Atividade - AEDi-UFPA

Propaganda
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE EDUCAÇÃO
PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA
EDUCAÇÃO BÁSICA - PARFOR
DISCIPLINA: SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA
PROFESSORA: RAQUEL MARIA DA SILVA COSTA
TURMA: LETRAS 2014/CAMETÁ
1ª ATIVIDADE
Olá, caro professor(a),
Neste curso, iremos estudar duas disciplinas, que aparentemente são diferentes,
embora todas as duas voltem-se para análise da escolha discursiva feita pelo enunciador,
a qual varia de acordo com o interlocutor, o contexto, as intenções comunicativas e a
própria situação/contexto de enunciação.
Nestas aulas, tentaremos debater os principais pressupostos teóricos de cada
disciplina, ora separados, ora tentando “unir as pontas”, quando viável, a fim de
observarmos quais seriam as intenções do enunciador e os efeitos de sentido, criados por
ele, no momento da enunciação.
Espero que estejamos sempre juntos no trabalho da disciplina, por isso desde já
seja bem-vindo ao Curso de Semântica e Pragmática e busque aproveitá-lo ao máximo,
por meio da leitura dos textos e pesquisa sobre os temas da disciplina. Mas, para que eles
sejam realmente utilizados por você de maneira eficiente e eficaz, algumas atividades
precisam ser realizadas desde já, como:
1. Leitura do texto “. SEMÂNTICA ” de Antônio Carlos Siqueira de Andrade, sempre
destacando as ideias mais importantes nele presente;
2. Observar e destacar nas duas músicas abaixo “Esse rio é minha rua” e “olho de boto” se
há presença de metáfora, metonímia, ambiguidade, homonímia, polissemia, sinonímia e
antonímia.
3. Em seguida, explique como são tecidas tais relações de sentidos presente nessas músicas,
isto é, como foram construídas tais noções.
4. E por fim, selecione os termos lexicais, bem característicos, de nosso linguajar
paraense/nortista e procure defini-los (conceituá-los) a partir de seu conhecimento da
língua que fala e também do conhecimento da comunidade a que pertence.
Esse rio é minha rua
(Compositor: Paulo André e Rui Barata)
Esse rio é minha rua
Minha e tua Mururé
Piso no peito da lua
Deito no chão da
maré
Esse rio é minha rua
Minha e tua Mururé
Piso no peito da lua
Deito no chão da
maré
Pois é, pois é
Eu não sou
De igarapé
Quem montou na
Cobra grande
Não se escancha
Em poraque
Rio abaixo, rio
acima
Minha sina cana é
Só de pensar na
"mardita"
Me "alembrei" de
Abaeté
Rio abaixo, rio
acima
Minha sina cana é
Só de pensar na
"mardita"
Me "alembrei" de
Abaeté
Me "arresponde"
boto preto
Quem te deu esse
piché
Foi limo de maresia
Ou inhaca de
mulher?
Me "arresponde"
boto preto
Quem te deu esse
piché
Foi limo de maresia
Ou inhaca de
mulher?
Pois é, pois é...
Pois é, pois é...
Olho de boto
(Compositor: Nilson Chaves E Cristóvam Araújo)
E tu ficaste serena
Nas entrelinhas dos
sonhos
Nos escaninhos do riso
Olhando pra nós
escondida
Com os teus olhos de rio
Vieste feito um gaiola
Engravidado de redes
Aportando nos trapiches
Do dia a dia e memória
Com os teus sonhos de
rio
E ficaste defendida
Com todas as suas letras
Entre cartas e surpresas
Recírio, chuva e tristeza
Vês o pesa da tua falta
Nas velas e barcos
parados
Encalhados na saudade
De Val-de-cans ao
Guamá
Porto de sal das
lembranças
Das velhas palhas
trançadas
Na rede de um outro riso
Às margens de outra
cidade
Ah, os teus sonhos de
rio!
De toda a paisagem
Olho de boto
No fundo dos olhos
Bom trabalho a todos(as)!!
e
Um Ano Novo cheio de concretizações e prosperidade!!!
TEXTO PARA O TRABALHO
2. SEMÂNTICA
Antônio Carlos Siqueira de Andrade
1.1 - Definição de Semântica
A palavra SEMÂNTICA deriva de SEMAINÔ (sig- nificar), que se origina de
SÊMA (sinal) e é, em sua origem, o adjetivo correspondente a sentido.
Os gregos viam a língua como reflexo da realidade, e as questões ligadas ao
significado tinham importân- cia capital, porque era através da língua que se anali- sava
essa realidade. Decorre daí a preocupação em observar se o ato de nomear as coisas era
natural ou convencional. Aristóteles definiu a palavra como a menor unidade significativa
da fala.
Semântica, em sentido lato, preocupa-se com qualquer sinal: brasões, bandeiras,
gestos, gritos ou outro sinal utilizado para transmitir mensagens e, principal- mente, tudo
que se refere às palavras.
Em sentido estrito, Semântica estuda as palavras no seio da língua: o que é uma
palavra, quais as relações entre forma e sentido, as relações entre as palavras, a sua
função etc.
Guiraud (1980: 07) define Semântica como estudo do sentido das palavras.
Preocupa-se, portanto, com o signo verbal.
Originariamente, designava um ramo de estudo da linguagem. Mais tarde, a palavra
foi utilizada pelos lógicos e pelos psicólogos, o que resulta em três ques- tões:
1. Problema linguístico – cada sistema de signos tem suas regras específicas referentes à
sua natureza e à sua função.
2. Problema lógico – quais as relações do signo com a realidade? Em que condições ela
se aplica a um objeto ou a uma situação que ele tem a função de significar?
3. Problema psicológico – por que e como nos co- municamos? O que é um signo e o que
se passa em nosso espírito e no de nosso interlocutor quando nos comunicamos? Qual o
substrato e o mecanismo fisio- lógico e psíquico desta operação?
Como ciência, a Semântica surgiu no século XIX, com M. Bréal, que defendia a
sua unificação com a Etimologia – o estudo do modo como se fixam os sig- nificados e as
alterações de sentido. Como observa Marques (1976, p. 16):
O vocábulo Semântica foi utilizado pela primeira vez, em 1883, por Michel
Bréal, para designar uma nova ciência que, ao lado da Fonética e da Morfologia, preocupadas com a análise do corpo e da forma das palavras, estudaria as
mudanças de sentido, a es- colha de novas expressões, o nascimento e a morte
das locuções.
A Semântica tradicional é de base lexicológica por- que toma a palavra como
unidade fundamental com- posta de significante e significado, distinguindo a pa- lavra
daquilo que ela nomeia, isto é, o referente.
Para Marques (1976: 25), a união forma/conceito estabelece-se no intercâmbio
social, decorrente de sua aceitação, por isso varia de língua para língua e na mesma
língua varia no decorrer do tempo, o que resulta em fenômenos como a sinonímia, a
polisse- mia, a homonímia e sentidos figurados.
A par dessa convencionalidade, existe uma motiva- ção no plano fonológico: chiar,
sibilar; no plano mor- fológico: lenhador, construtor; no plano semântico – braço (de rio)
– transferência de sentido estabele- cida pela semelhança entre braço (do corpo), que se
estende lateralmente e de rio, que se estende para a terra numa das margens da corrente
principal.
Mussalin & Bentes (2006: 19) apresentam três abor- dagens para Semântica:
1. Semântica Formal – A Semântica Formal descreve o significado a partir do
postulado de que as sentenças ou frases se estruturam logicamente.
Essa visão remonta a Aristóteles que, analisando o raciocínio dedutivo, mostrou
que existem relações de significado que não dependem das expressões.
Exemplo:
Todo homem é mortal.
João é homem.
Logo, João é mortal.
A premissa menor (João é mortal) está contida na premissa maior (Todo homem é
mortal) ou, o conjunto dos homens está contido no conjunto dos mortais.
Esse raciocínio se fixa através das relações con- 14 traídas, independente do
significado de homem e de mortal.
Alterando-se as expressões e mantendo as relações, o raciocínio será sempre válido.
Gottlib Frege afirma que o estudo científico do sig- nificado deve considerar apenas
os aspectos objeti- vos, pois as representações individuais variam de in- divíduo para
indivíduo (Ibidem: 20).
Uma palavra como árvore tem um lado que é co- mum a todos: é uma planta,
possui diversos tipos e pode ser reconhecida através de uma imagem sonora ou
visual ou tátil. Isso é referência. Já a experiência que cada indivíduo tem em
relação ao significado va- ria – árvore para um ecologista tem um significado
diferente do de um desmatador, que vende a madei- ra ou derruba as árvores
para cultivar uma lavoura. Pode representar algo próximo, para aquele que vive
numa floresta, ou distante para aquele que vive numa grande cidade, onde a
existência de árvores é escassa. Isso é sentido.
Assim, se a Semântica se ocupa ou se preocupa com os aspectos objetivos do
significado, é a Psicologia que vai se ocupar da experiência subjetiva desse mes- mo
significado.
2. Semântica da Enunciação – Na Semântica Formal, o conceito de verdade é
externo à linguagem ou a linguagem é um meio para se alcançar a verdade.
Postula uma ordem no mundo que dá conteúdo à linguagem.
A Semântica da Enunciação acredita que a lingua- gem constitui o mundo, ou não
há uma ordem no mundo “...que não seja dada independentemente da linguagem e da
história. A linguagem constitui o mundo, por isso não é possível sair fora dela.” (Ibidem: 27). E na página seguinte:
A linguagem, afirma Ducrot, é um jogo de argumen- tação enredado em si
mesmo; não falamos sobre o mundo, falamos para construir um mundo e a partir dele tentar convencer nosso interlocutor da nossa verdade, verdade criada
pelas e nas nossas interlocu- ções. A verdade deixa, pois, de ser um atributo do
mundo e passa a ser relativa à comunidade que se forma na argumentação.
Assim, a linguagem é uma dialogia, ou melhor, uma ‘argumentalogia’; não falamos para trocar informações sobre o mundo, mas para convencer o outro a
entrar no nosso jogo discur- sivo, para convencê-lo de nossa verdade.
O uso dos dêiticos – eu, você, isto – nos dá a (falsa) sensação de estarmos fora da
língua. Entretanto, a referência é uma ilusão criada pela linguagem, pois sempre estamos
inseridos nela.
3. Semântica Cognitiva – Na Semântica Cognitiva, o significado é central na
investigação sobre a linguagem.
O significado...não tem nada a ver com a relação de pareamento entre linguagem e
mundo...ele emerge de dentro para fora, e por isso ele é motivado... A sig- nificação
linguística emerge de nossas significações corpóreas, dos movimentos de nossos corpos
em in- teração com o meio que nos circunda (Ibidem: 34).
O significado é mais uma questão cognitiva do que um fenômeno estritamente
linguístico. A linguagem articulada é apenas uma das manifestações superficiais da nossa estruturação cognitiva, que lhe antece- de e dá consistência.
1.2 - CRIAÇÃO SEMÂNTICA
O processo básico de criação semântica é a nominação.
Sempre que se deseja nomear ou dar nome a algu- ma coisa, um conceito, traduzir
uma idéia, cria-se uma palavra nova, baseada nos recursos lexicológi- cos (morfologia e
semântica) – é o neologismo; ou utiliza-se uma palavra já existente que, nesse caso, passa
a ter mais um sentido.
O neologismo surge, não do desejo de inovar, mas de designar algo porque não
existe um termo ou o termo antigo se encontra desgastado.
A criação é coletiva. Tão importante é produzir ou inventar uma nova palavra
quanto aceitá-la e passar a utilizá-la.
Um exemplo é a criação e a modernização dos meios de transporte. Antes as
estradas não tinham pedágio. Hoje temos rodovias pedagiadas. E quem ultrapassar os
limites de velocidade, estará sujeito a multagem eletrônica.
Os ônibus e trens exigiam fichas e bilhetes. Hoje nós temos bilhetagem também
eletrônica.
O processo de nominação atende a designações objetivas, como é o caso do
vocabulário técnico ou científico – teleprocessamento, termômetro, nanotecnologia; ou
se vale da subjetividade para conotar um sentido: Ela é muita gata.
De todos os processos, a derivação e a composição estão na base de muitos casos,
embora a onomatopeia e os estrangeirismos sejam também muito frequentes.
No caso das onomatopeias, a língua fornece re- cursos imitativos de determinados
sons que nem sempre utilizamos de forma consciente: quem diria que o verbo chiar é
uma criação onomato- paica? Já em miar parece que a associação ao ruído emitido por
gatos está mais aparente.
Os estrangeirismos também são frequentes, a ponto de ter denominações próprias:
anglicis- mos (provenientes da língua inglesa), galicismo (provenientes da língua
francesa), italianismos, germanismos entre outros e se devem a contatos de natureza
econômica, cultural e social.
Muito se critica a utilização de estrangeiris- mos. De um lado, temos a invasão ou
abuso na utilização de termos de outra língua, o que deve ser evitado; de outro, a
necessidade de designar algo quando a nossa língua não oferece um ter- mo que se adapte
tão bem ao objeto ou conceito designado.
O exemplo mais conhecido é o da palavra futebol, aportuguesada a partir do inglês
football. Alguns puristas propuseram ludopédio ou pedí- bolo.
E que tal, em vez de carnê (do francês carnet), usar choribel, ou ludâmbulo para
turista?
1.3 - Transferência de Sentido
A transferência de sentido se dá por metáfora ou metonímia.
A palavra metáfora (grego metáphora) forma-se a partir de meta = trans + phorein
+ levar e significa transferência.
Muitos autores acreditam que a linguagem antiga tem uma natureza metafórica.
Para Renan (apud TODOROV, 1977), a metáfora foi o grande procedimen- to da
formação da linguagem.
O homem primitivo utilizava-se de palavras e ex- pressões de maneira figurada:
exprimia seus pensa- mentos na linguagem da poesia.
Igualmente, “...a linguagem dos selvagens moder- nos com frequência é
descrita como metafórica e rica em expressões figuradas” (Ibidem: 36).
A metáfora é uma comparação condensada que afir- ma uma identidade intuitiva e
concreta. A relação é a de sentido através de características, ou melhor, a transmutação de
sentido é decorrência de traços de semelhança que mentalmente se podem estabelecer
entre o sentido próprio e o sentido novo. Ullman (1997: 440) observa que a metáfora tem
grande im- portância na força criadora da língua.
Essa importância se comprova na grande quantidade de metáforas que refletem o
habitat em que vivemos. Há, por exemplo, as metáforas antropomórficas:
Pé do morro
Coração da floresta
Pulmões da cidade
E as metáforas animais – transferência de caracterís- ticas dos animais para os
humanos: burro, cachorro, porco, vaca etc.
As sinestesias fazem parte desse recurso: voz quen- te, cheiro doce, cores berrantes.
Metonímia
A transferência do nome de um objeto ou ação a outro objeto se dá a partir de
relações objetivas de causa/efeito ou continente/conteúdo.
Exemplos: “Me traz uma Skol.”
Etimologia
A Etimologia tem um papel fundamental para a Se- mântica, pois estuda as relações
de significado que uma palavra conserva com outra palavra mais antiga e da qual se
origina.
Em termos sincrônicos, estuda a formação de pala- vras a partir de um étimo ou
termo base (radical).
A etimologia definida no primeiro parágrafo é tam- bém chamada etimologia
erudita, baseada no conhe- cimento das formas primitivas e das leis que propor- cionaram
a sua evolução ou transformação.
Paralelamente, existe um processo denominado eti- 16 mologia popular ou falsa
etimologia em que uma pa- lavra é formada a partir de semelhanças formais, mas que não
tem relação genética com a palavra de que, pretensamente, se origina.
É o caso de sombrancelha, chuva de granito, por exemplo.
Cohen (in: TODOROV et al, 1977: 23) endossa esse processo, ao afirmar que “... a
busca histórica entre as palavras... é caminho estreito e mesmo errôneo.” As relações de
afinidades devem ser consideradas assim:
A etimologia popular aproxima pela forma ou pelo sentido palavras que, do
ponto de vista da etimologia erudita não têm nada em comum, mas que,
funcional- mente, são sentidas como aparentadas.
1.4 - Tipologia das Relações de Sentido
Os estudos gramaticais na Antiguidade, não só reconheciam as categorias lógicas,
mas também a tipologia das relações: a sinonímia, a antonímia, a homonímia.
Tais relações podem ser:
Unívocas – o significante e o significado tradu- zem exatamente o que se quer dizer;
Equívocas – os conteúdos são distintos: homonímia – canto (ângulo: canto da sala) e
canto (verbo cantar);
Multívocas – os conteúdos são coincidentes: sinonímia – belo/bonito;
Diversívoca – há oposição conceitual: antonímia.
Ambiguidade
É a situação em que um segmento sonoro, uma construção ou uma palavra
apresenta duplicidade de sentido. Pode ser:
Fonética:
Ela ficou como herdeira da família. Vou dar uma olhadinha no jogo. Aquela é a Miss
Java.
Gramatical:
Eu vi o acidente do carro.
Camelô vende pirata no centro (a elipse de produto favorece a ambiguidade).
Político reclama que mídia quer destruir sua imagem.
Lexical – pode se dar através da:
Polissemia: uma mesma palavra nomeia coisas diferentes. E cada sentido é percebido
como extensão de um sentido básico. A vantagem da polissemia é que uma mesma
palavra nomeia coisas diferentes, evitando a sobrecarga, isto é, a memorização de uma
palavra para nomear cada coisa di- ferente; por outro lado, pode causar ambiguidade.
Ex.: Parece que esse acordo teve o dedo do Ministro da Fazenda.
Ponha dois dedos de café para mim.
Homonímia – situação em que palavras que possuem significados diferentes são
pronunciadas e/ou grafadas da mesma maneira.
Há descontinuidade de sentido. Ex.: banco (de jardim) e banco (casa de crédito);
pinto (filhote da galinha) e pinto (verbo pintar); almoço (substanti- vo) e almoço (verbo
almoçar).
A homonímia também pode causar ambiguidade: Ele comprou uma lima (fruta ou
ferramenta?).
Sinonímia
Sinônimos são palavras que guardam entre si um significado e/ou uso comum.
Nesse caso, belo e bonito são sinônimos.
Muitos autores acham que não há sinonímia perfei- ta. Outros só aceitam a
sinonímia perfeita na lingua- gem científica – H2O = água; cloreto de sódio = sal; ácido
ascórbico = vitamina C.
Geraldi e Ilari (1995: 42) exemplificam a sinonímia através de paráfrases:
1. Pegue o pano e enxugue a louça.
2. Pegue o pano e seque a louça. Em que a equivalência ocorre por causa do emprego de palavras sinônimas.
Em
3. É difícil encontrar esse livro.
e
4. 4. Este livro é difícil de encontrar. As estruturas sintáticas se equivalem.
Em
5. Esta sala está cheia de fumaça.
e
6. Abra a janela.
Embora diferentes, traduzem a mesma intenção de quem as profere, ou seja, um
pedido para abrir a janela porque o ambiente está irrespirável.
Antonímia
É a situação em que uma palavra carrega um sen- tido que se opõe a outro. É o seu
contrário, embo- ra essa oposição não seja definitiva ou fechada. Por exemplo, nascer
opõe-se a morrer, mas não são ações contrárias, mas dois momentos extremos do mesmo
processo de viver (Ibidem: 54).
Para Ilari (2003: 25):
Os antônimos formam pares que se referem a reali- dades “opostas”:
Ações: perdi o lápis, mas em compensação achei uma nota de 10 reais.
Qualidades: a sopa estava quente, mas o café estava frio.
Relações: o gato estava embaixo da mesa; a gaiola do canário estava sobre a mesa.
A “oposição” existente entre dois antônimos pode ter fundamentos diferentes:
– diferentes posições numa mesma escala. Ex: quen- te e frio representam duas
posições na escala da tem- peratura.
– início e fim de um mesmo processo: florescer e murchar.
– diferentes papéis numa mesma ação: bater e apa- nhar.
Encontramos antônimos entre:
– substantivos: bondade versus maldade.
– adjetivos: duro versus mole. – verbos: dar versus receber.
– advérbios: lá versus cá.
– preposições: sobre versus sob.
Expressões Idiomáticas
Quando se estuda uma língua estrangeira, há todo um cuidado em memorizar as
expressões idiomáticas, que devem ser aceitas como construções acabadas ou bloqueadas
e por isso jamais devem ser traduzidas ou interpretadas literalmente.
Alguns gramáticos, que conservam um ranço auto- ritário em relação à língua e
sobre quem deve “le- gislar” sobre ela, defendem mudanças como risco de morte, em vez
de risco de vida; correr atrás do lucro, em vez de correr atrás do prejuízo revelam um
to- tal desconhecimento do que significa uma expressão idiomática. É como se elas só
existissem na língua dos outros.
Imagine substituir “Estou morto de fome” por “Es- tou falecido de fome”. Ou como
eles (os tais gramáticos) resolveriam a expressão “ao pé da letra”, sinônima de
“literalmente”, palavra localizada dois parágrafos acima?
Recursos Lexicais
A seleção vocabular está presente em quase todas as nossas atividades expressivas,
seja na fala, seja na escrita. Essa atividade pertence à nossa gramática in- ternalizada e
para nós é imperceptível quase sempre, e só nos damos conta disso quando queremos nos
lembrar de uma palavra que naquele momento não está disponível em nossa memória.
Existem palavras que trazem uma carga positiva ou negativa, como:
§
§
§
§
§
Loja, negócio ou birosca, tendinha
Separar-se de alguém ou largar (de) alguém
Escrever ou rabiscar
Magra ou seca
Colar ou grudar
§
§
Existem também palavras que intensificam uma realidade:
A sala está suja (ou imunda).
Ele amava a mulher (ou adorava).
Há recursos expressivos que consistem em tornar coisa o que é humano – a reificação:
Os passageiros viajavam empilhados no ônibus das seis.
Ou o processo contrário – a personalização: A cidade recebe sorridente os visitantes. A
reificação e a personalização podem ser positiva ou negativa:
Esse rio já matou muitos banhistas. (personaliza- ção negativa)
Como ela consegue sair com aquilo? (reificação negativa)
A cidade chorou a morte do poeta. (personalização positiva)
Nosso país sempre recebe os turistas de braços abertos. (personalização positiva)
A transposição para o plano animal ou das coisas é outra forma de intensificar uma
realidade positiva ou negativamente:
O casal apaixonado voltou feliz para seu ninho. (casa)
Arrume seu quarto. Ele está um ninho!
Tire as patas da minha bicicleta.
O moleque limpou o focinho na cortina.
Essa aproximação entre o ser humano e animais pode se dar por:
Semelhança física – Aquela mulher tem pescoço de girafa.
Ações dos animais – O bandido arrastou-se pelo chão.
Designações do corpo humano – Levante o rabo dessa cadeira!
Coletivos – Eu não gosto daquela cambada.
Linguagem animal – Deu uma topada na pedra e saiu ganindo de dor.
Download