Resumo sobre Biossegurança Dr. Arnoldo José Cherubini Drudi 1-CONCEITO Biossegurança, que significa Vida + Segurança, é conceituada como a vida livre de perigos. Genericamente, medidas de biossegurança são ações que contribuem para a segurança da vida, no dia-a-dia das pessoas. Assim, normas de biossegurança englobam todas as medidas que visam evitar riscos físicos (radiação ou temperatura), ergonômicos (posturais), químicos (substâncias tóxicas), biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos, (como o estresse). O conceito de biossegurança é amplo, abrangendo diversas disciplinas, e tendo todos seus aspectos importância e peso equivalentes, não devendo em hipótese alguma serem negligenciados. 2-HISTÓRIA Século IV aC, a primeira referência de aquisição profissional de doenças infecciosas, atribuída a Tucídides (Lopes) durante um surto de tifo exantemático ocorrido na Grécia; relata que os médicos morriam em número igual ou maior que os habitantes da localidade. 1546, Girolamo Fracastorius, em seu livro "De contagionibus et contagiosis morbis et eorum curatione", foi o primeiro a postular a idéia de que o contagium fosse devido a agentes vivos, os quais chamou de "seminaria", criando, assim, a doutrina do "contagium vivum". 1675, Leeuwenhoek, através de microscópio rudimentar por êle elaborado, vê microorganismos, levantando um alerta para essa micro-existência. 1762, O médico vienense Plenciz, reconhecendo a importância daquela descoberta, não só atribuiu aos animálcula a causa das doenças como também, a cada doença, o seu micróbio específico. 1840 Henle, expôs com clareza, suas idéias sobre o contágio e o miasma, mostrando não haver diferença entre aqueles dois agentes infectantes que deviam ser considerados como agentes vivos. 1847 Semmelweis, estudando a infecção puerperal em Viena, observou que a mortalidade nas enfermarias em que trabalhavam estudantes era muito mais elevada do que nas enfermarias assistidas por parteiras. 1867 Lister, cirurgião inglês impressionado com os trabalhos de Pasteur, instituiu o desenvolvimento da cirurgia anticéptica, através da desinfecção prévia do instrumental cirúrgico, do campo operatório e das mãos dos cirurgiões, sendo utilizado, para tal, o ácido fênico. 1878 Implantação definitiva da origem microbiana das doenças infecciosas, após a comunicação por Pasteur e cols. sobre a teoria dos germes. A lógica da construção do conceito de biossegurança, teve seu inicio na década de 70 na reunião de Asilomar na Califórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre os impactos da engenharia genética na sociedade. A partir daí o termo biossegurança, vem, ao longo dos anos, sofrendo alterações, tendo nas décadas de 80 e 90 a inclusão de temas como ética na pesquisa, meio ambiente, DNA recombinante. 3-INFECÇÃO CRUZADA Paciente Familiares Profissional Equipe Medidas de Precaução-padrão (Ministério da Saú 3.1-TRANSMISSÃO DE MICROORGANISMOS Transmissão de Microrganismos Contato Direto Contato Indireto lesões infecciosas sangue contaminado saliva contaminada objetos contaminados respingos de sangue e saliva contaminados (diretamente sobre feridas de pele e mucosas) aerolização 3.2-CONDIÇÕES PARA TRANSMISSÃO DE DOENÇA INFECTO-CONTAGIOSA susceptibilidade do local (solução de continuidade) virulência Transmissão de Microrganismos estado imunológico do hospedeiro quantidade do agente 3.3-AEROLIZAÇÃO Através da aerolização as doenças também podem se transmitir por salpicadas nos olhos e boca, e por inalação de finas gotículas de aerossol. (Corrêa, 1994; Marques, 1997) 3.4-Áreas úmidas ou molhadas tornam-se meios de cultura nos quais fungos e bactérias Gram-negativas podem se reproduzir, assim como as áreas empoeiradas podem albergar micobactérias, bactérias Gram-positivas, entre outros. 3.5-O meio ambiente interno dos edifícios modernos, especialmente aqueles designados para uso comercial e administrativo, constitui nicho ecológico com seu próprio meio bioquímico, fauna e flora. Sofisticados métodos de construção e os novos materiais e equipamentos necessários para manter o meio ambiente interno destas estruturas fechadas produzem grande número de subprodutos químicos e permitem o desenvolvimento de diversos microorganismos. Se o meio ambiente interno dos edifícios fechados não for mantido de forma adequada, pode se tornar nocivo para a saúde dos seus ocupantes. Nessas condições, edifícios fechados, são chamados de "Edifícios Doentes". 3.5.1-Portaria nº3.523/98, estabelece os procedimentos básicos para diminuir o risco potencial à saúde das pessoas ocasionalmente expostas ao ar de ambientes climatizados. 3.5.2-A legislação brasileira prevê a aplicação de multas que variam de R$ 2.000,00 a R$ 200.000,00 para empresas com sistema climatizado que apresentarem sujeira nas casas de máquinas, sistemas de dutos e demais pontos favoráveis à formação de colônias de fungos e bactérias. 4ALGUMAS DOENÇAS PASSÍVEIS TRANSMISSÃO PARA PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE Doença Etiologia Sífilis Gonorréia Tuberculose Difteria Sarampo Caxumba T. pallidum N. gonorrhoeae M. tuberculosis C. diftheriae Morbillivirus Paramyxovirus DE Sobrevivência extra corpórea estimada segundos horas semanas 12-16 horas +24 horas Dias Rubéola Herpes Catapora Doença Linfática Hepatite virótica AIDS Virose linfotrópica Encefalopatias espongiformes Rubivirus VHS-I e VHS-II Varicela zoster Citomegalovirus Vírus da hepatite HIV HTLV-I e HTLVII Príons 14 horas min-72 horas min 8 horas não definida dias não definida não definida 5-DOENÇAS DE MAIOR RISCO DE CONTÁGIO NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO 5.1-Hepatite B (HBV) A quantidade de sangue contaminado necessária para transmissão da doença é de apenas 0,0001ml, acredita-se que, em um acidente perfuro cortante envolvendo sangue de fonte desconhecida, o risco de aquisição do VHB é 57 vezes superior, quando comparado ao HIV; e o risco de vir a óbito 1,7 vezes superior para o VHB, apesar da característica letal do HIV. O período de incubação do HBV é de 54 dias. Permanece infeccioso, após secagem sobre superfícies por até 6 meses. A transmissão do VHB através de aerossóis e superfície contaminada não tem demonstrado relevância epidemiológica. No entanto, as características próprias ao trabalho em estabelecimentos que prestam assistência à saúde, com freqüentes relatos de não adoção de normas universais de biossegurança e de falhas nos procedimentos de esterilização, revelam uma alta probabilidade da ocorrência de infecção. O risco de contaminação acidental é de 6 a 30%, sendo as formas de prevenção indicadas: A utilização de equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletiva; Vacina contra vírus HBV (3 doses) “Quando não tomadas as medidas de prevenção, a equipe e seus familiares mais próximos ficam desprotegidos e expostos ao contágio iminente”. 5.2-Hepatite C (HCV) A transmissão ocorre principalmente através da sangue; sendo 40% não definidas. Sua incubação é de 6 a 12 semanas. Não há dados suficientes sobre a viabilidade do HCV em superfícies. O risco de contaminação acidental é de 1,8%, e a única forma de prevenção é a utilização de equipamentos de proteção individual e equipamentos de proteção coletiva. Estima-se que cerca de 80% dos pacientes portadores de HCV evoluem para casos crônicos. “Cerca de 8 milhões de brasileiros podem ser portadores do vírus da hepatite C, de acordo com estimativas da OMS e há 6 vezes mais brasileiros com hepatite C do que com HIV” 5.3-AIDS (infecção pelo HIV) A infecção pelo HIV tem como via principal de contágio a sexual. Além dessa, também é relevante a via parenteral, através de sangue e seus derivados. O período mediano de incubação é de 10 anos, ou seja, 50% dos indivíduos portadores do HIV vem a desenvolver a doença decorrido este tempo. O período de transmissão, entretanto, compreende desde o momento da infecção até o eventual óbito do paciente. Trata-se de um vírus frágil, cuja vida extracorpórea é curta, tendo em vista a sua fragilidade à luz solar e ao meio ambiente. Sobrevivência estimada na temperatura ambiente para partículas virais livres é de 15 dias a temperatura ambiente e 11 dias a 37ºC. A possibilidade de transmissão durante um acidente perfurocortante com sangue sabidamente contaminado é baixa, variando de 0,05 a 0,1%; ou seja, de uma chance em mil a cinco chances em milhão. O único meio de prevenção é a utilização de equipamentos de proteção individual e de proteção coletiva. “Estudos indicam que os pacientes soropositivos, em sua maioria não revelam o seu estado por medo de terem o seu tratamento negado”. 5.4-Herpes Simples (HSV-I) Transmissão ocorre através de secreções (sangue e seus derivados). O perigo de contágio é verificado na fase aguda da doença. O vírus pode sobreviver em diferentes superfícies: em plásticos e prontuários clínicos por 4 horas; na roupagem por 3 horas; na pele por 2 horas; em peças de mão por 45 minutos e em gaze por 72 horas. Como prevenção os procedimentos em áreas próximas as lesões de pacientes portadores de herpes, devem ser adiados sempre que possível, até que a cura clínica da infecção se estabeleça. 5.5-Tuberculose A transmissão ocorre principalmente através da expectoração com formação de aerossóis infecciosos. Seu período de incubação é superior a 6 meses. O tempo de Vida extra corpórea é de várias semanas. Estima-se que no Brasil existam entre 35 a 45 milhões de pessoas infectadas . A prevenção se dá através das imunizações e da utilização de equipamentos de proteção individual e de proteção coletiva. “Estima-se que o desenvolvimento da Tuberculose leva usualmente entre 6 e 8 meses com um contato diário de 8 horas com uma pessoa com Tuberculose ativa sem tratamento. Os profissionais da área odontológica não estão sob risco significativo”(Nisengard & Newman, 1997). 6- Doenças Sistêmicas Causadas por Bactérias Orais Algumas bactérias da cavidade oral possuem capacidades patogênicas significativas. As infecções e a destruição dos tecidos podem resultar de (1) efeitos diretos das bactérias sobre tecidos, incluído os constituintes da superfície celular bacteriana, enzimas, toxinas e a capacidade invasora; e (2) efeitos indiretos sobre o sistema imune do hospedeiro por fatores microbianos. Quando microorganismos ganham acesso a outros locais do corpo humano, eles não podem mais ser restringidos pela ecologia oral complexa e são capazes de produzir doenças. Dentre as doenças mais importantes causadas pela flora oral estão a endocardite bacteriana subaguda, as infecções nas articulações, os abscessos e as infecções por mordeduras humanas (NISENGERD; NEWMAN, 1997). 6.1 Endocardite Bacteriana Subaguda A endocardite bacteriana subaguda (EBS) é uma doença cardíaca potencialmente grave que resulta da colonização bacteriana sobre o tecido cardíaco previamente comprometido, particularmente ao nível das válvulas. As condições predisponentes a EBS incluem a febre reumática (quando existe dano cardíaco), a doença cardíaca congênita (incluindo os defeitos do septo ventricular), prolapso da válvula mitral (quando há insuficiência), estenose da aorta e ducto arterial persistente, próteses cardíacas valvulares e histórico prévio de endocardites. Os pacientes com enxertos vasculares também podem estar sob risco. A cavidade oral é a fonte mais comum de das bactérias que colonizam o coração na EBS. As bacteremias ocorrem usualmente como conseqüências de procedimentos dentários que causam o sangramento, tais como a sondagem periodontal, raspagem e alisamento radicular, extrações, cirurgias gengivais, terapia endodôntica, biópsias e impressões para coroas e pontes. Os números relativamente altos das bactérias que ganham acesso ao sangue alveolar e circulam através do corpo humano são usualmente eliminados pelas defesas do hospedeiro. Contudo, em pacientes com fatores predisponentes que possuem o dano cardíaco ou valvular, as bactérias podem colonizar rapidamente, levando a EBS. As bacteremias também podem ocorrer após a escovação dentária ou mastigação de substâncias duras, especialmente em pacientes com doença periodontal. Como a escovação e a mastigação não foram ainda reportadas como causas da EBS, o risco deve ser minimizado através da prevenção e controle da doença periodontal em pacientes com fatores predisponentes para a EBS. Vários microorganismos têm sido identificadso como causas da EBS. Entre eles estão os estreptococos alfa-hemolíticos ou estreptococos do grupo viridans (S. mitor, S. sanguis e S. mutans), Staphilococcus epidermidis e Acnibacillus actinomycetemcomitans. O A. actinomycetemcomitans, um patógeno conhecido na doença periodontal, também tem sido identificado como um dos agentes causais da EBS. Existem atualmente numerosos casos relatados de EBS causada por este microrganismo, incluindo-se pelo menos dois casos em pacientes tratados com penicilina para prevenção da EBS (NISENGERD; NEWMAN, 1997). 6.2 Infecções em Implantes de Articulações Após Procedimentos Dentários A substituição de articulações, particularmente as do quadril, são muito comuns e devem ser consideradas ante de qualquer tratamento dentário no qual possa ocorrer o sangramento levando a bacteremias. Assim como o tecido cardíaco lesado, as articulações substituídas são sítios propensos à colonização bacteriana, infecção e conseqüente dano tecidual. Tais infecções são difíceis de tratar e podem levar a invalidez (NISENGERD; NEWMAN, 1997). 6.3 Abscessos Pulmonares/Infecções A aspiração de materiais dentários contaminados com o material séptico do ambiente oral (incluindo saliva e placa) aos pulmões pode causar abscessos pulmonares... ...são Frequentemente causadas por bactérias anaeróbias, Gram-negativas, subgengivais, incluindo as espécies produtoras de pigmento negro, Actinobacillus acnimycetemcomitans, espécies de Acnomyces e Eikenella corrodens....O A. actinomycetemcomitans pode causar outra infecções extra-orais além dos abscessos pulmonares. Estas incluem abscessos da glândula tireóide, infecções do trato urinário, abscesso cerebral e osteomielite vertebral. Essas infecções extraorais ocorrem como resultado da transmissão direta, ou pela via hematogênica, das bactérias residentes da cavidade oral (NISENGERD; NEWMAN, 1997). 7-DISSEMINAÇÃO DAS INFECÇÕES MAXILARES Infecções maxilares seio cavernoso seio maxilar celulites ou abscessos nas órbitas BAPPN produtores de heparinase e outros anaeróbios Crawford, 1997 8-DISSEMINAÇÃO DAS INFECÇÕES MANDIBULARES infecções mandibulares Espaços submentonianos Mediastino Edema da faringe e asfixia Infecção maciça dos pulmões ou pericardite Crawford, 1997 8.1-Mediastinite A presença de mediastinite e suas complicações (empiemas, pericardite, ruptura de vasos) determina grande mortalidade. Neste trabalho, relatamos três pacientes que desenvolveram mediastinite e septicemia na evolução de abscesso cérvico facial profundo odontogênico, atendidos recentemente no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. As vias de progressão dos abscessos cérvico faciais são discutidas, assim como a importância da suspeita e do diagnóstico precoce do acometimento mediastinal. Enfatizamos que os resultados dependem da precocidade do tratamento multidisciplinar (clinico e cirúrgico) agressivo. Os abscessos cérvico faciais profundos são afecções graves, geralmente de origem odontogênica. O volume das coleções, Associado ao processo inflamatório adjacente, pode levar ao comprometimento das vias aéreas superiores, requerendo algumas vezes procedimentos de emergência para suporte respiratório. O quadro infeccioso é de controle difícil, especialmente quando existe progressão da coleção para outros espaços cervicais ou torácicos. 8.2-Angina de Ludwig Apresentação mais grave e também frequente, geralmente devida à demora na instituição do tratamento adequado, é a angina de Ludwig. Esse quadro caracteriza-se pelo acometimento simultâneo dos espaços sublingual e submandibular. O envolvimento do espaço sublingual produz elevação e deslocamento posterior da língua, enquanto o assoalho da boca se torna tenso e edemaciado. O Envolvimento do espaço submandibular produz edema tenso do pescoço, geralmente limitado à região suprahioidea. As evidências de flutuação são discretas, assim como os sinais de envolvimento linfonodal, de glândulas salivares e da pele. Os sintomas da angina de Ludwig são trismo progressivo, sialorréia, disfonia, febre, calafrios e sudorese associadas com taquicardia. As alterações inflamatórias do assoalho da boca, língua, pescoço e laringe, levam a taquipnéia e dispnéia, podendo causar estridor, cianose e obstrução fatal das vias aéreas. Os exames radiológicos simples da região cérvico-facial mostram edema dos tecidos moles, podendo mostrar a presença de gás e de estreitamento das vias aéreas. Fonte:Revista brasileira de Otorrinolaringologia-1996-Vol. 62 – Ed. 2 - pag.132 a 145. 9-PREVENINDO E MINIMIZANDO O RISCO DE INFECÇÃO CRUZADA ATRAVÉS DAS PP (Medidas de Precaução Padrão) As PP incluem o uso de barreiras (EPIs) e são aplicadas todas as vezes em que houver a possibilidade de contato com sangue, secreções, excreções e fluidos corpóreos (exceto suor), mucosas e pele não-íntegra. Incluem também os seguintes isolamentos: • Precauções com aerossóis, obrigatório o uso de máscaras N-95 para doenças como sarampo, varicela e tuberculose; • Precauções com gotículas, doenças que necessitem de isolamento com máscaras, exceto as três já citadas, como exemplo, difteria e doença meningocócica; • Precauções de contato, tipo de isolamento em que são incluídas as doenças como cólera e aquelas causadas por microorganismos multirresistentes. De forma bastante resumida, tais medidas compreendem o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), para proteger áreas do corpo expostas ao contato com materiais infectantes. Exemplo de barreiras pessoais protetoras, conhecidas como EPI: Luvas (Um par exclusivo para cada paciente); Máscaras; Protetores oculares (óculos comuns oferecem proteção adequada); Avental (Deve ser usado sempre); Gorro. não 9.1-LEGISLAÇÃO DAS BARREIRAS PESSOAIS Segundo a Lei nº 6.514, de 22.12.97, seção IV, art. 166, toda empresa é obrigada a fornecer a seus funcionários, gratuitamente, EPIs segundo as necessidades de trabalho e ao risco inerente, que se encontrem e em perfeito estado de conservação. Os empregados, de acordo com a Norma regulamentadora nº (NR 6) da Portaria nº 3.214, de 8.6.1978, são obrigados a usar o(s) EPI(s) e se responsabilizar pela guarda e conservação destes(s). (EPI) 10-EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 10.1- Luvas Sempre que houver possibilidade de contato com sangue, saliva contaminada por sangue, contato com a mucosa ou com superfície contaminada, o profissional deve utilizar luvas. Embora as luvas não protejam contra perfurações de agulhas, está comprovado que elas podem diminuir a penetração de sangue em até 50% do seu volume. As luvas não são necessárias no contato social, tomada do histórico do paciente, medição da pressão sangüínea ou procedimentos similares. 10.1.2-As luvas estão disponíveis, no comércio, em 5 tipos: Luvas cirúrgicas de látex estéreis; Luvas descartáveis de látex; Luvas descartáveis de vinil; Sobre-luvas de PVC; Luvas de borracha grossa para limpeza geral. 10.1.3-Normas na Utilização das luvas As luvas NÃO devem ser utilizadas fora das áreas de tratamento. As luvas devem ser trocadas entre os tratamentos de diferentes pacientes. A parte externa das luvas NÃO deve ser tocada na sua remoção. As luvas devem ser checadas quanto a presença de rasgos ou furos antes e depois de colocadas, devendo ser trocadas, caso isso ocorra. Não se recomenda a lavagem das luvas, pois pode causar a penetração de líquidos através de furos indetectáveis. A deterioração das luvas pode ser causada por agentes desinfetantes, óleos, loções oleosas e tratamentos térmicos, como a autoclavação. Se ocorrerem acidentes com instrumentos pérfurocortantes, as luvas devem ser removidas e eliminadas, as mãos devem ser lavadas, atendimento especializado deve ser procurado e o acidente comunicado. Superfícies ou objetos fora do campo operatório NÃO podem ser tocados por luvas usadas no tratamento do paciente. Recomenda-se a utilização de sobre-luvas ou pinças esterilizadas. Em procedimentos cirúrgicos demorados ou com sangramento intenso, está indicado o uso de dois pares de luvas. Luvas usadas não devem ser lavadas ou reutilizadas. Nota: Toda luva deve ser inspecionada antes da utilização, pois, o índice de perfurações de fábrica encontrado nas caixas de Luvas de Precedimento Varia de 0,7% a 41.3% (Guandalini S. Luiz, Melo de Oliveira Norma S. Falcão, Santos Eduardo C. de Peixoto – Como controlar a infecção na Odontologia – Londrina 1997). 10.1.4-TÉCNICA ESTRILIZADAS PARA COLOCAÇÃO DAS LUVAS A colocação de Gorro, Máscara e Óculos deve preceder a lavagem e a Antissepsia das mãos que é condição “si ne qua nom” para a utilização de luvas estéreis em procedimentos que exijam tal EPI, como por exemplo os procedimentos críticos. A seqüência para colocação das luvas estéreis deve obedecer a seguinte seqüência: 1. Colocar o pacote sobre uma mesa ou superfície lisa, abrindo-o sem contaminá-lo. 2. Expor as luvas de modo que os punhos fiquem voltados para si. 3. Retirar a luva esquerda (E) com a mão direita, pela dobra do punho. 4. Levantá-la, mantendo-a longe do corpo, com os dedos da luva para baixo. 5. Introduzir a mão esquerda, tocando apenas a dobra do punho. 6. Introduzir os dedos da mão esquerda enluvada sob a dobra do punho da luva direita (D). 7. Calçar a luva direita, desfazendo a seguir a dobra até cobrir o punho da manga do avental. 8. Colocar os dedos da mão D enluvada na dobra do punho da luva E, repetindo o procedimento acima descrito. 9. Ajustar os dedos de ambas as mãos. 10.1.5-SEQUENCIA DE RETIRADA ESTERILIZADAS APÓS SUA UTILIZAÇÃO DAS LUVAS Após o uso, retirar as luvas puxando a primeira pelo lado externo do punho, e a segunda pelo lado interno. 10.2-JALECO OU CAPOTE O jaleco e o capote devem ter medidas que proporcionem proteção adequada aos profissionais quando estiverem realizando procedimentos em que o risco de contaminação é iminente, podendo ser confeccionado tanto em tecido como em TNT. 10.3-GORROS O uso do gorro evita a contaminação direta (no caso do paciente para o profissional) impedindo também,que o profissional e a equipe de auxiliares levem para casa ou outros locais Microorganismos capazes de colonizar seus cabelos, podendo ocorrer dessa forma uma contaminação cruzada. Recomendações para utilização do gorro: Prender o cabelo sem deixar mechas pendentes; Colocar o gorro recobrindo todo o cabelo e as orelhas; Ao retirar o gorro, puxe-o pela parte superior central e descarte-o no lixo contaminado (no caso de gorro Descartável); O gorro deve ser trocado a cada atendimento. 10.4-PROTETORES OCULARES (ÓCULOS) Protetores oculares devem limitar a entrada de respingos pelas porções superiores, inferiores e laterais dos olhos. São indicados em procedimentos invasivos (definidos como a entrada cirúrgica nos tecidos, cavidades ou órgãos e mucosas), que possam gerar respingos e ou partículas volantes, devendo ser usados também em necropsia, e na manipulação de substancias irritantes e com potencial de lesão da mucosa ocular. As maiores limitações ao seu uso têm sido relacionadas ao embaçamento ou distorção de imagens, especialmente por ocasião de procedimentos onde a precisão é essencial. 10.5-PROTETORES FACIAIS Excelentes como protetores oculares, além de proteger toda face contra respingos e partículas volantes. 10.6-MÁSCARAS A máscara deverá ser descartável e apresentar camada dupla ou tripla, para filtração eficiente. As máscaras de pano, por se tornarem úmidas, são menos eficientes que as demais para a filtragem de partículas. Têm sido substituídas por máscaras descartáveis. As máscaras ou respiradores (chamadas N-95) devem ser utilizadas pelos profissionais de saúde em contato com pacientes com: tuberculose, sarampo ou varicela; sintomáticos respiratórios; em procedimentos cirúrgicos. Deve-se observar na embalagem os dados sobre a eficiência de filtragem e o número registro ANVISA/MS. 11-EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPCs) São equipamentos utilizados para proteção de todos os indivíduos que freqüentam o ambiente do estabelecimento que presta assistência à saúde, como por exemplo: Equipamentos de socorro imediato; Extintores de Incêndio; Exaustores; Barreiras (Sanitária, Acústica, Térmica e Radioativa); Autoclave; Grupo gerador de energia elétrica ou No Break ; Recipientes para rejeitos; Dispositivos de segurança em máquinas e equipamentos 12-EDUCAÇÃO E TREINAMENTO A educação, o treinamento, e a conscientização dos membros da equipe de trabalho é a parte mais importante no estabelecimento e manutenção da cadeia asséptica. É necessário o estabelecimento de uma rotina de trabalho com as PP, visando minimizar os riscos inerentes a um meio sabidamente contaminado e otimizando a dinâmica dos Atendimentos. A motivação da equipe em busca de segurança, a informação atualizada e a reciclagem deverão ser uma constante. Abaixo temos o exemplo de ações com as PP que deverão estar presentes na rotina de trabalho do cirurgião dentista: 1. Obter informações sobre a história médica do paciente antes do atendimento (Anamnese); 2. Tratar todos os pacientes como potencialmente infectados; 3. Esterilizar todos os artigos críticos e semicríticos; 4. Utilização de EPI e técnicas de isolamento atravéz de barreiras; 5. Diminuir a formação de gotículas e aerosóis; 6. Limpeza, desinfecção e utilização de barreiras, em todas as superfícies e equipamentos a cada atendimento; 7. Limpeza semanal do filtro do ar condicionado; 8. Para as superficies que não podem ser descontaminadas facilmente, indica- se o uso de barreiras ( coberturas ) descartáveis. 9. Superfícies contaminadas por sangue e secreções devem ser descontaminadas imediatamente após o atendimento. 12.1-CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES A Classificação dos Ambientes é de grande importância no estabelecimento de uma rotina diária dos cuidados com a prevenção de infecções nos estabelecimentos prestadores de serviço de saúde, pois, organiza as informações de forma lógica e versátil. Podemos classificar os ambientes da seguinte forma: Áreas não críticas - são aquelas não ocupadas no atendimento dos pacientes ou às quais estes não têm acesso. Essas áreas exigem limpeza constante com água e sabão. Áreas semi-críticas - são aquelas vedadas às pessoas estranhas às atividades desenvolvidas. Ex.: lavanderia, laboratórios, biotério. Exigem limpeza e desinfecção constante, semelhante à doméstica. Áreas críticas - são aquelas destinadas à assistência direta ao paciente, exigindo rigorosa desinfecção. Ex.: clínicas de atendimento, setor de esterilização. Pisos, tampos, e demais superfícies localizados nessas áreas, também merecem limpeza freqüente e cuidadosa, porque acumulam resíduos contaminados, resultantes da atividade humana. Desinfecção diária - hipoclorito de sódio a 1% e água e sabão. Desinfecção semanal - associação de fenóis sintéticos. Áreas contaminadas - superfícies que entram em contato direto com matéria orgânica (sangue, secreções ou excreções), independentemente de sua localização. Exigem desinfecção, com remoção da matéria orgânica, e limpeza, com água e sabão. Para MAGRO FILHO & CARVALHO (1998), GUANDALINI (1997) a desinfecção do ambiente dos equipamentos deve acontecer entre o atendimento dos clientes. Isto porque todas as partes do equipamento tocadas antes, durante e após o atendimento, podem ser focos de infecção. 12.1.2-Cuidados com equipamento Providenciar proteções (barreiras) descartáveis com papel laminado, filme PVC, sacos plásticos, em locais onde não é possível esterilizar. É mais fácil, mais seguro e mais correto evitar a contaminação com o uso de barreiras, que descontaminar uma superfície suja, ou tentar eliminá-la depois que ocorreu ou pretender que o processo de desinfecção mate todos microrganismos que se acumularam sobre a superfície desprotegida (SCHAEFER, 1994). 12.2-Classificação dos procedimentos Assim como é importante, a criação de uma rotina de trabalho visando a prevenção da disseminação de infecções, com a classificação dos ambientes, também se faz necessário a classificação dos artigos e dos procedimentos. Podemos classificar os procedimentos em: Procedimento crítico - todo procedimento em que haja presença de sangue, pus ou matéria contaminada pela perda de continuidade do tecido. Procedimento semi-crítico - todo procedimento em que exista a presença de secreção orgânica (saliva), sem perda de continuidade do tecido. Procedimento não crítico - todo procedimento em que não haja a presença de sangue, pus ou outras secreções orgânicas, inclusive saliva. 12.3-Classificação dos Artigos Segundo Spaulding os Artigos são classificados em: Artigos críticos - Aqueles que penetram nos tecidos sub-epiteliais através da pele e mucosa. Ex.: Artigos cirúrgicos (agulhas, pinças, afastadores, fios de sutura, catéteres, drenos etc.); soluções injetáveis. Processo: esterilização Artigos semi-críticos - Aqueles que entram em contato com a mucosa íntegra e/ou pele não íntegra. Ex.: material para exame clínico (pinça e espelho). Processo: esterilização ou desinfecção de alto nível. Artigos não críticos - Aqueles que entram em contato com a pele íntegra ou não entram em contato direto com o paciente. Ex.: termômetro; superfícies de armários e bancadas; aparelho de raios X. Processo: desinfecção de nível intermediário. Resumo de Biossegurança – 2PARTE 1-Acidentes ocupacionais A transmissão de diversos tipos de agentes virais (como HBV, HCV e HIV) e bacterianos (como Mycobacterium tuberculosis) já foi documentada após acidente pérfuro-cortante, sendo o sangue humano uma das principais fontes de contágio. A via aérea representa outra forma importante de contágio, seja pela inalação de aerosóis com o risco de aquisição de varicela, sarampo ou tuberculose, seja pela inalação de partículas maiores, associadas a doenças como difteria e doença meningocócica. A primeira publicação de aquisição do HIV por acidente ocupacional de profissional da área da saúde é de 1984. Até junho de 2001, haviam sido relatados 99 casos documentados e 180 suspeitos de aquisição ocupacional do HIV por profissionais de saúde. Segundo informações disponíveis, os casos de infecção profissional pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ocorreram pelo contato com sangue, secreções sexuais, fluídos e secreções contendo sangue. Diante disso e do crescimento de casos de AIDS nos EUA, os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomendaram o uso de medidas de barreira todas as vezes em que ocorrer a possibilidade de contato com os materiais acima referidos, independentemente do conhecimento do estado sorológico dos pacientes 1.1-Medidas de Precaução Padrão (PP) As PP incluem o uso de barreiras (EPIs) e são aplicadas todas as vezes em que houver a possibilidade de contato com sangue, secreções, excreções e fluidos corpóreos (exceto suor), mucosas e pele não-íntegra. Incluem também os seguintes isolamentos: • Precauções com aerossóis, obrigatório o uso de máscaras N-95 para doenças como sarampo, varicela e tuberculose; • Precauções com gotículas, doenças que necessitem de isolamento com máscaras, exceto as três já citadas, como exemplo, difteria e doença meningocócica; • Precauções de contato, tipo de isolamento em que são incluídas as doenças como cólera e aquelas causadas por microorganismos multirresistentes. De forma bastante resumida, tais medidas compreendem o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), para proteger áreas do corpo expostas ao contato com materiais infectantes. Exemplo de barreiras protetoras (EPI): Luvas (Um par exclusivo para cada paciente), Máscaras, Protetores oculares (Os óculos comuns não oferecem proteção adequada), Avental (Deve ser usado sempre), Gorro. 1.1.2-Imunizações: As imunizações reduzem o risco de infecção e, por conseguinte, protegem não apenas a saúde dos componentes da equipe como a de seus pacientes e familiares. A transmissão de diversos tipos de agentes virais (como HBV, HCV e HIV) e bacterianos (como Mycobacterium tuberculosis) já foi documentada após acidente pérfuro-cortante, sendo o sangue humano uma das principais fontes de contágio. A via aérea representa outra forma importante de contágio, seja pela inalação de aerosóis com o risco de aquisição de varicela, sarampo ou tuberculose, seja pela inalação de partículas maiores, associadas a doenças como difteria e doença meningocócica. “Todos os componentes da equipe devem ser vacinados”. No caso de acidente com artigo perfuro cortante com material biológico contaminado, onde as barreiras pessoais (EPIs) não são capazes de evitar o contato do agente infectante com os tecidos subepteliais, as imunizações reduzem o risco de infecção em relação à algumas doenças e, por conseguinte, protegem não apenas a saúde dos componentes da equipe como a de seus pacientes e familiares, devendo também ser encaradas como medidas de precaução padrão. Drudi, Arnoldo Ch (2.008). Outras vacinas dependendo das características da região, da população a ser atendida e do profissional podem ser indicadas : vacinas anti-amarílica (febre amarela), anti-hepatite A, antimeningocócica quadrivalente (A/C/Y/W 135), anti-poliomielite, antirábica, contra febre tifóide, anti-varicela, contra Influenza ou antipneumocócica. 1.3-Procedimentos recomendados exposição a material biológico. em caso 1-Percutânea: lavagem rigorosa com água e sabão. de Obs: uso de solução anti-séptica (PVP-I e/ou clorexidina) também pode ser recomendado, porém, deve-se evitar o uso de substâncias cáusticas (como hipoclorito de sódio), pois estas aumentam a área lesada e, conseqüentemente, a exposição ao material infectante. 2-Mucosas: é recomendada a lavagem exaustiva com água corrente, solução fisiológica ou água boricada. 3-Pele íntegra: O contato de material biológico com pele íntegra não constitui situação de risco para infecção pelo HIV e, portanto, dispensa o uso de quimioprofilaxia. Porém, se a exposição envolve grande volume de sangue com alta carga viral em extensa área de pele por um período prolongado, a quimioprofilaxia pode ser considerada. 4-Serviço de Assistência Especializada: Depois de tomadas as medidas imediatas ao acidente descritas acima o profissional envolvido deve procurar o SAE ou caso esteja fechado o Pronto Socorro Central, juntamente com o paciente fonte ou amostra de sangue do mesmo coletada logo após o acidente, de preferência nas primeiras duas horas após a exposição, para implementação rigorosa de medidas profiláticas (com maior eficácia até 72 horas após o acidente). Há necessidade de ser realizada a comunicação do acidente de trabalho, cujo formulário pode ser preenchido no SAE. Os funcionários dos estados e municípios devem observar o Regime Jurídico Único (RJU) que lhes são específicos. É importante que tais casos sejam bem documentados e notificados ao Programa Estadual DST/AIDS para que se possa ter dados consistentes da ocorrência dos acidentes no estado e para que se possa trabalhar com controle e prevenção dos mesmos. Com este objetivo, foi criado em 1999, um sistema informatizado para notificação dos acidentes ocupacionais com material biológico (SINABIO). Exame sorológico, logo após o acidente, deverá ser realizado para proteção terapêutica profilática e ou jurídica das pessoas envolvidas (paciente ou profissional), sendo repetido após 6 e 12 semanas e 6 meses consecutivamente. Para atendimento de profissionais que atuam em estabelecimentos de prestação de assistência à saúde temos em S. J. do Rio Preto os seguintes serviços: SAE (Serviço de Assistência Especializada) Segunda a sexta das 07:00h às 17:00h Rua Penita, n° 3351 prox. a Av. A. Andaló; Fone: (17) 3235-6667 e 3234-4314 Pronto Socorro Central Sábado, domingo, feriados qualquer horário e de segunda a sexta após as 17:00h até 07:00h Rua Regente Feijó n° 33; Fone: (17) 3232-3348 2-O PROFISSIONAL COMO AGENTE DE INFECÇÃO Desde a década de 70, mais de 34 profissionais transmitiram hepatite B para mais de 350 pacientes nos EUA e em outros lugares do mundo. Harpaz e col. estudaram um surto com soroconversão recente em 19 (13%) pacientes operados por cirurgião portador de HBV, mesmo utilizando luvas durante procedimentos invasivos. A presença de profissional HBV positivo, aumenta o risco de transmissão. Para hepatite C, Esteban e col. identificaram cinco casos suspeitos de aquisição a partir de cirurgião com hepatite C crônica. Finalmente, após quase 20 anos de epidemia de AIDS, apenas seis casos suspeitos de aquisição de HIV foram descritos, tendo como fonte de transmissão o contato profissional com um dentista. Existe a recomendação ética do profissional informar aos seus pacientes sobre o seu estado sorológico sempre que houver risco de contágio como, por exemplo, profissional portador de HBV, HCV ou HIV que vai submeter seus pacientes a procedimentos invasivos. Há que se avaliar a possibilidade de afastamento definitivo do profissional ou enquanto perdurar a presença de HBV ou HCV. Tal obrigação é ética e não jurídica. Deve ser sempre adotada quando houver riscos. 3-Limpeza Pode ser definida como o procedimento pelo qual se processa a remoção da sujidade dos artigos. O procedimento mais simples de redução da carga microbiana é a limpeza mecânica, cujo objetivo é remover a sujidade, a matéria orgânica e os contaminantes inorgânicos de determinado artigo, superfície ou ambiente; garantindo o sucesso nos processos de desinfecção e esterilização e auxiliando na manutenção da vida útil do artigo. É considerado básico e fundamental para que qualquer procedimento mais complexo que vise a eliminação de toda forma de vida microbiana seja efetivo. A eliminação total ou parcial da carga microbiana de artigos através da limpeza determinará se os mesmos estarão aptos para o manuseio seguro. Deve ser realizada em todo artigo exposto ao campo operatório. Deve ser feita utilizando-se os EPIs próprios para uso na sala de utilidades (luvas de borracha resistente e de cano longo, gorro, máscara, óculos de proteção, avental impermeável e calçados fechados). O manuseio dos artigos deve ser cuidadoso para evitar acidentes ocupacionais. A limpeza deve ser realizada imediatamente após o uso do artigo. Pode-se fazer a imersão em solução aquosa de detergente com pH neutro ou enzimático, usando uma cuba plástica, mantendo os artigos totalmente imersos para assegurar a limpeza adequada.O preparo da solução e o tempo de permanência do material imerso devem seguiras orientações recomendadas pelo fabricante. Pode ser feita por: • fricção mecânica com água e sabão; • máquinas de limpeza com jatos de água quente ou detergentes; • máquinas de ultra-som com detergentes/ desencrostantes. A falha em procedimentos de limpeza pode implicar em falha nos procedimentos posteriores. Materiais com ranhuras e orifícios de difícil acesso, devem ser higienizados com o auxílio de um detergente enzimático fornecerão maior segurança no que se refere à remoção da possível carga microbiana na sujidade porventura existente nestas reentrâncias e saliências. 3.1-Detergentes Enzimáticos Enzimas são proteínas que agem como catalisadores nas reações bioquímicas, decompondo estruturas moleculares complexas em estruturas mais simples, facilitando sua dissolução. As enzimas utilizadas nos detergentes enzimáticos são: amilase, lipase, protease e carbohidrase.Estas enzimas foram especialmente desenvolvidas para emprego na área médicohospitalar. O efeito sinérgico de mais de uma enzima é preponderante na otimização da ação do detergente. A ação conjunta das enzimas degrada a matéria orgânica mesmo nos locais de difícil acesso, como articulações e lumens estreitos, possibilitando maior remoção da matéria orgânica, com menor saturação da solução. Outra característica dos detergentes enzimáticos é de serem 100% Biodegradáveis, ou seja, não agridem o meio ambiente; 3.2-Fatores Ligados à Eficácia de um Detergente Enzimático: 1. O detergente enzimático ideal possui uma mistura equilibrada de protease, carbohidrase, amilase e lípase; 2. Ser utilizado de acordo com sua especificidade e condições ideais de uso; 3. Deve ser Tensoativo não-iônico: Não corrosivo; 4. Presença de álcool isopropílico na solução; 5. Ter pH na faixa de neutralidade; 6. Possuir laudos de compatibilidade de fabricantes de instrumental e equipamentos médico-hospitalares; 7. Tempo ideal da contato do detergente com o artigo a ser processado; 8. Diluição feita de forma adequada as recomendações do fabricante. 4-Empacotamento e Embalagens para Esterilização A embalagem deve permitir a penetração do agente esterilizante e proteger os artigos de modo a assegurar a esterilidade até a sua abertura. Para esterilização em autoclave, recomenda-se papel grau cirúrgico, tecido não-tecido, tecido de algodão cru (campo duplo), nylon, cassetes e caixas metálicas perfuradas. Embalagens compostas de papel grau cirúrgico e/ou filme plástico polipropileno-polietileno e nylon devem ter o ar removido antes da selagem, pois o ar atua como um obstáculo na transmissão de calor e de umidade. Pinças e tesouras devem ser esterilizadas com suas articulações abertas. O fechamento do papel grau cirúrgico e filme plástico ou do nylon deve promover o selamento hermético da embalagem e garantir sua integridade. A faixa de selagem deve ser ampla, preferencialmente, de 1 cm ou reforçada por duas ou três faixas menores. Recomenda-se promover o selamento deixando uma borda de 3 cm, o que facilitará a abertura asséptica do pacote. O papel Kraft, devido sua porosidade visível, até a olho nu, não deve ser utilizado para procedimentos de esterilização.A NBR 12.946/1993 (ABNT, 1993) estabelece os índices de porosidade de 65s (mínimo) e 105s (máximo), para o papel grau cirúrgico.