embalagem – elemento estratégico na comunicação de produtos e

Propaganda
EMBALAGEM – ELEMENTO ESTRATÉGICO NA COMUNICAÇÃO DE
PRODUTOS E MARCAS
PACKAGING - STRATEGIC ELEMENT IN COMMUNICATION PRODUCTS AND
BRANDS
Flávio Augusto dos Santos - [email protected]
Julio César Sgarbi- [email protected]
Luiza dos Santos Oliveira - [email protected]
Tatiane Giacomini dos Santos - [email protected]
RESUMO
A importância da embalagem na era moderna é inquestionável, pois além de
contribuir para preservação, distribuição e comercialização dos produtos destaca-se
como um dos principais meios de comunicação de uma marca ou produto, refletindo
diretamente na economia e no comportamento da sociedade. Tal notoriedade tem
sido alcançada devido ao advento dos supermercados, cuja comercialização é
viabilizada pelo fracionamento de produtos em embalagens individuais. Estas têm se
despontado com alta eficiência quando se quer conquistar mais clientes, ampliar as
vendas e negócios empresariais; visto que,desempenha papel fundamental na
maneira em que o cliente percebe o produto, causando impacto direto no
desempenho destes no mercado,nos resultados da empresa e consequentemente
influenciando na imagem e valor da marca.Diante disso,este artigo apresenta
através de pesquisa bibliográfica exploratória, os vários elementos que compõem as
embalagens e a importância da mesma no processo de persuasão e produção de
estímulo para as compras,destacando o papel de comunicação.
Palavras-chaves: Embalagem. Estratégia de embalagens. Produtos. Comunicação
ABSTRACT
The importance of packaging in modern times is unquestionable, as well as
contributing to the preservation, distribution and marketing of products stands out as
a major means of communication of a brand or product directly reflected in the
behavior of the economy and society. This reputation has been achieved due to the
advent of supermarkets, whose marketing is made possible by the fractionation of
products in individual packages. These have emerged with high efficiency when it
wants to win more customers, expand sales and business affairs, since, plays a key
role in how the customer perceives the product, causing a direct impact on the
performance of the market, the company's results and consequently influencing the
image and value of mark. Against addition, this article presents a bibliographical
research through the various elements that make up the packaging and the
importance of it in the process of persuasion and production incentive for shopping,
highlighting the role of communication.
Keywords: Packaging. Packaging strategy. Products. communicatio
INTRODUÇÃO
A globalização tem acirrado o nível de competição empresarial levando as
empresas a repensarem suas estratégias de marketing, comporem melhor o seu mix
de produto e a usufruírem mais do potencial mercadológico das embalagens no
intuito de alcançar a satisfação do seu público consumidor.
Tal fato fez com que os segmentos de embalagens em geral, passassem por
processos evolutivos através de inovações tecnológicas, de materiais, de processos
ou de equipamentos, que se estende até os dias de hoje. Isto tem motivado a
diferenciação e a rápida obsolescência dos produtos , mas também proporcionado
soluções que atendem aos requisitos de novos produtos, ou
melhorias no
desempenho dos já consagrados no mercado.
O projeto de embalagem quando desenvolvido adequadamente agrega valor,
promove e define o posicionamento da empresa ou produto no segmento atuante.
Neste aspecto, o design aplicado ao desenvolvimento de embalagens é um
grande aliado, através dele é possível evidenciar no produto a diferenciação através
de um valor adicional, seja na conservação do produto, na facilitação do seu uso, na
preservação do meio-ambiente através da seleção e aplicação de materiais
adequados ou atribuindo a esta embalagem uma segunda utilidade.
Devido sua capacidade de comunicação e inserção de um produto no
mercado é também imprescindível que ao ser elaborada, as embalagens contenham
todas as informações acerca da utilização, instruções e identificação do produto. O
rótulo, neste caso, cumprirá esta função e dará identidade ao produto.
Logo, nota-se que a embalagem influencia o psicológico humano e se
caracteriza no ponto de venda como instrumento de comunicação que tem a função
de chamar a atenção do consumidor e incentivar a compra do produto através do
estímulo proporcionado pelas soluções de design nela aplicadas, com isso, estes
impulsos se transformam em desejo de compra no momento da escolha, as compras
são motivadas pelo valor que o consumidor atribui ao produto, este pode ser a partir
de um sentimento relativo à percepção visual no momento da escolha e esta
percepção pode ter base estética, simbólica ou obtida pelo uso do produto.
Este artigo pretende levantar aspectos relevantes sobre as embalagens em
seu contexto histórico, bem como, ressaltar sua importância na utilização das
mesmas como elemento estratégico na comunicação de produtos e marcas
1.
METODOLOGIA
As informações colhidas e analisadas tiveram base em um conjunto de
relatórios sistemáticos que apresentaram dados relevantes sobre o tema e em
pesquisas exploratórias nos diversos referenciais bibliográficos a fim de levantar
informações preliminares atualizadas. Consciente dos limites e do objetivo do estudo
buscou-se a elaboração de um documento teórico com enfoque prático. O
cruzamento das informações envolvidas possibilitou melhor conhecimento, registro
amplo sobre o assunto estudado.
O universo da pesquisa correspondeu às diversas embalagens utilizadas por
empresas brasileiras.
2.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS EMBALAGENS
A embalagem sempre esteve presente na vida humana e foi evoluindo
tecnicamente e conceitualmente conforme as necessidades e complexidade da
sociedade que mudava. (MESTRINER, 2007).
Segundo Negrão e Camargo (2008), a embalagem surgiu por volta de 2200
anos a.C. Inicialmente, era utilizada funcionalmente para embalar, envolver e
proteger o produto, tanto para transporte, quanto para conservação e preservação
das características intrínsecas do mesmo.
A distância de produção e o consumo provocado pela separação entre o
campo e a cidade contribuíram para as primeiras fases de desenvolvimento e
posterior avanço qualitativo em virtude das funções desempenhadas pelas
caravanas e navegações, cuja distância exigia embalagens mais resistentes e que
mantivessem a integridade dos produtos. (MESTRINER, 2007)
Durante vários séculos, a embalagem foi produzida artesanalmente, porém,
com a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII, a produção passou a ser em
grande escala exigindo mais e melhores embalagens, motivando o surgimento de
novos materiais como a folha-de-flandres e o papel cartão. (MESTRINER, 2007)
Já no Brasil, seu desenvolvimento começou um pouco mais tarde, mais
precisamente em 1808 com a vinda da família real e da corte portuguesa ao Brasil.
A permissão de Dom João VI para a o funcionamento de fábricas e
manufaturas no Brasil e a abertura dos portos para negociações amistosas com o
objetivo de promover a importação e exportação de produtos levou ao surgimento
das primeiras fábricas de embalagens no país.
A produção em larga escala, o surgimento de novos materiais, aliados à
tecnologia de impressão em cores e os novos equipamentos de produção e envase,
deram início a competição no mercado de fabricantes. A combinação destes fatores
fez surgir à primeira função mercadológica da embalagem, onde a mesma passou a
ser embelezada e atrativa para vender mais. (MESTRINER, 2007)
Com o surgimento das lojas de auto serviço após a II Guerra Mundial, a
embalagem ganha outra função além de acondicionar e de proteger o produto, a de
se auto vender, pois até então a grande maioria das embalagens de produto nem se
quer trazia o próprio nome.
As primeiras embalagens identificavam produtos basicamente por meio de
sua forma, isto é, não continham nomes, indicações de origem, imagens ou
de outros recursos visuais. Os rótulos de pano surgiram no século XV e os
de papel na virada do século XVIII para o XIX. (GOBE et. al., 2011, p. 105)
Mestriner (2007) afirma, que o advento dos supermercados, fez acontecer à
maior revolução das embalagens: gerou a embalagem moderna que consolidou o
início dos conceitos adotados hoje, introduzindo transformações e alterando o antigo
comércio varejista.
Gobe et al (2011) ressalta que até meados dos anos 1900 as relações
comerciais de compra e venda entre consumidores e comerciantes baseavam-se na
confiança, porém, o surgimento de produtos pré-embalados representados por
alguma marca, fez com que, os consumidores apoiassem
na aparência dos
produtos e não mais na confiança do comerciante.
De acordo com Mestriner (2007), a substituição da compra mediada pelo
balconista para a de auto – serviço obriga a embalagem a se encarregar das
funções de se apresentar, explicar e vender o produto desencadeando verdadeira
revolução no design e comunicação aplicados à embalagem.
.
2.1
CONCEITO DE EMBALAGEM
De acordo com o decreto-lei 986/1969, embalagem é qualquer forma utilizada
para acondicionar, guardar, empacotar ou envasar os produtos.
Já alguns dicionários a definem de forma generalizada, utilizando a linguagem
comercial entendida por sua característica funcional: enfardar, encaixotar,
empacotar, acobertar.
Uma embalagem é um recipiente ou envoltura que armazena produtos
temporariamente e serve principalmente para agrupar unidades de um
produto, com vista à sua manipulação, transporte ou armazenamento.
(WIKIPÉDIA,2012)
Segundo Negrão e Camargo (2008), além de proteger e transportar, a
embalagem informa, identifica e promove produtos e marcas.
2.2
TIPOS DE EMBALAGEM
De acordo com Moura e Banzato (1990), as três tipologias determinadas pelo
seu panorama histórico, proporcionaram o surgimento das embalagens
que se diferenciam em:
a) embalagens naturais: inicialmente as mãos em forma de concha para se
alimentar e beber, crânios de animais, chifres ocos e conchas grandes.
Com o tempo, os primeiros recipientes foram feitos de escamas, folhas,
peças ocas de madeira e peles de animais;
b) embalagens artesanais: cestos, fabricados por fibras vegetais calafetados
com resinas e argila; de areias moldadas, garrafas rústicas de vidro e
jarras.
c) embalagens industriais: embalagem para a venda de produtos de
consumo, estas marcaram a terceira fase das embalagens, que pode ser
subdividida em três fases: protetiva, ilustrativa e de venda.
2.3
CLASSIFICAÇÃO DAS EMBALAGENS
Segundo Negrão e Camargo (2008), as embalagens podem ser classificadas
de diversas maneiras, segundo suas finalidades, materiais, consumo, forma de
transporte, entre outras.
A classificação por níveis é a que classifica de acordo com as funções, em
primária, secundária, terciária, quartenária e de quinto nível. Conforme descritas
abaixo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) - RDC nº259 e por
Negrão e Camargo (2008).
a) nível primário: a resolução – RDC nº 259 da ANVISA, refere - se a esse
tipo de embalagem por envoltório primário, considerando essa embalagem
como a que está em contato direto com o produto. Tem como função
proteger e conservar o produto contra a contaminação. Exemplo: frasco de
xampu, hidratantes, caixa de ovos, bandeja de lasanha, caixa de leite;
b) nível secundário: é aquele que protege a embalagem primária, permitindo a
comunicação do produto com o consumidor. Sua função é reforçar a
proteção do produto durante o transporte e auxiliar em sua promoção.
Exemplo: caixa de lasanha, caixa de cereal, caixa de pasta de dente, o
fundo de papelão como unidades de caixa de leite envolvidas;
c) nível terciário: as embalagens de nível terciário contêm as embalagens de
nível secundário e primário e tem como função unificar as embalagens e
facilitar sua distribuição, protegendo o produto durante o transporte e
armazenagem. Exemplo: caixa de papelão, de madeira e plástico;
d) nível quaternário: são embalagens que facilitam a movimentação e a
armazenagem, qualquer tipo de contenedor. Exemplo: palete tipo gaiola;
e) embalagem de quinto nível: é a embalagem conteinerizada, ou embalagens
especiais para envio a longa distância.
Para Moura e Banzato (1990), as mesmas ainda podem ser classificadas :
a) Quanto á finalidade:
- embalagem de consumo: são embalagens que tem contado direto com o
consumidor;
- embalagem expositora: são embalagens que valorizam a apresentação dos
produtos nas gôndolas ou prateleiras;
- embalagem de distribuição física: são embalagens que viabilizam a proteção
dos produtos durante o transporte;
- embalagem de transporte e exportação: são aquelas que exercem a função
de proteger o produto nos diversos modais em que será transportada, seja
no processo industrial ou de estocagem.
b) quanto à movimentação:
- embalagem transportada manualmente;
- embalagem movimentada de forma mecânica;
c) quanto à utilidade:
- embalagem retornável;
- embalagem não retornável.
2.4
RÓTULOS
Gobe et. Al., (2011) afirma que rótulo é tudo aquilo que envolve uma
embalagem proporcionando a identificação do produto e que carregam em si um
nome de marca, logotipo e informações importantes sobre o produto e que assumem
importante papel cooperando com as embalagens na comunicação dos produtos.
Através do mesmo ser explicados termos, condições, perigos e advertência quanto
ao uso dos produtos.
Mestriner (2005b) relata que o rótulo surgiu com a finalidade de identificar os
produtos, no entanto, hoje constitui um importante fator de comunicação e
diferenciação; eles permitem vários suportes e diferentes técnicas de impressões,
sua vantagem é a disponibilidade de aplicações de todos recursos de design gráfico
e comunicação visual conhecidos, no entanto, o grande desafio é a ampliação do
seu espaço que comumente é reduzido.
Para Camilo (2011) a importância dos mesmos vai além de simples
identificação ou descrição de produtos, os rótulos são capazes de torná-los mais
competitivos, visto que, melhoram o gerenciamento nos estoques e são mais
adequados para seguir a categoria.
2.5
DISPOSITIVO DE ABERTURA E FECHAMENTO
Para Mestriner (2005b), as tampas e os dispositivos de abertura e fechamento
merecem igual atenção, porém, com estudo mais desenvolvido. Representam um
diferencial competitivo e estético capaz de colocar um produto de certa categoria à
frente da concorrência. A praticidade e conveniência são os benefícios básicos
valorizados pelo consumidor, no entanto, seus atributos vão além de sua
funcionalidade.
Os lacres e tampas precisam ser cuidadosamente planejados, pois
necessitam de atenção especial, uma vez que, se uma tampa não proporcionar a
vedação total à embalagem, esta pode acarretar a depreciação do produto, e
mesmo se só houver vazamento, mas se o produto não estiver estragado, mesmo
assim isto impedirá a compra ocasionando despesas extras à empresa
2.6
AMPLITUDE DAS EMBALAGENS
Além de sua capacidade de expressar o estágio de desenvolvimento
empresarial e social de um país, a embalagem exerce papel indispensável na
sociedade, visto que, sem ela muitas atividades mercantis e comerciais não
poderiam ser realizadas.
Mestriner (2005a) reforça que a embalagem exerce influência em diversos
âmbitos que dela usufruem, seu nível de abrangência é demonstrado pelas funções
que a mesma desempenha:
a) funções primárias: de conter, proteger e transportar;
b) econômicas : componente do valor e do custo de produção e de matériasprimas;
c) tecnológicas: através de sistemas de acondicionamento, novos materiais,
ou novos métodos de conservação de produtos;
d) mercadológicas: transmissão de informações, chamar atenção dos
consumidores; despertar desejo de compra e vencer barreira do preço;
e) conceituais: construir a marca do produto, formar conceito sobre o
fabricante, agregar valor significativo ao produto;
f) comunicação e marketing: principal oportunidade de comunicação do
produto, suporte de ações promocionais;
g) sociocultural: expressão da cultura e do estágio de desenvolvimento de
empresas e países;
h) meio ambiente: importante componente do lixo urbano gerador de
reciclagem de materiais.
2.6
ASPECTOS ERGÔNOMICOS DAS EMBALAGENS
Além dos inúmeros focos de estudo da ergonomia, esta se relaciona inclusive
com a ação do manejo, como: o ato de pegar, movimentar, manter, empunhar ou
acionar produtos. (GOMES,1995, p. 2)
É fundamental a observância dos aspectos ergonômicos relacionados ao
formato de embalagens para auxilia-las a exercer com precisão suas atividades
primárias de conter e prover acesso ao usuário.
Para Gomes (2003), alguns problemas ergonômicos relacionados ao
manuseio de lacres e dispositivos de fechamento de embalagens ou demais objetos
podem ser resolvidos pelo próprio design através da atribuição de texturas tanto nas
tampas ou no corpo das embalagens que proporcionam maior aderência à pega e
melhor manuseio.
Logo, o desenhista deve privilegiar os critérios que garantam a usabilidade
dos produtos e embalagens, devendo observar fatores como: incapacidade (físicas)
do usuário, posicionamento das articulações das mãos, aspectos que possibilitam a
redução do risco de acidentes, as texturas que proporcionem maior aderência às
mãos, cantos vivos (evitar), usuários destros e canhotos, diferenças sexuais,
dimensões (antropometria), idade, estereótipo e hábitos da população consumidora
do produto final. (RIO e PIRES, 2001).
3.
EMBALAGEM
ESTRATÉGICA:
UTILIZAÇÃO
COMO
INTELIGÊNCIA
COMPETITIVA
Muito além de simples invólucro, as embalagens são essenciais para o
estímulo das vendas e prospecção de uma marca e produto no segmento atuante.
Tal prerrogativa é reforçada por Mestriner (2005b) ao relatar que a
embalagem moderna desempenha papel fundamental na maneira em que o cliente
percebe o produto, causando impacto direto no sucesso ou insucesso do mesmo.
Para Mestriner (2007), a elaboração estratégica da embalagem preconiza a
utilização integral do sistema de embalagem da empresa, através da sistematização
de uma série de procedimentos e atividades em que todas as ações convergem para
um objetivo central.
A embalagem se transformou em um agente de branding dando sustentação
ao trabalho de construção da imagem da marca e do relacionamento com os
consumidores. (MESTRINER, 2007).
Mestriner (2007) ressalta que a embalagem atua como um diferencial para as
organizações, e que possibilita incorporar inovação aos componentes do design de
projetos, a fim de que o produto seja levado até o consumidor, conquiste e fidelize
sua preferência.
Não obstante, além de ser fator decisivo na competição de mercado, as
embalagens exercem impacto direto na performance do produto, por isso, alcança
importância estratégica nos negócios empresariais. Devendo ser cuidadosamente
planejada, visto que influencia o custo final do produto, seu desempenho na linha de
produção e a logística de distribuição. Por sua contribuição e impacto nos negócios,
a embalagem deixa de ser um simples insumo produtivo e torna-se um componente
estratégico e de comunicação publicitária direta aos consumidores. (MESTRINER,
2007)
No entanto, tais benefícios só são desfrutados, quando ocorre o rompimento
da tradicional linguagem de categoria (captando as vantagens estratégicas das
novas formas que conferem um dos principais atributos de personalidade ao
produto)
ou
inserindo
elementos
de
linguagem
visual
que
garantam
o
posicionamento estratégico do produto nas gôndolas. (MESTRINER, 2007).
É pertinente ressaltar, que o sucesso de ações estratégicas incorporadas à
embalagem, somente ocorrem, quando as embalagens atendem também as funções
primárias de conservar, conter e transportar.
Mestriner (2007) afirma, que a utilização da embalagem como estratégia de
mercado requer:
a) o distanciamento da commoditização;
b) a existência de um sistema de embalagem empresarial que desenvolva
ações integradas utilizando a embalagem como suporte para a conquista
de objetivos empresariais;
c) o monitoramento estratégico da matéria-prima e sua repercussão na
embalagem ofertada pela empresa;
d) a observação da escassez ou não de certa matéria-prima, possibilidade de
produtos substitutos, oportunidade de utilizar vários materiais na mesma
embalagem, condições de fornecimento e
possibilidade de parcerias
estratégicas.
3.1
POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DAS EMBALAGENS
De acordo com Mestriner (2005b), as embalagens também são capazes de
formar um cenário competitivo pela maneira em que são dispostas no mercado,
neste aspecto, elas podem ser posicionadas da seguinte forma:
a)
competindo na posição de líder: ocupam a posição de liderança, mas
evoluem com o mercado, o design das mesmas respeita os traços visuais
que caracterizam o patrimônio da marca;
b) posicionadas como rival do produto líder: é o produto que compete
diretamente com o líder da categoria e para que obtenha vantagens com tal
posicionamento precisa fazer uso de novas tecnologias, rótulos, recursos
de impressão, devendo sempre oferecer algum valor que o produto líder
ainda não oferece;
c) posicionamento intermediário: neste a embalagem deve ser dotada de
algum diferencial atrativo para chamar a atenção dos consumidores,
podendo sofrer alterações radicais em suas características, o que favorece
o máximo da criatividade e contribuição que o design pode oferecer;
d)
em competição com os produtos participantes: neste tipo de
posicionamento a embalagem insere o produto na competição; nele o
designer estuda a linguagem visual dominante das categorias e também
adota os mesmos componentes visuais , com isso ele amplia as chances
do produto ser escolhido.
3.2
DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGICA DAS EMBALAGENS
O desenvolvimento da estratégia de uma embalagem deve ser elaborado
levando em consideração os objetivos que a organização almeja obter através da
embalagem, seja para estabelecer-se no mercado, lançar novos produtos ou difundir
seus valores e crenças.
Para Mestriner (2005b), a montagem da estratégia das embalagens deve ser
composta dos quatro passos abaixo abordados, além de conter conceitos inéditos
para categoria em que o produto faz parte, detalhes e informações que subsidiarão a
estratégia:
a) definir o problema : é ter em mente os objetivos a serem alcançados com a
ação, e o motivo de sua utilização, neste aspecto, os principais motivos que
levam uma organização a elaborar estratégias são: tentativa de vencer
resistências no mercado através de novas embalagens; modernizar o
produto sem perder suas características históricas e criação de um novo e
original conceito de embalagens;
b) analisar as conclusões : explanar as conclusões obtidas em estudo de
mercado posterior, tais conclusões tornarão mais claras e fundamentadas
às estratégias. Neste passo, pode-se verificar se a categoria do produto
está muito uniformizada visualmente, ou se as embalagens da categoria
estão defasadas bem como se o produto que a empresa oferta está fora da
linguagem da categoria;
c) estabelecer as premissas básicas que deve compor o design da
embalagem: quais as informações e elementos visuais que precisam
constar nas embalagens;
d) formatar a estratégia de design: neste ponto, o talento do designer entra
em cena, e o mesmo é incumbido de propor a melhor solução para o
problema mediante os objetivos do projeto, de forma a
exceder as
exigências, promover a surpresa dos consumidores, superação dos
concorrentes promovendo abertura do produto no mercado.
4.
A EMBALAGEM: FERRAMENTA DO MARKETING NA DECISÃO DE
COMPRA
A embalagem apresenta importância inegável no composto de marketing dos
produtos de consumo, ela representa um eficaz canal de comunicação direta com os
consumidores, além de promoverem apoio aos produtos. Nela pode estar agregada
informações extras de interesse e utilidade ao consumidor, nos alimentos e bebidas
é comum a inclusão de receitas no verso das embalagens, já nos produtos não
alimentícios, podem ser inclusas dicas e instruções para melhor utilização e
obtenção de melhores resultados ao utilizar os produtos. A inclusão destas
informações deve ser feita de forma promocional destacando-se dos textos legais,
funcionando como um benefício extra que o produto oferece.
4.1
A COMPRA POR IMPULSO MOTIVADA PELAS EMBALAGENS
A compra por impulso é definida por Barracho (2001) como uma compra não
planejada, resultante de uma exposição a um estímulo e decidida no local. Já Blessa
(2005) a define como um processo decisório não planejado e extremamente rápido;
podendo ser a quebra de um padrão de compra habitual levada pela lembrança da
necessidade do produto ou pela bem sucedida exposição de um produto. A ciência
de tal fator tem sido objeto principal dos designers de embalagens, que buscam a
diferenciação das mesmas através de novos materiais, formatos, tecnologias e
essencialmente de cores para captar a atenção dos consumidores, assim estes,
direcionam a criação das novas estratégias, invólucros criativos e funcionais com a
finalidade de criar impulsos ofertando o máximo de opções ao consumidor e
favorecendo o aumento das vendas.
4.2
ESTRATÉGIAS DOS INVÓLUCROS NA COMUNICAÇÃO DE PRODUTOS E
MARCAS
As empresas que possuem vários produtos utilizam as embalagens para
promovê-los, dentre muitas, cita-se como estratégias mais utilizadas:
a) construção da imagem da empresa na embalagem: é uma forma de
valorizar a marca, depende do espaço na embalagem, esta ação pode ser
feita de forma permanente com outras mais direcionadas ao produto.
b) promoções combinadas: como o leve 3 e pague 2, estas criam alternativas
de reciprocidade e pode ser utilizada com várias combinações.
c) cupons de descontos: são ações eficientes na fidelização do consumidor e
representa uma forma interessante de recompensa ao consumidor.
d) brindes instantâneos – ação simples onde o consumidor recebe o brinde no
ato da compra, podendo ser inserido na embalagem
e) embalagens unitárias: possuem poder de atração, pois oferece valor ao
consumidor, valor de reutilizar as embalagens após o consumo do produto.
f) sampling: é a distribuição de amostras grátis , geralmente utilizada para
conquistar novos clientes e fazer com que eles experimentem seus novos
produtos.
g) relação cruzada com os produtos de outras empresas: troca de aval com
uma marca fazendo alusão ou propondo o produto de outras como
referencial em receitas.
CONCLUSÃO
Muito além de sua função básica de proteger os produtos, as embalagens têm
o poder de impelir o consumidor à aquisição de um produto. Por isso, o projeto da
embalagem deve ser voltado para a conveniência do consumidor, ter apelo de
mercado, boa acomodação nas prateleiras e possibilitar o ciclo de vida curto através
de materiais de fácil compostagem no meio ambiente.
Ao desenvolver ou planejar embalagens, torna-se essencial a consideração
dos aspectos ergonômicos a elas relacionados, pois estes contribuem para melhor
desempenho das mesmas no mercado, além de evidenciar o cuidado e respeito ao
homem através da adoção de tais parâmetros permitindo aos mesmos melhor
usabilidade dos produtos.
A embalagem além de ser um veículo publicitário direto e atuante, sugere o
nível de qualidade de seu conteúdo é discriminada por sua forma, cor e texto
fazendo com que a identificação do produto não seja feita somente por marcas.
A mesma tem poder indiscutível de persuasão e sugestão contribuindo
altamente com o aumento nos resultados das vendas. Pois, percebe-se que o
processo de compra é em sua maior parte realizado por impulso; o que torna
essencial o conhecimento do seu mercado consumidor antes de projetá-las,deve-se
avaliar quais valores que para eles são importantes .Neste ponto, entram o trabalho
dos designers, cujo intuito é a inovação capaz de criar estímulos que levam os
consumidores a atribuir valores ao produto e a comprá-los.
REFERÊNCIAS
ANVISA, Decreto-lei nº 986 – de 21 de outubro de 1969, São Paulo. Disponível
em: < http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/decreto-lei_986_69.pdf> Acesso:
em 15 mai. 2012.
______, Resolução - RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002, São Paulo.
Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2002/259_02rdc.htm> Acesso:
em 15 abr. 2012
BARRACHO, C. Lições de Psicologia Econômica. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.
BLESSA, R.. Merchandising no ponto-de-venda. 3ªed. São Paulo: Atlas, 2005.
Camilo, A. N. Rotulagem ambiental. In: Instituto de Embalagem – Ensino e Pesquisa
(Opg). Embalagem: Design, Materiais, Processos, Maquinas, e Sustentabilidade.
São Paulo: Instituto de Embalagem. 2011. p. 337-340.
GOBE, A. C.; MOREIRA, J. C. T.; PEREZ, M. C.; CARRAMENHA , P. R. C.
;PASQUALE , P. P. Gerência de Produtos . 5 ed. São Paulo: Saraiva ,. 2011.
IRIGARAY, H. A., VIANNA, A.; NASSER, J. E.; LIMA,L. P. M. Gestão e
desenvolvimento de produtos e marcas.Rio de Janeiro: FGV, 2004.
GOMES FILHO, J. Ergonomia aplicada ao design industrial dos produtos de
uso: reflexão conceitual. 1995. 108 f. Tese (Doutorado em Desenho Industrial) –
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo,
1995.
GOMES FILHO, J. Ergonomia do objeto: Sistema técnico de leitura ergonômica.
São Paulo: Escrituras Editora, 2003.
MESTRINER, F. Design de embalagem: curso básico. 2. ed. São Paulo:
Pearson, 2005 a. 138p.
______. Design de embalagem: curso avançado. 2. ed. São Paulo: Pearson,
2005b. 178 p.
______. A embalagem e as necessidades da sociedade humana, 2007.
Disponível em: <www.maua.br.artigo> Acesso em: 20 jan.2012
MOURA, R.A.; BANZATO,J.M. Embalagem, Unitização & Conteinerização. São
Paulo: IMAM,1990.
NEGRÃO, C.; CAMARGO, E. Design de embalagem: do marketing à produção.
São Paulo: Novatec Editora, 2008.
RIO, R. P.; PIRES, L. Ergonomia: fundamentos da prática ergonômica. 3. ed. São
Paulo: LTR, 2001.
WIKIPEDIA,
embalagem,
São
Paulo.
Disponível
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Embalagem> Acesso em 07 mai.2012.
em:
Download