GENOGRAMA: A UTILIZAÇÃO DESTE INSTRUMENTO GRÁFICO PELAS ESF da UBS de PARQUE GUARANI Autores: Rita Maria Rodrigues Bastos1 ,Meyriland Dias Amorim Friaça2, Kristiane de Castro Dias Duque3, 1 Médica, preceptora da Residência Multiprofissional em Saúde da Família, NATES/UFJF-DSSDA-Juiz de Fora 2 Assistente Social, preceptora da Residência Multiprofissional em Saúde da Família NATES/UFJF-DSSDA-Juiz de Fora 3 Enfermeira, preceptora da Residência Multiprofissional em Saúde da Família NATES/UFJF-DSSDA-Juiz de Fora Introdução: A progressiva valorização da família nas políticas sociais brasileiras promoveu a expansão de diversos estudos sobre os contextos familiares e estratégias de intervenção no nível de suas origens e repercussões familiares. Conhecer as relações que se desenvolvem dentro de um contexto familiar, as condições geneticamente determinadas e os fatores que interferem no processo saúde/doença são de grande importância na prática das Equipes de Saúde da Família (ESF). Entretanto, para que não se restrinja a aspectos superficiais, devem ser registrados, atualizados e disponibilizados aos membros da equipe cuja intervenção dependa destes fatores. Para tal registro, as equipes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da UBS de Parque Guarani tem utilizado o GENOGRAMA, instrumento gráfico que possibilita a vizualização de grande número de dados sobre determinada família, incluindo seu passado hereditário e o risco que oferece aos membros atuais, juntamente com influências clínicas, sociais e interacionais. Objetivo: Divulgar a utilização do Genograma para as equipes de Saúde da Família, apresentando alguns exemplos, suas interpretações e o uso desta ferramenta no planejamento das ações. Métodos: A equipe optou por iniciar a construção dos genograma das gestantes. Pode ser feito por qualquer profissional da equipe, bem como sua atualização. O instrumento fica anexado à pasta da gestante, juntamente com seu prontuário, SIS-PRÉ NATAL e parecer do Serviço Social, visto que se complementam. Temos também realizado o Genograma das famílias mais expostas a situações de risco à saúde, ficando este anexado à Ficha A da família. Damos, a seguir, o exemplo de 2 Genogramas da mesma família (fictícia) com suas respectivas intepretações, em 2 momentos diferentes. Genograma realizado em 17/08/2003 SPO 43 (HAS) $3SM FM 24 FMO 19 (DESN)) MJO 42 (DEP) 20 17 15 11 7 (DEF) $1SM ACO 3 02/02/2004 Símbolos utilizados neste genograma: : paciente índice : sexo masculino : sexo feminino : gravidez : aborto : relação de domínio ______ : Relações muito próximas :Relações conflituosas ---------- : Relacionamentos distantes 4 meses LES 21 Interpretação: Dados relativos à data de 17/08/2004 Paciente índice: FMO, 19 anos, desnutrida, renda mensal de 1 salário mínimo. É a primeira filha de uma família de 5 filhos, hoje com as seguintes idades: 17, 15, 11 e 7 anos. Seus pais (SPO, 43 anos e MJO, 42 anos) são casados há 20 anos. Existe uma relação de domínio da mãe sobre o pai. FMO tem uma filha (ACO, 3 anos) cujo pai (FM , 24 anos) não mantém qualquer relacionamento com ambas. FMO teve um aborto espontâneo em 02/02/2004 e hoje encontra-se grávida de 4 meses. Ambas as gestações foram frutos de seu relacionamento com LES, 21 anos. Algum tempo após o início da gravidez, a relação terminou. A filha de FMO (ACO), mora com sua família (pais e irmãos) e possui uma forte relação com o tio de 17 anos. FMO mantém um relacionamento conflituoso com a mãe. O pai de FMO é portador de Hipertensão Arterial, recebe 3 salários mínimos por mês. A mãe faz tratamento para depressão e o irmão de 7 anos apresenta deficiência mental. Intervenções: Este genograma deve ficar anexado ao prontuário de FMO, acessível aos componentes da equipe. Sua análise permitiu um diagnóstico da situação e a identificação dos pontos de maior vulnerabilidade. FMO foi cadastrada no atendimento de Pré natal e inserida nos grupos de gestante e de direitos reprodutivos. Foi inscrita no cadastro único para benefício social (bolsa família) e encaminhada à Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC) para o programa de cesta básica e para entidades filantrópicas para recebimento de enxoval de bebê. A equipe, através de contato com a família buscou restabelecer o vínculo de ACO com a mãe e desta com o restante da família. FMO recusou-se a entrar com recurso para pedido de pensão ao pai de ACO. Dos benefícios solicitados, FMO só não conseguiu o bolsa família. O genograma é um instrumento que necessita ser constantemente avaliado e atualizado. Após 1 ano, ocorreram as seguintes alterações: Genograma 2, realizado em 19/09/2004 SPO 44 (HAS) $3SM FM 25 FMO 20 MJO 43 (DEP) 21 18 16 12 8 (DEF) $1SM $1SM ACO 4 LEOS 02/02/2004 8 meses LES 22 Interpretação : FMO teve um menino (LEOS, 8 meses de idade). Está morando com a família cuja renda agora é de 5 salários mínimos, pois o irmão, de 16 anos está trabalhando. Perdeu os benefícios que adquiriu durante a gestação. Já não apresenta desnutrição. Reatou o relacionamento com LES. Tem tido um relacionamento muito próximo com a filha e houve melhora nos conflitos com a mãe. Conclusão: O Genograma é um instrumento de fácil construção e interpretação. Resume os principais problemas sociais, biológicos e de relações interpessoais. Tem o efeito visual de um gráfico, o que facilita a vizualização rápida do contexto familiar, porisso consideramos importante sua utilização pela equipes de PSF.