cornos cutâneos em coxins palmares e plantares de um gato

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42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
CORNOS CUTÂNEOS EM COXINS PALMARES E PLANTARES
DE UM GATO- RELATO DE DE CASO
BORDINI, CAROLINA GRECCO GRANO1; SOLER, NATÁLIA BRICKS2;
DE PAIVA, FERNANDA HILST CARVALHES3; HILST, CARMEN LÚCIA
SCORTECCI4.
1 Médica Veterinária Autônoma, Pitanga/PR.
2 Médica Veterinária na Clínica Veterinária Hilst, Londrina/PR.
3 Médico Veterinária na Clínica Veterinária Hilst, Londrina/PR.
4 Médica Veterinária na Clínica Veterinária Hilst, Docente de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais
na UEL, Londrina/PR.
RESUMO: Os cornos cutâneos consistem em neoformações de material
queratinizado e são incomuns em gatos. Neste estudo relata-se o caso
de um felino, SRD, fêmea, 6 meses, que apresenta cornos cutâneos nos
coxins palmares e plantares, sem caráter de malignidade.
CUTANEOUS HORNS ON THE FOOTPADS OF A CAT- A CASE
REPORT
ABSTRACT: Cutaneous horns consist of neoformations of keratin
material and are uncommon in cats. In this study we report the case of a
cat, SRD, female, 6 months old, presenting cutaneous horns on the
footpads, no evidence of malignity.
INTRODUÇÃO
Os cornos cutâneos consistem na proliferação de material
queratinizado da pele e recebem este nome por se assemelharem aos
chifres dos animais (Mencıa-Gutierrez et al., 2004).
Podem ser encontrados em diferentes espécies domésticas, sendo
comuns em cães e infrequentes em gatos (Yagger e Scott, 1992).
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Devido à baixa incidência dessa enfermidade em gatos, este
trabalho tem o objetivo de relatar o caso de um felino com cornos
cutâneos nos coxins palmares e plantares.
RELATO DE CASO
Em janeiro de 2015 foi atendido um felino, sem raça definida,
fêmea, não castrada, 6 meses de idade, com queixa de hiperqueratose
nos
coxins
palmares
e
plantares
dos
quatro
membros
há
aproximadamente 2 meses.
Ao exame físico observou-se hiperqueratose com crescimento
exacerbado de todos os coxins, sem dor à manipulação e sem
alterações na marcha do paciente (FIGURA 1).
FIGURA1: Cornos cutâneos no coxim plantar de um felino, seis meses,
SRD, fêmea. Fonte: Arquivo pessoal.
Na ocasião, foi realizado o teste rápido FIV Ac/FelV Ag da Alere®
com amostra de sangue total, no qual não foram detectados anticorpos
IgG do vírus da imunodeficiência felina e antígenos (p27) do vírus da
leucemia felina.
Paciente foi então anestesiado para realização de biópsia
incisional da base dos coxins. Microscopicamente foi observada
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proliferação exo e endofítica papiliforme da epiderme, hiperpigmentação,
hipergranulose com grânulos de queratohialina grosseiros e irregulares,
camada córnea com ortoqueratose em trançado de cesto e compacta
intensa. Os queratinócitos proliferados exibiam anisocariose, anisocitose
e nucléolos evidentes. A derme subjacente apresentava dilatação dos
vasos sanguíneos, edema e infiltrado inflamatório misto em padrão
perivascular difuso. Não foram observados sinais de malignidade. Foi
realizada coloração especial para fungos (PAS c/d) que resultou
negativa. Exame sugere papiloma cutâneo de possível causa viral.
O paciente foi acompanhado durante seis meses, as lesões
apresentaram crescimento contínuo, não interferindo na sua qualidade
de vida. Foram indicadas excisões parciais, caso as projeções venham a
interferir na marcha e postura do animal.
DISCUSSÃO
Os cornos cutâneos são lesões pouco frequentes, geralmente
possuem
aspecto
cônico,
denso
e
apresentam
acentuada
hiperqueratose (Mencıa-Gutierrez et al., 2004; Souza et al., 2003).
Estudos em humanos (Yagger e Scott, 1992.; Festa et al., 1995;
Mencıa-Gutierrez et al., 2004) demonstraram que essas neoformações
ocorrem em áreas de maior exposição solar e em pessoas idosas,
possivelmente pelo maior tempo de exposição solar como também pela
maior degeneração actínica e neoplásica nesses indivíduos.
Em gatos, os cornos cutâneos têm sido associados a infecções
pelo vírus da leucemia felina (FelV),
papilomavírus, queratoses
actínicas e carcinomas de células escamosas (Yager e Scott, 1992).
Rosychuk (2011) refere que quando há envolvimento do FelV os cornos
ocorrem no centro dos coxins. Lesão distinta daquela que ocorre se não
houver associação com o FelV, nesta as lesões seriam vistas logo
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abaixo das unhas. No paciente do presente relato o crescimento se dava
do centro dos coxins e não foi detectado o antígeno da leucemia felina.
A histopatologia deve ser realizada da base da lesão, pois
ocasionalmente os cornos encobrem os papilomas (Scott et al., 1995;
Kirkham, 2005). Observa-se hiperplasia epidérmica papilomatosa bem
delimitada de onde se projeta uma coluna compacta de queratina
(Medleau e Hnilica, 2009). No paciente não foram observados sinais de
malignidade, corroborando com a literatura, na qual 60% das lesões são
benignas (Yu et al., 1991; Copcu et al., 2004).
CONCLUSÃO
Devido a baixa frequência desta enfermidade, esse trabalho
contribui para a literatura relatando o caso de uma felino apresentando
cornos cutâneos de possível origem viral. O paciente foi acompanhado
durante seis meses e apesar do crescimento das lesões, estas não
interferiram na qualidade de vida.
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