Indução da frutificação em moranga-híbrida com ácido 2,4-D.

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OLIVEIRA, V.R.; MASCARENHAS, M.H.T.; PIRES, N.M. Indução da frutificação em moranga-híbrida com
ácido 2,4-D. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 2, julho, 2002. Suplemento 2.
Indução da frutificação em moranga-híbrida com ácido 2,4-D.
Valter R. Oliveira1; Maria Helena T. Mascarenhas1; Nádja de M. Pires1
1
EPAMIG - CTCO - FESR, C.P. 295, 35701-970 Sete Lagoas - MG. e-mail: [email protected].
RESUMO
A característica reprodutiva mais importante dos híbridos tipo Tetsukabuto é a machoesterilidade, que requer o plantio de variedades polinizadoras intercaladas às plantas
híbridas. Como alternativa, tem-se a possibilidade de indução de formação de frutos
partenocárpicos via aplicação exógena de reguladores de crescimento. Em Minas Gerais,
alguns produtores já utilizam o ácido 2,4-diclorofenoxiacético (ácido 2,4-D ou 2,4-D) em
moranga-híbrida, sem dispor, no entanto, de informações sobre a concentração e forma de
aplicação mais adequadas. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência do 2,4-D sobre a
frutificação de moranga-híbrida. Foram conduzidos, em telados de polietileno, no município
de Prudente de Morais, MG, dois ensaios. No primeiro ensaio, pulverizou-se 2,4-D,
exclusivamente na parte interna das flores femininas das plantas de moranga, na antese; no
segundo, pulverizou-se 2,4-D, exclusivamente na parte externa das flores femininas (sobre o
ovário), na antese. Os tratamentos, em esquema fatorial (3x4)+3 foram constituídos pela
combinação de três híbridos de moranga (AG 90, Kaneko e Takayama) e quatro doses de
ácido 2,4-D (50, 100, 200 e 400 mg/L do ingrediente ativo) e mais três tratamentos
adicionais (testemunhas), correspondentes aos três híbridos, que foram polinizados
manualmente. A polinização das testemunhas foi feita com pólen da cv. Menina Brasileira e
utilizou-se como fonte de 2,4-D o herbicida U 46¾-D Fluid 2,4-D, pulverizando-se de uma
única vez, aproximadamente 1 mL de solução em cada flor. O delineamento experimental foi
blocos ao acaso e utilizou-se cinco repetições e uma planta por parcela, no espaçamento
2,15 x 1,25 m. O efeito do 2,4-D sobre a frutificação foi avaliado com base na produtividade
de frutos comerciais (> 1 kg). Houve tendência de aumento da produtividade de frutos com o
aumento das doses de 2,4-D aplicadas na parte interna da flor, enquanto doses de 2,4-D a
partir de 200 mg/L aplicadas na parte externa da flor tenderam reduzir a produtividade e
causaram severa fitotoxidez. Os tratamentos com 2,4-D não diferiram estatisticamente da
testemunha (polinização manual), para ambas as formas de aplicação. Em conclusão, os
resultados indicam que a indução da frutificação em moranga-híbrida pode ser feita pela
aplicação de 100 a 200 mg/L de 2,4-D na parte interna da flor ou de 50 a 100 mg/L na parte
externa da flor (sobre o ovário).
Palavras-chave: Cucurbita máxima x C. moschata, produção de frutos, auxina, polinização.
ABSTRACT
Inducement of fruit set of hybrid squash by 2,4-D acid.
Two experiments were carried out in greenhouse conditions, at the EPAMIG/CTCO/FESR,
Prudente de Morais, Minas Gerais state, Brazil, with the objective of evaluating the efficiency
of the 2,4-D acid on fruit set of hybrid squash. In the first experiment, 2,4-D acid was sprayed
inside of the open female flower. In the second experiment, 2,4-D acid was sprayed outside
of the open female flower (on the ovary). The tratments were a factorial (3x4)+3, with three
hybrid squash (AG 90, Kaneko and Takayama) and four doses of 2,4-D acid (50, 100, 200
and 400 ml/L) plus three additional treatments, corresponding to the three hybrids that were
manually pollinated using polen of Cucurbita moschata, cv. Menina Brasileira. The
experiments followed a randomised block design with five replications and one plant per
treatment. Fruit yield for each treatment for each experiment were determined. There was no
difference among treatments with 2,4-D acid and manually pollinated, for both experiments.
Doses from 100 to 200 mg/L and 50 to 100 mg/L of 2,4-D acid were more efficient when
sprayed inside and outside of the flower, respectively.
Keywords: Cucurbita máxima x C. moschata, fruit yeld, auxin, pollination.
No gênero Cucurbita, de modo geral, as plantas são monóicas podendo ocorrer
também,
embora
muito
raramente,
flores
hermafroditas.
Caracterizam-se
pela
compatibilidade de cruzamento entre espécies do gênero, sendo a polinização entomófila
feita, principalmente por abelhas, estando a polinização e, consequentemente, a frutificação
e a produtividade diretamente dependentes da presença de insetos (Stanghellini et al.,
1998).
A característica reprodutiva mais importante dos híbridos tipo Tetsukabuto é a machoesterilidade, que requer o plantio de variedades polinizadoras intercaladas às plantas
híbridas. A necessidade de um polinizador é um problema para os produtores de morangahíbrida, já que a produtividade depende da eficiência da polinização natural ou artificial.
Semelhantemente ao que ocorre na maioria das espécies vegetais, em cucurbitáceas, o
desenvolvimento do ovário, como conseqüência do pegamento do fruto, requer a polinização
seguida de fertilização. O pólen transporta para o estigma uma pequena dose de ácido indol3-acético (AIA), que é a auxina natural. Desta forma, a formação de frutos partenocárpicos,
ou seja, sem a fertilização do óvulo, é possível via aplicação exógena de substâncias
reguladoras do crescimento como o ácido 2,4-diclorofenoxiacético (ácido 2,4-D ou 2,4-D).
No entanto, esta propriedade não é válida para todas as espécies de plantas, sendo a
indução hormonal efetiva na frutificação de tomate, pimentão, berinjela, quiabo, figo e várias
cucurbitáceas, entre elas a moranga-híbrida (Pereira & Lima, 1996).
Em Minas Gerais, alguns produtores já utilizam o ácido 2,4-D para induzir a
frutificação em moranga-híbrida, sem dispor, no entanto, de informações mais detalhadas
sobre o assunto e, principalmente, a concentração e forma de aplicação mais adequadas. O
objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência do 2,4-D sobre a frutificação de morangahíbrida.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram conduzidos em telados cobertos com polietileno, no município de Prudente de
Morais, MG, dois ensaios. No primeiro ensaio, pulverizou-se ácido 2,4-D, exclusivamente na
parte interna das flores femininas das plantas de moranga, na antese. Os tratamentos, em
esquema fatorial (3x4)+3 foram constituídos pela combinação de três híbridos de moranga
(AG 90, Kaneko e Takayama) e quatro doses de ácido 2,4-D (50, 100, 200 e 400 mg/L do
ingrediente ativo) e mais três tratamentos adicionais (testemunhas), correspondentes aos
três híbridos, que foram polinizados manualmente, totalizando quinze tratamentos. No
segundo ensaio pulverizou-se ácido 2,4-D, exclusivamente na parte externa das flores
femininas (sobre o ovário) das plantas de moranga, na antese. Os tratamentos, em esquema
fatorial (3x4)+3 foram os mesmos do ensaio anterior. A polinização das testemunhas foi feita
com pólen da cv. Menina Brasileira (Cucurbita moschata). Utilizou-se como fonte do ácido
2,4-D o herbicida U 46¾-D Fluid 2,4-D, pulverizando-se de uma única vez, aproximadamente
1 mL de solução em cada flor. O delineamento experimental foi blocos ao acaso e utilizou-se
cinco repetições. Cada parcela foi composta por uma planta, no espaçamento 2,15 x 1,25 m.
A eficiência do ácido 2,4-D foi avaliada com base na produtividade de frutos comerciais (> 1
kg) após análises de variância e regressão e testes de média. Ajustou-se, para cada forma
de aplicação, equação de regressão relacionando a produtividade de frutos às doses de
ácido 2,4-D aplicadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve efeito significativo de híbrido, doses de ácido 2,4-D e da interação híbrido
x dose (teste F, P<0,05) para produtividade de frutos, para ambas as formas de aplicação do
produto. Mesmo não havendo efeito significativo de doses de ácido 2,4-D, ajustaram-se
equações de regressão relacionando a produtividade de frutos e as doses do produto
(Tabela 1). Para ambas as formas de aplicação, houve ajuste ao modelo quadrático. No
entanto, enquanto a produtividade de frutos tendeu aumentar com o aumento das doses de
ácido 2,4-D aplicadas dentro da flor, houve tendência de redução da produtividade a partir
da dose de 200 mg/L de 2,4-D aplicadas na parte externa da flor (sobre o ovário). As plantas
que receberam 200 e 400 mg/L de ácido 2,4-D na parte externa da flor manifestaram
severos sintomas de fitotoxidez pelo produto, principalmente epinastia nas folhas novas e
enrolamento de gavinhas, enquanto essas mesmas doses aplicadas na parte interna flor
causaram apenas fitotoxidez moderada. Os tratamentos com ácido 2,4-D não diferiram
estatisticamente da testemunha (polinização manual) (Tabela 1) para ambas as formas de
aplicação, indicando que a indução de frutificação por ácido 2,4-D é boa alternativa à
poilinização natural ou artificial em moranga-híbrida. Em conclusão, os resultados indicam
que a indução de frutificação em moranga-híbrida pode ser feita pela aplicação de 100 a 200
mg/L de ácido 2,4-D na parte interna da flor ou de 50 a 100 mg/L na parte externa da flor
(sobre o ovário).
Tabela 1. Produtividade (kg/planta) de frutos de moranga-híbrida obtidos por polinização
artificial ou induzida por ácido 2,4-D. Prudente de Morais, EPAMIG/CTCO/FESR, 2001.
Formas de aplicação de ácido 2,4-D
Parte interna da flor
Parte externa da flor
Tratamento
Polinização artificial
50 mg/L 2,4-D
100 mg/L 2,4-D
200 mg/L 2,4-D
400 mg/L 2,4-D
DMS
5,10
5,50 ns
5,63 ns
6,31 ns
6,32 ns
2,49
CV (%)
6,35
6,32 ns
6,47 ns
6,32 ns
5,60 ns
3,07
27,24
Y ? 4,998 - 0,0092 X / 0,000015 X
R 2 ? 0,95
30,99
2 1/
Y ? 6,255 - 0,0026X / 0,000011X 2 1/
R 2 ? 0,99
Médias seguidas por ns na coluna, não diferem estatisticamente da testemunha (polinizada) (Teste de Dunnett,
P<0,05).1/ Equações de regressão ajustadas da produtividade de frutos em função de doses de ácido 2,4-D.
LITERATURA CITADA
PEREIRA, W.; LIMA, D.B. Avaliação de características da produção e qualidade de híbridos
de moranga (Cucurbita maxima x Cucurbita moschata) em Claro das Poções - MG. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 36, 1996, Rio de Janeiro. Resumos... Rio
de Janeiro. SOB, 1996. p. 242.
SATANGHELLINI, M.S.; AMBROSE, J.T.; SCHULTHEIS, J.R. Using commercial bumble bee
colonies as backup pollinators for honey bees to produce cucumbers and watermelons.
HortTechnology, v. 8, n. 4, p. 590-594, 1998.
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