avaliação da durabilidade dos campos cirúrgicos

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AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE DOS CAMPOS CIRÚRGICOS
REPROCESSÁVEIS SIMPLES DE ALGODÃO E SUA RELAÇÃO
COM O ÍNDICE DE INFECÇÕES DO SÍTIO CIRÚRGICO
Elizabete Santana
Lígia Maria Abraão
Patrícia Cristina Ritz
Viviane Cristina Bastos Armede
Ângela Mara Pinto da Silva
Lins – SP
2009
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AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE DOS CAMPOS CIRÚRGICOS
REPROCESSÁVEIS SIMPLES DE ALGODÃO E SUA RELAÇÃO COM O
ÍNDICE DE INFECÇÕES DO SÍTIO CIRÚRGICO
RESUMO
O uso de campos operatórios para proteção dos pacientes contra possíveis
infecções na sala de operações data desde o final do século XIX. Os de
algodão 100% são mais utilizados, possibilitando reprocessamento, devendo
repelir líquidos, barrarem bactérias e serem resistentes à tração. Não existe
consenso acerca da durabilidade dos campos cirúrgicos. A literatura demonstra
que hospitais não possuem métodos de monitorização do uso dos campos,
utilizando-os a sua exaustão, favorecendo acúmulo de microrganismos,
podendo elevar a incidência de infecções do sítio cirúrgico. O presente estudo
realizar-se-á no Laboratório de Microbiologia do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium, na Lavanderia e Central de Materiais e Esterilização de
uma Unidade Hospitalar do município de Lins-SP, propondo-se investigar a
durabilidade dos campos cirúrgicos simples de algodão tamanho 50 cm x 50
cm, identificando sua eficácia antimicrobiana, enquanto novos e após vários
reprocessamentos, utilizando testes microbiológicos padronizados e
observando alterações sofridas, para posterior análise estatística.
PALAVRAS-CHAVE: campos cirúrgicos reprocessáveis. durabilidade. infecção
do sitio cirúrgico.
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INTRODUÇÃO
Os avanços tecnológicos no ambiente cirúrgico, bem como a ampliação
do conhecimento sobre fatores de risco de infecção hospitalar têm se mostrado
constantes, no entanto, ainda permanecem altas e significativas às taxas de
infecção do sítio cirúrgico. O uso dos campos cirúrgicos como forma de
proteção dos pacientes contra possíveis infecções na sala de operações data
do fim do século XIX, cujos mais utilizados são os de 100% algodão.
Considerados como um dos principais componentes da paramentação
cirúrgica, os campos cirúrgicos reprocessáveis são organizados a fim de criar e
manter uma barreira antimicrobiana eficaz que minimize a passagem de
microrganismos entre áreas não-estéreis e estéreis. O campo cirúrgico deve
ser de fácil conservação, resistente e durável, de fácil manuseio, gerando
economia devido ao seu baixo custo (SILVA et al., 1997). Muitos fabricantes de
campos cirúrgicos registram perda de qualidade da barreira antimicrobiana do
campo
após
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processos
de
lavagem
ou
ciclos
de
esterilização
(ALEXANDER, 1997).
Segundo Kazuko; Rodrigues (2006), os ciclos de lavagem dos campos
cirúrgicos de tecido em hospitais, não devem exceder o número de 65, devido
à alteração sofrida em sua barreira após os vários reprocessamentos, o que a
torna ineficaz.
Para Ramos (2003), o efeito barreira dos têxteis cirúrgicos é garantido
até os 35 ciclos de lavagem. Ainda não existe um consenso acerca da
durabilidade e ciclos de esterilizações as quais podem ser submetidos os
campos cirúrgicos, além de serem poucas as publicações referentes ao
assunto, o que aponta a necessidade de se realizar mais estudos e pesquisas
que possam viabilizar tais dados.
A inexistência de controle efetivo nos reprocessamentos dificulta a
especificação da meia vida dos tecidos, onde muitas vezes os componentes
são utilizados além do que as suas propriedades podem suportar (MONTEIRO
et al, 2000).
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Torna-se necessário, um sistema para monitorizar o número de vezes
que um material foi lavado, o que é essencial para o controle de qualidade da
barreira antimicrobiana (ALEXANDER, 1997).
A literatura demonstra que hospitais atuais não possuem nenhum
método de controle que possibilite a monitorização do uso dos campos
cirúrgicos reprocessáveis, utilizados a sua exaustão, sendo muitas vezes
cerzidos, favorecendo o acúmulo de microrganismos, podendo elevar a
incidência de infecções do sítio cirúrgico, bem como o aumento da ocorrência
de infecções hospitalares.
As infecções do sitio cirúrgicos eram classificadas como terceira
modalidade das infecções hospitalares (SILVA, et al., 2007). Considerada
como complicação relevante, a infecção do sítio cirúrgico contribui diretamente
para o aumento da morbimortalidade de pacientes pós-cirúrgicos causando
prejuízos tanto físicos como emocionais, além de elevar consideravelmente
custos com tratamento, repercutindo em uma maior permanência hospitalar
(CIOSAK; OLIVEIRA, 2007).
Levando-se em consideração que as preocupações com a proteção do
meio ambiente aumentaram significativamente nos últimos 30 anos, pode-se
dizer que a utilização de campos cirúrgicos reprocessáveis, têm contribuído de
modo direto para com a redução do impacto ambiental, já que o uso de campos
cirúrgicos descartáveis gera uma grande demanda de resíduos hospitalares, o
que implica em maiores custos para unidade, prejudicando as condições do
meio ambiente (RAMOS, 2003).
O presente estudo se propõe a uma avaliação na área de enfermagem
médico-cirúrgica, limitando-se a investigar a durabilidade dos campos
cirúrgicos reprocessáveis, identificando sua eficácia como barreira microbiana,
enquanto novos e após vários reprocessamentos, utilizando para isso testes
microbiológicos padronizados. Objetiva-se também, realizar reprocessamentos
dos campos, observando as alterações sofridas após os ciclos de lavagem e
esterilização, para posterior análise estatística.
Os testes serão realizados segundo a metodologia alemã de DIN
58.953/37, que se trata de uma padronização para contaminação, cuja
finalidade é identificar parâmetros que possibilitam a avaliação da qualidade da
barreira antimicrobiana dos têxteis cirúrgicos.
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MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo caracteriza-se como de natureza experimental, de caráter
quantitativo e abordagem estatística, a ser realizado no Laboratório de
Microbiologia
do
Centro
Universitário
Católico
Salesiano
Auxilium
(UNISALESIANO – Lins) e nas instalações de uma Unidade Hospitalar do
Município de Lins-SP, respectivamente Lavanderia e Central de Material e
Esterilização,
que
constam
de
infra-estrutura
adequada
para
o
desenvolvimento das atividades, durante o período de maio a agosto de 2009.
Os campos cirúrgicos reprocessáveis simples de algodão 50 cm x 50 cm
constituem-se como objeto deste estudo.
Na execução dos testes, os campos cirúrgicos serão contaminados com
cepas de Staphylococus aureus ATCC 25923, utilizando o meio de cultura Ágar
– Sal – Manitol. Será delimitada uma área de 5 cm x 5 cm, no centro do campo,
onde serão estiladas as bactérias, de modo que as extremidades do campo
serão levadas até o centro, a fim de que o mesmo seja contaminado como um
todo. Posteriormente será encaminhado para uma incubadora, onde observarse-á crescimento bacteriano.
Após este processo, os campos serão transportados para a lavanderia
de uma Unidade Hospitalar do município de Lins-SP, onde serão submetidos a
um processo de lavagem e esterilização.
A cada 10 (dez) reprocessamentos, será realizado teste microbiológico
para avaliação da barreira antimicrobiana dos campos, até o 30º processo.
Após atingir este número os testes tornar-se-ão seqüenciais correspondendo a
um teste a cada ciclo de reprocessamento. Espera-se que a pesquisa seja
realizada durante um período de aproximadamente 12 semanas.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos serão descritos em forma de tabelas e gráficos.
Após o término dos testes, os dados coletados serão expressos através de
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uma função, que resultará em um gráfico para exposição e comparação das
alterações sofridas na estrutura dos campos durante os processos de lavagem
e ciclos de esterilização.
Realizar-se-á uma comparação entre os resultados alcançados e a
teoria utilizada, ou seja, uma análise comparativa em relação ao número de
vezes que um campo pode ser reprocessado e reutilizado, sem estar expondo
o paciente a riscos de infecção.
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CONCLUSÃO
O presente estudo propiciará a identificação e comparação do número
de ciclos de lavagem e esterilização cujos campos cirúrgicos reutilizáveis
simples de algodão podem ser submetidos, permanecendo eficientes como
barreira microbiana e com suas propriedades estruturais preservadas, de modo
a estar evitando a instalação de microrganismos, mantendo a segurança e bem
estar do cliente. O tempo de vida útil dos campos cirúrgicos, não denota
desencorajamento ou prejuízos em relação ao seu uso, mas exprime uma boa
relação custo –benefício, devido ao baixo valor de cotação, ausência de gastos
com incineração, além da possibilidade de remanejamento para os setores de
limpeza.
Para tanto, mostrou-se necessário à implantação de um sistema que
possibilite a monitorização dos campos cirúrgicos reutilizáveis dentro dos
hospitais, a fim de que estes não sejam utilizados além de sua durabilidade,
sendo esta a nossa proposta de intervenção. Mediante os fatos, pode-se
concluir que a monitorização do uso dos campos cirúrgicos em ambiente
hospitalar é de grande valia, podendo minimizar os índices de infecção
hospitalar. Portanto, este trabalho trouxe grande relevância cientifica, de modo
que as pesquisas devem ser contínuas, servindo de inspiração para outros
pesquisadores compromissados com o bem estar e que prezam pela
segurança a saúde dos clientes
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DURABILITY EVALUATION OF SIMPLE REPROCESSED SURGICAL
DRAPES FROM COTTON AND ITS RELATION TO THE INFECTION INDEX
OF SURGICAL SITE
ABSTRACT
The use of surgical drapes for protecting patients against possible
infections in surgical room has been carried out since the end of the nineteen
century. The surgical drapes made from 100% cotton are the commonly used,
since they allow reprocessing, besides to repelling liquids, preventing bacteria
infections and being more resistant to tension. There is not an agreement about
the durability of surgical drapes. Researches show that hospitals do not have
monitoring methods for using drapes, which are employed until its
impoverishment, allowing the accumulation of microorganisms, increasing the
incidence of surgical site infections. The present study was carried out in the
Microbiology Laboratory at Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, in
the laundry and the Sterilization and Material Center of a Hospital Unit in Lins,
São Paulo, Brazil. The purpose was to investigate the durability of simple
surgical drapes made from cotton and measuring 50 cm x 50 cm, in order to
identify its antimicrobial efficiency while new and after successive
reprocessements, using standardized microbiological tests and observing the
alterations occurred for a posterior statistical analysis.
KEYWORDS: reprocessed surgical drapes, durability, surgical site infections.
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REFERÊNCIAS
CIOSAK, S. I.; OLIVEIRA, A. C. Infecção de sítio cirúrgico em hospital
universitário: vigilância pós-alta e fatores de risco. Revista da Escola de
Enfermagem da USP. São Paulo, v. 41, n. 2, p. 259, jun. 2007.
MONTEIRO; C. E. C.; LACERDA, et al. Paramentação cirúrgica:
avaliação de sua adequação para a prevenção de riscos biológicos em
cirurgias - parte II: os componentes da paramentação. Revista Escola
de Enfermagem da USP. São Paulo, v. 34, n. 2, p. 1 a 17, junho 2000.
RAMOS, D. G. G. Têxteis cirúrgicos reutilizáveis e seu impacte
ambiental. 2003, Tese (Mestrado em Química Têxtil) – Escola de
Engenharia, Departamento de Engenharia Têxtil, Universidade do
Minho, Guimarães – Portugal.
RODRIGUES, E. et al. Evaluation of the use and re-use of cotton fabrics
as medical and hospital wraps. Brazilian Journal of Microbiology. [s.
l], v. 37, p. 113 - 116.
SILVA, C. R. R.; SILVA, R. C. L.; VIANA, D. L. Compacto dicionário
ilustrado de saúde. 2. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2007.
SILVA, J. S. et al. Fatores de riscos associados à infecção em sítio
cirúrgico de pacientes ortopédicos: visão da enfermagem. Enfermagem
Brasil. [s. l.], v. 6, n. 3, p. 149 - 159. maio - jun. 2007.
SILVA, M. D. A. A. et al. Enfermagem na unidade de centro cirúrgico.
2. ed. São Paulo: EPU, 1997.
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, pois sem Ele nada em nossas vidas
seria possível, pois é ele quem nos tem sustentado, fortalecido e edificado.
Agradecemos também, a todos que direta ou indiretamente se dedicaram e
contribuíram com seus esforços para que o nosso sonho se tornasse uma feliz
realidade.
A concretização deste trabalho, que hoje comemoramos com tanta
alegria, é a união dos nossos esforços. Por isso, a todos vocês os nosso sincero
muito obrigada!
Bete, Lígia e Paty
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Autores:
Elizabete Santana – Graduanda em Enfermagem
[email protected] – fone: (14) 9116-7241
Lígia Maria Abraão – Graduanda em Enfermagem
[email protected] – fone: (14) 9115-6367
Patrícia Cristina Ritz – Graduanda em Enfermagem
[email protected] – fone: (14) 9753-7942
Orientadores:
Prof. Esp.: Viviane Cristina Bastos Armede – Especialista em Centro
Cirúrgico pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
[email protected] – fone:(14) 9182-1069
Prof. M.Sc.: Ângela Mara Pinto da Silva – Mestre em Microbiologia pela
Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP).
[email protected] – fone: (14)3522-3043
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