Universidade Federal de Rio Grande – FURG Universidade Aberta do Brasil – UAB Disciplina de Psicologia da Educação I Prof.ª Ivalina Porto A Psicologia ou as Psicologias CIÊNCIA E SENSO COMUM - Será esta a Psicologia dos psicólogos? A psicologia usada no cotidiano pelas pessoas em geral é denominada de Psicologia do senso comum. Os indivíduos, normalmente, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite explicar e compreender seus problemas cotidianos. SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE - No cotidiano, é que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que sentimos a realidade. - O conhecimento que acumulamos em nosso cotidiano é chamado de senso comum. Tal conhecimento é intuitivo, espontâneo, permeado por tentativas e erros (fazer um chá para uma dor, saber quanto tempo o café permanece quente na garrafa térmica, medir distâncias). SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE - Sem esse conhecimento, a nossa vida no dia a dia seria muito complicada. - O conhecimento do senso comum percorre um caminho que vai do hábito à tradição, a qual, quando estabelecida, passa de geração para geração. - Nessa tentativa de facilitar o dia a dia, é que o senso comum produz suas próprias “teorias”, na realidade. SENSO COMUM: UMA VISÃO-DE-MUNDO - O senso comum produz teorias médicas, físicas, psicológicas, etc. Além disso, mistura e recicla outros saberes, muito mais especializados e os reduz a um tipo de teoria simplificada, o que produz uma determinada visão de mundo. - O senso comum integra, de um modo precário, o conhecimento humano. A PSICOLOGIA CIENTÍFICA - O que é ciência? A ciência se compõe de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que seja possível a verificação de sua validade. A PSICOLOGIA CIENTÍFICA Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, o que promove a reprodução da experiência. Essa característica da ciência possibilita sua continuidade: um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. A PSICOLOGIA CIENTÍFICA A ciência tem uma característica fundamental: aspira à objetividade. Suas conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção, para se tornarem válidas para todos. Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento e objetividade são o conjunto de características que permitem o conhecimento científico. OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA A Psicologia, como a Antropologia, a Economia, a Sociologia e todas as ciências humanas, estuda o homem. DIVERSIDADE DE OBJETOS DA PSICOLOGIA A diversidade de objetos da Psicologia se deve ao fato de este campo do conhecimento se ter constituído como científico apenas recentemente (final do século XIX). Um motivo que dificulta uma clara definição de objeto da Psicologia é o fato de o cientista – o pesquisador – confundir-se com o objeto a ser pesquisado. OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA A concepção de homem que o pesquisador traz consigo “contamina”, inevitavelmente, a pesquisa em Psicologia. Conforme a definição de homem adotada, tem-se uma concepção de objeto que combine com ela. Como há uma riqueza de valores sociais que permitem várias concepções de homem, no caso da Psicologia, esta ciência estuda os “diversos homens”. A SUBJETIVIDADE COMO OBJETO DA PSICOLOGIA - A Psicologia colabora com o estudo da subjetividade: esta é a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida humana. - A matéria-prima da Psicologia, portanto, é o homem em todas as suas expressões, as visíveis e as invisíveis, as singulares e as genéricas – homem-corpo, homem-pensamento, homem-afeto, homem-ação. Tudo isso está sintetizado no termo subjetividade. A SUBJETIVIDADE COMO OBJETO DA PSICOLOGIA A subjetividade é o mundo de ideias, significados e emoções, construído internamente pelo sujeito, a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica. Também é fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. - Estudar a subjetividade é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BOCK, A. et al. Psicologias – uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999. “[...] o homem que compreende a história também compreende a si mesmo, e o homem que compreende a si mesmo pode compreender o engendramento do mundo e criar novas rotas e utopias” (BOCK, 1999, p.25).