Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 CARÊNCIAS DE MACRONUTRIENTES EM PLANTAS DE MALVA (Urena lobata L.), VARIEDADE BR-01 JOYCE VALENTE FIGUEIREDO1*, PEDRO PAULO DA COSTA ALVES FILHO2, LEONARDO BRAGA NEVES3, MILENA PANTOJA MORAES4, JESSIVALDO RODRIGUES GALVÃO5 1 Estudante, UFRA, Belém-PA. Fone: (91) 98203-1142, [email protected] Estudante, UFRA, Belém-PA.Fone: (91) 98925-2101, [email protected] 3 Estudante, UFRA, Belém-PA.Fone: (91) 98169-4231, [email protected] 4 Estudante, UFRA, Belém-PA. Fone: (91) 981016135, [email protected] 5 Dr. Professor Agronomia, UFRA, Belém-PA. Fone: (91) 98121-8895, [email protected] 2 Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO:Em um cenário atual onde se tem o uso racional do petróleo e seus derivados, se torna imprescindível a busca por novos recursos, que possam vir a suprir a demanda mundial. A tecelagem natural é uma boa alternativa para manter a demanda da indústria têxtil, sendo assim a cultura da malva (Urena lobata L.) é uma das melhores opções para esse tipo deindústria. Neste contexto, o presente trabalho tem como finalidade avaliar o crescimento, caracterizar as deficiências dos macronutrientes e determinar os níveis analíticos desses nutrientes. O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Departamento de Solos da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), em vasos plásticos contendo 3Kg de sílica moída, irrigadas com solução nutritiva de Bolle-Jones, (1954), e submetidas aos seguintes tratamentos: completo, omissão de N, omissão de P, omissão de K, omissão de Ca e omissão de Mg. O tratamento com omissão de Ca foi o que mais afetou o desenvolvimento das plantas. De acordo com os indicadores: altura, diâmetro do caule e área foliar a omissão de cálcio é o elemento que mais afeta a espécie em estudo. PALAVRAS-CHAVE: Uso macronutrientes. racional do petróleo, Fibras de malva, Omissão de DEFICIENCES OF MACRONUTRIENTS IN PLANTS OF MAUVE (Urena lobata L.) VARIETY BR-01 ABSTRACT: In acurrents cenario where it hás the rational use of oil and its derivatives, it becomes indispensable to search for new resourcestha there after may supply the global demand. The natural we a vingis a good alternative to keep the têxtil industry demand, thus, mauve culture is one of the Best options for this type of industry. In the present context, this work has for objectiveevaluatethegrowth,characterize the deficiencies of macronutrients and determine its analytics levels. The experiment was conducted in a house of vegetation of Department of Soil belonging to Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), in plastic pots containing 3Kg of sílica ground, irrigated with nutritive solution of Bolle-Jones, (1954), and submitted to the follow ing treatmentes: complete, omission of N, omission of P, omission of K, omission of Ca and omission of Mg. According to the indicators: height, stem diameter and leaf area calcium omission is the element that affects more species in study. KEYWORDS: Rational use of oil, Mauve fibers, Omission of macronutrients. INTRODUÇÃO As diversas crises do petróleo, que limitou o uso desse recurso e de seus derivados a sociedade precisou buscar novas alternativas para substituir o uso elevado dos subprodutos do petróleo. A malva (Urena lobata L.) é uma espécie produtora de fibras liberianas, produto este que é muito utilizado na indústria têxtil. De acordo com Naves (2015) essa cultura produz embalagens e fios ecologicamente corretos e é de alta relevância socioeconômica, pois o cultivo da malva é visto como a principal fonte de renda em muitas localidades. A U. lobata é uma espécie de origem asiática e encontrada nos trópicos, pertencente à família Malváceae, sendo conhecida vulgarmente como “malva carrapicho”. No Brasil a malva é encontrada distribuída nos Estados do Pará, Maranhão e Amazonas. O plantio é realizado em terra firme, e de preferênciaem topografia plana e no início da estação chuvosa. A malva é uma cultura exigente no que se refere à química do solo, logo a adubação é uma pratica preponderante (Dias et al., 2008). A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) criou em 1979 duas cultivares: a BR-01 e BR-02, que apresentam maiores rendimentos de fibras. Segundo Naves (2015) a malva tem grande importância econômica, pois o produto dessa cultura fornece as sacarias para outras culturas como a do café, batata, castanha e entre outras, deste modo, a espécie em estudo esta em face da magnitude de tais segmentos na economia nacional, como estratégica geopoliticamente para o Brasil. Em função da importância dessa cultura em âmbito nacional, o presente trabalho tem por objetivo avaliar o crescimento, caracterizar as deficiências dos macronutrientes e determinar os níveis analíticos desses nutrientes. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas sementes de Urena lobata de variedade BR-01, coletadas na EMBRAPA-PA. O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação do Departamento de Solos da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Utilizou-se de canteiros contendo uma mistura de terra preta e serragem em proporção 1:1, sendo que as plantas foram transplantadas para recipientes definitivos quando estas apresentaram as primeiras folhas verdadeiras. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 6 tratamentos, 5 repetições e 60 parcelas experimentais. Os tratamentos utilizados foram: completo (comp ou C); omissão de nitrogênio (-N); omissão de fósforo (-P); omissão de potássio (-K), omissão do cálcio (-Ca) e omissão do magnésio (-Mg). A tabela 01 indica as soluções estoques e suas respectivas composições, usadas nos tratamentos. Tabela 01. Composição química das soluções nutritivas (ml/l) utilizadas no experimento segundo BOLLE-JONES (1954). Solução Concentração Completo -N -P -Ca -Mg Estoque NaH2PO4 M 1 1 1 1 Ca(NO3)24H2O M 2 2 2 KNO3 M 1 1 1 3 K2NO3 M 2 2 2 2 3 MgSO4 0,5 M 2,5 2,5 2,5 2,5 Fonte: Adaptada A unidade experimental foi constituída por um vaso de plástico com capacidade para 3kg do substrato sílica lavada (zero grosso tipo 4). As plantas foram irrigadas com solução nutritiva completa de Bolle-Jones, diluída em água destilada, na proporção 1:5, durante os 30 primeiros dias. Após esses 30 dias ocorreu o desbaste deixando uma planta por vaso, passando a usar a solução nutritiva diluída na proporção 1:3, por mais 30 dias. Passando esse tempo iniciou-se a aplicação das soluções dos seis tratamentos. A sintomatologia das deficiências foi acompanhada e descrita desde o início. As variáveis avaliadas foram: altura das plantas, diâmetro do caule e área foliar. As determinações de N, P, Ca e Mg, foram feitas de acordo com Malavolta et al. (1989), já os extratos da matéria seca das plantas foram obtidos por digestão nitroperclórica, o K, Mg e Ca por espectrometria de absorção atômica, o P por calorimetria e o N determinado por método semi-micro Kjeldahl. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, utilizando-se do teste F e as médias comparadas pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A sintomatologia das deficiências foi acompanhada desde o início e ocorreram em diferentes estágios e modos, como será descrito abaixo: Nitrogênio: o tratamento com omissão de N foi o primeiro sintoma que a espécie em estudo apresentou, com cerca de 7 dias. Inicialmente a planta apresentou coloração verde pálida e posteriormente com o avanço da deficiência assumiu uma tonalidade verde-amarela. O crescimento do sistema radicular também foi comprometido. Fósforo: o sintoma da omissão do P apareceu com 26 dias após a aplicação do tratamento, acometendo as folhas mais velhas com uma coloração verde escuro e posteriormente com a queda prematura das folhas. Potássio: a manifestação da deficiência do K ocorreu após 29 da aplicação do tratamento, iniciando com a clorose das folhas mais velhas e posteriormente avançando com as necroses. A deficiência afetou a altura e crescimento da espécie em estudo. Cálcio: a deficiência do Ca começou a partir 15 dias após a aplicação do tratamento, com o surgimento de raízes poucos desenvolvidas e com coloração castanho-escuro. Houve redução do crescimento, tendo afetado a parte aérea, caule e área foliar. Magnésio: o tratamento de omissão do Mg, foi observado com 28 dias, onde inicialmente houve as folhas mais velhas apresentaram clorose internerval e amarelecimento e posteriormente as partes da margens necrosadas. Para determinar o crescimento foram utilizados os dados dos indicadores: altura da planta, diâmetro do caule, área foliar e produção de matéria seca. Tabela 02. Altura, diâmetro do caule e área foliar em função dos tratamentos. Tratamentos Altura (cm) Diâmetro (mm) Área foliar (cm2) Completo Omissão de N Omissão de P Omissão de K Omissão de Ca Omissão de Mg CV (%) 97,54 abc 76,92 d 94,02 bc 79,96 cd 49,86 e 96,68 abcd 10,95 10,04 bc 7,74 e 9,12 cd 7,85 de 6,09 f 10,25 bc 6,74 5339,05 ab 743,89 e 23,82,12 cde 2784,00 cd 599,23 e 3458,81 bc 24,26 Fonte: Adaptada *Medidas seguidas pelas mesmas letras nas colunas, não apresentam diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Na tabela 02, a variável altura demonstra que as plantas mais afetadas foram as que receberam tratamentos de omissão de Ca (49,86) e omissão de N (76,92), quando comparados com o tratamento completo. Em relação ao diâmetro do caule os tratamentos de omissões de Ca (6,09), N (7,74) e K (7,85), foram os mais afetados em comparação ao tratamento completo. Enquanto para o indicador de área foliar, as plantas mais afetadas foram as do tratamento com omissões de Ca (599,23) e N (743,89), mostrando, estatisticamente, significância em relação ao tratamento completo. Tabela 03. Produção de matéria seca das diversas partes da planta em função dos tratamentos Partes da Planta Fol. Sup. Fol. Inf. Caule P. Aérea Raiz M. S. Tratamentos Total Completo 4,38 bc 11,06 a 19,78 b 35,21 b 11,6 b 46,8 b Omissão de N 1,69 d 1,97 ef 5,31 ef 8,97 fg 4,7 ef 13,7 fg Omissão de P 2,75 cd 4,42 de 8,98 cd 16,14 cde 6,97 cd 23,1 cde Omissão de K 2,39 d 3,65 def 6,41 de 12,45 ef 6,18 cde 18,6 ef Omissão de Ca 1,35 d 1,51 f 2,49 f 5,35 g 3,88 f 9,23 g Omissão de Mg 3,21 bcd 6,04 cd 10,39 c 19,65 c 8,40 c 28,1 c CV 25,95 2,28 12,85 9,88 12,67 9,61 Fonte: Adaptada *Medidas seguidas pelas mesmas letras nas colunas, não apresentam diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. De maneira geral a tabela 03 demonstra que o nutriente que mais afetou o crescimento da malva foi o Cálcio com 9,23g/pl. CONCLUSÕES Os sintomas externos de deficiências de nutrientes mostraram-se facilmente diagnosticados no geral. Existe uma redução no teor do elemento omitido nas diferentes partes da planta. A deficiência de Cálcio ocasiona a morte e paralisação da gema apical, que consequentemente reduz a produtividade da malva. REFERÊNCIAS Dias, M. C.; Xavier, J. J. B. N.; Barreto, J. F. Recomendação Técnica para Malva. Comunicado Técnico 66. Manaus-AM. EMBRAPA, 2008. FABASI, J. A. V. Carências de Macro e Micronutrientes em Plantas de Malva (Urena lobata L.), Variedade BR-01. UFRA, 1996 90f. Dissertação (Mestrado em Agronomia). NAVES, I. Junta Malva. Conjuntura Especial. Brasília: CONAB, 13 de abril de 2015.