santa intercessão, Ele aceite as nossas orações. 3 Ave Marias 130 j - Coroa 3 das cinco Chagas Primeira Chaga (do pé esquerdo) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso pé esquerdo. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, ajudai e abençoai a Oceânia, para que neste continente haja muitos e santos missionários que levem as almas para Vós. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Segunda Chaga (do pé direito) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso pé direito. Pela dor que nela padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, ajudai e abençoai a África, para que a Boa Nova do Vosso Santo Evangelho se estenda a todo esse grande continente, e todos Vos reconheçam como o único Salvador. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Terceira Chaga (da mão esquerda) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa da mão esquerda. Pela dor que nEla 131 padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, ajudai e abençoai o continente asiático, para que viva o espírito da Vossa Palavra e não se deixe arrastar por outra espiritualidade que não seja aquela que dimana do Vosso Santo Evangelho. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Quarta Chaga (da mão direita) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa da mão direita. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, ajudai e abençoai o continente americano, para que os seus povos descubram que Vós sois o único Messias e Salvador e não se deixem arrastar pelas seitas religiosas. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Quinta Chaga (do Lado) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso Lado. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, ajudai e abençoai a Europa, para que os católicos deste continente sejam mais coerentes no compromisso de baptizados e cativem à fé católica os membros das 132 outras confissões religiosas e se cumpra o Vosso desejo de que haja um só rebanho e um só pastor. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Oração a nossa Senhora das Dores Ó Mãe aflitíssima, ó Coração Virginal, dilacerado pelas Chagas do Vosso Filho! Dignai-Vos receber esta pobre recordação dos Seus sofrimentos em união com os que Vós mesma padecestes. Apresentai esta homenagem a Jesus e fazei que, pela Vossa santa intercessão, Ele aceite as nossas orações. 3 Ave Marias l - Coroa 4 das cinco Chagas Primeira Chaga (do pé esquerdo) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso pé esquerdo. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, ajudai e abençoai os povos em vias de desenvolvimento, mais carecidos de bens materiais e de benefícios sociais e que, ordinariamente, são os que mais sofrem. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” 133 Segunda Chaga (do pé direito) Jesus Crucificado, adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso pé direito. Pela dor que nela padecestes e pelo Sangue Precioso que dela derramastes, abençoai as nações industrializadas e avançadas no progresso e bens materiais, para que não caiam no perigo de se esquecerem de Vós e dos bens espirituais. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Terceira Chaga (da mão esquerda) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa da mão esquerda. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, abençoai os povos que sofrem, vítimas de ditaduras e agressões, aqueles a quem se negam, às vezes, até os direitos mais fundamentais, e dai-lhes a verdadeira liberdade. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Quarta Chaga (da mão direita) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa da mão direita. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, fazei que 134 as grandes potências sintam a responsabilidade de fomentar a paz e ajudar os outros povos. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Quinta Chaga (do Lado) Jesus Crucificado, nós adoramos devotamente a Chaga dolorosa do Vosso Lado. Pela dor que nEla padecestes e pelo Sangue Precioso que dEla derramastes, fazei que a Humanidade se converta na grande família de Deus, em que todos nos amemos como irmãos. 5 Glória ao Pai, 1 Ave Maria e “Ó Santa Mãe da dor, gravai no meu coração as Chagas do Redentor” Oração a nossa Senhora das Dores Ó Mãe aflitíssima, ó Coração Virginal, dilacerado pelas Chagas do Vosso Filho! Dignai-Vos receber esta pobre recordação dos Seus sofrimentos em união com os que Vós mesma padecestes. Apresentai esta homenagem a Jesus e fazei que, pela Vossa santa intercessão, Ele aceite as nossas orações. 3 Ave Marias 135 m - Coroa 5 das cinco Chagas Oração Inicial Senhor, aproximamo-nos das Vossas Santas Chagas cheios de ternura e gratidão. São Elas que melhor nos revelam os Vossos sofrimentos, mas principalmente o Vosso Amor por nós. Concedei-nos, Senhor, que associemos os nossos aos Vossos sentimentos, enquanto nos ides oferecendo a Vossa vida em cada uma das Vossas Chagas. Seguindo o Vosso exemplo, também nós queremos dar um pouco de nós mesmos em favor dos nossos irmãos. Para isso, abeiramo-nos do Vosso Lado aberto, saciando a nossa sede na torrente do Vosso Amor crucificado. Primeira Chaga – A Encarnação do Verbo “Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens “ (Filipenses 2, 6-8) Adoramos, Senhor, o mistério da Vossa divindade e da vossa humanidade. Sem deixar de ser Deus, despojastes-Vos voluntariamente da Vossa condição divina, assumindo a nossa condição humana, em atitude de serviço e de pobreza, para Vos tornardes mais semelhantes a nós. Pelo poder desta Vossa santa chaga, ajudai-nos a crescer na vida divina que perenemente nos dais. 136 Segunda Chaga – A vida oculta de Jesus “Depois (Jesus) desceu com Eles, voltou para Nazaré, e era-Lhes submisso” (Lc 2, 51) Ficamos desconcertados, Senhor, que tenhais passado tantos anos de vida oculta, quando era tão forte a chamada para a messe e o amor do Pai que Vos abrasava interiormente. Custa-Vos mais estar calado do que falar. Nós Vos oferecemos, Senhor, todo o nosso esforço de crescer interiormente, como Vós, em sabedoria e graça. Ajudai-nos, Senhor, a conservar sempre viva em nós a ânsia do rejuvenescimento espiritual pela virtude. Terceira Chaga – O sofrimento dos homens “Todos quantos tinham doentes, com diversas enfermidades, levavam-Lhos. E Ele, impondo as mãos sobre cada um deles, curava-os” (Lc 4, 40) A dor de cada doente é a Vossa própria dor. O que os homens sofrem no seu corpo, Vós o sofreis no Coração. Imponde também sobre nós as Vossas Mãos e curainos, pois conheceis melhor do que nós os nossos próprios males. Concedei-nos, senhor, um amor generoso para nos preocuparmos mais com o sofrimento dos nossos irmãos do que com as nossas próprias dores. 137 Quarta dor – A Paixão do Senhor “Depois de ter mandado açoitar Jesus… puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido… e levaram-nO dali para O crucificar” (Mc 15, 15.17-20 Senhor, estamos aqui para adorar todas as feridas da vossa paixão, mas especialmente as Vossas cinco Chagas: das mãos, dos pés e do Lado. Adoramo-Las porque sabemos que Elas nos regeneram e nos curam. Fixamos nelas o olhar para nunca esquecermos o quanto sofreis por nós e, sobretudo, para nos lembrarmos sempre do Vosso Amor. O Sangue que jorra dElas convida-nos a olharmos para Vós com redobrada atenção. Queremos caminhar sempre conVosco, iluminados pelo clarão das Vossas Cinco Chagas. Quinta Chaga – Jesus Ressuscitado “Vede as Minhas Mãos e os Meus Pés. Sou Eu mesmo” (Lc 24, 39), disse Jesus após a Sua Ressurreição. E a Tomé: “Vê as Minhas Mãos. Aproxima a tua mão e mete-a no Meu Lado” (Jo 20, 27) Sabemos, Senhor, que o Vosso sofrimento se transforma em glória e que as Vossas Chagas Luminosas, depois da Vossa Ressurreição, ajudaram a fortalecer a fé dos discípulos. Quando nos sentimos cansados e a nossa fé começa a desfalecer, que as Vossas Santas Chagas animem o nosso caminhar e a nossa esperança. 138 Nós Vos oferecemos, Senhor, a alegria de sermos cristãos e de podermos seguir o Vosso exemplo. E pelo poder da Vossa cruz, temos a certeza de que um dia também nós ressuscitaremos para participarmos eternamente da Vossa glória Oração Final Toda a Vossa Vida, Senhor, é uma Chaga Luminosa onde encontramos sentido para os nossos sofrimentos e de onde dimana o Vosso Amor para com os homens. Perdoai-nos, Senhor, as feridas causadas pelos nossos pecados, e fazei surgir em cada um de nós chagas de amor para com os nossos irmãos n - Coroa em honra das Santas Chagas Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos, adoramos, damos louvores e graças pela Chaga do vosso Pé Esquerdo, pela dor e pelo Sangue que dela jorrou. Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos, adoramos, damos louvores e graças pela Chaga do vosso Pé Direito, pela dor e pelo Sangue que dela jorrou. Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos, adoramos, damos louvores e graças pela Chaga da vossa Mão Esquerda, pela dor e pelo Sangue que dela jorrou. Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos, adoramos, damos louvores e graças pela Chaga da 139 vossa Mão Direita, pela dor e pelo Sangue que dela jorrou. Senhor Jesus Cristo, nós Vos amamos, honramos, adoramos, damos louvores e graças pela Chaga do vosso Sagrado Coração, pelo Sangue e Água que dela jorraram, e nesta Chaga escondemos nossas almas. Amém. o - Devoção às Cinco Chagas Ao estar de joelhos ante vossa imagem sagrada. Oh! Meu Salvador, a minha consciência diz que tenho sido eu quem Vos cravou na cruz, com estas minhas mãos, todas as vezes que tenho ousado cometer um pecado mortal. Meu Deus, meu amor e meu tudo, digno de toda adoração e amor, vendo como tantas vezes me haveis cumulado de bênçãos, acho-me de joelhos, convencido de que ainda posso reparar as injúrias com que vos tenho ofendido. Ao menos posso-me compadecer, posso dar-Vos graças por tudo o que fizestes por mim. Perdoai-me, meu Senhor. Por isso com o coração e com os lábios digo: Perdoai-me, meu Senhor. A Chaga do Pé Esquerdo: Santíssima Chaga do pé esquerdo do meu Jesus, eu Vos adoro. Dói-me, bom Jesus, ver-Vos sofrer aquela pena dolorosa. Eu Vos dou graças, Jesus de minha alma, porque sofrestes tão atrozes dores para me deter na minha carreira ao precipício, sofrendo-Vos a causa dos pulsantes espinhos dos meus pecados. 140 Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor da Vossa santíssima Humanidade para ressarcir os meus pecados, que detesto com sincera contrição. A Chaga do Pé Direito: Santíssima Chaga do pé direito do meu Jesus, eu Vos adoro. Dói-me, bom Jesus, ver-Vos sofrer tão dolorosa pena. Eu Vos dou graças, Jesus de minha vida , por aquele amor que sofreu tão atrozes dores, derramando sangue para castigar os meus desejos pecaminosos e andados em prol do prazer. Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor da Vossa santíssima Humanidade, e peço a graça de chorar as minhas transgressões e de perseverar no caminho do bem, cumprindo fidelíssimamente os mandamentos de Deus. A Chaga da Mão Esquerda: Santíssima Chaga da mão esquerda de meu Jesus, Vos adoro. Dói-me, bom Jesus, ver-Vos sofrer tão dolorosa pena. Eu Vos dou graças, Jesus de minha vida, porque por Vosso amor me livrastes de sofrer a flagelação e a eterna condenação, que mereci por causa dos meus pecados. Ofereço ao Eterno Pai, o sofrimento e o amor da Vossa santíssima Humanidade e suplico que me ajudeis a fazer bom uso das minhas forças e da minha vida, para produzir frutos dignos da glória e de vida eterna e assim desarmar a justa ira de Deus. 141 A Chaga da Mão Direita: Santíssima Chaga da mão direita do meu Jesus, eu Vos adoro. Dói-me, bom Jesus, de Vos ver sofrer tão dolorosa pena. Eu Vos dou graças, Jesus da minha vida, por me terdes acumulado de benefícios e graças, e isso apesar da minha obstinação no pecado. Ofereço ao Eterno Pai o sofrimento e o amor da Vossa santíssima Humanidade e suplico que me ajudeis a fazer tudo para maior honra e Glória de Deus. A Chaga do Sacratíssimo Peito: Santíssima Chaga do Sacratíssimo Peito de meu Jesus, Vos adoro. Dói-me, bom Jesus, de Vos ver sofrer tão grande injúria. Eu Vos dou graças, Jesus, pelo o amor que me tendes, ao permitir que Vos abrissem o peito, com uma lançada e assim derramar a última gota de Sangue, para me redimir-me. Ofereço ao Eterno Pai esta oferta e o amor da Vossa santíssima Humanidade, para que minha alma possa encontrar no Vosso Coração trespassado um seguro Refúgio. Assim seja. p - Saudação as Santas Chagas Por Santa Matilde. Chagas do meu Jesus, eu Vos saúdo. Eu Vos saúdo na Omnipotência do Pai que em Vós decretou. Na Sabedoria do Filho que em Vós sofreu e na Bondade do Espírito Santo, que por Vosso meio redimiu o mundo. Recomendo-Vos a minha alma. 142 Protegei-me contra os ataques do tentador, na vida e na hora de minha morte. Assim seja. q - Adoração às Santas Chagas (De Joelhos em frente ao Sacrário, ou ao Crucifixo, ou à Sagrada Face). Fazer cinco vezes o sinal da Santa Cruz em honra as cinco grandes Chagas de nosso Senhor. - Rezar o acto de contrição (“Confesso a Deus Todo poderoso que pequei...”) - Oração pedindo a fusão do Espírito Santo (“Vinde Espírito Santo...”) - Creio, Pai nosso, Ave-Maria e três glórias. Eu creio, ó Jesus, que estais verdadeira e realmente presente no Santíssimo Sacramento. Creio que as Vossas Mãos, os Vossos Pés e o Vosso Sagrado Peito conservam, debaixo dos véus Eucarísticos, como na glória do Céus, os sagrados Sinais das Chagas abertas pelos cravos e pela lança. Beijo em espírito, adoro com fé, considero com amor, reconhecimento e admiração esses Estigmas benditos, fixando neles o olhar da minha alma para Vos agradecer a grandiosidade do Vosso Amor e da Vossa Misericórdia. Ó Senhor Jesus, deixai-me penetrar nas Vossas cinco Chagas com Maria Santíssima, Vossa Mãe, São João, Santa Maria Madalena, São Francisco de Assis, Santo Padre Pio de Pietrelcina e tantos outros santos de todos os séculos que muito terna e amorosamente as têm compreendido e amado. 143 Purificai-me! Esclarecei-me! Inflamai-me de amor e piedade pelas Vossas Santas, Salvadoras e Redentoras Chagas! (pequena pausa para meditação) O Salvador subira a encosta do monte Calvário, curvado sob o peso da Cruz. Exausto pelas dores, espancamentos e as três quedas na Via Dolorosa, a túnica colada às incontáveis Chagas, abertas pelos açoites e os demais tormentos a que fora submetido, desde a Sua prisão, na noite anterior; a Cabeça perfurada pelos espinhos da coroa, a Face dilacerada por cortes, contusões, e os olhos invadidos por Lágrimas e Sangue. Eis o estado em que Se encontrava o Cordeiro de Deus. Era por volta do meio-dia. Os algozes então, com violência e brutalidade, arrancam a Sua veste e a coroa de espinhos. Vê-se imediatamente a correr o Preciosíssimo Sangue do Senhor, como de mil fontes, ao mesmo tempo. Pedaços da Sua Imaculada Carne são arrancados junto com a túnica e os espinhos da coroa. Então, a Augusta e Santa Vítima fica exposta, em humilhante nudez, aos olhares curiosos, insultantes e ferozes dos carrascos. A Cruz, o Altar da Santa Imolação, está estendida no chão, aguardando o Deus de Amor que iria abençoá-La com o Seu Martírio. Os verdugos, acto contínuo, deitam violentamente sobre Ela o Altíssimo, o Salvador do género humano, e Jesus deixa-Se levar com tanta entrega, tanta paz e doçura, como um tenro menino que sua mãe acomoda no berço... 144 (Prostrados, em profundo recolhimento, transportemo-nos espiritualmente ao Calvário, para nesse exacto momento, como se agora estivesse a ocorrer a cena descrita, adorar a nosso amado e amoroso Senhor.) Os algozes tomam a Mão direita de Jesus. Ajustam-Na ao braço direito da Cruz, abremLhe a Palma, aplicam-Lhe um grosso cravo, longo e triangular, e a golpes de martelo, fazem-no penetrar primeiro nas carnes e depois na madeira da Cruz. Ouvem-se as pancadas, uma após a outra, ora agudas, ora surdas, conforme acertam o cravo ou vão martirizar a santíssima Mãe de nosso Senhor. Aquela Mão divinal que só tinha feito o bem: abençoado, erguido, curado, afagado, apoiado, salvo... Os músculos rasgam-se, os nervos rompem-se e as carnes dilaceram-se, o cravo atravessou e vai além, até se alojar no duro e frio madeiro. Jesus continua no Seu heróico silêncio, entregue aos desígnios de Amor, Misericórdia e Salvação da humanidade. Nem um só momento de impaciência, nem um só queixume. O Seu olhar compassivo, de bondade, passa pelos algozes e fixa-Se no Céus, onde o Eterno Pai e os nove Coros de Anjos, em profundo silêncio, sofrem juntamente e respectivamente com o Seu amado Filho e Rei. As horas finais da libertação dos homens e da reabertura do Reino dos Céus! 145 (Prostrados, em profundo recolhimento, transportemonos...) É a Mão esquerda que Ele agora entrega. Mas esta não chega ao lugar do cravo. A violência com que fora cravada a Mão direita, puxara todo o Corpo para esse lado. Passou-se então uma terrível cena: os algozes puxam com toda força o Braço esquerdo, mas, apesar disso, não conseguem estirá-lo o bastante, para chegar ao buraco do cravo. Apoiam então os joelhos sobre as Costelas de Jesus com tal violência, que apesar de não as partirem, fazem-nas estalar. Conseguem assim, através de mais esse inimaginável sofrimento do Salvador, alcançar o ponto desejado. Começam então, outra vez, a cair os horríveis golpes do martelo, com o seu tenebroso eco, apenas interrompido pelas blasfémias dos carrascos e as gargalhadas infernais dos fariseus e dos sumos sacerdotes. Tentemos imaginar o que tudo isso não causava de tremendo sofrimento ao Imaculado Coração de Maria, a Santa Maria Madalena, a S. João e as santas senhoras que a tudo acompanhavam, assistindo a Celestial Vítima a ser imolada com tanta crueldade. (Prostrados, em profundo recolhimento, transportemonos...) Os Pés de Jesus também são puxados com brutalidade. 146 Todo o Corpo se havia contraído pela bárbara tensão nos Braços. Os Seus Joelhos estavam por isso mesmo contraídos. Os verdugos ligaram-No com cordas, e enquanto uns estavam com os joelhos sobre o Peito do Senhor, para impedir algum tipo de reacção, e também para que as santas Mãos não se rasgassem totalmente e se desprendessem dos braços da Cruz, outros puxavamNo violentamente até chegarem ao furo aberto no pé da Cruz. Foi uma deslocação espantosa. Todos os Ossos de Jesus estalaram juntamente, deixando ver as protuberâncias e as juntas através da Pele. Realizou-se então a dolorosa profecia: “Trespassaram as Minhas Mãos e os Meus pés. Posso contar todos os Meus Ossos”. Quem poderá imaginar as terriveis dores que sentiu o nosso Salvador? Levados enfim os dois Pés ao ponto desejado, foram cruzados e pregados um sobre o outro. Através da massa sólida dos músculos palpitantes, enterrou-se lentamente o cravo, fazendo o Redentor sofrer uma agonia inexplicável, por falta de um ponto onde apoiar os Pés. Foi em tal posição que, depois de enterrados os cravos, viraram a Cruz para lhes dobrar as pontas: Jesus foi lançado de Peito sobre o solo. O peso da Cruz redobrado pelos golpes do martelo, que caíam sobre a ponta dos cravos, martirizava-O, esfolando-O violentamente contra o chão pedregoso. O Seu Peito oprimido sentia dificuldades em respirar, as Suas Mãos e Pés dilacerados eram amontoados de 147 carnes despedaçadas disformes e palpitantes, de onde corriam jarros de Sangue. Nessa altura os carrascos erguem a Cruz e colocam-na no furo aberto na rocha. Cada tranco na descida rasga ainda mais as Mãos e os pés da Augusta Vítima. Mas, de repente, ela resvala até o fundo da cavidade onde pára bruscamente. Todos os ossos de Jesus se entrechocam, as Chagas alargam-se mais e o Preciosíssimo Sangue corre abundantemente. Estas quatro grandes Chagas abertas nas Mãos e nos Pés do Salvador ficam expostas ao Sol ardente, sem que ninguém as trate, pois os soldados impediam, com violência, qualquer tentativa de aproximação da nossa Mãe Dolorosa, Santa Maria Madalena e S. João. Durante as três longas horas em que esteve crucificado, nosso Senhor sentia constantemente a renovação das terríveis dores dos primeiros instantes em que fora pregado, pois pelo peso do Seu santo Corpo e a posição em que Se encontrava, as Chagas continuaram a abrirse... Oh! Quanta dor meu Amoroso Jesus! (Prostrados, em profundo recolhimento, transportemonos...) O Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, exalou seu último suspiro. Um soldado aproxima-se da Cruz e com uma lançada atravessa-Lhe o santo Peito e o sacratíssimo Coração, de lado a lado. Então juntamente com o brutal e frio ferro acompanha-lhe na saída uma dupla corrente, 148 ainda quente, dos Preciosíssimos Sangue e Água que cai, ao mesmo tempo, sobre o algoz lanceiro e o ladrão arrependido, como um salutar baptismo. Esta foi a última Chaga que Jesus recebeu, ou seja, doou-nos absolutamente tudo, até a maior Fonte de Amor que a humanidade conheceu, o Divino Coração do próprio Deus! Nesse momento o Redentor não chegou a sentir dor física, pois a Sua alma já havia deixado o Santo Corpo, mas antecipadamente tinha aceite mais essa terrível ignomínia da parte dos homens, tornando-se portanto infinitamente meritória. Após ser retirado do altar da santa imolação, a Cruz, foi a Dulcíssima Vítima colocada nos santos, ternos e amorosos Braços da Mãe das Dores, que também tudo sofreu, espiritualmente, no Seu Imaculado Corpo e Coração. Nesse sublime, doloroso e misterioso momento, o Redentor da humanidade coroava também, pelo sofrimento, a aceitação e a entrega silenciosa aos desígnios da Santíssima Trindade, a Sua Santíssima e Puríssima Mãe como Co-Redentora do género humano. Coroação que mais tarde, já na Glória Celeste, o Rei dos reis concluiria coroando, definitivamente e para a eternidade, a Sua Amada e Amorosa Mãe como Rainha do Céu e da terra. (Prostrados, em profundo recolhimento, transportemonos...) Jesus! Jesus! Eu adoro todas as Vossas Santas Chagas, pois foram fruto do Vosso Amor por todos e cada um de nós. De modo especial adoro as Vossas cinco 149 grandes Chagas no Calvário, na hora em que Vós as recebestes. Adoro-as no Céu, gloriosas e triunfantes, e adoro-as no Santíssimo Sacramento, Senhor da minha salvação. Na Santa Hóstia, debaixo do Sagrado Véu, o Salvador conserva nas Mãos, nos Pés e no Peito as Chagas da Sua Dolorosíssima Paixão. Elas continuam abertas, liberando o bálsamo do Preciosíssimo Sangue do sofrido e amoroso Jesus. São retiros, refúgios sagrados e doces! Entrai neles pela Sagrada Comunhão! Adentrai mais fundo, do que penetraram os cravos e a lança do centurião, mais profundamente do que o toque do apóstolo S. Tomé e deixai correr sobre Vós o Sacratíssimo Néctar dessas Fontes Puríssimas. Enfim, purificai-nos aí, repousai e apreciai o quanto nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é ternura e doçura. (prostrados, em profundo recolhimento, adoremos ao Deus de Amor) r - Meditação sobre as Santas Chagas A Chaga do Lado: Lembra a Eucaristia, fonte de Vida, graça, amor e luz. É seguro refúgio para todos nós, e é especialmente reaberta pelos profanadores do Santíssimo Sacramento. A Chaga da Mão Direita: Por ela Jesus eleva ao Pai as almas que se santificam por força do Amor divino. É reaberta pela ingratidão e falta de amor das almas que fogem aos sacrifícios que Deus lhes pede. 150 A Chaga da Mão Esquerda: É por ela que Jesus faz chegar ao Pai os anseios das almas dedicadas ao apostolado. Ferem-na os hipócritas que trabalham no reino de Deus apenas por vaidade e ostentação. A Chaga do Pé Direito: Por ela Jesus promete salvar os pecadores, socorrer os atribulados e aliviar as Almas do Purgatório. É reaberta pela insensibilidade e falta de caridade para com o próximo. A Chaga do Pé Esquerdo: Por esta Chaga se salvarão os pecadores mais obstinados, se o Senhor lhes der a graça do arrependimento final, pelos Seus infinitos merecimentos e dos balsamizadores desta mesma Chaga. Ferem-na os indiferentes para com a sorte eterna dos seus irmãos. A Chaga do Ombro: É reaberta pela ingratidão e falta de amor de tantas almas a Deus consagradas. São Bernardo ouviu de Jesus estas palavras: "Eu tinha uma Chaga profundíssima no ombro sobre a qual carreguei a Minha pesada Cruz. Essa Chaga era mais dolorosa que as outras. Honra, pois, essa Chaga, e farei tudo o que pedires." A Chaga da Fronte: Por esta Chaga que ensanguentou o Rosto triste e machucado de Jesus, o mesmo Jesus promete aceitar os espinhos das almas que trabalham para defender a Sua seara. Os pecados de inveja, ciúme, ódio, derrotismo, entre as almas do santuário, ofendem a Fronte de Jesus. 151 s - Oração à Chaga do Ombro 1 Nas Atas do convento de Claraval conta-se o seguinte: perguntando São Bernardo ao Divino Redentor, qual era a dor que sofrera mais, e desconhecida dos homens: Jesus respondeu-lhe: "Eu tinha uma chaga profundíssima no ombro sobre o qual carreguei a Minha pesada cruz: Essa chaga era mais dolorosa que as outras. Os homens não fazem dela menção, porque não a conhecem. Honrai-a, pois, e Eu vos concederei tudo o que me pedires por sua virtude. Todos aqueles que a venerarem, obterão a remissão dos seus pecados veniais e graças eficazes para conseguirem o perdão dos pecados mortais que tiverem cometido”. Oração: Oh! amante Jesus, manso cordeiro de Deus, apesar de eu ser uma criatura miserável e pecadora, eu Vos adoro e venero a chaga causada pelo peso da vossa cruz, que dilacerando as Vossas carnes, desnudou os ossos do Vosso Ombro Sagrado e da qual a Vossa Mãe dolorosa tanto se compadeceu. Também eu, ó altíssimo Jesus, me compadeço de Vós e do fundo do meu coração Vos louvo, Vos glorifico, Vos agradeço por essa chaga dolorosa do Vosso Ombro em que quisestes carregar a Vossa Cruz por minha salvação. 152 Ah! pelos sofrimentos que padecestes e que aumentaram o enorme peso da Vossa Cruz, rogo-Vos com muita humildade: tende piedade de mim, pobre criatura pecadora, perdoai os meus pecados e conduzime ao Céu pelo caminho da Santa Cruz. Rezam-se sete Ave-Marias e acrescenta-se: "Minha Mãe Santíssima imprimi no meu coração as Chagas de Jesus Crucificado" Indulgência de 300 dias cada vez. "Oh! dulcíssimo Jesus, não sejais meu juiz, mas meu Salvador" Indulgência de 100 dias cada vez. t - Oração à Chaga do Ombro II Oh! bom Jesus, meu Senhor e Redentor, que carregastes a pesada Cruz de todos os pecados do Mundo e também os meus. Pelos méritos da Chaga e dor que tal Cruz rasgou no Vosso Ombro, eu Vos peço húmildemente o arrependimento e o perdão de todas as minhas culpas e a graça de morrer sem pecado. E lembrando o auxílio que Vos deu Simão Cireneu, aliviando o peso da Vossa Cruz, peço-Vos ainda, em virtude da Chaga do vosso Ombro, que foi a mais escondida do Vosso sacrifício redentor, que susciteis no mundo muitas almas vítimas, a continuarem nelas a vossa Paixão, e, pela generosidade do seu holocausto, suportando com amor heróico, resgatem muitos 153 pecadores, salvem muitos moribundos, e atraiam sobre a Terra uma chuva da Caridade e Pureza. Amen. Rezam-se sete Ave-Marias e acrescenta-se: "Minha Mãe Santíssima imprimi no meu coração as Chagas de Jesus Crucificado" Indulgência de 300 dias cada vez. "Oh! dulcíssimo Jesus, não sejais meu juiz, mas meu Salvador" Indulgência de 100 dias cada vez. u - Saudação à Chaga do Ombro Oh! amantíssimo Jesus, Cordeiro mansíssimo de Deus, eu, miserável pecador, saúdo e venero a Chaga Sacratíssima do Vosso Ombro em que levastes a Vossa pesada cruz, que rasgou a Vossa Carne e descobriu os Vossos ossos causando uma dor maior que o de qualquer outra Chaga do Vosso Sacratíssimo Corpo. Eu vos adoro, aflitíssimo Jesus. Eu Vos adoro, bendigo e glorifico, e Vos dou graças por esta sacratíssima e dolorosíssima Chaga, rogando-Vos pela excessiva dor e pelo enorme peso da Vossa cruz, tende misericórdia de mim pecador, perdoai-me todos os pecados mortais e veniais, e conduzi-me ao Céu pelo caminho da Vossa cruz. Assim seja. Meu Deus, meu único bem e meu tudo. Vós sois tudo para mim, que seja eu todo para vós. 154 v - Oração à Chaga do Coração de Jesus Oh! Meu dulcíssimo Jesus, seja a Chaga do Vosso Sacratíssimo Coração o meu refúgio, a minha força e protecção contra a Vossa justa ira, contra o pecado, e em especial contra o pecado mortal, contra os enganos da carne, do mundo e do demónio e defesa contra o meu amor-próprio, contra todos os males do corpo e da alma. Seja a vossa Chaga Sacratíssima o lugar onde possa sepultar os meus inumeráveis pecados, os quais detesto e aborreço, colocando-os no abismo aberto desta Santíssima Chaga, aberta por amor, para nunca mais voltar a ver estes pecados. Oh! amabilíssimo Jesus, pela Chaga do Vosso Coração, concedei-me uma só gota desse Sangue Preciosíssimo que dEle flui, como prenda de eterno perdão dos meus pecados. Nesta Chaga profunda, escondei-me e guardai-me ali como prisioneiro de amor. Ali purificai-me, dissolveime, mudai-me num amante do Vosso Coração. Convertei-me noutro Coração de Jesus, para que assim não pense, nem diga nem faça nada, senão o que é do Vosso maior agrado. Assim seja. x - Via-Sacra das Santas Chagas 1ª Estação: Jesus é condenado à Morte Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, flagelado, coroado de espinhos, repudiado pelo Seu povo e condenado à morte cruel e ignomi155 niosa na Cruz, para expiar os pecados do género humano. Pelos méritos das Chagas de Jesus, concedei-nos o perdão dos nossos pecados e faltas, e fazei com que os agonizantes achem Misericórdia junto de Vós. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 2ª Estação: Jesus carrega a Cruz para o Calvário Pai Eterno, eu Vos ofereço a Chaga profunda e dolorosa do Santo Ombro de Jesus, sobre a qual se apoiava tão pesadamente o fardo esmagador da Cruz. Pelos Méritos desta Chaga, concedei-nos a contrição perfeita dos nossos pecados e a graça de aceitarmos com Paz e mansidão de espírito todas as cruzes que Vos aprouver enviar-nos. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, caído sob o peso esmagador da Cruz. Pelos méritos desta primeira queda e das Santas Chagas de Jesus, eu Vos peço que nos concedais a graça de começar uma nova vida de fervor e de amor, e de andar com passo firme e constante no caminho dos Vossos Mandamentos. Amen. 156 Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 4ª Estação: Jesus encontra-Se com Sua Mãe Dolorosa Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, que trespassaram com uma espada de dor o Coração Amantíssimo da Sua Santíssima Mãe, quando Ela O encontrou a carregar a Cruz a caminho do Calvário. Pelos Méritos da angústia dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, e pelas Santas Chagas de Jesus, concedei-nos a contrição perfeita dos nossos pecados, agora e na hora da nossa morte. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 5ª Estação: Jesus é ajudado pelo Cireneu Pai Eterno, eu Vos ofereço as Santas Chagas tão profundas de nosso Senhor Jesus Cristo que Lhe esgotaram o Sangue e as forças de modo que os Seus inimigos, apesar da sua crueldade, foram obrigados a fazer com que o Cireneu O ajudasse. Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus e pelo Seu esgotamento total, concedei-nos o verdadeiro espírito de penitência, e de amor à Santa Cruz. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 6ª Estação: Verónica enxuga o Rosto de Jesus 157 Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas da Santa Face de Jesus, que O tornaram semelhante a um leproso, disforme e sem beleza, ou segundo a palavra do profeta: " como um objeto de quem nós nos afastamos... como alguém de quem se vira o rosto!" Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus, purificai, eu Vos suplico, a face da minha alma e dai-me, como a Santa Verónica, um coração bom e compassivo para com o próximo. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 7ª Estação: Jesus cai pela segunda vez Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, reabertas e reavivadas pelas Suas quedas repetidas. Pelos Méritos desta segunda queda tão dolorosa e das Santas Chagas de Jesus, preservai-me das reincidências no pecado, e concedei-me a graça de pôr em prática os meios eficazes que a Vossa Misericórdia me concede, para me corrigir dos meus defeitos e maus hábitos. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 8ª Estação: Jesus consola as filhas de Jerusalém 158 Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, que comoveram as piedosas filhas de Jerusalém que choravam de compaixão vendo-O tão maltratado e desfigurado. Em nome das Santas Chagas de Jesus, volvei um olhar de Misericórdia sobre os filhos de Israel, a fim de que reconhecendo O seu Divino Messias, tenham parte no Grande Benefício da Redenção, e se tornem apóstolos zelosos de Jesus. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 9ª Estação: Jesus cai pela terceira vez Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, agravadas e aumentadas pela violência desta queda tão dolorosa, que excitou a cólera e a zombaria dos Seus inimigos. Pelos Méritos desta Terceira Queda e das Santas Chagas de Jesus, preservai-me da cegueira espiritual e concedei a todos os Vossos Sacerdotes, aos Vossos Religiosos e Religiosas a graça de andar com passo firme e constante no caminho da abnegação e da renúncia a si próprios. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 159 10ª. Estação: Jesus é despojado das Suas vestes Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas abertas do Sagrado Corpo de Jesus, gotejando Sangue, depois de ser desumanamente despojado das Suas vestes que estavam coladas à Sua Carne. Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus e da confusão que experimentou, concedei-me a Santa Humildade e um completo desapego de mim mesmo. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 11ª. Estação: Jesus é pregado na Cruz Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas tão torturantes das Mãos e dos Pés do nosso Divino Salvador, e a dor da Sua Cabeça Adorável que a cada golpe do martelo pulava e recaía com toda a força de encontro ao madeiro da Cruz. Pelos Méritos das Dores indescritíveis de Jesus, e pelas Suas Santas Chagas, trespassai com um raio da Vossa Graça os corações endurecidos dos infiéis e dos pecadores obstinados, e conduzi todos, contritos e humilhados, aos pés da Cruz do Vosso Filho Bem Amado. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 160 12ª Estação: Jesus morre na Cruz Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas Sagradas do Vosso Filho bem-amado, agonizando sobre a Cruz, as torturas lancinantes da Sua Cabeça adorável, coroada de espinhos, das Suas Mãos e dos Seus Pés trespassados por grossos cravos, e do Seu Corpo todo entregue a sofrimentos indescritíveis. Em nome e pelas Santas Chagas de Jesus, livrai, nós Vos suplicamos, as almas do Purgatório, sede misericordioso para com os agonizantes e fazei desaparecer todos os nossos pecados no abismo insondável da Vossa Divina Misericórdia. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 13ª. Estação: Maria recebe nos Seus Braços nosso Senhor todo chagado e transpassado pela lança Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de nosso Senhor Jesus Cristo, deposto nos braços de Sua Mãe Santíssima. Ó Rainha dos Mártires, imprimi no meu coração as Chagas de Jesus Crucificado. Ensinai-me a meditar, como Vós, na Sua Coroa de Espinhos, nas Suas Mãos e Pés trespassados, no Seu Lado aberto pela lança, em todo o Seu corpo pisado, lavrado pelas chicotadas da flagelação. Pelos méritos das Santas Chagas de Jesus alcançai-me, ó Mãe querida, a contrição perfeita dos meus pecados, agora e na hora da morte. Amen. 161 Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! 14ª Estação: Nossa Senhora acompanha o Seu Divino Filho à sepultura Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas do Corpo Sagrado de Jesus, deposto no sepulcro. Desse Corpo a respeito do qual o profeta Isaías nos diz que " das planta dos Pés ao alto da Cabeça, nada tinha de são... era todo ferido, magoado de Chagas Vivas que não foram tratadas, nem curadas, nem abrandadas com óleo." Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus, tende piedade da minha alma quando ela se separar do meu corpo. Não sejais meu Juiz, mas meu Salvador. Amen. Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas! Oração Final Amabilíssimo Jesus, meu Deus e Salvador, única felicidade da minha alma, confesso que ainda que eu Vos amasse com o amor que Vos têm os Serafins, não corresponderia ao Amor com que por mim derramastes o Vosso Preciosíssimo Sangue e destes a Vossa Santíssima Vida. Mas, ai de mim que até agora só Vos tenho ofendido por minha grande culpa! Ofereço-Vos, Redentor Amabilíssimo, esta breve meditação da Vossa 162 Sagrada Paixão e Morte, em prova do meu amor e da minha gratidão, em união com a compaixão da Vossa bendita Mãe e de todos os Santos e Anjos. Abençoai os bons propósitos que fiz nesta Via Sacra. Amen 163