GORDURA PODE LHE FAZER BEM! Novas pesquisas mostram que a escolha certa de alimentos e hábitos alimentares pode ajudar a manter doenças a distância Durante muitos anos, ouvimos falar dos perigos da presença de gordura na alimentação, entre eles maior risco de doenças cardíacas, câncer, diabete e obesidade. Mas um número crescente de pesquisas vem demonstrando que muitas gorduras podem ser favoráveis à saúde. “A quantidade total de gordura que comemos é importante. No entanto, dar preferência às gorduras benéficas traria mais vantagens à saúde das pessoas do que contar os gramas de gordura que comem”, afirma Louise Lambert-Lagacé, consultora de nutrição de Montreal. Há pouco tempo nos diziam que evitássemos as gorduras saturadas e optássemos pelas poliinsaturadas (óleo de açafrão, girassol e milho e outros). Agora, no entanto, novas pesquisas apontam para as gorduras poliinsaturadas com alto teor de ômega-3 (encontradas principalmente no peixe) e monoinsaturadas (encontradas no azeite de oliva e no óleo de canola, nas nozes, no peixe e nas margarinas não hidrogenedas). Um estudo realizado na Suécia, em 1988, constatou que mulheres que ingeriam mais gorduras monoinsaturadas reduziram de forma significativa o risco de câncer de mama. E, em países que consomem uma dieta em que a principal forma de gordura é o azeite de oliva, a incidência de doenças cardíacas e de muitos tipos de câncer é menor. GORDURAS PERMITIDAS: As poliinsaturadas podem ser benéficas ou não, dependendo da fonte. Os óleos de girassol, milho e açafrão contem poliinsaturados ômega-6 em excesso. “Alguns estudos estão demonstrando que um alto consumo de ômega-6 pode contribuir para o aparecimento de câncer de mama e gastrointestinal”, alerta Bruce Holub, professor de ciências da nutrição da Universidade de Guelph, em Ontário. O ômega-3, ao contrário, pode reduzir os triglicerídeos (gordura no sangue), a hipertensão arterial, arritmias cardíacas e a incidência de coágulos sanguíneos. Os cientistas tomaram conhecimento da importância do ômega-3 ao notar que os inuits, na Groenlândia, apresentavam baixos índices de doenças cardíacas, apesar da dieta rica em gordura. O segredo é o óleo de peixe e o próprio peixe, especialmente os gordurosos de águas frias, como o salmão, o arenque, a sarda e o atum. O teor de ômega-3 pode ser aumentado em ovos especiais – produzidos por galinhas alimentadas com semente de linhaça-, nozes, óleo de canola, derivados da soja e nas próprias sementes de linhaça. GORDURAS PROIBIDAS: Existem dois tipos de gordura que precisamos reduzir. A saturada é encontrada em alimentos de origem animal, como carne, manteiga e queijo. A dieta de grande parte das pessoas inclui o excesso desses alimentos, aumentando o LDL (o “mau” colesterol) e, por conseguinte, o risco de doenças cardíacas e possivelmente de câncer de próstata e do cólon. Também nociva é outra gordura chamada “trans”, produzida quando se adiciona hidrogênio ao óleo vegetal líquido para torná-lo sólido. Sem esse processo, os biscoitos industrializados ficariam moles, assim como a casquinha dos nuggets de peixe e de frango empanado e congelados. Enquanto as gorduras “trans” e saturadas aumentam o LDL, existem evidências de que a primeira também reduz o HDL (o colesterol “bom”) e aumenta os triglicerídeos. A gordura “trans”é encontrada em uma ampla variedade de alimentos industrializados, incluindo biscoitos, batatas fritas, derivados de carne vermelha e margarinas hidrogenadas. Se a lista de ingredientes contiver “gordura vegetal” ou ainda óleo vegetal “hidrogenado” ou “parcialmente hidrogenado”, saiba que estará ingerindo gordura “trans”. O EQUILÍBRIO: É tentador pensar que o simples fato de adicionar azeite de oliva ou semente de linhaça à dieta nos tornará mais saudáveis. Entretanto , “é preciso considerar a alimentação como um todo, e não apenas um produto” explica Bretta Maloff, especialista em dietas de Calgary. Essa visão mais ampla inclui na dieta ”frutas, legumes, verduras, grãos integrais e equilíbrio entre o consumo de energia e os níveis de atividade”. Bretta alerta que não é preciso aumentar a ingestão de gorduras: basta substituir as prejudiciais pelas benéficas. Lembre-se de que a gordura é necessária à saúde da pele, do cérebro, dos cabelos, das unhas, das mucosas, da digestão, do sistema imunológico, do coração, da função reprodutora e do sisteme nervoso. Cortar sua ingestão de forma drástica pode até mesmo tornar a pessoa mais vulnerável a doenças cardíacas. “Corremos sérios riscos eliminando a gordura, sobretudo se a substituímos por carbohidratos simples, como massas e açúcares”, diz Bruce McDonald, especialista em gordura. “Os carbohidratos simples são rapidamente digeridos e, como o corpo não pode utilizar toda essa energia de uma só vez, ele a transforma em gorduras do sangue – os triglicerídeos”. Uma taxa de triglicerídeos alta, mesmo com colesterol baixo, eleva muito o risco de doenças cardíacas. A ESCOLHA DOS (GORDURAS) CERTOS ALIMENTOS PEIXES: Procure comer peixe duas vezes na semana, principalmente salmão, arenque ou sarda. Evite nuggets de peixe empanados e congelados, feitos com óleo hidrogenado. NOZES E SEMENTES: Saboreie nozes, amêndoas, amendoins e manteiga de amendoim, mas em pequenas quantidades e não todos os dias. Salpique duas colheres de chá de sementes de linhaças moídas no cereal ou no iogurte algumas vezes por semana. MOLHOS DE SALADA: Os óleos que reúnem os maiores benefícios nutricionais são o azeite de oliva e o óleo de canola. Guarde-os ao abrigo da luz. MANTEIGA E MARGARINA: Limite o uso de ambas. Se você usa margarina, prefira a não hidrogenada. Algumas margarinas agora começam a incluir esteróis vegetais (fitoesteróis), compostos orgânicos capazes de reduzir o colesterol. BISCOITOS: Se feitos com óleo hidrogenado, coma-os com moderação. CHOCOLATE: Se ceder à tentação, escolha um chocolate com baixo teor de gordura saturada ou “trans”. Adaptação: Antonio Figueiredo [email protected]