Anestesia para procedimento endovasculares

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CAPÍTULO 59
Anestesia para implante de
endopróteses vasculares
Alexandra Rezende Assad *
Adilson Toro Feitosa **
João Alexandre Rezende Assad ***
Nos últimos vinte anos, a introdução de procedimentos minimamente invasivos (endovasculares)
para o tratamento de doenças vasculares contribuiu dramaticamente para uma mudança da prática
da cirurgia vascular e da anestesia.
As técnicas intraluminais incluindo angioplastia por balão, implante de stent ou endoprótese,
aterectomia, trombectomia e trombólise têm sido utilizadas tanto para o manuseio terapêutico como
para o diagnóstico de uma variedade de doenças vasculares. Angioplastia com colocação de stent
em artéria carótida vem se tornando procedimento de eleição, assim como para melhorar o fluxo
sanguíneo em artéria ilíaca, renal, subclávia e poplítea. Endopróteses estão sendo implantadas em
várias artérias accessíveis do corpo.
A maioria das angioplastias periféricas com colocação de stent causa pequeno sangramento
e mínimo stress hemodinâmico. No entanto, procedimentos sobre a aorta e a carótida apresentam
maiores riscos.
De uma forma geral, os procedimentos endovasculares apresentam uma série de vantagens
quando comparados com as técnicas convencionais:
1- Podem ser realizados sob anestesia local e sedação com uma monitorização básica.
2- A perda sanguínea é substancialmente menor,
*
Diretora Científica da Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ) 2005/2006
Mestre em Anestesiologia pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina/ UFRJ
Pós-Graduanda - Nível Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Geral – Setor Anestesiologia do
Departamento de Cirurgia da FM/UFRJ
TSA/SBA RJ
** Responsável pelo Serviço de Cirurgia Vascular e Angiologia do Hospital Central Aristarcho Pessoa (Hospital Central
dos Bombeiros)
Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular e Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular
*** Médico Hemodinamicista do Hospital PróCardíaco
Fellow em Hemodinâmica pelo Texas Heart Institute
Medicina Perioperatória
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3- A mortalidade operatória é menor, assim como o período de hospitalização. Os pacientes
podem se mobilizar mais precocemente, com um retorno mais precoce a suas atividades diárias.
4- Os procedimentos cursam com menor stress hemodinâmico, principalmente quando comparados àqueles onde seria necessário o clampeamento de grandes artérias.(carótida e aorta)
Como a grande maioria dos pacientes submetidos a procedimentos vasculares é idosa e
apresenta doenças coexistentes entre elas: coronariopatia, diabetes mellitus, hipercolesterolemia,
hipertensão arterial entre outras acabam se beneficiando dos menores riscos da técnica endovascular.
Entre as desvantagens dos procedimentos endovasculares estão:
1- Maior custo, os valores das endopróteses e dos stents são bastante elevados.
2- A utilização de contraste iodado em quantidades moderadas aumentando o risco de insuficiência renal.
3- O risco de desenvolvimento de trombose distal ao enxerto é elevado
4- O reparo endovascular nem sempre é possível, sendo necessário o tratamento aberto em
5 a 10% dos casos.
5- Embolia de material trombótico devido a manipulação do stent ou da endoprótese e lesão
da artéria onde se introduz o material podendo necessitar de endarterectomia ou cirurgia de by pass
nos vasos da perna.
6- A mortalidade e morbidade a longo prazo são similares aos do procedimento aberto,
provavelmente devido a progressão das doenças coexistentes.
Procedimentos endovasculares sobre a aorta
A partir do trabalho de Parodi et al, os aneurismas de aorta puderam ser tratados pela colocação endovascular de uma endoprótese, sendo essa uma opção de tratamento menos invasiva que
o reparo aberto.
Técnica cirúrgica
Reparo de aneurisma aórtico infrarenal é usualmente realizado através de arteriotomia femoral.
Se a artéria femoral é tortuosa, a artéria ilíaca passa ser um outro sítio de entrada. Com o avanço
tecnológico destes dispositivos o acesso percutâneo poderá ser uma opção. Acúmulo de placas
ateroescleróticas na artéria ilíaca que impedem a inserção de bainha, impossibilitam o reparo
endovascular.
Após a administração de heparina e posicionamento de clamp vascular distal a arteriotomia,
a prótese intraluminal é avançada sobre um guia metálico introduzido através de uma bainha de
grosso calibre dentro da aorta abdominal. Para o correto posicionamento do sistema e identificação das estruturas arteriais é necessário o emprego intermitente de fluoroscopia e infusão de contraste iodado intra arterial. Com o auxílio da fluoroscopia, a prótese deverá ser posicionada acima
e abaixo do aneurisma de aorta. Nos aneurismas infra renais, a parte de fixação proximal é ancorada logo abaixo da artéria renal em uma área livre da doença. A bainha é retirada e o sistema de
fixação proximal autoexpansivo é disparado. Em alguns dispositivos, isto é seguido por uma insuflação
com balão por 30 a 60 segundos para permitir que o sistema se ancore e fique encaixado na parede
aórtica normal. O procedimento é repetido para a parte distal da endoprótese. Durante a insuflação
do balão, o fluxo aórtico fica prejudicado.
Uma vez posicionada corretamente, a prótese exclui o saco aneurismático da circulação,
fornecendo um novo conduto para o fluxo sanguíneo sem a remoção do aneurisma, aliviando o
stress da parede aneurismática e previnindo a ruptura ou estenose. Ao redor da mesma poderá
haver trombose no saco aneurismático.
As próteses podem ser de dacron, PTFE (politetrafluoroetileno) ou poliester. As endopróteses,
comercialmente disponíveis, podem ser tubulares, aorto-uniilíaca ou bifurcadas. De acordo com o
tipo de prótese a fixação à parede da aorta pode ser por compressão, âncoras ou fricção. As
endopróteses podem ser autoexpansivas ou dilatadas por balão. No caso das próteses autoexpansivas,
os stents de nitinol são os mais usados pois têm como característica sua memória térmica: o nitinol é
bastante elástico quando mantido a temperatura baixa e torna-se rígido quando exposto a temperatura
do corpo. As próteses podem também ser do tipo modulares ou de corpo único.
Nos casos das endopróteses bifurcadas ou uniilíacas, são necessários acessos pelas duas
artérias femorais. Um segmento constituído pelo tronco e por um dos ramos é introduzido por um
lado e outro ramo é adicionado a partir da artéria femoral contra lateral. Para possibilitar o
acoplamento do segundo ramo ao tronco, este último tem um coto com marcas radiopacas.
Tais procedimentos podem ser realizados no centro cirúrgico ou na sala de hemodinâmica, por um
cirurgião vascular ou radiologista intervencionista. Durante o reparo endovascular, existe um risco potencial de conversão para o reparo aberto. Portanto, se o procedimento for realizado fora do centro cirúrgico, este setor deverá ser equipado para a realização da cirurgia ou deverá haver facilidades para o
deslocamento do paciente para o centro cirúrgico e sempre com um cirurgião de sobreaviso.
As complicações relacionadas ao implante de endopróteses vêm diminuindo com o avanço
tecnológico e com a maior experiência do operador.
Anestesia para implante de endopróteses vasculares
Figura I - Tipos de endopróteses
Indicações
Nem todos os AAA são considerados apropriados para a técnica endovascular. Os dois
critérios anatômicos empregados são: o comprimento do colo proximal do AAA (região entre a
artéria renal mais inferior e o aneurisma) de no mínimo 15 mm e se o acesso for pela artéria femoral,
ela deverá ter um diâmetro maior que 7,7 mm e livre de doença oclusiva significante. Se a artéria
ilíaca for utilizada, deverá estar livre de tortuosidade e de excessiva calcificação.
Com o avanço tecnológico das endopróteses, os critérios de elegibilidade estão sendo ampliados.
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Medicina Perioperatória
Figura II – Endoprétese aórtica infra renal: A-introdução de fio guia, B-passagem da endoprótese,
C- disparo da endoprótese, D-fixação proximal através de dispositivo âncora, E- inserção da parte
modular ilíaca, F- aspecto final
Figura III - Implante de endoprótese aórtica infrarenal
Vantagens
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O tratamento endovascular dos AAA tém mostrado inúmeras vantagens: menor perda sanguínea, menor tempo de internação na UTI assim como hospitalização. As complicações associa-
Considerações pré operatórias
Os pacientes submetidos a tratamento endovascular devem ter o mesmo tipo de avaliação préanestésica que os da cirurgia convencional. Geralmente, apresentam co- morbidades freqüentes como
hipertensão arterial, coronariopatia, insuficiência renal, diabetes, doença cerebrovascular e doença
pulmonar e tabagismo. Mesmo sendo minimamente invasivo, não é isento complemente de riscos. É
importante verificar os fatores de risco mais envolvidos num aumento da morbi-mortalidade
perioperatória como idade avançada, disfunção cardíaca, pulmonar e renal. Pode ocorrer grande
perda sanguínea, e tem um risco potencial para converter em laparotomia. Portanto, os pacientes
submetidos a tratamento endovascular deverão estar otimizados em relação a sua condição clínica,
realizarão os exames complementares que se fizerem necessários e deverão ter reserva sanguínea.
Monitorização
Além da monitorização básica com cardioscópio, oxímetro de pulso, é necessário pressão
arterial invasiva para monitorização contínua da pressão arterial e pressão venosa central para
detectar mudanças agudas na pré carga e infusão de drogas vasoativas. O cateter de artéria pulmonar poderá ser utilizado se a condição clínica do paciente exigir (função ventricular diminuída ou
insuficiência renal). A ecocardiografia transesofágica pode ser útil nos casos de AA descendente
para melhor determinar a anatomia dos vasos do arco aórtico.
Devem ser puncionados acessos de grosso calibre devido ao risco de ruptura de aorta
com conversão para laparotomia imediata e necessidade de grande e rápida reposição
volêmica.
Monitorização do débito urinário e da temperatura também devem ser realizadas. Apesar de não haver exposição de víscera, os procedimentos endovasculares podem ter uma
duração prolongada, líquido a uma baixa temperatura pode ser empregado para lavagem dos
cateteres, assim como para múltiplas injeções do contraste, podendo dificultar a manutenção
de normotermia.
Anestesia para implante de endopróteses vasculares
das ao reparo endovascular são locais, menos severas e podem ser tratadas no momento do procedimento ou com o paciente não hospitalizado (problemas na ferida da região inguinal ou injúria
arterial). Complicações associadas ao reparo aberto são sistêmicas e mais severas como: infarto
agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva, pneumonia, insuficiência renal, AVC ou
paraplegia. O procedimento endovascular está associado a uma menor resposta metabólica ao
trauma, caracterizada por menores níveis de catecolaminas, cortisol e insulina que a técnica convencional. As mudanças do status ácido básico são maiores no reparo aberto que o endovascular.
Tais efeitos são vantajosos em pacientes com doenças cardiovasculares. Além disso, no reparo
endovascular observa-se uma maior estabilidade hemodinâmica.
Outras vantagens são melhor função pulmonar no pós-operatório e menor necessidade de
analgesia. Devido a natureza localizada do procedimento, pode ser realizado sob anestesia regional
ou sedação venosa com anestesia local como alternativa a anestesia geral.
Técnica anestésica
O procedimento endovascular para AAA tem sido realizado com sucesso através de uma
variedade de técnicas anestésicas, incluindo anestesia geral, anestesia regional ou anestesia local e
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sedação intravenosa. A influência da técnica anestésica sobre a sobrevida após o reparo endovascular
não foi elucidada. Existem circunstâncias específicas em que uma técnica é preferível em relação à
outra. Os pacientes com doença reativa de vias aéreas se beneficiam da anestesia regional. A
anestesia geral pode ser requerida de acordo com a localização da incisão cirúrgica, duração do
procedimento, presença de coagulopatia ou preferência do paciente.
Medicina Perioperatória
Anestesia geral
As vantagens da anestesia geral são: imobilidade do paciente que é necessária durante períodos críticos de posicionamento radiológico do stent; conforto, pois o procedimento pode durar
mais de 4 horas, dependendo da experiência do operador, sendo que alguns pacientes não conseguem permanecer em decúbito dorsal por períodos longos de tempo. Quando for necessário
ecotransesofágico no intraoperatório para avaliar a função ventricular ou a patologia aórtica a anestesia
geral também poderá ser necessária. Dependendo da curva de aprendizado da equipe endovascular
e da taxa de conversão para o reparo aberto, a anestesia geral pode ser preferida à anestesia
regional. Durante a ruptura aguda aórtica com hemorragia maciça, a conversão de emergência para
anestesia geral pode ser problemática. Em muitas instituições, o procedimento é realizado sob
anestesia geral até obter um tempo razoável de duração do procedimento e um baixo risco de
complicações cirúrgicas.
Em relação a escolha das medicações, ela se baseará na função cardíaca do paciente. Aqueles
com boa função cardíaca toleram os efeitos depressores dos anestésicos halogenados e venosos com
apropriado mecanismos compensatórios. Geralmente, a técnica anestésica consiste numa técnica com
baixas doses de agentes inalatórios e venosos. Não é necessário o emprego dos bloqueadores
neuromusculares. Se não houver contra indicação, pode ser empregada a máscara laríngea.
Estudos retrospectivos não randomizados, mostraram que a anestesia geral está associada a
mais episódios de hipotensão, aumento dos requerimentos de fluidos e aumento do uso de inotrópicos
quando comparada a anestesia regional ou local. Porém as taxas de mortalidade e morbidade
cardiopulmonar são semelhantes quando as diferentes técnicas anestésicas são empregadas.
Anestesia regional
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A anestesia regional costuma ser a técnica anestésica mais empregada para o reparo
endovascular do AAA, procedimento minimamente invasivo, porém de alto risco. As várias técnicas empregadas com sucesso são: raquianestesia, peridural, raqui-peridural combinadas, peridural
ou raquianestesia contínua.
O nível do bloqueio sensorial para o procedimento é T10, o que causa pequenas alterações
hemodinâmicas. Como o nível do bloqueio é baixo, não há a desvantagem de controle hemodinâmico
difícil num paciente com sangramento e simpatectomia alta ou a sobrecarga de fluidos pós operatório quando o bloqueio cessa.
A prevenção do stress associado a intubação traqueal e ventilação mecânica em pacientes
com doença cardíaca e pulmonar severa é uma vantagem da técnica regional. A melhor função
pulmonar no pós- operatório é característica da anestesia regional. Assim como menores níveis de
catecolaminas que a anestesia geral.
Algumas desvantagens da anestesia regional são: desconforto do paciente devido a posição
na mesa cirúrgica durante um procedimento longo, desconforto para puncionar os acessos venosos
e arterial e risco de converter para anestesia geral.
Nas técnicas regionais, deve-se ter ciência que durante o procedimento endovascular é necessária anticoagulação sistêmica e as suas consequências devem ser consideradas.
A heparina endovenosa frequentemente usada no intraoperatório de procedimentos
endovasculares na dose de 5000 a 10000 U IV não é considerada contra indicação para a realização prévia de bloqueios no neuroeixo ou regionais. Liu et al, em 1998, publicou um grande estudo
demonstrando não haver um risco significativo entre heparinização sistêmica e técnicas regionais.
Nenhum hematoma espinhal foi registrado em 4000 pacientes que receberam anticoagulação
intraoperatória de anestesia espinhal. As recomendações atuais para os bloqueios de neuroeixo e
administração de heparina são:
1- evitar em pacientes com coagulopatias, 2- a administração de heparina deverá ser retardada 1 hora após o bloqueio regional, 3-cateteres neuroaxiais deverão ser retirados 2 a 4 horas
depois da última dose de heparina com avaliação do perfil de coagulação, 4- os pacientes deverão
ser monitorados no pós- operatório para sinais e sintomas de hematoma (função neurológica), 5embora ocorrência de punção com saída de sangue, (50% dos casos de hematoma espinhal estão
associados a punções sanguinolentas) ou dificuldade técnica de realização de bloqueio possam
aumentar o risco, não há suporte na literatura de cancelamento do caso, mas o bom senso e o
julgamento clínico assim como a discussão com a equipe cirúrgica estão indicados.
Agentes antiplaquetários
Antiinflamatórios não hormonais e aspirina
Os efeitos da aspirina têm a duração da vida das plaquetas (7 a 10 dias), enquanto os AINS
(antiinflamatórios não esteróides) têm uma duração de ação menor de, aproximadamente, 3 dias.
Os inibidores da COX-2 não interferem com a agregação plaquetária. Os AINS isoladamente não
aumentam, significativamente, o risco de hematomas espinhais, mas podem aumentar esse risco
quando associados a outros anticoagulantes. De acordo com as diretrizes da Sociedade de anestesia
regional americana, não há contra indicação de realizar bloqueio espinhais em pacientes utilizando
aspirina ou AINS isoladamente.
Anestesia para implante de endopróteses vasculares
Heparina intravenosa
Ticlopidina e Clopidogrel
Esses medicamentos exercem seus efeitos pela inibição da agregação plaquetária primária e
secundária induzida pela difosfato de adenosina, interferem com a ligação fibrinogênio-plaquetas e
as interações plaquetárias. Não há estudos na literatura sobre a associação desses agentes e bloqueios centrais, porém as recomendações são: suspensão da ticlopidina por 14 dias e do clopidogrel
por 7 dias antes da anestesia no neuroeixo.
Cuidado anestésico monitorado – anestesia local com sedação
O reparo endovascular de AAA pode ser realizado com sucesso sob anestesia local e sedação
intravenosa. Este tipo de técnica pode ser realizada principalmente em pacientes com comorbidades
significantes: doença coronariana, pulmonar, diabetes, insuficiência cardíaca entre outras.
Inadequada analgesia pode causar elevação das catecolaminas.
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Titulação de doses de benzodiazepínicos com ou sem infusão contínua de propofol ou
opióides é a técnica mais empregada. A anestesia local fornece uma grande estabilidade
hemodinâmica, demonstrada pelo menor uso de agentes inotrópicos quando comparada com
outras técnicas.
Nos casos de anestesia regional ou de anestesia local é importante que a equipe cirúrgica comunique imediatamente uma complicação maior que requeira imediata conversão para
cirurgia aberta, para que a anestesia possa ser convertida o mais breve possível para anestesia
geral.
As desvantagens da anestesia local são semelhantes à da anestesia regional: desconforto do
paciente devido a posição na mesa cirúrgica durante um procedimento longo, desconforto para
puncionar os acessos venosos e arterial e risco de converter para anestesia geral.
Medicina Perioperatória
Particularidades do manuseio anestésico
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Na técnica endovascular o anestesiologista enfrenta alguns desafios: escolha do tipo de
anestesia, anticoagulação sistêmica, necessidade de hipotensão arterial durante a liberação da prótese
e quando houver complicação grave, conversão para a técnica aberta.
A anticoagulação é requerida durante o procedimento endovascular. Doses de heparina,
geralmente 5000 a 10000 U IV (100 U/kg), são necessárias para alcançar um Tempo de coagulação ativado (TCA) de 2 vezes o normal, aproximadamente 225 a 250 segundos. Se o procedimento for prolongado, heparina adicional deve ser dada para manter o TCA ao redor de 250 s.
Ao final do procedimento a heparina deverá ser revertida com protamina, a dose habitual é
de 1 mg de protamina para cada 100 U de heparina utilizada, ou de acordo com o TCA. Como a
heparina é rapidamente metabolizada, a quantidade de protamina requerida diminui com o tempo
depois da administração da heparina. Se passou-se 30 a 60 minutos, a dose de protamina deverá
ser reduzida para 0,5 a 0,75 mg/100 UI de heparina, e cerca de 0,25 mg/100 UI de heparina após
2 horas.
Se realizado sob anestesia peridural contínua, o cateter poderá ser retirado ao final do procedimento quando os níveis de TCA estiverem normalizados e o bloqueio sensorial e motor estiver
terminado.
Durante a liberação da prótese, períodos de hipotensão arterial são requeridos tanto para
aquelas autoexpansivas quanto para as que são dilatadas por balão. A hipotensão facilita ao cirurgião ou ao radiologista um correto posicionamento da prótese com mínimo fluxo sanguíneo para
produzir a migração distal da mesma. A imobilidade do paciente também é necessária para um
adequado posicionamento da prótese. Durante a dilatação com balão, a aorta é ocluída por um
período de 30 a 60 segundos, período extremamente menor que a duração do clampeamento da
aorta (30-60 minutos) nos procedimentos abertos.
As técnicas para produzir hipotensão durante a insuflação do balão devem alcançar
valores de pressão arterial de 60 a 70 mmHg. Entre as diferentes técnicas empregadas são:
bolus de propofol, infusão ou bolus de nitroglicerina ou nitroprussiato de sódio ou aumento da
fração inspirada de anestésico inalatório se anestesia geral estiver sendo utilizada. Uma dose
adicional de anestésico local pode ser administrada caso um cateter peridural tenha sido
posicionado.
O procedimento endovascular requer um acompanhamento das perdas sanguíneas e manutenção do volume intravascular com reposição precoce dos déficits perioperatórios. Com as gerações iniciais de bainha introdutória, significante perda sanguínea ocorria durante o posicionamento
e a manipulação do sistema. Com o desenvolvimento de melhores válvulas hemostáticas, essas
perdas sanguíneas vêm diminuindo.
Uma das circunstâncias mais críticas é a imediata conversão do procedimento endovascular
para a cirurgia convencional, devido a perfuração de artéria ilíaca ou femoral ou aorta pelos cateteres vasculares. Ruptura ou dissecção do aneurisma necessita laparotomia imediata. Se a prótese
ficar mal posicionada ocluindo artéria renal ou mesentérica, a correção aberta é necessária, para
evitar isquemia renal e mesentérica.
Embora a literatura possa recomendar que o pós- operatório de procedimento endovascular
sem complicações possa ser realizado fora da UTI, os pacientes em sua grande maioria permanecem no primeiro dia de pós operatório em uma unidade fechada. Os requerimentos analgésicos são
mínimos. Síndrome pós implante relacionada a uma resposta inflamatória sistêmica ao material
protético pode ocorrer e se manifesta com febre, leucocitose, aumento da proteína C reativa.
Geralmente o tempo de hospitalização é de 5 dias.
Complicações
Entre as complicações dos procedimentos endovasculares, pode ocorrer a ruptura do
aneurisma geralmente durante a liberação da prótese. Costuma ser catastrófica, necessitando
laparotomia. Enquanto prepara-se o material pode-se insuflar o balão do cateter de angioplastia
proximal ao provável sítio de ruptura, para permitir um certo controle no sangramento. Ruptura de artéria ilíaca também pode ocorrer e o difícil acesso a ela pode tornar seu reparo trabalhoso.
Pode ocorrer mal posicionamento, deslocamento do stent podendo levar a isquemia de
vísceras. Paraplegia ocorreu em alguns casos mesmo em AAA infra renais, atribuído a
ateroembolização da medula espinhal.
Eventos embólicos podem ocorrer secundários ao deslocamento de placas ateroescleróticas
da aorta ou embolia aérea pela presença de ar nas injeções de contraste.
Uma complicação que pode ocorrer é a falha de excluir totalmente o AAA do sistema arterial. O persistente fluxo sanguíneo para dentro do saco aneurismático é chamado de endoleak e
pode resultar em dilatação do aneurisma e uma possível ruptura. Portanto, pacientes com endoleak
de prótese devem ser acompanhados a longo prazo.
Problemas de cicatrização na região inguinal se devem a múltiplas e prolongadas manipulações para o reparo endovascular
Há o potencial para injúrias sistêmicas, como infarto do miocárdio, AVC, IRA pelo contraste
iodado entre outras.
Anestesia para implante de endopróteses vasculares
Cuidados pós-operatórios
Conclusão
Embora pareça a curto prazo que o tratamento endovascular possa ser mais vantajoso que o
aberto, estudos controlados comparando as duas técnicas a longo prazo ainda não existem.
É possível que com a técnica endovascular aneurismas menores que 5 cm assim como pacientes que não eram candidatos a cirurgia aberta possam se beneficiar deste procedimento minimamente invasivo, porém não isento de riscos.
495
Procedimentos endovasculares sobre a carótida
Técnica cirúrgica
Medicina Perioperatória
Este procedimento se realiza através de uma punção percutânea da artéria femoral na região
inguinal, com colocação de uma bainha por onde se introduz um guia metálico até a artéria carótida.
Este guia serve para a introdução de um cateter de angioplastia com um balão posicionado na sua
ponta. Com a dilatação do balão se comprime a placa ateroesclerótica contra a parede do vaso e
libera-se um stent (prótese de malha metálica) para manter a artéria aberta. Durante as angioplastias
de carótida, é posicionado um sistema de proteção cerebral temporário na forma de filtro entre a
lesão e o cérebro para capturar coágulos e pedaços da placa ateroesclerótica deslocados durante
a liberação do stent, que poderiam potenciamente causar AVC.
Figura IV - Angioplastia de carótida
com implante de stent
Figura V - Filtro de proteção
cerebral posicionado durante
angioplastia
Figura VI - Filtro de proteção
496
Figura VIII -Stent
Figura IX - Angioplastia de artéria carótica com implante de stent
É necessário a anticoagulação sistêmica com heparina na dose de 100 U/kg, geralmente 5000
a 10000 UI por via endovenosa, sendo acompanhada pelo Tempo de Coagulação Ativado (TCA).
Dependendo da duração do procedimento, a heparina poderá ser revertida com protamina.
A protamina é uma substância alcalina, de baixo PM, extraída do esperma de salmão. Ao combinar-se com a heparina, forma um complexo estável removível pelo retículo endotelial sarcoplasmático.
A dose usualmente necessária para o antagonismo é de 1mg de sulfato de protamina para cada
100UI de heparina circulante, estimada pelo TCA e infundida lentamente (10 min). Protamina administrada em excesso (em relação à heparina circulante) pode interagir com plaquetas e fibrinogênio
e ter efeito anticoagulante. As reações alérgicas e efeitos cardiovasculares da protamina podem ser
graves, principalmente em pacientes diabéticos controlados com insulina NPH.
Anestesia para implante de endopróteses vasculares
Figura VII - Cateter de angioplastia com stent
497
A protamina deverá ser feita lentamente devido a possibilidade de hipotensão arterial com a
infusão rápida.
Ao término do procedimento a bainha introdutória deverá ser retirada com uma compressão
local de 20 a 30 minutos da artéria femoral. O paciente deverá permanecer com o membro, no qual
foi introduzida a bainha, imóvel por 6 horas. Na retirada da bainha, alguns pacientes podem desencadear manobra vagal. Atualmente existem dispositivos de oclusão como o angioseal que não
necessitam de compressão local, podendo o paciente movimentar o membro 1 hora após o término
do procedimento.
Indicações
Pacientes com graves patologias associadas, que são considerados de risco para a técnica
convencional, como doença pulmonar, cardíaca severas; que se submeteram a radioterapia na
região cervical; ou a cirurgia prévia de endarterectomia que não obteve o resultado desejado são
candidatos a angioplastia de carótida.
Medicina Perioperatória
Considerações pré operatórias
Estes pacientes devem ter o mesmo tipo de avaliação pré anestésica caso fossem submetidos
ao procedimento convencional.
Técnica anestésica
Este procedimento pode ser realizado sob anestesia local na região inguinal e uma leve sedação
intravenosa. É importante a manutenção de um adequado nível de consciência no perioperatório
para a detecção precoce de qualquer tipo de complicação neurológica que porventura possa ocorrer. Entre as drogas mais empregadas para esta sedação estão os benzodiazepinicos e os opióides.
Os agonistas alfa adrenérgicos (clonidina e dexmedetomidina) podem agravar a bradicardia e a
hipotensão que ocorrem em aproximadamente 35% dos casos durante a dilatação com balão.
Monitorização
A monitorização consiste no cardioscópio, oximetria de pulso e pressão arterial invasiva. A
PAM pode ser obtida através de transdutor de pressão acoplado a uma das vias da bainha introdutória
na artéria femoral, semelhante a técnica da cineangiocoronariografia.
Vantagens
Menor tempo de hospitailzação, retorno mais rápido as atividades.
É menos invasivo, podendo ser um tratamento alternativo nos pacientes de grande risco de
complicação nas cirurgias convencionais de carótida.
Não necessita de anestesia geral para a sua realização.
Particularidades anestésicas
498
Durante a angioplastia com dilatação com balão, é muito freqüente ( em torno de 33% dos
Cuidados pós operatórios
Estes pacientes permanecem nas primeiras 24 horas em unidades de terapia intensiva. Devem ser acompanhados com exame da região inguinal, para verificar hematomas e com a palpação
dos pulsos periféricos para a detecção de qualquer alteração devido a embolismo, compressão por
hematoma ou lesão devido a manipulação durante o procedimento de artérias, causando isquemia
nos membros inferiores.
Conclusão
Anestesia para implante de endopróteses vasculares
casos) a ocorrência de bradicardia, queda da freqüência cardíaca > 50% ou freqüência cardíaca <
40 bpm, algumas vezes chegando a assistolia. No trabalho de Cayne et al comparou o uso de
atropina profilática de rotina antes da dilatação com balão com um grupo não profilático, isto é
administrada quando bradicardia sintomática ocorresse. Verificou-se que a administração profilática
de atropina antes da insuflação com balão durante a angioplastia de carótida, diminui a incidência
de bradicardia intraoperatória e da morbidade cardíaca (IAM e ICC). Portanto, a recomendação
atual é administrar atropina em todos os pacientes antes da dilatação com balão.
É comum também a ocorrência de hipotensão arterial (Pressão sanguínea sistólica <90 mm
Hg ou PAM < 50 mm Hg) após a angioplastia com dilatação do balão e implante do stent devido à
estimulação de baroreceptores carotídeos tratada com volume ou vasopressores (fenilefrina ou
efedrina). Pode ocorrer também casos (11%) de hipotensão prolongada por até 36 horas no pósoperatório, necessitando de suporte de vasopressores, sem estar associado com aumento da
morbidade cardíaca.
A realização de angioplastia de carótida (CAS) com colocação de stent está associada a uma
maior incidência de eventos neurológicos no intraoperatório relacionado ao cateterismo e dilatação
com balão mesmo com o emprego de um filtro de proteção cerebral quando comparada com a
técnica convencional (EAC). A incidência de AVC durante o procedimento é de 7,9% nos casos de
CAS comparada a 2,6% nos de EAC. A técnica endovascular está associada a 8 vezes maior taxa
de microembolização do que a endarterectomia.
Na avaliação a médio prazo (36 meses) a taxa de reestenose da CAS é de 6,4% comparada
a 7,9% da EAC.
Ambos os tipos de tratamento, endarterectomia e angioplastia, têm demonstrado ser efetivos
com um alto incide de êxito, com baixas taxas de complicação, mantendo sua efetividade a longo
prazo. A angioplastia é um método em evolução e desenvolvimento.
Procedimentos sobre artérias periféricas (femoral, ilíaca, renal, subclávia)
Técnica cirúrgica
Estes procedimentos se realizam através de um acesso vascular arterial e os mais comumente
utilizados são via femoral, braquial ou axilar. A punção percutânea da artéria femoral na região
inguinal é a mais utilizada pela facilidade de punção (maior diâmetro do vaso) e de compressão para
hemostasia após a retirada dos cateteres. Após a punção arterial introduz-se um guia metálico para
a colocação de uma bainha introdutora (Técnica de Seldinger). Este guia é avançado até o local
desejado e dá suporte para a introdução de um cateter de angioplastia com um balão posicionado
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na sua ponta. Com a dilatação do balão por um tempo de 30 segundos a 3 minutos se comprime a
placa ateroesclerótica contra a parede do vaso e libera-se um stent (prótese de malha metálica)
para manter a perviedade da artéria. O stent pode ser auto- expansivo ou expansivo por balão.
Após a punção da artéria, segue-se a heparinização sistêmica na dose de 5000 a 10000 U
IV. Para a retirada da bainha ao final do procedimento pode ser necessária a reversão com protamina,
nas doses descritas anteriormente
Medicina Perioperatória
Figura X - Angioplastia com implante de stent
500
Indicações
Angioplastia de artéria femoral superficial ou ilíaca deve ser realizada com muito critério. As
estenoses arteriais devem ser curtas e o paciente deve apresentar isquemia crítica ou claudicação
limitante. Na maioria dos casos deve ser considerada como tratamento paliativo ou associado a
revascularização proximal ou distal ao ponto de estenose.
Quando existir lesão bilateral das artérias ilíacas, junto a bifurcação da aorta, são empregados 2 cateteres com balão que devem ser insuflados ao mesmo tempo “kissing ballon”, para
impedir que com a remodelação arterial, material ateroesclerótico deslocado oclua o óstio arterial
contra lateral.
Quanto menor o diâmetro do vaso, menor a durabilidade da angioplastia. Por isso, as
angioplastias de vasos da perna são raramente indicadas, a não ser em lesões anatomicamente
favoráveis. Daí os piores resultados das angioplastias nos segmentos femoro-poplíteos e infrapoplíteos em relação ao segmento ilíaco-femoral.
As indicações para angioplastia renal são as mesmas da revascularização: preservação ou
melhora da função renal e controle da hipertensão reno-vascular. Os melhores resultados ocorrem nas angioplastias arteriais das anastomose de rins transplantados e nas lesões que se iniciam
além do óstio renal. O sucesso técnico ocorre em mais de 85% dos casos, mas a melhora da
hipertensão e da função renal são alcançados em 50% e 37% , respectivamente.
Figura XII - Angioplastia de artéria renal com implante de stent
Anestesia para implante de endopróteses vasculares
Figura XI - Angioplastia com implante de stent em artéria femoral
A angioplastia de artéria subclávia apresenta bons resultados a curto prazo (sucesso >90%),
porém não há acompanhamento a longo prazo. As melhores indicações são as estenoses ou oclusões
que se iniciam 5 mm ou mais do óstio da artéria subclávia em pacientes de alto risco. A embolia
cerebral é a complicação mais temida durante o procedimento.
Técnica anestésica
Estes procedimentos podem ser realizados com anestesia local e sedação intravenosa. Entre os
agentes mais frequentemente utilizados estão: benzodiazepínicos, opióides, propofol em bolus ou infusão contínua e agonistas alfa 2 adrenérgicos (clonidina ou infusão contínua de dexmedetomidina).
501
Medicina Perioperatória
Figura XIII - Angioplastia com implante de stent em artéria subclávia
Complicações
Complicações locais: Trombose, sangramento, pseudoaneurisma, disseção e fístula
artériovenosa, embolia, infecção no local de entrada.
Complicações relacionadas ao stent como: migração, trombose, expansão inadequada ou
ruptura arterial. Entre as complicações tardias estão a hiperplasia intimal causada pela presença do
stent e trombose do segmento pela progressão da doença.
Reação ao contraste iodado: a incidência de reações adversas ao contraste ocorre na população em geral em torno de 5%. Elas podem ocorrer logo após a injeção ou mais tardiamente. O
tratamento das reações mais leves pode ser feito com antihistamínicos (difenidramina na dose de
25-50 mg IV ou IM). As reações mais severas devem ser tratadas com adrenalina 0,1 a 0,2 ml da
solução 1:1000 por via IV em intervalos de 1 a 3 minutos até a melhora. Pode ser necessária a
administração de corticóides ou até mesmo reanimação cardiopulmonar. Os contrastes podem
ser:iônicos (alta osmolaridade) ou não iônicos (baixa osmolaridade). Os contrastes não iônicos
estão associados a menos paraefeitos e reações alérgicas.
Insuficiência renal pós contraste iodado: Pode ocorrer em pacientes expostos a uma grande
quantidade de contraste iônico ou que sejam mais susceptíveis a lesão renal pelo contraste como
pacientes diabéticos, com função renal limítrofe ou pacientes com insuficiência renal crônica compensada. Nestes casos, é aconselhável a administração de acetilcisteína VO 600 mg 12/12 horas
nos 3 dias que antecedem ao procedimento.
Conclusão
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Ainda não há ensaios clínicos controlados sobre o resultado a longo prazo das angioplastias
e emprego de stent comparado a cirurgia de revascularização. Deve-se lembrar que o paciente
candidato a angioplastia e colocação de stent deve ser tratado visando a melhora da perfusão a
longo prazo e não a melhora da angiografia.
A angioplastia com implante de stent vem se impondo como método complementar ou alternativo em diversas situações clínicas, principalmente em casos cujo tratamento cirúrgico é considerado de alto risco.
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Anestesia para implante de endopróteses vasculares
Referências Bibliográficas
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