Resumo sobre Biossegurança

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Resumo sobre Biossegurança
Dr. Arnoldo José Cherubini Drudi
1-CONCEITO
Biossegurança, que significa Vida + Segurança, é
conceituada como a vida livre de perigos. Genericamente, medidas de
biossegurança são ações que contribuem para a segurança da vida,
no dia-a-dia das pessoas. Assim, normas de biossegurança englobam
todas as medidas que visam evitar riscos físicos (radiação ou
temperatura), ergonômicos (posturais), químicos (substâncias
tóxicas), biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos, (como o
estresse).
O conceito de biossegurança é amplo, abrangendo
diversas disciplinas, e tendo todos seus aspectos importância e peso
equivalentes,
não
devendo
em
hipótese
alguma
serem
negligenciados.
2-HISTÓRIA
Século IV aC, a primeira referência de aquisição
profissional de doenças infecciosas, atribuída a Tucídides (Lopes)
durante um surto de tifo exantemático ocorrido na Grécia; relata que
os médicos morriam em número igual ou maior que os habitantes da
localidade.
1546, Girolamo Fracastorius, em seu livro "De
contagionibus et contagiosis morbis et eorum curatione", foi o
primeiro a postular a idéia de que o contagium fosse devido a
agentes vivos, os quais chamou de "seminaria", criando, assim, a
doutrina do "contagium vivum".
1675, Leeuwenhoek, através de microscópio rudimentar
por êle elaborado, vê microorganismos, levantando um alerta para
essa micro-existência.
1762, O médico vienense Plenciz, reconhecendo a
importância daquela descoberta, não só atribuiu aos animálcula a
causa das doenças como também, a cada doença, o seu micróbio
específico.
1840 Henle, expôs com clareza, suas idéias sobre o
contágio e o miasma, mostrando não haver diferença entre aqueles
dois agentes infectantes que deviam ser considerados como agentes
vivos.
1847 Semmelweis, estudando a infecção puerperal em
Viena, observou que a mortalidade nas enfermarias em que
trabalhavam estudantes era muito mais elevada do que nas
enfermarias assistidas por parteiras.
1867 Lister, cirurgião inglês impressionado com os
trabalhos de Pasteur, instituiu o desenvolvimento da cirurgia
anticéptica, através da desinfecção prévia do instrumental cirúrgico,
do campo operatório e das mãos dos cirurgiões, sendo utilizado, para
tal, o ácido fênico.
1878 Implantação definitiva da origem microbiana das
doenças infecciosas, após a comunicação por Pasteur e cols. sobre a
teoria dos germes.
A lógica da construção do conceito de biossegurança, teve
seu inicio na década de 70 na reunião de Asilomar na Califórnia,
onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre os impactos da
engenharia genética na sociedade.
A partir daí o termo biossegurança, vem, ao longo dos
anos, sofrendo alterações, tendo nas décadas de 80 e 90 a inclusão
de temas como ética na pesquisa, meio ambiente, DNA
recombinante.
3-INFECÇÃO CRUZADA
Paciente
Familiares
Profissional
Equipe
Medidas de Precaução-padrão (Ministério da Saú
3.1-TRANSMISSÃO DE MICROORGANISMOS
Transmissão de
Microrganismos
Contato Direto
Contato Indireto
 lesões infecciosas
 sangue contaminado
 saliva contaminada
 objetos contaminados
 respingos de sangue e
saliva contaminados
(diretamente sobre
feridas de pele e
mucosas)
 aerolização
3.2-CONDIÇÕES PARA TRANSMISSÃO DE DOENÇA
INFECTO-CONTAGIOSA
susceptibilidade do local
(solução de continuidade)
virulência
Transmissão de
Microrganismos
estado imunológico
do hospedeiro
quantidade
do agente
3.3-AEROLIZAÇÃO
Através da aerolização as doenças também podem se
transmitir por salpicadas nos olhos e boca, e por inalação de finas
gotículas de aerossol.
(Corrêa, 1994; Marques, 1997)
3.4-Áreas úmidas ou molhadas tornam-se meios de
cultura nos quais fungos e bactérias Gram-negativas podem se
reproduzir, assim como as áreas empoeiradas podem albergar
micobactérias, bactérias Gram-positivas, entre outros.
3.5-O meio ambiente interno dos edifícios modernos,
especialmente
aqueles
designados
para
uso
comercial
e
administrativo, constitui nicho ecológico com seu próprio meio
bioquímico, fauna e flora. Sofisticados métodos de construção e os
novos materiais e equipamentos necessários para manter o meio
ambiente interno destas estruturas fechadas produzem grande
número de subprodutos químicos e permitem o desenvolvimento de
diversos microorganismos. Se o meio ambiente interno dos edifícios
fechados não for mantido de forma adequada, pode se tornar nocivo
para a saúde dos seus ocupantes. Nessas condições, edifícios
fechados, são chamados de "Edifícios Doentes".
3.5.1-Portaria nº3.523/98, estabelece os procedimentos
básicos para diminuir o risco potencial à saúde das pessoas
ocasionalmente expostas ao ar de ambientes climatizados.
3.5.2-A legislação brasileira prevê a aplicação de multas
que variam de R$ 2.000,00 a R$ 200.000,00 para empresas com
sistema climatizado que apresentarem sujeira nas casas de
máquinas, sistemas de dutos e demais pontos favoráveis à formação
de colônias de fungos e bactérias.
4ALGUMAS
DOENÇAS
PASSÍVEIS
TRANSMISSÃO PARA PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE
Doença
Etiologia
Sífilis
Gonorréia
Tuberculose
Difteria
Sarampo
Caxumba
T. pallidum
N. gonorrhoeae
M. tuberculosis
C. diftheriae
Morbillivirus
Paramyxovirus
DE
Sobrevivência extra
corpórea estimada
segundos
horas
semanas
12-16 horas
+24 horas
Dias
Rubéola
Herpes
Catapora
Doença Linfática
Hepatite virótica
AIDS
Virose
linfotrópica
Encefalopatias
espongiformes
Rubivirus
VHS-I e VHS-II
Varicela zoster
Citomegalovirus
Vírus da
hepatite
HIV
HTLV-I e HTLVII
Príons
14 horas
min-72 horas
min
8 horas
não definida
dias
não definida
não definida
5-DOENÇAS DE MAIOR RISCO DE CONTÁGIO NO
EXERCÍCIO DA PROFISSÃO
5.1-Hepatite B (HBV)
A quantidade de sangue contaminado necessária para
transmissão da doença é de apenas 0,0001ml, acredita-se que, em
um acidente perfuro cortante envolvendo sangue de fonte
desconhecida, o risco de aquisição do VHB é 57 vezes superior,
quando comparado ao HIV; e o risco de vir a óbito 1,7 vezes superior
para o VHB, apesar da característica letal do HIV. O período de
incubação do HBV é de 54 dias.
Permanece infeccioso, após secagem sobre superfícies
por até 6 meses. A transmissão do VHB através de aerossóis e
superfície
contaminada
não
tem
demonstrado
relevância
epidemiológica. No entanto, as características próprias ao trabalho
em estabelecimentos que prestam assistência à saúde, com
freqüentes relatos de não adoção de normas universais de
biossegurança e de falhas nos procedimentos de esterilização,
revelam uma alta probabilidade da ocorrência de infecção.
O risco de contaminação acidental é de 6 a 30%, sendo
as formas de prevenção indicadas:


A utilização de equipamentos de proteção individual
e equipamentos de proteção coletiva;
Vacina contra vírus HBV (3 doses)
“Quando não tomadas as medidas de prevenção, a equipe
e seus familiares mais próximos ficam desprotegidos e expostos ao
contágio iminente”.
5.2-Hepatite C (HCV)
A transmissão ocorre principalmente através da sangue;
sendo 40% não definidas. Sua incubação é de 6 a 12 semanas.
Não há dados suficientes sobre a viabilidade do HCV em
superfícies. O risco de contaminação acidental é de 1,8%, e a única
forma de prevenção é a utilização de equipamentos de proteção
individual e equipamentos de proteção coletiva.
Estima-se que cerca de 80% dos pacientes portadores de
HCV evoluem para casos crônicos.
“Cerca de 8 milhões de brasileiros podem ser portadores
do vírus da hepatite C, de acordo com estimativas da OMS e há 6
vezes mais brasileiros com hepatite C do que com HIV”
5.3-AIDS (infecção pelo HIV)
A infecção pelo HIV tem como via principal de contágio a
sexual. Além dessa, também é relevante a via parenteral, através de
sangue e seus derivados. O período mediano de incubação é de 10
anos, ou seja, 50% dos indivíduos portadores do HIV vem a
desenvolver a doença decorrido este tempo. O período de
transmissão, entretanto, compreende desde o momento da infecção
até o eventual óbito do paciente. Trata-se de um vírus frágil, cuja
vida extracorpórea é curta, tendo em vista a sua fragilidade à luz
solar e ao meio ambiente. Sobrevivência estimada na temperatura
ambiente para partículas virais livres é de 15 dias a temperatura
ambiente e 11 dias a 37ºC.
A possibilidade de transmissão durante um acidente
perfurocortante com sangue sabidamente contaminado é baixa,
variando de 0,05 a 0,1%; ou seja, de uma chance em mil a cinco
chances em milhão.
O único meio de prevenção é a utilização de
equipamentos de proteção individual e de proteção coletiva.
“Estudos indicam que os pacientes soropositivos, em sua
maioria não revelam o seu estado por medo de terem o seu
tratamento negado”.
5.4-Herpes Simples (HSV-I)
Transmissão ocorre através de secreções (sangue e seus
derivados). O perigo de contágio é verificado na fase aguda da
doença.
O vírus pode sobreviver em diferentes superfícies: em
plásticos e prontuários clínicos por 4 horas; na roupagem por 3
horas; na pele por 2 horas; em peças de mão por 45 minutos e em
gaze por 72 horas.
Como prevenção os procedimentos em áreas próximas as
lesões de pacientes portadores de herpes, devem ser adiados sempre
que possível, até que a cura clínica da infecção se estabeleça.
5.5-Tuberculose
A transmissão ocorre principalmente através da
expectoração com formação de aerossóis infecciosos. Seu período de
incubação é superior a 6 meses. O tempo de Vida extra corpórea é de
várias semanas.
Estima-se que no Brasil existam entre 35 a 45 milhões de
pessoas infectadas .
A prevenção se dá através das imunizações e da
utilização de equipamentos de proteção individual e de proteção
coletiva.
“Estima-se que o desenvolvimento da Tuberculose leva
usualmente entre 6 e 8 meses com um contato diário de 8 horas com
uma pessoa com Tuberculose ativa sem tratamento. Os profissionais
da área odontológica não estão sob risco significativo”(Nisengard &
Newman, 1997).
6- Doenças Sistêmicas Causadas por Bactérias Orais
Algumas bactérias da cavidade oral possuem capacidades
patogênicas significativas. As infecções e a destruição dos tecidos
podem resultar de (1) efeitos diretos das bactérias sobre tecidos,
incluído os constituintes da superfície celular bacteriana, enzimas,
toxinas e a capacidade invasora; e (2) efeitos indiretos sobre o
sistema imune do hospedeiro por fatores microbianos.
Quando microorganismos ganham acesso a outros locais
do corpo humano, eles não podem mais ser restringidos pela ecologia
oral complexa e são capazes de produzir doenças. Dentre as doenças
mais importantes causadas pela flora oral estão a endocardite
bacteriana subaguda, as infecções nas articulações, os abscessos e as
infecções por mordeduras humanas (NISENGERD; NEWMAN, 1997).
6.1 Endocardite Bacteriana Subaguda
A endocardite bacteriana subaguda (EBS) é uma doença
cardíaca potencialmente grave que resulta da colonização bacteriana
sobre o tecido cardíaco previamente comprometido, particularmente
ao nível das válvulas. As condições predisponentes a EBS incluem a
febre reumática (quando existe dano cardíaco), a doença cardíaca
congênita (incluindo os defeitos do septo ventricular), prolapso da
válvula mitral (quando há insuficiência), estenose da aorta e ducto
arterial persistente, próteses cardíacas valvulares e histórico prévio
de endocardites. Os pacientes com enxertos vasculares também
podem estar sob risco.
A cavidade oral é a fonte mais comum de das bactérias
que colonizam o coração na EBS. As bacteremias ocorrem
usualmente como conseqüências de procedimentos dentários que
causam o sangramento, tais como a sondagem periodontal,
raspagem e alisamento radicular, extrações, cirurgias gengivais,
terapia endodôntica, biópsias e impressões para coroas e pontes. Os
números relativamente altos das bactérias que ganham acesso ao
sangue alveolar e circulam através do corpo humano são usualmente
eliminados pelas defesas do hospedeiro. Contudo, em pacientes com
fatores predisponentes que possuem o dano cardíaco ou valvular, as
bactérias podem colonizar rapidamente, levando a EBS.
As bacteremias também podem ocorrer após a escovação
dentária ou mastigação de substâncias duras, especialmente em
pacientes com doença periodontal. Como a escovação e a mastigação
não foram ainda reportadas como causas da EBS, o risco deve ser
minimizado através da prevenção e controle da doença periodontal
em pacientes com fatores predisponentes para a EBS.
Vários microorganismos têm sido identificadso como
causas da EBS. Entre eles estão os estreptococos alfa-hemolíticos ou
estreptococos do grupo viridans (S. mitor, S. sanguis e S. mutans),
Staphilococcus epidermidis e Acnibacillus actinomycetemcomitans. O
A. actinomycetemcomitans, um patógeno conhecido na doença
periodontal, também tem sido identificado como um dos agentes
causais da EBS. Existem atualmente numerosos casos relatados de
EBS causada por este microrganismo, incluindo-se pelo menos dois
casos em pacientes tratados com penicilina para prevenção da EBS
(NISENGERD; NEWMAN, 1997).
6.2 Infecções em Implantes de Articulações Após
Procedimentos Dentários
A substituição de articulações, particularmente as do
quadril, são muito comuns e devem ser consideradas ante de
qualquer tratamento dentário no qual possa ocorrer o sangramento
levando a bacteremias. Assim como o tecido cardíaco lesado, as
articulações substituídas são sítios propensos à colonização
bacteriana, infecção e conseqüente dano tecidual. Tais infecções são
difíceis de tratar e podem levar a invalidez (NISENGERD; NEWMAN,
1997).
6.3 Abscessos Pulmonares/Infecções
A aspiração de materiais dentários contaminados com o
material séptico do ambiente oral (incluindo saliva e placa) aos
pulmões
pode
causar
abscessos
pulmonares...
...são
Frequentemente causadas por bactérias anaeróbias, Gram-negativas,
subgengivais, incluindo as espécies produtoras de pigmento negro,
Actinobacillus acnimycetemcomitans, espécies de Acnomyces e
Eikenella corrodens....O A. actinomycetemcomitans pode causar
outra infecções extra-orais além dos abscessos pulmonares. Estas
incluem abscessos da glândula tireóide, infecções do trato urinário,
abscesso cerebral e osteomielite vertebral. Essas infecções extraorais ocorrem como resultado da transmissão direta, ou pela via
hematogênica, das bactérias residentes da cavidade
oral
(NISENGERD; NEWMAN, 1997).
7-DISSEMINAÇÃO DAS INFECÇÕES MAXILARES
Infecções maxilares
seio cavernoso
seio maxilar
celulites ou
abscessos
nas órbitas
BAPPN produtores
de heparinase e outros
anaeróbios
Crawford, 1997
8-DISSEMINAÇÃO DAS INFECÇÕES MANDIBULARES
infecções mandibulares
Espaços
submentonianos
Mediastino
Edema da faringe
e asfixia
Infecção maciça dos
pulmões ou pericardite
Crawford, 1997
8.1-Mediastinite
A
presença de mediastinite e suas complicações
(empiemas, pericardite, ruptura de vasos) determina grande
mortalidade. Neste trabalho, relatamos três pacientes que
desenvolveram mediastinite e septicemia na evolução de abscesso
cérvico facial profundo odontogênico, atendidos recentemente no
Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo. As vias de progressão dos
abscessos cérvico faciais são discutidas, assim como a importância da
suspeita e do diagnóstico precoce do acometimento mediastinal.
Enfatizamos que os resultados dependem da precocidade do
tratamento multidisciplinar (clinico e cirúrgico) agressivo.
Os abscessos cérvico faciais profundos são afecções
graves, geralmente de origem odontogênica. O volume das coleções,
Associado ao processo inflamatório adjacente, pode levar ao
comprometimento das vias aéreas superiores, requerendo algumas
vezes procedimentos de emergência para suporte respiratório. O
quadro infeccioso é de controle difícil, especialmente quando existe
progressão da coleção para outros espaços cervicais ou torácicos.
8.2-Angina de Ludwig
Apresentação mais grave e também frequente,
geralmente devida à demora na instituição do tratamento adequado,
é a angina de Ludwig. Esse quadro caracteriza-se pelo acometimento
simultâneo dos espaços sublingual e submandibular. O envolvimento
do espaço sublingual produz elevação e deslocamento posterior da
língua, enquanto o assoalho da boca se torna tenso e edemaciado. O
Envolvimento do espaço submandibular produz edema tenso do
pescoço, geralmente limitado à região suprahioidea. As evidências de
flutuação são discretas, assim como os sinais de envolvimento
linfonodal, de glândulas salivares e da pele.
Os sintomas da angina de Ludwig são trismo progressivo,
sialorréia, disfonia, febre, calafrios e sudorese associadas com
taquicardia. As alterações inflamatórias do assoalho da boca, língua,
pescoço e laringe, levam a taquipnéia e dispnéia, podendo causar
estridor, cianose e obstrução fatal das vias aéreas.
Os exames radiológicos simples da região cérvico-facial
mostram edema dos tecidos moles, podendo mostrar a presença de
gás e de estreitamento das vias aéreas.
Fonte:Revista brasileira de Otorrinolaringologia-1996-Vol.
62 – Ed. 2 - pag.132 a 145.
9-PREVENINDO E MINIMIZANDO O RISCO DE
INFECÇÃO CRUZADA ATRAVÉS DAS PP (Medidas de Precaução
Padrão)
As PP incluem o uso de barreiras (EPIs) e são aplicadas
todas as vezes em que houver a possibilidade de contato com
sangue, secreções, excreções e fluidos corpóreos (exceto suor),
mucosas e pele não-íntegra. Incluem também os seguintes
isolamentos:
• Precauções com aerossóis, obrigatório o uso de
máscaras N-95 para doenças como sarampo, varicela e tuberculose;
• Precauções com gotículas, doenças que necessitem de
isolamento com máscaras, exceto as três já citadas, como exemplo,
difteria e doença meningocócica;
• Precauções de contato, tipo de isolamento em que são
incluídas as doenças como cólera e aquelas causadas por
microorganismos multirresistentes.
De forma bastante resumida, tais medidas compreendem
o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), para proteger
áreas do corpo expostas ao contato com materiais infectantes.
Exemplo de barreiras pessoais protetoras, conhecidas
como EPI:
 Luvas (Um par exclusivo para cada paciente);




Máscaras;
Protetores
oculares
(óculos
comuns
oferecem proteção adequada);
Avental (Deve ser usado sempre);
Gorro.
não
9.1-LEGISLAÇÃO DAS BARREIRAS PESSOAIS
Segundo a Lei nº 6.514, de 22.12.97, seção IV, art. 166,
toda empresa é obrigada a fornecer a seus funcionários,
gratuitamente, EPIs segundo as necessidades de trabalho e ao risco
inerente, que se encontrem e em perfeito estado de conservação.
Os
empregados,
de
acordo
com
a
Norma
regulamentadora nº (NR 6) da Portaria nº 3.214, de 8.6.1978, são
obrigados a usar o(s) EPI(s) e se responsabilizar pela guarda e
conservação destes(s).
(EPI)
10-EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
10.1- Luvas
Sempre que houver possibilidade de contato com sangue,
saliva contaminada por sangue, contato com a mucosa ou com
superfície contaminada, o profissional deve utilizar luvas.
Embora as luvas não protejam contra perfurações de
agulhas, está comprovado que elas podem diminuir a penetração de
sangue em até 50% do seu volume.
As luvas não são necessárias no contato social, tomada
do histórico do paciente, medição da pressão sangüínea ou
procedimentos similares.
10.1.2-As luvas estão disponíveis, no comércio, em 5
tipos:





Luvas cirúrgicas de látex estéreis;
Luvas descartáveis de látex;
Luvas descartáveis de vinil;
Sobre-luvas de PVC;
Luvas de borracha grossa para limpeza geral.
10.1.3-Normas na Utilização das luvas
As luvas NÃO devem ser utilizadas fora das áreas de
tratamento.
As luvas devem ser trocadas entre os tratamentos de
diferentes pacientes.
A parte externa das luvas NÃO deve ser tocada na sua
remoção.
As luvas devem ser checadas quanto a presença de
rasgos ou furos antes e depois de colocadas, devendo ser trocadas,
caso isso ocorra.
Não se recomenda a lavagem das luvas, pois pode causar
a penetração de líquidos através de furos indetectáveis.
A deterioração das luvas pode ser causada por agentes
desinfetantes, óleos, loções oleosas e tratamentos térmicos, como a
autoclavação.
Se ocorrerem acidentes com instrumentos pérfurocortantes, as luvas devem ser removidas e eliminadas, as mãos
devem ser lavadas, atendimento especializado deve ser procurado e
o acidente comunicado.
Superfícies ou objetos fora do campo operatório NÃO
podem ser tocados por luvas usadas no tratamento do paciente.
Recomenda-se a utilização de sobre-luvas ou pinças esterilizadas.
Em procedimentos cirúrgicos demorados ou com
sangramento intenso, está indicado o uso de dois pares de luvas.
Luvas usadas não devem ser lavadas ou reutilizadas.
Nota: Toda luva deve ser inspecionada antes da
utilização, pois, o índice de perfurações de fábrica encontrado nas
caixas de Luvas de Precedimento Varia de 0,7% a 41.3% (Guandalini
S. Luiz, Melo de Oliveira Norma S. Falcão, Santos Eduardo C. de
Peixoto – Como controlar a infecção na Odontologia – Londrina
1997).
10.1.4-TÉCNICA
ESTRILIZADAS
PARA
COLOCAÇÃO
DAS
LUVAS
A colocação de Gorro, Máscara e Óculos deve preceder a
lavagem e a Antissepsia das mãos que é condição “si ne qua nom”
para a utilização de luvas estéreis em procedimentos que exijam tal
EPI, como por exemplo os procedimentos críticos.
A seqüência para colocação das luvas estéreis deve
obedecer a seguinte seqüência:
1. Colocar o pacote sobre uma mesa ou superfície
lisa, abrindo-o sem contaminá-lo.
2. Expor as luvas de modo que os punhos fiquem
voltados para si.
3. Retirar a luva esquerda (E) com a mão direita,
pela dobra do punho.
4. Levantá-la, mantendo-a longe do corpo, com os
dedos da luva para baixo.
5. Introduzir a mão esquerda, tocando apenas a
dobra do punho.
6. Introduzir os dedos da mão esquerda enluvada
sob a dobra do punho da luva direita (D).
7. Calçar a luva direita, desfazendo a seguir a
dobra até cobrir o punho da manga do avental.
8. Colocar os dedos da mão D enluvada na dobra
do punho da luva E, repetindo o procedimento
acima descrito.
9. Ajustar os dedos de ambas as mãos.
10.1.5-SEQUENCIA DE RETIRADA
ESTERILIZADAS APÓS SUA UTILIZAÇÃO
DAS
LUVAS
Após o uso, retirar as luvas puxando a primeira pelo lado
externo do punho, e a segunda pelo lado interno.
10.2-JALECO OU CAPOTE
O jaleco e o capote devem ter medidas que proporcionem
proteção adequada aos profissionais quando estiverem realizando
procedimentos em que o risco de contaminação é iminente, podendo
ser confeccionado tanto em tecido como em TNT.
10.3-GORROS
O uso do gorro evita a contaminação direta (no caso do
paciente para o profissional) impedindo também,que o profissional e
a equipe de auxiliares levem para casa ou outros locais
Microorganismos capazes de colonizar seus cabelos, podendo ocorrer
dessa forma uma contaminação cruzada.
Recomendações para utilização do gorro:
 Prender o cabelo sem deixar mechas pendentes;
 Colocar o gorro recobrindo todo o cabelo e as
orelhas;
 Ao retirar o gorro, puxe-o pela parte superior
central e descarte-o no lixo contaminado (no caso
de gorro Descartável);
 O gorro deve ser trocado a cada atendimento.
10.4-PROTETORES OCULARES (ÓCULOS)
Protetores oculares devem limitar a entrada de respingos
pelas porções superiores, inferiores e laterais dos olhos.
São indicados em procedimentos invasivos (definidos
como a entrada cirúrgica nos tecidos, cavidades ou órgãos e
mucosas), que possam gerar respingos e ou partículas volantes,
devendo ser usados também em necropsia, e na manipulação de
substancias irritantes e com potencial de lesão da mucosa ocular.
As maiores limitações ao seu uso têm sido relacionadas
ao embaçamento ou distorção de imagens, especialmente por ocasião
de procedimentos onde a precisão é essencial.
10.5-PROTETORES FACIAIS
Excelentes como protetores oculares, além de proteger
toda face contra respingos e partículas volantes.
10.6-MÁSCARAS
A máscara deverá ser descartável e apresentar camada
dupla ou tripla, para filtração eficiente.
As máscaras de pano, por se tornarem úmidas, são
menos eficientes que as demais para a filtragem de partículas. Têm
sido substituídas por máscaras descartáveis.
As máscaras ou respiradores (chamadas N-95) devem ser
utilizadas pelos profissionais de saúde em contato com pacientes
com: tuberculose, sarampo ou varicela; sintomáticos
respiratórios; em procedimentos cirúrgicos.
Deve-se observar na embalagem os dados sobre a
eficiência de filtragem e o número registro ANVISA/MS.
11-EQUIPAMENTOS
DE
PROTEÇÃO
COLETIVA
(EPCs)
São equipamentos utilizados para proteção de todos os
indivíduos que freqüentam o ambiente do estabelecimento que presta
assistência à saúde, como por exemplo:








Equipamentos de socorro imediato;
Extintores de Incêndio;
Exaustores;
Barreiras (Sanitária, Acústica, Térmica e
Radioativa);
Autoclave;
Grupo gerador de energia elétrica ou No Break ;
Recipientes para rejeitos;
Dispositivos de segurança em máquinas e
equipamentos
12-EDUCAÇÃO E TREINAMENTO
A educação, o treinamento, e a conscientização dos
membros da equipe de trabalho é a parte mais importante no
estabelecimento e manutenção da cadeia asséptica.
É necessário o estabelecimento de uma rotina de trabalho
com as PP, visando minimizar os riscos inerentes a um meio
sabidamente
contaminado
e
otimizando
a
dinâmica
dos
Atendimentos. A motivação da equipe em busca de segurança, a
informação atualizada e a reciclagem deverão ser uma constante.
Abaixo temos o exemplo de ações com as PP que deverão
estar presentes na rotina de trabalho do cirurgião dentista:
1. Obter informações sobre a história médica do
paciente antes do atendimento (Anamnese);
2. Tratar todos os pacientes como potencialmente
infectados;
3. Esterilizar todos os artigos críticos e semicríticos;
4. Utilização de EPI e técnicas de isolamento
atravéz de barreiras;
5. Diminuir a formação de gotículas e aerosóis;
6. Limpeza, desinfecção e utilização de barreiras,
em todas as superfícies e equipamentos a cada
atendimento;
7. Limpeza semanal do filtro do ar condicionado;
8. Para as superficies que não podem ser
descontaminadas facilmente, indica- se o uso de
barreiras ( coberturas ) descartáveis.
9. Superfícies
contaminadas
por
sangue
e
secreções
devem
ser
descontaminadas
imediatamente após o atendimento.
12.1-CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES
A Classificação dos Ambientes é de grande importância no
estabelecimento de uma rotina diária dos cuidados com a prevenção
de infecções nos estabelecimentos prestadores de serviço de saúde,
pois, organiza as informações de forma lógica e versátil. Podemos
classificar os ambientes da seguinte forma:
Áreas não críticas - são aquelas não ocupadas no
atendimento dos pacientes ou às quais estes não têm acesso.
Essas áreas exigem limpeza constante com água e sabão.
Áreas semi-críticas - são aquelas vedadas às pessoas
estranhas às atividades desenvolvidas. Ex.: lavanderia, laboratórios,
biotério.
Exigem limpeza e desinfecção constante, semelhante à
doméstica.
Áreas críticas - são aquelas destinadas à assistência
direta ao paciente, exigindo rigorosa desinfecção. Ex.: clínicas de
atendimento, setor de esterilização.
Pisos, tampos, e demais
superfícies localizados nessas áreas, também merecem limpeza
freqüente e cuidadosa, porque acumulam resíduos contaminados,
resultantes da atividade humana.
Desinfecção diária - hipoclorito de sódio a 1% e água e
sabão.
Desinfecção semanal - associação de fenóis sintéticos.
Áreas contaminadas - superfícies que entram em
contato direto com matéria orgânica (sangue, secreções ou
excreções), independentemente de sua localização.
Exigem desinfecção, com remoção da matéria orgânica, e
limpeza, com água e sabão.
Para MAGRO FILHO & CARVALHO (1998), GUANDALINI
(1997) a desinfecção do ambiente dos equipamentos deve acontecer
entre o atendimento dos clientes. Isto porque todas as partes do
equipamento tocadas antes, durante e após o atendimento, podem
ser focos de infecção.
12.1.2-Cuidados com equipamento
Providenciar proteções (barreiras) descartáveis com papel
laminado, filme PVC, sacos plásticos, em locais onde não é possível
esterilizar.
É mais fácil, mais seguro e mais correto evitar a
contaminação com o uso de barreiras, que descontaminar uma
superfície suja, ou tentar eliminá-la depois que ocorreu ou pretender
que o processo de desinfecção mate todos microrganismos que se
acumularam sobre a superfície desprotegida (SCHAEFER, 1994).
12.2-Classificação dos procedimentos
Assim como é importante, a criação de uma rotina de
trabalho visando a prevenção da disseminação de infecções, com a
classificação dos ambientes, também se faz necessário a classificação
dos artigos e dos procedimentos. Podemos classificar os
procedimentos em:
Procedimento crítico - todo procedimento em que haja
presença de sangue, pus ou matéria contaminada pela perda de
continuidade do tecido.
Procedimento semi-crítico - todo procedimento em que
exista a presença de secreção orgânica (saliva), sem perda de
continuidade do tecido.
Procedimento não crítico - todo procedimento em que não
haja a presença de sangue, pus ou outras secreções orgânicas,
inclusive saliva.
12.3-Classificação dos Artigos
Segundo Spaulding os Artigos são classificados em:
Artigos críticos - Aqueles que penetram nos tecidos
sub-epiteliais através da pele e mucosa. Ex.: Artigos cirúrgicos
(agulhas, pinças, afastadores, fios de sutura, catéteres, drenos etc.);
soluções injetáveis.
Processo: esterilização
Artigos semi-críticos - Aqueles que entram em contato
com a mucosa íntegra e/ou pele não íntegra. Ex.: material para
exame clínico (pinça e espelho).
Processo: esterilização ou desinfecção de alto nível.
Artigos não críticos - Aqueles que entram em contato
com a pele íntegra ou não entram em contato direto com o paciente.
Ex.: termômetro; superfícies de armários e bancadas; aparelho de
raios X.
Processo: desinfecção de nível intermediário.
Resumo de Biossegurança – 2PARTE
1-Acidentes ocupacionais
A transmissão de diversos tipos de agentes virais (como
HBV, HCV e HIV) e bacterianos (como Mycobacterium tuberculosis) já
foi documentada após acidente pérfuro-cortante, sendo o sangue
humano uma das principais fontes de contágio.
A via aérea representa outra forma importante de
contágio, seja pela inalação de aerosóis com o risco de aquisição de
varicela, sarampo ou tuberculose, seja pela inalação de partículas
maiores,
associadas
a
doenças
como
difteria
e
doença
meningocócica.
A primeira publicação de aquisição do HIV por acidente
ocupacional de profissional da área da saúde é de 1984. Até junho de
2001, haviam sido relatados 99 casos documentados e 180 suspeitos
de aquisição ocupacional do HIV por profissionais de saúde.
Segundo informações disponíveis, os casos de infecção
profissional pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ocorreram
pelo contato com sangue, secreções sexuais, fluídos e secreções
contendo sangue. Diante disso e do crescimento de casos de AIDS
nos EUA, os Centers for Disease Control and Prevention (CDC)
recomendaram o uso de medidas de barreira todas as vezes em que
ocorrer a possibilidade de contato com os materiais acima referidos,
independentemente do conhecimento do estado sorológico dos
pacientes
1.1-Medidas de Precaução Padrão (PP)
As PP incluem o uso de barreiras (EPIs) e são aplicadas
todas as vezes em que houver a possibilidade de contato com
sangue, secreções, excreções e fluidos corpóreos (exceto suor),
mucosas e pele não-íntegra. Incluem também os seguintes
isolamentos:
• Precauções com aerossóis, obrigatório o uso de
máscaras N-95 para doenças como sarampo, varicela e tuberculose;
• Precauções com gotículas, doenças que necessitem de
isolamento com máscaras, exceto as três já citadas, como exemplo,
difteria e doença meningocócica;
• Precauções de contato, tipo de isolamento em que são
incluídas as doenças como cólera e aquelas causadas por
microorganismos multirresistentes.
De forma bastante resumida, tais medidas compreendem
o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), para proteger
áreas do corpo expostas ao contato com materiais infectantes.
Exemplo de barreiras protetoras (EPI):
Luvas (Um par exclusivo para cada paciente),
Máscaras, Protetores oculares (Os óculos comuns não oferecem
proteção adequada), Avental (Deve ser usado sempre), Gorro.
1.1.2-Imunizações:
As imunizações reduzem o risco de infecção e, por
conseguinte, protegem não apenas a saúde dos componentes da
equipe como a de seus pacientes e familiares.
A transmissão de diversos tipos de agentes virais (como
HBV, HCV e HIV) e bacterianos (como Mycobacterium tuberculosis) já
foi documentada após acidente pérfuro-cortante, sendo o sangue
humano uma das principais fontes de contágio.
A via aérea representa outra forma importante de
contágio, seja pela inalação de aerosóis com o risco de aquisição de
varicela, sarampo ou tuberculose, seja pela inalação de partículas
maiores,
associadas
a
doenças
como
difteria
e
doença
meningocócica.
“Todos os componentes da equipe devem ser vacinados”.
No caso de acidente com artigo perfuro cortante com
material biológico contaminado, onde as barreiras pessoais (EPIs)
não são capazes de evitar o contato do agente infectante com os
tecidos subepteliais, as imunizações reduzem o risco de infecção em
relação à algumas doenças e, por conseguinte, protegem não apenas
a saúde dos componentes da equipe como a de seus pacientes e
familiares, devendo também ser encaradas como medidas de
precaução padrão.
Drudi, Arnoldo Ch (2.008).
Outras vacinas dependendo das características da região,
da população a ser atendida e do profissional podem ser indicadas :
vacinas anti-amarílica (febre amarela), anti-hepatite A, antimeningocócica quadrivalente (A/C/Y/W 135), anti-poliomielite, antirábica, contra febre tifóide, anti-varicela, contra Influenza ou antipneumocócica.
1.3-Procedimentos recomendados
exposição a material biológico.
em
caso
1-Percutânea: lavagem rigorosa com água e sabão.
de
Obs: uso de solução anti-séptica (PVP-I e/ou
clorexidina) também pode ser recomendado, porém, deve-se evitar o
uso de substâncias cáusticas (como hipoclorito de sódio), pois estas
aumentam a área lesada e, conseqüentemente, a exposição ao
material infectante.
2-Mucosas: é recomendada a lavagem exaustiva com
água corrente, solução fisiológica ou água boricada.
3-Pele íntegra: O contato de material biológico com pele
íntegra não constitui situação de risco para infecção pelo HIV e,
portanto, dispensa o uso de quimioprofilaxia. Porém, se a exposição
envolve grande volume de sangue com alta carga viral em extensa
área de pele por um período prolongado, a quimioprofilaxia pode ser
considerada.
4-Serviço de Assistência Especializada:
Depois de tomadas as medidas imediatas ao acidente
descritas acima o profissional envolvido deve procurar o SAE ou caso
esteja fechado o Pronto Socorro Central, juntamente com o paciente
fonte ou amostra de sangue do mesmo coletada logo após o acidente,
de preferência nas primeiras duas horas após a exposição, para
implementação rigorosa de medidas profiláticas (com maior eficácia
até 72 horas após o acidente).
Há necessidade de ser realizada a comunicação do
acidente de trabalho, cujo formulário pode ser preenchido no SAE. Os
funcionários dos estados e municípios devem observar o Regime
Jurídico Único (RJU) que lhes são específicos. É importante que tais
casos sejam bem documentados e notificados ao Programa Estadual
DST/AIDS para que se possa ter dados consistentes da ocorrência
dos acidentes no estado e para que se possa trabalhar com controle e
prevenção dos mesmos.
Com este objetivo, foi criado em 1999, um sistema
informatizado para notificação dos acidentes ocupacionais com
material biológico (SINABIO).
Exame sorológico, logo após o acidente, deverá ser
realizado para proteção terapêutica profilática e ou jurídica das
pessoas envolvidas (paciente ou profissional), sendo repetido após 6
e 12 semanas e 6 meses consecutivamente.
Para atendimento de profissionais que atuam em
estabelecimentos de prestação de assistência à saúde temos em S. J.
do Rio Preto os seguintes serviços:
SAE (Serviço de Assistência Especializada)
Segunda a sexta das 07:00h às 17:00h
Rua Penita, n° 3351 prox. a Av. A. Andaló;
Fone: (17) 3235-6667 e 3234-4314
Pronto Socorro Central
Sábado, domingo, feriados qualquer horário e de segunda
a sexta após as 17:00h até 07:00h
Rua Regente Feijó n° 33;
Fone: (17) 3232-3348
2-O PROFISSIONAL COMO AGENTE DE INFECÇÃO
Desde a década de 70, mais de 34 profissionais
transmitiram hepatite B para mais de 350 pacientes nos EUA e em
outros lugares do mundo. Harpaz e col. estudaram um surto com
soroconversão recente em 19 (13%) pacientes operados por cirurgião
portador de HBV, mesmo utilizando luvas durante procedimentos
invasivos.
A presença de profissional HBV positivo, aumenta o risco
de transmissão. Para hepatite C, Esteban e col. identificaram cinco
casos suspeitos de aquisição a partir de cirurgião com hepatite C
crônica. Finalmente, após quase 20 anos de epidemia de AIDS,
apenas seis casos suspeitos de aquisição de HIV foram descritos,
tendo como fonte de transmissão o contato profissional com um
dentista.
Existe a recomendação ética do profissional informar aos
seus pacientes sobre o seu estado sorológico sempre que houver
risco de contágio como, por exemplo, profissional portador de HBV,
HCV ou HIV que vai submeter seus pacientes a procedimentos
invasivos. Há que se avaliar a possibilidade de afastamento definitivo
do profissional ou enquanto perdurar a presença de HBV
ou HCV. Tal obrigação é ética e não jurídica. Deve ser sempre
adotada quando houver riscos.
3-Limpeza
Pode ser definida como o procedimento pelo qual se
processa a remoção da sujidade dos artigos.
O procedimento mais simples de redução da carga
microbiana é a limpeza mecânica, cujo objetivo é remover a sujidade,
a matéria orgânica e os contaminantes inorgânicos de determinado
artigo, superfície ou ambiente; garantindo o sucesso nos processos
de desinfecção e esterilização e auxiliando na manutenção da vida útil
do artigo. É considerado básico e fundamental para que qualquer
procedimento mais complexo que vise a eliminação de toda forma de
vida microbiana seja efetivo.
A eliminação total ou parcial da carga microbiana de
artigos através da limpeza determinará se os mesmos estarão aptos
para o manuseio seguro. Deve ser realizada em todo artigo exposto
ao campo operatório.
Deve ser feita utilizando-se os EPIs próprios para uso na
sala de utilidades (luvas de borracha resistente e de cano longo,
gorro, máscara, óculos de proteção, avental impermeável e calçados
fechados).
O manuseio dos artigos deve ser cuidadoso para evitar
acidentes ocupacionais. A limpeza deve ser realizada imediatamente
após o uso do artigo. Pode-se fazer a imersão em solução aquosa de
detergente com pH neutro ou enzimático, usando uma cuba plástica,
mantendo os artigos totalmente imersos para assegurar a limpeza
adequada.O preparo da solução e o tempo de permanência do
material imerso devem seguiras orientações recomendadas pelo
fabricante.
Pode ser feita por:
• fricção mecânica com água e sabão;
• máquinas de limpeza com jatos de água quente ou
detergentes;
•
máquinas
de
ultra-som
com
detergentes/
desencrostantes.
A falha em procedimentos de limpeza pode implicar em
falha nos procedimentos posteriores. Materiais com ranhuras e
orifícios de difícil acesso, devem ser higienizados com o auxílio de um
detergente enzimático fornecerão maior segurança no que se refere à
remoção da possível carga microbiana na sujidade porventura
existente nestas reentrâncias e saliências.
3.1-Detergentes Enzimáticos
Enzimas são proteínas que agem como catalisadores nas
reações bioquímicas, decompondo estruturas moleculares complexas
em estruturas mais simples, facilitando sua dissolução.
As enzimas utilizadas nos detergentes enzimáticos são:
amilase, lipase, protease e carbohidrase.Estas enzimas foram
especialmente desenvolvidas para emprego na área médicohospitalar. O efeito sinérgico de mais de uma enzima é
preponderante na otimização da ação do detergente.
A ação conjunta das enzimas degrada a matéria orgânica
mesmo nos locais de difícil acesso, como articulações e lumens
estreitos, possibilitando maior remoção da matéria orgânica, com
menor saturação da solução.
Outra característica dos detergentes enzimáticos é de
serem 100% Biodegradáveis, ou seja, não agridem o meio ambiente;
3.2-Fatores Ligados à Eficácia de um Detergente
Enzimático:
1. O detergente enzimático ideal possui uma
mistura
equilibrada
de
protease,
carbohidrase, amilase e lípase;
2. Ser
utilizado
de
acordo
com
sua
especificidade e condições ideais de uso;
3. Deve
ser
Tensoativo
não-iônico:
Não
corrosivo;
4. Presença de álcool isopropílico na solução;
5. Ter pH na faixa de neutralidade;
6. Possuir
laudos
de
compatibilidade
de
fabricantes de instrumental e equipamentos
médico-hospitalares;
7. Tempo ideal da contato do detergente com o
artigo a ser processado;
8. Diluição feita de forma adequada as
recomendações do fabricante.
4-Empacotamento e Embalagens para Esterilização
A embalagem deve permitir a penetração do agente
esterilizante e proteger os artigos de modo a assegurar a esterilidade
até a sua abertura.
Para esterilização em autoclave, recomenda-se papel
grau cirúrgico, tecido não-tecido, tecido de algodão cru (campo
duplo), nylon, cassetes e caixas metálicas perfuradas.
Embalagens compostas de papel grau cirúrgico e/ou filme
plástico polipropileno-polietileno e nylon devem ter o ar removido
antes da selagem, pois o ar atua como um obstáculo na transmissão
de calor e de umidade. Pinças e tesouras devem ser esterilizadas com
suas articulações abertas.
O fechamento do papel grau cirúrgico e filme plástico ou
do nylon deve promover o selamento hermético da embalagem e
garantir sua integridade. A faixa de selagem deve ser ampla,
preferencialmente, de 1 cm ou reforçada por duas ou três faixas
menores. Recomenda-se promover o selamento deixando uma borda
de 3 cm, o que facilitará a abertura asséptica do pacote.
O papel Kraft, devido sua porosidade visível, até a olho
nu, não deve ser utilizado para procedimentos de esterilização.A NBR
12.946/1993 (ABNT, 1993) estabelece os índices de porosidade de
65s (mínimo) e 105s (máximo), para o papel grau cirúrgico.
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