1- a identidade da psicologia

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FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS
ECONÔMICAS DE APUCARANA
PROFA. MARCIA J. BEFFA
PSICOLOGIA
Apostila Básica Parte 1
Curso: 2º. Adm
APUCARANA
2010
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ÍNDICE
I INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA ................................................................
II MULTIDETERMINAÇÃO DO HUMANO .......................................................................
III O COMPORTAMENTO HUMANO ..............................................................................
IV HOMEM: DIFERENÇAS INDIVIDUAIS ......................................................................
V PERCEPÇÃO ............................................................................................................
VI PERSONALIDADE ...................................................................................................
VII CRIATIVIDADE .....................................................................................................
ANEXOS (textos complementares) .............................................................................
1 O que torna você o que você é ...............................................................................
2 Você é um mala? ....................................................................................................
3 Personalidade & Organização ................................................................................
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I- INTRODUCÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA
1-DEFINIÇÃO
A psicologia é uma ciência que ganha importância cada dia mais nos diversos ramos da
atividade humana. Nas clínicas, nas escolas, nas indústrias, enfim, onde quer que esteja o homem
está a Psicologia presente, descrevendo, prevendo e controlando o comportamento humano de um
ou de vários indivíduos.
A utilização da Psicologia em todos os campos da atividade humana confere a essa ciência
posição destacada entre aquelas que têm por objeto o homem.
O ser humano é objeto de estudo de várias ciências. A biologia, por exemplo, estuda os seres
vivos; a Sociologia investiga os fatos e os grupos sociais. Que estuda então a Psicologia?
A Psicologia estuda o comportamento dos organismos vivos. A Psicologia Humana estuda as
atividades de conhecimento, afetivas e motoras de um indivíduo (comportamento). Estuda também
sua experiência, ou seja, o estado consciente, ou fenômeno mental experimentado pela pessoa como
parte de sua vida interior (vivência). A maior atenção do psicólogo está voltada ao comportamento,
nas sensações, emoções e motivações, a experiência ocupa primeiro lugar na investigação.
Portanto, Psicologia Humana é a ciência do comportamento e da experiência. É a ciência que
procura explicar porque o homem vê, pensa, sente, memoriza, esquece, fala, imagina, etc.
O campo da Psicologia é vasto, há vários ramos, cada um com seu objeto próprio, como por
exemplo, a Psicologia da Criança, a Social, a Animal. Em muitos campos de investigação há
opiniões discordantes com relação aos problemas que devem estudar, métodos que devem aderir.
Embora tal diversidade de pontos de vista e de ênfase possa parecer confusa, ela é devida à busca de
compreensão da natureza do homem.
2- RESUMO HISTÓRICO
O termo Psicologia origina-se de duas palavras gregas: psico (alma) e logia (estudo). É a
vigésima terceira letra do alfabeto grego ().
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A Psicologia a princípio esteve ligada à filosofia, consagrada ao estudo da “alma”, ou seja, do
mundo mental da realidade psicológica. Qualquer manifestação relacionada ao pensamento, a
memória, a linguagem eram tratados pela filosofia.
Os filósofos gregos tratavam a conduta do indivíduo como produto das manifestações da alma
(psiquê). Para Sócrates (469-399ac) o homem deveria conhecer-se para depois conhecer aos outros e
isto melhoraria seu comportamento social. Para Platão (427-347ac) a alma do homem estava
localizada na cabeça e separada do corpo e, por isso, não ocorria a mortalidade da alma. Aristóteles
(384-322ac) considerado o Pai da Psicologia enunciou as primeiras normas para o estudo da
consciência do indivíduo: “Todas as reações dos seres humanos são respostas a estímulos”.
Considerava que corpo e alma não se dissociavam e, por isso, ocorria a mortalidade da alma.
Na Idade Média, com a ascensão do Império Romano e do desenvolvimento do cristianismo,
ocorre um declínio da observação e pesquisa e a psicologia volta-se o estudo dos problemas
metafísicos. Segundo Santo Agostinho, a alma era uma manifestação divina.
O Renascentismo acarretou grandes avanços nas ciências, novas formas de organização
econômica e social, desenvolvimento do mercantilismo, valorização do homem filosóficas, e levou a
uma sistematização do conhecimento (métodos e regras). Isso conduziu Descartes (1596-1650) a
elaborar uma teoria na qual diferenciava mente e corpo e a propor que há uma interação entre eles,
isto é, que a mente pode afetar o corpo e o corpo, a mente. Originou correntes opostas de
interpretação do comportamento humano; o empirismo que dá mais valor às reações do homem aos
estímulos exteriores surgindo o pensamento e o racionalismo que difere sob o ponto de vista
segundo o qual o pensamento era produto das atividades da alma.
A psicologia científica surge em meio à sociedade feudal e capitalista interessada em aumentar
a produção para abastecimento de mercados cada vez maiores. A ciência precisava dar respostas e
soluções práticas à sociedade. O homem deixou de ser o centro do universo (influenciado pela
Teoria Darwiniana) e tornou-se homem livre para fazer escolhas, servindo aos interesses sócioeconômicos.
O conhecimento tornou-se independente da fé, surgindo a racionalidade. O progresso da
psicologia se dá, então, pela confluência das abordagens científica (fisiologia, biologia) e filosófica
(empirismo e racionalismo) no estudo da mente e seu funcionamento. Muitos pesquisadores fizeram
tentativas de explicar a origem do pensamento, do surgimento das idéias e a relação entre corpo e
mente.
Dessa forma, a verdade passou a ter a avaliação da ciência influenciada pela filosofia
positivista (Augusto Conte). Essa filosofia propunha o método científico e natural (utilizado na
física) para constatação do conhecimento nas ciências humanas, e assim, garantir um maior rigor
científico.
A moderna Psicologia Experimental data da fundação do 1º Laboratório Experimental, obra de
W. Wundt (1879) em Lípsia - Alemanha, onde investigava os processos mentais que acompanhavam
os processos fisiológicos dos órgãos dos sentidos e do cérebro. Era uma Psicologia dedicada quase
inteiramente aos problemas da sensação e da percepção humana estudados pela fisiologia e
neurofisiologia.
A partir dos estudos de Wundt, vão surgir investigações mais profundas, não só sobre a
consciência como sobre o comportamento e as experiências dos indivíduos incluindo os “processos
mentais mais elevados” da memória, aprendizagem e motivação. Os conceitos evolucionistas de C.
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Darwin (1809-1882) dirigiram o interesse da Psicologia para as funções da atividade mental e para a
possibilidade de extrapolação do estudo de uma espécie para o estudo de outra.
Dessa forma a Psicologia Científica adquire status de ciência, pois delimitou claramente seu
objeto de estudo, ou seja, comportamento observável dos seres vivos (humano e animal) e o campo
de estudo e métodos para formular suas teorias. As “escolas” psicológicas surgem entendendo cada
uma à sua maneira a personalidade e o comportamento do homem:
a- Estruturalismo: buscou compreender a consciência a partir da estrutura do sistema nervoso
b- Funcionalismo: buscou compreender a consciência e seu funcionamento
c- Behaviorismo: estudo do comportamento observável
d- Gestalt: estudo dos processos perceptivos
e- Psicanálise: estudo do inconsciente
Atualmente a Psicologia pode ser considerada como o produto da evolução histórica da
investigação do homem a respeito de sua natureza e por isso, há diversas direções, múltiplos
problemas, métodos de investigação e pontos de vista. O desacordo é o esforço para compreender a
natureza humana.
Define-se Psicologia como a ciência do comportamento humano, que se refere à ampla escala
de atividades observáveis e registráveis; processos fisiológicos dentro do organismo; processos
conscientes de sensação, sentimentos, pensamentos. Os psicólogos envolvem-se na investigação do
comportamento com o objetivo de predizer, influenciar (controlar) o comportamento, seja com
humanos, animais, laboratórios, situações da vida diária, escolas, hospitais, fábricas, etc.
Quando falamos em predição do comportamento, referimo-nos apenas ao ato de conhecer um
pouco melhor do que já conhecemos sobre em que circustâncias as pessoas fazem o que fazem,
pensam o que pensam ou sentem o que sentem. Por exemplo, quando fica receoso em dizer algo a
alguém por temer a reação da pessoa, está fazendo predição do comportamento.
Quando falamos em controlar comportamentos, o que se quer dizer é dispor as condições
necessárias e suficientes para que o comportamento se torne provável de ocorrer. Por exemplo,
quando dizemos a alguém o quanto vais se divertido ir a, por exemplo, uma festa, estamos tentando
controlar seu comportamento (o comportamento de ir à festa). Assim, controlar o comportamento,
não tem nenhum sentido pejorativo e não se refere apenas à coerção.
3- PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Os psicólogos redefinem continuamente a Psicologia, pois é seu desejo viverem de acordo
com os padrões da ciência, e com o correr dos anos passou das observações introspectivas para
observações e mensurações objetivas.
A Psicologia como ciência utiliza-se do método científico. Este método vale-se das
investigações, controladas através da reflexão e experiência, para comprovação dos fatos. Ou seja, a
observação, o levantamento de hipóteses, a experimentação com comprovação ou não das hipóteses.
A obtenção do conhecimento ocorre de maneira programada, rigorosa, sistemática, controlada e
expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa, reproduz-se e é verificável. Muitas vezes
nega-se o conhecimento já obtido ou reafirma-se, num processo de formulação de princípios, leis e
teorias. Em psicologia, o trabalho científico lança mão das experiências e baseia-se em princípios e
leis que estabelecem relações funcionais entre condições do ambiente e processos psicológicos.
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A experimentação utiliza a observação específica para cada finalidade e também para
descrever os fenômenos comportamentais, determinando as condições e as causas imediatas.
Enquanto as condições do ambiente estimulam as expressões externas (atitudes, gestos, atos,
palavras captados pelos métodos experimentais), os processos psicológicos englobam os fatos
internos (percepções, sentimentos, etc.).
A Psicologia utiliza-se de conhecimentos e instrumentos de um número muito grande de
outras áreas de conhecimento ou ciências. Ela é uma disciplina com corpo de conhecimentos
próprio, mas ela não existe isoladamente. A Psicologia estará sempre ligada a um conjunto muito
grande de outras disciplinas, numa troca constante de conhecimentos.
4- OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA
Em suma, o objeto de estudo da psicologia é o HOMEM, o comportamento humano. No
entanto, a nova Psicologia considera o homem como um ser datado, determinado pelas condições
históricas e sociais que o cercam e por isso dotado de uma SUBJETIVIDADE. Um homem
composto de expressões visíveis (comportamento), invisíveis (sentimentos), singulares (porque
somos o que somos) e genéricas (porque somos todos assim). Isso é o que caracteriza o MODO DE
SER DE CADA UM – homem corpo, homem pensamento, homem afeto e homem ação.
5- DIVISÃO
a- Psicologia Geral: estuda os fenômenos psíquicos em suas manifestações gerais,
descobrindo e formulando leis e princípios pelos quais o comportamento possa ser melhor
compreendido.São exemplos a Psicologia Comparada e Fisiológica.
b- Psicologia Especial: assume características particulares conforme o objeto de estudo, ou
seja, Psicologia Social, do Adolescente, das Diferenças Individuais, do Desenvolvimento,
Infantil, Geriátrica, dos Deficientes, Psicometria, etc.
c- Psicologia Aplicada: estuda as situações práticas da vida cotidiana e a resolução de
problemas dos vários setores das atividades humanas. Estão preocupados com
comportamento específico em situações específicas: Psicologia Educacional,
Organizacional, Ocupacional, Trânsito, Hospitalar, Clínica.
Bibliografia:
BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: uma
introdução ao estudo de psicologia. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
HENNEMAN, Richard H. O que é psicologia. 9.ed. Rio de Janeiro: José Olyimpio, 1979.
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II- A MULTIDETERMINAÇÃO DO HUMANO
Para compreender a Psicologia é necessário, primeiro, traçarmos uma visão de homem que
seja aceitável para estudá-lo na sua totalidade. Na crença popular encontramos a idéia de que o ser
humano nasce dotado das qualidades que, no decorrer de sua vida, irão ou não se manifestar. A isso
denominamos de mitos: o mito do homem natural (o homem nasce bom, mas a sociedade o
corrompe); o mito do homem isolado (o homem tem um instinto gregário que o leva a se relacionar
com os outros); o mito do homem abstrato (o homem e suas características surgem independentes
das situações de vida).
Sob o nosso ponto de vista, o homem não pode ser concebido como ser natural, porque ele é
um produto histórico, nem pode ser estudado como ser isolado, porque ele se torna humano em
função de ser social, nem ser concebido como ser abstrato, porque o homem é o conjunto de suas
relações sociais.
1- O HOMEM É UM SER SÓCIO HISTÓRICO
Para que essa concepção fique mais clara temos que desenvolvê-la:
a- O homem pertence a uma espécie animal – homo sapiens. Todos dependemos dos genes que
recebemos de nossos ancestrais para formar o nosso corpo, obedecendo às características de nossa
espécie. Porém, os genes se manifestam sob determinadas condições ambientais (físicas e sociais),
ou seja, todos os traços físicos ou mentais, normais ou não, são ao mesmo tempo genéticos e
ambientais. Temos, portanto, um conjunto de traços herdados que, em contato com um ambiente
determinado, têm como resultado um ser específico, individual e particular. O que a natureza (o
biológico) dá ao homem quando ele nasce não basta, porém, para garantir sua vida em sociedade, ele
precisa adquirir varais aptidões, aprender as formas de satisfazer as necessidades, apropriar-se,
enfim, do que a sociedade humana criou no decurso de seu desenvolvimento histórico. O nosso
saber-fazer, não é transmitido por hereditariedade biológica, mas adquiridos no decorrer da vida, por
um processo de apropriação da cultura criado pelas gerações precedentes.
b- Então, as condições biológicas permitem ao homem apropriar-se da cultura e formar as
capacidades e funções psíquicas. Essas aptidões se formarão a partir do contato com o mundo dos
objetos e com fenômenos da realidade objetiva, resultado da experiência sócio-histórica da
humanidade. É o mundo da ciência, da arte, dos instrumentos, da tecnologia, dos conceitos, das
idéias. Para se apropriar desse mundo, o homem desenvolve atividades que reproduzem os traços
essenciais da atividade acumulada e cristalizada nesses produtos da cultura (ex: manuseio dos
instrumentos, da linguagem). Assim, a assimilação pelo homem de sua cultura é um processo de
reprodução no indivíduo das propriedades e aptidões historicamente formadas pela espécie humana,
mediadas pelas relações com os outros indivíduos.
2- O QUE CARACTERIZA O HUMANO?
a- O Homem trabalha e utiliza instrumentos
Muitos animais se assemelham ao homem no aspecto do trabalho (aranhas, abelhas), mas o
que diferencia o trabalho é que antes de iniciar seu trabalho, já o planejou em sua cabeça. No
término do processo de trabalho, o homem obtém como resultado algo que já existia em sua mente.
O trabalho humano está subordinado à sua vontade e ao que já existia em sua mente. O trabalho
humano está subordinado à sua vontade e ao pensamento conceitual. Também no aspecto do uso dos
instrumentos, alguns animais fazem uso de instrumentos (castor, macaco), mas o animal não tem
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consciência disso. Para que um instrumento de trabalho seja considerado como tal, é necessário que
sua representação na mente seja conceitualizada e, desta maneira, transforme-se em primeiro dado
da consciência.
b- O Homem cria e utiliza linguagem
A linguagem é o elemento concreto que permite ao homem ter consciência das coisas (Alex
Leontiv). No entanto, para se chegar até a linguagem, houve alguns antecedentes evolutivos.
Aprendemos a transformar os instrumentos em instrumentos de trabalho (instrumento com objetivo
determinado), a registrá-lo simbolicamente em nosso sistema nervoso central (aparecimento da
consciência) e a denominá-lo (aparecimento da linguagem). Estas são as três condições que
impulsionam o desenvolvimento humano.
c- O Homem compreende o mundo ao seu redor
O homem compreende o que ocorre na realidade ambiente. Quando percebemos algo,
refletimos esse real no forma de imagem em nosso pensamento. Compreendemos – relacionando e
conceituando o que está à nossa volta. A consciência reflete o mundo objetivo. É a construção, no
nível subjetivo, da realidade objetiva. Sua formação se deve ao trabalho e às relações sociais
surgidas entre os homens no decorrer da produção dos meios necessários para a vida. É a
consciência que distingue o animal do homem dando-lhe condições de avaliar o mundo que o cerca
e a si mesmo. Sem dúvida, a compreensão ou o saber que o homem desenvolve sobre a realidade
não se encontra todo como saber consciente – conhecimento. O homem sabe seu mundo de várias
formas: através das emoções e sentimentos e através do inconsciente – ao que se chama
subjetividade.
AFINAL, QUEM É O HOMEM?
As propriedades que fazem do homem um ser particular, que fazem deste animal um ser
humano, são um suporte biológico, específico, o trabalho e os instrumentos, a linguagem, as
relações sociais e uma subjetividade caracterizada pela consciência e identidade, pelos sentimentos,
emoções e pelo inconsciente. Com isso, queremos dizer que o humano é determinado por todos
esses elementos. Ele é MULTIDETERMINADO.
Um aspecto importante é a perspectiva de desenvolvimento psíquico do homem e da
humanidade que enfrenta dois problemas: a organização eqüitativa e sensata de vida e sociedade; e a
possibilidade de apropriação de realizações do processo histórico e participar como criador de
realizações e desenvolver potenciais e particularidades.
O texto complementar “O que torna você o que você é?” (Ridley) disponível nos anexos
discute a relação genes e cultura (nature x nuture) na determinação do comportamento. A aceitação
da predominância da genética na determinação do comportamento tem como conseqüências a
aceitação da eugenia (seleção dos melhores indivíduos para seleção/raça pura), dos campos de
concentração na 2ª. Guerra Mundial, do racismo, e o aprimoramento biológico desenfreado. Por
outro lado, a aceitação da predominância da cultura, aceitando o homem como ser moldável,
baseado no construtivismo social (tudo pode ser criado pelo meio), embasa as ditaduras políticas
observadas no nosso país na década de 60.
Bibliografia:
BOCK, Ana Maria Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes t. Psicologias: uma
introdução ao estudo de psicologia. 13.ed. São Paulo: saraiva, 1999. cap. 11.
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III- O COMPORTAMENTO HUMANO
1- A IDENTIDADE DA PSICOLOGIA
A identidade da Psicologia (o que a diferencia das demais ciências) pode ser obtida
considerando-se a maneira particular com que a mesma enfoca o objeto HOMEM. Muitas ciências
estudam o comportamento humano, porém cada uma delas trabalha a matéria prima de modo
particular, construindo, no final, conhecimentos distintos e específicos. Sob tal prisma, a Psicologia
contribui com o estudo dos fenômenos psicológicos para a compreensão da totalidade da vida
humana. A abordagem de tais fenômenos, todavia, dependerá da concepção de Homem adotada
pelas diferentes escolas psicológicas. Os diversos enfoques trazem definições específicas desse
objeto: comportamento, inconsciência, consciência.
A Psicologia estuda o homem em todas as suas expressões, as visíveis (nosso comportamento)
e as invisíveis (nossos sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas
(porque somos todos assim) – é o homem-corpo, homem-pensamento, homem-afeto, homem-ação, e
tudo isso está sintetizado no termo subjetividade.
2- FENÔMENOS PSICOLÓGICOS/SUBJETIVIDADE/COMPORTAMENTO
Refere-se a processos que acontecem em nosso mundo interior e que são construídos durante a
nossa vida. São processos contínuos, que nos permitem sentir e pensar o mundo, agirmos das mais
diferentes formas, nos adaptarmos à realidade e transformá-la.
Esses processos formam a nossa subjetividade, o modo de ser de cada um (sentir, pensar,
fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um) segundo Bock et al (1999).
Entretanto, a síntese que a subjetividade representa não é inata ao indivíduo. Ele a constrói aos
poucos, apropriando-se do material do mundo social e cultural, e faz isso ao mesmo tempo em que
atua sobre este mundo, ou seja, é ativo na sua construção. Criando e transformando o mundo
(externo), o homem constrói e transforma a si próprio.
Um mundo objetivo, em movimento, porque seres humanos o movimentam permanentemente
com suas intervenções; um mundo subjetivo em movimento porque os indivíduos estão
permanentemente se apropriando de novas matérias-primas para construírem suas subjetividades.
De certo modo podemos dizer que a subjetividade não só é fabricada, produzida, moldada,
mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas formas de subjetividade,
recusando a aceitação social condicionada ao consumo, por exemplo. Nesse sentido, retomamos a
utopia que cada homem pode participar na construção do seu destino e de sua coletividade.
Por fim, podemos dizer que estudar a subjetividade, nos tempos atuais, é tentar compreender a
produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e
histórica. O estudo dessas novas subjetividades vai desvendando as relações do cultural, do político,
do econômico e do histórico na produção do mais íntimo e do mais observável no homem – aquilo
que o captura, submete-o ou mobiliza-o para pensar e agir sobre os efeitos das forças de submissão
da subjetividade como dizia Michael Foucault, filósofo francês.
Portanto, as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, estão sempre se
modificando – simplesmente porque a subjetividade – este mundo interno construído pelo homem
como síntese de suas determinações – não cessará de se modificar, pois as experiências sempre
trarão novos elementos para renová-la.
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Veja o pensamento de Guimarães Rosa em Grandes Sertões: Veredas para completar o
raciocínio:
“ O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre
iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando.
Afinam e desafinam”.
3- O COMPORTAMENTO HUMANO PARA AS CIÊNCIAS COMPORTAMENTAIS
Para as ciências comportamentais fenômenos psicológicos nada mais são que comportamentos
e são compostos por atividades cognitivas (pensar, imaginar, lembrar, calcular...), afetivas (amar,
odiar, sentir saudades...) e motoras (andar, escrever, falar...) em conjunto formam o comportamento.
Convém nesse momento esclarecer alguns aspectos referentes à vida afetiva, ou seja, emoções,
sentimentos. Temos dois afetos básicos, o amor e ódio e as emoções são expressões destes afetos
acompanhadas de reações intensas e breves do organismo, em resposta a um acontecimento, são
momentos de tensão e as reações orgânicas (alteração de batimentos cardíacos, tremor, riso, choro,
etc.) são descargas emocionais. Estas reações emocionais são aprendidas o que depende muito da
cultura na qual o indivíduo vive. No processo de socialização aprendemos essas formas de expressão
das emoções aceitas pelo grupo a que pertencemos. Assim, passamos a associar reações do
organismo às emoções e a distingui-las, por exemplo, tristeza, alegria, raiva, nojo, medo, vergonha,
paixão, etc. As emoções têm uma função adaptativa do homem ao seu meio, ajudam-nos a avaliar as
situações, preparam nossas ações, participam ativamente da percepção que temos das situações
vividas e do planejamento racional de nossas reações ao meio. As emoções estão ligadas à nossa
consciência, falamos aos outros o que sentimos. Algumas são mais difusas ou mais conscientes do
que outras, encobertas ou não. Geralmente são fortes e passageiras e alteram-se ao longo da vida.
Sentimentos poderiam ser diferenciados apenas por serem mais duradouros que as emoções (ternura,
amizade, enamoramento).
4- BASES DO COMPORTAMENTO
Os fenômenos psicológicos ou comportamento são construídos à partir de três bases:
1- Constituição biológica: determinada pela carga genética
2- Experiências e vivências no mundo: um mesmo fato é experimentado / vivenciado
diferentemente de um indivíduo para outro.
3- Relações sociais: todos os contatos sociais ocorridos ao longo da vida.
Por isso o HOMEM é considerado um SER BIO – PSICO – SOCIAL.
5- EXEMPLOS DE FENÔMENOS PSICOLÓGICOS OU COMPORTAMENTOS
São exemplos: sensação, percepção, frustração, conflito, motivação, aprendizagem,
criatividade, inteligência, personalidade.
Bibliografia
BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; Teixeira, Maria de Lourdes T. Psicologias: uma
introdução ao estudo de psicologia. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 1996.
TELFORD, Charles; SAWREY, James M. Psicologia: uma introdução aos princípios fundamentais
do comportamento. São Paulo: Cultrix, 1974.
MOSCOVICI, Fela. Razão e emoção: a inteligência emocional em questão. 2.ed.rev. Salvador:
Casa da Qualidade, 1997.
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IV- HOMEM: DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
Quando observamos um grupo de indivíduos, podemos notar, logo a primeira vista, como são
pronunciadas as diferenças entre eles. Não há dois rigorosamente iguais, seja pelos atributos físicos
(estatura, cor de pele, etc.), como também na capacidade de enfrentar situações, lidar com pessoas.
Essas múltiplas características da personalidade apresentam ainda variações de intensidade e grau.
As diferenças individuais não são apenas qualitativas, mas também quantitativas.
Na era industrial o combustível que moveu o mundo foi o petróleo, o carvão e muitos conflitos
surgiram pelo domínio destes recursos. No século XXI, o que move a era da informação é a aptidão
mental e o conhecimento e as empresas passam a ter muito interesse no controle desse recurso.
Esse assunto é importante para os futuros administradores, pois precisam aprender a
administrar as diversidades e tentar melhorar suas percepções com relação às generalizações dentro
de um mesmo grupo de pessoas.
Outro benefício do conhecimento das diferenças individuais refere-se à administração de
recursos humanos no que tange à seleção, treinamento e reengenharia. A seleção refere-se ao
processo de avaliar as pessoas e tentar adequar as características do cargo às aptidões das pessoas. O
treinamento refere-se a compensar quaisquer deficiências relativas ao cargo – verificadas no perfil
ou aptidões, transformar a pessoa. Já a reengenharia tenta modificar cargos para melhor acomodar as
habilidades e características das pessoas.
O administrador dever estar preparado para atuar num “mundo real” e não num “mundo
perfeito”, levar em conta méritos e falhas e através de treinamento, seleção, reengenharia, criar
situação que apóie e afaste deficiências de seu pessoal.
1- HABILIDADE/APTIDÃO
É a disposição em fazer algo sem educação, que necessita exercício e treinamento e é
influenciada por fatores orgânicos, sociais e psicológicos. Pode se modificar sempre que condições
imponham ao indivíduo condições diferentes de ajustamento. Atualmente os níveis de habilidade
exigidas numa ocupação são mais elevados que há alguns anos atrás. O homem domina o trabalho e
a si mesmo, constrói sua natureza e constrói novas formas de agir sobre a natureza.
1.1-
Tipos/Exemplos de Habilidades: todas as pessoas possuem em maior ou menor grau esses
tipos de inteligência.
1.1.1 Motora: desenhar, jogar vôlei, etc. Esse tipo de aptidão é importante para as pessoas que
trabalham com movimentos corporais, como o bailarino, um esportista.
A aptidão física é composta de três dimensões: força muscular, resistência cardiovascular e
qualidade de movimento. É necessário avaliar se o cargo requer esse tipo de capacidade, pois do
contrário isso pode por em risco as pessoas envolvidas no processo de trabalho bem como o
desempenho do indivíduo no cargo.
1.1.2 Intelectual: refere-se a dois tipos de inteligência, global e específica.
a- Inteligência: Abordagem da Psicologia Diferencial
A inteligência é a capacidade para resolver problemas novos com eficiência e originalidade,
capacidade de aprender, de pensar abstratamente. É a concepção de aptidão geral intelectual,
composto de habilidades e poderia ser mediada por meio dos conhecidos testes psicológicos de
inteligência. É possível medir a inteligência das pessoas através da capacidade de verbalizar idéias,
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compreender instruções, perceber a organização espacial de um desenho, resolver problemas,
adaptar-se a situações novas, comportar-se criativamente frente a uma situação.
A partir desta concepção, originaram-se os testes de inteligência. O primeiro deles formulado
por Binet e Simon (França) e visava avaliar a idade mental de crianças e adolescente (atenção,
julgamento, adaptação). Desenvolveu-se na 1ª Guerra Mundial pela necessidade de selecionar
homens para o serviço militar. Em 1902, Stern elaborou o coeficiente de inteligência (QI )calculado dividindo a Idade mental pela Idade cronológica do indivíduo multiplicado por 100 e
posteriormente localizando o resultado numa escala de Classificação de Inteligência (OMS) que
apresenta a classificação desde a deficiência mental profunda (0 a 24 pontos) até super dotado (140
pontos ou mais). As pessoas variam nesta pontuação sendo que a maior parte da população
encontra-se na pontuação de 90 a 110, considerada “normal”. As pesquisas não demonstram que
haja diferença nos QIs entre pessoas com relação a sexo, raça, classe social ou localidade
cidade/campo. No mercado existe uma variedade de testes de inteligência, porém seu uso é restrito
ao psicólogo de acordo com a Lei 4119 (1962).
A partir do final da década de 30 pesquisas reconheciam a subdivisão da inteligência em
vários fatores: espacial, verbal, numérico, raciocínio, fluência verbal, memória (Thurstone), é o que
podemos definir como inteligência específica. Em 1983, Gardner lança seu livro sobre
“Inteligências Múltiplas” no qual descreve sete variedades básicas de inteligências (intelectuais e
não intelectuais), o que é muito importante no estudo da compreensão do comportamento humano e
consideração das diferenças individuais.
Pode-se concluir que inteligência é a capacidade do indivíduo se expressar pela sua facilidade
de aprender (dependendo do meio que entre em contato) e atuar eficientemente sobre o meio (saber
utilizar o que sabe) e pensar abstratamente.
b- Inteligência: Abordagem Dinâmica
Nessa abordagem questiona-se a avaliação da inteligência através de medições considerando a
inteligência como algo distinto da totalidade da pessoa, mas somente medidas da eficiência
intelectual do indivíduo.
O indivíduo é visto na sua globalidade e a inteligência a expressão de um ser, seus
comportamentos, potencialidades e dificuldades construídos a partir da interação entre aspectos
genéticos, maturação neurológica, contexto histórico social político e ideológico de uma sociedade
que determina o que pensar.
Essa abordagem denuncia a dissociação do pensar, fazer e sentir na área do trabalho limitando
a possibilidade de satisfação das necessidades do ser humano e um agir produtivo no prisma
organizacional. Quando isso é respeitado as pessoas se engajam e o trabalho é motivador, ou seja,
resolvem bem as questões do dia a dia, possibilidade de agir de “modo inteligente”.
1.1.3 Social: essa habilidade se refere ao aspecto afetivo emocional e compõe uma parte da nossa
subjetividade.
Segundo Bock (1999) emoções são expressões dos afetos básicos (amor e ódio) acompanhados
de reações intensas e breves do organismo em resposta a um acontecimento. Por exemplo: surpresa,
raiva, nojo, medo, vergonha, tristeza, desprezo, alegria, paixão, agressão, etc. As emoções dão cor e
sabor à nossa vida e orientam e ajudam nas decisões. São fortes e passageiras e alteram-se ao longo
da nossa vida e tem uma função adaptativa, pois ajuda-nos a avaliar as situações, preparam nossas
ações, participam ativamente da percepção que temos das situações vividas e do planejamento das
nossas reações.
A cultura estimula ou reprime reações emocionais, por exemplo, “homem não chora” e também
modela, ou seja, passamos por um aprendizado das reações emocionais adequadas para cada
situação, conforme a idade, o sexo, a posição social.
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Na atualidade ser competente emocionalmente parece ser um diferencial para o profissional
atuar com eficácia. Goleman (1995) no seu livro definiu essa capacidade de “Inteligência
Emocional” como “...a capacidade de automotivar-se e persistir diante das frustrações, controlar
impulsos e adiar satisfações, regular o próprio estado de espírito e impedir que bloqueios emocionais
prejudiquem a capacidade de pensar e criar. Também é entendida como a capacidade de criar
empatia (compreender os sentimentos dos outros e adotar a perspectiva deles; reconhecer as
diferenças no modo como as pessoas se sentem em relação às coisas."
Segundo Moscovici (1997) Inteligência Emocional pode ser substituída pelo termo
Competência Emocional, que é decorrente do treinamento, de desenvolvimento e da educação
incluídos na competência interpessoal. Essa competência é a base e determinará nossos
relacionamentos, e como ninguém vive sozinho isso terá influência no equilíbrio emocional.
Maximiano (2000) apresenta algumas sugestões, segundo Goleman e Gardner, para
desenvolver competências na administração de suas emoções. A inteligência emocional apresenta
cinco componentes:
a- Auto-conhecimento: aprenda a reconhecer seus sentimentos e usá-los para tomar decisões que
afetem positivamente sua vida;
b- Auto-controle: procure administrar sua vida emocional de modo a não ser escravo das emoções.
Procure não ficar paralisado por sentimentos como depressão ou preocupação, nem se deixe levar
pela raiva;
c- Auto-Motivação: seja perseverante ao enfrentar dificuldades e coloque seus impulsos a serviço de
seus objetivos;
d- Empatia: aprenda a entender as emoções alheias sem que precisem explicá-las para você;
e- Habilidades Interpessoais: administre seus sentimentos ao se relacionar com outras pessoas,
procurando ser cuidadoso e harmonioso.
O conceito de inteligências múltiplas (GARDNER, 1983) citado acima inclui a inteligência
interpessoal, que segundo Moscovici (1997) abrange quatro variedades: liderança, relacionamento,
resolução de conflitos e análise social. A pessoa que desenvolve esta inteligência interpessoal é
capaz de ter um melhor rendimento em lideranças e relacionamentos, pode manter relações,
conservar amigos, resolver conflitos e fazer uma leitura psicossocial do que está acontecendo no seu
ambiente social.
O homem considerado "civilizado" era aquele que controlava (eliminava) suas
emoções, ou seja, educados a disfarçar e não expressar suas emoções. O
comportamento humano é guiado por razão e emoção. E as organizações não
podem mais desconsiderar isso (Moscovici, 1997).
Saber e compreender o mundo que nos rodeia é fundamental para que possamos estar nele. A
apreensão do real é feita de modo sensível e reflexivo e, portanto, realizada pelo pensar, sentir,
sonhar, imaginar (BOCK, 1999).
2- INTERESSE
É o conjunto complexo de predisposições que envolvem objetivos, valores, desejos,
expectativas e outras orientações e inclinações que levam a pessoa a agir de uma e não de outra
forma. É a atração, preferência, gosto, sentimento de satisfação por determinado tipo de atividade.
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Os valores são objetivos considerados desejáveis procurados pelas pessoas (bem estar, poder,
prestígio, cultura, etc.); interesses são atividades e objetos através dos quais se buscam os valores.
Por exemplo, pessoas que atribuem valor à estética tendem a se interessar pela arte, música.
O desenvolvimento de interesses está intimamente influenciado pelas condições sócioeconômica-culturais. O contato ou não com determinadas atividades e as condições com que ocorre
leva o indivíduo a se interessar por alguma em especial, como também é afetado por tendências
profundas e mecanismos de ajustamento usados pelo indivíduo, o que os transforma em fontes de
satisfação emocional (por exemplo, o trabalho escolar pode ser indicador de preferência real ou
busca de segurança, prestígio, porém se outra via conduza a essa busca de segurança o indivíduo
poderá desenvolver linha diferente de interesse).
Como os interesses podem flutuar em função das oportunidades e das condições de
personalidade, é evidente que se o indivíduo encontra satisfação no emprego de seus interesses,
tendem a se manter estáveis; caso contrário, busca nova linha de atividades alterando suas
preferências. Entretanto, pesquisas revelam, que os interesses tendem a se estabilizar após a
adolescência.
Vários pesquisadores classificaram as atividades de interesse. Um exemplo é o Inventário de
Kuder. Ele pesquisou e organizou dados definindo nove áreas de interesse: ar livre (atividades ao ar
livre, c/ animais, vegetais, etc.); mecânica (máquinas e instrumentos); cálculo; científica
(descobertas, solução de problemas); persuasiva (atividades de contato com pessoas, vendas);
artística; literária; musical; serviço social; administração ( atividades que exijam exatidão e
precisão).
O interesse numa determinada atividade direciona, prevê a ocupação que o indivíduo seguirá,
mas não dirá sobre o êxito na ocupação, que depende de outras capacidades, preparação prévia,
desejo de ser bem sucedido, etc.
Pode-se estabelecer uma relação entre habilidade e interesse, pois as habilidades (aptidão)
geram facilidade de aprendizagem que redunda em maior interesse na atividade resultando em alto
rendimento e satisfação no trabalho.
3- COMPETÊNCIAS: UMA NOVA FERRAMENTA DE GESTÃO DE PESSOAS
Segunda Dutra (2002) as relações de trabalho se tornaram mais complexas, tanto por conta da
transformação das expectativas e necessidades das organizações e das pessoas, quanto pela entrada
de intermediários na relação entre as pessoas e a empresa.
Essa complexidade nas empresas irá gerar um aumento do padrão de exigência em relação às
pessoas, tanto em termos de qualificação e/ou formação das pessoas, mas também de sua capacidade
de resposta para as necessidades da empresa e/ou negócio.
Para tanto o investimento no desenvolvimento das pessoas será menos no conhecimento
(saber) e na habilidade (saber fazer) e cada vez mais na competência.
Rabaglio (2001) diferencia ser competente e ter competências. Ser competente está
relacionado com um bom desempenho numa determinada tarefa, o que não garante que esse
desempenho será sempre bom. Foi competente por causalidade. Ter competências para a realização
de uma tarefa significa ter conhecimentos, habilidades e atitudes compatíveis com o desempenho
dela e ser capaz de colocar esse potencial em prática sempre que for necessário.
Então, competência é definida como um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e
comportamentos que permitem ao indivíduo desempenhar com eficácia determinadas tarefas, em
qualquer situação e podem ser técnicas (conhecimento e habilidade em técnicas ou funções
específicas) e comportamentais (atitudes e comportamento compatíveis com as atribuições a serem
desempenhadas, por exemplo, iniciativa, criatividade, habilidade de relacionamento interpessoal,
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liderança, negociação, espírito de equipe, humildade, extroversão, espírito de servir, etc)
(RABAGLIO, 2001).
A definição de competências, ou seja, o perfil de competências é o diferencial competitivo de
cada pessoa ou profissional e será um fator essencial para garantir a sustentação de vantagens dentro
e fora das organizações (DUTRA, 2002; RABAGLIO, 2001).
4- CONSIDERAÇÕES GERAIS
À medida que os progressos da tecnologia evoluem, vão se tornando cada vez menos
necessária a força bruta e mais indispensável outras habilidades. O mercado de trabalho está
mudando constantemente, necessita de pessoas flexíveis, dinâmicas e multiprofissionais e,
geralmente as pessoas não são aprovadas para exercer apenas uma atividade. O conceito de
profissão está mudando e as pessoas estão executando um grupo de tarefas.
Os conceitos abordados são importantes, porém é necessário que sejam utilizados não para
discriminar, classificar, rejeitar um indivíduo, mas para auxiliar a adaptação deste ao seu meio e
desenvolvimento de suas potencialidades. Nas organizações há uma diversidade de estilos
comportamentais em virtude de três domínios interligados: tarefas, carreira e vida pessoal. É
necessário considerar a relação entre as habilidades do indivíduo e a natureza do trabalho a executar,
pois uma discrepância nisso pode gerar desinteresse, instabilidade no emprego, dificuldade de
treinamento o que pode ser nocivo à empresa. Porém, habilidades podem ser treinadas,
desenvolvidas, não somente a habilidade técnica, mas também a capacitação interpessoal.
Toda empresa faz parte do contexto sócio econômico político e ideológico de uma sociedade.
Para a sociedade na sua fase industrial interessava o fazer dos trabalhadores e não o pensar. O
trabalho como atividade que constrói o homem é que levou ao desenvolvimento do pensamento e
este que leva a ações produtivas e satisfação de necessidades do ser humano. Como então é possível
não pensar e ter um agir produtivo?
Conforme De Masi (2000) sociólogo italiano, a sociedade pós-moderna é composta de
trabalhadores intelectuais e o executar é substituído pelo pensar criativo, ideativo.
Assim é possível considerar o indivíduo na totalidade, com potenciais, individualidade,
emoções, ações espontâneas, sentimentos, lazer e reverter em qualidade de vida e saúde mental para
todos. A empresa sadia, de sucesso, é aquela que promove isto.
Bibliografia:
DE MASI, Domenico. O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. 32.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
LOPES, T.V.M. Problemas de pessoal da empresa moderna. 8.ed. Rio de Janeiro: FGV, 1985.
MAXIMIANO, Antonio Casar Amaru. Teoria geral da administração. 2.ed. São Paulo: Atlas,
2000.
MOSCOVICI, Fela. Razão & Emoção: a inteligência emocional em questão. 2.ed. rev. Salvador:
Casa da Qualidade, 1997.
SUPER, D.E.; BOHN JR, M. J. Psicologia ocupacional. São Paulo: Atlas, 1975.
WAGNER III, John A., HOLLENBECK, John R. Comportamento organizacional: criando
vantagem competitiva. São Paul: Saraiva, 1999.
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: AVALIAÇÃO DE ATITUDES
AUTO-PERCEPÇÃO
1. Escreva 3 sonhos pessoais:
2. Escreva 3 habilidades pessoais:
3. Escreva 3 dificuldades pessoais:
AUTO-REGULAÇÃO
Atribua-se um valor,numa escala de 1 a 5, sendo 1 (muito fraco), 2 (fraco), 3 (regular), 4
(bom), e 5 (ótimo):
1. Sei lidar com meus impulsos e emoções perturbadoras: ____
2. Assumo a responsabilidades pelas minhas ações/erros: ____
3. Sou flexível, aberto a novas idéias: ____
4. As pessoas me consideram confiável na vida pessoal e nos negócios: ____
5. Mantenho compromissos e cumpro o que prometo: ____
AUTO-MOTIVAÇÃO
Atribua-se um valor, numa escala de 1 a 5, sendo 1 (muito fraco) e 5 (ótimo):
1. Tenho metas pessoais e profissionais: ____
2. Tenho força de vontade e persistência: ____
3. Percebo oportunidades e tenho iniciativa: ____
4. Sou otimista, mesmo diante das dificuldades: ____
5. Tenho esperança e paixão pela vida: ____
EMPATIA
Atribua-se um valor, numa escala de 1 a 5, sendo 1 (muito fraco) e 5 (ótimo):
1. Sou um bom ouvinte; escuto todos com atenção: ____
2. Consigo identificar o que a outra pessoa está sentindo: ____
3. Reconheço e elogio os progressos de outras pessoas: ____
4. Sou sensível às necessidades e perspectivas de outras pessoas
5. Não admito preconceitos e intolerância: ____
COMUNICAÇÃO
Atribua-se um valor, numa escala de 1 a 5, sendo 1 (muito fraco) e 5 (ótimo):
1. Tenho argumentos claros e convincentes: ____
2. Gosto de compartilhar informações: ____
3. Sou bom ouvinte e receptivo a idéias discordantes das minhas: ____
4. Sou perito em obter consenso e apoio: ____
5. Sou bem aceito e consigo influenciar pessoas de poder no grupo: ____
CAPACIDADE DE EQUIPE
Atribua-se um valor, numa escala de 1 a 5, sendo 1 (muito fraco) e 5 (ótimo):
1. Sei lidar com pessoas difíceis e situações tensas: ____
2. Tenho amigos pessoais entre meus parceiros de trabalho: ____
3. Procuro sempre cooperar e cultivar um clima amistoso no trabalho? ____
4. Consigo envolver e entusiasmar pessoas em torno de metas comuns? ____
5. Procuro sempre soluções onde todos saem ganhando? ____
Fonte: MARTINS, Maria Ivanil C., Inteligência emocional (texto apostilado) - Inbrape
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V- PERCEPÇÃO
1- INTRODUÇÃO
Percepção é o processo pelo qual os indivíduos selecionam, organizam, armazenam e
recuperam informações (WAGNER III; HOLLENBECK, 1999). Os seres humanos dispõem de
cinco sentidos pelos quais experimentam o mundo ao seu redor: visão, audição, tato, olfato e
paladar. A maioria de nós “confia em nossos sentidos”, mas às vezes essa fé cega pode nos fazer
acreditar que nossas percepções são um reflexo perfeito da realidade. As pessoas reagem àquilo que
percebem, e suas percepções nem sempre refletem a realidade objetiva. Esse é um problema
importante, porque à medida que aumenta a diferença entre a realidade percebida e a objetiva,
aumenta também a possibilidade de incompreensão, frustração e conflito.
2- FATORES DETERMINANTES DA PERCEPÇÃO
A percepção apresenta “diversidade subjetiva”, ou seja, as pessoas diferem em suas
percepções sobre objetos, situações, pessoas, etc. devido aos seguintes fatores:
a- Biofisiológico: genética/físico, sistema sensorial, sistema nervoso periférico (cortéx
cerebral/neurotransmissores)
b- Sociais e econômicos
c- Cultural: crenças, costumes, tradições, valores, conhecimentos.
d- História de Vida: aprendizagem, experiências.
e- Estado Psicológico: tristeza, alegria, frustração, cansaço, doenças.
f- Motivação: necessidades, interesses, expectativas.
Dentre os fatores determinantes da percepção iremos especificar alguns deles:
o A sensação em si: ela constitui a base da percepção e ao mesmo tempo a limita;
o Características particulares do estímulo: a intensidade (tende-se a selecionar estímulos
de maior intensidade); dimensões (presta-se mais atenção a anúncios maiores);
mobilidade (um amarelo destaca-se em relação ao cinza); freqüência (a continuação
monótona pode reduzir a receptividade ao estímulo); forma (percebem-se melhor sinais
de forma e contorno bem delineados);
o O estado psicológico de quem recebe o estímulo englobando:
- Experiências anteriores: sejam positivas, neutras ou negativas interfere na percepção do
momento, por exemplo, uma pessoa não aprecia determinado modelo de carro porque ele
lhe traz a imagem de um acidente;
- A formação do indivíduo: seus valores, crenças, preconceitos, regras, normas,
maturidade, saúde física, nível de conhecimento, fatores culturais, por exemplo, o
cabeleireiro nota diferenças mínimas no penteado do cliente;
- Motivos, emoções e expectativas que envolvem o estímulo ou as circunstâncias que o
geram, por exemplo, a moça apaixonada só tem olhos para o amado;
o Situacionais: dependendo da situação a nossa percepção classificam e julgam diferentes
situações e com isso determinam em grande parte o comportamento, por exemplo, ser
tocada nas costas dentro da sala de aula, em uma rua movimentada ou numa praça
deserta à meia noite.
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3- FASES DO PROCESSO PERCEPTIVO
3.1- Fase de Atenção: a maior parte das informações disponíveis é filtrada de forma que algumas
entrem no sistema e outras não. Isso é necessário porque os cinco sentidos são bombardeados com
muito mais informação do que conseguem processar. Qualquer parcela de informação que for
ignorada nessa fase não irá fazer parte de nossa tomada de decisão.
a- A atenção é mais facilmente atraída para objetos ou informações que confirmam nossas
expectativas. Expectativa é definida como a probabilidade de algo ocorrer, com base na experiência
passada.
b- A atenção é atraída para objetos ou informações que satisfazem nossas necessidades ou
interesses, ou seja, o estado motivacional afeta a percepção.
3.2- Fase de Organização: as informações restantes (depois de filtradas na fase de atenção) ainda
são muito abundantes e complexas para serem facilmente entendidas e armazenadas. Nessa fase,
simplificamos e organizamos mais os dados sensoriais acessados. Um dos métodos é amassar
vários pedaços de informação em uma única peça que possa ser processada mais facilmente.
Há uma tendência de agrupar os estímulos, na tentativa de ampliar o limite de atenção. Uma
dessas tentativas é a separação do campo perceptual em duas partes: a figura e o fundo, na qual a
figura significa os estímulos que sobressaem e ganham um significado. Segundo a Gestalt, teoria
responsável pelo estudo da percepção, fatores tais como a continuidade ou fechamento ( tendência
em completar estímulos incompletos) ; a proximidade (fator que nos faz perceber as coisas
próximas como pertencentes a um mesmo grupo); similaridade (tendência em perceber estímulos
semelhantes como pertencendo a um mesmo conjunto); contraste (nos faz ressaltar a forma
diferente em relação ao todo); constância (tendência de perceber um objeto como sendo o mesmo
em diferentes condições). Estes fatores, apesar de produzirem diferentes imagens perceptivas são os
que mais influenciam no processo de organização perceptiva.
3.3- Fase de Decodificação: tentativa de integrar às informações já recebidas no passado e
armazenar a informação que se recebe no presente, ocorrendo a aquisição do significado. As
características da informação/estímulo (estrutura ou contexto no qual percebemos) e da pessoa
percebedora interferem no processo, pois nada no mundo tem significado inerente.
3.4- Recordação ou Recuperação: da mesma maneira que as informações brutas às vezes se perdem
no processo de sua organização, também é possível perder informações no processo de
armazenagem e recuperação. Nem toda a informação que é recebida e organizada é armazenada e
nem toda a informação que é armazenada pode ser recuperada. A recuperação depende dos
estímulos e da memória. Isso pode criar ilusões e erros nas decisões.
4- PROBLEMAS DE PERCEPÇÃO
4.1-Estereótipos: são generalizações/tendência a organizar os dados da realidade
(situação/indivíduo) em torno da idade, sexo, origem étnica, grupo sócio-econômico-cultural.
Geralmente são negativos. Por exemplo: mulher no volante, perigo constante.
4.2- Efeito de Halo: permanecer a primeira impressão do contato inicial com pessoas ou situação, o
impacto que cada um causa no outro. Esta primeira impressão está condicionada a um conjunto de
fatores psicológicos da experiência anterior de cada pessoa, suas expectativas e motivação no
momento e a própria situação do encontro.
4.3- Viés da disponibilidade: As pessoas têm a tendência de julgar a probabilidade de que alguma
coisa aconteça pela facilidade com que podem se lembrar de exemplos. Um exemplo é a tendência a
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superestimar a quantidade de mortes devidas a eventos como desastres aéreos e a subestimar o
número de mortes causadas por acidentes de trânsito ou por doenças.
5- REDUZINDO OS PROBLEMAS DE PERCEPÇÃO
5.1- Aumentar a freqüência de observações. Ao fazer mais observações, o observador pode coletar
mais informações e com isso elevar a acurácia das percepções.
5.2- Garantir a representatividade das informações por meio do cuidado com o modo e o momento
da observação. Se obtivermos observações por amostragem aleatória e utilização dos métodos mais
isentos possíveis, aumentaremos a probabilidade de que essas observações sejam acuradas.
5.3- Obter observações de pessoas diferentes e de diferentes perspectivas.
5.4- Empenhar-se em obter informações que não sejam condizentes ou que contradigam nossas
convicções correntes.
5.5- Trabalhar sobre os estereótipos, ou seja, alertar as pessoas acerca dos estereótipos que eles
sustentam em relação às demais. Levar os observadores a abandonar determinadas formas de
organizar os dados da realidade que pareçam induzi-los a erros e, se possível, que os substituam por
outros mais acurados, mas ainda úteis na simplificação dos dados. Procurar ativamente pela
informação que conteste é particularmente útil a esse propósito. Aumentar a exposição dos
observadores a grupos sociais diferentes num esforço de ajudá-los a desenvolver protótipos mais
acurados.
5.6- Assumir a perspectiva do outro: não enquadrar o outro na maneira de ver, tentar ver o que são e
não o que queremos ver;
5.7- Oportunizar o processo mental: discutir, analisar, questionar, confrontar, refletir sobre as
nossas convicções e a dos demais;
5.8- Procurar mudar os próprios paradigmas: ver sob um outro referencial;
5.9- Desenvolver empatia: compreender, aceitar, julgar corretamente a situação/outro, sob o
referencial do outro;
5.10- Desenvolvimento de flexibilidade: reagir apropriadamente à situação: repertório de condutas
conforme a situação e a pessoa.
Qualquer entendimento novo dependerá das experiências passadas em face de situações
diferentes; as percepções vão se aperfeiçoando à medida que as pessoas desenvolvem a observação,
a educação e o processo mental.
É possível, então, adquirir uma capacidade de perceber o mundo sob um outro referencial, ou
seja, MUDAR PARADIGMAS de percepção, pois estes desencadeiam nosso comportamento. Como
já exposto no início desse assunto, a realidade objetiva é diferente da realidade percebida. A
percepção adequada/correta depende da interação dinâmica, do equilíbrio entre fatores internos
(experiências passadas, valores, necessidades) e as características externas (situação).
A percepção faz parte processo cognitivo do ser humano diante das mudanças que ocorre em
seu meio trazendo novas experimentações e conhecimento. Sendo assim, engloba todos os processos
de compreensão do ser humano.
6- ORGANIZAÇÃO E PERCEPÇÃO
As pessoas notam de forma seletiva as diferentes partes do ambiente, analisam o que vêem à
luz de suas experiências passadas e avaliam o que estão experimentando em função de suas
necessidades e valores. Visto que as necessidades e experiências das pessoas variam muito, suas
percepções do ambiente irão variar. Por exemplo, nas organizações as pessoas desenvolvem
expectativas bem diferentes sobre que tipos de comportamento levarão a recompensas como
19
aumentos salariais e promoções. O ambiente exibe às pessoas mais eventos e objetos do que o
indivíduo é capaz de processar cognitivamente (...). As pessoas aprendem a discriminar aquelas
coisas nas quais têm que prestar atenção para satisfazer suas necessidades, daquelas que, sem
prejuízo, “podem deixar de lado” (NADLER; HACKMAN, 1983).
A pessoa responde aos estímulos que têm significado para ela conforme suas necessidades,
bem como interpreta o que a cerca, de acordo com suas vivências e estereótipos. Os estereótipos são
responsáveis pelos conceitos e categorias com que uma pessoa forma sua impressão sobre
determinados grupos e/ou situações e também para interpretar o comportamento dos outros,
formando sua própria imagem. O mundo para a pessoa pode não ser o real, ela distorce as
informações conforme suas expectativas.
Nas empresas a tarefa que agrada a um subordinado pode ser considerada desagradável para
outro; há disponibilidades e remanejamentos. Formam-se a partir daí, estereótipos, positivos ou
negativos, sem a preocupação de se verificar a veracidade dos fatos. Há equívocos que dão a
impressão de irracionalidade dos comportamentos. Na motivação observam-se conceitos e valores
diferentes. O que satisfaz um não satisfaz outro. Daí a freqüência de desempenhos antiprodutivos.
Nas percepções, as pessoas captam do ambiente apenas o que lhe interessa, subjetivamente, de
acordo com seus problemas, convicções e motivos sem analisar cognitivamente o comportamento
dos que as cercam e o ambiente sob a ótica específica e diferenciada de cada empresa.
Na moderna administração os líderes essencialmente necessitam tomar decisões em meio à
complexidade do ambiente em que as organizações estão inseridas. Para sobreviver nesse ambiente
é necessário tomar decisões adequadas e isso implica desenvolver percepções acuradas – tanto com
relação a si mesma como em relação aos seus concorrentes. Isso resultará em escolhas de
alternativas mais adequadas e a possibilidade de outras criativas e inovadoras.
7- APLICAÇÕES PRÁTICAS DA PERCEPÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
Segundo Soto (2002) nas organizações as pessoas sempre se julgam umas às outras com
relação ao esforço e ao desenvolvimento nos cargos.
aNa entrevista de emprego: o entrevistador deve reconhecer que os fatores de
percepção influem nas pessoas que são contratadas e na qualidade da mão-de-obra de
uma organização;
bAvaliação do desempenho: o resultado das avaliações será afetado pelas medidas
subjetivas
que
o
avaliador
percebe
como
“boas
ou
más”
características/comportamentos do empregado;
cLealdade do empregado: o que alguém que toma decisões percebe como sendo
lealdade é bastante discriminável. Um empregado que questiona uma ordem pode ser
considerado desleal por uns ou cuidadoso por outros. Os delatores atuam em nome da
lealdade, mas são vistos como causadores de problemas pela administração;
dExpectativas de desempenho: a profecia do autocumprimento ou efeito pigmaleão
caracteriza o fato de que as expectativas dos superiores determinam o comportamento
dos seus subordinados;
eEsforço do empregado: a avaliação do esforço de um indivíduo é algo subjetivo
sujeito a distorções de percepção e pode ser influência primária em seu futuro na
organização.
20
8- PERCEPÇÃO E INTERAÇÃO
Segundo Bergamini (1992), a interação entre pessoas é conseqüência da interpretação
daquelas percepções que se tem sobre o comportamento ou as ações dos outros. Sendo a percepção
seletiva, centra foco em algumas áreas de informação a fim de orientar as interações.
Se nossas percepções e os nossos julgamentos acerca dos outros são corretos, estabelece-se
comunicação autêntica e torna-se possível uma relação interpessoal conjunta; do contrário
dificuldades tendem a provocar relações interpessoais precárias (MINICUCCI, 1985).
Vários autores sugerem formas de como melhorar a percepção-interação entre pessoas:
a- Autoconhecimento de seu estilo perceptivo (tendência de como percebe o mundo) a fim de
questionar o conceito que percebeu/formou do outro.
b- Aceitar as diferenças individuais
c- Ter sensibilidade para o mundo do percebedor, esforçando-se para julgar corretamente
(empatia).
Bibliografia:
AGUIAR, Maria Aparecida Ferreira. Psicologia aplicada à administração: uma abordagem
interdisciplinar. São Paulo: Saraiva, 2005.
BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de psicologia geral. 14.ed. São Paulo: Ática, 1997.
BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T. Psicologias: uma
introdução ao estudo da psicologia. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
FIORELLI, José Osmir. Psicologia para administradores: integrando teoria e prática. 4.ed. São
Paulo: Atlas, 2004.
FRITZEN, Silvino José. Relações humanas interpessoais. 8.ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. 3.ed. São
Paulo: Atlas, 1987.
MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal. 6.ed. Rio de Janeiro: José Olyimpio, 1996.
SOTO, Eduardo. Comportamento organizacional: o impacto das emoções. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2002.
TELES, Antonio Xavier. Psicologia moderna. 25.ed. São Paulo: Ática, 1984.
TELFORD, Charles; SAWREY, James M. Psicologia: uma introdução aos princípios fundamentais
do comportamento. São Paulo: Cultrix, 1974.
WAGNER III, John A.; HOLLENBECK, John R. Comportamento organizacional: criando
vantagem competitiva. São Paulo: Saraiva, 1999.
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