uningá - unidade de ensino superior ingá faculdade ingá

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UNINGÁ - UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ
FACULDADE INGÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DENTÍSTICA
MÁRCIA RUBIA ZANELLA
RESTABELECIMENTO DA DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
- ASPECTOS FUNCIONAIS E ESTÉTICOS -
PASSO FUNDO
2007
2
MÁRCIA RUBIA ZANELLA
RESTABELECIMENTO DA DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
- ASPECTOS FUNCIONAIS E ESTÉTICOS -
Monografia apresentada à Unidade
d e P ó s -gr a d u a ç ã o d a Faculdade
Ingá-UNINGÁ-Passo
Fundo-RS
como requisito parcial para obtenção
do título de especialista em
Dentística.
Orientadora: Profª . D r ª . S i m o n e
Beatriz Alberton da Silva
PASSO FUNDO
2007
3
MÁRCIA RUBIA ZANELLA
RESTABELECIMENTO DA DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO
- ASPECTOS FUNCIONAIS E ESTÉTICOS -
Monografia apresentada à comissão
ju l g a d o r a d a Un i d a d e d e Pósg r a d u a ç ã o d a F a c u l d a d e I n g áUNINGÁ-Passo
Fundo-R S c o m o
requisito parcial para obtenção do título
de especialista em Dentística.
Orientadora: Profª. Drª. Simone Beatriz
Alberton da Silva
Aprovada em ____/____/____.
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________________
Profª. Drª. Simone Beatriz Alberton da Silva
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Cezar Augusto Garbin
_____________________________________________________________
Prof. Ms. Nelson Geovane Massing
4
RESUMO
O tratamento restaurador integrado e sua relação com as proporções faciais
estão cada vez sendo mais compreendidos devido a avanços nas pesquisas e estudos
relacionados à odontologia restauradora.
Este trabalho de pesquisa utiliza a revisão da literatura para avaliar os aspectos
funcionais e estéticos no restabelecimento da dimensão vertical. Conhecer as relações
de equilíbrio entre a função mastigatória, a estética dental e a harmonia da face se
fazem necessário em todo o paciente que necessita reabilitação dental, o que nos
permite alterar as proporções do terço inferior da face.
Conclui-se que o restabelecimento da dimensão vertical de oclusão devolve as
proporções faciais corretas e melhora substancialmente a estética facial do paciente,
mas é importante entender que quaisquer alterações estéticas não devem se sobrepor
aos princípios biológicos e mecânicos da função.
PALAVRAS-CHAVE: Dimensão vertical; Estética dentária; Oclusão dentária
5
ABSTRACT
The integrated restoring treatment and its relation with proportions are being
known due advances in researches and studies related to restoring odontology.
This paper of research utilizes the review of literature to evaluate the functional
and aesthetic aspects in the restorement of vertical dimension. Knowing the equilibrium
relations among the masticate function, the dental aesthetics and the facial harmony
are necessary in every patient that needs dental rehabilitation, which allows us to
change the proportions of the third inferior part of the face.
It is concluded that the reestablishment of the occlusion of vertical dimension
restores the right facial proportions and improves the patient’s facial aesthetics.
However it is important to understand that any aesthetic alteration should not
superpose the biologic principles and the function’s mechanism.
KEYWORDS: Vertical Dimension; Dental Esthetics; Dental Occlusion
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 08
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................... 10
2.1 CONCEITUAÇÃO ....................................................................................................... 11
2.2 PATOLOGIAS RELACIONADAS ÀS ALTERAÇÕES DA DIMENSÃO
VERTICAL ..................................................................................................................... 14
2.3 MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA DIMENSÃO VERTICAL.......................... 15
2.4 PLANO DE TRATAMENTO E CONDUTAS TERAPÊUTICAS ........................... 16
3 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ .24
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 25
7
AGRADECIMENTO
“Na estrada que ando, Deus é companheiro...”
8
1 INTRODUÇÃO
A odontologia restauradora alcançou um nível de desenvolvimento muito
significativo, devido principalmente às investigações científicas e clínicas. Com isso,
métodos de diagnóstico e tratamentos, tanto preventivos como curativos tornaramse muito eficazes na atualidade.
Todavia, persiste um desafio à profissão: ter conhecimento básico integrado
das manobras ou conjuntos de procedimentos nas diversas especialidades, com o
objetivo de proporcionar ao paciente saúde com a melhor estética (BELOTI et al.,
2003). A odontologia restauradora assume uma visão global do sistema
mastigatório, considerando o dente como parte integrada de um conjunto harmônico,
o sistema estomatognático, representado pelos dentes vizinhos e antagonistas,
tecidos moles e duros que os rodeiam, protegem e sustentam e a articulação
temporomandibular formando um complexo de oclusão dentária, o qual temos de
respeitar qualquer que seja o tipo de procedimento restaurador.
Portanto, quando se busca uma reabilitação funcional e estética, devemos
conhecer o que essas mudanças oclusais farão no paciente reabilitado. Como se
comporta o sistema estomatognático frente às mudanças nas posições básicas da
mandíbula, relação cêntrica, máxima intercuspidação e espaço funcional livre e
como o paciente se adapta fisiologicamente ao longo dos anos comparativamente à
condição inicial. Ao mudarmos essa condição através de um tratamento restaurador,
restaurando a dimensão vertical de oclusão, teremos variáveis que vão refletir na
oclusão (aspecto funcional) e na face, sorriso e perfil do paciente (aspecto estético).
Quando se aborda o paciente na clínica acerca de suas expectativas frente ao
tratamento odontológico, este frequentemente relata a necessidade estética em
primeiro lugar, quando não existe a presença de dor e disfunção.
A análise dinâmica da oclusão é de suma importância para o diagnóstico e
planejamento de tratamentos dentários e um conhecimento indispensável em todas
as áreas da odontologia (SIQUEIRA, 2002).
A oclusão tem um papel fundamental no sucesso ou fracasso de qualquer
intervenção odontológica, isto porque os dentes participam de funções vitais básicas
como a mastigação, deglutição e fonação, incluindo a estética. Sendo assim, não só
a manutenção ou a reposição d o s d e n t e s é importante, mas também o
9
relacionamento que deverão manter estática e dinamicamente (COMPAGNONI,
1997).
As lesões cariosas e o traumatismo são os maiores responsáveis pela perda
da estrutura dental. Todavia, formas de processos destrutivos não cariosos que
afetam os dentes e levam à perda irreversível de estrutura dental são descritas na
literatura, como erosão, abrasão, atrição e abfração (BARATIERI et al., 1993).
O desgate dentário e suas conseqüências se tornam motivos de grande
preocupação para os reabilitadores quando o grau de perda ou destruição é
excessivo, causando problemas funcionais, estéticos ou de sensibilidade dentária ao
paciente. Grandes perdas de estrutura dentária são decorrentes normalmente de um
hábito parafuncional, o bruxismo, ou também da ausência de dentes posteriores, a
qual obriga que a mastigação se dê somente em dentes anteriores. Em
conseqüência disso, pode ocorrer uma diminuição na dimensão vertical da face,
devendo esta ser restabelecida para que o sistema fique em harmonia, mantendo a
integridade das suas estruturas (GARCIA et al., 1991). Uma oclusão harmônica
proporcionará um máximo de efeito mastigatório com um mínimo de esforço
muscular. A determinação correta da dimensão vertical representa um fator de
sucesso no tratamento reabilitador e se ela for determinada errôneamente poderá
trazer sérios problemas dentais, musculares e articulares ao paciente (ANTUNES et
al., 2000). Com isso, o restabelecimento da altura maxilomandibular é atualmente
encarado com mais cuidado e critério. Profissionais que se dedicam à reabilitação
oral são unânimes em afirmar que grande parte do sucesso do trabalho reside na
tomada correta da dimensão vertical sem ultrapassar os limites estabelecidos pela
natureza. Ainda não há um método seguro e preciso para essa operação, entretanto
os profissionais poderão evitar situações desagradáveis e dolorosas para o paciente
se cuidados forem tomados e as normas já aceitas e comprovadas forem seguidas.
Diante disso, propõe-se revisar a literatura em busca de estudos científicos e
clínicos sobre o que pode acarretar para o sistema estomatognático alterações na
dimensão vertical de oclusão quando buscamos uma reabilitação estética. Esse
trabalho de pesquisa busca o conhecimento teórico para a aplicação prática sobre
os efeitos do aumento de dimensão vertical de oclusão na estética facial. Além
disso, é extremamente importante que o clínico possa, através de procedimentos
restauradores melhorar a função e a aparência estética, melhorando a aceitação e a
auto-estima das pessoas.
10
2 REVISÃO DA LITERATURA
“Nem todo teórico pode exercer bem a sua profissão, mas,
sem teoria não deve sequer tentar” (HARRIS e HAYDEN, 1835).
Skinner (1962) ao relatar a importância da estética restauradora resumiu a
questão quando escreve que a qualidade estética de uma restauração pode ser tão
importante para a saúde mental de um paciente como as qualidades técnicas e
biológicas da restauração o são para a sua saúde física e dentária. Segundo
Conceição (2005), o entendimento da importância que a aparência estética tem para
as pessoas está fundamentado em trabalhos científicos que estabelecem as
relações diretas ou indiretas de uma boa aparência estética com a auto-estima
positiva que, por sua vez tem influência na saúde mental. Os pacientes que se
sentiam atraentes apresentavam menos sentimentos de depressão ou solidão.
Deve-se também estar atento à observação de que a face é a parte de corpo mais
importante na determinação da atração física e que, dentre os componentes faciais,
há uma hierarquia de valorização e importância: boca, olhos, estrutura facial, cabelo
e nariz, respectivamente. Portanto, é evidente a relevância e o impacto que a
odontologia estética pode ter sobre à auto-estima das pessoas. Mas é fundamental
também analisar as vantagens e limitações dos tratamentos restauradores, caso
contrário o profissional poderá gerar um ciclo restaurador repetitivo tão condenado
na prática restauradora acarretando sobre tratamentos. Gerar expectativas que não
possam ser atendidas, desconsiderar o impacto emocional, pré e pós-tratamento, ou
a importância social e familiar do seu cliente podem ser erros fatais para alcançar
êxito funcional e estético. Na análise estética, os três grandes objetivos são:
identificar o aspecto estético que desagrada o paciente, fazer uma avaliação estética
detalhada e comunicar-se com o paciente.
Fradeani (2006) relata as características na proporção facial dos pacientes
cuja dimensão vertical está reduzida. A variação na altura do terço inferior da face é
visivelmente perceptível, com redução na visibilidade dos lábios, pois esses tendem
a se dobrar internamente, junto com um aprofundamento da concavidade do mento,
abaixo da parte inferior do lábio.
11
Segundo Conceição (2005), o s aspectos principais a serem analisados na
face são: forma da face, linha mediana, linha interpupilar (deve ser paralela ao plano
incisal dos dentes superiores e a linha gengival), plano incisal (paralelo à linha
interpupilar e linha gengival), tipo de sorriso (alto, médio e baixo), relação do incisivo
central superior com o lábio inferior e o tipo de lábio.Os aspectos principais a serem
analisados nos dentes em conjunto são: curvatura incisal (deve ser convexa
acompanhando a curvatura do lábio inferior. A curvatura côncava é encontrada no
idoso ou no paciente com parafunção e com perda de dimensão vertical de oclusão),
linha média dentária (está no centro médio da face), alinhamento dental (se não
existir quebra o efeito de gradação entre os dentes gerando uma tensão visual,
desagradando o sorriso), inclinação axial para a distal, (influencia diretamente o
zênite gengival dos dentes), proporção entre os dentes (a utilização da proporção
áurea no diagnóstico de enceramento e no tratamento restaurador pode ser um
elemento importante no auxilio das etapas clinicas), corredor bucal (quando os arcos
dentários se separam e os lábios se distendem no sorriso, geram espaços negativos
ou fundos escuros importantes para o sorriso ser estéticamente agradável), ameia
incisal e cervical (em forma de V. Quando o V é invertido formam fundos escuros
que prejudicam a estética). Os aspectos principais no periodonto são: saúde
periodontal, contorno gengival, zênite, papila interdental.
A odontologia tem experimentado, nas útimas décadas, um progresso notável
do desenvolvimento técnico e científico. Controvérsias sempre existirão, c o m
fundamentação científica ou não, mas que de algum modo fazem com que o ser
humano progrida na sua caminhada em busca do melhor. Um destes temas
controversos é o restabelecimento da dimensão vertical, prática pesquisada há mais
de um século e ainda incerta. Os conhecimentos sobre os aspectos principais da
análise estética são importantíssimos quando queremos restaurar a dimensão
vertical de oclusão perdida. Se não respeitarmos os princípios básicos da aparência
facial, em conjunto com os dentes não poderemos devolver ao nosso paciente o que
a natureza sabiamente ofereceu, correlacionando função e estética.
2.1 Conceituação
2.1.1 Dimensão vertical é o espaço intermaxilar de um indivíduo quando os
músculos elevadores e abaixadores da mandíbula se encontram em estado de
equilíbrio (ASH E RAMFJORD, 1987).
12
2.1.2 Dimensão vertical de repouso é a distância do násio ao gnátio quando os
dentes estão em desoclusão e a mandíbula está em posição de repouso (ASH E
RAMFJORD, 1987).
2.1.3 Dimensão vertical de oclusão é a distância do násio ao gnátio quando os
dentes estão em oclusão cêntrica ou máxima intercuspidação (ASH E RAMFJORD,
1987).
Segundo Rufenacht (1998), por muitos anos tem se acreditado e ensinado
que, nas reabilitações orais a dimensão vertical de oclusão é crítica. Foi considerado
que, devido ao comprimento muscular, ao espaço funcional livre e a posição de
repouso, nunca se deveria aumentar a dimensão vertical de oclusão. Também se
acreditou que a erupção passiva dos dentes mantinha a dimensão vertical de
oclusão no seu nível original nas dentições desgastadas e que se a dimensão
vertical de oclusão fosse aumentada ela gradualmente retornaria à posição original
pelo desgaste. O autor, entretanto, tem trabalhado com o aumento da dimensão
vertical de oclusão por mais de trinta anos em dentística restauradora, ortodontia e
cirurgia ortognática, e não tem observado problemas com a posição de repouso ou
com o espaço funcional livre. O espaço funcional livre retorna para cerca de 1,7
milímetros após o aumento de dimensão vertical de oclusão destes pacientes.
Radiografias cefalométricas tomadas 5 e 10 anos após os tratamentos mostram que
o aumento da distância entre o nasio e o mento não se perdeu. Quando da alteração
da dimensão vertical de oclusão na dentística restauradora, pode-se estabelecer
excelente guia anterior e morfologia de coroas em dentes posteriores com os
côndilos em relação cêntrica. As guias anteriores e posteriores melhoradas auxiliam
o paciente na formação de novas referências na córtex cerebral para os novos
padrões de mastigação adquiridos na dimensão vertical de oclusão restaurada.
Rufenach relata ainda as vantagens de se aumentar a dimensão vertical de oclusão:
espaço para uma morfologia coronal oclusal adequada; melhor estética; melhor perfil
facial; melhor linha labial; espaço adicional para alterar o plano de oclusão estético.
Segundo Sears (1938), a determinação da dimensão vertical é um tema que
depende mais do senso artístico e clinico do profissional do que de técnicas
cientificas, o que demonstra as dificuldades do clinico geral na seleção de um
método ideal para sua determinação precisa. A análise estética é fundamental para
se projetar o que pode ser feito para estabelecer um novo sorriso que se harmonize
com a aparência física, idade, sexo, cultura e perfil emocional do cliente. Para Fayz
13
e Eslami (1988) a dimensão vertical de repouso e a dimensão vertical de oclusão
estão sujeitas as alterações em decorrência de perdas dentais, pois Garnick e
Ramfjord (1962) detectaram uma variação média de 1,5mmn na posição de repouso
em aproximadamente 65% de seus pacientes, o que demonstra que até a dimensão
vertical de repouso pode sofrer alterações em função da musculatura responsável
pela elevação ou abaixamento da mandíbula. Segundo Thompson (1946), podem
ocorrer mesmo que, transitoriamente por fadiga muscular, dor, posição do indivíduo
e stress emocional.
Sicher (1952) ao considerar que, embora os músculos possam ter sua
atividade ou tonicidade alterada, o comprimento dos músculos não sofre alteração,
apresentando um tônus muscular e uma dimensão vertical determinada pelo
equilíbrio muscular pode-se afirmar que a obtenção de uma correta dimensão
vertical depende de um equilíbrio dinâmico dos músculos da mastigação e da
posição de repouso mandibular, que é o ponto de partida de todos os seus
movimentos. Tem-se então, um ponto de partida para o restabelecimento de uma
oclusão fisiológica equilibrada, normal e relaxada, onde as tensões que se
antagonizam durante a função mastigatória encontram-se em estado de equilíbrio.
Segundo Wassell et al. (1998) existem casos em que o aumento de dimensão
vertical será necessário. Provavelmente a indicação mais comum para aumento da
dimensão vertical de oclusão em reabilitações é a necessidade de criar espaços
interoclusais para acomodar os materiais restauradores ou permitir uma adequada
altura de coroa clinica em restaurações de dentes anteriores. O aumento da
dimensão vertical de oclusão pode também eliminar a necessidade de redução da
face oclusal durante o preparo coronário a qual pode ser critica quando a retenção
está comprometida nos casos de coroas clínicas curtas. Entretanto tais tratamentos
levam o profissional a reabilitar todo o arco ou toda a boca para estabelecer um
contato oclusal em todos os dentes. Existem outros métodos para aumentar o
espaço interoclusal para restaurações junto com o aumento da dimensão vertical.
Estes incluem: aumento coronário logo após um preparo convencional dos dentes,
ortodontia, ajuste oclusal para distalizar a mandibula ou esplintes oclusais.
Christensen (1970) aumentou a dimensão vertical de oclusão em um grupo de
pacientes por meio de onlays oclusais nos molares inferiores e relatou que todos os
pacientes mostraram sinais de dor de cabeça, fadiga muscular, dores dentárias e
parafunção. Este fato adicionado mostrou que alteração na dimensão vertical de
14
oclusão deveria ser evitada. Entretanto, Carlsson (1979) apresentou evidências
eletromiográficas de que os músculos da mastigação apresentaram capacidade de
adaptação de um aumento experimental na dimensão vertical de oclusão. Uma
diferença critica entre este estudo e o de Christensen (1970) foi à manutenção da
estabilidade dos contatos oclusais em todos os dentes que receberam o aumento da
dimensão vertical de oclusão, melhor que simplesmente aumentar a dimensão
vertical de oclusão em pares nos dentes posteriores antagonistas.
2.2 Patologias relacionadas às alterações da dimensão vertical
Cárie e trauma são os maiores responsáveis pela perda do tecido dental,
seguido por outros processos destrutivos como erosão, abrasão, atrição, abfração e
hábitos parafuncionais como o bruxismo, com perda irreversível da estrutura
dentária. A determinação correta da dimensão vertical representa um fator de
sucesso no tratamento reabilitador e se ela for determinada errôneamente poderá
trazer sérios problemas dentais, musculares e articulares ao paciente. Alterações na
dimensão vertical podem levar à Síndrome de Costen, com sinais e sintomas de
diminuição da audição, zumbidos, luxação da articulação temporomandibular, dores
na articulação temporomandibular, dores de cabeça, fadiga muscular, dificuldade
para deglutir. Casos clínicos relatados por Costen (1936), com perda de dimensão
vertical apresentaram enorme melhora com a restauração correta da altura
maxilomandibular. Devemos respeitar os princípios básicos da aparência facial em
conjunto com os dentes para devolvermos ao paciente o que a natureza sabiamente
nos deu (GARCIA et al., 1991); (WASSELL, 1998); (ANTUNES et al., 2000). Uma
dimensão vertical alta é logo notada. Provoca o alongamento do rosto e a separação
dos lábios, pondo facilmente à mostra os dentes, dando sensação de “boca cheia”.
Ao falar, o paciente bate constantemente os dentes provocando ruído e a emissão
de sons é prejudicada. Uma dimensão vertical baixa resulta numa quantidade
excessiva de espaço interoclusal, obrigando a mandíbula a projetar-se anteriormente
para encontrar a maxila, trazendo fadiga aos músculos e promovendo um
envelhecimento facial (TODESCAN, 1959). O envelhecimento facial com perda de
dimensão vertical de oclusão afeta o terço inferior da face, alterando os principais
sulcos da face, como o sulco nasio labial, sulco labial e o sulco mento labial. Pela
redução vertical do suporte dental, o lábio que está intimamente ligado ao suporte
15
dento alveolar sofre redução na visibilidade, há um aprofundamento da concavidade
do mento e presença de nariz adunco, dando ao paciente um aspecto envelhecido.
2.3 Métodos de determinação da dimensão vertical
Dentre os vários métodos para a determinação da dimensão vertical, pode-se
citar: mensurações faciais, métodos de deglutição e fonéticos, percepção do
paciente, técnicas de relaxamento, recurso fotográfico, análise cefalométrica, técnica
dos rebordos paralelos. O método fonético pesquisado por Silverman (1955) e
Laskin (1967) é um dos métodos mais utilizados para o restabelecimento da
dimensão vertical. O som mais empregado é o som labial da letra M, o qual permite
observarmos uma distância entre maxila e mandíbula que corresponde ao espaço
funcional livre. A partir desta posição de repouso mandibular, chamada de dimensão
vertical de repouso podemos determinar a dimensão vertical de oclusão, sendo
utilizados os sons S, P, F e V como métodos fonéticos auxiliares. Outro método
muito utilizado é o de mensuração facial, obtido através de fotografias antigas do
paciente ou pela técnica da proporção áurea, onde a distância entre a saliência
óssea abaixo do nariz até a base do mento deveria ser igual à distância entre a
pupila até a comissura labial (WILLIS, 1935). Os testes fonéticos são recursos
importantes para um diagnóstico funcional e estético confiável, avaliando o
posionamente dento labial do paciente. Esses testes são especialmente
interessantes para avaliar o comprimento incisal e na determinação da dimensão
vertical de oclusão do paciente. Pronúncia do M: permite contato suave lábio-labial e
quando os lábios ficam relaxados visualizamos os incisivos anteriores e superiores.
Permite observar se existe o espaço interoclusal de dois a quatro milímetros
representando o espaço funcional livre presente na dimensão vertical de repouso.
Esse método, portanto, auxilia na determinação da dimensão vertical de oclusão e
esta por sua vez influencia diretamente no posicionamento e comprimento dos
incisivos. Pronúncia do F e V: permite a avaliação do perfil e comprimento incisal.
Produzem leve contato entre os incisivos centrais superiores e a borda do lábio
inferior. Pronúncia do S e Z: sessenta, zazá, Mississipi. Permite a aproximação ou
um leve toque das bordas incisais dos incisivos superiores e inferiores limitando o
alongamento do comprimento dos dentes anteriores. Em caso de aumento da
dimensão vertical os dentes não devem entrar em contato ao pronunciar esses sons
16
(WILLIS, 1935). A avaliação clinica para quantificar o aumento da dimensão vertical
pode ser realizada associando métodos:
1- Determinar, inicialmente, a dimensão vertical de repouso medindo do
Gnátio ao Násio (ASH e RAMFJORD, 1987); (ANTUNES et al., 2000).
2- Reduzir dois a três mm dessa medida para obter o espaço interoclusal e
determinar a dimensão vertical de oclusão (MEZZOMO et al., 1994).
3- Confecção de um jig para conferir o correto aumento da dimensão vertical
de oclusão e associar os testes fonéticos como os sons do M-S-Z-F e V.
O jig também pode ser utilizado para a tomada de registro interoclusal
(SILVERMAN, 1953); (BIANCHINI et al., 1996); (FRADEANI, 2006).
4- Métodos fonéticos, mensuração facial e fotografias, são recursos
importantíssimos na avaliação e na quantificação do aumento da
dimensão vertical (ANTUNES et al., 2000).
5- Confecção e uso de uma placa de restabelecimento da dimensão vertical
de oclusão, com o correto aumento da dimensão vertical, por 30 dias, para
a
readaptação
do
sistema estomatognático à nova altura maxilo
mandibular (PAVARINA et at., 1998); (HOTTA et al., 2000).
2.4 Plano de tratamento e condutas terapêuticas
As várias fases de um tratamento odontológico estão inteiramente relacionadas,
sendo os procedimentos terapêuticos integrados no intuito de atingir seu principal
objetivo que é preservar, restaurar e manter a saúde bucal. O plano de tratamento e
as condutas terapêuticas integradas, segundo Mondelli et al. (1990) e Conceição
(2005) podem ser esquematizados em:
2.4.1- Diagnóstico - um diagnóstico preciso e correto se faz necessário
através de um protocolo clínico que inclui:
Anamnese - é um questionamento quanto ao quadro geral de saúde do
paciente.
Exame clínico - é a realização de um exame clínico detalhado e a
anotação dos aspectos observados de forma clara e prática em um modelo
de ficha clínica.
17
Exame radiográfico - é a utilização de uma documentação radiográfica
que permite avaliar as lesões de cáries, aspectos periodontais, endodônticos
e a condição óssea do paciente.
Modelos de estudo - serve para analisar a oclusão do paciente em
ângulos de observação difíceis do ponto de vista clínico e para o
enceramento de diagnóstico.
Fotografias extras e intra-oral - importante recurso para elaborar o
plano de tratamento e estabelecer uma melhor comunicação com o mesmo.
Análise estética - é a realização de um exame detalhado dos aspectos
que compõe a condição de estética do sorriso do paciente.
2.4.2 – Planejamento - depois de termos um diagnóstico estabelecido, ocorre
as etapas do tratamento propriamente ditas:
Preparatório - são as preliminares das quais se cerca o profissional
para elaborar o tratamento restaurador.
Restaurador - são os procedimentos restauradores propriamente ditos.
Manutenção e controle - importante recurso utilizado como prevenção
para garantir a longevidade do tratamento restaurador.
Segundo Bottino et al. (2003) os modelos de estudo devem ser montados em
articulador semi-ajustável para analisar o plano oclusal e o posicionamento de
dentes anteriores para avaliação estética; o bservar a inclinação dentária e o
relacionamento interoclusal; avaliar os contatos dentários e desvios madibulares
entre relação cêntrica e máxima intercuspidação e confeccionar o enceramento de
diagnóstico.
Segundo Miyashita et al. (2006) as considerações oclusais para a reabilitação
oral estética são de que os dentes posteriores devem promover estabilidade oclusal,
com contatos bilaterais e simultâneos sendo que o contato nos dentes anteriores
deve ser mais suave que nos posteriores. A posição de máxima intercuspidação é a
posição habitual de fechamento da boca com o máximo contato dos dentes. É a
posição de confecção da maioria das restaurações diretas ou indiretas, quando o
paciente apresenta conforto mastigatório e sem dificuldades com a fala. Pacientes
com
sinais
ou
sintomas
de disfunção temporomandibular, trauma oclusal,
desconforto ao mastigar, dificuldade fonética por perda de dimensão vertical devem
ser tratados devolvendo-lhes uma posição maxilomandibular repetitiva e confortável
18
que
pode
ser
a relação cêntrica
por
ser
uma
posição
conseguida
independentemente de contato oclusal, pois é uma posição de côndilo e não
dentária, como no caso de uma reabilitação extensa em paciente total dentado ou
parcialmente dentado. É, portanto, uma posição de referência através da qual
podemos devolver a dimensão vertical de oclusão perdida ao paciente da forma
mais próxima possível a que ele tinha.
Segundo Mondelli (1984), a relação entre o sistema estomatognático, onde os
padrões funcionais, estéticos e fonéticos variam com cada paciente deve ser
avaliado individualmente a fim de não alterar as condições às quais o paciente
adequadamente se adaptou respeitando o conhecimento das posições da
mandíbula: posição de repouso; relação cêntrica e posição oclusal, bem como a
cinemática mandibular (movimentos mandibulares) quando precisamos reabilitar um
paciente alterando a dimensão vertical.
Mack (1996) analisou que a melhora da beleza facial é o objetivo principal do
paciente que procura cuidado dentário. O terço inferior da face tem um impacto
maior na percepção de estética facial. Melhorando proporções faciais e formas
dentárias deficientes, os cirurgiões dentistas têm uma oportunidade única de enfocar
estas necessidades estéticas. Avaliações completas que relacionam os tecidos
moles da face à forma óssea subjacente permitem a correlação de deficiências na
forma facial à anatomia dento alveolar existente. Objetivos estéticos deveriam
sempre acompanhar função de restauração bem como objetivos de terapia
restauradora. Mudanças no formato facial que incidem na modificação da dimensão
vertical devem ser avaliadas. O dentista deve ser conhecedor de aspectos estéticos,
biológicos e psicológicos do tratamento prescrito. Hirata (2005) refere-se à prótese e
à dentística como uma só área: Odontologia Restauradora. Hoje é impossível
dissociá-las e no futuro poderão ser uma só especialidade: Odontologia Estética
Restauradora. Concluiu que as mesmas necessidades de alterações na dimensão
vertical de oclusão para um tratamento restaurador servem tanto para a prótese
como para a dentística.
Naconecy
et
al.
(2003),
avaliaram
as
conseqüências
ao sistema
estomatognático quando a dimensão vertical de oclusão foi alterada. Estudos
recentes mostraram-se contrários a uma tendência tradicional de que um aumento
da dimensão vertical de oclusão pode levar às desordens temporomandibulares. O
conhecimento científico atual suporta a hipótese de que moderadas alterações na
19
dimensão vertical de oclusão não parecem ser deletérias ao sistema mastigatório,
desde que a estabilidade oclusal seja alcançada. Trabalhos como os de Christensen
(1970) testaram a capacidade adaptativa do sistema mastigatório frente a u m
aumento de dimensão vertical de oclusão excedendo o espaço livre interoclusal e
concluíram um pequeno e decrescente desconforto nos primeiros dias sendo que
em torno de um mês já havia a recuperação do espaço livre interoclusal mostrando
assim a capacidade de adaptação do sistema estomatognático. Entretanto deve-se
levar em conta que esse aumento deve ser apenas o suficiente para reduzir as
exigências de adaptação a um mínimo. Aumentos exagerados na dimensão vertical
de oclusão podem ser danosos à harmonia do sistema estomatognático. A posição
postural da mandíbula é variável e nenhuma técnica de estabelecimento da
dimensão vertical de oclusão é suficientemente precisa, sendo que a determinação
do espaço livre interoclusal pelo método fonético é o mais reproduzível e confiável
clinicamente. A dimensão vertical de oclusão aumentada não induz à hiperatividade
muscular, pelo contrário, contatos simultâneos e bilaterais com dimensão vertical de
oclusão correta diminuem a força de mordida. Invasão do espaço livre funcional com
aumento da dimensão vertical de oclusão muda a postura da cabeça e pescoço não
significando danos ao sistema estomatognático.
Silva et al. (2004), apresentaram um caso clínico de reabilitação estética e
funcional através da utilização de resina composta direta e restabelecimento da
dimensão vertical de oclusão sendo uma alternativa acessível e eficaz, possível
atualmente pelo desenvolvimento dos materiais e técnicas adesivas. Alguns
distúrbios na saúde bucal como cárie, bruxismo, amelogênese imperfeita e erosão
dental podem levar à perda da harmonia do sorriso e às vezes, da face do paciente
devido a alterações no equilíbrio entre dentes, músculos e estrutura óssea. A técnica
restauradora direta com resina composta é, dentre as opções disponíveis, a que
apresenta melhor relação custo-beneficio, em função de ser uma técnica
conservadora, passível de reparo e de longevidade satisfatória.
Através do processo de reanatomização pela dentística restauradora, podem
ser restabelecidas a dimensão vertical de oclusão e as guias oclusais. Porém, o uso
de placas oclusais protetoras devem ser consideradas e as revisões periódicas são
indispensáveis para a longevidade do tratamento. É importante o uso da placa de
restabelecimento da dimensão vertical de oclusão por no mínimo trinta dias antes da
20
reabilitação através da prótese ou da dentística para que o sistema estomatognático
se readapte a nova condição de aumento da dimensão vertical.
Segundo Bassanta (1989), um paciente que apresenta perda de dimensão
vertical devido à perda de dentes deve ser submetido a uma reabilitação oral com
planejamento integrado e enceramento de diagnóstico para devolver as curvas
oclusais de Spee e de Wilson e dar aumento da dimensão vertical perdida.
Um estudo de Turano (1992) mostrou que, a dimensão vertical de oclusão
com menos três milímetros da dimensão vertical de repouso se comportou
positivamente nas reabilitações, bem como o espaço funcional livre de três
milímetros para o restabelecimento da dimensão vertical.
A reabilitação de indivíduos com desgastes dentários e perda de dimensão
vertical pode ser feita mediante a confecção de overlays, que consistem no
recobrimento oclusal dos dentes por meio da própria infra-estrutura da prótese
parcial removível, indicada para pacientes que não dispõem de tempo e recursos
financeiros (FREITAS et al., 1999). Uma outra opção de tratamento consiste na
reconstrução dos remanescentes dentários com resina composta (PAVARINA et al.,
1998) associada ou não a pinos intradentinários ou mesmo à confecção de núcleo
fundido ou preparo total dos elementos com coroa metalocerânica (LANDMAN,
2000), sendo este, sem dúvida, um tratamento mais oneroso e invasivo, porém o
mais indicado em casos de destruição severa.
Segundo Dekon (2003), define-se parafunção como sendo hábitos posturais
ou dinâmicos atípicos que acometem o sistema estomatognático, podendo atingir
músculos, articulação temporomandibular e dentes. O trabalho do autor descreve a
terapia utilizada em um paciente portador de bruxismo, onde o desgaste dental
generalizado comprometeu tanto a estética como a função, resultando em perda da
guia anterior e da dimensão vertical de oclusão. As alterações oclusais causadas
pela parafunção foram restauradas de maneira imediata com a utilização de uma
placa móvel (overlay) para o restabelecimento da dimensão vertical de oclusão e
após, estando o paciente assintomático foi reabilitado com tratamento restaurador.
Teixeira et al. (1994), restabeleceram a dimensão vertical de um paciente,
perdida por bruxismo, utilizando uma placa de reposicionamento mandibular.
Segundo os autores os objetivos do uso dessas placas são: restabelecimento da
dimensão vertical; devolução da estrutura anatômica perdida; restabelecimento do
tônus muscular; servir de guia para a reabilitação e restabelecer a estética.
21
Segundo Bianchini et al. (1996) a reabilitação oral é um dos mais trabalhosos
e detalhados procedimentos da odontologia restauradora. Em pacientes portadores
de disfunção craniomandibular a atenção é redobrada, pois a função é restituída em
um sistema estomatognático doente, com parafunção. Vários fatores podem
desencadear uma disfunção craniomandibular (postural, hábito parafuncional como
morder lápis, roer unha, bruxismo, posição de dormir, contração exagerada do
masseter no trabalho, ou em exercícios físicos). C o ntudo, o bruxismo é o mais
comum. Normalmente é desencadeado por um fator psicológico como o estress
emocional, associado ou não a uma interferência oclusal. Tem poder destrutivo
intenso sobre as estruturas do sistema estomatognático e principalmente com
acentuados desgastes dentários e conseqüentemente perda da dimensão vertical de
oclusão.
Antunes et al. (2000) relatou um caso clinico de perda da dimensão vertical
levando à falência morfológica, funcional e estética. Através de métodos fonéticos,
de mensuração facial e fotográfica deterrminou-se uma dimensão vertical de oclusão
satisfatória, a qual serviu de ponto de partida para a execução da reabilitação
protética do paciente.
Feio et al. (2006) descreveram o caso clínico de um paciente que buscou o
curso de especialização em Prótese Dentária da Associação Brasileira de
Odontologia do Pará, apresentando perdas e desgastes dentários ocasionados pelo
bruxismo, cuja dimensão vertical e estética foram restabelecidas e recuperadas com
resina composta e pinos intradentinários e com prótese parcial removível. O objetivo
foi apresentar uma técnica alternativa de tratamento mais conservadora e de menor
custo para o paciente. Obteve-se sucesso no tratamento integrando a Prótese e a
Dentística. A reconstrução com pinos intradentinários e resina composta constituiu
medida eficaz, simples e conservadora. O resultado final foi bastante satisfatório,
pois desenvolveu a harmonia estética, oclusal e funcional ao sistema e melhorou
muito a auto-estima do paciente. Primeiramente determinou-se uma posição condilar
clínica que devolvesse a relação maxilomandibular proporcionando harmonia e
equilíbrio ao sistema e conforto ao paciente. A posição terapêutica para reabilitação
foi encontrada por meio de um método guiado de manipulação descrita por Baratieri
(1993) com manipulação delicada da mandíbula para relação cêntrica. A partir daí a
reabilitação foi executada e durante todo o tratamento a paciente apresentou-se sem
problemas nesta nova dimensão e posição mandibular. Foi confeccionada uma
22
placa estabilizadora sobre os modelos de estudo com registro em relação cêntrica e
montados em articulador semi-ajustável para a recuperação da dimensão vertical de
oclusão. De acordo com Teche et al. (2003); Scutella et al. (1999); Pavarina et al.
(1998) e Hotta et al. (2000), o uso de placas de restabelecimento da dimensão
vertical são importantes na recuperação imediata da dimensão vertical de oclusão
em tratamentos extensos e prolongados e como medida rápida para solucionar a dor
orofacial. A placa foi utilizada antes do tratamento durante 30 dias e a paciente
relatou melhora em relação às dores orofaciais. A partir daí foram confeccionadas as
próteses parciais removíveis superior e inferior e os dentes desgastados,
reconstruídos com pinos intradentinários e resina composta pela técnica direta. Foi
também confeccionada uma placa miorrelaxante (Placa de Michigan): placa
interoclusal estabilizadora com guias de desoclusão anterior, para proteger o
paciente do hábito parafuncional, mantendo o equilíbrio oclusal e a harmonia do
sistema.
Trindade et al. (2006) relataram um caso clínico de reabilitação oral de
paciente bruxômano, com perda de suporte oclusal posterior, deslocamento
mandibular anterior e desgaste dental com perda de dimensão vertical de oclusão.
Segundo autores o bruxismo é um hábito parafuncional onde o indivíduo aperta e
range os dentes de forma contínua e inconsciente, gerando forças oclusais intensas
com prejuízo para os dentes, músculos, osso alveolar, periodonto e articulação
temporomandibular, com sinais e sintomas clássicos como desgaste dental,
espasmos musculares, hipertrofia muscular, dores de cabeça, ruídos, dores no
ouvido, distúrbios da articulação temporomandibular e limitação dos movimentos
mandibulares. O tratamento de reabilitação foi precedido de uma placa oclusal para
o restabelecimento da dimensão vertical de oclusão, determinada por testes
fonéticos e fotografias antigas. Reposicionou-se a mandíbula em uma posição
confortável, próxima à relação cêntrica e com isso obteve-se um importante
recondicionamento
muscular.
Após três meses o paciente foi reabilitado,
multidisciplinarmente, por próteses e restaurações diretas com resina composta.
Confeccionou-se uma placa miorrelaxante em acrílico termopolimerizável para ser
utilizada durante o sono para proteger o sistema estomatognático do paciente do
hábito parafuncional. Segundo os autores a recuperação da dimensão vertical levará
o paciente a trabalhar funcionalmente, dentro de uma dimensão vertical de oclusão
23
mais compatível com o equilíbrio articular promovendo um relaxamento da
musculatura além do grande benefício estético.
Segundo Wassel et al. (1998), há uma pequena evidência para sugerir quanto
tempo pode ser necessário para a adaptação a um aumento de dimensão vertical.
Pacientes podem experimentar sintomas de dor de cabeça, atrição e fadiga
muscular por poucos dias após um aumento de dimensão vertical de oclusão.
Alguns pacientes mostram função muscular normal após uma semana, isso pode ser
um tempo curto para se ter uma avaliação confiável. A regra é testar o aumento de
dimensão vertical de oclusão por pelo menos um mês.A maioria dos pacientes se
adaptará a um aumento de dimensão vertical de oclusão, isto é importante para
identificar pacientes com fatores psicofisiológicos os quais podem impedir a
adaptação antes que alterações irreversíveis (por ex: preparos coronários) sejam
realizados. Na realidade do que foi dito, uma abordagem prudente do aumento de
dimensão vertical de oclusão é o mais apropriado. Uma placa interoclusal é
normalmente o tratamento de escolha. A nova dimensão vertical é temporária e
reversivelmente estabelecida por um período temporário durante o qual o
desenvolvimento de alguns sintomas de dor muscular e articular podem ser
observados. A placa usada pode ser na maxila ou na mandíbula dentro dos
princípios apresentados por Nelson (1995). É importante que a placa mantenha a
estabilidade oclusal durante o período de teste. Deve haver contato uniforme em
todos os dentes antagonistas de maneira que nenhum dente possa intruir ou extruir.
Tem-se obtido sucesso na reabilitação de pacientes sem um período intermediário
temporário quando somente poucos dentes estão sendo restaurados e sem nenhum
histórico de disfunção temporomandibular.
24
CONCLUSÃO
Através dessa revisão bibliográfica pode-se concluir que:
A determinação correta da dimensão vertical representa um fator de sucesso
no tratamento reabilitador.
As fases de montagem em articulador semi-ajustável, enceramento de
diagnóstico e restaurações temporárias são imperativas e ditam a previsibilidade
final.
Ao restabelecer a dimensão vertical de oclusão é de vital importância
entender que, quaisquer alterações estéticas não devem se sobrepor aos princípios
biológicos e mecânicos da função.
O restabelecimento da dimensão vertical de oclusão devolve as proporções
faciais corretas e melhora substancialmente a estética facial do paciente.
A posição postural da mandíbula é variável e nenhuma técnica de
restabelecimento da dimensão vertical de oclusão é suficientemente precisa, sendo
que a determinação do espaço funcional livre, pelo método fonético é o mais
recomendado pela literatura.
A
dimensão
vertical
de
oclusão quando restabelecida não induz a
hiperatividade muscular, pelo contrário, contatos simultâneos e bilaterais com
dimensão vertical de oclusão correta diminuem a força oclusal.
O uso de placas oclusais de proteção deve ser considerado e as revisões
periódicas são indispensáveis para a longevidade do trabalho.
25
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