VOLUME 2 | FASCÍCULO 5 | OUT 2015 | ISSN - 2318-0021 Fechamento autorizado pode ser aberto pela ECT SÍNDROME DE ZINNER AVALIAÇÃO DE CONTINÊNCIA PÓS PROSTATECTOMIA AZOOSPERMIA OBSTRUTIVA CONDUTA NA COMPLICAÇÃO DO ESFÍNCTER ARTIFICIAL ORQUIDOPEXIA TRAUMA PENIANO TOXICIDADE DA RADIOTERAPIA PÓS PROSTATECTOMIA BALANOPOSTITE COMPLICADA FIBROSE RETROPERITONEAL RELATO DE CASOS | ARTIGOS CIENTÍFICOS | RESUMOS COMENTADOS A publicação técnica desperta questionamentos e assim promove a busca do “novo” e contribui para as novas áreas de conhecimento científico. A Revista Científica de Urologia, Urominas faz a sua parte. Agora, você conta com a indexação da rede Latindex, um sistema de informação dedicado ao registro e difusão de revistas acadêmicas editadas nos países ibero-americanos. O propósito é aumentar a visibilidade, elevar a qualidade das publicações e ampliar o acesso aos diversos conteúdos produzidos pelos associados da SBU-MG. Tudo mais fácil e prático. UROMINAS TEM A INDEXAÇÃO LATINDEX http://www.latindex.unam.mx/buscador/resBus.html?opcion=1&exacta=&palabra=Urominas PALAVRA DO PRESIDENTE Dr. Antônio Peixoto de Lucena Cunha, Presidente da SBU-MG Prezados Colegas, Chegamos à V Edição do UROMINAS na Gestão 2014/2015, nos restando ainda mais uma para o final de 2015. Indexada, sendo mais uma revista onde poderemos publicar, fruto do trabalho árduo, mas muito gratificante quando vemos a edição pronta, mérito do nosso editor André Salazar e do co-editor Rogério Saint’Clair. Cabe a cada sociedade médica proporcionar aos seus associados meios para uma constante evolução, promovendo uma educação continuada com troca de experiências. Com este objetivo realizamos a VIII Jornada de Urologia nos dias 25, 26 e 27 de Julho de 2015 em Belo Horizonte, com o High Lights Oficial da AUA 2015, sucesso de público e crítica. Já iniciamos a confecção da próxima edição da nossa revista, nos envie seus artigos para análise do corpo editorial. Ela já esta a nível nacional de forma eletrônica, em breve com site próprio e estamos tentando enviá-la a todos os urologistas da SBU de forma impressa. Um grande abraço e boa leitura. Antonio Peixoto de Lucena Cunha Presidente da SBU-MG (2014/2015) DIRETORIA SBU - MG | BIÊNIO 2014 -2015 Presidente Dr. Antônio Peixoto de Lucena Cunha Vice- Presidente Dr. Francisco de Assis Teixeira Guerra Primeiro Secretário Dr. Bruno Mello Rodrigues dos Santos Segundo Secretário Dr. Emerson Ramos Lopes Primeiro Tesoureiro Dr. José David Kartabil Segundo Tesoureiro Dr. Fabrício Rebello Lignani Siqueira Delegado Dr. Marcelo Miranda Salim Delegado Dr. Claúdio Torres Motta Delegado Dr. Luciano Pousa Cartafina Delegado Dr. Wadson Gomes Miconi Suplente de Delegado Dr. Farley Carneiro e Silva Suplente de Delegado Dr. Hudson J. Caram Nascif Suplente de Delegado Dr. Dixson Carneiro Amorim Suplente de Delegado Dr. Celso Roberto Frasson Scafi REVISTA CIENTIFICA DE UROLOGIA - UROMINAS Belo Horizonte: Sociedade Mineira de Urologia - Secção Minas Gerais, 2014. ISSN 2318-0021 PUBLICAÇÃO | SBU-MG Sociedade Brasileira de Urologia (Secção Minas Gerais) Avenida Professor Alfredo Balena - 189 Sala 1707, Funcionários - BH - MG (31) 3213-7002 www.sbu-mg.org.br Conselho Editorial Dr. André Lopes Salazar Co –Editor Dr. Rogério Saint – Clair Pimentel Mafra Projeto Gráfico /Edição/ Arte Blog comunicação & Design (31) 3309 1036 [email protected] Tiragem: 1000 exemplares Distribuição: Nacional Via correios /edição digital EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Fale com a gente Tel.(31) 3213 7002 [email protected] www.sbu-mg.org.br Urominas | 3 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO SUBMISSÃO DE ARTIGOS PARA A REVISTA UROMINAS NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Tamanho máximo dos originais (incluindo referências bibliográficas): A revista Urominas é o periódico científico oficial da Sociedade Brasileira de Urologia – Secção Minas Gerais, e destina-se à publicação de editoriais, artigos originais, artigos de atualização e revisão, relatos de casos, resumos de dissertações e teses, cartas ao editor, etc. a) Artigos originais: 10 páginas b) Artigos de atualização e revisão: 10 páginas c) Relatos de casos: 4 páginas d) Cartas ao editor: 1 páginas e) Resumos de dissertações e teses: 1 página Informações Gerais: PÁGINA DE ROSTO: O material submetido à publicação na revista Urominas deve ser enviado por correio eletrônico, para o endereço: e-mail: [email protected] Os originais encaminhados devem ser acompanhados de uma carta de submissão, declarando que: a) o artigo é original; não foi publicado e não está sendo submetido a outro periódico e nem o será, enquanto estiver sob apreciação desta revista; b) todos os autores estão de acordo com a versão final do trabalho; c) a revista Urominas passa a ter direitos autorais sobre o artigo, caso ele venha a ser publicado; A página de rosto deve conter: 1- Título do artigo 2- Nome dos autores, com seu grau acadêmico mais alto e sua filiação institucional 3- O nome do(s) departamento(s) e da(s) instituição(ões) às quais o trabalho deve ser atribuído 4- Registro de isenção de responsabilidade ou de propriedade, se for o caso 5- O nome e endereço do autor responsável pela correspondência sobre o original 6- A(s) fonte(s) de financiamento, sob a forma de verbas, de equipamento, de drogas, ou todas elas TEXTO: d) os autores aceitarão as decisões do corpo editorial do periódico, quanto à necessidade de revisões ou modificações. Os artigos serão recebidos pelo editor-chefe, o qual, após uma análise preliminar, encaminhará ao corpo editorial. O texto do trabalho deve conter as seguintes seções, cada uma com seu respectivo subtítulo: 1- Introdução 2- Métodos A revisão dos artigos é feita aos pares (peer-review), mantendo-se em sigilo o nome dos autores. 3- Resultados 4- Discussão 5- Referências REFERÊNCIAS: O parecer final sempre será dos revisores, sendo que todos os cuidados serão tomados no sentido de se garantir o anonimato de ambas as partes. A publicação dos artigos aprovados seguirá a ordem cronológica de sua aceitação. O número máximo de autores aceitável é de 6 (seis), exceto em casos de trabalhos considerados de excepcional complexidade. As referencias bibliográficas devem ser numeradas e ordenadas segundo a ordem de aparecimento no texto, no qual devem ser identificadas pelos algarismos arábicos respectivos, e em formato sobrescrito e separado por vírgula quando necessário. (Exemplo1,2,3) O número de referências não deve exceder a 30. Devem ser formatadas no estilo Vancouver. (Quando o número de autores ultrapassar a 6, somente o primeiro deve ser citado, seguido da expressão et al.) TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS: A aprovação pelos Comitês de Ética, em Pesquisa com Seres Humanos, credenciados pelo Conselho Nacional de Saúde, será necessária sempre que for pertinente. ORIENTAÇÕES PARA A PREPARAÇÃO DOS ORIGINAIS O processador de texto a ser utilizado deve ser o Microsoft Word®; Fonte Arial, tamanho 12, justificado, espaço duplo. O arquivo enviado deverá ser em formato .docx. 4 | Urominas Devem ser colocadas após o final do texto, com título e legenda, e numeradas na ordem de aparecimento do texto. Gráficos devem ser apresentados em preto e branco e somente em duas dimensões. Fotos não devem permitir a identificação do paciente; tarjas cobrindo os olhos podem não constituir proteção adequada. Caso exista a possibilidade de identificação, é obrigatória a inclusão de documento escrito, fornecendo consentimento livre e esclarecido para a publicação. EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM SUMÁRIO ARTIGOS TOXICIDADE DA RADIOTERAPIA PÓS PROSTATECTOMIA Artigo avaliação de toxicidade genitourinária da radioterapia pós-prostatectomia radical estádio T3 06 ORQUIDOPEXIA Estudo comparativo dos pacientes submetidos a orquiopexia no Hospital Universitário Ciências Médicas provenientes da região metropolitana de Belo Horizonte e do interior do Estado de Minas Gerais 13 AVALIAÇÃO DA CONTINÊNCIA PÓS PROSTATECTOMIA Avaliação da continência urinária após prostatectomia radical em pacientes com e sem preservação do feixe vasculo-nervoso 18 RELATOS DE CASOS BALANOPOSTITE COMPLICADA Balanopostite complicada com retenção urinária aguda, sepse e necrose de prepúcio Estamos esperando muito para operar? 24 CONDUTA NA COMPLICAÇÃO DO ESFÍNCTER ARTIFICIAL Tratamento cirúrgico da erosão e extrusão de segundo “CUFF” implantado em uretra bulbar após falha no tratamento da incontinência urinária pós-prostatectomia radical utilizando o esfíncter artificial AMS 800 27 FIBROSE RETROPERITONEAL Relato de Caso: Fibrose retroperitoneal: relato de três casos 30 TRAUMA PENIANO Relato de caso – Função Sexual preservada após trauma peniano grave em acidente motociclístico 34 AZOOSPERMIA OBSTRUTIVA Remoção transuretral de cálculos dos ductos ejaculatórios para tratamento de azoospermia obstrutiva 36 SÍNDROME DE ZINNER Síndrome de zinner: diagnóstico incidental num paciente vítima de trauma 40 ARTIGO | RADIOTERAPIA PÓS RTU AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE GENITOURINÁRIA DA RADIOTERAPIA PÓS-PROSTATECTOMIA RADICAL ESTÁDIO T3 Victor Silvestre Soares Fanni* Flávia Luísa dos Santos Teixeira** Eduardo Hilario Gomes** Mariana Cunha Lelis** Marina Tinoco** Abílio de Castro Almeida*** Edson Augusto Pracchia Ribeiro**** *** Fellowship em Uro-Oncologia e Coordenador do Serviço de Urologia - Fundação Cristiano - Hospital do Câncer de Muriaé - MG * Mestre em Oncologia e Médico do Serviço de Urologia Fundação Cristiano - Hospital do Câncer de Muriaé - MG Endereço para Correspondência Victor Silvestre Soares Fanni Rua Capitão José Justino, nº47 - 301 - Muriaé Minas Gerais - Brasil - CEP - 36880-000 E-mail: [email protected] ** Acadêmicos de Medicina da Universidade Nova Iguaçu Campus Itaperuna - RJ INTRODUÇÃO O câncer de próstata (CaP) é a neoplasia maligna mais incidente no sexo masculino, depois do tumor de pele não melanoma1. No que se refere à mortalidade, sabese que em 2010 o número de óbitos por esta neoplasia no Brasil foi de 12.778.2 A descoberta do PSA (Prostate-Specific Antigen) e a sua aplicação na prática clínica revolucionou o diagnóstico da neoplasia prostática, porém seus benefícios quanto a um aumento de sobrevida é controverso e aguarda resultados definitivos de importantes Trials em andamento.3-4 De concreto a utilização do PSA no rastreamento do CaP deter-minou aumento da taxa de incidência mundial da neoplasia e inversão do estadio clínico, que antes eram na sua maioria sistêmica, atualmente 70% são localizadas e 88% passíveis de cura.5 6 | Urominas *** Doutor em Cirurgia e Chefe do Departamento de Cirurgia Oncológica - Fundação Cristiano - Hospital do Câncer de Muriaé - MG Junto com mudanças para o diagnóstico desta neoplasia, avanços nas modalidades terapêuticas vêm ocorrendo. No tratamento cirúrgico, aperfeiçoamentos da técnica da Prostatectomia Radical ocorreram nos anos 806 e recentemente houve o advento da Cirurgia Robótica e novos benefícios são esperados. Melhorias nos aparelhos de Radioterapia (RXT), de intensidade Modulada e a Corformacional, foram capazes de diminuir a toxicidade e aumentar a eficácia. No tratamento da doença sistêmica observamos melhorias na hormonioterapia e nos esquemas quimioterápicos, neste último, de forma mais discreta. A Prostatectomia Radical (PTR) é abordagem eficaz para o tratamento do CaP localizado.7 No entanto, quase 30% dos pacientes apresentam recorrência bioquímica a longo prazo.8 O envolvimento das vesículas seminais EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM constitui um dos principais fatores prognósticos nos pacientes submetidos a PTR, apresentando maior incidência de metástases linfonodais e taxas de recorrência bioquímica em até 60% no prazo de 5 anos.9 Acometimento da Vesícula Seminal tem sido observada em 4,6% à 29% dos pacientes com CaP tratados com PTR. Nestes casos, na maioria das vezes, a cirurgia isoladamente não é curativa e terapias adjuvantes ou de resgate são necessárias.9 Tumores de alto risco, como da doença localmente avançada, apresentam maior probabilidade de progressão e de morte pelo câncer se não tratados, com sobrevida de 57% no seguimento de 15 anos e mortalidade de 56% nos tumores pouco diferenciados.10 Para tumores órgão-confinados e metastáticos as diretrizes de tratamento são bem definidas.11O tratamento ideal hoje para o CaP localmente avançado é, reconhecidamente, multimodal. Em parte porque a PTR ou a RXT aplicadas isoladamente tem se mostrado insuficientes.9 Porém todas as modalidades terapêuticas para o CaP têm risco de sequelas que acarretam piora da qualidade de vida dos pacientes, as mais importantes são disfunção erétil e incontinência urinária. A disfunção erétil que nos casos de doença localizada, tratados com cirurgia, atinge 50% dos indivíduos, pode chegar até 3/4 dos casos em neoplasia localmente avançadas operadas. O mesmo se observa para incontinência urinária, que nas doenças localizadas ocorre em 2% e pode chegar a 20% nos casos de doença localmente avançada, além de uma maior ocorrência de estenose da anastomose, determinando maior indicação de procedimentos para tratamento de retenção urinária.12 EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Sabemos que a radioterapia também é capaz de causar morbidades nos pacientes portadores de CaP tratados por esta modalidade, dados sobre a incidência de inconvenientes com a associação destas 2 modalidades (PTR e RXT) são escassos na literatura, porém devem ser consideradas pelo fato de que já é sabido que parte destes indivíduos com doença localmente avançada exibem na sua evolução doença sistêmica, independente da terapêutica proposta, e que nestes casos a radioterapia pósoperatória não traz benefícios para o paciente, sobrando apenas um aumento de morbidade. Neste estudo objetivamos avaliar a incidência de complicações urinárias e disfunção erétil em grupos de indivíduos submetidos a esquemas terapêuticos distintos, bem como a eficácia de cada um desses tratamentos, avaliando riscos e benefícios em cada grupo. METODOLOGIA Trata-se de um estudo retrospectivo com análise de casos consecutivos de neoplasia de próstata localmente avançada tratados numa mesma instituição (Fundação Cristiano Varella – Hospital do Câncer de Muriaé). A modalidade de RXT utilizada foi a Conformacional 3D. Os indivíduos com neoplasia de próstata localmente avançado, estadio T3 (acometimento da cápsula prostática e de uma ou ambas vesículas seminais), foram divididos em 3 grupos de acordo com a terapêutica complementar instituída: - Grupo 1– PTR Isolada ou Controle - Grupo 2 – RXT de Resgate - Grupo 3 –RXT Adjuvante Urominas | 7 ARTIGO | RADIOTERAPIA PÓS RTU A pesquisa foi submetida e aprovada pelo comitê de ética da Fundação Cristiano Varella – Hospital do Câncer de Muriaé. Realizamos revisão de prontuários e contatos telefônicos com pacientes everificamos a ocorrência de dis-função erétil, incontinência e histórico de retenção urinária com necessidade de tratamento cirúrgico (Uretrotomia Interna, Cistostomia, Dilatação Uretral ou Ressecção de Colo Vesical). Além do seguimento de cada indivíduo com exames de PSA seriado para verificação da eficácia de cada terapêutica. Com intuito de padronizar a nossa pesquisa seguimos os conceitos abaixo, que respeitam normatizações urológicas atuais, para aquisição de dados:Incontinência Urinária: Perda urinária relacionada com esforços, por urgeincontinência ou insensíveis, que apareceram e persistiram após 2 (dois) anos do último tratamento instituído para o CaP,com necessidade do uso de protetores (forro, fraldas, etc), realização de procedimento cirúrgico corretivo (Sling Masculino, Esfincter Artificial, etc) ou tratamento para Bexiga Hiperativa (medicações anticolinérgicas, aplicação de Toxina Botulínica Intravesical, etc). também a realização de exames comprobatório destas entidades, como Cintilografia Óssea, Biópsias Ósseas, Tomografia de Abdome e Pelve (Linfonodomegalias e lesões em vísceras sólidas) e Tórax (lesões em parênquima pulmonar). - RXT: Será considerada recidiva a elevação de 2ng/dl do PSA após a obtenção do Nadir (menor valor de PSA observado após o tratamento radioterápico) – ASTRO – American Society for Radiation Oncology (Roach et al., 2006). Sendo considerada recidiva sistêmica a ocorrência deste fato num período menor que 2 anos e ou a persistência da elevação do PSA apesar desta terapêutica ou os mesmos critérios radiológicos e comprovação por biópsia descrita acima para PTR. Critérios de Exclusão: - Presença de acometimento linfonodal - Hormonioterapia neo ou adjuvante; - RXT neoadjuvante - Perda do seguimento Disfunção Erétil: Incapacidade de obter e manter uma ereção com rigidez suficiente para obtenção da penetração até a conclusão doorgasmo, independente do uso de medicações estimuladores de ereção (Inibidores da 5 Fosfodiesterase, Prostaglandinas Intra-cavernosas, etc) ou que tiveram que fazer uso de procedimento cirúrgico para colocação de prótese peniana. Seguimento mínimo de 2 anos após a ultima terapêutica instituída (Cirurgia ou Radioterapia) Recidiva Bioquímica: - Estadiamento cirúrgico T3; - PTR: Após obtenção de valores indetectáveis de PSA a elevação deste marcador atingindo 0,2ng/dl será considerada recidiva. Sendo considerada recidiva sistêmica a ocorrência deste fato num período menor que 2 anos e após este período caracterizada como recidiva local. E Os dados obtidos da análise dos prontuários foram digitados e arquivados em um banco com auxílio do programa “Excel 9.0 for Windows”. Na análise estatística foi empregado o Software Stata Statistical, versão 10.0, Special Edition, Stata Corporation. 8 | Urominas - Presença de outro tipo histológico que não o adenocarcinoma Critérios de Inclusão: EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Para comparação de variáveis numéricas entre os grupos utilizamos o Teste de T-student e foi considerado como de significante o valor de p<0,05. RESULTADOS No período de 6 anosforam realizados947PTR para tratamento de CaP nesta instituição, destes 141 (14,9%) pacientes apresentaram estadiamento cirurgico 3 – pT3pN0M0. Ao todo 91 pacientes cumpriam os critérios de inclusão no estudo, e dos excluídos44 pacientes foram por apresentar menos de dois anos de seguimento da ultima terapêutica realizada, 1 paciente por morte não relacionada com a neoplasia e 6 pacientes por ausência de dados. Com relação à terapêutica de escolha, 54(59,3%) indivíduos realizaram somente PTR, e dos que se submete-ram à RXT20(22,0%) foi adjuvante e 17 (18,7%) de resgate. A idade média dos paciente foi de 66 anos, sem diferença entre os 3 grupos, o mesmo se observa em relação ao PSA pré-operatório, que apesar de menor no grupo controle, não houve diferença em relação aos demais. Quanto a recidiva bioquímica, o grupo que apresentou maior incidência foi o da RXT Adjuvante (38,88%), seguido pelo submetido ao Resgate (33,3%) e a menor no controle, porém em nenhumas das comparações houve diferença significativa. Indivíduos que receberamRXTAdjuvante apresentaram um maior índice de incontinência urinária (26,31%) em comparação com grupo controle (15,68%) e a radioterapia de resgate (18,75%), também neste caso não houve diferença significativa. Dos pacientes que no pré-opeartório apresentavam ereção preservada houve evolução para disfunção erétil em 75% daRXT adjuvante, 68,75% dos que realizaram somente PTR e 66,66% aos que receberam aRXT de resgate. Foi observada uma diferença significativamente menor na necessidade de realização de Uretrotomia Interna no grupo controle (5,88%) em relação aos indivíduos que realizaram RXT, sendo36,8% na Adjuvância (p=0,004) e no Resgate 18,75% (p < 0,05). Ao compararmos os 2 grupos submetidos a terapêutica adicional com RXT, apesar de maior no grupo da adjuvância, não houve diferença significativa (p=0,10). Natabela abaixo (Tabela 1)seguem os principais resultados desta investigação : Quanto ao Gleason da peça cirúrgica, a grande maioria apresentava um Gleason de 6 (70,0%), seguido dos casos com Gleason de 7 (25,5%),e os demais (4,5%) Gleason 8-10 (Tabela 2 ). TABELA 1 RESULTADO GERAL DE TOXICIDADE E CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS N IDADE PSA UI (%) IU (%) DE (%) RECIDIV (%) PTR 54 66 12,64 5,88 15,68 68,75 24,00 RXT-ADJUV 20 66 17,65(0,12) 36,84(0,0004) 26,31(0,15) 75,00 38,88(0,11) RXT-RESG 17 67 19,41(0,12) 18,75(0,05) 18,75(0,38) 66,66 33,33(0,23) TOTAL 91 66 15,00 15,38 18,60 69,57 30,00 Fonte: Arquivo pessoal EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Urominas | 9 ARTIGO | RADIOTERAPIA PÓS RTU TABELA 2 DISTRIBUIÇÃO DO GRAU HISTOLÓGICO (CLASSIFICAÇÃO DE GLEASON) NOS GRUPOS PTR RXT-ADJUV RXT-RESGATE TOTAL GLEASON 6 40 (75,5%) 13 (65%) 10 (58,8%) 63 (70,0%) GLEASON 7 11 (20,7%) 7 (35%) 5 (29,4%) 23 (25,5%) GLEASON 8 -10 2 (3,8%) 0 2 (11,8%) 4 (4,5%) 53 20 17 90 TOTAL Fonte: Arquivo pessoal DISCUSSÃO A Neoplasia de Próstata trata-se do tumor mais frequente na população masculina com excessão dos tumores de pele não melanoma.1 Tal patologia tem aumentado nas ultimas décadas graças a utilização do PSA e maior conscientização da população, qu através de campanhas com divulgação em massa, observamos um aumento do atendimento médico especializado para realização de preventivos. Apesar deste aumento na detecção da neoplasia de próstata os casos de doença localmente avançado mantém-se como situação presente, na qual a terapêutica multimodal está indicada e a presença da morbidade é maior que nos casos de doença localizada, tanto por causas relacionadas com condição local determinada pela neoplasia, quanto pela toxicidade das terapêuticas instituídas.12 10 | Urominas A PTR é o principal tratamento para o CaP e em 2/3 dos casos a cura é obtida, porém num segmento de 10 anos 1/3 dos pacientes apresentam recidiva.8 A recidiva se manifesta por elevação do PSA e se deve a recorrência local, doença metastática ou por metástase oculta no momento da PTR. A presença de doença localmente avançada (pT3) junto com margens cirúrgicas positivas e escores de Gleason desfavoráveis (8-10), são os principais fatores de risco para recidiva da neoplasia.9 A RXT Adjuvante ou de Resgate devem ser consideradas neste momento.Os benefícios destas modalidades estão sendo avaliadas em 3 grandes Trials, ainda em andamento, com resultados parciais demonstrando em todos a diminuição da recorrência bioquímica em relação a PTR isoladamente.13-15 Em 2 dos estudos a recidiva local foi menor no grupo submetido à RXT, sendo significaste no EORTC 22911.14 A so-breviva livre de terapia hormonal e a progressão clí- EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM nica foi menor nos casos submetidos à RXT, porém benefícios na sobreviva global foi demonstrado em apenas um dos estudos (SWOG 8794), no qual observa-se uma baixa sobrevida dos pacientes submetidos à PTR, o que parece ter sido o responsável por este achado.13 Nesta investigação pudemos observar que a recidiva bioquímica foi semelhante nos 3 grupos, sendo um pouco maior nos pacientes submetidos à RXT, o que se deve provavelmente ao fato de que a opção por esta modalidade terapêutica está relacionada com um maior risco de recidiva local, porém a elevação do PSA em vigência de terapia adicional significa presença de metástase oculta no momento da adjuvância ou resgate. Sendo assim percebemos que em 33,3% (RXT de Resgate) e 38,9% (RXT Adjuvante) dos casos não houve benefício curativo adicional em relação aos pacientes que apenas foram submetidos a PTR. Uma das questões clínicas mais discutíveis quanto a realização da RXT pós-PTR, encontra-se sobre a melhor hora de se administrar a mesma, antes (Adjuvante) ou somente após a evidência de recorrência bioquímica. Sabemos que nos casos de RXT Adjuvante corremos o risco de irradiar pacientes que nunca teriam recidiva da doença, sobrando apenas a toxicidade da terapêutica para estes indivíduos. A idéia da realização de RXT em caráter de Resgate se baseia nesta possibilidade (tratamento desnecessário de alguns casos), porém outra linha sugere que o retardo no tratamento (Resgate) de pacientes com indicação da RXT poderia acarretar prejuízos. Os estudos disponíveis até o memento não são capazes de definir a melhor conduta nestes casos, no máximo observa-se uma menor recidiva bioquímica no grupo de Adjuvância, porém sem nenhum ganho na sobreviva, sendo que tais resultados se equiparam quando a terapêutica de Resgate é realizada precocemente (PSA<0,5ng/ml). Atualmente existem 2 importantes Trials com intuito de comparar as 2 propostas de RXT pós-PTR, o RADICAL (MCR PR10 / NCIC PR13) e o RAVES EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Trial (TROG 0803), porém resultados definitivos ainda não estão disponíveis.16 Um outro fator de grande importância que deve ser considerada pelo médico assistente trata-se da toxicidade e impacto na qualidade de vida pela ação da RXT. As investigações disponíveis sobre este assunto são inconclusivos, com falhas nas coletas dos dados e utilizam-se de tecnologia antigas, pois sabemos que a RXT Modulada e Conformacional 3D apresentam maior eficácia com menor toxicicdade, aguardamos resultados em especial do estudo ARO 96-02 que utiliza estas novas tecnologias. 15 Nesta nossa investigação podemos destacar a toxicidade da RXT Conformacional 3D, num período de seguimento (após 2 anos), avaliamos também a incidência de recidiva sistêmica da neoplasia nos 3 grupos e pudemos perceber que parte dos pacientes apresentaram recidiva bioquímica mesmo em vigência de RXT, configurando um risco de tratamento desnecessário ou ineficaz. Em relação a toxicidade, apenas a obstrução urinária com indicação de Uretrotomia Interna foi maior nos casos de RXT em comparação PTR exclusiva, e nos casos submetidos à RXT não houve diferença entre os grupos de Adjuvância e de Resgate. Ao avaliarmos a toxicidade genitouirnária, observamos que a única diferença significativa entre os grupos ocorreu na necessidade de realização de Uretrotomia Interna, e que tal procedimento não impactou na ocorrência de incon-tinência urinária, sendo assim apenas o conhecimento por parte dos pacientes seria suficiente para que não houvesse uma maior insatisfação dos inconveniente relacionados com a terapêutica. Podemos concluir pela elevação de PSA nos primeiros dois anos, que a existência de metástase oculta ou ineficácia da RXT devem ser considerado na decisão de se realizar ou não a RXT pós-PTR, e que tais modalidades não interferiram na elevação do PSA. Urominas | 11 ARTIGO | RADIOTERAPIA PÓS RTU cancer: outcome and contemporary morbidity. J Urol. BIBLIOGRAFIA 1995;154:1447-52. 1 Jemal, A., T. Murray, E. Ward, A. Samuels, R. C.Tiwari, A. 10 Johansson, E.et al: Time, symptom burden, androgen deprivation, and self-assessed quality of life after radical Ghafoor, E. J. Feuer & M. J. 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J Urol 1982; 128:492-497. 15 Wiegel, T. et al: Phase III postoperative adjuvant radiotherapy after radical prostatectomy compared with radical 7 8 Miller, D. et al: Incidence of initial local therapy among prostatectomy alone in pT3 prostate cancer with posto- men with lower-risk prostate cancer in the United States. perative undetectable prostate-specific antigen: ARO 96- J. Natl Cancer Inst. 2006; 98: 1134-41. 02/AUO AP 09/95. J Clin Oncol 2009 Jun; 27(18): Chun, F.K. et al: Anatomic radical retropubic prostatec- 2924-2930. tomy – long-term recurrence-free survival rates for localized prostate cancer. World J Urol 2005; 24: 273-80. 9 16 Thompson, I.M.et al - ADJUVANT AND SALVAGE RADIOTHERAPY AFTER PROSTATECTOMY: ASTRO/AUA GUIDELINE - Lerner, S.E., Blute, M.L., Zincke, H.: Extended experience www.auanet.org/education/guidelines/radiation-after-prostatec- with radical prostatectomy for clinical stage T3 prostate tomy.cfm1 12 | Urominas EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM ARTIGO | ORQUIODOPEXIA ESTUDO COMPARATIVO DOS PACIENTES SUBMETIDOS A ORQUIOPEXIA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CIÊNCIAS MÉDICAS PROVENIENTES DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE E DO INTERIOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS José Marx A. A. Xavier Guilherme T. Apocalypse Tiago X. Silva Edson Henrique G. Nascimento Fabrício L. Carvalho Antônio Peixoto L. Cunha. Hospital Universitário Ciências Médicas, Belo Horizonte – MG – Brasil Endereço de Correspondência: José Marx Abi- Acl Xavier. Rua Tomás Gonzaga, 770, ap 202 Lourdes – Belo Horizonte – MG. CEP: 30180-140 E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS A criptorquia é a patologia urogenital mais comum em recém nascidos do sexo masculino e é definida como a falha na descida do testículo até sua posição intra-escrotal. Sua incidência varia de 0,1% a 9% dos meninos ao nascimento. Consensos atuais indicam a correção cirúrgica após o sexto mês de vida e até, no máximo, dois anos de idade (1). Pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico após a idade recomendada podem ter o desenvolvimento testicular prejudicado (2). Foram levantados os prontuários dos pacientes submetidos a orquiopexia pelo serviço de urologia pediátrica do Hospital Universitário Ciências Médicas no período entre agosto de 2011 e novembro de 2014. Paciente com historia de cirurgia inguinal prévia e orquiopexia por outras indicações foram excluídos do estudo. Os pacientes foram divididos em dois grupos, um pertencente à região metropolitana de Belo Horizonte e ou outro de pacientes provenientes do interior de MG. Foi considerada a idade da criança no dia da cirurgia. Os dados colecionados incluíram idade, lateralidade, tipo de cirurgia realizada, proveniência, distância da capital, evolução e se retornou para controle. Para os pacientes com criptorquia bilateral, a idade considerada foi a da primeira cirurgia realizada. A distância das cidades do interior à capital foi coletada utilizando-se de dados da Wikipédia. Para análise estatística das variáveis contínuas foi utilizado o teste t de Student e para as variáveis categóricas foram utilizados os No ambulatório de urologia pediátrica do Hospital Universitário São José, observamos que poucos pacientes são atendidos com idade inferior ao indicado. O objetivo deste estudo é avaliar a idade dos pacientes encaminhados para a correção de criptorquia e se há diferença entre os pacientes da região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e os provenientes do interior de Minas Gerais (MG). EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Urominas | 13 ARTIGO | ORQUIODOPEXIA teste do qui-quadrado e o teste de Fisher. A correlação linear entre a distância da capital e a idade das crianças estudadas foi feita utilizando a fórmula de Pearson e o coeficiente de determinação. RESULTADOS Foram identificadas 46 orquiopexias realizadas no período estudado, todas em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Três pacientes foram excluídos do estudo (um caso de herniorrafiaipsilateral no período neonatal e dois casos de orquiopexia como profilaxia de torção de testículo). A idade média dos pacientes foi de 68,5 meses (13 a 166 meses). Foram realizadas 22 orquiopexias à direita e nove à esquerda ( 51% e 21%, respectivamente). Doze pacientes (28%) foram diagnosticados com criptorquia bilateral. A idade médias destes pacientes foi de 60 meses (13 a 141 meses). Trinta pacientes (70%) foram submetidos a orquiopexia convencional e nove paciente (21%) foram submetidos a laparoscopia para correção de testículos não palpáveis. Orquiectomia foi necessária em 5 pacientes (12%). Oito pacientes (19%) não retornaram para controle após a cirurgia, quatro da RMBH e quatro do interior. TABELA 1 PACIENTES SUBMETIDOS A ORQUIOPEXIA 68,6 (13 - 166) Idade (meses) Distância Média da Capital* (km) 221,4 ( 72 - 727) Lado direito 22 (51,2%) Lado esquerdo 9 (20,9%) Bilaterais 12 (27,9%) Orquiopexia Convencional 30 (69,8%) Orquiopexia Laparoscópica 9 (20,9%) Orquiectomia 5 (11,6%) * Exceto os pacientes da Região Metropolitana de Belo Horizonte 14 | Urominas EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Vinte e um pacientes pertenciam à RMBH e vinte e dois eram provenientes do interior de MG ( 49% e 51%, respectivamente). Aqueles provenientes do interior apresentavam uma média de idade em meses maior do que os pacientes da RMBH( 78 e 59 meses, respectivamente), porém não estatisticamente significativa (p= 0,09). Comparando os pacientes da capital com os pacientes do interior somados ao restante da RMBH, também não foram observadas diferenças estatísticas nas médias de idade (56 e 75 meses, respectivamente; p=0,1). Por outro lado, os pacientes com criptorquia bilateral da RMBH apresentaram uma idade média significativamente menor do que os pacientes do interior ( 29 e 83 meses, respectivamente; p=0,01). Somente 4 pacientes da RMBH e um paciente do interior foram operados com idade inferior a dois anos ( 9% e 2%, respectivamente). Não houve diferença estatística na comparação entre o número de orquiectomias , laparoscopias e perda de seguimento entre os pacientes da RMBH e os pacientes do interior (tabela 2). TABELA 2 RESULTADO GERAL DE TOXICIDADE E CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS RMBH Interior MG P Idade (meses) 58,7 ± 46,2 78,0 ± 45,6 0,17* Idade unilaterais (meses) 67,8 ± 49,2 75,5 ± 46,3 0,66* Idade bilaterais (meses) 29,4 ± 13,4 83,3 ±47,3 0,03* Orquiectomia (número de pacientes) 2 3 NS** Laparoscopia 4 5 NS** Perda de Seguimento 4 4 NS** RMBH: Região Metropolitana de Belo Horizonte MG: Minas Gerais EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM * : Teste t de Student NS: não significativo (teste exato de Fischer) Urominas | 15 ARTIGO | ORQUIODOPEXIA GRÁFICO 1 CORRELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA DA CAPITAL E A IDADE DOS PACIENTES SUBMETIDOS A ORQUIOPEXIA. PACIENTES DE BELO HORIZONTE FORAM CONSIDERADOS COMO DISTÂNCIA 0. PARA PACIENTES DE OUTRAS CIDADES FORAM CONSIDERADAS AS DISTÂNCIAS DA CAPITAL RELACIONADAS NA WIKIPÉDIA. (R = 0,24 ; R2 = 0,05). Não observamos uma correlação forte entre a distância da capital e a idade dos pacientes operados ( R = 0,24) e somente 5% da variação da idade pode ser explicada pela distância até a capital (gráfico 1). DISCUSSÃO A criptorquia é a patologia urogenital congênita mais comum em meninos. O protocolo atual da AmericanUrologicalAssociation recomenda que os testículos ausentes do escroto até os seis meses de vida devem ser encaminhados para orquiopexia devido à baixa probabilidade de descida espontânea após esta idade (1). Em um estudo entre meninos com criptorquia e meninos com os testículos tópicos, Kollin C observou que pacientes operados após três anos de idade apresentaram crescimento menor do testículo quando comparados com pacientes operados até os noves meses de idade (2 KOLLIN C ET AL). 16 | Urominas A RMBH tem uma população estimada maior que cinco milhões da habitantes distribuídos em 34 municípios. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, é a terceira maior região metropolitana Brasileira(FONTE). No ambulatório de urologia pediátrica do Hospital Universitário Ciências Médicas, observamos que frequentemente os pacientes são operados com idade bem superior ao recomendado atualmente. Somente quatro de nossos pacientes foram operados com menos de dois anos de idade e nenhum paciente com menos de um ano de vida. Apesar da proximidade dos centros de cirurgia de maior complexidade, os pacientes da RMBH também foram operados com idade superior ao recomendado. As causas da demora até o tratamento definitivo não foram avaliadas no presente estudo, mas podemos suspeitar que os gargalos do sistema de saúde estadual associados à falta de educação continuada dos EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM médicos da atenção básica podem estar implicados. Em todos as avaliações realizadas, os pacientes da RMBH sempre apresentaram médias de idade inferiores aos pacientes provenientes do interior de MG. Entretanto, não observamos uma correlação significativa entre a distância da capital e a idade dos pacientes. Apesar desta relação não ser estatisticamente significativa, este fato expões a dificuldade ainda maior para os pacientes do interior conseguirem uma consulta com especialista na capital. É relevante observar também que 19% dos nossos pacientes não retornaram após a cirurgia. O número alto de perda de seguimento pode estar relacionado às dificuldades para ter acesso ao sistema de saúde, que incluem, em alguns casos, viagens de mais de 700 km e perda de mais do que um dia de trabalho pelos pais do paciente. Por outro lado, cabe ao profissional de saúde a obrigação de reforçar a necessidade do controle pós-operatório e fazer a busca ativa dos pacientes extraviados. americano, após observar que somente 34% dos meninos operado tinham menos de um ano de idade, Aggarwal conseguiu reduzir a idade média dos paciente através da educação continuada dos médicos da atenção básica . CONCLUSÃO O nosso estudo mostra que, independentemente da distância de um grande centro médico, os pacientes têm sido submetidos a orquiopexia em uma idade bem acima do recomendado pelos protocolos atuais. As causas deste atraso não foram estudadas, mas é possível suspeitar que passam pela educação continuada dos médicos da atenção básica e por melhorias nas vias de referências dos pacientes para centros especializados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Em nosso estudo é interessante notar que somente os pacientes com criptorquia bilateral apresentaram diferença significativa na idade entre os provenientes do interior e os oriundos da RMBH. Este fato pode ser justificado pelo diagnóstico mais precoce, principalmente quando associada a hipoplasia do escroto, nos pacientes com criptorquia bilateral. Nestes casos, apesar do diagnóstico mais precoce, os pacientes do interior esbarrariam nas dificuldades usuais para se conseguir uma consulta com especialista em Belo Horizonte. Por outro lado, paciente encaminhados com idade acima do ideal parecem ser também um problema em países mais desenvolvidos. Em um estudo com 1325 orquiopexias realizadas em 13 anos no Reino Unido, Bradshaw observou uma redução na idade média dos pacientes operados de 2 anos e oito meses em 1998 para um ano e oito meses em 2010, ainda assim maior que a meta de estipulada de 1 ano e seis meses. De acordo com o autor, as possíveis causas do atraso no encaminhamento estariam relacionadas a falha no diagnóstico por profissionais da assistência básica e falhas no sistema de referência dos pacientes para os profissionais especialistas. Por sua vez, em um estudo EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM 1 Virtane HE, Toppari J: Epidemiologyandpathogenesisofcryptorchidism. Hum ReprodUpdate. 2008: 14 (1): 49-58 2 Hack WW, Van der Voort-Doedens LM, Goede J, vanDijk JM, Meijer RW, Sijstermans K: Natural historyandlongterm testiculargrowthofacquiredundescendedtestisafterspontaneousdescentorpubertalorchiopexy. BJU Int. 2010; 106(7):1052-1059 3 Bradshaw CJ, Corbet-Burcher G, Hitchcock R: Age atorchiopexyin UK: Hasnewevidencechangedpractice? J PedUrol 2014. 10: 758 4 Aggarwal H, Rehfuss A, Hollowell JG: Managementofundescendedtestismaybeimprovedwitheducationalupdates for referringproviders. J PedUrol 2014 10: 707 5 Kollin C, Granholm T, Nordenskjold A; Ritzen EM: Growthofspontaneouslydescendedandsurgicallytreated testes duringearlychildhood. Pediatrics 2013; 131: 1174 Urominas | 17 ARTIGO | AVALIAÇÃO DA CONTINÊNCIA PÓS PROSTATECTOMIA AVALIAÇÃO DA CONTINÊNCIA URINÁRIA APÓS PROSTATECTOMIA RADICAL EM PACIENTES COM E SEM PRESERVAÇÃO DO FEIXE VÁSCULO-NERVOSO Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de BH Serviço de Urologia da Santa Casa de Belo Horizonte Milka Azevedo Borges Médica especializanda em cirurgia geral do Hospital Santa Casa BH Rogério Saint-Clair Pimentel Mafra Cirurgião Geral e Urologista. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia. Mestre e doutor em medicina. Assistente do serviço de Urologia da Santa Casa de Belo Horizonte. Preceptor da residência médica em urologia do Hospital Santa Casa de Belo Horizonte. Pesquisador do CNPq. Professor Titular da Faculdade de Medicina FAMINAS BH. Lorena Silva Fonseca Médica residente em clínica medica do hospital Semper Luiz Ronaldo Alberti Professor Adjunto do Departamento de Cirurgia da UFMG. Docente Pesquisador da Santa Casa de Belo Horizonte. Cirurgião Geral e Pediátrico, Gastroenterologista. Mestre e Doutor em Cirurgia pela UFMG. Luis Paulo Elizeu Lima Médico graduado pela faculdade de medicina – IMES. Membro Titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia e da SOBED, Pesquisador 2 do CNPq. Laiss Albino Gonçalves Médica graduado pela faculdade de medicina – IMES. Endereço de Correspondência Serviço de Urologia da Santa Casa de BH. Gabriela Amaral Negreiros Acadêmica do curso de medicina – IMES Avenida Francisco Sales, 1111, 4º andar – Ala C Santa Efigênia – Belo Horizonte – MG – CEP: 30150-221 E-mail: [email protected] Declaramos para os devidos fins que não existem conflitos de interesse no trabalho em que foi realizado, e também não houve recebimento de verbas ou financiamentos na execução deste trabalho. 18 | Urominas EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM RESUMO INTRODUÇÃO O adenocarcinoma prostático tornou-se um problema de saúde pública no Brasil, configurando o segundo câncer mais comum no gênero masculino. Há diferentes modalidades de tratamento para o adenocarcinoma localizado, sendo a prostatectomia radical a mais utilizada. Relatos mostram que a incidência de incontinência urinária pós-prostatectomia variam entre 3% e 60%. OBJETIVOS: Avaliar incontinência urinária em pacientes pós-prostatectomia radical com a manutenção ou não do feixe vásculo-nervoso. MÉTODOS Avaliados 90 pacientes com adenocarcinoma prostático, diagnosticado por biópsia transretal, com indicação de prostatectomia radical, no hospital Santa Casa de Belo Horizonte. Amostra dividida em 2 grupos iguais de acordo com a preservação (Grupo 1) ou não (Grupo 2) do feixe vásculo-nervoso. Análise estatística pelo EpiInfo; dados coletados registrados no Epidata. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética da Santa Casa de Belo Horizonte, protocolo 110/2009. RESULTADOS Dois meses pós-cirurgia: 15 pacientes incontinentes no grupo 1 e 18 no grupo 2; 30 pacientes continentes no grupo 1 e 27 no grupo 2 (p=0,51). Após seis meses: 8 pacientes incontinentes no grupo 1 e 10 no grupo 2. Boa continência: 37 pacientes no grupo 1 e 35 no grupo 2 (p=0,59). Comparou-se o grau de incontinência entre os dois grupos com dois e seis meses, para avaliarmos a evolução da incontinência, sendo que houve melhora da continência nos dois grupos, grupo 1(p=0,09) e grupo 2(p=0,06). EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM CONCLUSÕES Não houve alterações estatísticas significativas quanto à continência urinária na prostatectomia radical com preservação ou não do feixe vásculo-nervoso. Descritores: incontinência urinária, prostatectomia radical, feixe vásculo-nervoso, câncer de próstata INTRODUÇÃO O câncer de próstata tornou-se um problema de saúde pública no Brasil, configurando o segundo câncer mais comum no gênero masculino, com incidência em torno de 60 mil novos casos no ano de 2012 (1). Nos últimos anos o exame digital retal (EDR) juntamente com o antígeno prostático específico (PSA) são os métodos mais recomendados para o rastreamento do câncer de próstata, uma vez que o PSA orienta a necessidade de biópsia, considerada padrão-ouro no diagnóstico deste câncer (2,3,4). Segundo dados do CAPSURE (Cancer of the Prostate Strategic Urologic Research Endeavor), existem diferentes modalidades de tratamento para o câncer de próstata localizado, sendo a prostatectomia radical (PR) a mais utilizada, apresentando percentual de realização geral de 51,6% e de 86,3% em homens com idade inferior a 60 anos (5). A PR é o tratamento de escolha para este câncer por apresentar redução na mortalidade, progressão local e sistêmica da doença, bem como melhores resultados quanto à preservação da função sexual e da continência urinária, principais complicações da cirurgia (4, 5, 6, 7). Com a elevada incidência do câncer de próstata e os avanços terapêuticos, objetiva-se reduzir as principais complicações que o tratamento oferece, uma vez que estas repercutem diretamente na qualidade de vida dos pacientes. Estudos mostram que a preservação do feixe vásculonervoso, desde que este não seja lesado na operação, não acarretam alterações na função sexual (8, 9, 10, 11). Em relação à continência urinária não chegamos a conclusões, uma vez que existem diversos estudos, porém retrospectivos e com falhas metodológicas (12, 13). Relatos mostram que a taxa de incidência de incontinência urinária pós-prostatectomia são muito variáveis, oscilando entre 3% e 60% em diferentes séries. Urominas | 19 ARTIGO | AVALIAÇÃO DA CONTINÊNCIA PÓS PROSTATECTOMIA OBJETIVOS Avaliar a continência urinária em pacientes após serem submetidos a prostatectomia radical, de acordo com a manutenção ou não do feixe vásculo-nervoso. MÉTODOS Foi realizado um estudo prospectivo, em uma amostra de 90 pacientes, com indicação de prostatectomia radical no período de dezembro/2009 a novembro/2010, no Hospital Santa Casa de Belo Horizonte. A população do estudo foi composta por pacientes com indicação cirúrgica para tratamento de adenocarcinoma da próstata, diagnosticado à biópsia transretal de próstata guiada por ultrassom e graduado pelo escore de Gleason (3, 4). Foram excluídos os pacientes que apresentavam níveis de PSA acima de 10 ng/ml, cintilografia óssea positiva para metástases, escore de Gleason maior que 7 à biópsia prostática, toque retal com nódulo palpável, risco cirúrgico elevado e idade acima de 75 anos (3, 4); de acordo com as contraindicações atuais da literatura (3, 4). Também foram excluídos aqueles que por qualquer motivo, não desejaram participar da pesquisa. Os pacientes foram subdivididos igualmente em 2 grupos de acordo com a preservação do feixe vásculo-nervoso, sendo que no Grupo 1 foi mantido o feixe vásculo-nervoso e no grupo 2 não. Para dividir os pacientes entre os dois grupos, avaliamos a potencia sexual pelo IIEF (International index erectile function), sendo que os pacientes que apresentavam potência sexual prévia 20 | Urominas eram submetidos à preservação do feixe vásculo-nervoso, e os que não apresentavam, não eram submetidos a preservação. A continência foi inicialmente avaliada na primeira consulta após a operação e nas demais consultas subsequentes; para fins dessa investigação, utilizou-se a avaliação com dois meses e seis meses após a operação (4). A avaliação da continência foi feita ao interrogar os pacientes quanto a necessidade do uso de fraldas e forros íntimos e se havia ou não perda espontânea de urina (3, 4). A coleta de dados foi realizada por meio do formulário padrão que cotinha informações acerca da anamnese, exame físico, indicação da operação, sintomas miccionais, disfunção erétil e preservação ou não do feixe vásculo-nervoso. A análise estatística foi realizada com o auxílio do software EpiInfo for Windows e os dados coletados foram registrados no banco de dados do software Epidata. Foram utilizadas medidas de tendência central, variabilidade, médias, desvio padrão, teste de Kolmogorov-Smirnov e teste t de Student. Para a revisão bibliográfica, foram levantados artigos nas bases de dados Pubmed, SciELO e LILACS. A citação bibliográfica foi realizada com o uso do software Endnote X5 for Windows. Com relação aos aspectos éticos, foram seguidas as recomendações das normas para pesquisa envolvendo seres humanos do Ministério da Saúde e dos principais documentos internacionais de Ética em Pesquisa (Declaração de Helsinki); sendo aprovada em 18/12/2009 pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, protocolo 110/2009. Os pacientes pesquisados foram devidamente esclarecidos verbalmente e através do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM RESULTADOS A continência urinária foi avaliada dois e seis meses após a operação. Em dois meses após a operação, no grupo 1, 15 pacientes encontravam-se incontinentes e 18 no grupo 2; enquanto estavam continentes 30 pacientes no grupo 1, e 27 no grupo 2 (p=0,51). Após seis meses; oito estavam incontinentes no grupo 1 e dez no grupo 2. Apresentavam boa continência 37 pacientes no grupo 1, e 35 no grupo 2 (p=0,59). (Tabela 1 e 2). Comparou-se o grau de incontinência entre os dois grupos com dois e seis meses, para avaliarmos a evolução da incontinência, sendo que houve melhora da continência nos dois grupos, grupo 1 (p=0,09) e grupo 2 (p=0,06). (Tabela 3). DISCUSSÃO A continência urinária foi avaliada após dois (TABELA 1) e seis meses (TABELA 2) após a cirurgia, verificando-a em dois momentos distintos, em função de possível melhora da mesma no decorrer deste período. Tal fato pôde ser comprovado pela melhora da continência em quatro meses, período intermediário entre as duas avaliações. Para realizar tratamento cirúrgico da incontinência, espera-se um período de um ano após a cirurgia devido ao fato de, neste período, haver melhora espontânea da continência, bem como tentativa de tratamento fisioterápico, o qual apresenta resultados satisfatórios (3, 4). A maior dificuldade foi observar a existência ou não de incontinência, pois não se pode aferir a continência dos pacientes. Avaliou-se também o grau de incontinência entre os dois grupos aos dois e seis meses pós-cirúrgicos (TABELA 3), observando melhora da continência em ambos os grupos, grupo 1 (p=0,09) e grupo 2 (p=0,06), a fim de avaliarmos a evolução da incontinência no decorrer do período pós-cirúrgico. Enquanto a disfunção erétil é um transtorno ocasional para os pacientes, a incontinência é um transtorno frequente e contínuo, o que limita a qualidade de vida destes pacientes, dificultando realizar suas atividades EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM diárias, ocasionando transtorno importante em suas vidas. A continência urinária hoje é importante fator póscirúrgico de prostatectomia radical (12), pois gera para familiares e pacientes, ansiedade e estresse. Diversos estudos avaliaram se a preservação do feixe vásculonervoso melhoraria a continência urinária (12, 13, 14). Porém existem limitações quanto ao método empregado, ao fato de diversos estudos serem retrospectivos (13), definições do que é incontinência, metodologia e técnica da preservação do feixe vásculo-nervoso. Há estudos que mostram uma melhora da continência urinária com a preservação do feixe vásculo-nervoso (15,16,17,18) porém não foi demonstrado esse fato em até dois meses após a cirurgia (p=0,51), bem como em seis meses (p=0,59). Mesmo não havendo neste trabalho uma relação entre a preservação do feixe vásculo-nervoso e a continência urinária, foram apresentados bons resultados de continência pós-operatória. Mesmo sem uma definição adequada de incontinência urinária, ocorreu uma melhora dos resultados ao longo dos anos com a evolução da técnica cirúrgica. Menos de 1% dos pacientes persistem com incontinência urinária grave após um ano da cirurgia de prostatectomia radical (4). A continência é adequada para maioria dos pacientes já em seis semanas de pós-operatório. Os resultados são melhores em hospitais com maior número de operações. Mais de 70% dos pacientes apresentam-se continentes em 3 meses após a operação (4). Após um ano propõe-se injeção de colágeno para incontinência leve e para os casos mais graves, a confecção de esfíncter artificial. CONCLUSÃO Não houve alterações estatísticas significativas quanto a continência urinária ao se realizar prostatectomia radical com preservação do feixe vásculo-nervoso, quando comparado a não preservação do mesmo, apesar de melhor qualidade de vida em relação à potência sexual pósoperatória na manutenção do feixe. Urominas | 21 ARTIGO | AVALIAÇÃO DA CONTINÊNCIA PÓS PROSTATECTOMIA TABELA 1 INCONTINÊNCIA URINÁRIA DOIS MESES APÓS A OPERAÇÃO Grupos Incontinência Grupo 1 Grupo 2 N % N % P Presente 15 33,3 18 39,5 0,51 Ausente 30 66,7 27 60,5 TABELA 2 INCONTINÊNCIA URINÁRIA SEIS MESES APÓS A OPERAÇÃO Grupos Incontinência Grupo 1 Grupo 2 N % N % Presente 8 17,1 10 21,1 Ausente 37 82,9 35 78,9 p X²= 0,135 0,59 TABELA 3 COMPARAÇÃO ENTRE O GRAU DE INCONTINÊNCIA Incontinência Grupos Aos dois meses Aos seis meses Grupo 1 n % n % p Presente 15 33,3 8 17,1 0,09 Ausente 30 66,7 37 82,9 Presente 18 39,5 10 21,1 Ausente 27 60,5 35 78,9 Grupo 2 22 | Urominas 0,06 EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM REFERÊNCIAS 11 1 Su LM, Link RE, Bhayani SB, Sullivan W, Pavlovich CP. Nerve- INCA - Instituto Nacional do Câncer. Câncer de próstata/Epi- sparing laparoscopic radical prostatectomy: replicating the demiologia. Instituto Nacional do Câncer, 2013. Disponível open surgical technique. 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Disponível em: http://portal.saude.gov.br/ Acesso em: 11 abr. 2013. 14 Lima CLM, Vaz FP, Muller V. Incontinência urinária pós-prostatectomia: tratamento. Projeto Diretrizes – Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina,2006. Disponível em:http://www.projetodiretrizes.org.br/Acesso em: 12 abr. 2013. 6 Pfitzenmaier J, Pahernik S, Tremmel T, Haferkamp A, Buse S, Hohenfellner M. Positive surgical margins after radical pros- 15 Burkhard FC, Kessler TM, Fleischmann A, Thalmann tatectomy: do they have an impact on biochemical or cli- GN, Schumacher M,Studer UE. Nerve sparing open ra- nical progression? BJU Int. 2008 Nov; 102(10):1413-8. 7 Swindle P, Eastham JA, Ohori M, Kattan MW, Wheeler T, dical retropubic prostatectomy—does it have an impact on urinary continence? J Urol. 2006; 176:189–95. Maru N, et al. Do margins matter? The prognostic significance of positive surgical margins in radical prosta- 16 Eastham JA, Kattan MW, Rogers E, Goad JR, Ohori M, Boone tectomy specimens. J Urol. 2005 Sep;174(3):903-7. TB, et al. Risk factors for urinary incontinence after radical prostatectomy. J Urol. 1996; 156:1707–13. 8 Nehra A. Medical and surgical advances in the radical prostatectomy patient. Int J Impot Res. 2000 Oct;12Suppl 4:S47-52. 17 Sacco E, Prayer-Galetti T, Pinto F, Fracalanza S, Betto G, Pagano F, et al. Urinary incontinence after radical prostatec- 9 Nelles JL, Freedland SJ, Presti JC Jr, Terris MK, Aronson WJ, tomy: Incidence by definition, risk factors and temporal Amling CL, et al. Impact of nerve sparing on surgical mar- trend in a large series with a long-term follow-up. BJU Int. gins and biochemical recurrence: results from the SEARCH 2006; 97:1234–41. database. Prostate Cancer Prostatic Dis. 2009; 12(2):172-6. 18 1Toren P, Alibhai SM, Matthew A, Nesbitt M, Kalnin R, Fles10 Schumacher M, Thalmann GN, Studer UE. Radical hner N, et al. The effect of nerve-sparing surgery on patient- prostatectomy in the treatment of organ confined reported continence post-radical prostatectomy.Can Urol prostate cancer. TherUmsch. 2006 Feb;63(2):143-50. Assoc J. 2009 Dec; 3(6):465-70. EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Urominas | 23 ARTIGO | BALANOPOSTITE COMPLICADA BALANOPOSTITE COMPLICADA COM RETENÇÃO URINÁRIA AGUDA, SEPSE E NECROSE DE PREPÚCIO ESTAMOS ESPERANDO MUITO PARA OPERAR? Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / USP (Ribeirão Preto – Sao Paulo) – Departamento de Cirurgia e Anatomia, Disciplina de Urologia 1 - Residentes de Urologia do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto 2 - Médico assistente da disciplina de Urologia do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto 3 - Docentes da Disciplina de Urologia do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Flávio G. Faria 1 Nilo Jorge C. L. Barretto1 Thiago C. Mourao1 Andrey G. Stevanato 2 Carlos Augusto F. Molina3 Sílvio Tucci3 INTRODUCAO Endereço de Correspondência Flavio Goncalves Faria. Rua Arnaud Capuzzo, 370, ap 64. Bairro Nova Alianca. Ribeirao Preto. CEP 14.026-594, São Paulo -SP.: E-mail: [email protected] de fimose, além de aumento do risco de HPV e câncer de colo uterino, bem como de Carcinoma de pênis6. O tra- Fimose congênita ou fisiológica é a aderência prepucial à glande, presente ao nascimento, que costuma desaparecerao longo do crescimento da criança, até os cinco anos de idade. Estatisticamente, ao nascimento, apenas 4% dos meninos apresentam prepúcio retrátil, após um ano, esse índice já é de 50%. Aos três anos até 90% expõem a glande1. A fimose patológica se caracteriza por um prepúcio não retrátil, com ou sem aderência ou anel fibroso na extremidade do mesmo2. A retração ausente ou incompleta do prepúcio pode predispor a infecção do trato urinário3,4, sendo que a ausência de circuncisão aumentou em 20 vezes o risco de ITU5. Existe uma probabilidade 4 vezes maior de contrair vírus HIV e 2,5 vezes maior de desenvolver úlceras genitais entre portadores 24 | Urominas tamento da fimose depende de fatores, como a idade da criança, sintomas associados ou a presença de fimose fisiológica ou patológica. Trata-se antes de cinco anos apenas aqueles que apresentarem fimose patológica e, uma vez indicado o tratamento, recomenda-se iniciá-lo com o uso de corticoides tópicos, reservando a cirurgia para casos graves ou refratários7.O tratamento clínico se baseia no uso de medicações tópicas, principalmente cremes de corticoides e na realização de manobras de estiramento prepucial. Costuma-se prescrever ciclos de um mês de tratamento, interrompendo-o quando houver a resolução do quadro ou quando atingir três ciclos completos8. EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM FOTO 1 FOTO 2 Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal Tratamento cirúrgico: podendo ser ocedimentos com preservação de prepúcio, como dorsotomia9, postectomia: com taxa de complicações em neonatos varia entre 0,2% e 3%10 e outros dispositivoscomoPlastibell,queaindamantem-se controverso11. RELATO DO CASO Paciente de 14 anos, com ausência de exposição da glande, em tratamento clínico com corticóide tópico há 2 meses, evoluiu com balanopostite complicada com retenção urinaria aguda e sepse , (Imagens 1 e Métodos 2). Paciente foi admitido com grande edema prepu- Revisão bibliográfica usando fimose, complicações, postectomia como descritores, sendo utilizado fontes como scielo, pubmed, bireme. Descrição minunciosa do caso, com fotografias do momento da admissão, evolução e resultado pós operatório. cial, hiperemia e calor local, necrose prepucial ne- EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM cessitando de cistostomia por punção e antibioticoterapia parenteral por 7 dias, quando após resolução do quadro sistêmico foi submetido a postectomia. Urominas | 25 ARTIGO | BALANOPOSTITE COMPLICADA DISCUSSAO A discussão sobre o melhor momento para se indicar a postectomia continua. Apesar do alto grau de resolução espontânea, apos tratamento clinico ou por Plastibell, a fimose pode ter consequências clinicas relevantes como parafimose, ITU e balanopostite de repetição. Deve haver seguimento clinico estreito em pacientes onde optouse pelo tratamento farmacológico no intuito de se prevenir consequências potencialmente catastróficas como a do caso descrito. 5 Tsen HF, Morgenstern H, Mack T, Peters RK. Risk factor for penile cancer: Results of a population-based case-control study in Los Angeles County (United States). Cancer Causes Control 12:267-277, 2001. 6 Bréaud J, Guys JM. Phymosis: medical treatment or circumcision? Arch Pediatr 12(9):1424-32, 2005. 7 Elmore, J., Baker, L., Snodgrass, W. Topical steroid therapy as an alternative to circumcision for phymosis in boys younger than 3 years. J Urol 168(4):17461747, 2002 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 8 Steadman B, Ellsworth P. To circ or not to circ: indications, risks, and alternatives to circumcision in the 1 McGregor TB, Pike JG, Leonard MP. Pathologic and pediatric population with phymosis. UrolNurs. physiologic phymosis: Approach to the phymotic fo- 26(3):181-94, 2006. reskin. Can Fam Physician 53(3):445-8, 2007. 2 Jorgensen, E., Svensson, A. The treatment of phymosis in boys with a potent topical steroid (clobetasolproprionate 0.05%) cream. ActaDermato-Verereologica 73(1): 55-56, 1993. 3 4 Bonacorsi S, Lefevre S, Clermont O. Escherichia coli 9 KORKES, Fernando; SILVA II, JarquesLucio; POMPEO, Antonio Carlos Lima. Circuncisãopormotivosmédicos no sistemapúblico de saúde do Brasil: epidemiologia e tendências. Einstein (São Paulo), São Paulo, v. 10, n. 3, Sept. 2012 . strains causing urinary tract infection in uncircum- 10 SANTOS, Juliana Pascon dos. Postectomiacomdispo- cised infants resemble urosepsis-like adult strains. J sitivoplástico versus postectomiaconvencionalpara- Urol 173:195-197, 2005. circuncisãoemcrianças: Wiswell TE, Smith FR, Bass JW. Decreased incidence metanálise. 2014. 67 f. Dissertação (mestrado) - Uni- of urinary tract infections in circumcised male in- versidadeEstadualPaulistaJúlio de MesquitaFilho, fants. Pediatrics 75:901-903, 1985. Faculdade de Medicina de Botucatu, 2014. 26 | Urominas revisãosistemática e EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM RELATO DE CASO | CONDUTA NA COMPLICAÇÃO DO ESFÍNCTER ARTIFICIAL TRATAMENTO CIRÚRGICO DA EROSÃO E EXTRUSÃO DE SEGUNDO “CUFF” IMPLANTADO EM URETRA BULBAR APÓS FALHA NO TRATAMENTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA PÓS-PROSTATECTOMIA RADICAL, UTILIZANDO O ESFÍNCTER ARTIFICIAL AMS 800 José Marx Abi – Acl Xavier Hospital Universitário Ciências Médicas, Belo Horizonte – MG - Brasil Bernardo Pace Silva de Assis Maxmillan Alkimim Dutra Vinícius Caetano de Faria Fabrício Leite de Carvalho Antônio Peixoto de Lucena Cunha INTRODUÇÃO O esfincter urinário artificial permanence até hoje como o tratamento padrão-ouro para a incontinência urinária pós-prostatectomia. O primeiro modelo a ser utilizado para este fim foi o AMS 721 introduzido em 1973 e implantado por Scott num pequeno grupo de 34 pacientes e com uma taxa de sucesso de 79%. Hoje, o modelo mais usado é o AMS 800 surgindo no mercado em 1983. Desde então, o modelo original sofreu algumas modificacões como diminuição e estreitamento do manguito, conectores de maior resistência e sem a necessidade de fixação com fios (“sutureless”), revestimento com antibióticos e outras a fim de reduzir a taxa de complicações ou falha da técnica. (1) Dados recentes da literatura e revisões bibliográficas mostram que, apesar da grande maioria dos pacientes submetidos a implantação cirúrgica do AMS 800 estarem satisfeitos e com qualidade de vida a longo prazo ( uso de 1 Pad/dia), a taxa de complicações e falha da EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Endereço de Correspondência José Marx Abi- Acl Xavier Rua Tomás Gonzaga, 770, aptº 202 Lourdes - Belo Horizonte –MG. CEP: 30180-140 E-mail: [email protected] técnica não é desprezível e, na maioria das vezes, requerem revisão cirúrgica. As principais complicações são: infecção (0.5 – 10,6%); erosão uretral (2.9 – 12%); atrofia uretral (1.6 – 11,4%). (2) RELATO DE CASO Paciente de 61 anos em pós-operatório de prostatectomia radical há cerca de 4 anos em outro serviço e com quadro de incontinência urinária e em uso de 5 forros diários. Após 2 anos da prostatectomia e mantendo o quadro acima foi submetido a implante do esfíncter urinário artificial AMS 800 em outro hospital de Belo Horizonte (MG). No acompanhamento de 3 meses de pós-operatório evoluiu com melhora parcial dos sintomas reduzindo o uso de forros para três ao dia. Tendo em vista a resolução incompleta do caso e por desejo do paciente, foisubmetido a implante de um segundo cuff do AMS 800 6 meses após a colocação do primeiro na mesma instituição na qual foi realizado o implante primário. Desde Urominas | 27 RELATO DE CASO | CONDUTA NA COMPLICAÇÃO DO ESFÍNCTER ARTIFICIAL então, apresentado boa evolução com remissão dos sintomas, até que, 6 meses após o último procedimento, iniciou com quadro de disúria, infecção urinária de repetição e retorno da incontinência urinária necessitando do uso de 6 forros/dia. O paciente foi então encaminhado ao nosso serviço para investigação e resolução do quadro. Foi então realizada uretroscopia que evidenciou o segundo “CUFF” erodido intra-uretral (Figura 1). FIGURA 1 Foi planejada e realizada uretroplastia com retirada do segmento de uretra erodido juntamente com o “CUFF” e anastomose termino-terminal (Figuras 2 e 3). O paciente obteve alta no 2º dia pós-operatório com retorno no 21º para retirada da sonda vesical de demora. Evoluiu com melhora incontinência sendo necessário 1 forro/dia, jato urinário bom e função erétil preservada. Quanto a patologia primária do cancer de próstata, o paciente encontrava-se assintomático, com PSA de controle após 2 anos de 0,01 e ereção preservada. 28 | Urominas Fonte: Arquivo pessoal FIGURA 2 FIGURA 3 Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM DISCUSSÃO Atualmente, existe um consenso na literatura baseado na análise de estudos com grandes coortes, de que o re-implante de dispositivos do AMS-800 após erosão e/ou infecção do primeiro, está associado a um risco significativamente aumentado de complicações, como novas erosões. Além disso, a taxa de sucesso do novo procedimento é menor quando comparada ao implante primário. (5) CONCLUSÃO O relato de caso acima descrito e dados da literatura sugerem que a colocação de um segundo cuff ou o reimplante após extrusão por erosão ou infecção do esfíncter está associado a um aumento da taxa de recorrência de complicações (erosão/infecção) levando muitas vezes a retirada do implante. Lai and Boonecompararam 21 pacientes submetidos a procedimentos de re-implante de dispositivos do AMS – 800 com 169 pacientes que fizeram implante primário do esfíncter. A taxa de erosão foi quatro vezes maior (14,3% vs 3,6%, p=0,02) no grupo submetido ao implante secundário do dispositivo. Entretanto, quando comparadas as taxas de infecção/re-infecção; atrofia uretral, mal-funcionamento do dispositivo e vazamentos, os dois grupos não mostraram diferenças significativamente estatísticas entre eles. (3) REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 1 revisions and secondary implantation of the artificial urinary sphincter. J Urol 2005; 173: 1242 2 Os estudos mostram que a causa mais comum de reoperação após implantes secundários foram erosão e/ou infecção do dispositivo em contraste com o implante primário que tem como principais causas de reintervenção as falhas mecânicas ou atrofia uretral. Raj et al, em análise de 46 pacientes submetidos a implantes de salvamento após erosão ou infecção reportaram uma taxa de sobrevida do dispositivo de 60% em 5 anos, valor significativamente pior comparado a procedimentos de revisão ou re-implantes realizados por outras complicações que não a erosão. (1,2) Raj GV, Peterson AC, Toh KL et al: Outcomes following Raj GV, Peterson AC and Webster GD: Outcomes following erosions of the artificial urinary sphincter. J Urol 2006; 175: 2186 3 Lai HH and Boone TB: Complex artificial urinary sphincter revision and reimplantation cases – how do they fare compared to virgin cases? J Urol 2012; 187: 951 4 Linder BJ, Mitra C and Elliot DS: Long-term Device outcomes of Artificial Urinary Sphincter Reimplanta- Uma revisão de séries atual mostra que a sobrevida do novo implante realizado após erosão ou infeção do implante primário é de 68 % em 5 anos comparada a 75% a 80% quando o implante é realizado pela primeira vez. Estes valores mostram a importância de um bom aconselhamento pré – operatório dos pacientes candidatos a um novo implante de dispositivo do AMS-800, principalmente quando indicado após erosão e/ou infeção do primeiro dispositivo.(5) EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM tion Following Prior Explantation for erosion or infection. J Urol 2013; 191: 734 5 Kim PS, Sarmast Z, Daignault S, Faerber GJ, McGuire EJ and Latini JM: Long-term durability and functional outcomes among patients with Artificial Urinary Sphincters: A 10-Year Retrospective Review from University of Michigan. J Urol 2008; 179: 1912. Urominas | 29 RELATO DE CASO | FIBROSE RETROPERITONEAL FIBROSE RETROPERITONEAL: RELATO DE TRÊS CASOS HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL Daniel Kanda Abe Serviço de Urologia Médico assistente do setor de Urologia do HSPM-SP Doutor em Urologia pela FMUSP Médico Urologista do Grupo de Uro-oncologia do ICESP Kaio Rodrigues Garcia França Cirurgião geral pelo HSPM-SP Endereço para correspondência: Residente de urologia (R1) da Santa Casa de Kaio Rodrigues Garcia França Misericordia de Goiânia -GO Rua T-30, 1378/1106, Setor Bueno Membro aspirante da Sociedade Brasileira de Goiânia/GO. CEP: 74210-060 Urologia -SBU-GO E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO RELATO DOS CASOS A fibrose retroperitonial foi descrita pela primeira vez em CASO CLÍNICO 1 1905 e definida como entidade clínica em 1948 por John MFN, 36 anos, homem, negro, referia dor lombar bilateral em cólica sem irradiação, de moderada intensidade com caráter intermitente associada a oligúria com evolução de dois dias. Episódio semelhante há dois anos evoluindo com insuficiência renal aguda, sendo realizada biópsia renal com diagnóstico de nefrite intersticial crônica focal. Tratado com corticoterapia e passagem de duplo J bilateral. K. Ormond. Condição incomum (0,1/100.000 hab.) que se caracteriza por processo inflamatório e fibrosante que envolve e pode obstruir estruturas retroperitoniais, incluindo um ou ambos ureteres. É mais frequente no sexo masculino (3:1) entre 50 e 60 anos1, 2. Caracterizada pela presença de massa fibroinflamatória retroperitonial com formas clínicas distintas: I)Fibrose retroperitonial; II)Fibrose perianeurismática retroperitonial, e III)Inflamação dos aneurismas da aorta abdominal. O tratamento clássico baseia-se no tratamento cirúrgico e pode ser associado com corticóides. Nos últimos anos, têm sido empregados outros imunossupressores com resultados não tão bem estabelecidos. 30 | Urominas No exame físico apresentava abdome globoso, punho percussão negativa, com dor lombar bilateral a palpação. Os exames apresentavam hematócrito 37,20%, hemoglobina 12,5g/dl, leucócitos 6900 sem desvio, creatinina 8,1mg/dl, uréia 97mg/dl, PSA total 0,68ng/ml. TC de abdome e pelve evidenciou discreta dilatação renal bilateral, com placa homogênea periaórtica sem plano de EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM clivagem com veia cava inferior e ureteres com massa retroperitoneal isodensa aos músculos psoas estendendo do ureter proximal até pelve. Após a passagem de duplo J evoluiu com redução das escórias nitrogenadas. Após 1 mês foi realizado ureterólise bilateral aberta (fig.1) com coleta de material para biópsia. Durante acompanhamento ambulatorial apresentou-se assintomático, com função renal normal, com exame anatomopatológico apresentando processo inflamatório crônico, inespecífico, esclerosante, em partes moles, consistentes com fibrose retroperitoneal. Foi programada retirada de duplo J após 4 semanas e mantido corticoterapia sistêmica por 8 meses com redução gradual da dose. No exame físico encontrava-se em regular estado geral, abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, sinal de Giordano negativo, com dor lombar à esquerda a palpação. Exame laboratorial com hemoglobina 12,8g/dl, hematócrito 42%, leucócitos 6.300 sem desvio, creatinina 0,9 mg/dl. TC de abdome e pelve evidenciou dilatação pileocalicial em rim esquerdo e volume aumentado com contornos focalmente borrados com densificações da gordura de Gerota em rim direito, com várias imagens nodulares de densidade cálcica em topografia pélvica compatíveis com nefrolitíases. Borramento focal do retroperitônio, na altura da bifurcação das ilíacas, à esquerda, com imagem micronodular calcificada de permeio (fig. 2). FIGURA 1 FIGURA 2 INTRAPERITONIZAÇÃO DO URETER TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE PELVE MOSTRANDO (A) BORRAMENTO FOCAL DO RETROPERITÔNIO, NA ALTURA DA BIFURCAÇÃO DAS ILÍACAS, COM IMAGEM MICRONODULAR CALCIFICADA DE PERMEIO. Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal CASO CLÍNICO 2 NGS, 59 anos, mulher, referia há 30 dias, dor lombar à esquerda, em cólica, de moderada intensidade, irradiada para abdome, sem sintomas urinários. Episódio semelhante há 1 ano, quando foi diagnosticado cálculo coraliforme em rim direito e estenose segmentar de ureter esquerdo. Realizadas duas nefrolitotripsias percutâneas. EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Foi realizada passagem de duplo J e interposição ileal a esquerda com coleta de anatomopatológico que apresentou tecido conjuntivo fibrosado com proliferação fibroblástica irregular e faixa de tecido conjuntivo, não afastando a hipótese de tumor desmóide. A paciente evolui com infecções urinárias de repetição, sem sinais de recidiva. Urominas | 31 RELATO DE CASO | FIBROSE RETROPERITONEAL CASO CLÍNICO 3 FIGURA 3 CCR, sexo masculino, 38 anos, negro. Referia há dois meses, dor abdominal em região epigástrica com irradiação para flanco direito e esquerdo de início insidioso associada a inapetência e perda ponderal de 5 quilos. Não apresentava vômitos e alteração de hábito intestinal. Exame físico com regular estado geral, palidez cutâneo mucosa 2+\4+, abdome globoso, com ruídos hidroaéreos presentes, timpânico, punho percussão negativa, indolor a palpação. Testículo esquerdo ligeiramente diminuído e toque retal sem alterações. Exames com hematócrito 31%, hemoglobina 10g/dl, leucócitos 4.200 sem desvio, creatinina 17mg/dl, uréia 184mg/dl, potássio 5,3mEq/L, sódio 140mEq/L, alfa-fetoproteina 3,46mcg/L, beta HCG negativo, desidrogenase lática 180U/L, VHS 91mm/h, PCR 1,8mg/dl. USG de abdome: ureterohidronefrose moderada bilateral e presença de tecido hipoecóico em topografia de bifurcação aórtica de limites parcialmente definidos envolvendo aorta, veia cava inferior, artérias e veias ilíacas comum. Ultrassonografia de testículo com atrofia testicular e hidrocele esquerda e ausência de nódulos. Realizado 5 sessões de hemodiálise com posterior passagem de duplo J bilateral com pielografia ascendente evidenciando medianização e estreitamento ureteral segmentar e hidronefrose bilateral, porém mais intensa a esquerda. Após melhora do quadro doloroso e das escórias nitrogenadas foi realizado TC de abdome e pelve apresentando massa retroperitoneal de aspecto infiltrativo desde o terço distal da aorta até a parede lateral pélvica à esquerda, envolvendo aorta distal e artérias ilíacas comuns, ureteres distais, com infiltração da porção anterior do músculo íleo psoas, medindo 130x87x110 mm (fig. 3). Realizada ureterólise aberta bilateral com anatomopatológico que demonstrou proliferação fusocelular sem atipias, com intensa fibrose e infiltrado linfocitário focal. Recebeu alta em uso de corticoterapia oral mantida por quatro meses. 32 | Urominas TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ABDOME COM JANELA PÉLVICA MOSTRANDO (A) MASSA RETROPERITONEAL INFILTRATIVA EVOLVENDO A PAREDE LATERAL PÉLVICA, AS ARTÉRIAS ILÍACAS COMUNS, URETERES DISTAIS, COM INFILTRAÇÃO DA PORÇÃO ANTERIOR DO MÚSCULO ÍLEO PSOAS. Fonte: Arquivo pessoal DISCUSSÃO A fibrose retoperitoneal tem apresentação clínica inespecífica, de caráter insidioso, tendo como sintoma clínico mais comum dor lombar leve a moderada ou dor abdominal em flancos associado a anorexia, perda de peso e mal estar. A complicação mais comum é a insuficiência renal aguda. Nos presentes casos, a dor lombar foi o sintoma inicial, e em dois casos houve alterações de escórias nitrogenadas6,7. EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Não existem critérios diagnósticos para fibrose retroperitonial sendo o diagnóstico muitas vezes difícil e tardio, realizado por um forte fator presuntivo, associando-se as manifestações clínicas e indicadores inflamatórios inespecíficos 2,8 . Os estudos de imagem são fundamentais para o diagnóstico, atualmente, a tomografia computadorizada (TC) e ressonância nuclear magnética (RNM) são as modalidades de escolha. O exame histopatológico continua sendo o padrão ouro para o diagnóstico 9 . 2 Walsh Urology 10th Ed. Saunders Elsevier: Estados Unidos, 2012, pp 1108-1112. 3 Liu H, Zhang G, Niu Y, Jiang N, Xiao W. Retroperiotoneal fibrosis: a clinical and outcome analysis of 58 cases and review of literature. Rheumatol Int. 2014 Apr 23. 4 Vaglio A, Salvarani C, Buzio C. Retroperiotoneal fibrosis. Lancet, 2006; 367:241-251 O objetivo do tratamento da fibrose retroperiotonial é interromper a inflamação, reverter a fibrose e implementar medidas para proteger o rim de uma lesão crônica. Não há um protocolo de imunossupressão e nem estudos randomizados comparando vantagens da terapia clinica inicial e abordagem cirúrgica 10 . 5 O tratamento clínico obtêm bons resultados com uso de prednisona via oral 60mg/dia com desmame progressivo ou tamoxifeno 20mg/dia 10,11 . 7 No tratameto cirurgico, a medida inicial é direcionada para desobstrução através de stents ureterais. O tratamento definitivo consiste na dissecção dos ureteres envoltos por massa fibrótica realizando a ureterólise dos mesmos (peritonização do ureter). Em casos de insuficiência renal aguda grave com evidência de importante compressão extrínseca ureteral, sepse de origem urológica ou pionefrose tem-se como alternativa a realização de nefrostomia percutânea 2,9,12 . Wein AJ, Kavoussi LR, Novick AC, Partin AW, et al. Campbell Lepor H, Walsh P. Idiopathic retorperitoneal fibrosis. J Urol. 1979; 122:1-6 6 Peng LK, Jian Z, Lin ZJ, Feng H. Idiopathic retroperiotoneal fibrosis (RPF): clinical features of 61 cases and literature review. Clin Rheumatol 2011; 30:601-605 Corradi D, Maestri R, Palmisano A, Bosio S, Greco P, Manenti L et al. Idiopathic retroperiotoneal fibrosis: clinicopathologic features and differential diagnosis. Kidney Int, 2007; 72(6): 742-753 8 Caifa RO, Vinuesa AS, Izquierdo RS, Brufau BP, Ayuso Colella JR, Molina CN. Retroperiotoneal fibrosis: role of imaging in diagnosis and follow-up. Radiographics, 2013; 172: 139143 9 Scheel PJJ, Feeley N. Retroperiotoneal fibrosis. Rheum Dis Clin N Am 2013, 39:365-381 10 Catanoso MG, Spaggiari L, Magnani L, et al. Efficacy of in- Nos últimos anos um número crescente de relatos clínicos de fibrose retroperiotonial tem sido descritos, ressaltando a necessidade de reconhecer e abordar de forma precoce e precisa essa doença. fliximab in a patient with refractory idiopathic retroperiotoneal fibrosis. Clin Exp Rheumatol 2012; 30: 776-8 11 Vaglio A, Palmisano A, Alberici F, et al. Prednisone versus tamoxifen in patients with idiopathic retroperiotoneal fi- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS brosis: an open-label randomised controlled trial. Lancet 2011; 378:338-46 1 Ormond J. Bilateral ureteral obstruction due to envelop- 12 Conceição P, Sousa L, Pereira B. Tratamento da fibrose re- ment and compression by inflammatory retroperiotoneal troperiotoneal idiopatica: experiência de um Serviço de process. J Urol. 1848;59:1072-9 Urologia. ActaUrol. 2009; 26-70 EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM Urominas | 33 RELATO DE CASO | TRAUMA PENIANO FUNÇÃO SEXUAL PRESERVADA APÓS TRAUMA PENIANO GRAVE EM ACIDENTE MOTOCICLÍSTICO Julio Pereira Costa Junior PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - PUC - SP Serviço de Urologia - Sorocaba – SP Daniel Ilias Guilherme Valentim Endereço para correspondência: Julio Pereira Costa Junior Felipe Silveira Dini Rua Marechal Castelo Branco, 91. Bloco 6. - Ap. 304. Bairro Jardim Sandra. Sorocaba - SP. - CEP.: 18.031-300 José Luis Ferreira Duque INTRODUÇÃO O traumatismo envolvendo a genitália externa é relativamente raro quando comparado ao de outras partes do corpo. Deve ser sempre considerada a possibilidade de lesões associadas das estruturas adjacentes, como uretra, bexiga e reto. O tratamento tem como objetivo principal a manutenção da função genital, preservando a sexualidade e a fertilidade1,2. RELATO DO CASO PALR, 33 anos, sexo masculino, natural de Mairinque-SP, deu entrada no Complexo Hospitalar de Sorocaba(CHS) no dia 23/04/2015 vítima de colisão moto versus caminhão sendo o mesmo condutor da motocicleta. Apresentava à entrada sinais de instabilidade hemodinâmica, FAST negativo, fratura de pelve, fratura do antebraço direito e desenluvamento peniano e escrotal com explosão do testículo direito (Figura 1). 34 | Urominas e-mail: [email protected] Paciente foi encaminhado ao centro cirúrgico onde foi realizada exploração cirúrgica da lesão e fixação da fratura de pelve pela equipe de ortopedia. Após avaliação urológica, foi constatado desenluvamento total do pênis, amputação traumática do testículo direito, testículo esquerdo com alguns sinais de isquemia, porém com elementos do cordão preservados. Corpos cavernosos, uretra e corpo do pênis não apresentaram lesões, sendo que o paciente foi submetido à sondagem vesical de demora no intraoperatório sem resistências e mantido no pós-operatório. Realizado ligadura hemostática das estruturas do testículo direito, lavagem exaustiva das estruturas com solução fisiológica, orquidopexia do testículo direito em bolsa escrotal, ráfia com fio Vicryl 2-0 em planos aponeuróticos e subcutâneos para aproximação dos tecidos. (Figuras 2 e 3) Encaminhado à UTI no pós-operatório onde permaneceu durante três dias apresentando melhora hemodinâmica tendo alta para a enfermaria. Permaneceu internado até o dia 23/05/2015 apresentando como única complicação infecção da ferida operatória a qual foi tratada com antibioticoterapia e curativos diários EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 FIGURA 4 Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal com equipe especializada obtendo melhora. (Figura 4) Janeiro, v. 40, n. 4, p. 351-353, Aug. 2013 . Available Referiu ter apresentado episódios de ereção peniana algumas semanas após o procedimento cirúrgico e negou qualquer queixa urinária. from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art- text&pid=S010069912013000400017&lng=en&nrm=is>. access on 19 Sept. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S010069912013000400017. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 CARVALHO JUNIOR, Arlindo Monteiro de et al . Fratura de pênis com trauma uretra. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM 2 CESAR NARDI, Aguinaldo et al. Urologia Brasil. São Paulo: PLAN MARK. SBU – Sociedade Brasileira de Urologia, 2013. Urominas | 35 ARTIGO | AZOOSPERMIA OBSTRUTIVA REMOÇÃO TRANSURETRAL DE CÁLCULOS DOS DUCTOS EJACULATÓRIOS PARA TRATAMENTO DE AZOOSPERMIA OBSTRUTIVA Bernardo Xavier Lima Endereço para correspondência Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia Bernardo Xavier Lima Urologista do Biocor Instituto e da Clínica Origem Av. Contorno, 7747 - Lourdes Belo Horizonte - MG - CEP 30110-017 Daniel Xavier Lima E-mail: [email protected] Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia Mestre e Doutor em Cirurgia Professor da Faculdade de Medicina da UFMG Urologista do Biocor Instituto e do Hospital das Clínicas da UFMG INTRODUÇÃO A infertilidade é um problema frequente, acometendo aproximadamente 15 % da população em idade fértil (1). O fator masculino está envolvido em cerca da metade dos casos e em torno de 10-20 % desses homens são azoospérmicos (2). A etiologia da azoospermia pode ser obstrução no trato reprodutor, que corresponde a 40 % dos casos (azoospermia obstrutiva), ou ainda secundária a defeitos na espermatogênese. A obstrução dos ductos ejaculatórios (ODE) é uma causa incomum de obstrução, estando presente em no máximo 5 % dos casos (3). Nos casos de ODE parcial, o paciente pode apresentar oligospermia. RELATO DE CASO Paciente do sexo masculino, com 36 anos de idade, com queixa de infertilidade conjugal primária há 3 anos (esposa com 31 anos, hígida), sem histórico de doenças urológicas ou procedimentos cirúrgicos pré- 36 | Urominas vios. Percebeu redução progressiva no volume do ejaculado ao longo dos últimos anos. Negava história de hematospermia, sintomas do trato urinário inferior, epididimite, prostatite ou trauma testicular. Ao exame físico, apresentava genitália normal, com caracteres sexuais secundários preservados. Os testículos apresentavam consistência e volume usuais, ductos deferentes palpáveis, sem varicocele clinicamente detectável. Não havia dilatação ou dolorimento à palpação dos epidídimos. Espermogramas demonstravam azoospermia e volume seminal inferior a 1 mL. Em avaliação prévia em outro serviço médico, foi levantada a hipótese de ejaculação retrógrada devido à presença de espermatozoides no sedimento urinário, tendo sido feita extensa investigação neurológica, sem serem identificadas alterações patológicas. Procurou o serviço para buscar segunda opinião. Foi solicitado exame de ultrassonografia suprapúbica, que revelou FIGURA 1 INTRAPERITONIZAÇÃO ULTRASSONOGRAFIA TRANSRETAL DEMONSTRANDO DILATAÇÃO DAS VESÍCULAS SEMINAIS (A) E CALCIFICAÇÕES NA LINHA MÉDIA PROSTÁTICA (B) URETER Fonte: Arquivo pessoal FIGURA 2 calcificações prostáticas em linha média, sendo complementada por ultrassonografia transretal, que também identificou aumento volumétrico das vesículas seminais (Fig 1). Levantada a hipótese de obstrução dos ductos ejaculatórios, o paciente foi submetido a cistoscopia, quando se identificou a presença de cálculos no verumontanum. Com auxílio do ressectoscópio, a região foi ressecada superficialmente, permitindo a retirada dos cálculos e resultando na eliminação imediata de secreção seminal represada (Fig 2). No quarto dia pós-operatório, espermograma de controle revelou a presença de 4 milhões de espermatozoides e volume seminal de 6 mL. Novo espermograma após um mês mostrou uma concentração de 45 milhões/mL, comprovando a resolução do quadro obstrutivo. IMAGEM ENDOSCÓPICA DA RESSECÇÃO DO UTRÍCULO PROSTÁTICO E DA RETIRADA DOS CÁLCULOS IMPACTADOS Fonte: Arquivo pessoal Urominas | 37 ARTIGO | AZOOSPERMIA OBSTRUTIVA FIGURA 3 VESÍCULAS SEMINAIS E DUCTOS DEFERENTES. Fonte: Extraído de Gray H. Anatomy of the human body. Philadelphia: Lea & Febiger, 1918; Fig. 1153 DISCUSSÃO A ODE pode ser caracterizada por diversas formas dicotômicas: unilateral ou bilateral; completa ou parcial; congênita ou adquirida e anatômica ou funcional. A apresentação clínica pode também variar, acompanhando esse amplo espectro de possibilidades. Não há um padrão único definido para a sintomatologia nem para as características do espermograma, que mostra azoospermia nos casos de obstrução completa (4). Nas obstruções parciais, o espermograma pode ser próximo ao normal, com a motilidade reduzida sendo a única alteração. Entretanto, baixos volumes do ejaculado (< 1mL) são sugestivos de ODE. Outras formas de apresentação, especialmente quando há cálculos nos ductos ejaculatórios, incluem disuria dor à ejaculação e hematospermia (5). 38 | Urominas As vesículas seminais são responsáveis por aproximadamente 50-80% do volume do ejaculado, produzindo um líquido que é alcalino e rico em frutose. São estruturas pareadas, que se situam posteriormente à bexiga, medindo de 5-6 cm de comprimento e de 35 cm de largura, dimensões essas que diminuem com o envelhecimento. Anatomicamente, os ductos ejaculatórios derivam da confluência dos ductos das vesículas seminais com os ductos deferentes, onde seguem um trajeto de 10-15 mm posterior e ventralmente à próstata, para então tomarem um ângulo de 75 graus anteriormente e continuarem em trajeto intraprostático (6). Sua porção final é no veromontanum, onde se juntam à uretra em cada lado do utrículo prostático, um resquício Mülleriano (Fig 3). Apesar de sua função ser aparentemente simples ao conduzir o sêmen, sua relação com as vesículas semi- EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM nais é mais complexa. Parece haver certa similaridade entre o funcionamento das vesículas seminais e o da bexiga e, alguns casos supostamente de ODE, na verdade podem ser o resultado de uma disfunção dessas estruturas. 2) Jarow JP, Espeland MA, Lipshultz LI. Evaluation of O tratamento da ODE é feita pela ressecção transuretral ou pela incisão dos ductos. A melhora dos padrões seminais ocorre em 60-70 % dos pacientes, com índices de gravidez entre 20-30 % (7). A ultrassonografia transretal é a investigação inicial de escolha nos casos de suspeita diagnóstica, pois permite a identificação anatômica das alterações patológicas das vesículas seminais e dos ductos ejaculatórios. A vasografia e a microscopia do líquido vasal incluem propedêutica adicional em alguns casos. No caso clínico em questão, os achados ultrassonográficos inequívocos permitiram a confirmação da suspeita de ODE e a indicação cirúrgica. É importante frisar, todavia, que uma pequena proporção dos pacientes operados pode evoluir para azoospermia novamente, o que torna recomendável a discussão sobre a criopreservação do sêmen (8). ril, 56(4):725-30, 1991. the azoospermic patient. J Urol, 142(1):62-5, 1989. 3) Pryor JP, Hendry WF. Ejaculatory duct obstruction in subfertile males: analysis of 87 patients. Fertil Ste- 4) McQuaid JW, Tanrikut C. Ejaculatory duct obstruction: current diagnosis and treatment. Curr Urol Rep, 14:291-7, 2013. 5) Meacham RB, Hellerstein DK, Lipshults LI. Evaluation and treatment of ejaculatory duct obstruction in the infertile male. Fertil Steril, 59:39, 1993. 6) Nguyen HT, Etzell J, Turek PJ. Normal human ejaculatory duct anatomy: a study of cadaveric and surgical specimens. J Urol, 155(5):1639-42,1996. 7) Johnson CW, Bingham JB, Goluboff ET, Fisch H. Transurethral resection of the ejaculatory ducts for treating ejaculatory symptons. BJU, 95:117-9, 2005. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8) Turek PJ, Magana JO, Lipshultz LI. Semen parame- 1) Schlegel PN. Evaluation of male infertility. Minerva Ginecol, 61(4):261-83, 2009. ters before and after transurethral surgery for ejacu- EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM latory duct obstruction. J Urol 155:1291-3, 1996 Urominas | 39 RELATO DE CASO | SÍNDROME DE ZINNER SÍNDROME DE ZINNER: RELATO DE CASO DIAGNÓSTICO INCIDENTAL NUM PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA Thiago S. Antoniassi Pedro P. Polotto Marina A.M.P. Miranda Instituto do Câncer - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP Fernando N. Facio Jr Endereço de correspondência Thiago da Silveira Antoniassi Rua Francisco Chagas de Oliveira, 2550 - Casa 110 Higienópolis – São José do Rio Preto - SP CEP.: 15.085-485 E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO RELATO DE CASO A síndrome de Zinner é definida pela presença de cisto Paciente masculino, 30 anos, com história prévia de investigação de infertilidade, sem antecedentes cirúrgicos ou comorbidades, admitido no pronto-atendimento da cirurgia após trauma motociclístico (queda numa rodovia). Luis F. Gabriotti Fabio A. Vasilceac de vesícula seminal associado à agenesia renal ipsilateral. Consiste numa anomalia urológica congênita extremamente rara, decorrente do desenvolvimento embriológico anormal da porção distal do ducto mesonéfrico (de Wolff ), no primeiro trimestre da gestação. A sua manifestação varia individualmente, desde indivíduos assintomáticos até aqueles com alterações na fertilidade. O objetivo deste relato é apresentar um caso raro de Síndrome de Zinner, que foi descoberto incidentalmente após a realização de uma tomografia computadorizada (TC) num paciente vítima de trauma motociclístico. O paciente foi avaliado inicialmente pela equipe da cirurgia do trauma, e prosseguiu investigação com a equipe da urologia. 40 | Urominas O paciente encontrava-se com nível de consciência 15 segundo Escala de Coma de Glasgow, queixando-se de dor lombar apenas. Foi avaliado inicialmente pela equipe da cirurgia do trauma, a qual executou atendimento inicial segundo as condutas do Advenced Trauma Life Suport –ATLS. O atendimento prosseguiu com avaliação pela equipe da neurocirurgia, que solicitou uma tomografia computadorizada de crânio e coluna. O estudo tomográfico evidenciou, além de fratura à nível da primeira vértebra lombar em achatamento com retropulsão de fragmento, a ausência de rim e ureter à direita. EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM TOMOGRAFIA botão ureteral pode ocorrer, e este não se une ao tecido metanéfrico. Este erro na migração interfere com o papel central do botão ureteral na diferenciação do tecido metanéfrico, o qual não sofrerá diferenciação, resultando em agenesia renal e atresia do ducto ejaculatório. Esta atresia obstrui a drenagem do conteúdo da vesícula seminal, com subsequente distensão e formação de cisto. O ureter também pode estar ausente ou incompleto (ausência do hemitrígono e do orifício uretérico) ou ainda ter um curso ectópico para a vesícula seminal [1]. Para Pace et al.[6,7], a Síndrome de Mayer-RokitanskyKustner-Hauser (caracterizada pela ausência congênita do útero, da vagina superior e do rim unilateral), descrita em 1829, é a correspondente da Síndrome de Zinner para o sexo feminino. Ambas decorrem de desenvolvimento alterado do ducto mesonéfrico e resultam em malformações dos sistemas urogenital e reprodutivo. Fonte: Arquivo pessoal O paciente teve alta hospitalar após um dia, com programação de seguimento com a equipe da neurocirurgia e de investigação complementar com equipe da urologia. DISCUSSÃO Os cistos de vesícula seminal foram identificados pela primeira vez por Smith, em 1872, enquanto que a associação entre cisto de vesícula seminal e agenesia renal ipsilateral foi estabelecida apenas em 1914 por Zinner [1]. Cisto de vesícula seminal associado à agenesia renal ipsilateral é uma anomalia urológica congênita rara, constando na literatura apenas 200 casos. Um trabalho de screening com ultrassom (US) realizado em 280 mil recém-nascidos de Taipei-Taiwan, encontrou um total de 13 casos de dilatações císticas na pelve (sendo 6 cistos de vesícula seminal e 7 cistos de Gartner) associadas à displasia ou agenesia renal ipsilateral, resultando em uma incidência de 0.00214% (214 a cada 100 mil pacientes) para a Síndrome de Zinner [8]. A incidência de agenesia renal unilateral isolada é de o,1% [1]. A Síndrome de Zinner decorre de desenvolvimento embriológico anormal da porção distal do ducto mesonéfrico (ou ducto de Wolff ) entre a quarta e a décima terceira semana gestacional. A migração incompleta do EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM O trabalho mais completo existente na literatura sobre a Síndrome de Zinner, realizado por Van den Ouden et al.[9], analisou 52 casos de pacientes com a Síndrome. Destes, apenas 2 eram afrodescendentes e os outros 50 (96%) eram caucasianos. Um total de 34 (65%) pacientes apresentava as malformações do lado direito, enquanto 17 (33%) deles apresentavam no lado esquerdo. Isso resulta numa média de direita: esquerda de 2:1. Apenas 1 (2%) paciente apresentava acometimento bilateral. Os sintomas da Síndrome de Zinner costumam se apresentar entre a segunda e terceira décadas de vida, período em que a atividade sexual se intensifica [1,3,9]. Os cistos de vesícula seminal menores do que 5 cm geralmente persistem assintomáticos e são achados incidentais do exame físico (apresentam-se como massa durante a palpação abdominal ou como massa flutuante que emerge da próstata durante o toque retal). Quando sintomáticos, causam sintomas irritativos. Já os cistos maiores de 12 cm, ditos gigantes, cursam com sintomas de obstrução vesical e/ou intestinal devido ao efeito de massa que exercem. Os cistos também podem ser descobertos no período pré-púbere, durante investigação de epididimite e infecções do trato urinário recorrentes em garotos. Estes cistos congênitos podem ser diferenciados dos cistos adquiridos, sendo que os últimos frequentemente são bilaterais e manifestam-se mais tardiamente após história de prostatite crônica ou são achados de prostatectomia [3]. Urominas | 41 RELATO DE CASO | SÍNDROME DE ZINNER TABELA 1 CLASSIFICAÇÃO DE LESÕES CÍSTICAS DA VESÍCULA SEMINAL E ÁREAS ADJACENTES GRUPO DESCRIÇÃO Grupo 1 Cisto de vesícula seminal Grupo 2 Cisto de ducto de Muller Grupo 3 Ureterocele ectópica (cisto de vesícula seminal com agenesia renal ipsilateral) Grupo 4 Dilatação cística da vesícula seminal Outros (incluindo de origem desconhecida) - cisto utricular Grupo 5 - remanescente do ducto de Muller - cisto do ducto de Wolff - obstrução do ducto ejaculatório - cisto de retenção prostática Fonte: wasaki et al., 1988) O trabalho de Van den Ouden et al. [9] mostrou que os sintomas mais frequentes são disúria (37%), polaciúria (33%), dor perineal (29%), epididimite (27%), ejaculação dolorosa (21%) e dor escrotal (13%). Outros sintomas relatados são: hematúria, hematoespermia e infecção recorrente do trato urinário. tralateral pérveo e ainda pode dificultar a restauração da fertilidade após reconstrução [1]. No entanto, casos de ducto ejaculatório pérveos ipsilaterais ao cisto de vesícula seminal já foram descritos. Portanto, o estatus de fertilidade deve ser investigado nos portadores da Síndrome de Zinner [1]. Várias teorias procuram justificar a infertilidade, presente em até 45% dos pacientes [9]. A infertilidade pode ser causada pela obstrução do ducto ejaculatório, que resulta num volume ejaculatório reduzido (menor do que 1 ml), associado com azoospermia ou oligoespermia severa, pH alcalino, baixa concentração de carnitina e frutose e alta concentração de citrato [1]. Outra hipótese é a de que a obstrução do ducto ejaculatório possa bloquear a passagem do sêmen no ducto normal contralateral [1]. Outros autores ainda postulam que a obstrução unilateral do ducto ejaculatório pode levar à produção de anticorpos anti-espermatozoides em indivíduos que são imunologicamente responsivos, o que pode provocar infertilidade mesmo com o ducto ejaculatório con- Os cistos de vesicular seminal devem ser diferenciados de outras patologias, incluindo [1]: cistos de ducto de Muller e cistos de ducto ejaculatório, ambos localizados em linha média. A presença de espermatozoides no líquido diferencia os cistos de vesícula seminal dos cistos de ducto de Muller. Outras possibilidades são cistos prostáticos (localização lateral), divertículos da ampola da vas deferens, ureterocele ectópica e abscesso. Tumores benignos ou malignos de bexiga, reto e sacro e linfonodos também devem ser descartados. Adenocarcinoma primário da vesícula seminal, embora raro (metástases são mais comuns), podem ocorrer em pacientes com idade maior do que 50 anos. Nesse caso, massas sólidas intracísticas podem ser identificadas com tomografia (TC) ou 42 | Urominas EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM ressonância magnética (RM). Existem 2 relatos de adenocarcinoma papilar intracístico e 1 relato de adenocarcinoma mucinoso. Não existem marcadores tumorais séricos para esses casos. Iwasaki et al. [2] classificou os cistos de vesícula seminal em 5 categorias [1,4]: (1) cisto de vesículas seminais; (2) cisto de ducto de Muller; (3) ureterocele ectópica; (4) dilatação cística da vesícula seminal ; (5) outros (TABELA 1). A investigação diagnóstica da Síndrome de Zinner inclui exame físico (toque retal), exames laboratoriais e exames de imagem. Hemograma, perfil hormonal (FSH, LH e testosterona), urina 1 e urinocultura, US transrretal pélvico e renal, urofluxometria, urografia excretora, cintilografia renal, TC ou RM, uretrocistoscopia, espermograma e aspiração do conteúdo cístico podem confirmar o diagnóstico [1]. O US transrretal é o método mais comumente empregado para avaliação inicial de cistos da vesícula seminal. Encontra-se massa anecoica pélvica, de parede espessa e, ocasionalmente, com calcificações. A massa pode conter debris, que indicam infecção e/ou hemorragia prévias. A US também pode fazer o diagnóstico pré-natal de cisto de vesícula seminífera. O US permite também o diagnóstico pré-natal de cisto de vesícula seminal [1]. A TC identifica anomalias renais e dá uma visão ampla da anatomia da pelve. Seus achados incluem dilatação da vesícula seminífera ipsilateral e massa retrovesicular da vesícula seminal, cefálica à próstata, associadas a anomalias renais [3].A RM é o melhor exame não invasivo para o diagnóstico do cisto de vesícula seminífera. Os cistos aparecem com hipointensidade de sinal em T1 e hiperintensidade em T2. A RM ainda fornece um estudo multiplanar da cavidade pélvica e abdominal, sendo de grande valia para o planejamento cirúrgico EM BREVE PUBLICAÇÕES PELO SITE: WWW.UROMINAS.COM [1,3]. A uretrocistografia pode mostrar o hemitrígono devido ao desenvolvimento incompleto da unidade uretérica ipsilateral ao cisto, ou pode mostrar um trígono completo com compressão extrínseca da parede posterior da bexiga. Em alguns pacientes, não é possível entrar na bexiga por causa de massa extravesical abaixo do trígono [1]. A abordagem da Síndrome pode ser conservadora em casos de pacientes assintomáticos. Nesses casos, a conduta é antibioticoterapia e aspiração transureteral do cisto, associada ou não à injeção de substâncias (álcool, minociclina). O tratamento invasivo é reservado para aqueles pacientes sintomáticos que não obtiveram melhora com a conduta conservadora. Ele consiste em desobstrução do ducto seminífero por meio de ressecção transureteral do ducto ejaculatório, dilatação por balão ou laparotomia. Outras opções invasivas são a criação de fístula transureteral e drenagem transvesical. A aspiração transrretal do cisto também é possível, porém o risco de infecção é alto e apenas 30% dos pacientes se beneficiam obtem a cura com o procedimento. O padrão-ouro para o tratamento é a cirurgia aberta. A incisão mediana é indicada para cistos grandes, enquanto que a incisão de Pfannestiel é suficiente para cistos de pequeno volume. Porém, como as vesículas seminíferas têm localização profunda na cavidade pélvica, a cirurgia aberta tem alta taxa de morbidade (disfunção erétil, lesão do ureter, da bexiga e do reto) [1,5,9]. A abordagem cirúrgica por videolaparoscopia já foi realizada em 15 pacientes e, quando realizada por cirurgiões experientes, é segura e efetiva [1]. Apesar das varias opções de tratamento, alguns pacientes permanecem inférteis. Esses pacientes podem se beneficiar com as técnicas de fertilização artificial [1]. Urominas | 43 RELATO DE CASO | SÍNDROME DE ZINNER CONCLUSÃO 4 Narlawar RS, Hanchate V, Raut A, et al. (2003) Renal agenesis and seminal vesicle cyst. J Ultrasound Cisto de vesícula seminal associado à agenesia renal ipsilateral é uma anomalia urológica congênita rara que afeta pacientes entre a segunda e quarta décadas de vida. Entretanto, a hipótese diagnóstica da Síndrome de Zinner deve ser considerada sempre que este quadro estiver associado aos sintomas de irritação e/ou obstrução vesical e dor perineal e/ou escrotal. A investigação diagnóstica da Síndrome de Zinner inclui exame físico (toque retal), exames laboratoriais e exames de imagem. A abordagem pode ser conservadora ou invasiva, dependendo do quadro clínico do paciente. Med 22:225–228 5 Ohgaki K, Horiuchi K, Oka F, et al. (2008) A case of seminal vesicle cyst associated with ipsilateral renal agenesis diagnosed during an investigation of perineal pain. J Nippon Med Sch 75:122–126 6 Pace G, Galatioto GP, Vicentini C (2007) Mayer-Rokitansky-Ku¨stner-Hauser syndrome and the Zinner syndrome, female and male malformation of reproductive system: are two separate entities? Lin Chuang Yi Xue Za Zhi 2:601–607. REFERÊNCIAS 1 2 3 B. J. Pereira, L. Sousa, P. Azinhais, P. Conceição, R. Borges, R. Leão, Á. Brandão,P. Temido, E. Retroz & F. Sobral. Department of Urology of the Centro Hospitalar Coimbra, Hospital dos Covo˜ es, Coimbra, Portugal. Zinner’s syndrome: an up-to-date review of the literature based on a clinical case. Andrologia 41, 322–330 Iwasaki A, Hirokawa M, Hosaka M, et al. (1988) Study of cystic dilatation of the seminal vesicle and its classification. Nippon Hinyokika Gakkai Zasshi 79:1385–1392. Livingstone L, Larsen CR (2000) Seminal vesicle cyst with ipsilateral renal agenesis. 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