A Responsabilidade Social como estratégia de Comunicação Organizacional: uma análise da empresa arrozeira Camil Alimentos SA Orientanda: Adriana dos Santos Pires Orientadora: Profª.Draª. Marcela Guimarães e Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA Adriana dos Santos Pires A Responsabilidade Social como estratégia de Comunicação Organizacional: uma análise da empresa arrozeira Camil Alimentos SA São Borja/RS 2015 2 ADRIANA DOS SANTOS PIRES A Responsabilidade Social como estratégia de Comunicação Organizacional: uma análise da empresa arrozeira Camil Alimentos SA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Públicas, Ênfase em Produção Cultural, da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Relações Públicas. Orientadora:Profª.Draª.Marcela Guimarães e Silva São Borja/RS 2015 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente quero agradecer a minha família, pai e mãe obrigada por tudo pela dedicação, carinho e amor em todos esses anos e principalmente por nunca terem me deixado desistir nos momentos mais difíceis, dedico este trabalho à vocês. Tio Jairo e tia Mariza, agradeço por tudo, todo o apoio e preocupação que sempre tiveram comigo, vocês sempre foram mais que padrinhos são meus pais de coração. Daniele, Simone e Jaciéle minhas irmãs, minhas parceiras, sempre estão por perto me dando apoio, ou simplesmente falando uma palavra amiga, amo vocês. Meus amigos de longa data Liziane, Priscila, Bruna, Ruani, agradeço pela amizade de tantos anos, como é bom tê-los em minha vida e poder dividir esse momento com vocês. Aos amigos que construí ao longo desses quatro anos Kairo, Lorraine, Ivana, Marcelli, Bruna Karina, Antonio Weber, Rodrigo, Iana, Carolina, Victor Theodoro, simplesmente agradeço a parceria e companheirismo nesses quatro anos de faculdade, com toda a certeza vocês fizeram a diferença. Não posso deixar de citar a famosa republica Duplex, tantas coisas se passaram por lá, momentos maravilhosos dividimos, amizades e parcerias foram construídas, um período muito importante que sempre levarei em minhas lembranças. A você Marcela minha professora, orientadora e amiga, te agradeço por todos os ensinamentos, orientações, e principalmente por todos os conselhos que sempre me ajudaram bastante, você sempre foi uma grande amiga acima de tudo. O que aprendi sobre a profissão de Relações Públicas e a profissional que serei devo e agradeço à você, pois és uma excelente professora e uma profissional inigualável. Como digo tive honra em trabalhar contigo em todos esses quatro anos de faculdade, à você o meu muito obrigada! Aos meus professores, que foram fundamentais nesses quatro anos de graduação, dando uma atenção em especial ao Tiago Martins, Joel Guindani e Fabio Corniani, agradeço pelos ensinamentos, conselhos, confiança e amizade que adquirimos nesses anos juntos, vocês fizeram a diferença. E aqueles que direta ou indiretamente contribuíram com a minha formação, o meu muito obrigada! 4 RESUMO A responsabilidade social é um assunto que vem sendo discutido cada vez mais entre a sociedade, mas principalmente nas organizações, ela sendo socialmente responsável, preocupada com os seus funcionários e comunidade na qual está inserida é sempre bem vista, ou seja, possuí uma imagem positiva. As discussões sobre os projetos e ações de responsabilidade social não são recentes na região da Fronteira oeste do Estado do RS, só que muitos giram em torno do social, econômico, ecológico, ambiental e do marketing social, tendo-se poucas discussões na perspectiva da comunicação. Frente a esta realidade esse projeto de pesquisa tem como objetivo compreender como a responsabilidade social é empregada na comunicação organizacional da empresa arrozeira Camil Alimentos SA, localizada no município de Itaqui/ RS, quais os veículos de comunicação que utiliza para informar os seus públicos, se as ações de responsabilidade social são descritas nos veículos de comunicação que a organização adota com os seus públicos, se os mesmos são atingidos pelos programas. Como percurso metodológico se utilizará inicialmente a pesquisa bibliográfica, na qual nos auxiliou a fundamentar os referidos objetivos e, logo após, realizamos uma entrevista em profundidade com a gestora de recursos humanos da organização tendo-se como instrumento de coleta dados de um questionário com questões fechadas. Desta forma, entendemos que a organização não sabe ao certo o que são ações e projetos de responsabilidade social, confundindo bastante com as ações filantrópicas que são as que desenvolvem, pois nenhuma das ações são voltadas para os seus públicos e sim um benefício para entidades do município. Palavras-chave: Camil Alimentos; Filantropia; Responsabilidade Social; Comunicação Organizacional. 5 Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7 2. ENTENDENDO A RESPONSABILIDADE SOCIAL: SUA ORIGEM E PERCEPÇÕES ............................................................................................................ 10 2.1 Contextualizando a Filantropia ........................................................................... 10 2.2 A responsabilidade social e a filantropia ........................................................... 11 2.3 Responsabilidade Social Corporativa ................................................................ 13 2.4 Marketing Social .................................................................................................... 17 3.COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ................................................................ 20 3.1 Origem e conceito da Comunicação Organizacional ...................................... 20 3.2Compostos da comunicação organizacional: administrativa, interna, mercadológica e institucional ..................................................................................... 22 3.2.1 Administrativa ............................................................................................. 22 3.2.2 Interna .......................................................................................................... 23 3.2.3 Mercadológica ............................................................................................ 24 3.2.4 Institucional ................................................................................................. 25 3.3 Públicos .................................................................................................................. 26 4. A PESQUISA DE CAMPO: ESTUDO DE CASO SOBRE A EMPRESA CAMIL ALIMENTOS SA ............................................................................................ 29 4.2 Percurso Metodológico ......................................................................................... 30 4.2.1 Entrevista em profundidade- com a gestora de recursos humanos da organização .......................................................................................................... 30 4.2.2 Entrevista com a coordenadora do Projeto Cidadão em Ação .......... 35 4.2 Análise de documentos ........................................................................................ 37 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 39 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 41 Anexos .......................................................................................................................... 43 6 1. INTRODUÇÃO Nos dias de hoje a responsabilidade social é um assunto que vem sendo discutido cada vez mais entre a sociedade, mas principalmente nas organizações, ela sendo socialmente responsável, preocupada com os seus funcionários e comunidade na qual está inserida é sempre bem vista, ou seja, possuí uma imagem positiva. É importante que as organizações tenham esse olhar social, pois a responsabilidade social pode ser utilizada como uma estratégia de comunicação para que consigam atingir os seus públicos ou até conseguir novos. Ela possibilita a divulgação da sua marca, produtos e serviços. Grandes empresas precisam ter essa preocupação com o social, pois determinados clientes ao saberem que a organização é socialmente responsável se torna um diferencial para adquirirem os seus produtos. Considerando o seguinte contexto, escolhemos como objeto de análise desta monografia a empresa Camil Alimentos SA, que fica localizada no município de Itaqui/ RS e que no levantamento realizado com o IRGA- Instituto Rio Grandense de Arroz, das organizações que possuíam projetos ou ações de responsabilidade social foi quem se disponibilizou a contribuir com o projeto de pesquisa, além de ser uma das maiores empresas do setor arrozeiro possuindo filiais espalhadas por todo o Brasil. Para isso a pergunta central que envolve a problemática deste trabalho é analisar se a responsabilidade social está relacionada com a comunicação organizacional da empresa e se nos veículos de comunicação que adota com os seus públicos essas ações estão retratadas. Consequentemente entender o objetivo geral deste trabalho que é compreender como a responsabilidade social é empregada na comunicação organizacional da empresa Camil Alimentos. Os objetivos específicos desta pesquisa são: definir conceitos de filantropia, responsabilidade social e comunicação organizacional; compreender se a organização desenvolve ações filantrópicas e de responsabilidade social; compreender como acontece a divulgação dessas ações; se estão retratadas nos veículos de comunicação que a organização adota com os seus públicos. 7 A justificativa dessa pesquisa inicia-se primeiramente pelo interesse da acadêmica pelos conceitos de responsabilidade social e comunicação organizacional, que foram assuntos no qual mais se identificou durante a vida acadêmica, além de ter trabalhado em vários projetos de pesquisa durante a graduação que envolveu esses temas, principalmente a comunicação organizacional. Justificando-se também pelo campo científico acadêmico, pois através de pesquisa realizadas na internet sobre trabalhos acadêmicos, monografias e artigos científicos pouco se fala sobre responsabilidade social e comunicação nas empresas arrozeiras, existem, mas fazendo a conexão com ecologia, meio ambiente e demais áreas. A partir dessa perspectiva surgiu o interesse em ligar os dois conteúdos para que fossem objetos de analise desta monografia. Este trabalho compreende pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Com a pesquisa bibliográfica realiza-se a revisão de literatura sobre filantropia, responsabilidade social, marketing social, comunicação organizacional e públicos. A pesquisa de campo se deu através de uma entrevista em profundidade com a gestora de recursos humanos da organização, análise de documentos e conhecimento da estrutura da empresa e de um dos projetos sociais na qual é parceira. Os procedimentos metodológicos da pesquisa são detalhados em três capítulos. O segundo capítulo desta monografia procurou conceituar na primeira parte a filantropia, pois a responsabilidade social teve o seu surgimento através dela; em seguida se faz a relação entre os dois conceitos, responsabilidade social e filantropia; compreendermos as práticas e conceitos de responsabilidade social corporativa e marketing social. No terceiro capítulo definimos os conceitos de comunicação organizacional, primeiramente definimos o seu surgimento, em seguida as práticas e conceitos do que é comunicação organizacional, definição dos compostos da comunicação organizacional como administrativa, interna, mercadológica e institucional; assimilamos a importância de compreender comunicação organizacional para as práticas de responsabilidade social e pôr fim a importância de entender os públicos que compõem uma organização. 8 No quarto capítulo descreve-se sobre a metodologia empregada para o desenvolvimento dessa pesquisa. Primeiramente iniciou-se o capítulo com o histórico da empresa Camil Alimentos SA, os produtos que possuí e onde estão localizadas as suas filiais. Após é detalhada a pesquisa em profundidade que foi realizada com a gestora de recursos humanos da empresa, sanando todas as dúvidas da acadêmica; realização de um registro fotográfico das dependências da organização. Na sequência é feita uma pesquisa com a coordenadora de um dos projetos sociais na qual a empresa Camil Alimentos é parceira, feito também um registro fotográfico do local. Nas considerações finais é feita a análise da pesquisa, verificando- se as necessidades e perspectivas do objetivo dessa pesquisa foram alcançadas. 9 2. ENTENDENDO A RESPONSABILIDADE SOCIAL: SUA ORIGEM E PERCEPÇÕES São várias as ações ou projetos sociais que as organizações podem desenvolver para os seus funcionários ou comunidade na qual estão inseridas, primeiramente precisamos identificar se são ações filantrópicas, de responsabilidade social ou se são estratégias de Marketing Social, trataremos cada um desses conceitos no decorrer deste capítulo, para assim entendermos qual desses conceitos a empresa desenvolve. 2.1 Contextualizando a Filantropia Quando remetemos ações e projetos de Responsabilidade Social, primeiramente precisamos conhecer o seu surgimento. Eles procederam da filantropia, “palavra originária do grego: philos significa amor e antropos, homem, relaciona-se ao amor do homem pelo ser humano, ao amor pela humanidade” (Mestrines, 2008, p. 07). Segundo Neto e Froes, a filantropia teve início quando “empresários bem sucedidos em seus negócios, decidiram retribuir à sociedade parte dos ganhos que obtiveram em suas empresas” (p. 26), ou seja, a filantropia é um ato de generosidade dos empresários para satisfação pessoal, sendo uma atitude individual, não sendo algo duradouro, mas sim somente para lhes satisfazerem como cidadão, pois “partem de vontades e desejos individuais.” (Neto e Froes, 2001, p. 27). Ajudam ao próximo sem desejarem nada em troca, alguns empresários não gostam que seus nomes sejam divulgados quando realizam alguma concessão. A filantropia é uma simples doação, sendo fruto da maior sensibilidade e consciência do empresário (Neto e Froes, 2001, p. 27), pois ninguém está o obrigando a desenvolver aquelas ações, são decisões particulares, porque as ações realizadas para determinado grupo social é de responsabilidade e consciência do doador, não sendo necessário a realização de diagnósticos, planejamentos e planilhas. Pensando a filantropia na realidade das organizações, de acordo com Neto e Froes “o conceito de filantropia corporativa surgiu nos EUA, quando grandes milionários do business americano começaram a doar parte de suas fortunas para ações sociais do 10 governo e da sociedade civil” (1999, p. 156), existem algumas empresas que não possuem projetos concretos ou algo no papel, mas quando algum funcionário, escola, creche ou até mesmo algum problema ocorrido com a sociedade à organização vai lá e os ajuda, essas atitudes nada mais são do que ações filantrópicas, nas quais não se tem nenhum projeto estruturado, apenas fazem para ajudar ao próximo, sem que essas ações façam parte do planejamento estratégico da organização. Podemos exemplificar como sendo ações de filantropia: ajudar ao time de futebol da empresa a fabricar os uniformes para disputarem campeonatos; enviar cestas básicas para as escolas que foram atingidas por grandes chuvas; consertar os brinquedos da creche que foram se deteriorando com o tempo. Pode-se observar que a filantropia são ações voluntárias, mas esse conceito foi o que originou a Responsabilidade Social, sendo algo mais planejado, formalizado e concreto. 2.2 A responsabilidade social e a filantropia Ao entendermos que filantropia é uma atitude exclusiva e pessoal dos empresários, a responsabilidade social são ações pensadas e planejadas por todos que compõem uma organização “a ação de responsabilidade social não é individual” (NETO e FROES, 2001, p. 26). Busca contribuir com o desenvolvimento da sociedade, meio ambiente e principalmente com o seu corpo de funcionários, afinal eles são à base da organização: “A responsabilidade social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva” (NETO e FROES, 2001, p. 27), diferentemente da filantropia que está ligada a uma ação isolada do empresário. Sendo assim para uma organização realizar programas e projetos de responsabilidade social, precisa conhecer os seus públicos, a comunidade na qual está inserida e fazer um bom planejamento para que as ações sejam duradouras. Enquanto a filantropia são ações pessoais, a responsabilidade social engloba todos, pois segundo Neto e Froes, 11 A filantropia é individualizada, pois a atitude e a ação são do empresário. A responsabilidade social é uma atitude coletiva e compreende ações de empregados, diretores e gerentes, fornecedores, acionistas e até mesmo clientes e demais parceiros de uma empresa. É, portanto, uma soma de vontades individuais e refletem num consenso. A responsabilidade social é uma ação estratégica da empresa que busca retorno social, institucional, tributário-fiscal. A filantropia não busca retorno algum, apenas o conforto pessoal e moral de quem a prática (2001, p. 28). E assim, podemos relacionar as ações de filantropia e responsabilidade social uma pensando na satisfação pessoal e a outra pensando no coletivo e nos benefícios que trará para a organização. No quadro abaixo vamos explanar as diferenças entre filantropia e responsabilidade social: Quadro 1: Filantropia Responsabilidade Social Ação Individual e voluntária Ação coletiva Fomento da caridade Fomento da cidadania Base assistencialista Base estratégica Restrita a empresários filantrópicos e Extensiva a todos abnegados Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento Decisão individual Decisão consensual Fonte: NETO &FROES (2001, p. 28). Como podemos perceber as diferenças entre os dois conceitos são várias, enquanto a filantropia é uma ação voluntária desenvolvida por empresários, tendo decisão individual e que não necessita de planejamento, a responsabilidade social pensa no coletivo, pois é extensiva a todos que compõem a organização e necessita de planejamento para ser desenvolvida, ou seja, é uma decisão coletiva; a filantropia é uma base assistencial, já quem desenvolve responsabilidade social pensa como estratégia para atrair novos públicos e até mesmo divulgar a sua marca. A responsabilidade social são ações e projetos de cunho social que visam à comunidade, meio ambiente, entre outros ao retratarmos que a responsabilidade social corporativa são ações e projetos planejados e desenvolvidos pelas as organizações que envolvem o seu corpo de funcionários, colaboradores e fornecedores. 12 2.3 Responsabilidade Social Corporativa A responsabilidade social das empresas segundo Reis e Medeiros (2007) teve início nos anos de 1960. “O histórico da responsabilidade social das empresas remonta a meados do século XVI e está intimamente relacionado ao poder das empresas nos EUA.” (KORTEN apud reis e medeiros 2007, p. 7). A partir do episódio de 1919 quando os irmãos Dodge processaram a companhia Ford porque “o então presidente majoritário da empresa comunicou aos demais acionistas que os lucros da companhia seriam reinvestidos para fins de expansão da empresa e diminuição nos preços dos automóveis” (REIS e MEDEIROS, 2007, p.7), na época a corte ficou ao lado dos irmãos Dodge alegando que uma empresa precisa visar somente os lucros. Essa decisão de que as empresas deveriam ser favoráveis somente aos acionistas foi alvo de críticas e no ano de 1953, havendo outro julgamento e as questões de responsabilidade social das empresas começaram vigorar. O caso segundo Reis e Medeiros (2007) era A.P. Smith Manufacturing Company contra Barlow, no qual a corte de Nova Jersey Foi favorável à doação de recursos para a Universidade Princeton, contrariamente aos interesses dos acionistas. A justiça determinou, então, que uma corporação pode buscar o desenvolvimento social, estabelecendo em lei a filantropia corporativa. (ASHLEY apud reis e medeiros, 2007, p. 7). Como se relatou anteriormente a responsabilidade social está preocupada com o bem social. A organização que a desenvolve precisa estar ciente da importância que os seus colaboradores possuem, os valores que precisam ser dados para a sociedade na qual estão inseridos, e principalmente com práticas que não prejudiquem ou danifiquem o meio ambiente, pois de acordo com Francisco Neto e César Froes Apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente não são suficientes para atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem-estar dos seus funcionários e dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de promover comunicação transparente, dar retorno aos acionistas, assegurar sinergia com seus parceiros e garantir satisfação dos seus clientes e/ou consumidores (2001, p. 78). 13 Conforme Neto e Froes os principais vetores da responsabilidade social são: V1 apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua; V2 preservação do meio ambiente; V3investimento no bem-estar dos funcionários e seus dependentes e num ambiente de trabalho agradável; V4 comunicações transparentes; V5 retorno aos acionistas; V6 sinergia com os parceiros; V7 satisfação dos clientes e/ou consumidores (2001, p. 78). Os vetores apresentados podem ser observados nas organizações que desenvolvem ações de responsabilidade social, se as suas ações estão preocupadas em desenvolver a comunidade, preservar o meio ambiente, investir no bem-estar dos seus funcionários e dependentes, se realizam uma comunicação transparente, dão retorno aos seus acionistas e se os seus clientes estão satisfeitos. E assim, eles a encaixam como sendo uma empresa socialmente responsável. Segundo as ideias apresentadas por um empresário no jornal Gazeta Mercantil de 18 de Setembro de 1997: “Responsabilidade Social da empresa está associada ao seu desempenho e ao consumo de recursos que pertencem à sociedade”, (MELO, 1999, p.83), ou seja, se a organização utilizou recursos naturais que não as pertencia para benefício próprio eles adquiriram uma dívida com a sociedade, pois esses recursos segundo Neto e Froes (2001) são “patrimônio da humanidade”. E assim, se a empresa obteve recursos da sociedade para geração dos seus produtos e lucros, precisa devolver a ela de alguma forma aquilo que lhe foi retirado, em forma de benefícios como produtos, prestações de serviço e principalmente em ações sociais que possam beneficiar a todos, por exemplo, criar uma creche para os funcionários deixarem os seus filhos. Para Francisco Neto Melo, A responsabilidade social é vista como um compromisso da empresa com relação à sociedade e à humanidade em geral, é uma forma de prestação de contas do seu desempenho, baseada na apropriação e uso de recursos originariamente não lhe pertencem (1999, p. 84). 14 Quando a organização utiliza recursos da sociedade ela faz uma prestação de contas daquilo que foi utilizado, e devolve de alguma forma a sociedade seja em produtos ou em ações sociais. Ao falamos em Responsabilidade Social podemos compreender as suas duas dimensões: interna (público interno da organização) e externa (comunidade). De acordo com Melo a responsabilidade social interna da empresa centraliza nos empregados e dependentes da organização tendo como objetivo “motiva-los para um desempenho ótimo, criar um ambiente agradável de trabalho e contribuir para o seu bem estar” (1999, p. 85), ou seja, a organização precisa estar preocupada com os seus funcionários, criar ações e programas que os beneficiem, pois assim sentem-se parte da empresa e trabalham com mais êxito. Conforme Melo As ações de gestão interna de responsabilidade social interna compreendem os programas de contratação, seleção, treinamento e manutenção de pessoal, realizados pelas empresas em benefício de seus empregados, bem como os demais programas e benefícios voltados para a participação nos resultados e atendimento aos dependentes (1999, p. 87). A organização precisa investir em seus funcionários, lhes oferecendo alguns benefícios como: alimentação; saúde e transporte; realizar programas de aumento de salário; troca de cargos; cursos extras, por exemplo, de língua estrangeira; incentivar aqueles que não terminaram a escola; dentre outros programas. Assim eles se sentiram acolhidos e parte da organização. Já a responsabilidade social externa para Francisco Neto “tem como foco a comunidade mais próxima da empresa ou o local onde ela está situada” (1999, p.85), ou seja, a organização precisa se preocupar com a comunidade ao seu redor, criar ações e programas que os beneficiam, pois ela é um dos seus públicos de interesse. O exercício da responsabilidade social externa corresponde ao desenvolvimento de ações sociais empresariais que beneficiem a comunidade. Estas ações podem ser realizadas através de doações de produtos, equipamentos e materiais em geral, transferência de recursos em regime de parceira para órgãos públicos e ONG’s, prestação de serviços voluntários para a comunidade pelos funcionários da empresa, aplicações de recursos em atividades de 15 preservação do meio ambiente, geração de empregos, patrocínio de projetos locais do governo e investimentos diretos em projetos sociais criados pela própria empresa (NETO, 1999, p. 88). As ações/ programas de responsabilidade social podem ter importância para a comunidade, pois recebem o retorno da organização em forma de doações de produtos e serviços e além de intervenções de cunho social. Sendo assim, podemos dizer que a responsabilidade social interna “é voltada para o público interno com ênfase nas áreas de educação, salários e benefícios, bem como assistência médica, social e odontológica” (NETO, 1999, p. 88), para assim terem retorno dos seus funcionários na questão de produtividade; já a responsabilidade social externa “tem como foco a comunidade, através de ações sociais voltadas principalmente para as áreas de educação, saúde, assistência social e ecologia” (NETO, 1999, p. 89), ou seja, a organização busca um retorno de imagem, um retorno de divulgação, publicitário. Quando uma empresa não cumpriu com suas ações de responsabilidade social, tanto internamente quanto externamente, e acabam abandonando as suas obrigações com os seus funcionários e comunidade, ela pode perder sua credibilidade e confiança na qual lhe foi dada por todos. Deixando de atender os seus funcionários, “os primeiros efeitos são a deterioração do clima organizacional, desmotivação, surgimento de conflitos, ameaça de greves, baixa produtividade, acidentes de trabalhos” (NETO, 1999, p. 94). Quando relacionamos a responsabilidade social externa, os problemas são “acusações de injustiça social, boicote de consumidores, perda de clientes, queda nas vendas e lucros” (NETO,1999, p.94); os fornecedores e comunidades insatisfeitos com a organização param de lhes dar assistência, não adquirem mais os seus produtos ou serviços e muitos não querem mais a parceria, tudo porque eles acabam não desenvolvendo com êxito os seus programas e ações de responsabilidade social. E quando a empresa acaba “atuando em ambas as dimensões”, seja internamente quanto externamente à empresa exerce a sua cidadania empresarial e adquire o seu status de empresa-cidadã1 (NETO, 1999, p. 85). 1 Para alguns, uma empresa-cidadã caracteriza-se pelo exercício da cidadania individual pelos seus empregados e dependentes, conscientes dos seus direitos e deveres como cidadãos e desejos de desempenharem trabalhos voluntários em benefício da comunidade. (NETO,1999. p. 85) 16 É necessário cuidado ao “rotular” algumas organizações de empresacidadã, pois algumas se consideram socialmente responsáveis, por que “fazem doações para os programas do governo, por exemplo, mas pagam mal seus funcionários, não possuem nenhum programa que os beneficiem” (NETO, 1999 p. 85). Organizações que não tratam bem o seu próprio corpo de funcionários, não precisam receber destaque de socialmente responsáveis, pois não podem realizar ações somente para aparecerem na mídia, utilizando estratégias de Marketing Social, se na prática não é isso que acontece. Algumas organizações visualizam a responsabilidade social como sendo uma oportunidade de negócios, pois desenvolvendo ações sociais, podem ser vistas de maneira diferente pela sociedade ou até mesmo podem ser utilizadas como forma influenciar as opiniões dos integrantes daquela comunidade, de que sua proposta de ação, produto ou serviço é importante para eles, sempre recaindo para o lado social como uma estratégia de convencimento, o Marketing Social. 2.4 Marketing Social Ao estarmos representando uma organização não podemos mudar a opinião de uma pessoa, de um grupo ou até mesmo da sociedade na qual estamos inseridos, querer implantar ideias novas é extremamente difícil, o novo para quem está acostumado com rotina pode assustar no início. E as empresas estão cada vez mais se estruturando na questão de como podem atingir os seus públicos através de questões sociais. É necessário que os públicos entendam como as causas sociais são levadas ao mercado, pois as ações sociais estão cada vez mais sendo um fator diferencial entre as organizações nos dias de hoje. Neste contexto que entra o marketing social que segundo Kotler e Zaltman, Apud Kotler O marketing social é o projeto, a implementação e o controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma ideia ou prática social num grupo alvo. Utiliza conceitos de segmentação de mercado, de pesquisa, de consumidores, de configuração de ideias, de comunicações, de facilitação de incentivos e a teoria da troca a fim de maximizar a reação do grupo alvo. (1988, p. 288) 17 O marketing social procura influenciar os seus públicos que determinada ação, produto ou serviço é a melhor alternativa, e assim tentar modificar o comportamento dos mesmos quando deseja realizar alguma ação, “O marketing social visa produzir um plano ótimo para proporcionar uma mudança social desejada. O fato de o plano ser ótimo, no entanto, não garantirá que a mudança alvo será atingida.” (p. 293), busca fazer uma mudança na sociedade na qual pretende atingir, esse conceito defende determinado público-alvo irá aceitar a sua ideia. Pensando na realidade das organizações, para atingirem os seus públicos, os responsáveis pela produção do Planejamento Estratégico, já pensam em como atingir os seus públicos, quais produtos são mais adequados, quais serão mais consumidos e para se chegar a essas pessoas é necessário que se faça pesquisas, consultorias para que entendam o modo de vida deles para que assim se possa apresentar o novo. Para Pringle e Thompson “O marketing para causas sociais pode ser definido como uma ferramenta estratégica de marketing e de posicionamento que associa uma empresa ou marca a uma questão ou causa social relevante, em benefício mútuo.” (2000, p. 3), ou seja, as organizações podem segurar-se de uma causa social para benefícios próprios, para atraírem públicos, ou até mesmo para convencerem que os seus produtos e serviços são bons para aquele público. A organização pode fazer parcerias com alguma organização voluntária ou beneficente, ligando a sua marca a ela, para assim atrair a atenção dos públicos de que se preocupa com o bem comum, pois para Pringle e Thompson “o marketing para causas sociais é uma forma efetiva de melhorar a imagem corporativa, diferenciando produtos e aumentando tanto as vendas quanto a fidelidade”, (2000, p. 3), nesse sentido essa parceria seria muito positiva para a imagem da empresa. Uma organização quando adere às causas sociais, nada mais quer que os seus públicos-alvo sejam fiéis aos seus produtos e serviços, quando utilizam dessas alternativas nada mais é do que estratégias de marketing para aumentarem os seus públicos e até mesmo divulgarem cada vez mais os seus objetivos. Podemos exemplificar ação de causa social como: quando determinada empresa irá vender um produto, e uma porcentagem dessa venda 18 é revertida para a creche de algum município, a organização está vendendo o seu produto, mas ao mesmo tempo está ajudando, esse tipo de ação é sempre bem visto pela comunidade. Só que nem sempre é fácil realizar esse tipo de ação que para De qualquer forma, construir e sustentar um relacionamento de Marketing para Causas Sociais nem sempre é fácil, à medida que opera entre dois mundos diferentes- o comercial e o voluntário. Ambas as partes precisam se unir com transparência e com a intenção de assumir um compromisso de parceria de longo prazo, marcada por metas adotadas publicamente. (Pringle e Thompson, 2000, p. 5) Então as organizações que pretendem ou realizam esse tipo de ação, precisam estar sempre em sintonia entre os seus objetivos comercial e voluntário, pois precisa haver uma compreensão mútua entre ambas as partes. Ao explicarmos a filantropia, a responsabilidade social e o marketing social, queremos aclacar conceitos para analisarmos na comunicação organizacional as ações empreendidas pela empresa Camil Alimentos. 19 3.COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL Ao falamos em responsabilidade social corporativa, logo nos lembramos das organizações, pois são elas quem desenvolve as ações e programas de responsabilidade social para os seus públicos. Antes disso é interessante compreender o conceito de comunicação organizacional, suas funções e o que a compõem, pois a comunicação seja ela informal ou formal dentro de uma organização é fundamental, pois considerando os objetivos desta pesquisa é importante fazer um aclaramento deste conceito que serão observados no objeto empírico. Para assim, possamos entender como as estratégias de comunicação são adotadas pela empresa pesquisada em seus programas/ações de responsabilidade social e também em seus veículos de comunicação. Na medida em que remetemos às organizações é preciso lembrar também de um dos seus componentes fundamentais, os públicos, pois são eles que a ajudam no seu desenvolvimento, sendo também disseminadores da informação. Necessitando ser os primeiros a serem informados sobre os andamentos da empresa e sobre tudo o que acontece na mesma, já que ajudam no seu crescimento, na geração de lucros precisam estar cientes de tudo o que acontece, por exemplo, lançamento de um novo produto, o público interno obrigatoriamente deve ser o primeiro a ser informado. Ressaltando o quanto é importante as práticas de comunicação para uma organização, pois é a principal forma para os públicos serem informados. 3.1 Origem e conceito da Comunicação Organizacional Primeiramente podemos dizer que as formas que a comunicação organizacional está configurada hoje em dia originaram-se no período da Revolução Industrial do século passado (Kunch, 1997), na qual se teve grandes transformações no mundo com a expansão das empresas. Segundo Kunsch “O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa e das indústrias de comunicação, influenciou no comportamento das empresas, que se viram compelidas a prestar mais informações aos seus públicos” (1997, p. 56). No Brasil o advento da comunicação organizacional foi mais lento, assim como o processo de industrialização do país, 20 O auge da comunicação organizacional se deu a partir de 1985, com a reabertura da política no Brasil, foi nesse período que as empresas e instituições passaram a compreender melhor a necessidade e importância de se tornarem mais transparentes com a sociedade. (Tecchio, 2008, p. 16) Porém atualmente esse retardo já não é mais percebido, pois mais do que nunca as organizações buscam estruturar departamentos, coordenadorias ou simplesmente setores de comunicação e contratar profissionais para gerir a comunicação organizacional. Como destacam Schaun e Rizzo, Comunicação Organizacional é o termo mais amplo e genérico usado na teoria e na prática para nomear todas as formas de comunicação utilizadas pela organização para relacionar-se e interagir com os seus mais variados tipos de públicos – stakeholders, clientes, colaboradores, comunidades, fornecedores, governo, etc. Em geral, o conceito de comunicação organizacional diz respeito aos processos de comunicação que caracterizam todas as organizações humanas. (2009, p. 87) Pode-se entender que comunicação organizacional são todas as práticas de comunicação utilizadas dentro de uma organização, ou seja, quais os veículos de comunicação são adequados para cada tipo de público, a fim de que assim as informações possam chegar até eles com clareza. Para Kunsch A comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que estuda como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação entre a organização e seus diversos públicos. (2003, p.149) É interessante compreender como funcionam essas práticas comunicacionais dentro de uma empresa. Desta forma ao falarmos em comunicação organizacional é importante compreender como funcionam as estratégias adotadas pelas organizações com os seus públicos de interesse, como elas fazem para os atingi-los e se estão preparadas para fornecer todas as informações a eles. O processo de comunicação organizacional é o de maior relevância, uma vez que converte a identidade e a realidade 21 organizacional em imagem organizacional. Pois, a identidade e a realidade organizacional só tem valor se é comunicada aos empregados, acionistas, clientes, fornecedores, à comunidade, e à imprensa, e, desta forma compartilhando os valores, a missão e as estratégias da organização com os seus públicos. Isto indica que comunicação organizacional não pode ser entendida somente como publicidade e relações públicas, mas se trata de toda a organização, desde a maneira em que a telefonista atente as chamadas, os e-mails respondidos, os uniformes dos funcionários, programas de qualidade, o produto e serviço comercializado, a participação social e comunitária, os folhetos institucionais e técnicos, a home page, o discurso do presidente numa inauguração, etc. (CARISSIMI- artigo publicado nos anais do XXIV INTERCOM, 2001). A empresa precisa estar bem estruturada para atender todas as suas demandas, como ter um bom planejamento estratégico, possuir bons canais de comunicação com os seus públicos, fazer treinamentos com os seus funcionários de como devem atender ao público externo, compromisso com o social, procurar sempre consolidar a marca e ter uma imagem positiva perante todos. 3.2 Compostos da comunicação organizacional: administrativa, interna, mercadológica e institucional Considerando todo o trabalho de comunicação desenvolvido dentro das organizações (Kunsch apud Pinho), distingue que se as modalidades conseguirem atuar de forma sinérgica e integrada ira compor muito bem a comunicação organizacional de uma organização, fazendo- se assim a sua comunicação organizacional integrada (2006.). 3.2.1 Administrativa Para Pinho (2006) a comunicação administrativa diz respeito aos processos comunicativos relacionados às funções administrativas da empresa, 22 que viabilizam o funcionamento do sistema organizacional, ou seja, abrange tudo o que for relativo à administração como planejamento estratégico, controle de gastos, alta e baixa produtividade da empresa e coordenação da comunicação. Para Margarida Kunsch (2003) a modalidade administrativa relaciona-se com os fluxos, os níveis e as redes formais e informais de comunicação que permeiam o funcionamento do sistema organizacional. Sendo assim, pode-se entender que a comunicação administrativa, é o que permite o funcionamento do sistema organizacional dentro de uma organização, para que as informações cheguem a todos os públicos de interesse. 3.2.2 Interna Segundo Kunsch (2003) a comunicação interna se estabelece pela comunicação existente entre a administração da organização com colaboradores e vice-versa, ou seja, é uma ferramenta que compartilha informações e interesses de todos, pois todas as pessoas precisam tomar ciência do que acontece dentro da organização. Hoje em dia o contato da organização com o seu público precisa ser cada vez mais próximo, ela precisa avaliar quais os meios de comunicação são adequados para que as informações cheguem com clareza até eles. Antes de ser um funcionário da empresa ele é um cidadão que merece ser respeitado, pois é dentro da organização que passam a maior parte do seu dia, “e um serviço de comunicação tem muito a ver com a integração entre os diferentes setores” (Kunsch, 2003, p. 159), se houver uma integração entre os setores, um clima agradável os funcionários sentiram prazer em trabalhar naquela organização e o fluxo de informações será o desejado. Segundo Kusnch O público interno é um público multiplicador. Na sua família e no seu convívio profissional e social, o empregado será um porta-voz da organização, de forma positiva ou negativa. Tudo dependerá do seu engajamento na empresa, da credibilidade que esta desperta nele e da confiança que ele tem em seus produtos e serviços. A comunicação interna permitirá 23 que os colaboradores sejam bem informados e a organização antecipe respostas para suas necessidades e expectativas. (2003, p. 159) Quando a comunicação interna é participativa e os funcionários se sentem parte da organização fará com que eles se envolvam nos assuntos da organização. Isso se pode dar através de “todo o instrumental disponível como murais, caixa de sugestões, boletins, terminais de computador, intranet, rádio, teatro, etc, que envolverá o empregado nos assuntos da organização” (Kunch, 2003, p.159). Como já relatado anteriormente os funcionários são os disseminadores da informação, quanto mais parte se sentirem, mais positiva será essa imagem, e para Kunsch “e será considerado não um mero número do cartão eletrônico que registra suas entradas e saídas, mas alguém que exerce suas funções em parceria com a organização e em sintonia com a realidade social vigente” (2003, p.159). A comunicação interna não trabalha sozinha, necessita dos demais conjuntos da comunicação organizacional. De acordo com Kusnch “sua eficácia irá depender de um trabalho de equipe entre as áreas de comunicação e recursos humanos, a diretoria e todos os empregados envolvidos”, necessitando de um bom planejamento estratégico para que as ações sejam duradouras. Podemos relacionar a comunicação interna com a responsabilidade social interna, pois quando existem programas ou ações de responsabilidade social dentro da organização é que são direcionados aos seus públicos interno, eles utilizam de todos os veículos de comunicação internos para disseminar essas informações para que todos fiquem sabendo e façam parte dessas ações, ou até mesmo colaborem com aquilo que estivem ao seu alcance. 3.2.3 Mercadológica A comunicação mercadológica é responsável pela divulgação dos produtos e serviços prestados pela organização (Kunsch 2003). Pinho (2006) compreende como principais ferramentas, a publicidade, a promoção de vendas, as feiras e exposições, o marketing direto, o merchandising, a venda 24 pessoal e a embalagem dos produtos podem ser considerados como atividade de comunicação mercadológica. De acordo com Kunsch “a comunicação mercadológica é responsável por toda a produção comunicativa em torno dos objetivos mercadológicos, tendo em vista a divulgação publicitária dos produtos ou serviços da empresa” (2003, p. 162). Podemos relacionar a comunicação mercadológica com a responsabilidade social externa, pois é a através de uma boa divulgação das ações ou programas de responsabilidade social que os públicos tomam ciência do que a organização desenvolve, pois se utilizando de boas ferramentas de comunicação e através de estratégias de comunicação mercadológica é que podemos fazer uma boa imagem da organização e do que desenvolve. 3.2.4 Institucional A comunicação institucional é responsável pela implantação e divulgação de uma identidade corporativa positiva baseada nos princípios relacionados à missão, visão, valores e filosofia organizacional (Kunsch 2003). Podemos ter como ferramentas da comunicação institucional o jornalismo empresarial, a assessoria de imprensa, a editoração multimídia, a imagem corporativa, a propaganda institucional, o marketing social e o marketing cultural, que podem ser enfatizados com a filosofia da organização (Pinho, 2006). Se todas essas modalidades fluírem perfeitamente dentro da organização poderá existir uma comunicação organizacional integrada e todos os públicos ficaram satisfeitos. Conforme Kunsch Essas percepções asseguram que fazer comunicação institucional implica conhecer a organização e compartilhar seus atributos (missão, visão, valores, filosofia e políticas), e não uma simples divulgação institucional e de marcas. Portanto, é algo complexo, e as organizações terão de se valer de estratégias e políticas bem definidas de comunicação, delineadas e planejadas estrategicamente pela área de relações 25 públicas, numa perspectiva de comunicação integrada. (2003, p. 165) Para complementar essa modalidade a empresa pode-se fazer uso dos veículos de comunicação integrada que ajudará na divulgação das informações da mesma, e contribuirá para o bom funcionamento da comunicação integrada. 3.3 Públicos No âmbito da comunicação organizacional falar de públicos é importante, pois eles são os integrantes fundamentais de uma organização. Nesse sentido o conceito de públicos é definido por Rabaça e França como sendo “conjunto de indivíduos cujos interesses comuns são atingidos pelas ações de uma organização, instituição ou empresa, e cujos atos afetam direta e indiretamente os interesses da organização” (rabaça e frança apud FRANÇA, 2008, p. 37), ou seja, a organização os intercala conforme os seus interesses. E para isso precisamos conhecê-los e identificar a sua relação com as empresas, ou seja, onde se encaixam se são públicos internos ou externos, qual a sua contribuição na organização, quais os seus objetivos e interesses em comum. Para França “a organização necessita saber o que acontece entre os grupos que a influenciam para poder atingir de modo objetivo os diversos públicos de seu interesse”. (2008, p. 3). Os públicos podem ter vários motivos para se relacionarem com as organizações que segundo França podem ser institucionais, promocionais e de negócios. Já Oliveira retrata que “o indivíduo pode ser colaborador e ao mesmo tempo membro da comunidade, além de consumidor” (Oliveira apud FARIAS, 2011, p.86) um funcionário da organização, por exemplo, pode se inserir em vários “tipos” de públicos internos e externos, dependendo dos seus interesses perante aquela organização, e com isso podemos retratar que “é fundamental identificar os públicos, conhecê-los e saber lidar com eles, a fim de que as organizações sejam bem-sucedidas nesse relacionamento.” FRANÇA, 2008, p.4), sendo assim é importante que a organização conheça e saiba bem a contribuição de cada público para atingir os seus objetivos. 26 Numa organização os públicos podem ser definidos de várias maneiras que de acordo com Fortes (2003) podem ser: interno, misto, externo e stakeholders. Sendo definidos da seguinte maneira: Público interno: são os grupos ligados à organização que tem uma ligação funcional oficializada que Fortes classifica como “empregador”. E se enquadram nessa categoria Administração Superior, Empregados, Familiares e dependentes, Funcionários Terceirizados. (p.72). Dentro de uma organização são fundamentais, pois precisam estar bem informados de tudo o que acontece para assim, disseminarem as informações para os demais públicos, e a empresa precisa ter ciência de quais veículos de comunicação são mais adequados para poder atingi-los. Público misto: são grupos de pessoas que tem feições de público interno e externo que segundo Fortes são os investidores, fornecedores e os cooperados que se encaixam nessa categoria. (p.74). Fazem parte da organização e no viés da comunicação organizacional precisam ser informados de tudo o que se passa na mesma. Público externo: segundo Fortes são grupos que tem expectativa em uma organização (2003, p.76). Se enquadram nessa categoria a comunidade, sindicatos e entidades representativas, celebridades, escolas, imprensa em geral, governo, concorrentes e consumidores. A organização precisa conhecer quem são os seus públicos externos, se consumem os seus produtos ou serviços, se for necessário que se faça uma pesquisa para saber o que eles acham da empresa, quais os veículos de comunicação na qual têm mais acesso, para assim facilitar o fluxo de comunicação entre eles. Stakeholders: hoje em dia determinados públicos se comportam como proprietários das organizações e assim segundo Fortes “não compreendem somente os donos da companhia, investidores, mas igualmente todos os indivíduos e grupos de interesse que exercem pressão sobre os procedimentos estratégicos das corporações”. (2003, p.82) e assim os empregados, ex- 27 empregados, sindicatos, fornecedores, poderes públicos, comunidades, ONGs, fábricas, escritórios se enquadram nessa categoria (2003, p. 82). Antes de a empresa desenvolver qualquer ação, ela precisa conhecer os públicos que a compõem, pesquisar qual o melhor veículo de comunicação para atingi-los para que a assim, a comunicação organizacional flua perfeitamente dentro da organização. 28 4. A PESQUISA DE CAMPO: ESTUDO DE CASO SOBRE A EMPRESA CAMIL ALIMENTOS SA Neste capítulo, apresenta-se o objeto de estudo, assim como o detalhamento da metodologia empregada na pesquisa de campo e análise dos resultados. Este projeto tem por objetivo identificar se na empresa Camil Alimentos é desenvolvido ações e programas de Responsabilidade Social, e se os mesmos são retratados nos veículos de comunicação que a organização adota com o seus públicos. Antes de entendermos como foi o desenvolvimento dessa pesquisa conheceremos o histórico da empresa pesquisa. 4.1 Camil Alimentos SA As atividades tiveram início no ano de 1963, em meia à tendência verificada no setor arrozeiro brasileiro, de migração do cultivo do arroz da região central do Brasil para o sul do país, sob a forma de Cooperativa Agrícola Mista Itaquiense Ltda, em um armazém na cidade de Itaqui, no estado do Rio Grande do Sul. Em 1974, de forma pioneira, começaram a distribuir arroz em embalagens plásticas de 5 kg, situação que atualmente é consolidada pelo mercado e elogiada pelos consumidores que, até o presente momento, compram o arroz principalmente nesse tipo embalagem. No ano seguinte, expandiram suas operações ao inaugurar o primeiro centro de armazenamento, distribuição e atendimento ao cliente, na cidade de São Paulo, no estado de São Paulo. No ano de 1985, prosseguiram ampliando as suas operações e implantaram um moinho de arroz, também na cidade de São Paulo. Em 1987, expandiram os seus negócios ao iniciaram também a comercialização de feijão com a sua própria marca “Camil”. 4.1.1 Outras Empresas e Marcas A Camil também é proprietária de outras marcas de arroz e feijão, com distribuição específica em certas regiões do país. O processo de internacionalização da Camil foi iniciado em 2007, fazendo com que outras 29 empresas, bem como suas marcas, passassem a fazer parte do portfólio da empresa, cuja capacidade de produção atingiu um patamar de 18,6 milhões de toneladas de grãos. Em 2007, a Camil adquiriu a empresa uruguaia Saman, líder no mercado uruguaio de arroz, com 50% de participação local e 91% de sua produção são direcionadas a exportação. A Camil comprou a empresa chilena Tucapel, em 2009, também líder no país no segmento de beneficiamento de arroz, cujo destino é 100% voltado para o consumo local. Em setembro de 2010, a Camil adquiriu o complexo industrial produtor de arroz da BB Mendes no estado do Maranhão e se tornou proprietária das marcas Bom Maranhense e Mais Saboros. Com essas aquisições, a Camil atualmente tem 12 plantas produtivas no Brasil, 9 no Uruguai e 4 Chile. Atualmente também fazem parte da empresa Camil, o açúcar União e pescado, sendo produzidos no estado de Santa Catarina e Rio de Janeiro. A Camil está espalhada pelo Brasil inteiro, estando nos estados como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco e Maranhão. 4.2 Percurso Metodológico Após a revisão bibliográfica e a definição dos objetivos da pesquisa de campo, realizou- se o contato com a gestora do departamento de Recursos Humanos da empresa pesquisada para que pudéssemos desenvolver a entrevista em profundidade, verificar quais os veículos de comunicação que adotam com os seus públicos e para divulgarem os seus produtos, conhecer as dependências da organização, assim como um dos projetos na qual a Camil fornece recursos. 4.2.1 Entrevista em profundidade- com a gestora de recursos humanos da organização No dia 02 de Dezembro de 2014, na empresa Camil Alimentos SA, localizada na Rua Afonso Escobar, 1193, no município de Itaqui/RS, foi realizada a entrevista em profundidade com a Gerente de Recursos Humanos da organização, na própria sala da entrevistada. Foi aplicado um questionário 30 com 15 questões objetivas, na qual a entrevistada permitiu que a acadêmica gravasse com o celular toda a entrevista. Primeiramente vamos conhecer a organização, então a conversa iniciou perguntando-a os dados de identificação da empresa, sendo Camil Alimentos SA, tendo uma unidade localizada no município de Itaqui/RS, pois a matriz da empresa fica no Estado de São Paulo, fundada em 30 de Julho de 1963, ela surgiu em Itaqui como uma cooperativa virando empresa privada em 01 de Outubro de 1997, quando foi vendida. Iniciando as questões do questionário perguntei se a organização possuía filial, ela respondeu que sim, tendo no Rio Grande do Sul e no Brasil, além do grão a Camil tem agora o pescado e o açúcar União. Aqui no Estado do RS, está em quatro municípios Itaqui, Maçambará, Camaquã e Rio Grande. No Brasil existindo filiais em Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso e no Maranhão. O peixe e o açúcar União são produzidos em Santa Catarina e no Rio de Janeiro. Ao ser questionada quantos colaboradores a empresa possuí, a gestora informou que em Itaqui são 410 colaboradores, mas em todo o Brasil chega a 4500 funcionários, de acordo com Rabaça e França os públicos de uma organização possuem interesses em comum, que também estão ligados aos interesses da organização. Em relação ao departamento de comunicação ela afirmou que existe, mas fica localizado em São Paulo. Em Itaqui possuí departamento de Recursos Humanos. Como o presente projeto de pesquisa tem como objetivo entender se a organização desenvolve ações ou projetos de responsabilidade social, como sendo uma estratégia de comunicação organizacional, pois segundo Neto e Froes “o conceito de filantropia corporativa surgiu nos EUA, quando grandes milionários dos business americano começaram a doar parte de seus fortunas para ações sociais do governo e da sociedade civil” (1999, p. 156), primeiramente precisávamos conhecer quais os veículos de comunicação que a organização adota com os seus públicos, pois a comunicação é fundamental dentro de qualquer organização, perguntamos os veículos baseados nos que são citados por Waldir Gutierrez Fortes (2003) em sua obra, a gestora de recursos humanos respondeu que eles utilizam com o seu público interno: avisos; reuniões; ata de reuniões; memorando; mural; regulamento; caixa de 31 sugestões; intranet; e-mail e telefone. Ao ser interrogada sobre como é feita a divulgação dos produtos da organização ela respondeu que são utilizados: jornal; rádio; redes sociais; site; participação em eventos, cartazes e televisão. Para Kunsch é importante que as organizações divulguem as informações aos seus públicos de interesse, procurando sempre identificar quais os veículos de comunicação são mais adequados para os seus públicos, sejam eles internos ou externos. Como sabemos são várias as ações ou projetos sociais que as organizações podem desenvolver para os seus funcionários ou comunidade na qual estão inseridas, frente a esta realidade precisamos identificar se as ações que a empresa desenvolve são filantrópicas que são simples doações ou de responsabilidade social, sendo ações planejadas e voltadas para o público interno e externo ligado a organização, Neto e Froes (2001), pois algumas pessoas por falta de conhecimento acabam confundindo os dois conceitos. Como já mencionada filantropia é um ato de generosidade dos empresários para satisfação pessoal, pois segundo Neto e Froes, a filantropia é uma simples doação, sendo fruto da maior sensibilidade e consienciência do empresário (2001, p. 27), mas algumas organizações também desenvolvem essa prática. Ao ser perguntada se a Camil desenvolve ações filantrópicas a gestora de recursos humanos respondeu que sim, pois eles ajudam a APAEAssociação de Pais e Amigos dos Excepcionais, Hospital São Patrício, Creche Nossa Senhora Aparecida e o Projeto Cidadão em Ação. Sendo todos programas externos, não constando nenhum planejamento sobre a ação e também não constando no planejamento estratégico da empresa que fica em São Paulo, de acordo com Neto e Froes (2001) as ações filantrópicas não necessitam de planejamento. Ao ser questionada sobre como acontece essa ajuda, a entrevistada respondeu que é através de verba, eles destinam um determinado valor, que não foi informado, para as entidades e são eles quem administram e aplicam o dinheiro da forma na qual necessitam. Já o projeto Cidadão em Ação é diferente, pois além da verba a Camil disponibilizou um local nas suas dependências na qual eles fizeram um polo, que atende as crianças em vulnerabilidade social, sendo este um projeto da prefeitura. Ao entendermos que a filantropia é uma atitude exclusiva e pessoal dos empresários, a responsabilidade social são ações pensadas e planejadas por 32 todos que compõem uma organização (Neto e Froes), pois é interessante que a organização faça um bom planejamento para que as ações sejam duradouras, para que o fluxo ocorra bem dentro da comunicação organizacional da organização. Quando uma empresa realiza programas e projeto de responsabilidade social é necessário que visem o bem social, pensem na comunidade, meio ambiente entre outros, pois segundo Neto e Froes “a responsabilidade social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva” (2001, p. 27), ou seja a responsabilidade social fomenta a cidadania diferentemente da filantropia que fomenta a caridade. E ainda podem pensar no seu público interno, desenvolvendo programas de incentivo à cultura, estudos, entre outros. Ao ser questionada se a Camil desenvolve ações ou projetos de responsabilidade social, percebi que a gestora desconhece essa área, e o que são projetos de responsabilidade social. Perguntei se eles desenvolvem ações para os seus funcionários ela disse que não, se possuí alguma iniciativa a leitura ou aos estudos, comentou que a empresa possuí uma biblioteca, mas os funcionários não a frequentam. Reafirmou que as ações na qual a empresa está engajada são voltadas para o público externo. Segundo a entrevistada nos veículos de comunicação são retratados os programas e ações que a organização desenvolve, é como se fossem ações de responsabilidade social externas, pois todas as ações da organização são desenvolvidas para o público externo. Ao ser interrogada sobre qual departamento é responsável por realizar essas ações ela disse que é o de Recursos Humanos; segundo ela os projetos são desenvolvidos em curto, médio e longo prazo. Perguntada se os projetos estão no Planejamento da Empresa ela disse que sim, mas no decorrer da conversa percebi que não existem planejamentos eles apenas comunicam o financeiro, que fica localizado em São Paulo, e o valor que eles destinam consta no orçamento anual da empresa; de acordo com ela a aceitação do público em relação aos projetos é ótima. Comentei os objetivos do meu trabalho, e também que reparei que a Camil está preocupada com a segurança dos seus funcionários no trabalho, perguntei se existe um planejamento dessas ações, a entrevistada comentou que existe um Departamento de Segurança onde são feitos todos os 33 treinamentos legais e o departamento é bastante atuante, possuem a CIPAComissão Interna de Prevenção de Acidentes, realizam a SIPA- Semana Interna de Prevenção de Acidentes é um evento aberto para a comunidade que neste ano foi realizado no mês de Agosto. Internamente é feito treinamentos com os seus funcionários seja profissionalizante ou na área comportamental, sempre incentivando-os, eles possuem uma psicóloga fazendo trabalhos individuais ou coletivos com os funcionários, ao perguntada se a Camil desenvolve algum outro tipo de projeto a entrevistada disse que não, sendo somente o de segurança com todos os colaboradores inclusive o administrativo. Quando perguntei se poderia dar uma lida nos planejamentos ela disse que eles ficam em SP, não em Itaqui, eles encaminham para lá o valor que revertem para as instituições e eles inserem no planejamento estratégico geral da empresa. Ao interroga-la se o público interno tem ciência desses projetos que a Camil apoia, se possuem um retorno deles ela disse que não sabe, mas pode ser que conheçam a creche, pois ela surgiu de um acordo entre a Camil e prefeitura do município que foi a troca por uma rua, os funcionários que trabalham na creche são contratados da prefeitura e a Camil da assistência. Ela garante que o que eles mais conhecem é o Projeto Cidadão em Ação, pois é desenvolvido dentro da Associação da Organização, eram sete polos restando somente dois hoje em dia, mas não existe um planejamento de comunicação que divulgue os projetos que a empresa desenvolve para que o seu público interno tenha ciência do que é desenvolvido, não existindo também um departamento de comunicação, assim eles não divulgam as ações na qual estão engajados para os seus públicos. A entrevistada comentou que a Camil está sempre envolvida com a comunidade, fora as pequenas doações que são feitas, como fardo de arroz, eles recebem todos os dias pedidos de doações de entidades, e até mesmo particulares, eles procuram na medida do possível ajudar todas as entidades que os procuram, os particulares eles evitam. Ao perguntar se eu poderia tirar fotos da empresa, ela não se opôs e ainda me convidou para conhecer o Projeto Cidadão em Ação e tirar algumas fotos. 34 A empresa ajuda essas entidades há muito tempo, perguntei se é a Camil que escreve esses projetos, se é a própria gestora que os planeja, ela disse que não existem projetos que as entidades pedem ajudam e eles repassam a verba, e isso consta no orçamento da empresa, então não é bem um projeto. Reforçando que não existe um planejamento das ações que a organização desenvolve ou as entidades que apoia, não existe nada no papel, apenas o que passou um departamento financeiro da empresa localizado em São Paulo. E sobre os programas da segurança do trabalho, também não existe e alguns são desenvolvidos, pois estão na legislação da Segurança do Trabalho. Afirmando que não tem um planejamento, mas uma determinação legal na qual precisam cumprir, “quando um funcionário é contratado pela Camil, fica três dias em treinamento para que assim possa assumir o seu cargo” (Gestora de Recursos Humanos da Camil). O que podemos constatar é que a empresa Camil Alimentos SA, não desenvolve ações ou programas de responsabilidade social, todas as ações são filantrópicas, pois destinam verba para entidades do município. Não existe um planejamento, eles não possuem programas que visam o meio ambiente, a comunidade e até mesmo os seus funcionários, mesmo utilizando vários veículos de comunicação para com os seus públicos, essas ações não são divulgadas para os mesmos. 4.2.2 Entrevista com a coordenadora do Projeto Cidadão em Ação No mesmo dia 02 de dezembro fui convida pela gestora de recursos humanos a conhecer o Projeto Cidadão em Ação na qual conversei com a coordenadora Fernanda Baumart, com a autorização da entrevistada a conversa foi gravada por um celular. A Fernanda é coordenadora do projeto, sendo funcionária da Camil, começando no projeto como estagiária da prefeitura, como se formou na faculdade a prefeitura não continuou o seu contrato, e ela foi falar com a Camil que acabou assumindo o projeto, ao perguntada se o projeto é da Camil ela afirma que é uma parceria entre a prefeitura de Itaqui e a empresa. Esse projeto foi apoiado por várias outras empresas, nesse mesmo polo tinha a 35 Cooplantio que por problemas externos não pode mais, então ficou somente a Camil, que tudo o que ela precisa é quem lhe dá assistência, pois como comentado na seção anterior a empresa desenvolve ações filantrópicas, ou seja ajuda entidades do munícipio de Itaqui repassando uma verba. Solicitei para que a entrevistada explicasse o que é o projeto Cidadão em Ação: as crianças que estão no projeto, veem para cá no turno inverso a escola, justamente para que não fiquem na rua, quem estuda na parte da tarde vem pela manhã e quem estuda pela manhã vem a tarde, então é feito durante todo o ano, reforço escolar, informática, matemática, atividades físicas, artesanatos, além da criatividade do professor para prender a atenção das crianças. Período: 08:30 às 11:30 e 13:30 às 16:30. O projeto atende 60 crianças, nessa época do ano, festividades de final de ano, eles atendem somente pela manhã, devido ao calor, e ao fechamento de contrato dos professores. A equipe é formada por: três professores, uma cozinheira, contratados pela prefeitura. Assim como boa parte da merenda, quando falta ela recorre a Camil, tendo toda a assistência da empresa para o que precisar, até para fazer contato com a Secretaria de Educação, por exemplo, a organização intercede por ela. A Camil é quem realiza a festa de final de ano para as crianças, na qual todas ganham presentes, e quem a organiza é a própria coordenadora, ela afirma que a Camil é a grande parceira, que se não fosse eles, o projeto não estaria mais funcionando, que os outros polos deixariam de existir justamente pela falta de apoio que as empresas pararam de dar, mas que a Camil abraçava todos, dividia a verba entre todos. O projeto sempre existiu dentro da associação de funcionários da Camil, na qual foi criado para comunidade, como faltou espaço a Camil entrou no projeto cedendo o espaço, esse projeto existe a seis anos. Ao perguntada se os funcionários da empresa conhecem o projeto, se frequentam, se os filhos deles frequentam, ela disse que os que moram perto, sim. Os funcionários conhecem porque transitam bastante pelos salões que ficam no mesmo lugar e também o que a coordenadora precisa eles sempre estão dispostos a ajudar, ao ser questionada se desenvolvem trabalhos voluntários ela disse que, não. O projeto não é divulgado nos veículos de 36 comunicação utilizados pela empresa, por isso o seu público interno não tem ciência, a não ser aqueles que circulam pelo local. Perguntei se fora a Camil eles possuem outros parceiros, doação de livros, se as crianças querem realizar algum passeio, ela respondeu que sim, o quartel levava as crianças para lá, mas ultimamente eles não têm feitos passeios, pois gostam de aproveitar toda a estrutura que está à disposição deles, informática com internet, a quadra, campo, playground. Não existindo um planejamento dessas parcerias é tudo tratado pessoalmente. Ao ser interrogada se a comunidade itaquisene conhece o projeto ou até mesmo visitam, ela afirma que o projeto é mal divulgado, mas que no bairro todo mundo conhece, cada bairro tinha o seu, hoje em dia eles apoiam o da Brigada Militar que a prefeitura não pode mais apoiar, então eles entraram num acordo com a Camil em adota-los. Ela não tem ninguém que a ajude a divulgar, então como decorre muito tempo ela prefere se dedicar ao projeto e as crianças do que sair pra rua e divulgar o projeto. Não existindo um profissional que a ajuda a construir estratégias de comunicação para fazer a divulgação do projeto na comunidade itaquiense. Eles possuem uma horta no pátio da associação que é cultivada pelos alunos da UNIPAMPA- Campus Itaqui. O que pude observar que por mais que as ações sejam filantrópicas, sem nenhum planejamento estratégico estruturado por parte da Camil, eles procuram sempre dar assistência ao projeto, não deixando que nada os falte, até porque ele beneficia uma parcela da população itaquiense que reside próximo as dependências da organização, por mais que utilizem vários veículos de comunicação neles não são divulgadas as ações do projeto, o que é o projeto Cidadão em Ação, quais os seus objetivos. Como a coordenadora comentou ela não possuiu tempo para divulgar o projeto nos veículos de comunicação, pois prefere se dedicar as necessidades do seu polo. No dia da entrevista registrei algumas dependências do projeto. 4.2 Análise de documentos Como relatado anteriormente à empresa não possuí os planejamentos das ações que realiza com as entidades do município. Tudo é encaminhado 37 para São Paulo, na qual eles colocam no planejamento financeiro da organização. Sendo assim, não foi possível ter acesso aos documentos. 38 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste ponto após a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo é possível realizar algumas considerações com relação ao problema deste trabalho. Quando a acadêmica definiu em fazer o trabalho nesta instituição, justamente por ter conhecimento que ela desenvolvia ações de responsabilidade social, ao procurar essas informações no site da empresa e também por perceber existir na associação dos funcionários da Camil Alimentos uma placa identificando que um dos polos do projeto Cidadão em Ação ficava ali, achava que ela realmente desenvolvia essas ações. Ao realizar a pesquisa de campo, na qual realizou a entrevista em profundidade com a gestora de recursos humanos da organização, constatou que eles são bem ativos nos veículos de comunicação que adotam com os seus funcionários, eles ficam sabendo de todas as informações da organização. E que os produtos são bem divulgados no município e nos veículos de comunicação que utilizam. Como o objetivo desta pesquisa era analisar como a responsabilidade social se relaciona com a comunicação organizacional da empresa Camil Alimentos SA, primeiramente contatamos que a organização não desenvolve ações ou programas de responsabilidade social e sim ações filantrópicas, ou seja, elas revertem para entidades do município como APAE, creche Nossa Senhora, Hospital São Patrício e o projeto Cidadão em Ação um determinado valor na qual eles aplicam conforme as necessidades da instituição. Já o projeto Cidadão em Ação é diferente porque além de possuírem essa ajuda, um dos polos do projeto fica localizado nas dependências da associação dos funcionários da empresa, onde as crianças participantes podem ter acessos a toda a infraestrutura disponível no local. Sendo assim, a organização não possuiu planejamentos das ações que desenvolve, apenas ajudam comunicam a matriz da empresa que fica localizada em São Paulo para que eles possam colocar no planejamento financeiro da organização. Com isso, não se teve acesso os documentos da empresa, pois não estão localizados em Itaqui. Podemos afirmar que o objetivo geral da pesquisa tomou outro viés, pois por não desenvolver ações de responsabilidade social e sim ações 39 filantrópicas, mas atendeu um dos objetivos específicos que era identificar se ela desenvolvia ações de filantropia. Os relatos apresentados confirmam que a organização é bem ativa nos seus veículos de comunicação, mas que as ações que desenvolvem de cunho social não são divulgadas no município, e as ações que constam no site são desenvolvidas em São Paulo, não sendo as mesmas em Itaqui. A empresa Camil Alimentos apesar de desenvolver somente ações filantrópicas, tem algumas estratégias que se fossem planejadas poderiam ser ações de responsabilidade social, quando a gerente de recursos humanos relatou que eles se preocupam com a prevenção de acidentes dos seus funcionários, eles poderiam fazer um planejamento dessas ações, apresentalos a matriz e desenvolver durante todo o ano com os seus funcionários, utilizando os veículos de comunicação já existente pela organização como mural e intranet que são os meios que utilizam para informar o público interno. Além do mais esse projeto poderia ser divulgado para a comunidade itaquisense mostrando que a empresa se preocupa com os seus funcionários, pois a responsabilidade social pode ser pensada como estratégia para atrair novos públicos e até mesmo divulgar a sua marca e produtos. E para Shaun e Rizzo, comunicação organizacional é o termo mais amplo usado na teoria e na prática para nomear todas as formas de comunicação utilizadas pela organização para se relacionar com todos os tipos de públicos. Para que o fluxo de informações das ações desenvolvidas pela organização seja dos conhecimentos de todos os públicos, para que existam planejamentos de todas ações que desenvolvem e das entidades que ajudam é necessário que a empresa Camil Alimentos possua em Itaqui um departamento de comunicação, que consiga realizar todas essas funções e que futuramente consiga criar programas de responsabilidade social, não ficando apenas na filantropia, pois é importante que as organizações pensem nos seus funcionários e comunidade e criem projetos voltados a eles. 40 REFERÊNCIAS BEGHIN, Nathalie. A filantropia empresarial: nem caridade, nem direito. São Paulo: Cortez Editora, 2004. CARISSIMI, utilizados João. pelo Reflexões relações organizacional. In: Interdisciplinares da sobre os públicas INTERCOM- na processos construção Sociedade Comunicação, XXIV organizacionais Brasileira Congresso da imagem de Estudos Brasileiro da Comunicação, 2001. Campo Grande/MS. Publicado nos anais do evento. 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