Produção de Panicum maximum consorciado com sorgo sob

Propaganda
Produção de Panicum maximum consorciado com sorgo sob diferentes
fontes de fósforo
Luíz Paulo Figueredo Benício¹, Vinicius Almeida Oliveira¹, Luziano Lopes da Silva¹, Clauber Rosanova²
3
e Saulo de Oliveira Lima
¹Aluno do programa de pós-graduação em Produção Vegetal da Universidade Federal do Tocantins TO ([email protected];
[email protected]; [email protected])
² Professor M.Sc do Curso Técnico em Agroindústria com Área de Concentração em Agropecuária do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Tocantins – IFTO ([email protected])
³ Professor do Curso de Agronomia da Universidade Federal do Tocantins ([email protected].)
Resumo - O presente trabalho teve por objetivo avaliar diferentes cultivares de Panicum maximum cultivados em consórcio
com sorgo sob diferentes fontes de fertilizantes fosfatados. O trabalho foi desenvolvido na Universidade Federal do
Tocantins Campus Universitário de Gurupi. O delineamento foi em blocos ao acaso, com arranjo fatorial 4x4. Os
tratamentos foram compostos por quatro cultivares de capins do gênero Panicum (Massai, Áries, Atlas e Mombaça), com
três fontes de fertilizantes fosfatados NPK (5-25-15), superfosfato simples, fertilizante fosfatado Fospasto e um tratamento
sem adubação. O plantio das cultivares foi realizado em consórcio com sorgo forrageiro. As avaliações procederam-se 307
dias após o plantio. As variáveis analisadas foram altura do dossel, número de perfilhos e matéria seca da parte aérea. Os
manejos de adubos fosfatados não influenciaram a altura dos cultivares de Panicum. O tratamento sem adubação apresentou
menor produção de massa seca e perfilhamento.
Palavras-chave: Mombaça, Massai, Atlas, Áries, lavoura-pecuária, perfilhamento
Panicum maximum production intercropped with sorghum under different
phosphate fertilizers
Abstract - This study aimed to evaluate different cultivars of Panicum maximum under different sources of phosphate
fertilizers, intercropped with sorghum grown under phosphate fertilizers. The study was carried out at the University of
Tocantins University Campus Gurupi. The design was of randomized blocks, with a 4x4 factorial arrangement. The
treatments were composed of four cultivars of Panicum (Massai, Aries, Atlas and Mombasa), with three sources of
phosphate fertilizer NPK (5-25-15), single super phosphate, phosphate fertilizer Fospasto and a treatment without
fertilization. The planting of cultivars of Panicum was carried out in association with sorghum. Evaluations were done 307
days after planting. The variables were canopy height, number of tillers and shoot dry matter. The management of phosphate
fertilizers did not influence the height of the cultivars of Panicum. The treatment without fertilization had lower dry mass
production and tillering.
Keywords: Mombasa, Masai, Atlas, Aries, crop-livestock, tillering
Introdução
A baixa fertilidade natural dos solos é um fator limitante
da produtividade e sustentabilidade da pecuária brasileira,
assim como o manejo que também pode acentuar a
deficiência de nutrientes (Benício et al., 2011). Independente
da espécie forrageira cultivada, a baixa disponibilidade de
fósforo nos solos tropicais brasileiros limita a produção de
forragens (Lima et al., 2007), uma vez que a utilização de
adubo fosfatado aumenta significativamente a produção de
forragens. Como existem várias fontes de P no mercado
necessita estudos sobre a eficiência destas.
Nos últimos anos tem sido crescente a procura por novas
tecnologias que permitam o estabelecimento, recuperação e
a renovação de pastagens, os pecuaristas buscam
constantemente um capim que atenda aos anseios de alta
produtividade (Fernandes et al., 2004). A maior parte das
forrageiras cultivadas no Estado do Tocantins é representada
por gramíneas do gênero Brachiaria. No entanto, suas
pastagens têm sofrido grande redução com a sucessão dos
anos de exploração, sendo que algumas cultivares de
Panicum maximum têm sido introduzidas nesta região em
substituição às pastagens de braquiária. Algumas cultivares
de Panicum maximum Jacq. não têm tido sucesso em solos
com baixos níveis de fósforo disponível (Beretta et al.,
1999). As informações sobre Panicum ainda são muito
escassas para o Estado do Tocantins, carecendo de mais
estudos para determinar suas exigências quanto ao manejo e
à fertilidade do solo (Ferreira et al., 2008).
A utilização de híbridos de sorgo para a produção de
silagem vem sendo bastante estudada, pois este produz de 40
a 60 toneladas de forragem fresca/ha. Além da alta produção,
produz forragem com 8,3 e 13,8% de PB, respectivamente
para a planta inteira e folhas (Fernandes et al., 2004). Em
função destas características, o sorgo tem despertado grande
interesse para uso em condições de pastejo, principalmente
no processo de implantação, renovação ou recuperação de
pastagens degradadas, objetivando um início mais rápido no
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.2, p.55-60, jun. 2011
55
pastejo após o plantio e um melhor aproveitamento dos
fertilizantes. Neste caso, o plantio de sorgo é feito associado
a uma gramínea, onde se utiliza o sorgo como silagem ou nos
primeiros pastejos (Fernandes et al., 2004).
Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de
diferentes cultivares de Panicum maximum ao final do
primeiro ano de implantação, implantadas em consórcio com
sorgo sob diferentes fontes de fósforo.
Material e Métodos
360
330
300
270
240
210
180
150
120
90
60
30
0
90
80
UR(%)
70
60
50
40
T (ºC)
30
20
10
Temperatura - T (ºc)
Umidade Relativa - UR (%)
Precipitação (mm)
O trabalho foi desenvolvido na Universidade Federal do
Tocantins, no Campus Universitário de Gurupi, no período
de janeiro de 2008 a novembro de 2008.
A análise química do solo de amostras coletadas a 0-20
cm de profundidade revelou os seguintes valores: 5,5 pH
(CaCl2); 0,08 cmolc dm ³ de Al; 3,92 cmolc dm ³ de H+Al;
³
2,36 cmolc dm ³ de Ca; 0,83 cmolc dm ³ de Mg; 2,6 mg dmde P; 47,5 mg dm-³ de K; 4,84 cmolc dm-³ de CTC; 18,0 g dm-³
de MO e 35,95% de saturação por bases, segundo método
preconizado pela Embrapa (1997).
O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao
acaso, com arranjo fatorial 4x4 com quatro repetições. Os
tratamentos do primeiro fator foram quatro cultivares de
capins do gênero Panicum (Massai, Áries, Atlas e
Mombaça), e os tratamentos do segundo fator foram três
fontes de fertilizantes fosfatados NPK (5-25-15),
superfosfato simples (18% de P2O5), fertilizante fosfatado
Fospasto (26% de P2O5) e um tratamento sem adubação. A
dose de fósforo foi estipulada de acordo com a análise de
solo, seguindo as recomendações da (CFSEMG, 1999),
-1
totalizando 90 kg.ha de P2O5. Os dados de precipitação
pluviométrica, temperatura e umidade relativa encontram-se
na Figura 1.
A semeadura das cultivares de Panicum foi realizada em
consórcio com sorgo forrageiro (Sorghum bicolor L.
Moench) híbrido BRS 610 em parcelas iguais sendo que a
0
jan
fev mar abr mai jun juh ago set
out nov
Mês
Figura 1. Precipitação, temperatura e umidade relativa do ar
no periodo de janeiro a novembro de 2008.
56
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.2, p.55-60, jun. 2011
semente do capim foi colocada junto às fontes de adubos e no
mesmo sulco de plantio, na profundidade de 0,10 m. A
densidade de semeadura foi realizada com intuito de se obter
-1
de 10 a 16 plantas.m linear. A parcela experimental foi
constituída por dez fileiras de 2,0 m de comprimento, com
espaçamento de 0,5m entre fileiras, totalizando uma área de
10 m2. O desbaste do sorgo foi efetuado quinze dias após a
emergência das culturas, visando obter uma população de
aproximadamente 140 mil plantas por hectare.
Após a semeadura foi realizado um corte aos 98 dias após
a semeadura (DAS), quando o sorgo estava no ponto de
ensilagem, onde as plantas de sorgo foram medidas e
quantificada a massa verde. Quarenta e cinco dias após o
corte do sorgo, foi realizado um corte de uniformização no
capim, antes do período de estiagem. Não foram realizados
controle de pragas e doenças, pois não ocorreram
manifestações significativas das mesmas, foi realizado
capina um dia antes do corte de uniformização.
Após 130 dias do corte de uniformização, foi realizado,
novamente, um corte de uniformização das parcelas, e
realizada uma adubação de cobertura com cloreto de
-1
potássio e uréia, para fornecer 50 kg ha de K2O e N,
respectivamente. Como o intuito do trabalho foi avaliar o
comportamento das cultivares de Panicum ao final do
primeiro de implantação, foram realizados os dois cortes de
uniformização, um antes do período de estiagem, e o outro
no início do período chuvoso.
Passados 30 dias após o segundo corte de uniformização,
no total de 307 DAS, as plantas de cada parcela foram
colhidas a uma altura de 10 cm do solo, e com as amostras
colhidas procedeu-se as análises, visando verificar o
comportamento das forrageiras ao final do primeiro ano de
implantação da pastagem. Foram avaliadas as seguintes
características agronômicas: altura das plantas de capim
(APC) - média da altura a partir da superfície do solo até a
curvatura da folha mais alta da haste principal de 10 plantas
por parcela; Massa seca do capim (MSC) - Amostras de 200 g
da parte aérea, seca em estufa de circulação forçada a 65°C
por 72 horas, em seguida pesadas. Perfilhamento (P) Contagem dos perfilhos existentes na parcela após a rebrota
2
do capim, numa área de 0,5 m ; Altura da planta de sorgo aos
98 dias (APS) e massa verde do Sorgo aos 98 dias (MVS).
Os dados foram submetidos à análise de variância e as
médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Nas análises foi utilizado o programa
SISVAR.
Resultados e Discussão
Para altura da planta de sorgo não houve interação capim
x fonte de P. Analisando-se a Tabela 1, referente à APS
percebe-se que houve diferença significativa na altura do
sorgo quando cultivado em consórcio com os cultivares de
Panicum. Quando em consórcio com o capim Áries, este
apresentou uma menor altura em relação aos demais
cultivares, devido a este cultivar ser muito exigente em
fertilidade do solo (Filho, 2007) e ao sorgo ser altamente
eficiente na extração de nitrogênio, fósforo e potássio
(Alvarenga et al., 2010). A altura do sorgo foi maior quando
cultivado simultaneamente com o capim Massai, devido ao
seu menor porte, em torno de 70 cm e a baixa competição
sorgo x capim por luminosidade. De uma maneira geral o
consórcio com as forrageiras não afetou o desenvolvimento
das plantas de sorgo, pois a planta de sorgo tem uma grande
capacidade de competição, tendo condições de obter o
mesmo desempenho obtido em cultivos solteiros conforme
relatos de Kluthcouski & Aidar (2003). Os capins Mombaça
e Atlas não diferiram entre si na altura das plantas de sorgo e
em relação às fontes de adubo SA e FOSP não diferiram
estatisticamente entre si. A fonte NPK foi a que mais
influenciou na altura das plantas de sorgo, independente da
cultivar de capim, isso ocorreu possivelmente devido ao
fornecimento de N e K, esses nutrientes têm efeitos positivos
no desenvolvimento da planta de sorgo (Simili et al., 2008).
Tabela 1. Altura da planta de sorgo (cm), consorciado com
cultivares do gênero Panicum em função de fontes de adubo
em Latossolo Vermelho Amarelo distrófico, colhido 98 dias
após o plantio.
Manejo
SA
SS
NPK
FOSP
Massai
217,75
217,50
229,25
209,00
Médias 218,37a
Altura da planta (m)
Aries
Atlas Mombaça
204,75
198,50 201,75
213,50
206,25 215,25
218,00
218,25 223,75
209,75
186,25 206,75
202,31b
Médias
205,69b
213,12ab
222,31a
202,94b
211,87ab 211,50ab
Médias seguidas de mesma letra, não diferem significativamente
entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
SA: sem adubo; FOSP: fosfato reativo fospasto; SS: superfosfato
simples; NPK: fórmula 5-25-15.
Em relação à MVS (Tabela 2) não se observou efeito
significativo dos cultivares de Panicum, apenas a fonte de
adubação influenciou significativamente a MVS, sendo que
as fontes mais solúveis NPK e SS foram as que promoveram
maiores produções, significativas em relação às demais
fontes. Não se observou diferença entre a fonte FOSP e SA. A
elevada capacidade competitiva do sorgo aliada às boas
condições de chuva e temperatura no período de
desenvolvimento do sorgo (Figura 1) não causou limitações
para o desenvolvimento das plantas e consequentemente
para sua produção de massa verde. O FOSP por ser uma fonte
de fósforo de menor solubilidade a quantidade de P liberada
para o sistema não proporcionou produção de massa verde
obtidas com as fontes NPK e SS, o fósforo aumenta a
eficiência do nitrogênio absorvido o qual se une às cadeias
carbonadas, incrementando, assim, a formação de novos
tecidos, consequentemente, elevando o índice de área foliar e
a longevidade das folhas fotossinteticamente ativas, as quais
sob condições ambientais favoráveis elevam a eficiência do
uso da radiação solar, aumentando, portanto, o acúmulo de
matéria verde, seca e produção de grãos (Taiz & Zeiger,
2004).
Tabela 2. Massa verde do sorgo, produção de massa verde de
sorgo consorciado com capins do gênero Panicum em
função de fontes de adubo em Latossolo Vermelho Amarelo
distrófico, colhido 98 dias após o plantio.
-1
SA
SS
NPK
FOSP
Massa verde do sorgo (t ha )
Massai
Aries
Atlas Mombaça
24,50
21,25
29,69
26,87
35,62
44,75
42,00
41,87
40,31
40,00
48,43
42,50
27,81
32,50
29,56
37,18
Médias
34,62a
Manejo
37,42a
37,10a
Médias
25,58 b
41,06 a
42,81 a
31,76 b
32,06a
Médias seguidas de mesma letra, não diferem significativamente
entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
SA: sem adubo; FOSP: fosfato reativo fospasto; SS: superfosfato
simples; NPK: fórmula 5-25-15.
Para a altura do dossel Tabela 3, as fontes de P utilizadas
não diferiram entre si. Certamente isso ocorreu porque o P
tem mais influência sobre o perfilhamento e
desenvolvimento radicular que no alongamento foliar
(Cecato et al., 2008). Este resultado evidencia que o fósforo
por si só não é suficiente para um bom desenvolvimento da
planta, e as quantidades de N e K fornecida pela fonte NPK
não contribuiu para o aumento da planta.
O capim Massai foi o que apresentou a menor média de
altura dentre as cultivares avaliadas, o Aries e o Atlas foram
superiores ao Massai, mas não diferiram entre si. O
Mombaça foi a cultivar que obteve maior altura do dossel. As
diferenças entre o tamanho das cultivares são em função das
características morfológicas de cada uma, umas apresentam
folhas mais largas e maior porte no caso do Mombaça,
enquanto outras apresentam folhas mais estreitas e porte
mais baixo assim como o Massai (Jank, 2003).
Tabela 3. Altura do dossel dos capins do gênero Panicum em
função de manejos de fósforo em Latossolo Vermelho Amarelo
distrófico.
Manejo
SA
SS
NPK
FOSP
Massai
0,62 bA
0,65 bA
0,58 cA
0,59 bA
Médias 0,61 c
Altura das cultivares (m)
Aries
Atlas
Mombaça
0,83 abA 0,85 abA 0,98 aA
1,22 aA
0,96 aA
1,02 aA
0,84 bcA 1,00 abA 1,18 aA
1,14 aA
0,89 aA
1,04 aA
0,88 b
0,98 b
Médias
0,82 a
0,96 a
0,90 a
0,91 a
1,13 a
Médias seguidas de mesma letra minúscula, nas linhas, e
maiúscula, nas colunas, não diferem significativamente entre si,
pelo teste de tukey a 5% de probabilidade.
SA: sem adubo, SS: super simples, NPK: 5-25-15, FOSP: fospasto
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.2, p.55-60, jun. 2011
57
Como no ato da avaliação o sorgo já havia sido retirado,
não houve efeito de sombreamento, portanto não afetando o
desenvolvimento das plantas de capim.
Os resultados referentes ao número de perfilhos estão
apresentados na Tabela 4. Analisando os valores médios dos
tipos de adubação fosfatada nota-se que a fonte FOSP
proporcionou a maior média em relação às demais, fato
atribuído ao FOSP ser a menos solúvel dentre as analisadas, e
como a adubação fosfatada foi realizada 10 meses antes da
coleta, o fósforo pode ainda estar sendo disponibilizado
devido à solubilização mais lenta do FOSP, enquanto às
fontes mais solúveis podem ter favorecido a adsorção de
fósforo ao solo, tornando este menos disponível para as
plantas. Fontes de fósforo de menor solubilidade apresentam
menor eficiência do que os fosfatos solúveis em curto prazo;
porém, em longo prazo, seu efeito residual é geralmente
maior (Guedes et al., 2009). Em trabalhos realizados no
Estado de São Paulo, Werner et al. (1968) observaram que o
pasto adubado com fósforo prontamente solúvel produziu
grandes quantidades no 1º ano, cessando praticamente de
reagir no 2º e 3º anos, ao passo que os que receberam fosfatos
de rocha, menos solúveis, só começaram a reagir no 2º,
acentuando seus efeitos no 3º ano.
Foi possível também verificar, como já era esperado, que
a falta de adubação apresentou os menores valores de
perfilhamento do que as demais fontes. Em relação às
cultivares, o capim Massai apresentou os maiores valores em
perfilhamento, independente das fontes utilizadas, fato que
pode ser explicado pela característica genética do cultivar.
Souza et al. (2006), estudando diferentes cultivares de
Panicum maximum, observaram que o Massai apresentou
um maior número de perfilhos que os demais cultivares.
O Mombaça foi o cultivar que apresentou a seguida maior
média em perfilhamento. O cultivar Atlas apresentou a
menor média de perfilhamento entre os demais cultivares, o
que pode estar relacionado à característica genética da
planta, que mesmo adubada perfilha menos que os demais
cultivares avaliados.
Analisando as fontes de fósforo, o FOSP promoveu um
maior perfilhamento nos cultivares Massai e Aries, sendo
Tabela 4. Número de perfilhos dos capins do gênero
Panicum em função de fontes de fósforo em Latossolo
Vermelho Amarelo distrófico.
Manejo
SA
SS
NPK
FOSP
Médias
Perfilhamento aos quarenta e cinco dias
após o corte (Perf / 0,5 m²)
Massai
344,75 aC
385,00 aB
379,50 aB
409,75 aA
379,75
Aries
63,75 cC
91,75 bB
75,25 dC
133,50 bA
91,06
Atlas
72,50 cB
81,25 bAB
93,00 cA
86,25 dAB
83,25
Mombaça
91,25 bB
94,24 bB
110,25 bA
103,00 cAB
99,69
Médias
143,06
163,06
164,50
183,12
Médias seguidas de mesma letra minúscula, nas linhas, e maiúscula, nas
colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
SA: sem adubo, SS: super simples, NPK: 5-25-15, FOSP: fospasto
58
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.2, p.55-60, jun. 2011
significativamente superior às demais fontes. A fonte NPK
favoreceu o perfilhamento dos cultivares Mombaça e Atlas.
Torteli (2006) também observou, em capim-marandú, um
incremento no perfilhamento da forrageira em função da
aplicação de fósforo. O tratamento sem adubo (SA) resultou
em menor número de perfilhos para todos os cultivares. A
ausência do fósforo limita a população de perfilhos, uma vez
que este elemento tem grande influência sobre o número e
peso de perfilhos (Cecato et al., 2008). O fósforo tem grande
influência no estabelecimento de pastagens, sendo que sua
aplicação é responsável por 80% do perfilhamento de
espécies forrageiras (Mesquita et al., 2010).
Os valores de massa seca dos capins encontram-se na
Tabela 5. Para os tipos de adubação os valores de massa seca
variaram de 5.925,38 a 9.767,31 kg ha-1 para SA e FOSP
respectivamente. A ausência do fósforo contribuiu para a
menor produção de massa seca no tratamento SA, uma vez
que os capins do gênero Panicum são considerados exigentes
em fósforo (P). Politi & Prado (2009) estudando o efeito da
adubação fosfatada em capim Tanzânia concluíram que a
aplicação de fósforo promove melhoria no crescimento, na
nutrição e na produção de matéria seca. A fonte FOSP foi a
que contribuiu para maior produção de MSC diferindo
significativamente somente do tratamento SA, produzindo
-1
1.175,12 kg ha a mais que o SS, que foi o tratamento com a
segunda maior produção de MSC. A possível explicação para
este resultado é a baixa solubilidade do FOSP, e tendo em
vista que a adubação fosfatada ocorreu 10 meses antes da
avaliação, parte do fósforo liberado pelas fontes mais
solúveis foi consumida pelo sorgo nos primeiros meses e
alguma parte pode ter sido adsorvida, e o FOSP por possuir
menor solubilidade libera fósforo de maneira gradual, sendo
melhor aproveitado pelas plantas por um período maior, e
tem perdas por adsorção reduzidas, fazendo com que esta
fonte tenha melhores resultados a longo prazo, enquanto as
fontes mais solúveis tem melhores resultados a curto prazo.
Os fertilizantes de menor reatividade, ao disponibilizarem
mais lentamente o P, minimizam os processos de fixação e
podem favorecer a maior eficiência de utilização do nutriente
pelas culturas (Novais & Smyth, 1999). O atendimento da
demanda da cultura, com um mínimo de fixação de P no solo,
constituiu-se em um aspecto importante para a otimização da
fertilização fosfatada, aliado às práticas mais efetivas e
eficientes de conservação do solo, o que pode reduzir a
preocupação da sua degradação e melhorar o aproveitamento
de fósforo dos fertilizantes aplicados (Ramos et al., 2010).
Entre as cultivares avaliadas a Mombaça foi a que
produziu maior quantidade de MSC, diferindo das demais
cultivares. A cultivar Massai foi a que obteve melhor
rendimento depois da Mombaça, porém não diferiu das
demais. Kichel et al. (2009) aos 244 dias após a implantação
de pastagem consorciada com milho, produziram 7.887 e
-1
5.610 kg ha de matéria seca nas cultivares Mombaça e
Massai, respectivamente, valores bem a baixo dos obtidos
neste trabalho. Apesar dos cultivares apresentarem
comportamentos diferentes, as produtividades elevadas de
capins do gênero Panicum não parece ser um problema,
desde que as condições de manejo, clima e fertilidade do solo
sejam favoráveis.
Tabela 5. Produção de massa seca dos capins do gênero Panicum em
função de fontes de fósforo em Latossolo vermelho amarelo distrófico.
Manejo
SA
SS
NPK
FOSP
Médias
Perfilhamento aos quarenta e cinco dias
após o corte (Perf / 0,5 m²)
Massai
Aries
Atlas
Mombaça
5.171,25 aB 5913,75 aA
8.389,00 bA 7050,75 bA
8.690,00 abA 6767,00 bA
9.540,00 bA 7607,50 bA
7.947,56 b 6.834,75 b
5.966,50 aB
7.326,50 bAB
8.654,25 abAB
8.983,00 bA
7.732,56 b
6.650,00 aB
11.602,50 aA
10.213,25 aA
12.938,75 aA
10.351,13 a
Médias
5.925,38 b
8.592,19 a
8.581,12 a
9.767,31 a
Médias seguidas de mesma letra minúscula, nas linhas, e maiúscula, nas colunas,
não diferem significativamente entre si, pelo teste de tukey a 5% de probabilidade.
SA: sem adubo, SS: super simples, NPK: 5-25-15, FOSP: fospasto
A implantação da forrageira em consórcio com o sorgo
pareceu não ser um problema, já que as forrageiras
apresentaram boa capacidade de produção ao final do
primeiro ano de implantação, discordando de Barducci et al.
(2009), o autor relatou que o a implantação de pastagens com
Mombaça consorciada com milho limita tanto a produção da
forrageira quanto da cultura.
Os valores de produtividade de MSC mostram que as
cultivares avaliadas apresentam boa capacidade de
produção, mesmo após um longo período de estiagem assim
que as chuvas se reestabeleceram as plantas obtiveram
produção elevada. Como as médias de temperatura são
praticamente constantes ao longo de todo ano a única
limitação para a produção de forragens no Estado do
Tocantins é o longo período de seca.
Conclusões
1. Não houve interferência das forrageiras no
desenvolvimento do sorgo devido sua elevada capacidade de
competição. E o consórcio não interfere no estabelecimento
da pastagem, pois ao final do primeiro ano as plantas
apresentaram boa capacidade de produção.
2. A cultivar Mombaça obteve maior capacidade
produtiva do que as demais.
3. Ao final do primeiro ano a fonte FOSP foi a mais
eficiente devido ao seu efeito residual, e a ausência de
adubação fosfatada reduziu a capacidade de produção das
forrageiras.
Referências
ALVARENGA, R.C.; PORFIRIO-DA-SILVA, V.; NETO,
M.M.G.; VIANC, M.C. M.; VILELA. L. Sistema integração
lavoura-pecuária-floresta: condicionamento do solo e
intensificação da produção de lavouras. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v.31, n.257, p.59-67, 2010.
BARDUCCI, R.S.; COSTA, C.; CRUSCIOL, C.A.C.;
BORGHI, E.; PUTAROV, T.C.; SARTI, L.M.N. Produção
de Brachiaria brizantha e Panicum maximum com milho e
adubação nitrogenada. Archivos de Zootecnia, v.58, n.222,
p.211-222, 2009.
BENÍCIO, L.P.F.; MOREIRA, V.F.; LIMA, S.O.;
PEREIRA, A.J.; RODRIGUES, H.V.M. Produtividade de
biomassa aérea e valor protéico de espécies leguminosas
forrageiras, cultivadas no cerrado tocantinense. PUBVET,
Londrina, v. 5, n. 3, ed. 150, Art. 1005, 2011.
BERETTA, L.G.R.; KANNO, T.; MACEDO, M.C.M.
Morfogênese foliar e taxas de crescimento de pastagem de
Panicum maximum cv. Tanzânia-1 em solo dos Cerrados. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 36., 1999, Porto Alegre. Anais... São Paulo:
Videolar, 1999. CD-ROM.
CECATO, U.; SKROBOT, V.D.; FAKIR, G.R.; BRANCO,
A.F.; GALBEIRO, S.; GOMES, J.A.N. Perfilhamento e
características estruturais do capim-Mombaça, adubado
com fontes de fósforo, em pastejo. Acta Scientiarum
Animal Science, Maringá, v.30, n.1, p. 1-7, 2008.
CFSEMG - Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de
Minas Gerais. Recomendações para uso de corretivos e
fertilizantes em Minas Gerais: 5ª aproximação. Viçosa
1999. 360p.
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA. Manual de métodos de análises de
solo. 2.ed. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura e do
Abastecimento, 1997. 212p.
FERNANDES, L. de O.; MACHADO, C. H. C.;
MENDONÇA, F.L. de.; LANDIM, V.J.C.; SILVA, A.M. da.;
PAIVA, D.C. de. Produção animal em diferentes gramíneas,
associadas ou não ao sorgo AG 2501, no processo de
renovação de pastagens. FAZU em Revista, Uberaba, n.1,
p.36-45, 2004.
FERREIRA, E.M.; SANTOS, A.C.D. dos; ARAUJO, L.C.
de; CUNHA, O.F.R.C. Características agronômicas do
Panicum Maximum cv. Mombaça submetido a níveis
crescentes de fósforo. Ciência Rural, Santa Maria, v38, n2,
p.484-491, 2008.
FILHO, J.G.D. Caracterização biométrica e qualidade
dos capins Braquiária e Áries submetido a doses de
nitrogênio. 2007. 46p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade
de Ciências Agrárias, Universidade de Marília, Marília,
2007.
GUEDES, E.M.S.; FERNANDES, A.R.; LIMA, E.V.;
GAMA, M.A.P.; SILVA, A.L.P. Fosfato natural de Arad e
calagem e o crescimento de Brachiaria brizanta em
Latossolo Amarelo sob pastagem degradada na Amazônia.
Revista Ciência Agrária, Belém, PA, n. 52, p. 117-129,
2009.
JANK, L. A história do Panicum maximum no Brasil.
Revista JC Maschietto, n.1, p. 14, 2003.
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.2, p.55-60, jun. 2011
59
KICHEL, A.N.; COSTA, J.A.A.; ALMEIDA, R.G. Cultivo
simultâneo de capins com milho na safrinha: Produção
de grãos, de forragem e de palhada para plantio direto.
Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2009. 24p.
(Embrapa Gado de Corte. Documentos, 177).
RAMOS, S.J.; FAQUIN, V.; RODRIGUES, C.R.; SILVA,
C.A. Efeito residual das aplicações de fontes de fósforo em
gramíneas forrageiras sobre o cultivo sucessivo da soja em
vasos. Bragantia, Campinas, v.69, n.1, p.149-155, 2010.
KLUTHCOUSKI, J.; AIDAR, H. Implantação, condução e
resultados obtidos com o Sistema Santa Fé. In:
KLUTHCOUSKI, J.; STONE, L.F.; AIDAR, H. (Ed.).
Integração lavoura-pecuária. Santo Antônio de Goiás:
Embrapa Arroz e Feijão, 2003. p.7-441.
SIMILI, F.F.; REIS, R.A.; FURLAN, B.N.; PAZ, C.C.P.;
LIMA, M.L.P.; BELLINGIERI, P.A. Resposta do híbrido de
sorgo-sudão à adubação nitrogenada e potássica:
composição química e digestibilidade in vitro da matéria
orgânica. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 2, p.
474-480, mar./abr., 2008.
LIMA, S.O.; FIDELIS, R.R.; COSTA, S.J. Avaliação de
fontes e doses de fósforo no estabelecimento de brachiaria
brizanta cv. Marandú no sul do Tocantins. Pesquisa
Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 37, n.2, p. 100-105,
2007.
MESQUITA, E.E.; NERES, M.A.; OLIVEIRA, P.S.R.;
MESQUITA, L.P.; SCHNEIDER, F.; TEODORO JÚNIOR,
J.R. Teores críticos de fósforo no solo e características
morfogênicas de Panicum maximum cultivares Mombaça e
Tanzânia-1 e Brachiaria híbrida Mulato sob aplicação de
fósforo. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal,
Salvador, v.11, n.2, p. 292-302, 2010.
NOVAIS, R.F.; SMYTH, T.J. Fósforo em solo e planta em
condições tropicais. Viçosa, MG: Universidade Federal de
Viçosa, 1999. 399p.
POLITI, L.S.; PRADO, R.M. Fósforo na nutrição e
produção de massa seca do Capim-tânzania. Revista da
FZVA, Uruguaiana, v.16, n.1, p. 95-104. 2009.
60
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.2, p.55-60, jun. 2011
SOUZA, G.C. de; SANTOS, M.V.F. das; LIRA, M.A.;
MELO A.C.L. de; FERREIRA R.L.C. Medidas produtivas
de cultivares de Panicum maximum jacq. submetido à
adubação nitrogenada. Revista Caatinga, Mossoró, v.19,
n.4, p.339-344, 2006.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2004. 526p.
TORTELI, G.T. Avaliação agronômica de doses e fontes
de fósforo para Urochloa brizantha (Stapf) webster cv.
Marandú. 2006. 42p. (Trabalho de Graduação) – Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal,
2006.
WERNER, J.C.; KALIL, E.B.; GOMES, E.P.; PEDREIRA,
J.V.S.; ROCHA, G.L.; SARTINI, H.J. Competição de
adubos fosfatados. Boletim de Indústria Animal, São
Paulo, SP, v.25, p.139-149, 1968.
Download