Área: CV ( x ) CHSA ( ) ECET ( ) DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE CREATINA NA FORMA PÓ EFERVESCENTE Kássia Karoline Leal Barros Gomes (bolsista do PIBIC/CNPq), Sean Telles Pereira (Colaborador) Lívio César Cunha Nunes (Orientador, Depto de Bioquímica e Farmacologia– UFPI) INTRODUÇÃO O termo suplemento alimentar tem sido utilizado para designar qualquer substância ingerida de forma oral que possua elementos com capacidade de complementar a dieta. A creatina é o suplemento nutricional mais popular utilizado para melhorar o desempenho em atividades que envolvem exercícios de curta duração e alta intensidade. A maior parte dos produtos a base de creatina disponíveis no mercado possuem patabilidade ruim, o que afasta o uso desse suplemento pelos consumidores. Sendo o mascaramento de sabores desagradáveis uma das principais vantagens da efervescência, o desenvolvimento de uma composição de creatina efervescente corresponderia a uma alternativa. Assim, o estudo para o desenvolvimento de apresentações alternativas mostra-se um diferencial a ser adotado pela indústria de suplementos para atletas, visto que o produto encontra-se, na maioria das vezes, na forma de pó (CAMPOS, ALVES, SILVA, 2012). METODOLOGIA O estudo foi dividido em duas etapas, os estudos de pré-formulação, que constituiu na análise física da matéria-prima, análise de solubilidade, determinação do ângulo de repouso, determinação da granulometria dos pós, determinação da densidade bruta e de compactação, para todos os testes foram utilizadas monografias oficiais padrões. A segunda etapa, constitui-se em cálculos estequiométricos para elaboração da formulação e desenvolvimento farmacotécnico. Foram elaboradas quatro formulação que diferenciavam-se no tipo de aromatizante utilizado. RESULTADOS Para obter um medicamento estável e eficaz, cada tipo de forma farmacêutica exige um estudo cuidadoso das propriedades físicas e químicas do(s) fármaco(s) e excipiente(s). Essas propriedades, como solubilidade, tamanho do cristal, formas polimórficas, estabilidade no estado sólido e interações entre fármaco e excipientes, podem ter um efeito significativo sobre a disponibilidade fisiológica e a estabilidade física e química do fármaco. Mediante a combinação desses dados e de outros procedentes de estudos farmacológicos e biológicos, podem ser selecionados o fármaco e os excipientes que melhor se ajustem a formulação da forma farmacêutica escolhida. A creatina foi caracterizada por apresenta-se como um pó cristalino, branco. Foram realizados testes de solubilidade com os solventes listados da tabela 1, confirmando os resultados encontrados na literatura. Tabela 1 - Dados de solubilidade de Creatina em diferentes solventes a 25 ºC. Solventes Água Acetona Solubilidade Pouco solúvel Muito pouco solúvel Hexano Clorofórmio Metanol Ácido acético Acetado de etila Hidróxio de sódio 0,1M Praticamente insolúvel / insolúvel Praticamente insolúvel / insolúvel Muito pouco solúvel Ligeiramente solúvel Muito pouco solúvel Ligeiramente solúvel É de grande importância o conhecimento prévio da distribuição granulométrica das partículas a serem tratadas, pois esta informação definirá as propriedades de fluxo do pó, condições de operação e os equipamentos que levarão à granulometria desejada do produto, como também será utilizada para o cálculo da energia dispensada para produzi-lo. Gráfico 1: Distribuição granulométrica de Creatina Distribuição ganulométrica % 60 40 20 0 420 < t 420 < t ≤ 250 250 <t ≤ 180 180 < t ≤ 150 <150 Série 1 Legenda: t = tamanho das partículas do pó. A determinação do ângulo de repouso permite avaliar qualitativamente os efeitos de coesão interna e de fricção entre as partículas de um pó submetidas a uma pressão externa reduzida, tal como em uma mistura de pós dentro de uma matriz de enchimento. O angulo de repouso (a) depende, essencialmente, da forca & fricção entre as partículas do pó, influenciando as características de fluxo e a estabilidade de empacotamento. O valor do ângulo de velocidade de escoamento refere-se a resistência ao movimento das partículas, especialmente para grânulos pouco coesivos. O teste é relevante também para verificar misturas com frações de diferentes tamanhos, capaz de identificar as proporções que permitem o escoamento máximo (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). O ângulo de repousa da creatina (18º) corresponde a um pó com boas propriedades de fluxo por possuir o escoamento livre (< 45º). A massa de uma amostra pode ser obtida com grande precisão, entretanto a determinação do volume que essa amostra ocupa é de difícil precisão devido variáveis que podem influenciar o preenchimento dos espaços. Como espaços abertos entre as partículas dos material, espaços fechados dentro da partícula, isto é, que não se encontram à superfície da partícula e por espaços abertos à superfície da partícula devido à rugosidade da sua superfície. Dessa forma aplica-se uma força de compressão para que todo o ar seja eliminado (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). O índice de compressibilidade (IC), assim como o fator de Hausner (FH), são dados que permitem a avaliação da estabilidade do empacotamento de um material particulado. Valores baixos IC e FH configuram pós com maior estabilidade de empacotamento, o que contribui para maiores ângulos de repouso. O IC, também, considerado um método indireto para avaliação do fluxo (HEBERLÉ, WEHRMANN & PETROVICK, 2000). A creatina possui boas características de compressibilidade por possuir um (IC) inferior a 15% e FH de 1,15 (<1,25). A Compactabilidade (C) permite quantificar a característica de densificação de um pó e predizer seu comportamento em passos tecnológicos subsequentes. Valores de C superiores a 20 ml implicam dificuldades potenciais tanto em nível de enchimento, decisivo para cápsulas e comprimidos, quanto em capacidade de compressão. O valor de C encontrado para a Creatina foi bastante inferior a 20 ml, sugerindo que este produto não possui dificuldades potenciais relacionadas as necessidades de enchimento ou de compressão. Por fim, foram elaboradas as formulações para análise sensorial a fim de analisar a aceitabilidade da formulação em estudo (Tabela 2). A análise sensorial das formulações não pode ser realizada até tal momento por questões éticas, Deverá ser realizada em etapa posterior para maior aprofundamento da formulação em questão. Tabela 2: Formulações a base de Creatina Componentes Creatina Ácido cítrico Ácido tartárico Bicarbonato de sódio Sucralose Corante Aromatizande de laranja Aromatizande de tangerina Aromatizande de limão Aromatizande de abacaxi Formulação 1 3g 0,3125 g 0,625 g 1,0625 g Formulação 2 1,5 g 0,547 g 0,625 g 1,0625 g Formulação 3 1,5 g 0,547 g 0,625 g 1,0625 g Formulação 4 1,5 g 0,547 g 0,625 g 1,0625 g 0,10 g qs (laranja) 0,15 g 0,10 g qs (amarelo) 0,15 g 0,10 g qs (verde) 0,15 g 0,10 g qs (laranja) 0,15 g ________ 0,15 g ________ ________ ________ ________ 0,15 g ________ ________ ________ ________ 0,15 g CONCLUSÃO As formulações elaboradas demonstraram ser uma potencial opção a ser produzida em larga escala pelas suas boas propriedades de fluxo, como também pelas vantagens da efervescência, o desenvolvimento de uma composição de creatina efervescente corresponderia a uma alternativa para mascarar sabores desagradáveis de outras formulações já no mercado. REFERÊNCIAS CAMPOS, DA; ALVES, ND; SILVA, TD. Estudo de pré-formulação e desenvolvimento de pó efervescente contendo ácido acetilsalicílico. Farmácia & Ciência, v.3, p. 20-33, 2012. HEBERLÉ, G, WEHRMANN, L; PETROVICK, PR. Caracterização do Produto Seco por Aspersiio de Cecropia glazioui Sneth. (Cecropiacea). Acta Farm. Bonaerense, v.19, n.3, p. 203-10, 2000. LACHMAN, L; LIEBERMAN, HA.; KANIG, JL. Teoria e prática na indústria farmacêutica. 2º Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.