Atividade apoptótica sobre osteoclastos, antimicrobiana e

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA
PAULO JOSÉ LIMA JUIZ
ATIVIDADE APOPTÓTICA SOBRE OSTEOCLASTOS,
ANTIMICROBIANA E ANTITUMORAL DE PLANTAS
MEDICINAIS CULTIVADAS NO RECÔNCAVO BAIANO
Feira de Santana, BA
2013
2
PAULO JOSÉ LIMA JUIZ
ATIVIDADE APOPTÓTICA SOBRE OSTEOCLASTOS,
ANTIMICROBIANA E ANTITUMORAL DE PLANTAS
MEDICINAIS CULTIVADAS NO RECÔNCAVO BAIANO
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Biotecnologia, da Universidade Estadual de Feira de Santana
como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em
Biotecnologia.
Orientador: Profa. Dra. Ana Paula Trovatti Uetanabaro
Co-orientador: Profa. Dra. Angélica Maria Lucchese
Feira de Santana, BA
2013
3
TERMO DE APROVAÇÃO
PAULO JOSÉ LIMA JUIZ
ATIVIDADE APOPTÓTICA SOBRE OSTEOCLASTOS, ANTIMICROBIANA E
ANTITUMORAL DE PLANTAS MEDICINAIS CULTIVADAS NO RECÔNCAVO
BAIANO
Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Biotecnologia,
Universidade Estadual de Feira de Santana, pela seguinte banca examinadora:
Profa. Dra Ana Paula Trovatti Uetanabaro
Doutora em Ciências de alimentos, Universidade de Campinas (UNICAMP)
Universidade Estadual de Santa Cruz
Prof. Dr. George Mariane Soares Santana
Doutor em Patologia, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Prof. Dr. Lucas Miranda Marques
Doutor em Ciências Biológicas, Universidade de São Paulo (USP)
Universidade Federal da Bahia
Profa Dra. Silvia Lima Costa
Doutora em Neurociências, Université de Paris XII (Paris-Val-de-Marne)
Universidade Federal da Bahia
Profa Dra Soraya Castro Trindade
Doutora em Imunologia, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Universidade Estadual de Feira de Santana
Feira de Santana, 19 de junho de 2013
4
A
Ofélia e José, pais amados, meus primeiros mestres.
Reinaldo, companheiro de vida.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter colocado em meu caminho cada um daqueles que neste momento agradeço.
À minha família, em especial aos meus pais, que tornaram leves as dificuldades encontradas.
A Reinaldo. Que palavras usar neste momento ? Palavras não expressariam a tamanha
gratidão que sinto. Obrigado pelo incentivo, por compreender a minha ausência, pelo
companheirismo, pelo carinho dado naqueles momentos mais difíceis, por ter me
reapresentado o mundo acadêmico e acendido em mim a vocação para pesquisa científica.
À minhas orientadoras Ana Paula Uetanabaro e Angélica Lucchese, sempre muito receptivas
e atenciosas, não mediram esforços para o meu crescimento profissional.
Aos colaboradores Dra. Edna Peralta, Dra. Serly Santiago, Dra. Franceli Silva, Dr. Mario
Júlio Ávila Campos, Dr. Roberto Gambari, Dra. Roberta Piva, Dra. Letizia Penolazi, Dra.
Eleonora Brognara, Dra Luiza Fonseca que contribuíram imensamente para conclusão deste
trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por ter me
concedido bolsa de estudo na Universidade de Ferrara – Itália. Além do crescimento como
profissional, estudar no exterior foi uma experiência enriquecedora e gratificante, da maior
importância para o meu crescimento como ser humano.
Ao secretário Helton, pela competência com que desenvolve o seu trabalho e contribuições
para o Programa de Biotecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana.
Aos colegas de curso, e por que não dizer de caminhada nesta jornada científica. Vocês foram
o braço lúdico deste doutorado.
Aos funcionários da UFRB, LAPEM, LAPRON, Laboratório de Anaeróbios da USP e
Laboratório de Bioquímica e Biologia molecular da UNIFE. Tão importante quanto o trabalho
de ponta, está aquele dos bastidores. A vocês meu muito obrigado!
6
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou
sobre aquilo que todo mundo vê. ”
Arthur Schopenhauer
7
RESUMO
A doença periodontal é uma patologia de etiologia multifatorial, onde a resposta imune ao
desafio microbiano resulta em ativação de osteoclastos e reabsorção do osso alveolar,
culminando com a perda do elemento dental. Com o objetivo de estudar a atividade
antimicrobiana e controle da ativação de osteoclastos, compostos extraídos de plantas
medicinais (Ocimum americanum L., Ocimum basilicum L., Mentha x villosa Huds,
Chenopodium ambrosioides L., Lippia alba (Mill) N.E.Br.) cultivadas no Recôncavo da
Bahia foram estudados neste trabalho. A atividade antimicrobiana frente aos microorganimsos Escherichia coli sensível à trimetoprima e resistente à sulfonamida CCMB 261,
Staphylococcus aureus resistente à estreptomicina e dihidrostreptomicina CCMB 262,
Staphylococcus aureus resistente à novobiocina CCMB 263, Aggregatibacter
actinomycetemcomitans (ATCC 43717), Fusobacterium nucleatum (ATCC 25586),
Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277), Bacteroides fragilis (ATCC 25285) foi avaliada
por meio da determinação da concentração inibitória mínima e concentração bactericida
mínima segundo metodologia proposta pelo CLSI, com modificações. As concentrações de
trabalho utilizadas para os ensaios com osteoclastos foram determinadas por meio de estudos
prévios de atividade antiproliferativa frente as linhagens tumorais K562 (leucemia), MCF-7 e
MDA-231 (câncer de mama). A avaliação da apoptose em osteoclastos foi feita pelo teste
TUNEL e por imunocitoquímica para receptor Fas. Os resultados mostraram que os óleos
essenciais das plantas estudadas foram mais efetivos em inibir o crescimento dos microorganismos que os extratos metanólicos, sendo as maiores concentrações inibitórias mínimas
(CIM) registradas para bactéria E. coli. Entre os periodontopatógenos, as menores CIM foram
registradas para bactéria P.gingivalis e as maiores para A. actinomycetemcomitans. Os óleos
essenciais do gênero Ocimum não foram tóxicos para células humanas e foram capazes de
inibir o crescimento de P.gingivalis e F.nucleatum, porém não apresentaram atividade
antiosteoclástica. Os extratos metanólicos extraídos das plantas do gênero Ocimum, na
concentração de 300 µg.mL-1, foram capazes de induzir apoptose em 100% dos osteoclastos
tratados. Os compostos atóxicos limoneno e citral na concentração de 5 µg.mL-1 induziram
apoptose em respectivamente, 80% e 100% de osteoclastos. Na concentração de 50 µg.mL-1,
os compostos citral, limoneno, carvona, linalol foram capazes de induzir apoptose em
osteoclastos. Este trabalho também mostrou que os compostos extraídos das plantas
medicinais estudadas apresentaram atividade antiproliferativa, sendo o composto citral mais
ativo frente a linhagem K562 (IC50 8,61 ± 1,29 µg.mL-1) e MDA-231 (IC50 41,98 ± 7,45
µg.mL-1) e o composto linalol mais efetivo frente a linhagem MCF-7 (IC50 18,86 ± 1,32
µg.mL-1). Os compostos testados não foram capazes de induzir diferenciação eritróide em
células K562, sendo os extratos metanólicos das plantas do gênero Ocimum aqueles que
mostraram as melhores atividades antiproliferativas contra a linhagem K562. As plantas
medicinais estudadas mostraram potencial biotecnológico para uso em odontologia, no
entanto as concentrações dos compostos extraídos das plantas M. villosa e C. ambrosioides,
foram consideradas tóxicas, portanto para estas plantas estudos em menores concentrações
poderão revelar atividades biológicas promissoras. Ainda, ensaios in vivo são necessários
para comprovar as atividades biológicas apresentadas neste trabalho.
Palavras-chave: extratos, óleo essencial, osteoclasto, periodontopatógenos, plantas
medicinais.
8
ABSTRACT
Periodontal disease is a multifactorial disease, where the immune response to microbial
challenge results in activation of osteoclasts and alveolar bone resorption, resulting in the loss
of the dental element. Aiming to study the antimicrobial activity and control of activation of
osteoclasts, compounds extracted from medicinal plants grown in the Reconcavo of Bahia
(Ocimum americanum L., Ocimum basilicum L., Mentha x villosa, Chenopodium
ambrosioides L., Lippia alba (Mill) N.E.Br.) were studied in this work. To test the
antimicrobial activity against Escherichia coli sensitive to trimethoprim and resistant to
sulfonamid CCMB 261, Staphylococcus aureus resistant to streptomycin and
dihydrostreptomycin CCMB 262, Staphylococcus aureus resistant to novobiocin CCMB 263,
Aggregatibacter actinomycetemcomitans (ATCC 43717), Fusobacterium nucleatum (ATCC
25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277), Bacteroides fragilis (ATCC 25285),
minimum inhibitory concentration and minimum bactericidal concentration were determined
according to the methodology proposed by CLSI, with modifications. Working concentrations
for apoptosis assays were determined through previous studies of antiproliferative activity on
K562 (leukemia), MCF-7 and MDA-231 (breast cancer) tumor cell lines. TUNEL
methodology and immunocytochemistry to Fas receptor were used to evaluate apoptosis in
osteoclasts. The results showed that the essential oils of plants studied were more effective in
inhibiting the growth of microorganisms than the methanolic extracts. Higher minimum
inhibitory concentrations (MIC) were shown to E. coli. Among the periodontal pathogens, P.
gingivalis was the most sensitive to the action of the compounds and A.
actinomycetemcomitans was the most resistant. The essential oils of the genus Ocimum were
not toxic to normal human cells and were able to inhibit the growth of P. gingivalis and
F.nucleatum, but did not show any activity in osteoclasts. The methanolic extracts derived
from plants of the genus Ocimum were able to induce apoptosis in 100% of treated osteoclasts
in a concentration of 300 μg.mL-1. The compounds limonene and citral at a concentration of 5
μg.mL-1 were able to induce apoptosis in, respectively, 80% and 100% of osteoclasts. At the
concentration of 50 μg.mL-1, compounds citral, limonene, carvone, linalool were able to
induce apoptosis in osteoclasts. This work also showed that compounds extracted from
medicinal plants studied showed antiproliferative activity; citral was active against K562 cells
(IC50 8.61 ± 1.29 μg.mL-1) and MDA-231 (IC50 41.98 ± 7.45 μg.mL-1) and linalool was
most effective against MCF-7 lineage (IC50 18.86 ± 1.32 μg.mL-1). Compounds tested were
not able to induce erythroid differentiation in K562 cells, and methanol extracts of genus
Ocimum plants showed the best antiproliferative activity against K562 cells. Medicinal plants
studied showed biotechnological potential for use in dentistry, although studied
concentrations of M. villosa and C. ambrosioides were considered toxic, so that lower
concentrations could show promising biological activities. Besides, in vivo assays are needed
to confirm the activities of the compounds studied.
Keywords: essential oil, extract, medicinal plants, osteoclasts, periodontopathogens
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ATCC
American Type Culture Collection
BHI
Infusão cérebro curacao
CAPE
Ácido caféico fenetil éster
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CBM
Concentração bactericida mínima
CCMB
Coleção de cultura de micro-organismo da Bahia
CCS
Centro de Ciências da Saúde
CDT
Toxina distensora citoletal
c-FLIP
Proteína inibidora de FLICE
CG/EM
Cromatografia gasosa / Espectrometria de massas
CIM
Concetração inibitória mínima
CLSI
Clinical and Laboratory Standard Institute
CO2
Dióxido de carbono
DC-STAMP
Proteína transmembrana específica de células dendríticas
DMEM
Dulbecco’s Modified Eagle Medium
DMSO
Dimetil sulfóxido
DNA
Ácido desoxirribonucléico
DO
Densidade óptica
EMBRAPA
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ER
Receptor para estrógeno
FADD
Adaptador para domínio de morte presente em Fas
FAK
Quinase de adesão focal
FBS
Soro fetal bovino
FCS
Soro fetal de bezerro
HACEK
Haemophilus
Cardiobacterium
spp.,
Aggregatibacter
actinomycetemcomitans,
hominis, Eikenella corrodens, Kingella spp.
HRP
Peroxidase Horseradish
HSV
Herpes vírus
HUEFS
Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana
IAP
Proteína inibidora de apoptose
IC50
Concentração inibitória 50
10
IFNγ
Interferon gama
IkB
Inibidor de NFkB
IL
Interleucina
LAPEM
Laboratório de Pesquisa em Microbiologia
LPS
Lipopolissacarídeo
LTx
Leucotoxina
MAPK
Proteína quinase ativada por mitógeno
MCS-F
Fator estimulante de colônias para macrófagos
MIP
Proteína inflamatória de macrófagos
MMP
Metaloproteinase de matriz
MUC2
Mucina 2
NAIP
Proteína inibidora de apoptose neuronal
NFATc1
Fator nuclear ativado Toll c1
NFkB
Fator nuclear kappa B
OMS
Organização Mundial da Saúde
OMV
Vesículas de membrana externa
OPG
Osteoprotegerina
PAL
Lipoproteína associada a peptideoglicano
PBMC
Células mononucleares de sangue periférico
PGE2
Prostaglandina E2
PI3K
Quinase de fosfatidil inositol 3
PTEN
Fosfatase homóloga deletada no cromossomo 10
PTH
Paratormônio
RANKL
Receptor ativador de ligante do fator nuclear Kappa B
RNAm
Ácido Ribonucléico mensageiro
RPMI
Roswell Park Memorial Institute
SOFAT
Fator secretado para osteoclastogênese de células T ativadas
SPSS
Programa estatístico para ciências sociais
TNF
Fator de necrose tumoral
TNFR
Receptor de fator de necrose tumoral
TRAIL
Ligante indutor de apoptose relacionado a TNF
TRAP
Fosfatase resistente ao tartarato
TUNEL
Transferase desoxinucleotidil terminal mediada por marcação dUTP
UEFS
Universidade Estadual de Feira de Santana.
11
UESC
Universidade de Santa Cruz
UFC
Unidade formadora de colônia
UFRB
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
USP
Universidade de São Paulo
XIAP
Inibidor de proteína apoptótica ligada ao X
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Anatomia do periodonto
19
Figura 2. Representação clínica e esquemática da evolução da doença periodontal
26
Figura 3. Estrutura de um osteoclasto
28
Figura 4. Mecanismos de ativação do osteoclasto
29
Artigo
I:
ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA
SOBRE
PERIODONTOPATÓGENOS E APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE
COMPOSTOS ISOLADOS DE Lippia alba (Mill) N.E.Br.
Figura 1. Porcentagem de células viáveis após exposição ao óleo essencial de folhas
52
-1
e flores de Lippia alba nas concentrações de 5, 50 e 500 µg.mL
Figura 2. Porcentagem de células viáveis após exposição aos compostos citral,
53
limoneno e carvona presentes no óleo essencial de Lippia alba nas concentrações de
5, 50 e 300 µg.mL-1
Figura 3. Porcentagem de células viáveis após exposição ao extrato metanólico de
53
-1
Lippia alba nas concentrações de 5, 50, 300 e 500 µg.mL
Figura 4. Atividade apoptótica do composto citral nas concentrações 5 µg.mL-1 e
54
50 µg.mL-1, sobre cultura de osteoclastos humanos
Figura 5. Atividade apoptótica do composto limoneno nas concentrações 5 µg.mL-1,
55
50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1 sobre cultura de osteoclastos humanos
Figura 6. Atividade apoptótica do composto carvona nas concentrações 5 µg.mL-1,
-1
56
-1
50 µg.mL e 300 µg.mL sobre cultura de osteoclastos humanos
Artigo
II:
ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA
SOBRE
PERIODONTOPATÓGENOS E APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE
COMPOSTOS ISOLADOS DE PLANTAS DO GÊNERO Ocimum
Figura 1. Porcentagem de células viáveis após exposição ao óleo essencial de folhas
78
e flores de Ocimum americanum nas concentrações de 5, 50 e 500 µg.mL-1
Figura 2. Porcentagem de células viáveis após exposição ao óleo essencial de folhas
e flores de Ocimum basilicum nas concentrações de 5, 50 e 500 µg.mL-1
79
13
Figura 3. Porcentagem de células viáveis após exposição aos compostos linalol,
79
cariofileno e metil cinamato presentes no óleo essencial das plantas do gênero
Ocimum nas concentrações de 5, 50 e 300 µg.mL-1
Figura 4. Porcentagem de células viáveis após exposição aos extratos metanólicos
80
das plantas do gênero Ocimum nas concentrações de 5, 50, 300 e 500 µg.mL-1
Figura 5. Atividade apoptótica do composto linalol nas concentrações 5 µg.mL-1,
81
50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1 sobre cultura de osteoclastos humanos
Figura 6. Atividade apoptótica do extrato metanólico de Ocimum americanum L.
82
nas concentrações 10 µg.mL-1, 50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1 sobre cultura de
osteoclastos humanos
Figura 7. Atividade apoptótica do extrato metanólico de Ocimum basilicum nas
83
concentrações 10 µg.mL-1, 50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1 sobre cultura de osteoclastos
humanos
Figura 8. A. Cultura de PBMC após 24 horas de indução com M-CSF e RANKL. B.
84
Cultura de PBMC após 5 dias de indução com M-CSF e RANKL na presença dos
compostos. C. Cultura de PBMC após 15 dias de indução com M-CSF e RANKL na
presença dos compostos.
Artigo III: ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA, APOPTÓTICA EM
OSTEOCLASTOS E CITOTÓXICA DAS PLANTAS Mentha x villosa Huds e
Chenopodium ambrosioides L.
Figura 1. Porcentagem de células viáveis após exposição aos extratos metanólicos
107
-1
de M. villosa e C. ambrosioides nas concentrações de 5, 50, 300 e 500 µg.mL
Figura 2. Porcentagem de células viáveis após exposição aos óleos essenciais de M.
108
villosa e C. ambrosioides nas concentrações de 5, 50, 500 µg.mL-1
Artigo IV: ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA DE PLANTAS MEDICINAIS
CULTIVADAS NO RECÔNCAVO BAIANO FRENTE AS LINHAGENS
CELULARES K562, MCF-7 e MDA-231
Figura 1 . Teste de indução de diferenciação eritróide em linhagem K562
144
14
LISTA DE TABELAS
Artigo I: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA SOBRE PERIODONTOPATÓGENOS
E APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE COMPOSTOS ISOLADOS DE Lippia
alba (Mill) N.E.Br.
Tabela 1. Concentração inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima
51
-1
(CBM) dadas em mg.mL do óleo essencial e extrato metanólico de Lippia alba frente
a E. coli e S. aureus.
Tabela 2. Concentração inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima
51
(CBM) dadas em mg.mL-1 do óleo essencial e extrato metanólico de Lippia alba frente
a micro-organismos anaeróbios estritos.
Tabela 3. Análise da composição química do óleo extraído da planta Lippia alba.
52
ArtigoII: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA SOBRE PERIODONTOPATÓGENOS
E APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE COMPOSTOS ISOLADOS DE
PLANTAS DO GÊNERO Ocimum
Tabela 1. Concentração inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima
-1
(CBM) dadas em mg.mL
76
do óleo essencial e extrato metanólico de Ocimum
americanum e Ocimum basilicum frente a E. coli e S.aureus.
Tabela 2. Concentração inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima
76
(CBM) dadas em mg.mL-1 do óleo essencial e extrato metanólico de Ocimum
americanum e Ocimum basilicum frente a micro-organismos anaeróbios estritos.
Tabela 3. Análise da composição química do óleo essencial extraído da planta
77
Ocimum americanum.
Tabela 4. Análise da composição química do óleo essencial extraído da planta
77
Ocimum basilicum.
Artigo III: ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA, APOPTÓTICA EM
OSTEOCLASTOS E CITOTÓXICA DAS PLANTAS Mentha x villosa Huds e
Chenopodium ambrosioides L.
Tabela 1. Concentração inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima 105
(CBM) dadas em mg.mL-1 do óleo essencial e extrato metanólico de Mentha x villosa e
Chenopodium ambrosioides
Tabela 2. Análise da composição química do óleo extraído da planta Mentha x villosa.
106
15
Tabela 3. Análise da composição química do óleo extraído da planta C. ambrosioides.
ATIVIDADE
ANTIPROLIFERATIVA
CULTIVADAS
NO
RECÔNCAVO
DE
BAIANO
PLANTAS
FRENTE
AS
107
MEDICINAIS
LINHAGENS
CELULARES K562, MCF-7 e MDA-231.
Tabela 1. Atividade antiproliferativa dos compostos sobre linhagens de células
tumorais expressas em média da IC50 ± desvio padrão.
145
16
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO GERAL
18
2
REVISÃO DE LITERATURA
19
2.1
PERIODONTOPATÓGENOS P. gingivalis, A. actinomycetemcomitans E F.
20
nucleatum E SUA PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA
PERIODONTAL
2.2
DOENÇA
PERIODONTAL:
PATOGÊNESE
E
PARTICIPAÇÃO
DOS
25
RESISTÊNCIA DOS PERIODONTOPATÓGENOS AOS ANTIMICROBIANOS:
30
OSTEOCLASTOS NA REABSORÇÃO ÓSSEA
2.3
UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
2.4
USO
DE
PLANTAS
MEDICINAIS
COMO
COADJUVANTE
NO
32
TRATAMENTO DA DOENÇA PERIODONTAL
3
OBJETIVOS
40
3.1
OBJETIVO GERAL
40
3.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
40
4
DESENHO DO ESTUDO
41
5
PRODUTOS DA TESE
42
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA SOBRE PERIODONTOPATÓGENOS E
43
APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE COMPOSTOS ISOLADOS DE
Lippia alba (Mill) N.E.Br.
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA SOBRE PERIODONTOPATÓGENOS E
67
APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE COMPOSTOS ISOLADOS DE
PLANTAS DO GÊNERO Ocimum.
ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA, APOPTÓTICA EM
98
OSTEOCLASTOS E CITOTÓXICA DAS PLANTAS Mentha x villosa Huds e
Chenopodium ambrosioides L.
ATIVIDADE
ANTIPROLIFERATIVA
DE
PLANTAS
MEDICINAIS
139
17
CULTIVADAS NO RECÔNCAVO BAIANO FRENTE AS LINHAGENS
CELULARES K562, MCF-7 e MDA-231
6
CONCLUSÃO GERAL
117
REFERÊNCIAS
119
APÊNDICE A – Registro fotográfico do Horto de plantas medicinais do CCS-
133
UFRB e composição química do solo feita pela EMBRAPA.
APÊNDICE B – Esquemas e registros fotográficos dos ensaios de atividade
134
antimicrobiana para aeróbios facultativos (E. coli e S. aureus).
APÊNDICE C - Registros fotográficos dos ensaios de atividade antimicrobiana
135
para anaeróbios estritos (A. actinomycetemcomitans, P. gingivalis, F. nucleatum e
B. fragilis).
APÊNDICE D – Registros fotográficos das exsicatas depositadas no HUEFS.
136
APÊNDICE E – Registros fotográficos dos ensaios com osteoclastos
137
APÊNDICE F – ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA DE PLANTAS
139
MEDICINAIS CULTIVADAS NO RECÔNCAVO BAIANO FRENTE AS
LINHAGENS CELULARES K562, MCF-7 e MDA-231
18
1 INTRODUÇÃO GERAL
Dentre as patologias mais comuns na cavidade bucal encontra-se a doença periodontal.
È uma infecção predominantemente polimicrobiana, cuja principal consequência é a perda
dentária, acompanhada de problemas estéticos, fonéticos, mastigatórios, com relevante
comprometimento psicossocial (LINDHE, 1999).
Existem evidências que relacionam as doenças periodontais como possíveis fatores de
risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (SHOJI et al., 2011), acidente
vascular cerebral (WU et al., 2000), infecções pulmonares (MACEDO et al., 2010),
nascimento de bebês com baixo peso (CRUZ et al., 2005; ERCAN et al., 2013), contribuindo
também para o controle glicêmico inadequado em diabéticos (TUNES, 2006), o que torna a
doença periodontal um importante problema de saúde pública.
Em relação à epidemiologia da doença periodontal no Brasil, a porcentagem de
pessoas com algum problema periodontal nas faixas etárias de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos
de idade, no ano de 2003, era respectivamente 53,8%, 78,1% e 92,1% (BRASIL, 2008). Os
resultados do Projeto Saúde Bucal do Brasil 2010 indicaram que o percentual de indivíduos
com algum problema periodontal foi de 37% para a idade de 12 anos, 49,1% para a faixa de
15 a 19 anos, 82,2% para adultos de 35 a 44 anos e 98,2% para idosos de 65 a 74 anos
(BRASIL, 2011). Analisando os resultados dos levantamentos realizados em 2003 e 2010,
percebe-se a necessidade de políticas públicas voltadas para melhoria na condição de saúde
periodontal da população brasileira.
O procedimento clínico mais usado para tratar a doença periodontal e/ou limitar os
danos causados pela destruição óssea alveolar é a raspagem e alisamento radicular, associado
ao uso de antimicrobianos, porém pesquisas relatam resistência dos periodontopatógenos aos
antibióticos. Embora com resultados comprovados, o antisséptico a base de gluconato de
clorexidina, largamente utilizado para controle de crescimento do biofilme dental, apresenta
efeitos adversos que comprometem o seu uso por períodos prolongados.
O objetivo deste estudo foi estudar a atividade antimicrobiana de plantas medicinais
frente
aos
periodontopatógenos
Porphyromonas
gingivalis,
Aggregatibacter
actinomycetemcomitans, Fusobacterium nucleatum e controle da atividade de osteoclastos,
que poderá resultar em novas formas terapêuticas para controle da doença periodontal, uma
19
doença cujo tratamento reabilitador, principalmente para as formas mais graves, se restringe a
limitação dos danos causados pela destruição óssea alveolar e do ligamento periodontal.
2
REVISÃO DE LITERATURA
O aparelho de inserção periodontal (Figura 1), constituído pelo ligamento periodontal,
cemento radicular e osso alveolar, é responsável por ancorar o dente aos maxilares. O
ligamento periodontal, que une o dente ao alvéolo dentário, consiste de numerosos feixes de
fibras colágenas, organizadas em grupos e separadas por tecido conjuntivo frouxo, que
contém vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. O cemento radicular é um tecido duro com
substância intercelular calcificada e organizado em camadas em torno da raiz. Durante a
formação do dente, as fibras colágenas do ligamento periodontal ficam incorporadas a ele,
ligando o dente ao processo alveolar, osso fino e compacto, perfurado por inúmeros orifícios,
através dos quais passam nervos e vasos sanguíneos e linfáticos (GENCO et al., 1997).
Doenças que acometem os tecidos de suporte e sustentação do dente são conhecidas como
doenças periodontais.
Figura 1. Anatomia do periodonto
Löe et al. (1986) no clássico estudo da história natural da doença periodontal no
homem, avaliaram longitudinalmente em 15 anos, em cinco momentos distintos, uma
população - faixa etária 14 aos 46 anos – de plantadores de chá no Sri Lanka, que não
possuíam hábitos adequados de higiene bucal ou atendimento profissional. Os autores
20
mostraram que a patogênese da doença periodontal é representada por uma complexa
interação parasito-hospedeiro na qual, além da presença do patógeno, diversos outros fatores
poderiam contribuir para o desenvolvimento da doença.
A doença periodontal deve portanto ser descrita como um conjunto de processos
inflamatórios e infecciosos que acometem os tecidos periodontais, de etiologia multifatorial,
podendo ser agravada por Diabetes mellitus insulino dependente, infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana, tabagismo (GENCO et al., 1997; YOSHIMITUS et al., 1998;
LINDHE, 1999), alterações neutrofílicas (PAGE e KORNMAN, 1997) e predisposição
genética (LOOS et al., 2008).
A resposta imune direcionada ao desafio bacteriano em indivíduos geneticamente
suscetíveis parece ser um dos principais fatores responsáveis por desencadear a destruição dos
tecidos periodontais.
O processo inflamatório é desencadeado e perpetuado por periodontopatógenos, que
são bactérias anaeróbias Gram-negativas, como Porphyromonas gingivalis, Tannerella
forsythia, Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Prevotella intermedia, Fusobacterium
nucleatum, Campylobacter rectus, Treponema denticola e Eikenella corrodens que colonizam
o biofilme dental subgengival (DARVEAU et al., 1997).
2.1 PERIODONTOPATÓGENOS P. gingivalis, A. actinomycetemcomitans E
F. nucleatum E SUA PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA
PERIODONTAL
A bactéria Porphyromonas gingivalis pertence ao gênero Porphyromonas, família
Bacteroidaceae. É um coco-bacilo Gram-negativo anaeróbio estrito, imóvel e não formador de
esporos (CARDOSO JORGE, 2007; SHOJI et al., 2011).
A forma pela qual a bactéria P. gingivalis coloniza o sulco gengival é bastante
discutida. Imediatamente após a entrada na cavidade oral, liga-se a moléculas contidas na
saliva (produtos bacterianos, componentes da dieta, componentes do exsudato do fluido
crevicular, células epiteliais descamadas). Contudo, esta interação poderá ser inibida por
componentes do sistema imune inato, como por exemplo: pelo efeito bactericida da histatina,
inibição do crescimento e atividade proteolítica da cistatina, inibição do crescimento pela
21
lactoferrina, atividade bactericida da glicoproteína MG2 e lisozima (LAMONT e
JENKINSON, 2000).
No entanto, a espécie é produtora de fatores de virulência como: fímbrias (FimA),
hemaglutininas, lipopolissacarídeos (LPS), que permitem a colonização (CARVALHO e
CABRAL, 2007) e proteases, que permitem a invasão bacteriana e inativação de componentes
do sistema imune (complemento, imunoglobulina A), sempre na dependência de uma
atmosfera com baixa tensão de oxigênio produzida principalmente por micro-organismos
formadores do biofilme dental supragengival, incluindo: Streptococcus gordonii, S. mutans,
S. sanguis, S. oralis, S. mitis, S. cristatus e Actinomyces naeslundii e disponibilidade de
hemina (NAGATA et al., 1990 apud LAMONT e JENKINSON, 2000).
Além disso, micro-organismos que colonizam o biofilme dental tardiamente como
Fusobacterium nucleatum, Treponema denticola, Treponema medium, Tannerella forsythia
também interagem com P. gingivalis, a qual está implicada no surgimento e progressão da
doença periodontal (LAMONT e JENKINSON, 2000) e infecções endodônticas (CARDOSO
JORGE, 2007).
Segundo Aruni et al. (2011) a capacidade de colonizar a bolsa periodontal e interagir
com outros micro-organismos pode ser atribuída a ação sinérgica das sialidases e
sialopeptidases, enzimas que também participam ativamente do crescimento da bactéria P.
gingivalis, visto que são importantes na clivagem de glicoproteínas.
Algumas cepas de Porphyromonas gingivalis possuem a capacidade de invadir e
infectar o epitélio oral e células musculares lisas, bem como alterar a função de células
endoteliais (DOLGILEVICH et al., 2011).
Além disso, é descrito que a gingipaína Rs, uma arginina-cisteína protease produzida
por P. gingivalis tem a capacidade de inibir o sistema imune, degradar tecidos, sendo também
considerada uma potente ativadora do sistema de coagulação, estimulando a agregação
plaquetária e ativação dos fatores de coagulação II, IX e X. Esta característica associada a
uma intensa resposta inflamatória decorrente da bacteremia, contribui para o desenvolvimento
de aterosclerose e trombose, como consequência da periodontite crônica (BRODALA et al.,
2005; SKOTTRUP et al., 2011).
A capacidade invasiva intrínseca do patógeno P. gingivalis facilita a bacteremia e
colonização em sítios extraorais. Da mesma forma, extrações dentárias, cirurgias periodontais,
raspagem e alisamento radicular ou até mesmo a simples escovação dentária e uso do fio
dental, poderão inocular o micro-organismo na circulação sistêmica (LI et al, 2002).
22
Dentre os periodontopatógenos de importância clínica, destaca-se também a bactéria
Aggregatibacter actinomycetemcomitans, anteriormente conhecida como Actinobacillus
actinomycetemcomitans,
um
micro-organismo
Gram-negativo,
membro
da
família
Pasteurellaceae, de forma cocobacilar, capnofílico, imóvel e não formador de esporos. Em
meio de cultura seletivo ágar TSBV apresentam colônias com formato de estrela. São microorganismos catalase-positivos, produtores de fosfatase ácida e alcalina, fermentadores de
frutose, glicose e manose. O principal habitat é o sulco gengival humano, podendo colonizar
mucosa oral e orofaringe. Seu principal fator de virulência é a leucotoxina A (LtxA), que
possui capacidade de lisar neutrófilos, monócitos e linfócitos T (CARDOSO JORGE, 2007),
também foram descritos bacteriocinas, fator inibidor de quimiotaxia, colagenases, proteases
para imunoglobulina G (IgG), fímbrias (O’BRIEN SIMPSON et al., 2004).
O A. actinomycetemcomitans libera para o meio extracelular uma gama de proteínas,
incluindo a leucotoxina A, toxina distensora citoletal (CDT), GroEL, lipoproteína associada a
peptideoglicano (PAL) e lipopolissacarídeo (LPS). Foi demonstrado que este microorganismo pode disseminar fatores de virulência no organismo do hospedeiro, via vesículas
(OMV- vesículas de membrana externa) ou até mesmo secretar componentes solúveis da
parede celular na ausência de OMVs. Tanto as OMVs, quanto os fatores solúveis são
abundantemente produzidos no biofilme dental e contribuem para o desenvolvimento da
resposta imune em uma bacteremia (ZIJNGE et al., 2012).
Diversas proteínas participam da patogenicidade do A. actinomycetemcomitans. As
genotoxinas CdtA, CdtB, CdtC podem induzir uma parada do ciclo celular na fase G2 e
apoptose em células do sistema imune (GUERRA et al., 2011 apud ZIJNGE et al., 2012). A
invasão em células do epitélio gengival é mediada pela Omp29 (KAJIYA et al., 2011) e
Segundo Maeda et al. (2009) a proteína inflamatória de macrófagos (MIP) está envolvida na
sobrevivência intracelular deste patógeno e tem sido estudada como candidata a formulação
de vacina antimeningocócica (HUNG et al., 2011 apud ZIJNGE et al., 2012).
O A. actinomycetemcomitans é um patógeno associado ao desenvolvimento de
periodontite agressiva. Foi descrito que o patógeno tem a capacidade de colonizar o interior
de células epiteliais, porém a invasão não é uma capacidade intrínseca do micro-organismo. O
que de fato ocorre é a internalização da bactéria pela célula, em decorrência de modificações
estruturais
dos
componentes
do
citoesqueleto
promovida
pela
Omp100
do
A.
actinomycetemcomitans e participação da Omp29, a qual induz remodelação de filamentos de
actina pela ativação de FAK-PI3 kinase ou cascata de sinalização mediada por Rho-GTPase,
para internalização da bactéria por queratinócitos (KAJIYA et al., 2011).
23
Dispersina B (DspB) também conhecida como ChB é uma desidrogenase com
capacidade para degradar poli-N-acetilglicosamina, o principal componente da matriz
extracelular que compõe o biofilme dental. Por ter a capacidade de degradar a matriz, esta
desidrogenase participa ativamente do processo de disseminação do patógeno A.
actinomycetemcomitans pela saliva, na qual é protegido da ação de lisozimas pela proteína
OapB (CALLEWAERT et al., 2008; KAPLAN, 2010). Desta forma, o micro-organismo pode
colonizar diversos outros tecidos e ser responsável pelo desenvolvimento de infecções
extraorais.
O A. actinomycetemcomitans foi primeiramente descrito por Kliger em 1912 e tem
sido relatada a presença deste patógeno em infecções extraorais, sendo a endocardite a mais
frequente (RAHAMAT-LANGENDOEN et al., 2011).
Rahamat-Langendoen et al. (2011) descreveram um caso de abscesso cerebral
associado a presença de A. actinomycetemcomitans, a princípio confundido com um tipo
incomum de tumor, em um paciente de 42 anos de idade, tabagista e etilista, com doença
periodontal, cárie e perda de vários elementos dentais, caracterizando um paciente com maus
hábitos de higiene bucal. O paciente apresentava também candidíase oral, dosagem de
proteína C reativa moderadamente elevada (34 mg.L-1), e não foram descritas alterações
cardiovasculares, renais e hepáticas.
O A. actinomycetemcomitans é um patógeno pertencente ao grupo HACEK
(Haemophilus spp., A. actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella
corrodens e Kingella spp.), grupo de micro-organismos Gram-negativos considerados
incomuns em casos de endocardite (3 a 8% dos casos). As bactérias deste grupo são
caracterizadas pela sua presença na microbiota normal, baixa virulência, alta prevalência em
indivíduos com história recente de tratamento dentário e com infecções de válvulas cardíacas.
Os indivíduos que albergam estes patógenos em válvulas cardíacas apresentam sintomatologia
por diversas semanas, com risco de embolias e parada cardíaca em função do diagnóstico
tardio (TIEN et al., 2012).
A possível relação deste patógeno com doenças coronarianas também tem sido
documentada. Segundo Spahr et al. (2006) a identificação de periodontopatógenos por meio
de técnicas de biologia molecular em amostras de fluido crevicular de pacientes portadores de
periodontite, com idade entre 43 a 73 anos, revelou uma associação positiva entre o
desenvolvimento de doenças coronarianas e a presença de A. actinomycetemcomitans.
Pussinen et al. (2007) reportaram uma associação entre os níveis aumentados de anticorpos da
classe IgG contra A. actinomycetemcomitans e doenças coronarianas. Um aumento dos níveis
24
de anticorpo contra este patógeno significa destruição das estruturas periodontais e
bacteremia. Segundo Ueno et al. (2012), indivíduos que albergam este patógeno tem um risco
aumentado de desenvolvimento de complicações cardíacas, principalmente indivíduos jovens.
O periodontopatógeno Fusobacterium nucleatum, filo Fusobacteria, família
Fusobacteriaceae, é um bastonete Gram-negativo anaeróbico, comensal, com extremidades
afiladas, conferindo-lhe a forma de fuso, não formam esporos e são imóveis, são
numericamente dominantes no biofilme dental e importantes em doenças infecciosas no
homem (CARDOSO JORGE, 2007). Existem cinco subespécies reconhecidas de
Fusobacterium nucleatum: polymorphum, nucleatum (ATCC25586), vincentii, fusiform e
animalis (KARPATHY et al., 2007).
O F. nucleatum é um dos primeiros micro-organismos a colonizar o biofilme dental,
sendo uma espécie com papel central na interação entre bactérias Gram-positivas
(Streptococcus e Actinomyces, reconhecidas como colonizadores iniciais do biofilme pela
capacidade
de
adesão
a
película
adquirida)
e
Gram-negativas
(Aggregatibacter
actinomycetemcomitans, Tannerella forsythia, Porphyromonas gingivalis, Treponema
denticola, reconhecidas como colonizadoras tardias) (MERRIT et al., 2009).
O hábitat principal do F. nucleatum é a gengiva marginal e sulco gengival,
correlacionado com casos de gengivite e periodontite (CARDOSO JORGE, 2007).
Acredita-se que o F. nucleatum atue como uma ponte entre micro-organismos Grampositivos e negativos e facilite a formação de um ambiente com baixas tensões de oxigênio,
ideal para o desenvolvimento de micro-organismos anaeróbios (KARPATHY et al., 2007).
Segundo Jewett et al. (2000), a bactéria F. nucleatum tem a capacidade de induzir
apoptose em polimorfonucleares (via Fas e TNF-R) e linfócitos (KAPLAN et al., 2010)
favorecendo a colonização do biofilme dental por outras espécies bacterianas. É um patógeno
identificado em infecções extraorais em sítios como: sangue, cérebro, pulmão, fígado,
articulações e infecções abdominais, ginecológicas e obstétricas (KARPATHY et al., 2007).
A bacteremia transitória provocada pela periodontite pode facilitar a disseminação de
bactérias orais para outros órgãos do corpo humano. Estudos mostraram que injeções
intravenosas de F. nucleatum (isolados do fluido amniótico e infecções oropulmonares) em
camundongos gestantes, resultaram em aborto. Os autores mostraram que 72 horas após a
inoculação bacteriana, micro-organismos viáveis foram isolados da decídua basal da placenta,
no líquido amniótico, útero e no próprio feto. O estudo também sugeriu que adesão a tecidos e
invasão tecidual são mecanismos de virulência importantes do F. nucleatum (HAN et al.,
2004).
25
A propriedade invasiva do F. nucleatum parece estar associada a capacidade que este
micro-organismo possui de utilizar pró-metaloproteinases (mais especificamente a MMP-9),
produzidas por neutrófilos para degradação dos componentes da matriz extracelular,
incluindo, colágeno, fibronectina e proteoglicanos, o que poderia explicar a relação entre este
micro-organismo e doenças cardiovasculares, respiratórias, bem como a sua presença no
líquido amniótico (GENDRON et al., 2004).
A ação de 80 cepas de F. nucleatum orais, isoladas de pacientes adultos com
periodontite, indivíduos sadios e macacos Cebus apella sobre camundongos isogênicos Balb/c
foi reportada por Gaetti-Jardim et al. (2000). Os resultados do estudo apontaram que os
isolados induziram perda de peso, perda dos movimentos coordenados, alterações patológicas
no fígado, sistema nervoso central, coração, rins, congestão vascular e até mesmo a morte dos
camundongos em 48 h.
Dharmani et al. (2011) estudaram cepas invasivas (ATCC 25586) de F. nucleatum.
Em sua pesquisa, os autores mostraram que cepas com potencial invasivo são capazes de
estimular a produção de mucinas (MUC2) e citocinas pró-inflamatórias, como fator de
necrose tumoral (TNFα), comprometendo a homeostase na mucosa intestinal por interferir no
equilíbrio existente entre a microbiota normal residente no trato digestório e o hospedeiro,
bem como por estimular o desenvolvimento de doenças inflamatórias.
A capacidade de invasão intracelular também foi reportada por Uitto et al. (2005), os
autores ainda relataram que o aumento da expressão de colagenase III induzida pelo microorganismo e a influência do F. nucleatum sobre a migração de células epiteliais reforçam a
ideia da participação direta do micro-organismo na formação da bolsa periodontal e no
desenvolvimento da periodontite.
2.2 DOENÇA PERIODONTAL: PATOGÊNESE E PARTICIPAÇÃO DOS
OSTEOCLASTOS NA REABSORÇÃO ÓSSEA
Na doença periodontal, bactérias e os produtos do metabolismo microbiano como os
ácidos butírico e propiônico interagem com o epitélio juncional, possibilitando a invasão no
tecido conjuntivo subjacente. Esta invasão ativa uma resposta imune com consequente
produção de mediadores pró-inflamatórios sintetizados pelo epitélio juncional, como
interleucina-1 (IL-1), prostaglandina E2 (PGE2), que ativam células endoteliais e aumentam a
26
permeabilidade do plexo vascular adjacente, o que possibilita a evasão de um grande número
de leucócitos, especialmente neutrófilos, que migram através do epitélio juncional para o
sulco gengival e bolsa periodontal (TONETTI et al., 1997).
A Figura 2 mostra a representação clínica e esquemática da evolução da doença
periodontal. Clinicamente a periodontite caracteriza-se por perda de inserção do ligamento
periodontal, perda óssea alveolar, existência de bolsas periodontais e inflamação gengival.
Também podem estar presentes recessão gengival, sangramento gengival após sondagem,
aumento da mobilidade, migração e esfoliação dentária (SOCRANSKY et al., 1984; LÖE et
al., 1986; JEFFCOAT e REDDY, 1991).
As características histopatológicas da periodontite incluem localização do epitélio
juncional apicalmente à junção cemento-esmalte, perda das fibras colágenas subjacentes ao
epitélio da bolsa, perda óssea, numerosos leucócitos polimorfonucleares no epitélio juncional
e no epitélio da bolsa e um denso infiltrado celular inflamatório com presença de plasmócitos,
linfócitos e macrófagos (SELVIG, 1966).
12 mm
A
9 mm
6 mm
6 mm
Gengiva e
Osso saudáveis
B
3 mm
Inflamação gengival e
Destruição óssea devido
à infecção periodontal
Ilustração do biofilme
dental subgengival
causando inflamação
Figura 2. Representação clínica e esquemática da doença periodontal. A- Periodonto saudável. B- Acúmulo de
biofilme dental supra e subgengival induzindo inflamação.
(Fonte: http://www.senado.gov.br/portaldoservidor/jornal/jornal64/diabetes.aspx)
Citocinas, quimiocinas, prostaglandinas têm sido identificadas como reguladores da
resposta imune na doença periodontal, a qual apresenta um infiltrado inflamatório de
27
linfócitos ativados, macrófagos, neutrófilos e mediadores pró-inflamatórios secretados,
incluindo IL-1 e PGE2, além de TNFα produzido por linfócitos T presentes na intimidade da
bolsa periodontal. Todos estes mediadores promovem a diferenciação e ativação de
osteoclastos, culminando com a reabsorção óssea alveolar e consequente perda do dente
(ISHIKAWA, 2007).
A homeostase do sistema esquelético está na dependência de uma remodelação óssea
equilibrada, ou seja, da dinâmica balanceada entre a atividade de osteoblastos, células que
formam o osso, e osteoclastos, células que reabsorvem o osso. Se este balanço inclinar-se a
favor dos osteoclastos, a consequência será uma reabsorção óssea patológica, como a que
acontece na doença periodontal (TAKAYANAGI et al., 2005).
Os osteoblastos são células mononucleadas, de origem mesenquimal, com núcleo
esférico e citoplasma basófilo. São cubóides ou ligeramente alongadas e formam uma camada
celular sobre a superfície óssea que está sendo formada. São as células responsáveis pela
produção da matriz orgânica do osso e sua mineralização (KATCHBURIAN et al., 2004). À
medida que os osteoblastos secretam a matriz óssea, eles ficam aprisionados em seu interior,
em lacunas, diminuindo a atividade metabólica e sendo agora chamados osteócitos, os quais
também tem participação na remodelação óssea, visto que a apoptose de osteócitos ativam
osteoclastos (BOABAID et al., 2001) e ainda osteócitos regulam a disponibilidade de cálcio e
atividade de osteoblastos e osteoclastos (DALLAS et al., 2013).
Os osteoclastos (Figura 3) são células gigantes, multinucleadas, formadas pela fusão
de células mononucleadas da linhagem hematopoiética. Caracterizam-se, citoquimicamente,
por apresentar fosfatase ácida resistente ao tartarato, adenosina ácida trifosfatada vanadato
sensitiva, isozima anidrase carbônica II, entre outras enzimas e receptores para calcitonina. Os
osteoclastos são responsáveis pela reabsorção óssea, em função da liberação de prótons e
atividade enzimática, especialmente MMPs, promovendo escavações na superfície óssea
denominadas lacunas de Howship (KATCHBURIAN et al., 2004). Possuem importante
participação na doença periodontal, osteoporose e artrite reumatóide (OCHI et al., 2007).
O osso é constituído de uma parte orgânica (colágeno, proteoglicanas, glicoproteínas
adesivas) e outra inorgânica (íons fosfato, cálcio, bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e
citrato). A união do fosfato e do cálcio forma cristais com estrutura de hidroxiapatita que,
associados às fibras colágenas, fornecem a resistência e dureza características do tecido ósseo.
Há ainda proteínas derivadas do sangue, fluidos teciduais e um importante grupo de
glicoproteínas chamadas proteínas ósseas morfogenéticas responsáveis pela indução da
formação óssea (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). O tecido ósseo está continuamente
28
sofrendo remodelação e este processo está intimamente relacionado à função do sistema
imune, o qual agindo mais sobre os osteoclastos, poderá resultar em uma reabsorção óssea
patológica.
Receptores para calcitonina
Receptores para vitronectina
Anidrase
carbônica II
Enzimas
lisosomais
Catepsina K
Bordas em forma de onda
Enzimas
lisosomais
Catepsina K
Figura 3. Estrutura de um osteoclasto. Receptores para calcitonina são responsáveis por regular a função
dos osteoclastos. Receptores para vitronectina são responsáveis pela adesão dos osteoclastos na matriz
óssea. Anidrase carbônica catalisa a rápida conversão de CO 2 e H2O em ácido carbônico, prótons e
bicarbonato. Catepsina K são proteases ativas em pH ácido. Enzimas lisosomais são responsáveis pela
reabsorção óssea juntamente com catepsina K. TRAP – fosfatase ácida resistente ao tartarato (Adaptado de
SUDA et al., 2008)
O papel do sistema imune na diferenciação e ativação de osteoclastos é de
fundamental importância, principalmente a participação de receptor ativador de ligante do
fator nuclear Kappa B (RANKL) presente em osteoblastos e células do estroma da medula
óssea, e fator estimulador de colônias para macrófagos (M-CSF) produzido pelo estroma da
medula óssea, osteoblastos e linfócitos T ativados. O co-estímulo de RANKL e M-CSF é
importante na diferenciação e ativação de osteoclastos, participando ativamente na
homeostase do tecido ósseo (WOO et al., 2010).
A Figura 4 mostra o mecanismo molecular de diferenciação e ativação de osteoclastos.
Os componentes 1α,25 (OH)2D3, paratormônio (PTH) e IL-11 agem em osteoblastos e
induzem a expressão de RANKL, que reconhece RANK em precursores de osteoclastos por
um mecanismo envolvendo a interação célula-célula. M-CSF é também um fator essencial
para proliferação e diferenciação, produzido por osteoblastos no tecido ósseo. Precursores de
29
osteoclastos se diferenciam em osteoclastos e são ativados, ambos os mecanismos mediados
por RANKL. Quando a osteoprotegerina (OPG), produzida por osteoblastos, bloqueia
RANKL, precursores de osteoclastos não podem mais interagir com RANKL, assim OPG
atua como inibidora da ativação (SUDA et al., 2008).
Precursores
de osteoclastos
Osteoclastos
Diferenciação
Ativação
Osteoclastos
ativados
Receptor
Osteoblastos
Osso
Lacuna de
Howship
Figura 4. Mecanismos de ativação do osteoclasto. Os componentes 1α,25 (OH)2D3, paratormônio (PTH) e IL-11
agem em osteoblastos e induzem a expressão de RANKL, que reconhece RANK em precursores de osteoclastos
por um mecanismo envolvendo a interação célula-célula. Precursores de osteoclastos se diferenciam em
osteoclastos e são ativados, ambos os mecanismos mediados por RANKL. OPG atua como inibidora da ativação
(Adaptado de SUDA et al., 2008)
Osteoclastos são células multinucleadas. Yagi et al. (2005) descreveram uma proteína
chamada proteína transmembrana específica de células dendríticas (DC-STAMP) como um
fator essencial envolvido na fusão de pré-osteoclastos mononucleares.
Rifas e Weitzmann (2009) descreveram uma nova citocina chamada fator
osteoclastogênico secretado de linfócitos T ativados (SOFAT), a qual induz produção de IL-6
e formação de osteoclastos na ausência de osteoblastos ou RANKL. A indução de IL-6
sugere que esta citocina tem um importante papel na reabsorção óssea durante o processo
inflamatório.
Segundo Jarry et al. (2013), a citocina SOFAT apresenta um importante papel no
desenvolvimento da doença periodontal. Os autores mostraram um aumento significante na
expressão de RNAm e dos níveis de proteína SOFAT no tecido gengival do grupo de
camungondos acometidos por doença periodontal, quando comparado ao grupo controle (sem
doença). Foi também descrita a participação de SOFAT na indução de osteoclastos no
ligamento periodontal dos animais estudados.
30
Outra citocina importante no processo de osteoclastogênese é o fator de necrose
tumoral alfa. O TNFα induz a formação de osteoclastos, pois atua aumentando a produção de
RANKL e M-CSF pelo estroma da medula óssea, ainda aumentando a sensibilidade dos
osteoclastos ao estímulo de RANKL (HOTOKEZAKA et al., 2007). O aumento na expressão
de RANKL sob a influência de linfócitos T ativados produtores de IL-7 foi também descrito
por Toraldo et al. (2003).
2.3
RESISTÊNCIA
DOS
PERIODONTOPATÓGENOS
AOS
ANTIMICROBIANOS: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
Segundo Veloo et al. (2012) o tratamento da doença periodontal envolve a redução da
população microbiana subgengival por meio de métodos mecânicos de raspagem e alisamento
radicular, entretanto o depósito bacteriano em bolsas periodontais profundas é frequentemente
difícil de ser removido, necessitando assim de métodos cirúrgicos e antibioticoterapia
associada.
Muitos antimicrobianos são associados ao tratamento da doença periodontal, como
metronidazol ou uma combinação de metronidazol e amoxicilina (HERRERA et al., 2002,
MOMBELI et al., 2012), porém segundo van Winkelhoff et al. (2005) a suscetibilidade dos
patógenos orais a antibioticoterapia varia consideravelmente entre países, além disso Walker
et al. (1996) já afirmavam que a resistência a antibióticos destes patógenos estava
aumentando, principalmente em pacientes com periodontite refratária.
Três mecanismos básicos são responsáveis pela resistência de micro-organismos a
antibióticos: 1) O micro-organismo pode bombear um antibiótico para o meio extracelular por
meio de bombas de efluxo; 2) Mutações induzem mudanças no sítio de ligação da droga; 3)
Capacidade de inativar a droga por meio de enzimas (MADIGAN et al., 2004).
Um antibiótico largamente empregado no tratamento da periodontite é a tetraciclina e
derivados, como doxiciclina e minociclina (GOODSON et al., 1982), porém pelo menos 27
diferentes genes de resistência para a tetraciclina têm sido descritos em espécies relacionadas
ao desenvolvimento da doença periodontal, como Streptococcus oralis, Veilonella spp.,
Actinomyces spp., Peptostreptococcus anaerobius, Fusobacterium nucleatum, Prevotella
intermedia, Porphyromonas gingivalis (ROBERTS, 2002). Vale ressaltar que Rodrigues et al.
31
(2004) mostraram que o A. actinomycetemcomitans, P. gingivalis e T. forsythia apresentaram
um perfil de resistência as tetraciclinas.
Segundo Japoni et al. (2011), a bactéria P. gingivalis apresentou in vitro, sensibilidade
aos antibióticos doxicilina, azitromicina e a associação amoxicilina com ácido clavulânico. Os
autores sugerem que a resistência da bactéria P. gingivalis a amoxicilina é devido a produção
de β-lactamase, visto que 12% das cepas testadas apresentaram resistência a amoxicilina sem
associação de ácido clavulânico.
O uso indiscriminado, a não utilização e a utilização profilática de antibióticos sem
critérios são alguns dos fatores responsáveis pelo crescimento da resistência aos
antimicrobianos apresentada pelos micro-organismos (ARDILA et al., 2010).
Ardila et al. (2010) estudaram a suscetibilidade dos periodontopatógenos P. gingivalis
e A. actinomycetemcomitans isolados de pacientes com periodontite crônica não tratada. Os
autores mostraram que a bactéria P. gingivalis foi altamente sensível a ação dos antibióticos
moxifloxacina (Concentração inibitória mínima - CIM90 igual a 0,032 mg.mL-1) e
amoxicilina (CIM50 igual a 0,125 mg.mL-1) associada a ácido clavulânico, contudo 23,52%,
21,56% e 25,49% dos isolados mostraram algum grau de resistência aos antibióticos
clindamicina, metronidazol e amoxicilina respectivamente. A resistência a estes três últimos
antibióticos foi também apresentada pelos isolados de A. actinomycetemcomitans.
A penicilina é uma droga muito utilizada contra micro-organismos do grupo HACEK,
mas de uma maneira geral os patógenos orais são resistentes a ação da penicilina. Segundo
Kulik et al. (2008) apenas 12% dos patógenos orais são suscetíveis a ação da penicilina.
Além da resistência apresentada pelos periodontopatógenos, cabe ressaltar que
segundo Branda et al. (2005) a efetividade de um antimicrobiano pode ser influenciada pela
presença de sangue, matéria orgânica, biofilmes intactos, os quais são menos suscetíveis a
ação da droga, pois a matriz extracelular de exopolissacarídeos (carga elétrica negativa)
poderia diminuir a penetração do antimicrobiano (frequentemente de carga elétrica positiva),
por interações iônicas e eletrostáticas.
O biofilme associado à progressão da doença periodontal é complexo, formado por
diferentes camadas celulares, sendo as mais profundas habitadas por micro-organismos
anaeróbios. A composição da microbiota na fase ativa da doença é principalmente formada
pelas bactérias P. gingivalis, A. actinomycetemcomitans, Tannerella forsythia, Prevotella
intermedia, Campylobacter rectus e Treponema denticola, sendo as duas primeiras as mais
evidentes (SBORDONE et al., 2011).
32
O crescimento in vivo da microbiota do biofilme subgengival é lento, o que acarretaria
em menor eficácia de um antimicrobiano, pois segundo Madigan et al. (2004) a efetividade de
um antimicrobiano é maior na fase log de crescimento, onde a taxa de replicação do ácido
desoxirribonucléico (DNA) e o metabolismo são altos.
O biofilme dental por ser uma estrutura bem organizada, também é responsável pela
seleção de cepas resistentes aos antibióticos utilizados no tratamento da doença periodontal.
Segundo Feres et al. (2002), os micro-organismos que colonizam em profundidade o
complexo biofilme dental são protegidos da ação de antibióticos.
Desta forma, tratamentos coadjuvantes ao uso de antibióticos poderiam ser úteis na
terapia periodontal e neste contexto, plantas medicinais representam uma alternativa
promissora.
2.4
USO
DE
PLANTAS
MEDICINAIS
COMO
COADJUVANTE
NO
TRATAMENTO DA DOENÇA PERIODONTAL
O Brasil possui a mais rica flora em todo o mundo, com mais de 56.000 espécies de
plantas, cerca de 19% da flora mundial. Estimativas indicam aproximadamente 5 a 10
espécies de gimnosperma, 55.000 a 60.000 espécies de angiospermas, 3100 espécies de
briófitas e 1200 a 1300 espécies de pteridófitas, e em torno de 525 espécies de algas marinhas
(GIULIETTI et al., 2005). Esta biodiversidade pode ainda ser uma rica fonte de matéria-prima
de produtos naturais com atividades biológicas a serem estudadas.
Plantas medicinais poderiam ser úteis no tratamento e prevenção da doença
periodontal, visto que o efeito inibitório no crescimento dos periodontopatógenos in vitro,
quando se utiliza um fitoterápico, têm sido relatado por alguns autores (IAUK et al., 2003;
LEE et al., 2004). Logo, é de extrema relevância social o estudo destas plantas sobre a
microbiota periodontopatogênica e controle da ativação de osteoclastos, o que implicaria em
um controle preventivo mais acessível à população, com custos reduzidos.
Allium sativum tem mostrado conhecida propriedade antibacteriana, antifúngica e
antiviral. A esse respeito Bakri et al. (2005) testaram o efeito desta planta sobre o
crescimento e enzimas proteolíticas de Porphyromonas gingivalis. O extrato de Allium
sativum inibiu o crescimento (CIM 17,8 – 1,1 mg.mL-1) e também mostrou um efeito
bactericida (Concentração bactericida mínima - CBM 35,7-1,1 mg.mL-1) sobre o micro-
33
organismo testado. Ainda, 94,88% da atividade proteolítica da protease de P. gingivalis foi
inibida. Estes dados sugerem que esta planta é um importante coadjuvante do tratamento em
pacientes portadores de periodontite (BAKRI et al., 2005).
Centella asiatica e Punica granatum são plantas medicinais que promovem
regeneração tecidual e modulação da resposta imune. Estudos preliminares revelaram efeitos
clínicos favoráveis, quando extratos das duas ervas foram impregnados em chips
biodegradáveis, os quais foram introduzidos no sulco gengival de pacientes com doença
periodontal, após raspagem e alisamento radicular. Amostra de fluido crevicular gengival foi
obtida antes e depois da terapia periodontal, os resultados indicaram uma redução na
produção da citocina pró-inflamatória IL-1β e baixa produção de IL-6, quando comparado ao
grupo controle (SASTRAVAHA et al., 2005).
A cavidade oral é habitada por mais de 500 espécies de bactérias em uma
concentração aproximada de 108 – 109 micro-organismos por mililitro de saliva ou miligrama
de placa bacteriana, a este respeito Takarada et al. (2004) fizeram um estudo comparativo da
atividade antimicrobiana de óleos essenciais extraídos de plantas medicinais sobre a
microbiota oral. Óleos de Leptospermum scoparium, Malaleuca alternifolia, Eucalyptus
radiata, Lavandula officinalis e Rosmarinus officinalis foram obtidos no laboratório
PhytoSun’Aroms (Ance, França). Segundo o estudo, a CIM de óleos extraídos de Malaleuca
alternifolia, Eucalyptus radiata foi de 0,06 a 0,5% contra A. actinomycetemcomitans Y4,
ATCC 29523, ATCC 29524 e P. gingivalis ATCC 33277, ATCC 53977, Su63 e W50 e
F.
nucleatum
ATCC
25586.
A
exposição
por
30
segundos
das
cepas
de
A. actinomycetemcomitans, P. gingivalis, F. nucleatum submetidas a ação dos óleos de
Leptospermum scoparium, Malaleuca alternifolia, Eucalyptus radiata na concentração de
0,2 a 0,5% mostrou atividade bactericida. Porém, o óleo da Lavandula officinalis não
mostrou atividade contra nenhuma cepa testada (TAKARADA et al., 2004).
A capacidade dos micro-organismos que causam a doença periodontal em aderir a
superfície dental é considerada um fator de patogenicidade. Óleos essencias de
Leptospermum scoparium, Malaleuca alternifolia, Eucalyptus radiata, Lavandula officinalis
e Rosmarinus officinalis possuem a capacidade de inibir a formação do biofilme dental e não
mostraram atividade citotóxica sobre as células humanas na concentração de até 0,2%
(TAKARADA et al., 2004).
Yemenitas e africanos do leste da África habitualmente mascam as folhas e ramos de
Catha edulis, uma planta da família Celestraceae comumente conhecida como Khat. Em um
estudo realizado in vivo foi mostrado que esta planta tem a capacidade de influenciar na
34
prevalência de periodontopatógenos localizados sub e supragengivalmente, induzindo um
perfil na microbiota adequado à saúde periodontal. Testes de suscetibilidade foram
executados segundo normas do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Os
resultados indicaram que a maioria das cepas de periodontopatógenos testados, incluindo
P. gingivalis, T. forsythia e A. actinomycetemcomitans foram sensíveis aos extratos de Catha
edulis (CIM de 5-20 mg.mL-1). Apenas Campylobacter rectus e F. nucleatum mostraram
resistência (AL-HEBSHI et al., 2005).
Aloe vera é uma planta medicinal com propriedades anti-inflamatória e
antimicrobiana. Segundo Fani et al. (2012), o gel de Aloe vera foi capaz de inibir isolados
clínicos de Streptococcus mutans (CIM igual 12,5 µg.mL-1), A. actinomycetemcomitans,
P. gingivalis e Bacteroides fragilis (CIM entre 25-50 µg.mL-1).
Recentemente foi descrita uma alta prevalência de clones JP2 (produtores de
leucotoxina) de A. actinomycetemcomitans em adolescentes de Ghanaian, ainda, nesta região,
existe o hábito de mascar folhas de Psidium guajava (Guava) como forma de higiene bucal.
Visando a comprovação científica do uso popular da planta Guava sobre o crescimento de
patógenos orais, Kwamin et al. (2012) estudaram a ação de extratos da planta sobre a
leucotoxina de A. actinomycetemcomitans. Os resultados apontaram que os extratos obtidos
de folhas e frutos da planta foram capazes de neutralizar a leucotoxina, porém com
mecanismo de ação ainda não elucidado. O extrato etanólico de folhas de Guava contém
polifenóis, com propriedades anticâncer, anti-inflamatória, antioxidante, antialérgicas e ainda
atividade antimicrobiana em função da presença de esteróides, flavonóides e taninos.
A ação de flavonóides foi estudada por Cai et al. (2013), que reportaram o efeito
antiaterosclerose da epigalocatequina-3-galato presente em chás verde. Os autores mostraram
que o composto possui importante ação antioxidante e anti-inflamatória capaz de atenuar a
formação de ateromas na aorta de camundongos infectados por P. gingivalis.
O desenvolvimento tecnológico e industrial traz ao mercado diariamente produtos,
como escovas elétricas, irrigadores elétricos que facilitam a higiene bucal e controle de placa.
A esse respeito Pistorius et al. (2003) associaram a esta tecnologia um antisséptico bucal
contendo extrato de ervas medicinais de Salvia officinalis, Mentha piperita, Matricaria
chamomilla, Commiphora myrrha, Carvum carvi, Eugenia caryophyllus e Echinacea
purpurea na concentração de 2,5 partes do agente em 100 partes de água, preparado pelos
participantes do projeto. Esta inovação conseguiu reduzir o índice de sangramento gengival
no grupo de pacientes com gengivite, resultado estatisticamente significante quando
35
comparado ao grupo controle, composto de pacientes que utilizavam irrigadores
convencionais.
Estudos mostram que plantas medicinais e produtos naturais derivados do
metabolismo secundário destas plantas também podem regular a atividade de osteoclastos
(PUTNAM et al., 2007).
Com o objetivo de avaliar se o extrato de Stewartia koreana possuía efeitos sobre a
diferenciação de osteclastos, Park et al. (2007) cultivaram pré-osteoclastos na presença de
osteoblastos, Vitamina D3 e PGE2 e extrato da planta. Segundo estes autores, o extrato desta
planta foi capaz de inibir a diferenciação em 80% dos osteoclastos, na concentração de
20 µg.mL-1. Este efeito inibitório foi devido a inibição da expressão do fator nuclear
associado a Toll c1 (NFATc1) e c-Fos, porém não foi observado efeito no fator nuclear
kappa B (NFκB).
Um estudo com mulheres adultas da China revelou maior densidade óssea em
mulheres que bebiam chá, do que naquelas que não tomavam (HEGARTY et al., 2000).
Baseados nestas observações Oka et al. (2012) estudaram a atividade antiosteoclastogênica
dos polifenóis extraídos de Camellia sinensis, nas concentrações de 10 a 100 µM. Os autores
mostraram que os polifenóis foram capazes de inibir a formação de osteoclastos, suprimir as
metaloproteinases MMP-2 e MMP-9 (necessárias pra degradação de fibras colágenas e
migração de osteoclastos na superfície óssea) e impedir a formação do anel de actina do
citoesqueleto de osteoclastos, o qual é necessário no processo de reabsorção óssea.
Estudos epidemiológicos vêm mostrando que existe uma correlação positiva entre o
consumo de frutas e verduras sobre a densidade óssea em humanos (NEW et al., 2000). A este
respeito Muhlbauer et al. (2003) utilizaram os óleos essenciais de Oleum carvi, O. eucalypti,
O. juniperi, O. pini, O. rosmarini, O. salviae e os monoterpenos tujona, eucaliptol, borneol,
timol, mentol, alfa-pineno e beta-pineno em ensaios in vivo utilizando ratos da linhagem
Wistar alimentados com os compostos, e ensaios in vitro em osteoclastos cultivados. Os
resultados mostraram que os monoterpenos borneol e timol inibiram a atividade de
osteoclastos na concentração de 1,0 mM. O borneol não diminuiu o número de osteoclastos na
dose testada, diferente do timol que além de inibir a atividade, foi capaz de diminuir o número
de osteoclastos na cultura. Para Crowell et al., (1991) a ação dos monoterpenos seria inibir a
via do mevalonato e prenilação de proteínas como Ras, Rho e Rac.
Com o objetivo de determinar o efeito de extratos de jixueteng sobre a reabsorção
óssea alveolar na doença periodontal, Toyama et al. (2012) utilizaram camundongos
C57BL/6N infectados com P. gingivalis ATCC 33277. Os autores dividiram os camundongos
36
em 3 grupos, sendo o grupo A, o controle do experimento (camundongos não infectados), o
grupo B composto de camundongos infectados e o grupo C composto de camundongos
infectados e tratados com o extrato da planta. Os resultados mostraram que concentrações
abaixo de 0,1% da droga não foram tóxicas e que a perda óssea alveolar foi estatisticamente
menor no grupo C (p < 0,01) quando comparado com o grupo B.
O efeito da fração etil acetato do extrato de Cudrania tricuspidata (coletada em Jiri
Mountain, Korea), em osteoclastos estimulados com IL-1 β e RANKL foi estudado por Lee et
al. (2010). A fração foi capaz de inibir a diferenciação dos precursores de osteoclastos
estimulados com IL-1β e RANKL de forma dose-dependente. O mecanismo de ação proposto
pelos autores foi a inibição de c-Fos, NFATc1 e proteína quinase ativadora de mitose
(MAPK). Os resultados também informaram que a fração não teve atividade sobre a
expressão do fator de transcrição NFκB.
Uma planta usada na medicina tradicional de Taiwan para tratamento de doenças
pulmonares, dor abdominal, febre, hipertensão e mordida de cobras, chamada Anoectochilus
formosanus foi estudada por Masuda et al. (2008). O extrato etanólico desta planta usado em
camundongos ovariectomizados estabilizou a redução na porção esponjosa do osso femural e
reduziu o número osteoclastos em 38%, quando o composto era usado na concentração de
12,5 µg.mL-1 e 26% a 25 µg.mL-1. O estudo mostrou que o composto não foi capaz de inibir a
atividade de RANKL, porém ele foi capaz de suprimir a expressão de RANKL.
Yin et al. (2004) demonstraram que extratos aquosos de Dioscorea spongiosa
estimularam a proliferação de osteoblastos. Extratos de Psoralea corylifolia (WANG et al.,
2001) e Cnidium monnieri (MENG et al., 2004) também apresentaram atividade sobre
osteoblastos.
Segundo Koyama et al. (2012) a administração de extrato de Terminalia catappa na
concentração de 1 mg.Kg-1 durante 5 semanas preveniu a reabsorção óssea por osteoclastos,
interferindo na diferenciação celular.
A atividade do magnolol presente na planta Magnolia officinalis foi descrita por Lu et
al. (2013). A administração, em camundongos com doença periodontal, de 100 mg. Kg-1 de
magnolol foi capaz de inibir a reabsorção óssea alveolar, o número de osteoclastos na
superfície óssea, a expressão de RANKL, MMP-1, MMP-9, NFκB, bem como mostrou
atividade antimicrobiana frente a P. gingivalis, A. actinomycetemcomitans e inibiu a
diferenciação de macrófagos RAW 264.7 em osteoclastos.
Percebe-se que controlar a formação, diferenciação e ativação de osteoclastos são
mecanismos de ação desejáveis quando se estuda um composto natural que tenha como
37
objetivo controlar a reabsorção óssea mediada por osteoclastos. Esta regulação pode ser
também conseguida pela indução de apoptose.
Apoptose, ou morte celular programada, é um processo essencial para a manutenção
do desenvolvimento dos seres vivos, sendo importante para eliminar células supérfulas ou
defeituosas. Durante a apoptose, a célula sofre alterações morfológicas características desse
tipo de morte celular. Tais alterações incluem a retração da célula, perda de aderência com a
matriz
extracelular e
células
vizinhas, condensação da cromatina, fragmentação
internucleossômica do DNA e formação dos corpos apoptóticos. Muitas são as moléculas
envolvidas no controle das vias de ativação da apoptose, dentre elas (GRIVICICH et al.,
2007):
a) Caspases: as caspases são sintetizadas como precursores inativos denominados
zimogênios. Após um sinal de morte celular, as caspases são ativadas por clivagem
proteolítica. São conhecidas 14 caspases humanas, sendo que seis (caspases -3, -6,
-7, -8, -9, -10) participam da apoptose.
b) Proteínas da Família Bcl-2: a família Bcl-2 é uma família de proteínas indutoras e
repressoras de morte por apoptose que participam ativamente da regulação da
apoptose. Os membros da família Bcl-2, como Bcl-2 e Bcl-XL inibem a apoptose,
pois previnem a liberação de citocromo c e são chamados de reguladores
antiapoptóticos. Por outro lado, Bax, Bid e Bak são proteínas pró-apoptóticas.
c) Proteínas inibidoras da apoptose (IAP): são moléculas que exercem seu papel
antiapoptótico por inibirem a atividade das caspases efetoras -3 e -7, da caspase
iniciadora -9 e de modularem o fator de transcrição NFκB. A família c-FLIP
(FLICE-like inhibitory protein - proteína inibidora de FLICE) também atua
regulando a apoptose. Essa proteína inibe a apoptose ligando-se ao adaptador para
domínio de morte presente em Fas (FADD), prevenindo assim a ativação da
caspase-8/FLICE. Cinco diferentes membros das IAPs já foram descritos: proteína
inibidora de apoptose neuronal (NAIP), inibidor de proteína apoptótica ligada ao X
(XIAP), c-IAP-1, c-IAP-2 e survivina.
d) Super família do TNF: inclui diversos receptores, entre eles o rTNFR-1,
Fas/CD95, ligante indutor de apoptose relacionado a TNF (TRAIL). Os membros
da família do rTNF têm por principal característica um domínio extracelular rico
em cisteína.
e) Proteína p53: participa da regulação do ponto de checagem de G1 que tem
fundamental importância na manutenção da integridade do genoma, pois permite a
38
ação de mecanismos de reparo do DNA ou a remoção de células danificadas
através do processo de apoptose. Danos no DNA promovem superexpressão e
consequente ativação da p53, resultando na parada do ciclo celular em G1 e
iniciando o reparo do DNA.
O interesse por medicamentos fitoterápicos pela população vem crescendo cada vez
mais no Brasil e isto tem estimulado diversos grupos de pesquisa científica a direcionarem
esforços no intuito de desvendar as propriedades biológicas dos vegetais.
No entanto, a execução de pesquisas envolvendo plantas medicinais exige estudos
multidisciplinares. A metodologia adotada em pesquisas com plantas medicinais é certamente
um dos pontos mais discutidos.
O processo de seleção da planta a ser utilizada é certamente uma das etapas de maior
importância. Vários métodos são empregados incluindo a seleção ao acaso, taxonomia
química, ecologia química, emprego de conhecimentos etnofarmacológicos, sendo este
último segundo a literatura, o que apresenta resultados mais promissores. Além disso, a
classificação botânica correta da espécie selecionada é de fundamental importância. A
escolha da parte da planta que será estudada e cuidados especiais com relação ao cultivo,
época e local do cultivo e da colheita, método de secagem do material, transporte e
armazenamento do material, processamento em laboratório e ensaios biológicos são também
procedimentos indispensáveis (CALIXTO, 2003).
Embora seja crescente a demanda do mercado por fitoterápicos, este tem sido
atendido, na maioria das vezes, com matéria-prima sem padronização, de qualidade duvidosa
e ainda fruto do extrativismo sem critérios. Tecnologias de produção, incluindo o cultivo da
matéria-prima, são de extrema importância, considerando ainda a necessidade de se atender
aos padrões exigidos pela legislação vigente nos campos da química, das indústrias
farmacêutica e alimentícia.
Os
vegetais
apresentam
grande
flexibilidade
quimiossintética
ao
produzir
micromoléculas, como as que compõem as misturas complexas que são, por exemplo os óleos
essenciais. Para maximizar a produção destas substâncias, são necessários tanto a seleção de
genes, quanto a de regimes ambientais. Sob o ponto de vista agronômico, as possibilidades de
manejo são muitas (EMBRAPA, 2010).
Li e Craker (1996) observaram que diferentes porcentagens de luz fornecida no
crescimento de sálvia e tomilho influenciaram no crescimento e nos constituintes do óleo
essencial, sendo que a planta em diferentes estágios de crescimento, tem diferente composição
no seu óleo essencial, sugerindo a existência de uma enzima que depende de luz para catalizar
39
a reação de acumulação de monoterpenos. A influência de fatores ambientais sobre a síntese
de constituintes químicos produzidos por plantas medicinais já é bem documentada. Os
fatores ambientais podem ser divididos em bióticos e abióticos (EMBRAPA, 2010).
Os fatores bióticos estão relacionados com as interações planta e micro-organismos,
planta-planta e planta-herbívoros, e constituem respostas de defesa a essas relações ecológicas
locais e imediatas, que resulta em alteração dos processos metabólitos do vegetal. Entre os
diversos fatores abióticos encontram-se as variações climáticas ou edáficas. A diversidade de
ambientes ecogeográficos do Brasil é um dos fatores responsáveis por sua enorme quantidade
de espécies de plantas medicinais (EMBRAPA, 2010).
Segundo Teles (2010), a adaptação às mais diversas condições ambientais apresenta
desafios evolutivos incomuns. Plantas de uma mesma espécie podem responder de modo
muito diferente a dado grau de tensão ambiental, o que explica a diversidade na atividade
biológica de uma mesma planta cultivada em diferentes regiões.
Dentre as condições ambientais, os fatores climáticos e a temperatura exercem função
importante na sobrevivência do vegetal, por estarem ligados ao crescimento e
desenvolvimento da planta. Espécies pouco adaptadas à temperatura de uma determinada
região terão sérios problemas em produzir biomassa e princípios ativos, em decorrência de
distúrbios no metabolismo primário e secundário durante o desenvolvimento do vegetal
(MARTINS et al., 1995). Outro fator a ser considerado é o fotoperiodismo, relacionado a
disponibilidade de luz solar. O fotoperiodismo exerce influência direta na determinação do
ponto de colheita, produção de sementes e escolha da época de plantio (EMBRAPA, 2005).
Estudos bioquímicos das fases de desenvolvimento de uma planta, evidenciam a
necessidade em se conhecer o comportamento da espécie em função de sua adaptação ao meio
ambiente, para seleção correta do melhor local de desenvolvimento, características de solo,
horário de colheita e tipo de adubação necessários para o maior incremento de substâncias
químicas ativas.
Considerando a grande biodiversidade da flora brasileira e o potencial biotecnológico
que ela representa para o desenvolvimento de fármacos no tratamento de diversas
enfermidades, incluindo a doença periodontal, este trabalho se propôs a estudar a atividade de
plantas medicinais sobre o crescimento do biofilme dental subgengival e controle da atividade
de osteoclastos.
40
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a atividade antimicrobiana de óleos essenciais e extratos metanólicos de
plantas medicinais cultivadas no Recôncavo da Bahia sobre o crescimento de
periodontopatógenos e a indução de apoptose em osteoclastos.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Determinar o perfil cromatográfico dos óleos essenciais das plantas medicinais
estudadas;
2) Determinar a concentração inibitória e bactericida mínima dos extratos metanólicos e
óleos essenciais extraídos das plantas medicinais estudadas para Escherichia coli sensível à
trimetoprima e resistente à sulfonamida CCMB 261, Staphylococcus aureus resistente à
estreptomicina e dihidrostreptomicina CCMB 262, Staphylococcus aureus resistente à
novobiocina CCMB 263, Aggregatibacter actinomycetemcomitans (ATCC 43717),
Fusobacterium nucleatum (ATCC 25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277),
Bacteroides fragilis (ATCC 25285);
3) Avaliar in vitro a citotoxicidade de óleos essenciais, princípios ativos presentes nos
óleos e extratos metanólicos extraídos das plantas medicinais;
4) Estabelecer in vitro as concentração de trabalho para os ensaios com osteoclastos por
meio da atividade antiproliferativa dos compostos sobre linhagens de células tumorais K562
(leucemia), MDA-231 (câncer de mama) e MCF-7 (câncer de mama);
5) Analisar in vitro a atividade dos compostos atóxicos extraídos das espécies de plantas
estudadas sobre a indução de apoptose em osteoclastos, bem como atividade
antiosteoclastogênica dos compostos que não foram capazes de induzir apoptose;
6) Estudar in vitro a indução de diferenciação eritróide em células K562 tratadas com
óleos essenciais, princípios ativos presentes nos óleos e extratos metanólicos extraídos das
plantas estudadas.
41
4 DESENHO DO ESTUDO
Esta pesquisa foi desenvolvida em caráter interinstitucional com a colaboração do
Laboratório de Pesquisa em Microbiologia (LAPEM) da Universidade Estadual de Feira de
Santana - UEFS, Laboratório de Produtos Naturais (LAPRON) da UEFS, Laboratório de
Anaeróbios da Universidade de São Paulo e Departamento de Bioquímica e Biologia
Molecular da Universidade de Ferrara na Itália, com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Para a sua execução, foi observado
o seguinte delineamento de estudo:
Análise da composição
química do solo
Cultivo agroecológico das
plantas medicinais
Colheita
Identificação botânica
Separação das partes
das plantas
Partes aéreas (folhas,
flores, sementes, frutos)
Caule
Secagem
Perfil
cromatográfico
(CG/EM)
Secagem
Hidrodestilação
(Óleo essencial)
Preparo dos Extratos
metanólicos
Atividades biológicas
Triagem das concentrações
de trabalho em células
tumorais
Atividade antimicrobiana
Concentração
inibitória mínima
Concentração
bactericida mínima
Cultura de osteoclastos
Teste da
Benzidina
Teste TRAP
Ensaio de citotoxicidade
(MTT)
Compostos
tóxicos
Atividade
antiosteoclastogênica
Compostos
atóxicos
Ensaios de apoptose celular
(Teste TUNEL e
Imunocitoquímica para
Receptor Fas)
42
5 PRODUTOS DA TESE
Esta Tese resultou na elaboração de quatro artigos, que são apresentados em
sequência. Registros fotográficos dos ensaios, diagramas dos experimentos e artigo IV
encontram-se nos apêndices.
I - ATIVIDADE ANTIMICROBIANA SOBRE PERIODONTOPATÓGENOS E
APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE COMPOSTOS ISOLADOS DE Lippia alba
(Mill) N.E.Br.
II - ATIVIDADE ANTIMICROBIANA SOBRE PERIODONTOPATÓGENOS E
APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE COMPOSTOS ISOLADOS DE PLANTAS DO
GÊNERO Ocimum
III
-
ESTUDO
DA
ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA,
APOPTÓTICA
EM
OSTEOCLASTOS E CITOTÓXICA DAS PLANTAS Mentha x villosa Huds e Chenopodium
ambrosioides L.
As concentrações de trabalho utilizadas nos ensaios com osteoclastos foram obtidas a
partir de ensaios prévios com linhagens celulares de câncer de mama (MCF-7 e MDA-231) e
leucemia (K562). Esta triagem foi realizada para avaliar o comportamento dos compostos
sobre linhagens conhecidas, visto que são escassos na literatura dados sobre a atividade das
plantas estudadas em osteoclastos. Este trabalho resultou no artigo (Apêndice F) intitulado:
IV - ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTIVADAS
NO RECÔNCAVO BAIANO FRENTE AS LINHAGENS CELULARES K562, MCF-7 e
MDA-231
43
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA SOBRE PERIODONTOPATÓGENOS E
APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE COMPOSTOS ISOLADOS DE Lippia alba
(Mill) N.E.Br.
Paulo Juiz, Mário Ávila Campos, Roberto Gambari, Roberta Piva, Letizia Penolazi, Franceli
Silva, Angélica Lucchese e Ana Paula Uetanabaro.
Resumo
A doença periodontal é uma patologia de etiologia multifatorial, onde a resposta imune ao
desafio microbiano resulta em ativação de osteoclastos e reabsorção do osso alveolar,
culminando com a perda do elemento dental. Técnicas mecânicas (raspagem e alisamento
radicular) e cirúrgicas, associadas ao uso de antibióticos e antissépticos são procedimentos
adotados para limitar os danos causados e eliminar a microbiota patogênica. Neste contexto,
o uso de plantas medicinais como terapia auxiliar tem merecido destaque. Com o objetivo de
estudar a atividade antimicrobiana e controle da ativação de osteoclastos, compostos
extraídos de Lippia alba (Mill) N.E.Br. foram estudados neste trabalho. Para ensaios de
atividade antimicrobiana frente a Escherichia coli sensível à trimetoprima e resistente à
sulfonamida (CCMB 261), Staphylococcus aureus resistente à estreptomicina e
dihidrostreptomicina (CCMB 262), Staphylococcus aureus resistente à novobiocina (CCMB
263), Aggregatibacter actinomycetemcomitans (ATCC 43717), Fusobacterium nucleatum
(ATCC 25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277), Bacteroides fragilis (ATCC
25285) foi utilizada a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e concentração
bactericida mínima (CBM). Osteoclastos humanos foram obtidos como descrito por
Matsuzaki et al. (1999), sendo posteriormente tratados com os compostos. A avaliação da
apoptose em osteoclastos foi feita pelo teste TUNEL e por imunocitoquímica para receptor
Fas. Os resultados de atividade antimicrobiana mostraram que os óleos essenciais das plantas
estudadas foram mais efetivos em inibir o crescimento dos micro-organismos do que os
extratos metanólicos, sendo os maiores valores de CIM registrados para bactéria E. coli.
Entre os periodontopatógenos, os menores valores de CIM foram registrados para bactéria P.
gingivalis e os maiores para A. actinomycetemcomitans. O óleo de L. alba foi considerado
tóxico, embora os compostos carvona, limoneno e citral foram atóxicos e induziram apoptose
em osteoclastos. Este trabalho mostrou que L. alba possui potencial biotecnológico para uso
em odontologia, sendo ainda necessários ensaios in vivo para comprovar a atividade dos
compostos estudados.
Palavras-chave: carvona, citral, limoneno, Lippia alba, osteoclasto, periodontopatógenos.
44
1 Introdução
Dentre as patologias mais comuns na cavidade bucal encontra-se a doença periodontal.
É uma infecção predominantemente polimicrobiana, cuja principal consequência é a perda
dentária, acompanhada de problemas estéticos, fonéticos, mastigatórios, com relevante
comprometimento psicossocial. Existem evidências que relacionam as doenças periodontais
como possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (SHOJI
et al., 2011), acidente vascular cerebral (WU et al., 2000), infecções pulmonares (MACEDO
et al., 2010), nascimento de bebês com baixo peso (CRUZ et al., 2005), contribuindo também
para o controle glicêmico inadequado em diabéticos (TUNES, 2006), o que torna a doença
periodontal um importante problema de saúde pública.
O processo inflamatório na doença periodontal é desencadeado e perpetuado por
periodontopatógenos, que são bactérias anaeróbias Gram-negativas, como Porphyromonas
gingivalis, Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Fusobacterium nucleatum (DARVEAU
et al., 1997). Mediadores pró-inflamatórios (IL-1, PGE2, TNFα) produzidos por linfócitos T
presentes na intimidade da bolsa periodontal promovem a diferenciação e ativação de
osteoclastos, culminado com a reabsorção óssea alveolar e consequente perda do dente
(ISHIKAWA, 2007).
O procedimento clínico mais usado para tratar a doença periodontal e/ou limitar os
danos causados pela destruição óssea alveolar é a raspagem e alisamento radicular, associado
ao uso de antimicrobianos, porém pesquisas relatam resistência dos periodontopatógenos aos
antibióticos (ROBERTS, 2002; ARDILA et al., 2010; JAPONI et al., 2011). Ainda, embora
com resultados comprovados, o antisséptico a base de gluconato de clorexidina apresenta
efeitos adversos que comprometem o seu uso por períodos prolongados. Neste aspecto, o uso
de plantas medicinais poderia ser uma alternativa promissora.
Lippia alba é um planta da família Verbenaceae, conhecida popularmente como ervacidreira, chá-de-tabuleiro, cidrila, alecrim-selvagem, cidreira-brava, falsa-melissa, ervacidreira-de-campo, salva, salva-do-brasil, salva-limão, alecrim-do-campo, salva-brava, sálvia
(LORENZI, 2008).
Esta planta foi considerada a segunda mais utilizada na Bahia, sendo que em Cruz das
Almas/BA, é usada como sedativa, para hipertensão, flatulência e dor (RODRIGUES e
GUEDES, 2006), em Itacaré/BA, é usada para dor de estômago e problemas digestivos
(PINTO et al., 2006). Com relação as atividades biológicas da L. alba, Abad et al. (1997)
relataram propriedade anti-HSV-1. Segundo Hennebelle (2006), L. alba apresenta efeito
45
neurosedativo, analgésico, anti-inflamatório e antitumoral. O objetivo deste trabalho foi
estudar a atividade da L. alba sobre periodontopatógenos e osteoclastos.
2 Material e Métodos
2.1 Obtenção das amostras vegetais
O cultivo de Lippia alba foi feito nos meses de março a junho do ano 2010, no Horto
de Plantas medicinais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia localizado no
município de Santo Antônio de Jesus, Latitude 12° 57′ 59.2”, Longitude 039° 15′ 49.4” LO.
Todo o tratamento convencional de herborização seguiu o descrito por Mori et al. (1989). O
material botânico coletado foi depositado no Herbário da Universidade Estadual de Feira de
Santana e identificado por especialista como Lippia alba (Mill) N.E.Br. (Verbenaceae) HUEFS 167949, pelo sistema de classificação de Cronquist (1981).
2.2 Extração de óleo essencial
A técnica de hidrodestilação por arraste a vapor foi utilizada para obtenção dos óleos
essenciais a partir de folhas e flores secas da planta. O processo de extração foi conduzido
durante 3 horas. A composição química do óleo essencial foi determinada por cromatografia
gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), em cromatógrafo Shimadzu CG-2010
acoplado a Espectrômero de Massas CG/MS-QP 2010 Shimadzu, coluna WCOT de sílica
fundida, 30 m x 0,25 µm, injetor CP-1177, temperatura do injetor 220oC, gás de arraste Hélio
(1mL/min), temperatura da interface de 240oC, temperatura da fonte de ionização de 240oC,
energia de ionização 70 eV, corrente de ionização 0,7 kV e programa de temperatura do forno
60oC a 240oC (3oC/min), 240oC (20min). Os componentes foram identificados através da
comparação dos espectros de massas obtidos com os da biblioteca do equipamento e por
comparação dos Índices de Kovats (IK) calculados com a literatura (ADAMS, 1995)
empregando uma série homóloga de hidrocarbonetos.
2.3 Preparo dos extratos metanólicos
O caule seco foi pulverizado em moinho de faca e as extrações foram realizadas por
meio de maceração em recipientes de vidro, utilizando-se metanol, na proporção
material/solvente de 1:5. O produto da maceração foi concentrado em evaporadores rotatórios
(40-42°C, sob pressão reduzida) para obtenção dos extratos metanólicos.
46
2.4 Determinação da atividade antimicrobiana sobre bactérias aeróbias
facultativas
As amostras de extratos metanólicos e óleos voláteis da planta estudada foram testadas
em uma triagem inicial contra os micro-organismos Escherichia coli sensível à trimetoprima e
resistente à sulfonamida CCMB 261, Staphylococcus aureus resistente à estreptomicina e
dihidrostreptomicina CCMB 262, Staphylococcus aureus resistente a novobiocina CCMB 263
fornecidos pela Coleção de Culturas de Micro-organismos da Bahia (CCMB), usados como
micro-organismos controle do experimento e com o objetivo de avaliar a atividade dos
compostos frente a bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Uma alçada de uma cultura de
20h foi utilizada para preparo da suspensão bacteriana, em solução salina a 0,45%, na
concentração de 1,5 x 106 UFC.mL-1. Para determinação da Concentração Inibitória Mínima
(CIM) os extratos metanólicos foram solubilizados em uma solução de DMSO 50% e os óleos
essenciais em uma solução de Tween80 10% de modo a obter uma concentração inicial de
200 mg.mL-1. Os compostos foram esterilizados em filtro Millipore de 0,22 µm. Foi utilizado
o ensaio de suscetibilidade por microdiluição em caldo recomendado pelo CLSI (2002), com
modificações, sendo que todos os testes foram realizados em caldo Müeller Hinton
autoclavado em triplicata. Foram preparadas diluições seriadas na ordem de 100 mg.mL-1 a
0,0488 mg.mL-1 dos compostos testados em placas de microtitulação de 96 poços. Em
seguida, cada poço recebeu 10 μL da suspensão de micro-organismo teste na concentração de
1,5 x 106 UFC.mL-1. As placas foram incubadas à 37ºC por 24 horas e a determinação da CIM
foi feita pelo método colorimétrico utilizando 30 µL de resazurina 0,01%. Como controle
foram usados: cloranfenicol 10 mg.mL-1, controle de viabilidade dos micro-organismos,
esterilidade do meio e influência dos solventes (Tween e DMSO) sobre o crescimento
microbiano. Cinco microlitros do conteúdo dos poços que mostraram atividade foram
inoculados em ágar Müeller Hinton para determinação da concentração bactericida mínima
(CBM). O crescimento bacteriano no meio de cultura contido na placa de Petri caracterizou o
composto como tendo atividade bacteriostática, a ausência de crescimento, atividade
bactericida.
2.5 Determinação da atividade antimicrobiana sobre bactérias anaeróbias estritas
Os testes de suscetibilidade microbiana aos extratos metanólicos e óleos essenciais
foram realizados segundo o método de macrodiluição em caldo do CLSI M11-A5, com
modificações.
Cepas
de
Aggregatibacter
actinomycetemcomitans
(ATCC
43717),
Fusobacterium nucleatum (ATCC 25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277),
47
Bacteroides fragilis (ATCC 25285), preservadas em Skim-milk (10%) a -80oC foram
ativadas em ágar sangue com 5% de sangue de carneiro desfibrinado suplementado com
hemina (5 µg.mL-1) e menadiona (vitamina K, 1 µg.mL-1) e incubadas em anaerobiose (90%
N2 e 10% CO2) a 37oC por 72 horas para serem utilizadas na realização dos testes de
suscetibilidade. O inóculo bacteriano teste foi preparado suspendendo colônias da cultura
recente em 5 mL de caldo BHI (Brain Heart Infusion) suplementado com hemina (5 µg.mL-1)
e menadiona (vitamina K, 1 µg.mL-1), seguido de incubação em anaerobiose (90% N2 e 10%
CO2) a 37oC durante 48 horas. Após o período de incubação, o inóculo bacteriano foi
ajustado pelo método visual à escala 0.5 de McFarland (1,5 x 108 UFC.mL-1). Soluções
estoques de 50 mg.mL-1 (de extratos e óleos essenciais) esterilizadas por filtração em
membrana de 0,22 µm, foram preparadas utilizando como solvente: Tween80 10% para óleos
essenciais e DMSO 50% para extratos metanólicos. Para os testes foram usadas
concentrações crescentes dos compostos na ordem de 0,00625 a 3,2 mg.mL-1. A cada tubo de
ensaio preparado foram adicionados 40 μL do inóculo bacteriano ajustado na turvação
correspondente a escala 0.5 de McFarland. O material foi incubado em anaerobiose (90% N2
e 10% CO2) a 37oC por 48 horas. Após o período de incubação (48h) foi feita a leitura pelo
método visual, observando a turvação do meio e/ou a presença de sedimento no fundo do
tubo de ensaio como indicativo de crescimento microbiano e ausência de atividade
antimicrobiana. Como controle foram utilizados: gluconato de clorexidina 0,12% (Periogard
Colgate®), controle de viabilidade dos micro-organismos, esterilidade do meio e influência
dos solventes (Tween e DMSO) sobre o crescimento microbiano. Toda a metodologia foi
feita em triplicata. Para aqueles tubos de ensaio com ausência visível de crescimento na etapa
de determinação da CIM, 10 μL foram semeados em ágar sangue, suplementado com hemina
(5 µg.mL-1) e menadiona (vitamina K, 1 µg.mL-1) e incubados em anaerobiose (90% N2 e
10% CO2) a 37oC por 72 horas para determinação da CBM.
2.6 Indução de apoptose em osteoclastos
2.6.1 Cultura de osteoclastos
Osteoclastos humanos foram obtidos como descrito por Matsuzaki et al. (1999), com
pequenas modificações. Sangue periférico foi coletado de voluntários saudáveis após
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (aprovação do Comitato Etico
dell'Arcispedale S.Anna, parecer n.11/2006). Células mononucleares de sangue periférico
(PBMC) foram obtidas de sangue periférico diluído (1:2 em solução de Hanks) e separadas
por uma solução de polissacarose 5,7 g.dL-1 e diatrizoato de sódio 9,0 g.dL-1 (Histopaque
48
1077®-Sigma, St. Louis, MO, USA). As células mononucleares foram ressuspensas em
D-MEM com alta concentração de glicose (Sigma, St.Louis, MO, USA), 50 U.mL-1 de
penicilina e 50 U.mL-1 de estreptomicina, suplementado com 10% de FBS (Soro fetal
bovino). 960.000 PBMC/poço foram cultivadas em placas de 96 poços e 2,4 x 106
PBMC/poço foram cultivadas em chamber slides por 2 horas. Os poços foram lavados para
remoção de células não-aderentes e as células aderidas foram cultivadas na presença de MCSF (25 ng.mL-1), RANKL (30 ng.mL-1) e mantidas a 37°C em atmosfera com 5% CO2 por
14 dias. O meio de cultura era renovado a cada 3 dias. As células foram utilizadas nos
experimentos descritos abaixo, quando existiu uma predominância de células multinucleadas
na cultura.
2.6.2 Coloração para TRAP (Fosfatase ácida resistente ao tartarato)
A coloração para TRAP foi feita segundo o que preconiza Villanova et al. (1999). Seis
poços da placa de 96 poços contendo cultura de células multinucleares foram destinados para
esta etapa do trabalho. Os poços foram lavados com tampão de ácido cacodílico 0.1 M , pH
7.2 (0.1 M de cacodilato de sódio e 0.0025% CaCl2) e fixadas em formaldeído 37% por 15
minutos, sendo posteriormente coradas para TRAP, segundo protocolo proposto pelo
fabricante do Acid Phosphatase Kit n. 386 (Sigma, St. Louis, MO, USA). Após lavagem com
água destilada e secagem, células multinucleadas com coloração violeta, contendo mais do
que três núcleos incolores (osteoclastos), foram consideradas TRAP positivas (Apêndice E).
2.6.3 Ensaio de Citotoxicidade
Após a confirmação, pelo teste TRAP, da presença de osteoclastos na cultura, os
osteoclastos foram incubados por mais 3 dias na presença dos extratos metanólicos
(5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 300 µg.mL-1, 500 µg.mL-1), óleos essenciais (5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1,
500 µg.mL-1) e compostos majoritários citral, limoneno e carvona (5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1,
300 µg.mL-1), como controle negativo empregou-se uma solução de metanol/DMSO 3%, a
qual foi utilizada para solubilizar os compostos. A determinação das células viáveis foi feita
pelo ensaio do MTT. Após 72 h de um tratamento feito em triplicata, 25 μL de MTT foi
adicionado a cada poço contendo células tratadas, seguido por um período de incubação de
2h/37°C. Após incubação, os cristais de MTT foram solubilizados com 100 μL de solução de
lise pH 4.7 por 3 horas/37°C. A leitura da densidade óptica (DO) foi feita por
espectrofotometria a 570 nm, usando a solução de lise como branco da reação. Foram
49
considerados não tóxicos os compostos que permitiram uma viabilidade celular maior ou
igual a 90%.
2.6.4 Ensaio de apoptose
O ensaio de apoptose foi determinado in vitro, por meio do teste TUNEL (Transferase
desoxinucleotidil terminal mediada por marcação dUTP) em cultura de osteoclastos humanos
cultivados em chamber slides e tratados com compostos considerados atóxicos (extrato
metanólico extraídos de L. alba e compostos majoritários, presentes no óleo essencial,
adquiridos da empresa Sigma Aldrich: limoneno, citral e carvona) pelo ensaio do MTT.
Osteoclastos humanos foram obtidos como descrito no ítem 2.6.1 Cultura de osteoclastos e
após confirmação da osteoclastogênese pelo teste TRAP, as células foram tratadas por 72 h
com os compostos atóxicos. As células foram lavadas duas vezes com solução de PBS e
fixadas por 25 minutos com formalina 10%, a temperatura ambiente. Células apoptóticas
foram detectadas pelo sistema DeadEnd Colorimetric Apoptosis Detection System (Promega)
de acordo com orientação do fabricante. O sistema HRP estreptavidina/substrato presente no
Kit foi usado para identificar células apoptóticas. A avaliação da apoptose foi calculada como
uma porcentagem de núcleos apoptóticos (núcleos escurecidos, amarronzados) versus núcleos
de células multinucleadas TRAP positivas, observadas em triplicatas. As lâminas foram
montadas em glicerol/TBS 9:1 e observadas em microscópio Leitz.
2.6.5 Análise Imunocitoquímica
A análise imunocitoquímica foi feita para avaliar a expressão de receptor Fas em
osteoclastos cultivados em chamber slides e tratados com os compostos que foram capazes de
induzir apoptose. Para realização dos ensaios laboratoriais foi utilizado o kit Ultraystain
Polyvalent-HRP Immunostaining, segundo orientações do fabricante. Osteoclastos humanos
foram obtidos como descrito no ítem 2.6.1 Cultura de osteoclastos e após confirmação da
osteoclastogênese pelo teste TRAP, os osteoclastos humanos foram tratados por 72 h com os
compostos que foram capazes de induzir apoptose e fixados em metanol frio a 100%. Após
lavagem com TBS 1X, pH 7,5, as células foram incubadas por 10 minutos em H2O2 3% para
inativação da peroxidase endógena. O bloqueio para evitar o reconhecimento inespecífico de
epítopos antigênicos foi feito com o reagente de bloqueio do kit Ultraystain Polyvalent-HRP
Immunostaining. Após a reação com os anticorpos primários (diluição 1:500) específicos para
o receptor Fas, o material foi incubado por um período de 16h/ 4°C. A reação foi identificada
pelo uso de anticorpos antipolivalentes secundários (ImmPRESS Univeral Reagent Anti-
50
mouse/Rabbit Ig Peroxidase No.MP-7500 – VECTOR Laboratories) e uso do substrato
cromogênico (ImmPACT TM DAB Peroxidase Substrate – VECTOR Laboratories) presente no
kit. As lâminas foram montadas em glicerol/TBS 9:1 e observadas usando um microscópio
Leitz.
3 Análise estatística
Para análise estatística da atividade apoptótica foi adotado o teste de amostras para
igualdade de proporções sem correção de continuidade, por meio do programa R version
2.10.1 Copyright Foundation for Statistical Computing ISBN 3-900051-07-0. Um valor de
p < 0,05 foi considerado estatisticamente significante. Para avaliação da atividade
antimicrobiana foi feita uma análise descritiva dos resultados.
4 Resultados
4.1 Atividade antimicrobiana
Os solventes utilizados no experimento não mostraram atividade antimicrobiana, com
exceção da solução de DMSO para as cepas de Staphylococcus aureus. Foi constatado que na
concentração de 25% a solução de DMSO inibiu o crescimento deste micro-organismo, desta
forma foi desconsiderada para fins de avaliação a concentração de 50 mg.mL-1 dos extratos
metanólicos para S. aureus.
A tabela 1 mostra o resultado da atividade antimicrobiana do óleo essencial e extrato
metanólico de Lippia alba frente as bactérias E. coli e S.aureus.
No geral, o óleo essencial das flores de L. alba foi mais efetivo contra a bactéria S.
aureus. Foram observados valores maiores de concentração inibitória mínima em relação a
atividade do óleo essencial para bactéria E. coli quando comparada ao micro-organismo
S. aureus, sendo o óleo essencial extraído de flores de L. alba mais efetivo para E. coli (CIM
igual 12,5 mg.mL-1) que o óleo de folhas (CIM igual 25 mg.mL-1). Ambas as cepas de S.
aureus utilizadas na determinação da CIM apresentaram sensibilidade na ordem de 0,78
mg.mL-1 a 1,56 mg.mL-1 para o óleo essencial e CIM 3,125 mg.mL-1 para o extrato
metanólico.
A tabela 2 mostra os resultados da atividade antimicrobiana frente aos anaeróbios
estritos.
Entre os micro-organismos anaeróbios estritos, foram observados valores menores de
concentração inibitória mínima para bactéria P. gingivalis em relação a atividade do óleo
extraído das folhas de L. alba (CIM 0,00625 mg.mL-1), quando comparado com a atividade
51
para os micro-organismos A. actinomycetemcomitans (CIM maior que 3,2 mg.mL-1), F.
nucleatum (CIM 0,8 mg.mL-1) e B. fragilis (CIM 0,4 mg.mL-1). Em relação ao óleo essencial
extraído das flores, foram observados valores menores de concentração inibitória mínima para
bactéria P. gingivalis (CIM 0,0125 mg.mL-1), quando comparado a atividade para os microorganismos A. actinomycetemcomitans (CIM maior que 3,2 mg.mL-1), B. fragilis (CIM 1,6
mg.mL-1) e F. nucleatum (CIM 0,8 mg.mL-1).
Com relação a atividade do extrato metanólico, os micro-organismos anaeróbios
estritos mostraram-se resistentes as concentrações testadas, com CIM maior que 3,2 mg.mL-1,
com exceção da bactéria P. gingivalis, cuja CIM foi 1,6 mg.mL-1.
Tabela 1. Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) dadas em
mg.mL-1 do óleo essencial e extrato metanólico de Lippia alba frente a E. coli e S. aureus.
COMPOSTOS
ÓLEOS ESSENCIAIS
Lippia alba (folhas)
Lippia alba (flores)
EXTRATO
METANÓLICO
Lippia alba (caule)
CONTROLE
Cloranfenicol
CIM
25
12,5
E.coli
CBM
50
12,5
12,5
12,5
MICRO-ORGANISMOS
S.aureus*
CIM
CBM
0,78
25
0,78
0,78
CIM
1,56
1,56
3,125
3,125
3,125
S.aureus**
CBM
6,25
1,56
3,125
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
Tween80 10%
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
DMSO 12,5%
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
*S. aureus CCMB262 (resistente a estreptomicina e dihidroestreptomicina), ** S. aureus CCMB263 (resistente a novobiocina), S.E – Sem
Efeito.
Tabela 2. Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) dadas em
mg.mL-1 do óleo essencial e extrato metanólico de Lippia alba frente a micro-organismos anaeróbios estritos.
COMPOSTOS
ÓLEO ESSENCIAL
B.fragilis
CIM
CBM
0,4
0,4
1,6
1,6
A.a*
CIM
> 3,2
> 3,2
Lippia alba (folhas)
Lippia alba (flores)
EXTRATO
METANÓLICO
Lippia alba (caule)
> 3,2
> 3,2
> 3,2
CONTROLE
Clorexidina
0,0075
0,0075
0,0075
Tween80 10%
S.E
S.E
S.E
DMSO 50%
S.E
S.E
S.E
* Aggregatibacter actinomycetemcomitans. S.E – Sem Efeito.
MICRO-ORGANISMOS
P.gingivalis
CBM
CIM
CBM
> 3,2
0,00625
0,00625
> 3,2
0,0125
0,0125
F.nucleatum
CIM
CBM
0,8
1,6
0,8
0,8
> 3,2
1,6
1,6
>3,2
> 3,2
0,0075
S.E
S.E
0,001875
S.E
S.E
0,001875
S.E
S.E
0,00375
S.E
S.E
0,00375
S.E
S.E
4.2 Perfil cromatográfico dos óleos essenciais
A tabela 3 mostra a composição química do óleo essencial de L. alba. Os resultados
apontaram como princípios ativos majoritários, o citral (mistura de neral e geranial)
52
perfazendo 18,2% do óleo de folhas e 19,2% do óleo de flores, o limoneno 15,7% em folhas e
16,7% em flores e a carvona perfazendo 33,7% do óleo de folhas e 36,8% do óleo de flores.
O quimiotipo de L. alba estudado foi considerado quimiotipo III, segundo
classificação de Hennebelle et al. (2006a).
Tabela 3. Análise da composição química do óleo extraído da planta Lippia alba.
Composto
IKlit
IKcalc
Folhas
%
Flores
%
α-Tujeno
1-Octen-3-ol
6-Metil-5-hepten-2-ona
Mirceno
Limoneno
Z-β-Ocimeno
E-β-Ocimeno
Linalool
Nerol
Neral
Carvona
Geraniol
Geranial
E-Cariofileno
Germacreno D
Total
Não identificados
930
979
985
990
1029
1037
1050
1096
1229
1238
1243
1252
1267
1419
1485
931
977
985
992
1029
1040
1051
1101
1231
1246
1250
1256
1272
1427
1488
0,2
0,4
1,8
8,3
15,7
0,2
0,5
1,1
2,2
11,7
33,7
2,9
6,5
2,9
3,4
91,4
8,6
0,6
0,7
1,0
7,8
16,7
0,2
1,3
0,2
0,6
11,6
36,8
2,5
7,6
1,6
2,7
91,9
8,1
IKlit- Indíce de Kovats na literatura. IKcalc – Índice de Kovats calculado
4.3 Citotoxicidade
As figuras 1, 2 e 3 mostram os resultados do ensaio de citotoxicidade. O óleo essencial
de L. alba foi considerado tóxico pelo ensaio do MTT. Não foram considerados tóxicos o
extrato metanólico de L. alba em concentrações abaixo de 300 µg.mL-1, o citral em
concentrações abaixo de 50 µg.mL-1 e o limoneno e carvona em concentrações abaixo de 300
µg.mL-1.
% de células viáveis
80
Óleo
essenci
al de
folhas
de…
60
40
20
0
-1
5
50
500
µg.mL
Figura 1. Porcentagem de células viáveis após exposição ao óleo essencial de folhas e
flores de Lippia alba nas concentrações de 5, 50 e 500 µg.mL-1
53
160
140
% de células viáveis
120
100
Citral
80
60
Limon
eno
40
20
0
-1
5
Figura 2.
50
300
µg.mL
Porcentagem de células viáveis após exposição aos compostos citral, limoneno e
carvona presentes no óleo essencial de Lippia alba nas concentrações de 5, 50 e 300 µg.mL-1
% de células viáveis
110
Extrato metanólico de Lippia
alba
100
Extrato
metanóli
co de…
90
80
-1
5
50
300
500
µg.mL
Figura 3. Porcentagem de células viáveis após exposição ao extrato metanólico de Lippia alba
nas concentrações de 5, 50, 300 e 500 µg.mL-1
4.4 Atividade apoptótica em osteoclastos
As figuras 4, 5 e 6 mostram a percentagem de núcleos apoptóticos em osteoclastos
observados nas concentrações atóxicas apenas dos compostos que apresentaram atividade.
Os resultados mostraram 100% de núcleos apoptóticos para citral nas concentrações
de 5 a 50 µg.mL-1; aproximadamente 80% de núcleos apoptóticos para limoneno nas
concentrações de 5 a 50 µg.mL-1; 88,57% de núcleos apoptóticos para limoneno na
concentração de 300 µg.mL-1; 33% de núcleos apoptóticos para carvona na concentração de
5 µg.mL-1; 80% de núcleos apoptóticos para carvona na concentração de 50 µg.mL-1; 92% de
núcleos apoptóticos para carvona na concentração de 300 µg.mL-1. Quando comparamos as
atividades dos compostos atóxicos que induziram apoptose em osteoclastos, podemos
constatar estatisticamente que na concentração de 5 µg.mL-1: A) o citral foi mais ativo que a
carvona (p < 0,05) e o limoneno foi mais ativo que a carvona (p < 0,05). As concentrações
54
estudadas e que foram capazes de induzir apoptose em osteoclastos foram também capazes de
induzir a expressão de receptor Fas em osteoclastos.
A
% de núcleos apoptóticos
A
µg.mL-1
B
50 µg.mL-1
5 µg.mL-1
Controle
TUNEL
20µm
20µm
20µm
C
Fas
20µm
20µm
20µm
Figura 4. Atividade apoptótica do composto citral nas concentrações 5 µg.mL-1 e 50 µg.mL-1, sobre cultura de
osteoclastos humanos. A. Percentagem de núcleos apoptóticos em cultura de osteoclastos após 72 horas de
tratamento. B. Detecção de osteoclastos em processo apoptótico (núcleos amarronzados apontados por setas
vermelhas) pelo Teste TUNEL após 72h de tratamento. C. Imunocitoquímica representando a expressão do
receptor Fas em osteoclastos humanos (células multinucleadas com coloração marrom) em processo apoptótico.
55
A
% de núcleos apoptóticos
Limoneno
100
80
Controle
60
5
40
50
20
300
0
Controle
5
50
300
µg.mL-1
B
5 µg.mL-1
Controle
50 µg.mL-1
300 µg.mL-1
TUNEL
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
C
Fas
20µm
20µm
Figura 5. Atividade apoptótica do composto limoneno nas concentrações 5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1
sobre cultura de osteoclastos humanos. A. Percentagem de núcleos apoptóticos em cultura de osteoclastos após
72 horas de tratamento. B. Detecção de osteoclastos em processo apoptótico (núcleos amarronzados apontados
por setas vermelhas) pelo Teste TUNEL após 72h de tratamento. C. Imunocitoquímica representando a
expressão do receptor Fas em osteoclastos (células multinucleadas de coloração marrom) em processo
apoptótico.
56
A
Carvona
% de núcleos apoptóticos
100
80
Controle
60
5
40
50
20
300
0
Controle
5
50
300
µg.mL-1
B
Controle
5 µg.mL-1
50 µg.mL-1
300 µg.mL-1
TUNEL
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
C
Fas
Figura 6. Atividade apoptótica do composto carvona nas concentrações 5 µg.mL-1,50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1
sobre cultura de osteoclastos humanos. A. Percentagem de núcleos apoptóticos em cultura de osteoclastos após
72 horas de tratamento. B. Detecção de osteoclastos em processo apoptótico (núcleos amarronzados apontados
por setas vermelhas) pelo Teste TUNEL após 72h de tratamento. C. Imunocitoquímica representando a
expressão do receptor Fas em osteoclastos humanos (células multinucleadas de coloração marrom) em processo
apoptótico.
57
5 Discussão
Este trabalho mostrou que nas concentrações testadas, utilizando-se a determinação da
CIM e CBM, o óleo essencial extraído de folhas e flores de L. alba foi capaz de inibir
especialmente o crescimento de S. aureus e P. gingivalis, porém não mostrou atividade frente
a cepa de A. actinomycetemcomitans. Provavelmente a maior sensibilidade de P. gingivalis a
ação dos compostos foi em decorrência do crescimento lento, in vitro, deste micro-organismo,
visto que entre os anaeróbios estritos testados neste trabalho, a bactéria Aggregatibacter
actinomycetemcomitans (ATCC 43717) dotada de crescimento rápido in vitro, foi o microorganismo mais resistente entre os anaeróbios estritos estudados, com CIM superior a
3,2 mg.mL-1 e a bactéria com o crescimento mais lento, P. gingivalis, foi considerada a mais
sensível.
Segundo He et al. (2013), o uso de bochecho com um antisséptico contendo óleo
essencial em sua composição, associado ao procedimento de raspagem e alisamento radicular,
foi capaz de inibir significativamente os níveis de F. nucleatum e P. gingivalis no biofilme
supra e subgengival, quando comparado ao grupo controle composto de indivíduos saudáveis
que também fizeram uso do antisséptico. Cabe ressaltar que o procedimento de raspagem e
alisamento radicular por si só é capaz de reduzir os níveis de periodontopatógenos no biofilme
dental, porém a associação de um antisséptico, cuja composição apresenta compostos
extraídos de plantas medicinais, pode ser um tratamento coadjuvante à terapia periodontal.
Os óleos essenciais exercem um efeito letal sobre os micro-organismos por induzirem
a lise da parede celular e inibirem a atividade enzimática, reduzindo o crescimento bacteriano
e maturação do biofilme dental (KUBERT et al., 1993). Estudos clínicos mostraram que os
óleos essenciais possuem atividade anti-placa dental e anti-gengivite (BRECX et al., 1992).
Segundo Fine et al. (2007), os níveis de P. gingivalis, F. nucleatum, espécies de Veillonella e
o número total de anaeróbios em pacientes com periodontite, foi significativamente menor
após o uso diário por 14 dias, de uma solução contendo óleo essencial.
Em relação aos micro-organismos aeróbios facultativos, foram observadas valores
maiores de concentração inibitória mínima para bactéria E.coli (micro-organismo Gramnegativo). Segundo Madigan et al. (2004), a maior resistência de bactérias Gram-negativas a
determinadas drogas, quando comparadas a bactérias Gram-positivas, é explicada em função
da barreira seletiva apresentada pela membrana externa nas Gram-negativas.
Embora já esteja bem documentada a maior resistência de bactérias Gram-negativas,
este trabalho mostrou que os micro-organismos P. gingivalis, A. actinomycetemcomitans e
58
F.nucleatum foram mais sensíveis ou tão sensíveis a ação dos compostos que a bactéria
Gram-positiva S. aureus, possivelmente em função da determinação da CIM para
periodontopatógenos ter sido realizada em anaerobiose, pois segundo Semprebom (2007),
condições de anaerobiose parecem potencializar a ação de drogas. A referida autora
comprovou que a CIM da clorexidina frente a Candida albicans foi de 2,34 µg.mL-1 a
37,5 µg.mL-1, quando o fungo foi cultivado na presença do antisséptico em anaerobiose, e
150 µg.mL-1 a 1200 µg.mL-1, na presença do oxigênio.
Os óleos essenciais mostraram atividade antibacteriana superior aos extratos
metanólicos. A maior atividade dos óleos poderia ser explicada pela presença do limoneno,
carvona e citral na composição química do óleo essencial. Este trabalho mostrou que o óleo
de L. alba com 15,7% de limoneno no óleo essencial extraído de folhas e 16,7% no óleo de
flores, apresentou atividade principalmente frente a P. gingivalis e S.aureus. Segundo Shapira
et al. (2006), o óleo de citrus com alta concentração de limoneno conseguiu inibir o
crescimento de P. gingivalis e esta propriedade aumentou quando os autores associaram
cloreto de magnésio ao óleo, o que resultou não somente na maior diminuição do crescimento
bacteriano, como também menor expressão de citocinas pro-inflamatórias por células do
sistema imune.
O uso de princípios ativos encontrados em óleos essenciais de plantas medicinais no
desenvolvimento de produtos farmacêuticos vem ganhando espaço no cenário da
biotecnologia. A esse respeito Behan et al. (2006) depositaram o pedido de patente
US20060153959A, onde os autores reivindicam uma composição química constituída, dentre
outras substâncias, o citral. Segundo os autores, este novo medicamento teria a capacidade de
inibir o crescimento e proteases de P. gingivalis.
O óleo de L. alba neste estudo apresentou, além do limoneno, 18,2% de citral no óleo
essencial extraído de folhas e 19,2% no óleo de flores, este óleo mostrou atividade contra P.
gingivalis e merece um estudo mais aprofundado como um agente promissor na formulação
futura de antissépticos bucais.
No presente trabalho o citral foi capaz de induzir 100% de apoptose em osteoclastos
nas concentrações de 5 µg.mL-1 a 50 µg.mL-1. Segundo Chaouki et al. (2009), o citral (3,7dimetil-2,6-octadienal) é capaz de ativar caspase-3 e induzir parada do ciclo celular na fase
G2/M com consequente indução de apoptose. O citral é um vinil aldeído β-substituído
presente em folhas e frutos de muitas plantas, em função de seu sabor e odor, é muito usado
na indústria alimentícia e cosmética. É classificado como um agente químico seguro. Estimase que diariamente ingerimos 5 mg.Kg-1 de citral, além da exposição por contato com a pele
59
(OPDYKE, 1979 apud RESS et al., 2003). Em função da grande exposição diária ao citral,
Ress et al. (2003) decidiram realizar um estudo in vivo com ratos e camundongos para testar o
efeito tóxico deste composto. Os autores mostraram principalmente lesões renais relacionadas
ao uso de citral, porém também ressaltaram que as doses administradas foram o equivalente a
10 vezes o consumo normal diário pelos seres humanos (RESS et al., 2003).
O presente estudo mostrou que o citral foi considerado um composto com grande
potencial biotecnológico para ser usado no tratamento da doença periodontal, visto que
mostrou ser atóxico pelo ensaio do MTT, foi identificado em alta concentração no óleo
essencial de L. alba com atividade antibacteriana frente a P. gingivalis e ainda foi capaz de
induzir apoptose em 100% dos osteoclastos.
Além do citral, os composto limoneno e carvona mostraram-se promissores. Este
trabalho identificou 15,7% de limoneno no óleo essencial de folhas de L. alba, 16,7% de
limoneno no óleo de flores de L. alba, 33,7% de carvona no óleo essencial de folhas de L.
alba e 36,8% no óleo de flores desta planta. Embora o óleo de L. alba tenha sido considerado
tóxico em concentrações inferiores a 500 µg.mL-1, o limoneno e a carvona foram
considerados atóxicos em concentrações abaixo de 300 µg.mL-1. A baixa toxicidade do
limoneno e da carvona também foram descritas por Yu et al. (2008) e Mesa-Arango et al.
(2009) em seus estudos com L. alba, onde mostraram toxicidade para células Vero em
concentrações acima de 200 µg.mL-1 para o quimiotipo de L. alba rico em carvona, resultados
que se aproximam daqueles encontrados no presente estudo.
Em relação a atividade do limoneno e carvona sobre osteoclastos, o limoneno mostrou
uma atividade superior que a carvona na concetração de 5 µg.mL-1 (p < 0,05). O limoneno
(1-metil-4-prop-1-en-2-il-ciclohexeno)
e
a
carvona
(2-metil-5-(1-metiletenil)-2-
ciclohexenona) são dois monoterpenos derivados da via do mavalonato (CROWELL, 1999),
possuem fórmula estrutural quase idêntica, onde a única diferença é a presença de um
grupamento cetona na carvona, que modifica sua solubilidade e a torna um pouco menos
efetiva que o limoneno (YU et al., 2008).
Avaliando a ação dos compostos estudados, sobre osteoclastos, percebe-se que a
atividade apoptótica parece estar relacionada com a expressão do receptor Fas. Por estar
expresso em diversas células, incluindo osteoblasto, terapias cujo alvo molecular é o receptor
Fas podem ser acompanhadas de efeitos colaterais. Kovacic et al. (2010) mostraram que a
perda óssea observada pela deficiência de estrógeno está relacionada com ativação do
receptor Fas em osteoblastos, sendo assim, a reabsorção óssea na osteoporose é o resultado da
ativação da osteoclastogênese, associada a apoptose mediada por Fas em osteoblastos. Por
60
isso, quando se busca o receptor Fas como alvo molecular em terapias, é importante estudar
fatores como a sensibilidade da célula a apoptose, que vai depender da presença e atividade de
moléculas anti-apoptóticas.
O uso de produtos naturais no tratamento de doenças traz novas perspectivas
terapêuticas e a baixos custos para a população. Os compostos que mostraram atividade neste
estudo poderiam ser usados na formulação de um antisséptico bucal, ou mesmo serem
impregnados em chips biodegradáveis para inserção no sulco gengival de indivíduos
acometidos pela doença periodontal, após raspagem e alisamento radicular. A opção pelos
princípios ativos isolados das plantas parece ser uma melhor alternativa na escolha do
composto a ser usado para formulação de um antisséptico que o uso de óleos e extratos, visto
que fatores ambientais, como sazonalidade e fatores relacionados a técnica de cultivo da
planta medicinal podem alterar a composição química de óleos essenciais e extratos, com o
aumento ou diminuição de um determinado componente químico, o que poderia acarretar em
um efeito sinérgico ou antagônico, potencializando ou diminuindo a atividade do óleo
essencial e extratos produzidos, além de influenciar na toxicidade do produto final.
Este trabalho mostrou que a planta L. alba, largamente utilizada na medicina popular,
tem um potencial biotecnológico para formulação de medicamentos. Estudos in vivo são
necessários para comprovar este potencial. A ideia primordial na indicação das plantas como
candidatas a formulação de fitoterápicos não é substituir medicamentos registrados,
comercializados e com atividade comprovada, mas sim aumentar a opção terapêutica para os
profissionais da saúde.
Em relação a odontologia, estudos epidemiológicos estimam que 90% da população
apresenta alguma forma de doença periodontal (MORRIS et al., 2001; BORREL et al., 2002).
Atualmente, a importância nos cuidados com a higiene bucal, tem ultrapassado o limite do
chamado “dente saudável”, transpondo para uma visão, onde saúde periodontal significa
saúde sistêmica e bem estar social, desta forma todas as pesquisas que tenham como objetivo
o tratamento da periodontite, quer seja a nível microbiológico, genético, imunológico ou
ambos, deverão ser sempre apontadas como pesquisas relevantes na busca por métodos
terapêuticos curativos e/ou adjuvantes para doença periodontal.
6 Conclusão
Comparando-se a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais extraídos das plantas
estudadas com a atividade dos extratos metanólicos, pode-se concluir que os óleos
61
apresentaram uma melhor atividade. Avaliando a atividade de óleos essenciais e extratos
metanólicos frente aos micro-organismos controles E. coli e S. aureus, percebe-se que valores
maiores de CIM foram registrados para a atividade frente a bactéria E.coli. Em uma avaliação
geral, os micro-organismos anaeróbios estritos foram considerados mais sensíveis a ação dos
óleos e extratos, quando comparados com os micro-organismos aeróbios facultativos (E. coli
e S. aureus). Entre os anaeróbios estritos, a bactéria Porphyromonas gingivalis foi
considerada o micro-organismo mais sensível, sendo que maiores valores de concentração
inibitória mínima foram observados para bactéria Aggregatibacter actinomycetemcomitans.
Foram considerados compostos capazes de induzir apoptose em osteoclastos: citral nas
concentrações de 5 a 50 µg.mL-1; limoneno na concentração de 5 a 300 µg.mL-1; carvona na
concentração de 50 a 300 µg.mL-1. Foi concluído que a atividade apoptótica dos compostos
atóxicos testados parece estar relacionada com a expressão do receptor Fas.
Estudos in vivo e sobre a formação do biofilme dental serão necessários para
comprovar as atividades descritas neste estudo.
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YU, Z.; WANG, W.; XU, L.; DONG, J.; JING, Y. d-Limonene and d-carvone induce
apoptosis in HL-60 cells through activation of caspase-8. Asian Journal of Traditional
Medicines, v. 3, n. 4, 2008.
67
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA SOBRE PERIODONTOPATÓGENOS E
APOPTÓTICA EM OSTEOCLASTOS DE COMPOSTOS ISOLADOS DE PLANTAS
DO GÊNERO Ocimum
Paulo Juiz, Mário Ávila Campos, Roberto Gambari, Roberta Piva, Letizia Penolazi, Franceli
Silva, Angélica Lucchese e Ana Paula Uetanabaro
Resumo
A doença periodontal é uma patologia de etiologia multifatorial, onde a resposta imune ao
desafio microbiano resulta em ativação de osteoclastos e reabsorção do osso alveolar,
culminando com a perda do elemento dental. Com o objetivo de estudar a atividade
antimicrobiana e controle da ativação de osteoclastos, compostos extraídos de Ocimum
americanum e Ocimum basilicum foram estudados neste trabalho. A atividade antimicrobiana
frente aos micro-organismos Escherichia coli sensível à trimetoprima e resistente à
sulfonamida
(CCMB
261),
Staphylococcus
aureus
resistente
à
estreptomicina
e
dihidrostreptomicina (CCMB 262), Staphylococcus aureus resistente à novobiocina (CCMB
263), Aggregatibacter actinomycetemcomitans (ATCC 43717), Fusobacterium nucleatum
(ATCC 25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277), Bacteroides fragilis (ATCC
25285) foi avaliada por meio da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e
concentração bactericida mínima (CBM). A avaliação da apoptose em osteoclastos foi
realizada pelo teste TUNEL e por imunocitoquímica para receptor Fas. Os resultados
mostraram que foram registrados maiores valores de CIM para a bactéria E. coli. Entre os
periodontopatógenos, os menores valores de CIM foram observados para a atividade
antimicrobiana frente a bactéria Porphyromonas gingivalis, sendo os maiores valores
registrados para A. actinomycetemcomitans. O composto linalol nas concentrações de 50 a
300 µg.mL-1 induziu 75% de núcleos apoptóticos em osteoclastos, já o extrato metanólico a
300 µg.mL-1 foi capaz de induzir 100% de apoptose. Este trabalho mostrou que as plantas
medicinais do gênero Ocimum estudadas apresentaram potencial biotecnológico para uso em
odontologia, no entanto ensaios in vivo são necessários para comprovar a atividade dos
compostos estudados.
Palavras-chave: extrato, linalol, óleo essencial, Ocimum, osteoclasto, periodontopatógenos
68
1 Introdução
O gênero Ocimum, família Lamiaceae, compreende mais de 64 espécies herbáceas e
subarbustivas encontradas em regiões tropical e subtropical da Ásia, África, América Central
e América do Sul. As plantas deste gênero apresentam grande diversidade de espécies, sendo
conhecidas, popularmente, como alfavacas e manjericões (BLANK et al., 2002; LORENZI e
MATOS, 2002). Diversas propriedades biológicas têm sido comprovadas para as espécies de
Ocimum,
como
as
atividades
hipoglicemiante,
anti-inflamatória,
antinociceptiva,
antileishmania, tripanossomicida (RABELO et al., 2003; UEDA-NAKAMURA et al., 2006),
atividade antibacteriana e antifúngica (SUPPAKUL et al., 2003).
Ocimum americanum L. da família Lamiaceae, é originária da Ásia e África e se
adaptou a América tropical, onde é encontrada vegetando espontaneamente. É conhecida
popularmente pelos nomes de alfavaca-de-vaqueiro, manjericão branco e anão, remédio-devaqueiro, alfavaca-do-campo (MATASYOH et al., 2006). Ao contrário das outras espécies de
manjericões, não é utilizado com frequência na culinária, apresentando maior uso como planta
medicinal (VIEIRA et al., 2003) para tratar asma, febre, tosse, gripe, bronquite e indigestão
(AGRA et al., 2008; CHOWDHURY et al., 2008). Na Índia o extrato das folhas secas é usado
para tratar eczema ou outras infecções epidérmicas (KOCHE et al., 2008) e no Kenya é usado
como repelente (SEYOUM et al., 2002). Vieira et al. (2003) identificaram no extrato de O.
americanum 19 flavonóides. A espécie é rica em óleos essenciais que podem possuir como
constituintes majoritários metil cinamato (VIEIRA e SIMOM, 2000), eugenol e metilchavicol (SHADIA et al., 2007), dependendo do local de colheita.
Os óleos essenciais e extratos dessa espécie apresentam diversas atividades
biológicas, podendo-se destacar atividade antioxidante (HAKKIM et al., 2008), antimalárica
(CLARKSON et al., 2004), repelente (SEYOUM et al., 2002), inseticida (SHADIA et al.,
2007), antifúngica contra fitopatógenos (PANDEY e DUBEY, 1992) e antibacteriana frente a
Propionibacterium acnes (VIYOCH et al., 2006).
Da família Lamiaceae, o Ocimum basilicum L. é um subarbusto aromático anual,
ereto, muito ramificado, de 30-50 cm de altura, nativo da Ásia tropical e introduzido no Brasil
pela colônia italiana. Popularmente conhecida como alfavaca, alfavaca-cheirosa, alfavaca-daamérica, alfavaca-do-mato, alfavacão, basilicão, basilicum-grande, erva-real, manjericão,
manjericão-de-flor-branca, quioiô, remédio-de-vaqueiro (LORENZI, 2008). Na medicina
tradicional indiana o O. basilicum é usado como calmante, para asma e diabetes, além do seu
uso como cosmético (LIN e KAN, 1990) e em Uighur é usado como cardiotônico,
69
antidiarréico e para aliviar dores abdominais (UPUR et al., 2004). O O. basilicum é usado
pela indústria farmacêutica em função de suas propriedades espasmolíticas, carminativas,
hepatoprotetoras, diuréticas (BARITAUX et al., 1992).
Estudos científicos mostraram que o O. basilicum possui atividade antioxidante,
antimicrobiana, antifúngica (BOZIN et al., 2006), anticâncer (MANOSROI et al., 2006),
nematicida (de ALMEIDA et al., 2007), efeitos hipoglicêmicos (VATS et al., 2002), diminui
a agregação plaquetária e trombos em camundongos (TOHTI et al., 2006).
A análise química do chá de O. basilicum revelou a presença de taninos, flavonóides,
saponinas, cânfora e no óleo essencial a presença de timol, metil-cinamato, linalol, eugenol,
cineol e pireno (PANIZZA, 1988).
Este trabalho teve como objetivo estudar a atividade antimicrobiana frente aos
periodontopatógenos Porphyromonas gingivalis, Aggregatibacter actinomycetemcomitans e
Fusobacterium nucleatum e atividade apoptótica em osteoclastos de óleos essenciais e
extratos metanólicos extraídos de O. americanum e O. basilicum, para avaliar o potencial
biotecnológico do uso de plantas do gênero Ocimum no tratamento da doença periodontal,
uma doença de etiologia multifatorial, na qual a resposta imune direcionada aos
periodontopatógenos resulta em reabsorção óssea alveolar por osteoclastos e perda dentária.
2 Material e Métodos
2.1 Obtenção das amostras vegetais
O cultivo das plantas foi feito nos meses de março a junho do ano 2010, no Horto de
Plantas medicinais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, localizado no município
de Santo Antônio de Jesus, Latitude 12° 57′ 59.2”, Longitude 39° 15′ 49.4” LO. Todo o
tratamento de herborização seguiu o protocolo descrito por Mori et al. (1989). O material
botânico coletado foi depositado no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana
(HUEFS) e identificado por especialista pelo sistema de classificação de Cronquist (1981)
como Ocimum americanum L. (HUEFS 167947) e Ocimum basilicum L. (HUEFS 167950),
ambos da família Lamiaceae.
2.2 Extração de óleo essencial
A técnica de hidrodestilação por arraste a vapor foi utilizada para obtenção do óleos
essenciais a partir de folhas e flores secas das plantas. O processo de extração foi conduzido
durante 3 horas. A composição química do óleo essencial foi determinada por cromatografia
gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), em cromatógrafo Shimadzu CG-2010
70
acoplado a Espectrômero de Massas CG/MS-QP 2010 Shimadzu, coluna WCOT de sílica
fundida, 30 m x 0,25 µm, injetor CP-1177, temperatura do injetor 220oC, gás de arraste Hélio
(1mL/min), temperatura da interface de 240oC, temperatura da fonte de ionização de 240oC,
energia de ionização 70 eV, corrente de ionização 0,7 kV e programa de temperatura do forno
60oC a 240oC (3oC/min), 240oC (20min). Os componentes foram identificados através da
comparação dos espectros de massas obtidos com os da biblioteca do equipamento e por
comparação dos Índices de Kovats (IK) calculados com a literatura (ADAMS, 1995)
empregando uma série homóloga de hidrocarbonetos.
2.3 Preparo dos extratos metanólicos
O caule seco foi pulverizado em moinho de faca e as extrações foram realizadas por
meio de maceração em recipientes de vidro, utilizando-se metanol, na proporção
material/solvente de 1:5. O produto da maceração foi concentrado em evaporadores rotatórios
(40-42°C, sob pressão reduzida).
2.4 Determinação da atividade antimicrobiana sobre bactérias aeróbias
facultativas
As amostras de extratos metanólicos e óleos voláteis das plantas estudadas foram
testadas em uma triagem inicial contra os micro-organismos Escherichia coli sensível à
trimetoprima e resistente à sulfonamida CCMB 261, Staphylococcus aureus resistente à
estreptomicina e dihidrostreptomicina CCMB 262, Staphylococcus aureus resistente a
novobiocina CCMB 263 fornecidos pela Coleção de Culturas de Micro-organismos da Bahia
(CCMB) usados como micro-organismos controle do experimento e para avaliar o efeito dos
compostos em bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Uma alçada de uma cultura de
20 h foi utilizada para preparo da suspensão bacteriana, em solução salina a 0,45%, na
concentração de 1,5 x 106 UFC.mL-1. Para determinação da Concentração inibitória mínima
(CIM) os extratos metanólicos foram solubilizados em uma solução de DMSO 50% e os óleos
essenciais em uma solução de Tween80 10% de modo a obter uma concentração inicial de
200 mg.mL-1. Os compostos foram esterilizados por filtração em membrana de 0,22 µm. Foi
utilizado o ensaio de suscetibilidade por microdiluição em caldo recomendado pelo CLSI
(2002), com modificações, sendo que todos os testes foram realizados em caldo Müeller
Hinton esterilizado em triplicata. Foram preparadas diluições seriadas dos compostos
testados, na ordem de 100 mg.mL-1 a 0,0488 mg.mL-1 em placas de microtitulação de 96
poços. Em seguida, cada poço recebeu 10 μL da suspensão de micro-organismo teste na
71
concentração de 1,5 x 106 UFC.mL-1. As placas foram incubadas a 37ºC por 24 horas e a
determinação da CIM foi feita pelo método colorimétrico utilizando 30 µL de resazurina
0,01%. Como controle foram usados: cloranfenicol 10 mg.mL-1, controle de viabilidade dos
micro-organismos, esterilidade do meio e influência dos solventes (Tween e DMSO) sobre o
crescimento microbiano. Cinco microlitros do conteúdo dos poços que mostraram atividade
foram inoculados em ágar Müeller Hinton para determinação da Concentração bactericida
mínima (CBM). O crescimento bacteriano no meio de cultura contido na placa de Petri
caracterizou o composto como tendo atividade bacteriostática, a ausência de crescimento,
atividade bactericida.
2.5 Determinação da atividade antimicrobiana sobre bactérias anaeróbias estritas
Os testes de suscetibilidade microbiana aos extratos metanólicos e óleos essenciais
foram realizados segundo o método de macrodiluição em caldo do CLSI M11-A5, com
modificações.
Cepas
de
Aggregatibacter
actinomycetemcomitans
(ATCC
43717),
Fusobacterium nucleatum (ATCC 25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277) e o
micro-organismo controle Bacteroides fragilis (ATCC 25285), preservadas em Skim-milk
(10%) a -80oC todas doadas pelo laboratório de anaeróbios da Universidade de São Paulo
foram ativadas em ágar sangue com 5% de sangue de carneiro desfibrinado, suplementado
com hemina (5 µg.mL-1) e menadiona (vitamina K, 1 µg.mL-1) e incubadas em anaerobiose
(90% N2 e 10% CO2) a 37oC por 72 horas para serem utilizadas na realização dos testes de
suscetibilidade. O inóculo bacteriano teste foi preparado suspendendo colônias da cultura
recente em 5 mL de caldo BHI (Brain Heart Infusion) suplementado com hemina (5 µg.mL-1)
e menadiona (vitamina K, 1 µg.mL-1), seguido de incubação em anaerobiose (90% N2 e 10%
CO2) a 37oC durante 48 horas. Após o período de incubação, o inóculo bacteriano foi
ajustado pelo método visual a escala 0.5 de McFarland (1,5 x 108 UFC.mL-1). Soluções
estoques (de extratos e óleos essenciais) esterilizadas por filtração em membrana de 0,22 µm,
com concentração de 50 mg.mL-1 foram preparadas utilizando como solvente: Tween80 10%
para óleos essenciais e DMSO 50% para extratos metanólicos. Para os testes foram usadas
concentrações crescentes dos compostos na ordem de 0,00625 a 3,2 mg.mL-1. A cada tubo de
ensaio preparado foram adicionados 40 μL do inóculo bacteriano ajustado na turvação
correspondente a escala 0.5 de McFarland. O material foi incubado em anaerobiose (90% N2
e 10% CO2) a 37oC por 48 horas. Após o período de incubação (48h) foi feita a leitura pelo
método visual, observando a turvação do meio e/ou a presença de sedimento no fundo do
tubo de ensaio como indicativo de crescimento microbiano e ausência de atividade
72
antimicrobiana. Como controle foram utilizados gluconato de clorexidina 0,12% (Periogard
Colgate®), controle de viabilidade dos micro-organismos, esterilidade do meio e influência
dos solventes (Tween e DMSO) sobre o crescimento microbiano.Toda a metodologia foi feita
em triplicata. Para aqueles tubos de ensaio com ausência visível de crescimento na etapa de
determinação da CIM, 10 μL foram semeados em ágar sangue suplementado com hemina (5
µg.mL-1) e menadiona (vitamina K, 1 µg.mL-1) e incubados em anaerobiose (90% N2 e 10%
CO2) a 37oC por 72 horas para determinação da CBM.
2.6 Indução de apoptose em osteoclastos
2.6.1 Cultura de osteoclastos
Osteoclastos humanos foram obtidos como descrito por Matsuzaki et al. (1999), com
pequenas modificações. Sangue periférico foi coletado de voluntários saudáveis após
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (aprovação do Comitato Etico
dell'Arcispedale S.Anna, parecer n.11/2006). Células mononucleares de sangue periférico
(PBMC) foram obtidas de sangue periférico diluído (1:2 em solução de Hanks) e separadas
por uma solução de polissacarose 5,7 g.dL-1 e diatrizoato de sódio 9,0 g.dL-1 (Histopaque
1077®-Sigma, St. Louis, MO, USA). As células mononucleares foram ressuspensas em
D-MEM com alta concentração de glicose (Sigma, St. Louis, MO, USA), 50 U.mL-1 de
penicilina e 50 U.mL-1 de estreptomicina, suplementado com 10% de FCS (Soro fetal de
bezerro). 960.000 PBMC/poço foram cultivadas em placas de 96 poços e 2,4 x 106
PBMC/poço foram cultivadas em chamber slides por 2 horas. Os poços foram lavados para
remoção de células não-aderentes e as células aderidas foram cultivadas na presença de MCSF (25 ng.mL-1), RANKL (30 ng.mL-1) e mantidas a 37°C em atmosfera com 5% CO2 por
14 dias. O meio de cultura era renovado a cada 3 dias. As células foram utilizadas nos
experimentos descritos abaixo, quando existiu uma predominância de células multinucleadas
na cultura.
2.6.2 Coloração para TRAP (Fosfatase ácida resistente ao tartarato)
A coloração para TRAP foi feita segundo o que preconiza Villanova et al. (1999). Seis
poços da placa de 96 poços contendo cultura de células multinucleadas foram destinados para
esta etapa do trabalho. Os poços foram lavados com tampão de ácido cacodílico 0.1 M , pH
7.2 (0.1 M de cacodilato de sódio e 0.0025% CaCl2) e fixadas em formaldeído 37% por 15
minutos, sendo posteriormente coradas para TRAP, segundo protocolo proposto pelo Acid
Phosphatase Kit n. 386 (Sigma, St. Louis, MO, USA). Após lavagem com água destilada e
73
secagem, células multinucleadas com coloração violeta, contendo mais do que três núcleos
incolores (osteoclastos), foram consideradas TRAP positivas (Apêndice E).
2.6.3 Ensaio de Citotoxicidade
Após a confirmação da presença de osteoclastos na cultura pelo Teste TRAP, os
osteoclastos foram incubados por mais 3 dias na presença dos extratos metanólicos
(5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 300 µg.mL-1, 500 µg.mL-1), óleos essenciais (5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1,
500 µg.mL-1) e compostos majoritários metil cinamato, cariofileno e linalol (5 µg.mL-1,
50 µg.mL-1, 300 µg.mL-1), como controle uma solução de metanol/DMSO 3%, a qual foi
utilizada para solubilizar os compostos. A determinação das células viáveis foi feita pelo
ensaio do MTT. Após as 72 h de um tratamento feito em triplicata, 25 μL de MTT foi
adicionado a cada poço contendo células tratadas, seguido por um período de incubação de
2h/37°C. Após incubação, os cristais de MTT foram solubilizados com 100 μL de solução de
lise pH 4,7 por 3 horas/37°C. A leitura da densidade óptica foi feita por espectrofotometria a
570 nm, usando a solução de lise como branco da reação. Foram considerados não tóxicos os
compostos que permitiram uma viabilidade celular maior ou igual a 90%.
2.6.4 Ensaio de apoptose
O ensaio de apoptose foi determinado in vitro, por meio do teste TUNEL (Transferase
desoxinucleotidil terminal mediada por marcação dUTP) em cultura de osteoclastos humanos
tratados com compostos considerados atóxicos (extratos metanólicos nas concentrações
10 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 300 µg.mL-1, óleos essenciais nas concentrações 5 µg.mL-1,
50 µg.mL-1, 500 µg.mL-1 e compostos majoritários metil cinamato, cariofileno na
concentração de 5 µg.mL-1 e linalol a 5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 300 µg.mL-1) pelo ensaio do
MTT. Osteoclastos humanos foram obtidos como descrito no ítem 2.6.1 Cultura de
osteoclastos e após confirmação da osteoclastogênese pelo teste TRAP, as células foram
tratadas por 72 h com os compostos atóxicos. Após tratamento de 72 h, as células foram
lavadas duas vezes com solução de PBS e fixadas por 25 minutos com formalina 10%, a
temperatura ambiente. Células apoptóticas foram detectadas pelo sistema DeadEnd
Colorimetric Apoptosis Detection System (Promega) de acordo com orientação do fabricante.
O sistema HRP estreptavidina/substrato presente no Kit foi usado para identificar células
apoptóticas. A avaliação da apoptose foi calculada como uma porcentagem de núcleos
apoptóticos (núcleos escurecidos, amarronzados) versus núcleos de células multinucleadas
74
TRAP positivas, observadas em triplicatas. As lâminas foram montadas em glicerol/TBS 9:1 e
observadas em microscópio Leitz.
2.6.5 Análise Imunocitoquímica
A análise imunocitoquímica foi feita para avaliar a expressão de receptor Fas em
osteoclastos tratados com os compostos que foram capazes de induzir apoptose. Para
realização dos ensaios laboratoriais foi utilizado o kit Ultraystain Polyvalent-HRP
Immunostaining, segundo orientações do fabricante. Osteoclastos humanos foram obtidos
como descrito no ítem 2.6.1 Cultura de osteoclastos e após confirmação da osteoclastogênese
pelo teste TRAP, os osteoclastos humanos foram tratados por 72 h, com os compostos que
foram capazes de induzir apoptose, e fixados em metanol frio a 100%. Após lavagem com
TBS 1X, pH 7,5, as células foram incubadas por 10 minutos em H2O2 3% para inativação da
peroxidase endógena. O bloqueio para evitar o reconhecimento inespecífico de epítopos
antigênicos foi feito com o reagente de bloqueio do kit Ultraystain Polyvalent-HRP
Immunostaining. Após a reação com os anticorpos primários (diluição 1:500) específicos para
o receptor Fas, o material foi incubado por um período de 16h/ 4°C. A reação foi identificada
pelo uso de anticorpos antipolivalentes secundários (ImmPRESS Univeral Reagent Antimouse/Rabbit Ig Peroxidase No.MP-7500 – VECTOR Laboratories) e uso do substrato
cromogênico (ImmPACT TM DAB Peroxidase Substrate – VECTOR Laboratories) presente no
kit. As lâminas foram montadas em glicerol/TBS 9:1 e observadas usando um microscópio
Leitz.
2.6.6 Ensaio de atividade antiosteoclastogênica
Células mononucleares de sangue periférico foram cultivadas como descrito no tópico
2.6.1 cultura de osteoclastos deste trabalho, na presença dos compostos atóxicos que não
foram capaz de induzir apoptose. O tratamento era refeito a cada três dias. Como controle
foram utilizados 3 poços da placa de cultura sem tratamento e 3 poços com células tratadas
com o solvente usado para solubilizar os compostos (metanol/DMSO 3%). Ao final do
processo a coloração para TRAP foi feita para avaliar a presença ou ausência de osteoclastos.
O objetivo desta etapa foi avaliar se aqueles compostos que não foram capazes de
induzir apoptose em osteoclastos formados, seriam capazes de impedir a formação e
diferenciação de precursores de osteoclastos.
75
3 Análise estatística
Para análise estatística da atividade apoptótica foi adotado o teste de amostras para
igualdade de proporções sem correção de continuidade, por meio do programa R version
2.10.1 Copyright Foundation for Statistical Computing ISBN 3-900051-07-0. Um valor de
p < 0,05 foi considerado estatisticamente significante. Para avaliação da atividade
antimicrobiana foi feita uma análise descritiva.
4 Resultados
4.1 Atividade antimicrobiana
Os solventes utilizados no experimento não mostraram atividade antimicrobiana, com
exceção da solução de DMSO para as cepas de Staphylococcus aureus. Foi constatado que na
concentração de 25% a solução de DMSO inibiu o crescimento deste micro-organismo, desta
forma foi desconsiderada para fins de avaliação a concentração de 50 mg.mL-1 dos extratos
metanólicos para S. aureus.
A tabela 1 mostra o resultado da atividade antimicrobiana do óleo essencial e extrato
metanólico de Ocimum americanum e Ocimum basilicum frente às bactérias E. coli e
S.aureus.
Foram observados valores maiores de concentração inibitória mínima para a atividade
dos óleos essenciais de ambas as plantas frente ao micro-organismo E. coli, sendo a CIM
registrada de 50 mg.mL-1 para o óleo extraído das folhas e CIM de 100 mg.mL-1 para o óleo
extraído das flores de O. americanum, e CIM registrada maior que 100 mg.mL-1 para os óleos
de O. basilicum. O S.aureus resistente a estreptomicina foi mais sensível a ação dos
compostos, quando comparado ao S. aureus resistente a novobiocina, sendo o óleo essencial
extraído das folhas de O. americanum e O. basilicum, aquele que mostrou a melhor atividade
frente a S. aureus (CIM 1,56 mg.mL-1 e CIM 0,78 mg.mL-1, respectivamente).
Foi considerado bactericida para E. coli, o óleo essencial extraído de flores de O.
americanum (CBM 100 mg.mL-1) e para cepa de Staphylococcus aureus CCMB 263, o óleo
essencial extraído de flores de O. basilicum (CBM 50 mg.mL-1). Todos os extratos
metanólicos mostraram atividade bactericida.
A tabela 2 mostra os resultados da atividade antimicrobiana frente aos anaeróbios
estritos.
Os óleos essenciais extraídos de folhas e flores, tanto de O. americanum quanto de
O. basilicum mostraram destacada ação contra P. gingivalis (CIM 0,0125 mg.mL-1 e 0,00625
76
mg.mL-1, para óleo de folha e flores de O. americanum, respectivamente e 0,00625 mg.mL-1 e
0,0125 mg.mL-1 para óleo de folha e flores de O. basilicum, respectivamente).
Os extratos metanólicos do caule também foram mais efetivos contra P. gingivalis,
com valor de CIM igual 0,4 mg.mL-1 para os extratos de O. americanum e O.basilicum.
Valores de CIM maior que 3,2 mg.mL-1 para todos os compostos testados foram
registrados para o micro-organismo A. actinomycetemcomitans.
Em geral, os óleos e extratos testados apresentaram atividade bactericida nos mesmos
valores de sua CIM.
Tabela 1. Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) dadas em
mg.mL-1 do óleo essencial e extrato metanólico de Ocimum americanum e Ocimum basilicum frente a E. coli e S.
aureus.
COMPOSTOS
ÓLEOS ESSENCIAIS
E.coli
O.americanum (folhas)
O.americanum (flores)
O.basilicum (folhas)
O.basilicum (flores)
EXTRATO
METANÓLICO
O.americanum (caule)
O.basilicum (caule)
CONTROLE
Cloranfenicol
CIM
50
100
S.E
S.E
CBM
100
100
S.E
S.E
12,5
6,25
12,5
6,25
MICRO-ORGANISMOS
S.aureus*
CIM
CBM
1,56
50
3,125
100
0,78
25
6,25
12,5
CIM
12,5
6,25
6,25
50
S.aureus**
CBM
50
50
25
50
6,25
6,25
6,25
6,25
6,25
6,25
6,25
6,25
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
2,5
Tween 10%
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
DMSO 12,5%
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
*S. aureus CCMB262 (resistente a estreptomicina e dihidroestreptomicina), ** S. aureus CCMB263 (resistente a novobiocina). S.E- Sem
Efeito
Tabela 2. Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) dadas em
mg.mL-1 do óleo essencial e extrato metanólico de Ocimum americanum e Ocimum basilicum frente a microorganismos anaeróbios estritos.
COMPOSTOS
ÓLEO ESSENCIAL
B.fragilis
CIM
CBM
0,8
0,8
0,4
0,4
0,4
0,4
0,2
0,2
CIM
>3,2
>3,2
>3,2
>3,2
A.a*
CBM
>3,2
>3,2
>3,2
>3,2
O. americanum (folhas)
O. americanum (flores)
O. basilicum (folhas)
O. basilicum (flores)
EXTRATO
METANÓLICO
O. americanum (caule)
3,2
> 3,2
> 3,2
O. basilicum (caule)
> 3,2
> 3,2
> 3,2
CONTROLE
Clorexidina
0,0075
0,0075
0,0075
Tween 10%
S.E
S.E
S.E
DMSO 50%
S.E
S.E
S.E
* Aggregatibacter actinomycetemcomitans, S.E – Sem Efeito
MICRO-ORGANISMOS
P.gingivalis
CIM
CBM
0,0125
0,0125
0,00625
0,00625
0,00625
0,00625
0,0125
0,0125
F.nucleatum
CIM
CBM
0,4
0,4
0,4
0,4
3,2
3,2
>3,2
>3,2
> 3,2
> 3,2
0,4
0,4
0,4
0,4
>3,2
> 3,2
> 3,2
> 3,2
0,0075
S.E
S.E
0,001875
S.E
S.E
0,001875
S.E
S.E
0,00375
S.E
S.E
0,00375
S.E
S.E
77
4.2 Perfil cromatográfico dos óleos essenciais
As tabelas 3 e 4 mostram a composição química do óleo essencial de Ocimum
americanum e Ocimum basilicum.
Os resultados apontaram como princípio ativo majoritário do óleo essencial de
O. americanum o E-metil cinamato, perfazendo 45,5% do óleo essencial extraído de folhas e
54,4% do óleo extraído de flores de O. americanum (Tabela 3).
Tabela 3. Análise da composição química do óleo essencial extraído da planta Ocimum americanum.
Composto
IKlit
IKcalc
Folhas
%
Flores
%
α-Pineno
Sabineno
β-pineno
Mirceno
Limoneno
1,8-Cineol
E-β-Ocimeno
Fenchona
Linalol
Cânfora
Terpinen-4-ol
Metil chavicol
Z-Cinamato de metila
E-Cinamato de metila
E-Cariofileno
Germacreno D
Total
Não identificados
939
975
979
990
1029
1031
1050
1092
1096
1146
1177
1196
1299
1378
1419
1485
939
977
982
992
1033
1036
1051
1086
1100
1150
1182
1200
1305
1388
1427
1489
1,0
0,5
1,1
0,6
1,2
10,4
1,6
1,2
3,0
2,1
2,3
9,7
6,5
45,5
0,9
1,0
88,6
11,4
0,7
0,3
0,7
0,3
0,6
6,7
1,3
0,5
5,6
2,0
1,8
6,8
4,6
54,4
1,1
1,1
88,5
11,5
IKlit- Indíce de Kovats na literatura. IKcalc – Índice de Kovats calculado
O óleo essencial de folhas de O. basilicum apresentou 18% de metil eugenol, 12,0%
de cariofileno, 11,2% de 1,8-cineol e o óleo de flores 15,9% de linalol, 13,4% de 1,8-cineol
12,5% de cariofileno (Tabela 4).
Tabela 4. Análise da composição química do óleo essencial extraído da planta Ocimum basilicum.
Composto
IKlit
IKcalc
Flores
%
Folhas
%
α-Pineno
Sabineno
β-pineno
Mirceno
Limoneno
1,8-Cineol
Z-β-Ocimeno
Linalol
Eugenol
β-Elemeno
939
975
979
990
1029
1031
1037
1096
1359
1390
939
977
982
992
1033
1036
1044
1100
1359
1396
0,9
0,5
1,8
0,6
0,4
13,4
3,1
15,9
2,9
6,4
0,5
0,4
1,3
0,5
0,5
11,2
5,1
2,2
9,3
2,7
78
Continuação Tabela 4
Metileugenol
Cariofileno
α-Humuleno
β-Selineno
Biciclogermacreno
α-Bulneseno
Elimicina
Espatulenol
Total
Não identificados
1403
1419
1454
1490
1500
1500
1557
1578
1403
1427
1461
1492
1502
1502
1558
1584
2,1
12,5
3,5
1,7
14,6
2,8
2,1
1,8
87,0
13,0
18,0
12,0
2,6
2,2
4,7
4,1
14,6
1,8
93,7
6,3
IKlit- Indíce de Kovats na literatura. IKcalc – Índice de Kovats calculado
4.3 Citotoxicidade
As figuras 1, 2, 3 e 4 mostram os resultados do ensaio de citotoxicidade. Foram
considerados atóxicos aqueles compostos que permitiram uma viabilidade celular maior ou
igual a 90%. Os resultados apontaram que o óleo essencial extraído de folhas e flores de O.
americanum em concentrações menores ou iguais a 50 µg.mL-1, o óleo essencial extraído de
folhas de O. basilicum em concentrações menores ou iguais a 50 µg.mL-1 , os extratos das
plantas em concentrações menores que 300 µg.mL-1 e o óleo essencial extraído de flores de O.
basilicum em concentrações menores ou iguais a 5 µg.mL-1 não foram tóxicos. Com relação a
toxicidade apresentada pelos compostos majoritários presentes nos óleos essenciais, o linalol
presente no óleo de O. basilicum foi considerado atóxico em concentrações menores ou iguais
a 300 µg.mL-1, seguido do metil cinamato presente no óleo essencial de O. americanum e
cariofileno presente no óleo essencial de O. basilicum, ambos com concentrações atóxicas
inferiores ou iguais a 5 µg.mL-1.
% de células viáveis
140
120
100
Óleo
essencial
de folhas
de
Ocimum
american
um
80
60
40
20
0
5
50
500
µg.mL
Figura 1. Porcentagem de células viáveis após exposição ao óleo essencial de folhas e
flores de Ocimum americanum nas concentrações de 5, 50 e 500 µg.mL-1
79
120
% de células viáveis
100
80
Óleo
essencial
de folhas
de
Ocimum
basilicu
m
60
40
20
0
5
50
500
-1
µg.mL
Figura 2. Porcentagem de células viáveis após exposição ao óleo essencial de
folhas e flores de Ocimum basilicum nas concentrações de 5, 50 e 500 µg.mL-1
140
% de células viáveis
120
Linalol
100
80
Cariofilen
o
60
Metil
cinamato
40
20
0
5
50
300
-1
µg.mL
Figura 3. Porcentagem de células viáveis após exposição aos compostos
linalol, cariofileno e metil cinamato presentes no óleo essencial das plantas
do gênero Ocimum nas concentrações de 5, 50 e 300 µg.mL-1
80
% de células viáveis
110
105
Extrato
metanólico
de Ocimum
americanu
m
100
95
90
85
5
50
300
500
-1
µg.mL
Figura 4. Porcentagem de células viáveis após exposição aos extratos
metanólicos das plantas do gênero Ocimum nas concentrações de 5, 50, 300
e 500 µg.mL-1
4.4 Atividade apoptótica em osteoclastos
A percentagem de núcleos apoptóticos, avaliada pelo teste TUNEL, em cultura de
osteoclastos após 72 horas de tratamento com os compostos e imunocitoquímica
representando a expressão do receptor Fas em osteoclastos humanos em processo apoptótico
estão representados nas Figuras 5, 6 e 7. Foram representados apenas os compostos que
mostraram atividade apoptótica.
Os resultados apontaram 11% de núcleos apoptóticos para o extrato metanólico de
O. americanum na concentração de 50 µg.mL-1; 100% de núcleos apoptóticos para o extrato
metanólico de O. americanum na concentração de 300 µg.mL-1; 18% de núcleos apoptóticos
para extrato metanólico de O. basilicum na concentração de 50 µg.mL-1; 93% de núcleos
apoptóticos para extrato metanólico de O. basilicum na concentração de 300 µg.mL-1 e
aproximadamente 75% de núcleos apoptóticos para linalol nas concentrações de 50 a 300
µg.mL-1. Os óleos essenciais de O. americanum e O. basilicum, bem como os compostos
majoritários metil cinamato e cariofileno não foram capazes de induzir apoptose. Os
compostos que induziram apoptose foram capazes de induzir a expressão de receptor Fas em
osteoclastos.
Quando comparamos as atividades dos compostos atóxicos que induziram apoptose
em osteoclastos, podemos constatar estatisticamente que na concentração de 50 µg.mL-1 o
linalol foi mais ativo que o extrato metanólico de O. americanum (p < 0,05) e O. basilicum
(p < 0,05). Os compostos (óleo essencial extraído de flores e folhas de O. americanum e O.
81
basilicum, e os compostos metil cinamato, cariofileno e
linalol na concentração de
-1
5 µg.mL ), em suas concentrações atóxicas, que não induziram apoptose também não foram
capazes de impedir a formação de osteoclastos (Figuras 8).
A
Linalol
% de núcleos apoptóticos
80
70
60
Controle
50
5
40
30
20
50
µg/mL
µg/mL
300
10
0
Controle
5
50
300
µg.mL-1
B
Controle
5 µg.mL-1
50 µg.mL-1
300 µg.mL-1
TUNEL
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
C
Fas
Figura 5. Atividade apoptótica do composto linalol nas concentrações 5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1
sobre cultura de osteoclastos humanos. A. Percentagem de núcleos apoptóticos em cultura de osteoclastos após
72 horas de tratamento. B. Detecção de osteoclastos em processo apoptótico (núcleos amarronzados apontados
por setas vermelhas) pelo Teste TUNEL após 72h de tratamento. C. Imunocitoquímica representando a expressão
do receptor Fas em osteoclastos humanos (células de coloração marrom) em processo apoptótico.
82
% de núcleos apoptóticos
A
Extrato metanólico de
Ocimum americanum L.
120
100
80
Controle
60
10
40
50
20
300
0
C
Controle
10
50
300
µg.mL-1
B
10 µg.mL-1
Controle
50 µg.mL-1
300 µg.mL-1
TUNEL
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
C
Fas
Figura 6. Atividade apoptótica do extrato metanólico de Ocimum americanum L. nas concentrações 10 µg.mL-1,
50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1 sobre cultura de osteoclastos humanos. A. Percentagem de núcleos apoptóticos em
cultura de osteoclastos após 72 horas de tratamento. B. Detecção de osteoclastos em processo apoptótico (núcleos
amarronzados apontados por setas vermelhas) pelo Teste TUNEL após 72h de tratamento. C. Imunocitoquímica
representando a expressão do receptor Fas em osteoclastos humanos (células de coloração marrom) em processo
apoptótico.
83
% de núcleos apoptóticos
A
Extrato metanólico de
Ocimum basilicum
100
80
Controle
60
10
40
50
20
300
0
Controle
10
50
300
µg.mL-1
B
10 µg.mL-1
Controle
50 µg.mL-1
300 µg.mL-1
TUNEL
C
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
20µm
C
Fas
Figura 7. Atividade apoptótica do extrato metanólico de Ocimum basilicum nas concentrações 10 µg.mL-1,
50 µg.mL-1 e 300 µg.mL-1 sobre cultura de osteoclastos humanos. A. Percentagem de núcleos apoptóticos em cultura
de osteoclastos após 72 horas de tratamento. B. Detecção de osteoclastos em processo apoptótico (núcleos
amarronzados apontados por setas vermelhas) pelo Teste TUNEL após 72h de tratamento. C. Imunocitoquímica
representando a expressão do receptor Fas em osteoclastos humanos (células multinucleadas de coloração marrom)
em processo apoptótico.
84
A
B
C
Figura 8. A. Cultura de PBMC após 24 horas de indução com M-CSF e RANKL. B. Cultura
de PBMC após 5 dias de indução com M-CSF e RANKL na presença dos compostos. Observar
prolongamentos citoplasmáticos indicando início do processo de fusão citoplasmática para
formação de células multinucleadas (setas). C. Cultura de PBMC após 15 dias de indução com
M-CSF e RANKL na presença dos compostos. Observar a presença de osteoclastos (seta).
Registro fotográfico realizado com máquina digital modelo Samsung SL102.
85
5 Discussão
Os solventes utilizados no experimento não mostraram atividade antimicrobiana, com
exceção da solução de DMSO para as cepas de Staphylococcus aureus. Foi constatado que na
concentração de 25% a solução de DMSO inibiu o crescimento deste micro-organismo, desta
forma foi desconsiderada para fins de avaliação a concentração de 50 mg.mL-1 dos extratos
metanólicos para S. aureus.
A concentração de trabalho do Tween deve variar entre 0,5% a 20% quando se
trabalha com óleos essenciais (NASCIMENTO et al., 2007), porém para Hood et al. (2003) a
concentração ideal de trabalho do Tween80 é 0,02%, segundo estes autores, nesta
concentração este detergente não tem ação antimicrobiana. Este trabalho mostrou que é
possível trabalhar com Tween80 a 10% quando se deseja determinar a CIM de óleos
essenciais frente as cepas de Staphylococcus aureus CCMB 262 e CCMB 263, Escherichia
coli CCMB 261, Aggregatibacter actinomycetemcomitans (ATCC 43717), Fusobacterium
nucleatum (ATCC 25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277) e Bacteroides fragilis
(ATCC 25285).
Não existe um consenso sobre o nível de inibição para produtos naturais quando
comparados com antibióticos padrões. Aligianis et al. (2001) propuseram uma classificação
da atividade antimicrobiana, para compostos extraídos de plantas medicinais, com base em
resultados de CIM, considerando: forte inibição CIM até 0,5 mg.mL-1, inibição moderada
CIM entre 0,6 mg.mL-1 e 1,5 mg.mL-1, fraca atividade CIM acima de 1,6 mg.mL-1, porém esta
classificação foi discutida por Roersch (2012), em função da falta de embasamento. Segundo
Holetz et al. (2002), a atividade de um composto extraído de plantas medicinais deve ser
considerada ótima quando a CIM é menor que 1,0 mg.mL-1.
Ainda em relação aos controles positivos, utilizamos os micro-organismos E. coli
como representante Gram-negativo e S. aureus como representante Gram-positivo, ambos
com crescimento em aerobiose. Estes micro-organismos foram utilizados com o objetivo de
comparar o efeito inibitório dos compostos entre bactérias Gram-negativas e Gram-positivas.
Também foi utilizada, como controle positivo, a bactéria B. fragilis como representante
Gram-negativo com crescimento em anaerobiose. A escolha da bactéria B. fragilis como
micro-organismo controle se deve a alta resistência a agentes antimicrobianos,
tradicionalmente usados no tratamento de infecções causadas por anaeróbios, apresentada por
este patógeno (NAKANO et al., 2011).
86
Foram observadas valores maiores de concentração inibitória mínima para bactéria
E.coli em relação a atividade dos óleos essenciais extraídos de folhas e flores de O.
americanum e O. basilicum. Segundo Mounia (2006) bactérias Gram-negativas são menos
suscetíveis a ação dos óleos essenciais, pois a membrana externa restringe a difusão de
componentes hidrofóbicos em função do lipopolissacarídeo presente na membrana externa.
Não só Mounia (2006), mas também Ali et al. (2001), afirmaram que as bactérias Gramnegativas são mais resistentes a ação dos óleos essenciais.
A CIM registrada para os óleos essenciais da planta O. americanum, frente a E.coli,
foi 50 mg.mL-1 para o óleo extraído das folhas e CIM de 100 mg.mL-1 para o óleo extraído das
flores. Estes resultados estão de acordo com os encontrados por Dhale et al. (2010), que
registraram CIM de 100 mg.mL-1 para os extratos de folhas de O. americanum contra E.coli.
Em relação aos micro-organismos anaeróbios estritos, foram observadas valores
menores de concentração inibitória mínima para bactéria P. gingivalis, considerada a mais
sensível a ação do óleo essencial de O. americanum. Da mesma forma, Thaweboon et al.
(2012) utilizando a técnica ágar difusão para determinar a CIM, mostraram que P. gingivalis
foi sensível a ação do óleo desta planta; os autores registraram CIM igual 0,35 mg.mL-1 para
este patógeno (THAWEBOON et al., 2012). Também o presente estudo mostrou que
P.gingivalis foi o micro-organismo mais sensível a ação do óleo essencial de O. americanum,
porém, foi registrada uma sensibilidade maior (CIM 0,0125 mg.mL-1) que a descrita por
Thaweboon et al. (2012). A diferença nos resultados poderia ser explicada pela diferente
composição do óleo essencial da planta cultivada em diferentes condições ou até mesmo em
função da técnica usada para determinação da CIM, pois sendo um composto hidrofóbico, a
difusão do óleo essencial no ágar estaria dificultada, o que poderia influenciar na atividade
antimicrobiana registrada por Thaweboon.
Segundo He et al. (2013), o uso de bochecho com um antisséptico contendo óleo
essencial em sua composição, associado ao procedimento de raspagem e alisamento radicular,
foi capaz de inibir significativamente os níveis de F. nucleatum e P. gingivalis no biofilme
supra e subgengival, quando comparado ao grupo controle composto de indivíduos saudáveis,
que também fizeram uso do antisséptico. Cabe ressaltar, que o procedimento de raspagem e
alisamento radicular por si só é capaz de reduzir os níveis de periodontopatógenos no biofilme
dental, porém a associação de um antisséptico cuja composição apresenta compostos
extraídos de plantas medicinais pode ser um tratamento coadjuvante à terapia periodontal.
Deve-se ter em mente que os testes de atividade antimicrobiana, no presente estudo,
para os periodontopatógenos foram feitos para bactérias de vida livre e não na presença de
87
biofilme dental, o qual segundo Feres et al. (2002) tem a capacidade de proteger os microorganismos da ação de antimicrobianos. A este respeito Fine et al. (2001) estudaram a ação de
óleos essenciais sobre o biofilme e sobre bactérias planctônicas. Os autores mostraram que de
fato o biofilme confere uma maior resistência a ação de drogas, visto que foram mais
suscetíveis a ação dos óleos, apenas aquelas bactérias de vida livre.
O S.aureus resistente a estreptomicina foi mais sensível a ação dos compostos, quando
comparado ao S. aureus resistente a novobiocina, sendo o óleo essencial extraído das folhas
de O. basilicum, aquele que mostrou a melhor atividade, entre as plantas do gênero Ocimum,
frente a S. aureus (CIM 0,78 mg.mL-1). Duarte et al. (2006) em seus estudos com 80 espécies
de plantas medicinais, observou que o O. basilicum cultivado em Campinas – São Paulo, não
teve potencial antimicrobiano contra S. aureus, diferente deste estudo, onde o óleo essencial
extraído de folhas de O. basilicum cultivado no Recôncavo da Bahia, apresentou CIM de
0,78 mg.mL-1 contra S. aureus. Por outro lado, os resultados deste estudo corroboram os
resultados encontrados por Soares et al. (2006), Opalchenova et al. (2003), que descreveram
alta sensibilidade do S.aureus ao óleo extraído de folhas de O. basilicum.
O extrato metanólico produzido a partir do caule de O. basilicum não apresentou um
resultado satisfatório contra E.coli, S.aureus (CCMB263), A. actinomycetemcomitans,
F. nucleatum, B. fragilis. Alzoreky et al. (2003) apud Soares et al. (2006) também
consideraram o extrato desta planta inativo contra S. aureus, enquanto Diaz et al. (2001) apud
Soares et al. (2006) afirmaram em seus estudos, que o extrato apresentou alta atividade.
A atividade do óleo de O. basilicum poderia ser explicada pela presença de linalol na
composição química do óleo, pois segundo Randrianarivelo et al. (2009) o monoterpeno
linalol apresentou atividade antibacteriana contra S. aureus (CIM 0,18 mg.mL-1) e E. coli
(CIM 1,47 mg.mL-1). O presente estudo mostrou que o óleo essencial de O. basilicum
apresentou CIM de 0,78 mg.mL-1 frente a cepa CCMB 262 de S. aureus, porém não teve
atividade sobre o crescimento de E. coli. Como a determinação da concentração inibitória
mínima foi feita apenas para os óleos e extratos das plantas e não para os princípios ativos,
não é possível afirmar se a atividade antibacteriana encontrada frente a cepa CCMB 262 foi
de fato determinada pela presença do linalol no óleo essencial.
Segundo Alviano et al. (2005), o linalol presente no óleo de Croton cajucara foi capaz
de inibir o crescimento de P. gingivalis em pacientes portadores de aparelho ortodôntico, o
que constitui uma importante atividade, visto que o aparelho ortodôntico funciona como um
meio propício para o acúmulo de biofilme dental.
88
O efeito antibacteriano do linalol também foi mostrado por Park et al. (2012) frente a
cepa ATCC 33277 de P. gingivalis (CIM 0,8 mg.mL-1), ATCC25586 de F. nucleatum
(CIM 0,2 mg.mL-1), ATCC43717 de A. actinomycetemcomitans (CIM 0,1 mg.mL-1). Neste
trabalho, o óleo essencial extraído de flores de O. basilicum apresentou 15,9% de linalol e
CIM de 0,0125 mg.mL-1 para P. gingivalis (ATCC 33277), CIM maior que 3,2 mg.mL-1 para
F. nucleatum (ATCC 25586) e CIM maior que 3,2 mg.mL-1 para A. actinomycetemcomitans
(ATCC 43717). Comparando os resultados de Park et al. (2012) com os achados do presente
estudo, percebe-se que o efeito antimicrobiano do linalol isoladamente parece ser alterado
quando o mesmo está presente no óleo essencial, possivelmente por interações com outros
princípios ativos presentes no óleo.
Com relação ao linalol, o presente trabalho mostrou que este composto isoladamente
tem baixa toxicidade sobre células mononucleares de sangue periférico, porém de acordo com
Venâncio (2006), o óleo essencial de O. basilicum com alta concentração de linalol foi
altamente tóxico quando injetado intraperitoneal em camundongos, com DL50 igual a
0,532 g.Kg-1. Cabe ressaltar, que Venâncio (2006) avaliou o efeito do óleo essencial de
O. basilicum e não do linalol isoladamente. Em relação a toxicidade do óleo essencial de
O. basilicum, o presente estudo considerou o óleo extraído de flores tóxico em concentrações
acima de 5 µg.mL-1 e de folhas, acima de 50 µg.mL-1.
O linalol foi capaz de induzir apoptose em osteoclastos e foi observado um aumento
da expressão de receptor Fas em osteoclastos tratados com este composto. Esta atividade é
importante para controlar a reabsorção óssea mediada por osteoclastos na patogênese da
doença periodontal, embora a remodelação óssea seja um processo necessário para manter a
homeostase do tecido ósseo, ela é a consequência de uma atividade balanceada entre a
reabsorção óssea mediada por osteoclastos e a aposição óssea mediada por osteoblastos.
Quando existe um desequilíbrio a favor da atividade osteoclástica, reabsorções patológicas
comprometem a saúde do indivíduo e doenças como artrite reumatóide, osteoporose, doença
periodontal podem surgir.
Ainda, a atividade apoptótica em osteoclastos apresentada pelo linalol poderá trazer
novas perspectivas para o tratamento de outras doenças, como a osteoporose, reduzindo por
exemplo os efeitos colaterais advindos da reposição hormonal com estrógenos e do uso de
drogas como risedornato de sódio e ácido zoledrônico (KHAJURIA et al., 2011). Em relação
aos efeitos colaterais, deve ser ressaltado que em função da capacidade do linalol em induzir
expressão de receptor Fas, o uso deste composto em terapias pode também ser acompanhado
de efeitos adversos, visto que diversas células, incluindo osteoblasto, expressam receptor Fas,
89
por isso quando se busca o receptor Fas como alvo molecular em terapias, é importante
estudar fatores como a sensibilidade da célula a apoptose, que vai depender da presença e
atividade de moléculas anti-apoptóticas.
Um outro composto estudado no presente trabalho foi o cariofileno, o qual não foi
capaz de induzir apoptose em osteoclastos e não mostrou atividade antiosteoclastogênica.
Segundo Molina-Jasso et al. (2009) o cariofileno é considerado um composto químico seguro
para uso em indústrias e com finalidade terapêutica. Esses autores estudaram o efeito
clastogênico do cariofileno em animais submetidos a uma dieta com doses de 10, 100 e 1000
mg.kg-1 do composto. Não foi detectado morte ou sinais de toxicidade durante os 7 dias de
tratamento e também não foram descritos efeitos genotóxicos.
Em contrapartida, o presente trabalho considerou tóxica a concentração acima de
5 µg.ml-1 de cariofileno para células humanas. Segundo Skold et al. (2006), os hidroperóxidos
são produtos do metabolismo de cariofileno, estes hidroperóxidos são rapidamente
convertidos a óxido de cariofileno, um segundo composto pouco reativo e mais estável. Este
processo metabólico associado ao sistema de reparo do DNA e detoxificação em
camundongos, poderia explicar a ausência de efeitos genotóxicos nos estudos, in vivo, de
Molina-Jasso et al.(2009) e a divergência com os resultados encontrados no presente estudo,
onde os testes foram feitos in vitro, o que mostra a importância de estudos in vivo quando se
deseja conhecer as atividades biológicas de um composto.
Estudos com metil cinamato são escassos. Este trabalho não considerou eficaz a
atividade deste composto sobre os osteoclastos, visto que em concentrações acima de
5 µg.mL-1, o metil cinamato foi tóxico para células humanas e não foi capaz de induzir
apoptose em osteoclastos e também não mostrou atividade antiosteoclastogênica. O óleo
essencial de O. americanum apresentou em torno de 55% de metil cinamato em sua
composição, este óleo também não mostrou atividade sobre osteoclastos.
Este trabalho mostrou pela primeira vez que os óleos essenciais atóxicos de Ocimum
americanum e O. basilicum não induziram apoptose em osteoclastos e não foram capazes de
impedir a osteoclastogênese, porém o linalol presente no óleo essencial de O. basilicum e os
extratos metanólicos de O. americanum e O. basilicum foram capazes de induzir apoptose em
osteoclastos, com atividade que variou entre 11% a 100%.
Não se deve descartar por completo aqueles compostos que apresentaram citoxicidade
para células normais, pois novas avaliações em menores concentrações poderão ser feitas
futuramente, o que poderá revelar um potencial terapêutico em baixíssimas concentrações,
característica ideal de um medicamento que se propõe a ser usado em seres humanos. Além
90
disso, existe pouca informação na literatura sobre as atividades biológicas das plantas
estudadas no tratamento da doença periodontal, desta forma este estudo abre espaço para
futuras pesquisas sobre o uso destes compostos para o controle de crescimento do biofilme
dental subgengival e atividade osteoclástica.
6 Conclusão
Comparando-se a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais extraídos das plantas
estudadas com a atividade dos extratos metanólicos, pode-se concluir que os óleos
apresentaram uma melhor atividade. Avaliando a atividade de óleos essenciais e extratos
metanólicos frente aos micro-organismos controles E. coli e S. aureus, percebe-se que
maiores valores para CIM foram registrados para a bactéria E. coli, quando comparado ao
micro-organismo S. aureus. Em uma avaliação geral, os micro-organismos anaeróbios estritos
foram considerados mais sensíveis a ação dos óleos e extratos, quando comparados com os
micro-organismos aeróbios facultativos (E. coli e S. aureus). Entre os anaeróbios estritos,
menores valores de CIM foram observados para bactéria Porphyromonas gingivalis, sendo os
maiores valores registrados para o micro-organismo A. actinomycetemcomitans.
Foram considerados compostos capazes de induzir apoptose em osteoclastos: linalol
nas concentrações de 50 a 300 µg.mL-1 e extratos metanólicos de O. americanum e
O. basilicum na concentração de 300 µg.mL-1. Foi concluído que a atividade apoptótica dos
compostos atóxicos testados parece estar relacionada com a expressão do receptor Fas.
Estudos in vivo e sobre a formação do biofilme dental serão necessários para
comprovar as atividades descritas neste estudo.
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98
ESTUDO
DA
ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA,
APOPTÓTICA
EM
OSTEOCLASTOS E CITOTÓXICA DAS PLANTAS Mentha x villosa Huds e
Chenopodium ambrosioides L.
Paulo Juiz, Mário Ávila Campos, Roberto Gambari, Roberta Piva, Letizia Penolazi, Franceli
Silva, Angélica Lucchese e Ana Paula Uetanabaro.
Resumo
A utilização de espécies de plantas com finalidade terapêutica é hoje uma realidade mundial.
O uso das espécies Mentha x villosa e Chenopodium ambrosioides, principalmente para
doenças do trato digestório, na medicina popular é uma prática altamente difundida, a
despeito dos efeitos adversos associados a esta prática. Outra atividade biológica destas
plantas que poderia ser explorada seria no tratamento da doença periodontal, uma patologia de
etiologia multifatorial, considerada um problema de saúde pública. Com o objetivo de estudar
o potencial biotecnológico de óleos essenciais e extratos metanólicos de M. villosa e C.
ambrosioides foram estudadas a atividade antimicrobiana e capacidade de indução de
apoptose em osteoclastos. A atividade antimicrobiana frente aos micro-organismos
Escherichia coli sensível à trimetoprima e resistente à sulfonamida (CCMB 261),
Staphylococcus aureus resistente à estreptomicina e dihidrostreptomicina (CCMB 262),
Staphylococcus
aureus
resistente
à
novobiocina
(CCMB
263),
Aggregatibacter
actinomycetemcomitans (ATCC 43717), Fusobacterium nucleatum (ATCC 25586),
Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277), Bacteroides fragilis (ATCC 25285) foi avaliada
por meio da determinação da concentração inibitória mínima e concentração bactericida
mínima. A avaliação da atividade apoptótica em osteoclastos do extrato metanólico de M.
villosa (único composto considerado atóxico no ensaio do MTT) foi realizada pelo teste
TUNEL e por imunocitoquímica para receptor Fas. Os resultados mostraram que as menores
concentrações inibitórias, entre os periodontopatógenos foram registradas para a bactéria P.
gingivalis e as maiores para A. actinomycetemcomitans. Os compostos testados não foram
capazes de induzir apoptose em osteoclastos. As plantas estudadas mostraram atividade
antimicrobiana, porém não exerceram atividade apoptótica em osteoclastos nas concentrações
testadas. O uso popular difundido das plantas medicinais M. villosa e C.ambrosioides merece
uma maior atenção, visto que este trabalho considerou estas plantas tóxicas.
Palavras-chave: periodontopatógenos, osteoclasto, M. villosa, C. ambrosioides
99
1 Introdução
O Brasil é detentor de uma rica flora e conhecido mundialmente pela variedade de
produtos vegetais com ação medicinal. Assim, a biodiversidade brasileira representa uma
fonte promissora e a baixos custos para formulação de novas drogas com potencial
terapêutico, inclusive na área da odontologia (SOARES et al., 2006).
O cenário dos medicamentos fitoterápicos dentro da odontologia merece atenção uma
vez que dados do Ministério da Saúde indicam que o percentual de indivíduos com algum
problema periodontal foi de 37% para a idade de 12 anos, 49,1% para a faixa de 15 a 19 anos,
82,2% para adultos de 35 a 44 anos e 98,2% para idosos de 65 a 74 anos (BRASIL, 2011).
Na doença periodontal, o desafio de bactérias (periodontopatógenos) como
Porphyromonas
gingivalis,
Aggregatibacter
actinomycetemcomitans,
Fusobacterium
nucleatum e a resposta imune direcionada a invasão bacteriana ativam a resposta imune do
hospedeiro, com produção de citocinas pró-inflamatórias que ativam osteoclastos, resultando
em reabsorção do osso alveolar (TONETTI, 1997).
No aspecto terapêutico da doença periodontal, além de procedimentos cirúrgicos e
terapia de raspagem e alisamento radicular, a necessidade do uso de colutórios durante e
depois do tratamento é um importante coadjuvante para preservar a saúde dos tecidos
periodontais, porém o que se observa é que embora extremamente eficiente, o antisséptico à
base de clorexidina apresenta efeitos colaterais (FLÖTRA et al., 1971; ADDY et al., 1979;
OKANO et al., 1989; CIANCIO,1995) e segundo Rodrigues et al. (2004) é crescente a
resistência microbiana aos antissépticos e antibióticos, o que tem estimulado o
desenvolvimento de pesquisas científicas voltadas para o uso de produtos naturais no controle
químico do crescimento de micro-organismos.
A Mentha x villosa é uma erva perene, híbrida, originada do cruzamento entre Mentha
spicata e Mentha suaveolens realizado na Europa e hoje cultivada em vários países, inclusive
no Brasil (LORENZI, 2008). Também conhecida como hortelã-comum, hortelã-de-tempero,
hortelã-rasteira, mentrasto. Tem grande importância medicinal e social por sua ação contra
microparasitas
intestinais,
espasmolítica,
antivomitiva,
carminativa,
estomáquica,
anti-helmíntica, antisséptica e antiprurido. O estudo químico de seu óleo essencial revela a
presença de 30 a 90% de óxido de piperitenona (LORENZI, 2008).
Chenopodium ambrosioides L. é uma erva perene ou anual muito ramificada, com até
1 metro de altura, popularmente conhecida como mastruço, erva-de-santa-maria, ambrisina,
ambrósia-do-méxico, apazote, caácica, cambrósia, canudo, chá-do-méxico, chá-dos-jesuítas,
100
cravinho-do-mato, erva-das-cobras, erva-da-formigueira, mata-cobra, mentruz, quenopódio
(LORENZI, 2008). Planta herbácea da família Chenopodiaceae foi usada durante décadas
como vermífuga (MATOS, 2000). Extratos e derivados da planta são usados contra sífilis,
sarampo e doenças intestinais (NOUMI e YOMI, 2001).
Cabe ressaltar que o uso de plantas medicinais em saúde preventiva e curativa é
cercado de recomendações rigorosas quando da sua utilização, pois segundo Veiga et al.
(2005) muitas plantas têm mostrado efeitos adversos como irritação gástrica, lesões no
sistema nervoso, hemorragias, irritação na mucosa bucal.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana, indução de apoptose
em osteoclastos e citotoxicidade de compostos extraídos das plantas medicinais Mentha x
villosa e Chenopodium ambrosioides como uma forma terapêutica alternativa para controle da
doença periodontal, uma doença grave, cujo tratamento reabilitador, principalmente para as
formas mais graves, se restringe a limitação dos danos causados pela destruição óssea alveolar
e do ligamento periodontal.
2 Material e Métodos
2.1 Obtenção das amostras vegetais
O cultivo das plantas foi feito nos meses de março a junho do ano 2010, no Horto de
Plantas medicinais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia localizado no município
de Santo Antônio de Jesus, Latitude 12° 57′ 59.2”, Longitude 39° 15′ 49.4” LO. Todo o
tratamento convencional de herborização seguiu o descrito por Mori et al. (1989). O material
botânico coletado foi depositado no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana e
identificado por especialista como Mentha x villosa Huds (Lamiaceae) - HUEFS 167948,
Chenopodium ambrosioides L. (Amaranthaceae) – HUEFS 167951 pelo sistema de
classificação de Cronquist (1981).
2.2 Extração de óleo essencial
A técnica de hidrodestilação por arraste a vapor foi utilizada para obtenção do óleos
essenciais a partir de folhas secas de M. villosa e sementes/frutos secos de C. ambrosioides.
O processo de extração foi conduzido durante 3 h. A composição química do óleo essencial
foi determinada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), em
cromatógrafo Shimadzu CG-2010 acoplado a Espectrômero de Massas CG/MS-QP 2010
Shimadzu, coluna WCOT de sílica fundida, 30 m x 0,25 µm, injetor CP-1177, temperatura
101
do injetor 220oC, gás de arraste Hélio (1mL/min), temperatura da interface de 240oC,
temperatura da fonte de ionização de 240oC, energia de ionização 70 eV, corrente de
ionização 0,7 kV e programa de temperatura do forno 60oC a 240oC (3oC/min), 240oC
(20min). Os componentes foram identificados através da comparação dos espectros de
massas obtidos com os da biblioteca do equipamento e por comparação dos Índices de
Kovats (IK) calculados com a literatura (ADAMS, 1995) empregando uma série homóloga de
hidrocarbonetos.
2.3 Preparo dos extratos metanólicos
O caule seco foi pulverizado em moinho de faca e as extrações foram realizadas por
meio de maceração em recipientes de vidro, utilizando-se metanol, na proporção
material/solvente de 1:5. O produto da maceração foi concentrado em evaporadores rotatórios
(40-42°C, sob pressão reduzida).
2.4 Determinação da atividade antimicrobiana sobre bactérias aeróbias
facultativas
As amostras de extratos metanólicos e óleos voláteis das plantas estudadas foram
testadas em uma triagem inicial contra os micro-organismos controle Escherichia coli
sensível à trimetoprima e resistente à sulfonamida CCMB 261, Staphylococcus aureus
resistente à estreptomicina e dihidrostreptomicina CCMB 262, Staphylococcus aureus
resistente a novobiocina CCMB 263 fornecidos pela Coleção de Culturas de Microorganismos da Bahia (CCMB). Uma alçada de uma cultura de 20 h foi utilizada para preparo
da suspensão bacteriana, em solução salina a 0,45%, na concentração de 1,5 x 106 UFC.mL-1.
Para determinação da Concentração inibitória mínima (CIM) os extratos metanólicos foram
solubilizados em uma solução de DMSO 50% e os óleos essenciais em uma solução de
Tween80 a 10% de modo a obter uma concentração inicial de 200 mg.mL-1. Os compostos
foram esterilizados por filtração em membrana de 0,22 µm. Foi utilizado o ensaio de
suscetibilidade por microdiluição em caldo recomendado pelo CLSI (2002), com
modificações, sendo que todos os testes foram realizados em caldo Müeller Hinton
esterilizado em triplicata. Foram preparadas diluições seriadas na ordem de 100 mg.mL-1 a
0,0488 mg.mL-1 dos compostos testados em placas de microtitulação de 96 poços estéreis. Em
seguida, cada poço recebeu 10 μL da suspensão de micro-organismo teste na concentração de
1,5 x 106 UFC.mL-1. As placas foram incubadas à 37ºC por 24 horas e a determinação da CIM
foi feita pelo método colorimétrico utilizando 30 µL de resazurina 0,01%. Como controle
102
foram usados: cloranfenicol 10 mg.mL-1(concentração no poço inicial), controle de
viabilidade dos micro-organismos, esterilidade do meio e influência dos solventes (Tween e
DMSO) sobre o crescimento microbiano. Cinco microlitros do conteúdo dos poços que
mostraram resultados positivos de atividade antimicrobiana foram inoculados em ágar
Müeller Hinton para determinação da Concentração bactericida mínima (CBM). O
crescimento bacteriano no meio de cultura contido na placa de Petri caracterizou o composto
como tendo atividade bacteriostática, a ausência de crescimento, atividade bactericida.
2.5 Determinação da atividade antimicrobiana sobre bactérias anaeróbias estritas
Os testes de suscetibilidade microbiana aos extratos metanólicos e óleos essenciais
foram realizados segundo o método de macrodiluição em caldo do CLSI M11-A5, com
modificações.
Cepas
de
Aggregatibacter
actinomycetemcomitans
(ATCC
43717),
Fusobacterium nucleatum (ATCC 25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277),
Bacteroides fragilis (ATCC 25285), preservadas em Skim-milk (10%) a -80oC foram
ativadas em ágar sangue com 5% de sangue de carneiro desfibrinado suplementado com
hemina (5 µg.mL-1) e menadiona (vitamina K, 1 µg.mL-1) e incubadas em anaerobiose (90%
N2 e 10% CO2) a 37oC por 72 h para serem utilizadas na realização dos testes de
suscetibilidade. O inóculo bacteriano teste foi preparado suspendendo colônias da cultura
recente em 5 mL de caldo BHI (infusão cérebro coração) suplementado com hemina (5
µg.mL-1) e menadiona (vitamina K, 1 µg.mL-1), seguido de incubação em anaerobiose (90%
N2 e 10 % CO2) a 37oC durante 48 h. Após o período de incubação, o inóculo bacteriano foi
ajustado pelo método visual à escala 0.5 de McFarland (1,5 x 108 UFC.mL-1). Soluções
estoques (de extratos e óleos essenciais) esterilizadas por filtração em membrana de 0,22 µm,
com concentração de 50 mg.mL-1 foram preparadas utilizando como solvente: Tween80 a
10% para óleos essenciais e DMSO 50% para extratos metanólicos. Para os testes foram
usadas concentrações crescentes dos compostos na ordem de 0,00625 a 3,2 mg.mL-1. A cada
tubo de ensaio preparado foram adicionados 40 μL do inóculo bacteriano ajustado na
turvação correspondente a escala 0.5 de McFarland. O material foi incubado em anaerobiose
(90% N2 e 10 % CO2) a 37oC por 48 horas. Após o período de incubação (48 h) foi feita a
leitura pelo método visual, observando a turvação do meio e/ou a presença de sedimento no
fundo do tubo de ensaio como indicativo de crescimento microbiano e ausência de atividade
antimicrobiana. Como controle foram utilizados gluconato de clorexidina 0,12% (Periogard
Colgate®), controle de viabilidade dos micro-organismos, esterilidade do meio e influência
dos solventes (Tween e DMSO) sobre o crescimento microbiano.Os ensaios foram feitos em
103
triplicata. Para aqueles tubos de ensaio com ausência visível de crescimento na etapa de
determinação da CIM, 10 μL foram semeados em ágar sangue suplementado com hemina
(5µg/mL) e menadiona (vitamina K, 1 µg/mL) e incubados em anaerobiose (90% N2 e 10%
CO2) a 37oC por 72 h para determinação da CBM.
2.6 Indução de apoptose em osteoclastos
2.6.1 Cultura de osteoclastos
Osteoclastos humanos foram obtidos como descrito por Matsuzaki et al. (1999), com
pequenas modificações. Sangue periférico foi coletado de voluntários saudáveis após
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (aprovação do Comitato Etico
dell'Arcispedale S.Anna, parecer n.11/2006). Células mononucleares de sangue periférico
(PBMC) foram obtidas de sangue periférico diluído (1:2 em solução de Hanks) e separadas
por uma solução de polissacarose 5,7 g.dL-1 e diatrizoato de sódio 9,0 g.dL-1 (Histopaque
1077®-Sigma, St. Louis, MO, USA). As células mononucleares foram ressuspensas em DMEM com alta concentração de glicose (Sigma, St.Louis, MO, USA), 50 U.mL-1 de
penicilina e 50 U.mL-1 de estreptomicina, suplementado com 10% de FCS (soro fetal de
bezerro). 960.000 PBMC/poço foram cultivadas em placas de 96 poços e 2,4 x 106
PBMC/poço foram cultivadas em chamber slides por 2 horas. Os poços foram lavados para
remoção de células não-aderentes e as células aderidas foram cultivadas na presença de MCSF (25 ng.mL-1), RANKL (30 ng.mL-1) e mantidas a 37°C em atmosfera com 5% CO2 por
14 dias. O meio de cultura era renovado a cada 3 dias. As células foram utilizadas nos
experimentos descritos abaixo, quando existiu uma predominância de células multinucleadas
na cultura.
2.6.2 Coloração para TRAP (Fosfatase ácida resistente ao tartarato)
A coloração para TRAP foi feita segundo o que preconiza Villanova et al. (1999). Seis
poços da placa de 96 poços contendo cultura de células multinucleadas foram destinados para
esta etapa do trabalho. Os poços foram lavados com tampão de ácido cacodílico 0.1 M , pH
7.2 (0.1 M de cacodilato de sódio e 0.0025% CaCl2) e fixadas em formaldeído 37% por 15
minutos, sendo posteriormente coradas para TRAP, segundo protocolo proposto pelo Acid
Phosphatase Kit n. 386 (Sigma, St. Louis, MO,USA). Após lavagem com água destilada e
secagem, células multinucleadas com coloração violeta, contendo mais do que três núcleos
incolores(osteoclastos), foram consideradas TRAP positivas (Apêndice E).
104
2.6.3 Ensaio de Citotoxicidade
Após a confirmação da presença de osteoclastos na cultura pelo Teste TRAP, os
osteoclastos foram incubados por mais 3 dias na presença dos extratos metanólicos
(10 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 300 µg.mL-1) e óleos essenciais (5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1,
300 µg.mL-1, 500 µg.mL-1). Como controle uma solução de metanol/DMSO 3%, a qual foi
utilizada para solubilizar os compostos. A determinação das células viáveis foi feita pelo
ensaio do MTT. Após as 72 h de um tratamento feito em triplicata, 25 μL de MTT foi
adicionado a cada poço contendo células tratadas, seguido por um período de incubação de
2h/37°C. Após incubação, os cristais de MTT foram solubilizados com 100 μL de solução de
lise pH 4.7 por 3 horas/37°C. A leitura da DO foi feita por espectrofotometria a 570 nm,
usando a solução de lise como branco da reação. Foram considerados não tóxicos os
compostos que permitiram uma viabilidade celular maior ou igual a 90%.
2.6.4 Ensaio de apoptose
O ensaio de apoptose foi determinado in vitro, por meio do teste TUNEL (Transferase
desoxinucleotidil terminal mediada por marcação dUTP) em cultura de osteoclastos humanos
tratados com o composto considerado atóxico (extrato metanólico extraídos de caule de M.
villosa) pelo ensaio do MTT. Osteoclastos humanos foram obtidos como descrito no ítem
2.6.1 Cultura de osteoclastos e após confirmação da osteoclastogênese pelo teste TRAP, as
células foram tratadas por 72 h com o extrato metanólico de M. villosa. As células foram
lavadas duas vezes com solução de PBS e fixadas por 25 minutos com formalina 10%, a
temperatura ambiente. Células apoptóticas foram detectadas pelo sistema DeadEnd
Colorimetric Apoptosis Detection System (Promega) de acordo com orientação do fabricante.
O sistema HRP estreptavidina/substrato presente no Kit foi usado para identificar células
apoptóticas. A avaliação da apoptose foi calculada como uma porcentagem de núcleos
apoptóticos (núcleos escurecidos, amarronzados) versus núcleos de células multinucleadas
TRAP positivas, observadas em triplicatas. As lâminas foram montadas em glicerol/TBS 9:1 e
observadas em microscópio Leitz.
3
Resultados
3.1 Atividade antimicrobiana
A Tabela 1 mostra o resultado da atividade antimicrobiana do óleo essencial e extrato
metanólico de Mentha x villosa e C. ambrosioides frente aos micro-organismos testados.
105
Tabela 1. Concentração inibitória mínima (CIM) e Concentração bactericida mínima (CBM) dadas em
mg.mL-1 do óleo essencial e extrato metanólico de Mentha x villosa e C. ambrosioides.
COMPOSTOS
ÓLEOS
ESSENCIAIS
E.coli
S.aureus*
S.aureus**
CIM
CBM
CIM
CBM
CIM
6,25
6,25
1,56
3,125
3,125
6,25
12,5
25
6,25
25
12,5
Mentha x villosa
6,25
6,25
6,25
6,25
C. ambrosioides
12,5
12,5
12,5
2,5
2,5
2,5
Mentha x villosa
(folhas)
C. ambrosioides
(sementes/frutos)
CBM
MICRO-ORGANISMOS
B.fragilis
A.a***
CIM
P.gingivalis
CBM
CIM
CBM
0,1
0,1
> 3,2
> 3,2
50
0,1
0,1
> 3,2
6,25
6,25
> 3,2
> 3,2
12,5
12,5
12,5
> 3,2
2,5
2,5
2,5
CIM
F.nucleatum
CBM
CIM
CBM
0,00625
0,00625
0,8
0,8
> 3,2
0,00625
0,00625
0,1
0,1
> 3,2
> 3,2
0,8
0,8
>3,2
> 3,2
> 3,2
> 3,2
> 3,2
0,8
0,8
>3,2
> 3,2
0,0075
0,0075
0,0075
0,0075
0,001875
0,001875
0,00375
0,00375
EXTRATOS
METANÓLICOS
CONTROLES
Cloranfenicol
Clorexidina
Tween80 10%
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
DMSO 12,5%
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
DMSO 50%
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
S.E
*S. aureus CCMB262 (resistente a estreptomicina e dihidroestreptomicina), ** S. aureus CCMB263 (resistente a novobiocina),
*** Aggregatibacter actinomycetemcomitans, S.E – Sem Efeito.
Os solventes utilizados no experimento não mostraram atividade antimicrobiana, com
exceção da solução de DMSO para as cepas de Staphylococcus aureus. Foi constatado que na
concentração de 25% a solução de DMSO inibiu o crescimento deste micro-organismo, desta
forma foi desconsiderada para fins de avaliação a concentração de 50 mg.mL-1 dos extratos
metanólicos para S. aureus.
Foram observados maiores valores de concentração inibitória mínima para o
micro-organismo E. coli em relação a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de M.
villosa e C. ambrosioides, sendo a CIM registrada de 6,25 mg.mL-1 para o óleo extraído das
folhas de M. villosa e 12,5
mg.mL-1 para o óleo extraído de sementes/frutos de C.
ambrosioides.
O S. aureus resistente a estreptomicina foi mais sensível a ação do óleo essencial
(CIM 1,56 mg.mL-1 para o óleo de M. villosa e 6,25 mg.mL-1 para o óleo de C. ambrosioides),
quando comparado ao S. aureus resistente a novobiocina (CIM 3,125 mg.mL-1 para o óleo de
M. villosa e 12,5 mg.mL-1 para o óleo de C. ambrosioides).
A CIM registrada para o extrato metanólico tanto para E. coli, quanto para S. aureus
foi 6,25 mg.mL-1 para M. villosa e 12,5 mg.mL-1 para C. ambrosioides.
O óleo essencial de Mentha x villosa extraído de folhas apresentou atividade
bactericida frente E. coli na concentração de 6,25 mg.mL-1. O mesmo valor de CBM (6,25
106
mg.mL-1) foi obtido dos extratos metanólicos do caule seco da planta, tanto para E. coli, como
para S. aureus. Apenas os extratos metanólicos do caule seco de C. ambroisioides, tanto para
E. coli, como para S. aureus foram bactericidas (CBM 12,5 mg.mL-1).
A atividade antimicrobiana do óleo essencial extraído de folhas de M. villosa e
sementes/frutos de C. ambrosioides sobre bactérias anaeróbias mostrou que maiores valores
de
CIM
foram
observados
para
a
atividade
frente
ao
micro-organismo
A.
actinomycetemcomitans (CIM maior que 3,2 mg.mL-1) e menores valores para P. gingivalis
(CIM 0,00625 mg.mL-1). Já em relação aos extratos metanólicos, todas as CIM registradas
foram maiores que 3,2 mg.mL-1, com exceção da CIM registrada para P. gingivalis, de 0,8
mg.mL-1.
Todas as concentrações registradas para os extratos, com atividade sobre o
crescimento de micro-organismos anaeróbios estritos, foram classificadas como bactericidas.
3.2 Perfil cromatográfico dos óleos essenciais
As Tabelas 2 e 3 mostram as composições químicas dos óleos essenciais de Mentha x
villosa e C. ambrosioides.
Os resultados apontaram como princípio ativo majoritário do óleo de M. villosa, o
óxido de piperitenona perfazendo 57,2% da composição do óleo essencial. Em relação a
composição química do óleo essencial de C. ambrosioides, os resultados apontaram como
princípio ativo majoritário o Z-ascaridol, perfazendo 65,9% da composição química do óleo.
Tabela 2. Análise da composição química do óleo extraído da planta Mentha x villosa
Composto
IKlit
IKcalc
Folhas
%
α-Pineno
Sabineno
β-pineno
Mirceno
Limoneno
Z-β-Ocimeno
Octen-1-ol, acetato
Oxido de piperitenona
α-Gurgujeno
Cariofileno
β-Farneseno
cis-muurola-4(14),5-dieno
Germacreno D
α-Cadinol
Total
Não identificados
939
975
979
990
1029
1037
1112
1376
1409
1419
1456
1466
1485
1654
939
978
982
992
1033
1040
1111
1368
1407
1430
1455
1471
1489
1661
1,2
1,6
1,3
1,1
2,8
1,0
1,3
57,2
2,5
3,2
1,4
2,0
9,4
0,9
86,9
13,1
IKlit- Indíce de Kovats na literatura. IKcalc – Índice de Kovats calculado
107
Tabela 3. Análise da composição química do óleo extraído da planta C. ambrosioides
Composto
IKlit
IKcalc
Sementes e
frutos
%
α-Terpineno
p-cimeno
Z-Ascaridol
E-ascaridol
Total
Não identificados
1017
1024
1237
1020
1029
1247
1307
5,3
18,5
65,9
8,1
97,8
2,2
IKlit- Indíce de Kovats na literatura. IKcalc – Índice de Kovats calculado
3.3 Citotoxicidade
As figura 1 e 2 mostram os resultados do ensaio de citotoxicidade. Para o ensaio do
MTT (ensaio para determinar a citotoxicidade de óleos e extratos), foram considerados
atóxicos aqueles compostos que permitiram uma viabilidade celular maior ou igual a 90%. Os
resultados apontaram que o óleo essencial extraído de folhas de M. villosa foi considerado
tóxico em todas as concentrações testadas (5, 50, 300 e 500 µg.mL-1), enquanto o extrato
metanólico desta planta foi considerado atóxico em concentrações abaixo de 300 µg.mL-1. Em
relação a planta C. ambrosioides, os resultados apontaram que tanto o óleo essencial como o
extrato metanólico estudados foram considerados tóxicos em todas as concentrações testadas
(5, 50, 300 e 500 µg.mL-1).
100
90
Extrato
metanólico de
Mentha x
villosa
% de células viáveis
80
70
60
50
Extrato
metanólico de
Chenopodium
ambrosioides
40
30
20
10
0
5
Figura 1.
50
300
500
µg.mL-1
Porcentagem de células viáveis após exposição aos extratos metanólicos de M. villosa e C.
ambrosioides nas concentrações de 5, 50, 300 e 500 µg.mL-1
108
50
45
Óleo essencial
de folhas de
Mentha x villosa
% de células viáveis
40
35
30
25
Óleo essencial
de
sementes/frutos
de C.
ambrosioides
20
15
10
5
0
5
50
500
µg.mL-1
Figura 2. Porcentagem de células viáveis após exposição aos óleos essenciais de M. villosa e C. ambrosioides
nas concentrações de 5, 50, 500 µg.mL-1
3.4 Atividade apoptótica em osteoclastos
Os testes de indução de apoptose em osteoclastos foram feitos apenas para os
compostos atóxicos no teste do MTT. O extrato metanólico atóxico de M. villosa foi capaz de
induzir apenas 4% de núcleos apoptóticos em osteoclastos na concentração de 50 µg.mL-1 e
12% na concentração de 300 µg.mL-1. Estes resultados mostraram que o extrato não foi capaz
de induzir apoptose em osteoclastos.
4 Discussão
Os solventes utilizados no experimento não mostraram atividade antimicrobiana, com
exceção da solução de DMSO a 25% para as cepas de Staphylococcus aureus. Segundo
Nascimento et al. (2007) a concentração de trabalho do Tween deve variar entre 0,5% a 20%
quando se trabalha com óleos essenciais, porém para Hood et al. (2003) a concentração ideal
de trabalho do Tween80 é 0,02%, segundo estes autores, nesta concentração este detergente
não tem ação antimicrobiana. Este trabalho mostrou que é possível trabalhar com Tween80 a
10% quando se deseja determinar a CIM de óleos essenciais frente as cepas de
Staphylococcus aureus CCMB 262 e CCMB 263, Escherichia coli CCMB 261,
Aggregatibacter actinomycetemcomitans (ATCC 43717), Fusobacterium nucleatum (ATCC
25586), Porphyromonas gingivalis (ATCC 33277) e Bacteroides fragilis (ATCC 25285).
Não existe um consenso sobre o nível de inibição para produtos naturais quando
comparados com antibióticos padrões. Aligianis et al. (2001) propuseram uma classificação
109
da atividade antimicrobiana, para compostos extraídos de plantas medicinais, com base em
resultados de CIM, considerando: forte inibição CIM até 0,5 mg.mL-1, inibição moderada
CIM entre 0,6 mg.mL-1 e 1,5 mg.mL-1, fraca atividade CIM acima de 1,6 mg.mL-1, porém esta
classificação foi discutida por Roersch (2012), em função da falta de embasamento. Segundo
Holetz et al. (2002), a atividade de um composto extraído de plantas medicinais deve ser
considerada ótima quando a CIM é menor que 1,0 mg.mL-1.
Os óleos essenciais e extratos das plantas medicinais M. villosa e C. ambrosioides
mostraram atividade antimicrobiana contra P.gingivalis e CIM igual 0,1 mg.mL-1 para
B. fragilis (micro-organismo anaeróbico controle). Embora os compostos estudados não
tenham apresentado capacidade de induzir apoptose em osteoclastos, as atividades descritas
representam um passo inicial para estudos futuros na área de biotecnologia voltados para
odontologia, principalmente para a espécie Mentha, atualmente muito explorada para
formulação de cremes dentais. Segundo Pistorius et al. (2003), o desenvolvimento tecnológico
e industrial de escovas elétricas, irrigadores elétricos associados a um antisséptico bucal
contendo extrato de ervas, incluindo Mentha piperita, foi capaz de reduzir o índice de
sangramento gengival no grupo de pacientes com gengivite, resultado estatisticamente
significante quando comparado ao grupo controle, composto de pacientes que utilizavam
irrigadores convencionais.
Além dos periodontopatógenos estudados, foram utilizados neste trabalho os microorganismos E. coli como representante Gram-negativo e
S. aureus como representante
Gram-positivo, com o objetivo de comparar o efeito inibitório dos compostos entre bactérias
Gram-negativas e Gram-positivas, visto que na literatura (Ali et al., 2001; Mounia, 2006) é
informada a maior resistência aos antimicrobianos para bactérias Gram-negativas devido a
presença de uma barreira física, representada pela membrana externa. Porém, no presente
estudo, a CIM registrada para o óleo de C. ambrosioides, tanto para E.coli como para
S. aureus resistente a novobiocina, foi 12,5 mg.mL-1.
Embora eficientes em inibir o crescimento bacteriano, os óleos essenciais de
M. villosa e C. ambrosioides foram considerados tóxicos pelo ensaio do MTT, o que
restringiu seu uso nas concentrações tóxicas testadas, comprometendo a utilização de óleos e
extratos destas plantas na odontologia. Cabe ressaltar que o uso de plantas medicinais em
saúde preventiva e curativa é cercado de recomendações rigorosas quando da sua utilização,
pois segundo Veiga et al. (2005) muitas plantas têm mostrado efeitos adversos como irritação
gástrica, lesões no sistema nervoso, hemorragias, irritação na mucosa bucal, portanto mesmo
sendo capazes de inibir o crescimento microbiano, o efeito tóxico observado para M. villosa e
110
C. ambrosioides poderia causar injúrias na mucosa oral e estruturas do ligamento periodontal,
bem como efeitos sistêmicos importantes com prejuízo para saúde do paciente.
Possivelmente, a toxicidade do óleo de C. ambrosioides foi devido a presença de
ascaridol como composto majoritário. Também Muhayimana et al. (1998) e Lorenzi (2008)
descreveram que a composição química de extratos e óleo essencial de C. ambrosioides foi
principalmente de alfa-terpineno e ascaridol, onde folhas fornecem, por arraste de vapor, até
9,2% de óleo essencial com até 60% de ascaridol, enquanto dos frutos se obtêm até 20%
deste óleo com 80 a 90% de ascaridol, o princípio ativo com atividade vermífuga presente no
óleo da planta. Em contrapartida, Onocha et al. (1999), em amostras da planta na Nigéria,
identificaram alfa-terpineno (56%), acetato de alfa-terpenila (15,7%) e p-cimeno (15,5%).
Gupta et al. (2002) examinaram a composição do óleo essencial de C. ambrosioides da Índia
e identificaram alfa-terpineno (64%), p-cimeno (19%) e ascaridol (7%). Em Cuba, foi
descrita a seguinte composição: alfa-terpenila (73,9%) e p-cimeno (4,3%) (PINO et al.,
2003).
Em relação a composição química do óleo essencial, mesmo variações genéticas
intraespecíficas do vegetal podem alterar o teor do princípio ativo presente no óleo. Ademais,
outros fatores, como clima, solo, época e forma de plantio, adubação, uso de agrotóxicos,
irrigação, tempo e condições ambientais, técnicas de secagem do material da planta, técnica
de extração dos compostos e colheita, padrões de variação geográfica (latitudes e longitudes)
afetam a composição química dos óleos, podendo resultar em alterações na atividade
antimicrobiana (FRANCO et al., 2005; CARVALHO-FILHO et al., 2006; SEFIDKON et al.,
2007), o que mostra a necessidade de uma rigorosa padronização dos métodos para obtenção
de óleo essencial com finalidade industrial.
A ação anti-helmíntica e citotóxica do ascaridol já é bem documentada (MC
DONALD, 2004), porém em função do efeito desejável que o óleo de C. ambrosioides possui
como antiparasitário, surgiu um interesse pelo produto e novas pesquisas mostraram também
o efeito do óleo sobre fungos (GADANO , 2006).
Entretanto, a produção comercial do óleo de C. ambrosioides encontrou barreiras em
função da citotoxicidade. Gadano (2006) mostrou que o óleo de Chenopodium apresenta
efeito irritante para mucosa intestinal e genotoxicidade, com efeitos também para o sistema
nervoso central, gastroenterite, intoxicação podendo até mesmo causar a morte. Contudo, esta
planta é ainda utilizada na medicina tradicional.
Monzote (2009) estudou a interação de ascaridol sintetizado em laboratório com
mitocôndrias humanas. Segundo o autor, o ascaridol sintético apresentou baixa toxicidade
111
sobre mitocôndras quando testado isoladamente e a toxicidade do composto sobre macrófagos
foi de 5,5 ± 1,4 µg.mL-1. O presente trabalho mostrou que o óleo de C. ambrosioides
contendo 65,9% de ascaridol mostrou ser tóxico em concentrações maiores ou iguais a
5 µg.mL-1.
A toxicidade do óleo essencial de C. ambrosioides já é bem descrita na literatura (MC
DONALD, 2004; GADANO, 2006; MONZOTE, 2009), porém poucos relatos sobre a
toxicidade do óleo essencial de M. villosa sobre células humanas normais foram encontrados.
O presente estudo mostrou que 57,2% do óleo essencial de M. villosa é composto de
óxido de piperitenona, o que pode explicar a toxicidade reportada para este óleo. O potencial
larvicida de óleos essenciais contendo altas concentrações de óxido de piperitenona foi
descrito por Tripathi et al. (2004) e Koliopoulos et al. (2010). Os resultados do presente
estudo e daqueles descritos na literatura servem como um alerta sobre o uso popular tão
difundido da M. villosa com fins medicinais.
Entretanto, não se deve descartar por completo aqueles compostos que apresentaram
toxicidade elevada, pois novas avaliações em menores concentrações poderão ser feitas
futuramente, o que poderá revelar um potencial terapêutico a baixíssimas concentrações,
característica ideal de um medicamento que se propõe a ser usado em seres humanos.
5 Conclusão
O extrato de M. villosa foi mais efetivo contra os aeróbios facultativos que o extrato
metanólico de C. ambrosioides.
Entre os anaeróbios estritos, foram registrados menores valores de CIM para bactéria
Porphyromonas gingivalis e maiores valores para o micro-organismo Aggregatibacter
actinomycetemcomitans. Os extratos metanólicos das plantas estudadas não foram ativos
contra B. fragilis, A. actinomycetemcomitans e F. nucleatum.
Com exceção do extrato de M. villosa, todos os compostos estudados das duas plantas
foram considerados tóxicos, e embora atóxico o extrato de M. villosa não foi capaz de induzir
apoptose em osteoclastos.
Os resultados apontaram para o cuidado na utilização dos óleos essencias e extratos
metanólicos de M. villosa e C. ambrosioides, em função da atividade tóxica descrita, portanto
novos estudos em concentrações menores que as estudadas são necessários para comprovar a
citotoxicidade e atividades biológicas dos compostos extraídos das plantas.
112
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117
6 CONCLUSÃO GERAL
Este trabalho se propôs a avaliar a atividade antimicrobiana e apoptótica em
osteoclastos de plantas medicinais cultivadas no Recôncavo da Bahia e como um dos
produtos da tese, também a atividade antitumoral (Apêndice F). As plantas medicinais,
especialmente Lippia alba e Ocimum basilicum, mostraram um potencial biotecnológico a ser
explorado na área de odontologia.
De uma maneira geral, a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais extraídos das
plantas estudadas foi maior que a atividade dos extratos metanólicos. Foram observados
maiores valores de CIM para o patógeno E. coli. Entre os micro-organismos anaeróbios
estritos, os menores valores de CIM foram registrados para bactéria Porphyromonas
gingivalis e maiores valores foram observados para Aggregatibacter actinomycetemcomitans.
Os óleos essenciais extraídos de flores de Ocimum americanum e folhas de Ocimum
basilicum, Lippia alba e Mentha x villosa e sementes/frutos de Chenopodium ambrosioides
foram considerados os mais efetivos frente a bactéria P.gingivalis.
Em relação a toxicidade dos compostos, não foram considerados tóxicos os óleos
essenciais das plantas do gênero Ocimum (especialmente de O. americanum e de folhas de
O. basilicum), os extratos metanólicos de todas as plantas, com exceção do extrato de
C. ambrosioides e os compostos majoritários citral, limoneno, carvona, linalol.
Citral, limoneno, carvona, linalol e extratos metanólicos das plantas do gênero
Ocimum são compostos capazes de induzir apoptose em osteoclastos, possivelmente por
induzir a expressão do receptor Fas.
Os resultados apontaram para o cuidado na utilização dos óleos essencias e extratos
metanólicos de Mentha x villosa e C. ambrosioides, em função da atividade tóxica descrita,
portanto novos estudos em concentrações menores que as estudadas são necessários para
comprovar a citotoxicidade e atividades biológicas dos compostos extraídos das plantas.
Em relação a atividade antitumoral (Apêndice F), a atividade antiproliferativa dos
óleos essenciais sobre as linhagens tumorais foi maior que a atividade mostrada pelos extratos
metanólicos e na maioria dos casos menor que a apresentada pelos princípios ativos testados
isoladamente, sendo a linhagem de adenocarcinoma mamário MDA-231 considerada a mais
resistente diante da ação dos compostos, quando comparada a linhagem MCF-7 e K562.
118
O citral foi considerado um composto promissor para uso em biotecnologia na
formulação de futuros quimioterápicos com finalidade antitumoral. Em função das atividades
registradas para o linalol e limoneno, estudos futuros utilizando estes compostos como
adjuvantes de drogas antitumorais são necessários.
Os compostos testados não foram capazes de induzir diferenciação eritróide em
células K562.
Estudos in vivo e sobre a formação do biofilme dental são necessários para comprovar
as atividades apresentadas neste trabalho.
119
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133
APÊNDICE A – Registro fotográfico do Horto de Plantas Medicinais do CCS-UFRB e
composição química do solo feita pela EMBRAPA
Características químicas do solo do experimento
M.O
g/Kg
10,86
PH
em H2O
5,8
P
mg/dm3
10
K
0,10
Ca+Mg
1,50
Ca
MG
Cmol/dm3
0,90 0,60
Al
0,0
H+Al
1,76
Na
SB
0,03 1,63
CTC
3,39
V
%
48
* Análise realizada no Laboratório de Solos e Nutrição de Plantas da EMBRAPA Mandioca e
Fruticultura, Cruz das Almas - BA.
134
APÊNDICE B – Esquemas e registros fotográficos dos ensaios de atividade antimicrobiana
para aeróbios facultativos (E. coli e S. aureus).
Controle de esterilidade
Controle de esterilidade
Controle de viabilidade
Controle de esterilidade
Representação esquemática da diluição seriada realizada em placas de 96 poços para determinação da
concentração inibitória mínima (CIM). Meio 1X (caldo Müeller Hinton 1 vez concentrado), Meio 2X (Caldo
Muller Hinton 2 vezes concentrado).
CBM
CIM
Poços com colaração azul indicando morte bacteriana ou inibição do metabolismo bacteriano e poços com
coloração rosa indicativos de células viáveis. CIM (Concentração Inibitória Mínima). CBM (Concentração
Bactericida Mínima)
135
APÊNDICE C - Registros fotográficos dos ensaios de atividade antimicrobiana para
anaeróbios estritos (A. actinomycetemcomitans, P. gingivalis, F. nucleatum e B. fragilis).
CIM
Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) para aneróbios. Tubos de 1 a 7 com crescimento visível
de micro-organismos (tubos com meio turvo). Tubos de 8 a 10 com ausência de crescimento (tubos com meio
límpido).
A
B
Representação da determinação da CBM para anaeróbios. A. Composto com atividade bacteriostática (setas
apontam crescimento bacteriano). B. Composto com atividade bactericida
136
APÊNDICE D – Registros fotográficos das exsicatas depositadas no HUEFS.
B
A
D
C
E
Exsicatas preparadas pelo Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana. A. Ocimum americanum L.,
B. Lippia alba (Mill) N.E.Br., C. Mentha x villosa Huds, D. Ocimum basilicum L., E. Chenopodium
ambrosioides L.
137
APÊNDICE E – Registros fotográficos dos ensaios com osteoclastos
20µm
Teste TRAP. Células multinucleadas de coloração lilás representativas de osteoclastos. Os núcleos incolores são
apontados por setas vermelhas.
Teste TUNEL. Célula multinucleada com núcleo em coloração lilás representando osteoclasto sem processo
apoptótico. Registro fotográfico realizado com máquina digital modelo Samsung SL102.
138
Teste TUNEL. Célula multinucleada com núcleo em coloração marrom representando osteoclasto em processo
apoptótico. Registro fotográfico realizado com máquina digital modelo Samsung SL102.
20µm
Imunocitoquímica para receptor Fas. Osteoclastos de coloração marrom indicando expressão de receptor Fas.
139
APÊNDICE F – Artigo IV
ATIVIDADE ANTIPROLIFERATIVA DE PLANTAS MEDICINAIS CULTIVADAS
NO RECÔNCAVO BAIANO FRENTE AS LINHAGENS CELULARES K562,
MCF-7 e MDA-231
Paulo Juiz, Roberto Gambari, Roberta Piva, Eleonora Brognara, Franceli Silva, Angélica
Lucchese, Ana Paula Uetanabaro
Resumo
Mais de 60% dos agentes anticâncer usados atualmente são derivados, direta ou indiretamente
de produtos naturais, entretanto, o potencial do uso das plantas medicinais como fonte de
descoberta de novas drogas antitumorais ainda é pouco explorado, por isso este trabalho teve
como objetivo estudar a atividade antitumoral de óleos essenciais, compostos presentes nos
óleos essenciais (metil cinamato, citral, linalol, cariofileno, limoneno e carvona) e extratos
metanólicos
das
plantas
Ocimum
americanum,
Ocimum
basilicum,
Chenopodium
ambrosioides, Mentha x villosa e Lippia alba sobre linhagens celulares MCF-7 e MDA-231
de câncer de mama e K562 de leucemia. As linhagens tumorais foram cultivadas na presença
dos compostos para determinação da capacidade antiproliferativa. Os resultados mostraram
que a atividade antiproliferativa dos óleos essenciais foi maior que a atividade mostrada pelos
extratos metanólicos e na maioria dos casos menor que a apresentada pelos princípios ativos
testados isoladamente, sendo a linhagem MDA-231 considerada a mais resistente, quando
comparada a linhagem MCF-7 e K562. Todas as concentrações inibitórias registradas para os
óleos essenciais foram consideradas tóxicas, entretanto os compostos majoritários presentes
nos óleos essenciais, com exceção do cariofileno e metil cinamato, mostraram atividade
antitumoral em concentrações atóxicas. O composto citral foi considerado mais ativo frente a
linhagem K562 (IC50 8,61 ± 1,29 µg.mL-1) e MDA-231 (IC50 41,98 ± 7,45 µg.mL-1), já o
composto linalol foi mais efetivo frente a linhagem MCF-7 (IC50 18,86 ± 1,32 µg.mL-1). Os
compostos testados não foram capazes de induzir diferenciação eritróide em células K562,
sendo os extratos metanólicos das plantas do gênero Ocimum aqueles que mostraram as
melhores atividades antiproliferativas contra a linhagem K562.
Palavras-chave: plantas medicinais, antiproliferativa, câncer de mama, leucemia
140
1 Introdução
O câncer é uma doença caracterizada por um crescimento desordenado de células
transformadas, com ruptura da membrana basal, invasão tecidual, podendo levar o indivíduo a
morte (INCA, 2012).
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer para o biênio 2012 – 2013,
espera-se 52.680 novos casos de câncer de mama, com um risco estimado de 69 casos a cada
100 mil habitantes para a região sudeste, 65 / 100 mil para região sul, 48 / 100 mil para região
centro – oeste, 9 / 100 mil para região norte e 32 / 100 mil para região nordeste. Com relação
a incidência de leucemia, espera-se 4570 novos casos para o sexo masculino e 3940 para o
sexo feminino, com um risco estimado de 5 casos para cada 100 mil homens e 4 a cada 100
mil para mulheres (INCA, 2012).
Existem limitações no tratamento do câncer, com frequente efeito tóxico sobre células
normais, além disso tumores sólidos são relativamente resistentes a quimioterapia, visto que o
medicamento não consegue ser efetivo contra células localizadas no cerne do tumor (MELO
et al., 2011). Em função disso, terapias alternativas e/ou coadjuvantes devem ser pesquisadas.
O potencial do uso de produtos naturais como agentes anticâncer foi reconhecido em
1950 pelo National Cancer Institute dos Estados Unidos e desde então este campo de
pesquisa tem contribuído de forma significativa para a descoberta de agentes antitumorais
que ocorrem naturalmente. Em 2001, 25% das drogas mundialmente prescritas era de origem
vegetal (isolados diretamente ou produzidos por síntese a partir de um precursor vegetal)
sendo que nos Estados Unidos, entre 1983 e 1994, 60% dos medicamentos antitumorais
aprovados tinham como origem compostos derivados do metabolismo secundário de vegetais
superiores. Entretanto, o potencial do uso das plantas como fonte de descoberta de novas
drogas ainda é pouco explorado e estima-se que das 250-500 mil espécies de plantas somente
5 - 15% foram estudadas do ponto de vista farmacológico (CRAAG e NEWMAN, 1999).
A diversidade das plantas medicinais é uma fonte promissora de novas moléculas para
formulação de medicamentos. Por exemplo, a espécie Catharanthus roseus (L.) G. Don
(Apocynaceae) é produtora dos alcalóides vincristina e vimblastina, que possuem atividade
antitumoral (SANTOS et al., 1999). Taxus brevifolia Nutt. produz um alcalóide diterpênico
conhecido como taxol, que mostrou ser efetivo contra câncer de ovário (GUCHELAAR et al.,
1994). β-lapachona e lapachol extraídos do caule de Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.),
uma planta nativa do Brasil, mostraram também atividade antitumoral (ALMEIDA et al.,
2009).
141
Neste sentido, esta pesquisa se propôs a estudar a atividade antitumoral de óleos
essenciais, compostos presentes nos óleos essenciais (metil cinamato, citral, linalol,
cariofileno, limoneno e carvona) e extratos metanólicos das plantas Ocimum americanum,
Ocimum basilicum, Chenopodium ambrosioides, Mentha x villosa e Lippia alba sobre
linhagens celulares MCF-7 e MDA-231 de câncer de mama e K562 de leucemia.
2 Material e métodos
2.1 Obtenção das amostras vegetais
O cultivo das plantas foi feito nos meses de março a junho do ano 2010, no Horto de
Plantas medicinais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia localizado no município
de Santo Antônio de Jesus, Latitude 12° 57′ 59.2”, Longitude 39° 15′ 49.4” LO. Todo o
tratamento convencional de herborização seguiu o descrito por Mori et al. (1989). O material
botânico coletado foi depositado no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana e
identificado por especialista como Chenopodium ambrosioides L. (Amaranthaceae) - HUEFS
167951; Lippia alba (Mill) N.E.Br. (Verbenaceae) - HUEFS 167949; Mentha x villosa
(Lamiaceae) - HUEFS 167948; Ocimum americanum L. (Lamiaceae) - HUEFS 167947 e
Ocimum basilicum L. (Lamiaceae) - HUEFS 167950, pelo sistema de classificação de
Cronquist (1981).
2.2 Extração de óleo essencial
A técnica de hidrodestilação por arraste a vapor foi utilizada para obtenção do óleos
essenciais a partir de folhas, flores, sementes/frutos secos das plantas. O processo de extração
foi conduzido durante 3 horas. A composição química do óleo essencial foi determinada por
cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), em cromatógrafo
Shimadzu CG-2010 acoplado a Espectrômero de Massas CG/MS-QP 2010 Shimadzu,
coluna WCOT de sílica fundida, 30 m x 0,25 µm, injetor CP-1177, temperatura do injetor
220oC, gás de arraste Hélio (1mL/min), temperatura da interface de 240 oC, temperatura da
fonte de ionização de 240oC, energia de ionização 70eV, corrente de ionização 0,7 kV e
programa de temperatura do forno 60oC a 240oC (3oC/min), 240oC (20min). Os componentes
foram identificados através da comparação dos espectros de massas obtidos com os da
biblioteca do equipamento e por comparação dos Índices de Kovats (IK) calculados com a
literatura (ADAMS, 1995) empregando uma série homóloga de hidrocarbonetos. Os
142
compostos majoritários identificados (metil cinamato, cariofileno, citral, linalol, limoneno e
carvona) foram adquiridos da empresa Sigma Aldrich.
2.3 Preparo dos extratos metanólicos
O caule seco foi pulverizado em moinho de faca e as extrações foram realizadas por
meio de maceração em recipientes de vidro, utilizando-se metanol, na proporção
material/solvente de 1:5. O produto da maceração foi concentrado em evaporadores rotatórios
(40-42°C, sob pressão reduzida).
2.4 Ensaio de Citotoxicidade
Sangue periférico foi coletado de voluntários saudáveis após assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (aprovação do Comitato Etico dell'Arcispedale S.Anna,
parecer n.11/2006). Células mononucleares de sangue periférico (PBMC) foram obtidas de
sangue periférico diluído (1:2 em solução de Hanks) e separadas por uma solução de
polissacarose 5,7 g.dL-1 e diatrizoato de sódio 9,0 g.dL-1 (Histopaque 1077®-Sigma, St.
Louis, MO, USA). As células mononucleares foram ressuspensas em D-MEM com alta
concentração de glicose (Sigma, St.Louis, MO, USA), 50 U.mL-1 de penicilina e 50 U.mL-1
de estreptomicina, suplementado com 10% de FBS (Soro fetal bovino). 960.000 PBMC/poço
foram cultivadas em placas de 96 poços por 2 horas. Os poços foram lavados para remoção de
células não-aderentes e as células foram posteriormente incubadas por 3 dias na presença dos
extratos metanólicos (10 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 300 µg.mL-1), óleos essenciais (5 µg.mL-1, 50
µg.mL-1, 500 µg.mL-1) e compostos majoritários metil cinamato, cariofileno, citral, linalol,
limoneno e carvona (5 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 300 µg.mL-1), como controle uma solução de
metanol/DMSO 3%, a qual foi utilizada para solubilizar os compostos. A determinação das
células viáveis foi feita pelo ensaio do MTT. Após 72 h de um tratamento feito em triplicata,
25 μL de MTT foi adicionado a cada poço contendo células tratadas, seguido por um período
de incubação de 2 h / 37 °C. Após incubação, os cristais de MTT foram solubilizados com
100 μL de solução de lise pH 4.7 por 3 h / 37 °C. A leitura da DO foi feita por
espectrofotometria a 570 nm, usando a solução de lise como branco da reação. Foram
considerados não tóxicos os compostos que permitiram uma viabilidade celular maior ou
igual a 90%.
143
2.5 Atividade antiproliferativa
Para avaliação da atividade antiproliferativa dos compostos foram utilizadas as
linhagens de células tumorais K562 (leucemia), MCF-7 (câncer de mama) e MDA-231
(câncer de mama).
As células foram cultivadas em flask de 25 cm3 utilizando meio RPMI (para linhagem
K562) e DMEM (para linhagens MCF-7 e MDA-231), com 50 U.mL-1 de penicilina,
50 U.mL-1 de estreptomicina, suplementados com 10% de soro fetal bovino (FBS-Gibco
serum), até
atingirem uma confluência de 90%, a contagem do número de células foi
determinada utilizando um contador automático de células (Coulter Electronics, Hialeah,
FL,USA).
Para a linhagem K562 foi utilizada uma semeadura inicial de 20.000 cels/ml (em
placas de 24 poços). Os compostos extraídos das plantas foram solubilizados em
metanol/DMSO 3%, esterilizados por filtração em membrana de 0,22 µm e usados nas
seguintes concentrações:
a) Concentrações usadas para os extratos metanólicos: 1 µg.mL-1, 10 µg.mL-1,
50 µg.mL-1, 100 µg.mL-1, 300 µg.mL-1, 500 µg.mL-1, 1000 µg.mL-1.
b) Concentrações usadas para os óleos essenciais: 1 µg.mL-1, 5 µg.mL-1, 10 µg.mL-1,
30 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 100 µg.mL-1, 200 µg.mL-1, 400 µg.mL-1.
c) Concentrações usadas para os compostos adquiridos da Sigma Aldrich: 5µg.mL-1,
10 µg.mL-1, 30 µg.mL-1, 50 µg.mL-1, 100 µg.mL-1, 300 µg.mL-1.
A avaliação da capacidade antiproliferativa para células K562 foi determinada no
terceiro, quarto e quinto dia após o tratamento, sendo o experimento feito em três repetições
independentes. Como controles foram utilizados 3 poços sem tratamento, 3 poços com células
tratadas com metanol/DMSO 3% e 3 poços com o antitumoral arabinosina citoside 1 µM
(usado como controle positivo para o teste de diferenciação eritróide).
Para as linhagens MCF-7 e MDA-231 foi utilizada como semeadura inicial, um
volume que permitisse uma confluência inicial de 25% e o tratamento inicial foi feito após 2
horas do cultivo, de modo a permitir que as células aderissem a superfície da placa. As
concentrações dos compostos foram as mesmas utilizadas para a linhagem K562. Como
controles foram utilizados 3 poços sem tratamento, 3 poços com células tratadas com
metanol/DMSO 3%. A avaliação da capacidade antiproliferativa foi determinada com 48 h
para a linhagem MDA-231 e 72 h para linhagem MCF-7, sendo os experimentos feitos com 3
repetições de forma independente.
144
A análise por regressão linear foi usada para determinação da concentração que inibiu
50% da proliferação celular (IC50) utilizando o programa Microsoft EXCEL 2010 e os
resultados foram expressos em média ± desvio padrão.
2.6 Triagem de compostos que induzem diferenciação eritróide em células K562
A linhagem K562 é um modelo celular usado para testes de diferenciação. Algumas
drogas com atividade antiproliferativa sobre K562 podem também induzir diferenciação
eritróide e síntese de hemoglobinas. Esta característica celular permite a triagem de drogas
com potencial de induzir a expressão de hemoglobina fetal em indivíduos portadores de
doença falciforme. A indução de hemoglobina fetal é um mecanismo desejável, visto que
poderia melhorar sobremaneira a qualidade de vida de portadores de doença falciforme.
Após os 7 dias de proliferação celular da linhagem K562 na presença dos compostos
em suas diversas concentrações de trabalho, foi avaliado se os compostos induziram
diferenciação eritróide por meio do ensaio da benzidina. 90 µL de benzidina a 0,2% (em
0,5 M de ácido acético glacial) foram homogeneizados em 10 µL de H2O2 10%, desta
solução, 5 µL foram depositados sobre 5 µL de uma amostra da cultura celular. Como
controle positivo da reação utilizamos 5 µL da cultura de células K562 na presença do
antitumoral arabinosina citoside 1 µM e como controle negativo, células K562 não tratadas.
Os resultados foram avaliados em microscópio óptico. Células com coloração azul (Figura
1B) representavam células com diferenciação eritróide. Os resultados foram expressos em
percentagem, como sendo a média dos valores obtidos na contagem em três campos distintos.
A
B
Figura 1 . Teste de indução de diferenciação eritróide em linhagem K562. A. Células K562 tratadas com os
compostos sem sinal de diferenciação eritróide (incolores). B. Células K562 coradas em azul (controle positivo)
pelo teste da benzidina, indicando que houve diferenciação eritróide. Registro fotográfico realizado com
máquina digital modelo Samsung SL102.
145
4
Análise estatística
Para análise estatística da atividade antiproliferativa foi aplicado o teste KolmogorovSmirnov para avaliar a distribuição normal das variáveis, seguido do Teste paramétrico
ANOVA e post-hoc de Tukey, por meio do programa SPSS versão 17.0. Um valor de
p < 0,05 foi considerado estatisticamente significante.
5
Resultados
A Tabela 1 mostra os resultados das IC50 dos óleos essenciais, extratos metanólicos e
compostos majoritários presentes nos óleos (citral, linalol, limoneno, carvona, metil cinamato
e cariofileno) expressas em µg.mL-1 com seus respectivos desvios padrões.
Tabela 1. Atividade antiproliferativa dos compostos sobre linhagens de células tumorais expressa em média da
IC50 ± desvio padrão.
COMPOSTOS
K562
MÉDIA IC50 (µg.mL-1) ± Desvio Padrão
MDA-231
MCF-7
Óleos essenciais
Ocimum americanum (folhas)
Ocimum americanum (flores)
Ocimum basilicum (folhas)
Ocimum basilicum (flores)
Chenopodium ambrosioides
(sementes e frutos)
Lippia alba (folhas)
Lippia alba (flores)
Mentha x villosa (folhas)
191,29±2,13
89,02±6,88
140,21±9,14
44,48±4,22
85,90±7,45
576,18±28,36
524,27±28,71
475,35±22,98
211,59±3,21
148,86±8,67
274,33±16,69
251,61±16,22
142,34±1,66
115,69±5,69
64,35±10,12
51,03±7,79
125,02±18,13
4,67±1,30
163,78±29,40
135,17±11,44
179,28±7,72
67,49±7,61
66,05±15,63
56,87±2,85
63,75±10,20
355,62±20,32
228,20±9,19
80,55±5,84
240,25±21,42
495,38±22,3
835,02±9,46
637,10±6,00
657,60±5,02
724,26±12,68
201,18±3,86
910,10±3,64
639,26±21,38
628,98±4,50
743,56±9,50
Citral
8,61±1,29
41,98±7,45
Linalol
36,32±6,02
87,05±5,15
Limoneno
76,73±5,50
176,60±12,50
Carvona
79,84±10,15
190,89±10,52
Metil cinamato
43,43±6,44
283,98±28,59
Cariofileno
52,42±14,11
132,35±3,06
IC50 – Concentração capaz de inibir 50% do crescimento celular
49,52±11,12
18,86±1,32
96,26±5,74
84,91±11,78
27,08±8,42
114,08±8,40
Extratos metanólicos (caule)
Ocimum americanum
Mentha x villosa
Chenopodium ambrosioides
Ocimum basilicum
Lippia alba
Princípios ativos
146
Os resultados apontaram que a linhagem MDA-231 foi a mais resistente diante da
ação dos compostos, seguida das linhagens MCF-7 e K562 (p < 0,05). A atividade
antiproliferativa dos óleos essenciais foi maior que a atividade mostrada pelos extratos
metanólicos e na maioria dos casos menor que a apresentada pelos princípios ativos testados
isoladamente (p < 0,05), porém todas as concentrações inibitórias registradas para os óleos
essenciais, capazes de inibir a proliferação das linhagens celulares, foram consideradas
tóxicas.
Foram considerados atóxicos aqueles compostos que permitiram uma viabilidade
celular maior ou igual a 90%. Os resultados apontaram que os óleos essenciais extraídos de
folhas e flores de O. americanum, folhas de O. basilicum em concentrações menores ou iguais
a 50 µg.mL-1, o óleo essencial extraído de flores de O. basilicum em concentrações menores
ou iguais a 5 µg.mL-1, citral em concentrações menores ou iguais a 50 µg.mL-1 e carvona,
limoneno e linalol em concentrações menores ou iguais a 300 µg.mL-1 não foram tóxicos,
sendo tóxicos os óleos essenciais de C. ambrosioides, L. alba e M. villosa em todas as
concentrações estudadas e os compostos metil cinamato e cariofileno em concentrações
maiores que 5 µg.mL-1. Com exceção do extrato metanólico de C. ambrosioides, todos os
extratos estudados foram atóxicos.
Embora considerado tóxico pelo ensaio do MTT, o óleo essencial que mostrou a
menor concentração inibitória para a linhagem MDA-231 foi o óleo extraído de flores de L.
alba (IC50 135,17 ± 11,44 µg.mL-1). A análise cromatográfica mostrou que 16,7%, 36,8% e
19,2% da composição do óleo essencial de flores de L. alba era respectivamente de limoneno,
carvona e citral (mistura de neral e geranial), estes compostos testados isoladamente foram
considerados atóxicos. A menor concentração inibitória para a linhagem MDA-231 foi
registrada para o citral (IC50 41,98±7,45 µg.mL-1), houve diferença estatisticamente
significante (p < 0,05) entre as atividades antiproliferativas apresentadas pelo óleo quando
comparada com a atividade do citral, bem como em relação a atividade do citral quando
comparada a atividade do limoneno (IC50 176,60±12,50 µg.mL-1) e carvona ((IC50
190,89±10,52 µg.mL-1).
Não houve diferença estatística entre a atividade antiproliferativa registrada, frente a
linhagem MDA-231, para o óleo de L. alba extraído de flores quando comparada com a
atividade dos óleos: de folhas L. alba, folhas de M. villosa, sementes / frutos de C.
ambrosioides.
147
Com relação aos extratos metanólicos atóxicos, a melhor atividade antiproliferativa
registrada frente a linhagem MDA-231 foi para o extrato de O. americanum
(IC50 495,38 ± 22,30 µg.mL-1).
Com relação a linhagem MCF-7, a menor concentração inibitória foi registrada para o
óleo essencial extraído de folhas de M. villosa (IC50 56,87 ± 2,85 µg.mL-1), cuja composição
química mostrou a presença de 57,2% de óxido de piperitenona, porém este óleo foi também
considerado tóxico. Contudo, o extrato metanólico obtido desta planta foi considerado o
menos ativo, com IC50 igual a 910,10 ± 3,64 µg.mL-1, sendo o extrato mais ativo aquele
extraído da planta O. americanum (IC50 201, 18 ± 3,86 µg.mL-1).
Para a linhagem MCF-7, não houve diferença estatística entre as concentrações
registradas para o óleo de M. villosa em comparação com as concentrações dos óleos de
L. alba e C. ambrosioides.
Entre os compostos majoritários identificados nos óleos essenciais, o citral, limoneno,
carvona e linalol mostraram atividade antiproliferativa em concentrações atóxicas frente a
linhagem MCF-7, sendo este último considerado o mais ativo (IC50 18,86 ± 1,32 µg.mL-1).
Houve diferença estatisticamente significante (p < 0,05), entre as atividades apresentadas pelo
linalol em relação aos compostos limoneno (IC50 96,26 ± 5,74 µg.mL-1) e carvona (IC50
84,91± 11,78 µg.mL-1).
A linhagem celular K562 foi considerada a mais sensível a ação dos compostos.
Nenhum óleo essencial estudado, frente a esta linhagem, mostrou atividade antiproliferativa
em concentrações atóxicas, entretanto o óleo essencial extraído de folhas de M. villosa
mostrou atividade na concentração de 4,67 ± 1,30 µg.mL-1. Entre os extratos, aqueles obtidos
das plantas do gênero Ocimum foram considerados os mais ativos (IC50 do extrato de
O. americanum 63,75 ± 10,20 µg.mL-1; O. basilicum 80,55 ± 5,84 µg.mL-1), não houve
diferença estatística entre as atividades registradas para os extratos das plantas deste gênero.
Da mesma forma, o limoneno, carvona, linalol e citral mostraram atividade
antiproliferativa em concentrações atóxicas frente a linhagem K562, sendo o citral o mais
ativo (IC50 8,61 ± 1,29 µg.mL-1). Houve diferença estatisticamente significante (p < 0,05),
entre as atividades apresentadas pelo citral em relação ao composto limoneno (IC50 76,73 ±
5,50 µg.mL-1).
O cariofileno foi identificado como um dos compostos presente no óleo essencial de
O. basilicum, perfazendo 12,0% do óleo de folhas e 12,5% do óleo de flores e o metil
cinamato representou 45,5% da composição do óleo essencial de folhas de O. americanum e
148
54,0% do óleo de flores desta planta. As IC50 registradas para o metil cinamato e cariofileno
foram consideradas tóxicas pelo ensaio do MTT.
Com relação aos resultados do teste da benzidina, nenhum composto testado foi capaz
de induzir diferenciação eritróide em células K562.
6
Discussão
Os resultados apontaram que a linhagem MDA-231 foi a mais resistente diante da
ação dos compostos. Segundo Rochefort et al. (2003), a linhagem MCF-7 é caracterizada por
ser ER+ (estrogen receptor positive) e a linhagem MDA-231, caracterizada por ser ER(estrogen receptor negative); linhagens ER- são mais resistentes e mais agressivas do que
ER+, os autores afirmaram que o prognóstico de tratamento em pacientes com
adenocarcinoma ER- é pior do que para ER+.
Wu et al. (2011b) estudaram a ação do produto natural CAPE (Ácido caféico fenetil
éster) sobre as linhagens MDA-231 e MCF-7 e mostraram que após um tratamento de 72 h, o
CAPE a 40 µM foi capaz de induzir 28,5% de apoptose em MDA-231. Já em relação a
MCF-7, menores concentrações (20 µM) induziram 66% de apoptose, confirmando que de
fato a linhagem MDA-231 é mais resistente.
Embora o óleo essencial extraído de flores de L. alba, com a melhor atividade
antiproliferativa frente a linhagem MDA-231, tenha sido considerado tóxico, os constituintes
majoritários presentes neste óleo, e que foram testados isoladamente, mostraram atividade
antiproliferativa e foram considerados atóxicos. Segundo Simões e Spitzer (2007), os óleos
essenciais são misturas complexas de substâncias voláteis, nesta mistura a atividade dos
diferentes componentes pode ser sinérgica, ou seja a atividade do óleo é potencializada, ou
antagônica quando esta atividade é reduzida. A maior toxicidade do óleo essencial encontrada
no presente estudo, quando comparada a dos compostos majoritários testados isoladamente,
pode ser explicada pelo efeito sinérgico entre os componentes do óleo, quando presentes na
mistura.
Este estudo mostrou que 12,5% do óleo essencial extraído de flores de O. basilicum é
composto de cariofileno e parece existir uma ação sinérgica entre o cariofileno e os outros
componentes químicos presentes neste óleo. Tanto o cariofileno, quanto o óleo foram
considerados tóxicos em concentrações acima de 5 µg.mL-1 e não houve diferença
estatisticamente significante entre a atividade antiproliferativa apresentada pelo cariofileno
(IC50 114,08 ± 8,40 µg.mL-1), frente a linhagem MCF-7, em comparação com a atividade do
149
óleo essencial de flores de O. basilicum (115,69 ± 5,69 µg.mL-1). Também Tundis et al.
(2009) mostraram que a IC50 do cariofileno para a linhagem MCF-7 foi maior que
50 µg.mL-1.
Cabe ressaltar, que o cariofileno foi considerado atóxico apenas em concentrações
abaixo de 5 µg.mL-1, esta toxicidade para células também foi reportada por Loizzo et al.
(2007), que dentre os compostos testados, mostraram que o trans-cariofileno exibiu a maior
citotoxicidade contra melanoma e adenocarcinoma renal. Sibanda (2004) descreveu IC50 de
100 µg.mL-1 para o óxido de cariofileno frente a linhagem MCF-7, resultado próximo ao
apresentado por este estudo (IC50 de 114,08 ± 8,40 µg.mL-1). No entanto, segundo MolinaJasso et al. (2009) o cariofileno é considerado um composto químico seguro para uso em
indústrias e com finalidade terapêutica. Esses autores estudaram o efeito clastogênico do
cariofileno em animais submetidos a uma dieta com doses de 10, 100 e 1000 mg.kg-1 do
composto. Não foi detectado morte ou sinais de toxicidade durante os 7 dias de tratamento e
também não foram descritos efeitos genotóxicos.
Cabe salientar, que segundo Sköld et al. (2006), os hidroperóxidos são produtos do
metabolismo de cariofileno, estes hidroperóxidos são rapidamente convertidos a óxido de
cariofileno, um segundo composto pouco reativo e mais estável. Este processo metabólico
associado ao sistema de reparo do DNA e detoxificação em camundongos, poderia explicar a
ausência de efeitos genotóxicos nos estudos, in vivo, de Molina-Jasso et al.(2009) e a
divergência com os resultados encontrados no presente estudo, onde os testes foram feitos in
vitro, o que mostra a importância de estudos in vivo quando se deseja conhecer as atividades
biológicas de um composto.
O óleo essencial extraído de flores de L. alba é composto de 19,2% de citral e parece
existir uma ação antagônica entre o citral e os outros componentes químicos presentes neste
óleo, visto que, isoladamente o citral foi mais ativo que o óleo essencial frente as linhagens
MDA-231 e K562, bem como o citral foi considerado atóxico, enquanto o óleo essencial de L.
alba foi tóxico em todas as concentrações testadas. Embora o presente estudo não tenha
estudado o mecanismo de ação dos compostos frente as linhagens tumorais, segundo Chaouki
et al. (2009), o citral é capaz de ativar caspase-3 e induzir parada do ciclo celular na fase
G2/M com consequente indução de apoptose.
Outro composto identificado no óleo essencial de L. alba estudado foi o limoneno.
Limoneno é um dos terpenos mais comuns, encontrado em diversas espécies vegetais e o óleo
essencial de L. alba estudado mostrou em sua composição 15,7% de limoneno no óleo
extraído de folhas e 16,7% no óleo de flores. Não houve diferença estatisticamente
150
significante entre as atividades antiproliferativas registradas para o limoneno testado
isoladamente e o óleo essencial de L. alba, no entanto, assim como descrito por Sun (2007), o
limoneno foi considerado um composto com baixa toxicidade. Este estudo mostrou que o
limoneno é um composto promissor para ser usado no tratamento de câncer de mama e
leucemia. Ainda, segundo Ravizza et al. (2008), o limoneno tem a capacidade de potencializar
a ação de drogas antitumorais.
Bardon et al. (1998) estudaram o efeito de monoterpenos, incluindo o limoneno sobre
linhagens de adenocarcinoma mamário (MCF-7 e MDA-231). Segundo os autores, este
composto mostrou atividade antitumoral por reduzir os níveis citoplasmáticos de ciclina D1.
A carvona, também presente no óleo essencial de L alba, mostrou valores para IC50
muito próximos do limoneno, presente no mesmo óleo. Da mesma forma, não houve
diferença estatística entre a atividade antiproliferativa apresentada para carvona em relação a
atividade do óleo essencial de L. alba. Os resultados do presente estudo mostraram que a
atividade antiproliferativa destes compostos (limoneno e carvona) não difere estatisticamente,
mas o limoneno foi um pouco mais efetivo contra todas as linhagens testadas, exceto para a
linhagem MCF-7, este fato pode ser explicado em função do limoneno (1-metil-4-prop-1-en2-il-ciclohexeno)
e
carvona
(2-Metil-5-(1-metiletenil)-2-ciclohexenona)
serem
dois
monoterpenos derivados da via do mavalonato (CROWELL, 1999b) e possuírem fórmula
estrutural quase idêntica, onde a única diferença é a presença de um grupamento cetona na
carvona, que modifica sua solubilidade e a torna um pouco menos efetiva que o limoneno
(YU et al., 2008).
Aydin et al. (2013) mostraram que um tratamento por um período de 24 h com
carvona em concentrações superiores a 100 mg.ml-1 apresentou atividade anticâncer para a
linhagem N2a de neuroblastoma.
Ravizza et al. (2008) mostraram que o linalol apresentou uma fraca atividade
antiproliferativa (IC50 igual a 200,48 ± 48,31 µM) contra a linhagem MCF-7, quando testado
isoladamente, porém potencializou os efeitos da droga doxorubicina, favorecendo a
permanência desta última dentro da célula, principalmente contra a linhagem MCF-7
portadora de bombas de efluxo. O linalol associado a doxorubicina foi capaz de prolongar a
fase G2/M do ciclo celular e induziu apoptose. A fraca atividade antitumoral do linalol,
apresentada por Ravizza et al. (2008), também foi descrita por Kubo e Morimitsu (1995). No
entanto, o presente trabalhou mostrou uma atividade melhor que a descrita por estes autores,
sendo registrada uma IC50 de 18,86 ± 1,32 µg.mL-1 para o linalol contra a linhagem MCF-7,
151
IC50 87,05 ± 5,15 µg.mL-1 para a linhagem MDA-231 e 36,32 ± 6,02 µg.mL-1 para a
linhagem K562.
O linalol é um monoterpeno acíclico encontrado em diversas plantas como o
O. basilicum. Este trabalho descreveu uma concentração de 15,9% para o linalol no óleo
essencial extraído de flores de O. basilicum e houve uma diferença estatisticamente
significante entre a atividade antiproliferativa do linalol em comparação com a atividade do
óleo essencial de flores de O. basilicum frente as linhagens MCF-7 e K562. Além disso, o
linalol foi considerado menos tóxico que o óleo essencial, o que mostra ser mais seguro e
eficaz o estudo futuro do composto de forma isolada. O linalol mostrou um potencial
biotecnológico na formulação de futuros quimioterápicos e segundo Edris (2007), este
composto possui atividade antibacteriana, antiviral, anti-inflamatória, analgésica, anestésica e
antitumoral.
A célula K562, uma linhagem celular de leucemia, foi considerada a mais sensível a
ação dos compostos, sendo o citral considerado o mais efetivo. Também Mesa-Arango et al.
(2009) mostraram atividade antileucêmica para o citral, que foi considerado, no presente
estudo, um dos compostos mais promissores.
Entre os extratos metalólicos, aqueles que mostraram as melhores atividades contra a
linhagem K562, foram os extratos do gênero Ocimum, principalmente da espécie
O. americanum. Segundo Wu et al. (2012) a atividade antileucêmica de O. americanum está
relacionada a presença de ácido ursólico, os autores mostraram que o ácido ursólico inibe
proliferação celular de K562 por regular a atividade de PI3K.
A linhagem K562 é um modelo celular usado para testes de diferenciação. Algumas
drogas com atividade antiproliferativa sobre K562 podem também induzir diferenciação
eritróide e síntese de hemoglobinas. Esta característica celular permite a triagem de drogas
com potencial de induzir a expressão de hemoglobina fetal em indivíduos portadores de
doença falciforme. A indução de hemoglobina fetal é um mecanismo desejável, visto que
poderia melhorar sobremaneira a qualidade de vida de portadores de doença falciforme.
Atualmente a hidroxiuréia é o medicamento usado para esta finalidade, porém os efeitos
colaterais que acompanham o tratamento, por vezes contra indicam o seu uso (THORNBURG
et al., 2011). Com relação aos resultados do teste da benzidina, do presente estudo, nenhum
composto testado foi capaz de induzir diferenciação eritróide em células K562.
Pesquisas sobre a atividade antiproliferativa do composto metil cinamato sobre as
linhagens celulares estudadas são escassos. Embora as concentrações inibitórias registradas
tenham sido consideradas tóxicas, a avaliação das atividades antiproliferativas mostradas
152
neste estudo é um trabalho pioneiro na área e indica um potencial deste composto como
antitumoral. O metil cinamato representou 45,5% da composição do óleo essencial de folhas
de Ocimum americanum e 54,0% do óleo de flores desta planta e deveria ser mais explorado
em pesquisas futuras.
Embora considerado tóxico, o óleo essencial que mostrou a melhor atividade
antiproliferativa foi o óleo de M. villosa, porém o extrato metanólico desta planta foi
considerado o que apresentou a pior atividade antiproliferativa.
Há na literatura vários relatos da utilização de M. villosa pela população devido às
suas propriedades medicinais. Esta espécie destaca-se pelo uso culinário na forma de chás
com efeito medicinal, sendo comumente utilizada como espasmolítica, antivomitiva,
carminativa, estomáquica e anti-helmíntica (LORENZI, 2002). Porém, o presente estudo
mostrou que o óleo essencial de M. villosa foi tóxico e este fato serve como um alerta sobre o
uso popular tão difundido desta planta com fins medicinais.
Uma outra planta estudada no presente estudo e que mostrou atividade
antiproliferativa foi o C. ambrosioides, cuja composição química do óleo essencial apresentou
65,9% de ascaridol, o que pode explicar a citotoxicidade apresentada pelo óleo desta planta.
Segundo Gadano (2006), o óleo de C. ambrosioides rico em ascaridol mostrou ser irritante
para mucosa intestinal, com efeitos também para o sistema nervoso central, gastroenterite,
intoxicação podendo até mesmo causar a morte, embora seja um composto com reconhecida
atividade anti-helmíntica.
Não se deve descartar por completo aqueles compostos que apresentaram citoxicidade
para células normais, pois novas avaliações em menores concentrações poderão ser feitas
futuramente para outras linhagens celulares, o que poderá revelar um potencial terapêutico em
baixíssimas concentrações, característica ideal de um medicamento que se propõe a ser usado
em seres humanos. Além disso, existe pouca informação na literatura sobre as atividades
biológicas das plantas estudadas como antitumorais, desta forma este estudo abre espaço para
futuras pesquisas sobre o uso destes compostos para o controle da proliferação de células
tumorais.
6 Conclusão
A atividade antiproliferativa, sobre as linhagens tumorais, dos óleos essenciais foi
maior que a atividade mostrada pelos extratos metanólicos e na maioria dos casos menor que
a apresentada pelos princípios ativos testados isoladamente, sendo a linhagem de
153
adenocarcinoma mamário MDA-231 considerada a mais resistente diante da ação dos
compostos, quando comparada a linhagem MCF-7 e K562. Todas as concentrações inibitórias
registradas para os óleos essencias foram tóxicas para células normais.
Parece existir um efeito químico antagônico entre os componentes presentes no óleo
essencial e os compostos majoritários estudados, fazendo com que a atividade
antiproliferativa dos compostos, quando testados isoladamente, seja maior.
O composto citral foi considerado mais ativo frente a linhagem K562 (IC50 8,61 ±
1,29 µg.mL-1) e MDA-231 (IC50 41,98 ± 7,45 µg.mL-1), já o composto linalol foi mais
efetivo frente a linhagem MCF-7 (IC50 18,86 ± 1,32 µg.mL-1). O citral foi considerado um
composto promissor para uso em biotecnologia na formulação de futuros quimioterápicos
com finalidade antitumoral. Em função das atividades registradas para o linalol, limoneno e
carvona, estudos futuros utilizando estes compostos como adjuvantes de drogas antitumorais
são necessários.
Os compostos testados não foram capazes de induzir diferenciação eritróide em
células K562, sendo os extratos metanólicos das plantas do gênero Ocimum aqueles que
mostraram as melhores atividades antiproliferativas contra a linhagem K562.
Estudos in vivo são necessários para comprovação dos resultados.
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