HISTÓRICO • O 2,4-D é um dos herbicidas mais comuns e antigos utilizados na agricultura; • Tem mais de 70 anos de mercado e 40.000 estudos realizados por diferentes instituições de pesquisas; • Herbicida padrão de eficácia biológica em plantas daninhas de folha larga; • É uma das substâncias mais estudadas no mundo; • Em 1941, foi detectado como regulador de crescimento natural das plantas; • Um dos melhores perfis toxicológicos disponíveis e a um preço acessível; • Seu uso vem crescendo devido a sua função de ferramenta insubstituível na dessecação das plantas daninhas e restos culturais, antes da semeadura da nova cultura; • São comercializados cerca de 120 milhões de litros do produto no mundo, dos quais 20 milhões no Brasil. CARACTERÍSTICAS FISIO-QUÍMICAS NOME QUÍMICO E FÓRMULA ESTRUTURAL 2,4-D é o nome comum do ácido 2,4-diclorofenoxiacético, que H se pode explicar da seguinte forma: H • Ácido pela forma ácida da molécula; H O CI O C C posição 2 e outro na posição do anel de fenol; OH H H CI • 2,4- indica que há um átomo de cloro na • Dicloro indica o anel fenólico; • Oxi indica o átomo de oxigênio na posição do anel de fenol; • Acético indica o tipo de ácido. FORMULAÇÕES • Sólido cristalino, o 2,4-D se apresenta comercialmente em fórmulas líquidas. • Atividade biológica herbicida e concentração dos herbicidas fenoxiacéticos estão presentes na parte ácida da molécula. FORMULAÇÕES AMINAS – (ÚNICA FORMULAÇÃO REGISTRADA NO BRASIL) • Muito utilizadas, as mais comuns são as dimetilaminas (DMA). Requerem horas para serem absorvidas e não são voláteis, o que aumenta a segurança em seu uso. • Os sais amina são produzidos através da reação de um ácido com uma base. O sal amina do 2,4-D é solúvel, de fácil aplicação e não volátil. FORMULAÇÕES ÉSTERES Ácido 2,4-D com um álcool são absorvidos mais fácil e rapidamente pelas plantas. Estas formulações ésteres são mais apropriadas para climas temperados. Especificações Amina Éster Solubilidade em água Alta Baixa Forma mais comum Dimetilamina (DMA) Éster Butílico Forma Líquida Líquida Volatilidade Não volátil Volátil Absorção Horas Minutos Obs: no Brasil não é mais comercializada a formulação Éster, somente a formulação Amina não volátil. VOLATILIDADE Uma maior pressão de vapor indicará maior facilidade de a molécula passar ao estado gasoso. Ou seja, os produtos são classificados de acordo com a pressão de vapor. No caso específico do 2,4-D, os ésteres são considerados voláteis enquanto a amina é não volátil. Produto Pressão de vapor (mm Hg a 25˚ C) Éster Butílico de 2,4-D 2,3 x 10-3 Éster Iso-octílico de 2,4-D 3,0 x 10-4 Propanil 4,0 x 10-5 Volátil Ametrina 3,3 x 10-6 Sal dimetilamina de 2,4-D 5,5 x 10-7 Não Volátil Glifosato (sal) 3,0 x 10-7 Atrazina 2,9 x 10-7 Diuron 6,9 x 10-8 USO AGRÔNOMO • Amplo espectro de controle; • Importante ferramenta para o manejo de plantas daninhas de difícil controle, como inibidores de ALS, e resistentes ao glifosato; • No caso da soja, utilizado na dessecação de plantas daninhas em práticas de plantio direto e pós-plantio; • No controle de soja voluntária resistente a outros herbicidas e no programa de vazio sanitário, diminui a incidência de ferrugem asiática na soja. CULTURAS PARA AS QUAIS O PRODUTO É INDICADO Sorgo Arroz Milho Cana-de-açúcar Trigo Silvicultura Cevada Canais de irrigação Aveia Soja (pré-plantio) Controle de plantas daninhas aquáticas Manejo pós-colheita Pastagens Frutíferas Gramados RESUMO • Produto utilizado sozinho ou em associação com outros herbicidas; • Sozinho, controla seletivamente as plantas daninhas de folhas largas; • Não há relato no Brasil de nenhum caso de resistência de plantas daninhas ao 2,4-D; • Tem papel fundamental no controle da soja voluntária (resistente a outros herbicidas). PLANTAS INFESTANTES CONTROLADAS Plantas Infestantes Controladas Cultura DOSE (L/ha) Trigo 1,0 -1,5 Bidens pilosa, Raphanus raphanistrum, Euphorbia heterophylla, Galinsoga parviflora. Picão-preto, Nabo, Nabiça, Amendoim-bravo, Leiteira Picão-branco, Fazendeiro. Aplicar no período após o início do perfilhamento e antes do emborrachamento. Uso em pós-emergência das plantas invasoras. 1,5 Bidens pilosa, Euphorbia heterophylla, Sida rhombifolia, Commelina benghalensis, Ipomoea grandifolia, Alternanthera tenella, Amaranthus deflexus. Picão-preto, Amendoim-bravo, Leiteira Guanxuma, Mata-pasto Trapoeraba, Corda-de-viola, Corriola, Apaga-fogo, Caruru-rasteiro, Caruru. Pós-emergência: aplicar em área total até o milho atingir, no máximo, 4 folhas. As aplicações mais tardias deverão ser feitas em jato dirigido, sobre as plantas infestantes, evitando atingir o milho quando este estiver com mais de 4 folhas. Obs.: para mais informações sobre a seletividade do produto aos diferentes milhos híbridos disponíveis no mercado, a empresa fornecedora do híbrido deverá ser contatada. Guanxuma, Mata-pasto, Picão-preto, Trapoeraba, Amendoim-bravo, Leiteira, Corda-de-viola, Corriola, Poaia, Poaia-branca. Aplicar de 7 a 15 dias antes da semeadura (plantio direto). Obs.: usar menores doses para plantas infestantes menos desenvolvidas e as maiores para as mais desenvolvidas. Milho Nome Científico Nome Comum Início, número e épocas ou intervalos das aplicações Soja (plantio direto) 1,0 -1,5 Sida rhombifolia, Bidens pilosa, Commelina benghalensis, Euphorbia heterophylla, Ipomoea purpurea, Richardia brasiliensis. Arroz 1,0-1,5 Sida rhombifolia, Biden pilosa, Commelina benhalensis, Euphorbia heterophylla. Guanxuma, Mata-pasto, Picão-preto, Trapoeraba, Amendoim-bravo, Leiteira. Pós-emergência: aplicar no período após o início do perfilhamento e antes do emborrachamento. Arroz (irrigado) 0,3 Aeschynomene rudis, Ipomoea aristolochiaefolia, Aeschynomene denticulata. Angiquinho, Pinheirinho Corda-de-viola, Corriola Angiquinho, Pinheirinho. Aplicar em pós-emergência com as plantas infestantes no estágio de 3 a 5 folhas. O produto deve ser aplicado com pouca ou sem água de irrigação. 3,5 Bidens pilosa, Galinsoga parviflora, Amaranthus viridis, Portulaca oleracea, Emilia sonchifolia. Picão-preto, Picão-branco, Fazendeiro, Caruru-de-mancha, Beldroega, Falsa-serralha. Pré-emergência: aplicar antes da germinação das plantas infestantes, quando o solo estiver úmido. Bidens pilosa, Sida rhombifolia, Euphorbia heterophylla, Ipomoea grandifolia, Commelina benghalensis, Amaranthus viridis, Portulaca oleracea. Picão-preto, Guanxuma, Mata-pasto, Amendoim-bravo, Leiteira, Corda-de-viola, Corriola, Trapoeraba, Carurude-mancha, Beldroega. Emilia sonchifolia, Richardia brasiliensis, Galinsoga parviflora. Falsa-serralha, Poaia-branca, Poaia, Picão-branco, Fazendeiro. 1,0-1,5 Cana-de-açúcar 1,5 Pastagens Pós-emergência: aplicar quando a planta estiver em pleno crescimento vegetativo, evitando-se períodos de estresse hídrico, antes da formação de colmos de cana-de-açúcar. Usar a maior dose para plantas infestantes mais desenvolvidas. 1% v/v Cyperus rotundus. Tiririca. Pós-emergência em jato dirigido: para o controle de tiririca, aplicar o produto em pós-emergência dirigida, com o produto diluído a 1% v/v, sobre plantas infestantes em estádio de pré-florescimento. Utilizar espalhantes adesivos a 0,3% v/v a um volume mínimo de 150 L/ ha. Se houver rebrota, fazer nova aplicação, nas mesmas condições mencionadas anteriormente. 1,0 -2,0 Sida cordifolia, Sida rhombifolia, Amaranthus deflexus, Portulaca oleracea. Guanxuma, Malva-branca, Guanxuma, Mata-pasto, Caruru-rasteiro, Beldroega. Pós-emergência: aplicar em área total quando as plantas infestantes estiverem em pleno desenvolvimento vegetativo e antes do florescimento. RESTRIÇÕES DE USO Apesar de não ser fitotóxico, o 2,4-D pode causar fitotoxicidade nas culturas quando aplicado em época inadequada ou em doses diferentes das recomendadas. Hoje, o maior problema é a deriva, devido à aplicação inadequada. TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DERIVA É o movimento do produto para um local diferente do planejado, durante ou após a aplicação. Muitas vezes, acontece por aplicações em condições climáticas adversas ou por pulverizadores inadequados. A deriva pode ser classificada como: DERIVA AEROTRANSPORTADA OU DERIVA DE GOTAS: O produto se move para fora do alvo durante a aplicação. DERIVA DE VAPOR: O produto se move para fora do alvo depois da aplicação. Exemplo de uma aplicação ideal e o resultado visual da dessecação Exemplo de deriva aerotransportada e o resultado visual da dessecação Além dos danos nas lavouras vizinhas e de contaminar o meio ambiente, a deriva reduz a eficiência do produto (menor dose aplicada). TAMANHO DA GOTA Tamanho da gota, temperatura, umidade do ar, velocidade e direção do vento devem ser respeitados. Gotas maiores (acima de 300μm), pressão de trabalho ideal, umidade superior a 55% e temperatura abaixo de 30°C evitam a deriva. Ventos de 5 km/h 3 M e t r o s 20 microns 50 microns 100 microns 150 microns 400 microns 2,4 m 6,6 m 14,6 m 54,2 m 321 m Mov i m e nto l ateral X Taman h o d e Go ta EXEMPLO: Com uma barra de pulverização a 3 m de altura, ventos de 5km/h, uma gota de 400μm desloca-se lateralmente apenas 2,4 m, enquanto que uma de gota de 20μm desloca 321 m. DURABILIDADE DA GOTA Uma gota de 50μm a uma temperatura de 30ºC, dura apenas 3,5 segundos e não atinge o alvo. Tamanho das gotas (μm) 50 100 200 Condições Ambientais Temperatura: 20˚ C Temperatura: 30˚ C Umidade Relativa do Ar: 80% Umidade Relativa do Ar: 50% Duração das gotas (segundos) Distância de queda (metros) Duração das gotas (segundos) Distância de queda (metros) 12,50 50,00 200,00 0,13 6,70 81,70 3,50 16,0 85,0 0,032 1,8 21,0 Fonte: adaptado de MATHEUS, 1979 PONTAS Auxiliam na prevenção da deriva. Líquido AR Ponta com indução de ar Gotas grossas com “bolhas de ar” PONTAS ANTIDERIVA OU COM INDUÇÃO DE AR: Proporcionam gotas maiores, minimizando problemas com a deriva. São também chamadas de pontas de pulverização venturi. Com gotas aeradas, estas pontas produzem gotas com bolhas de ar “misturadas” no líquido pulverizado, reduzindo a deriva. PONTAS DE PULVERIZAÇÃO VENTURI – CARACTERÍSTICAS: • O tamanho das gotas não aumenta muito com o aumento da pressão de trabalho; • Espectro de gotas homogêneo; • Pode superar rajadas de vento entre 15km/h e 20km/h; • Recomendadas para condições meteorológicas extremamente adversas; • São também pontas de pulverização ecologicamente corretas. PRINCIPAIS FABRICANTES: Micron-Pulsar, Bicos KGF, MagnoJet, TeeJet, Hypro, Lechler, Albuz, Agrotop, ABBA, Arag. TIPOS DE PONTAS ABBA AG1131 03 TeeJet AI 11003 Média da distribuição de gotas da análise Média da distribuição de gotas da análise TeeJet AIXR 11003 KGF RDA 11003 Média da distribuição de gotas da análise Média da distribuição de gotas da análise TeeJet TTI 11003 AIRMIX 11003 Média da distribuição de gotas da análise Média da distribuição de gotas da análise RELAÇÃO TAMANHO DE GOTAS X PONTAS O tamanho da gota será determinado dependendo do tipo de produto que será aplicado (herbicida, fungicida ou inseticida). No caso de aplicação de herbicidas dessecantes, onde a cobertura não é um fator limitante devido à ação sistêmica do produto, é essencial usar gotas maiores para evitar a deriva. Gotas grandes também são importantes para conseguir maior vida útil do produto e, dessa forma, uma maior probabilidade de alcançar o alvo. Classe da pulverização DMV * aproximado (Norma ASAE) Pontas Muito Fina Fina Média Grossa Muito Grossa Extremamente grossa < 100 μm 100 - 175 μm 175-250 μm 250-375 μm 375-450 μm > 450 μm Jato Plano Duplo Jato Plano Comum Jato Plano Comum Jato Plano Duplo com Ar Jato Plano com Ar Jato Plano com Ar *Diâmetro médio volumétrico Fonte: Normas ASAE e BCPC – Adaptado de COUTINHO et. al (2005) e de MASIÁ & CID (2011). Recomendações Fungicidas, Inseticidas e Herbicidas de Contato Dessecação com Herbicidas Sistêmicos ASPECTOS FISIOLÓGICOS MODO DE AÇÃO O 2,4-D age como um mimetizador de auxina, degradando-se vagarosamente. Uma aplicação do produto afeta o crescimento, o que causa desordem e divisão celular, resultando na destruição dos tecidos vasculares. • Etapas de crescimento descontrolado; • Enrolamento das folhas e tecidos; • Ramos espessos e curvados, galhos, caules e folhas torcidos; • Nervuras paralelas (folhas estreitas com calos nos tecidos); • Folhas enrugadas; • Formação de calos e rachaduras nos ramos; • Crescimento desordenado. ABSORÇÃO E TRANSLOCAÇÃO Etapas da absorção • A aborção do 2,4-D pela planta é feita tanto pelas folhas como pelas raízes; • Uma vez absorvida pela folha, as enzimas rapidamente promovem a transformação, produzindo ácido 2,4-D, forma em que atua na planta; • O ácido 2,4-D move-se pelo xilema (transporte de água) e floema (transporte de nutrientes); • Posteriormente, é distribuído para os meristemas (ponto de crescimento) e outras partes do desenvolvimento; • Uma dose letal do produto acumula-se nos meristemas, produzindo a morte dos tecidos e, posteriormente, da planta. É importante ter um período livre de chuvas de 1 a 4 horas após a aplicação do produto. ATENÇÃO! • Apesar da rápida translocação, o 2,4-D age vagarosamente; • Condições ambientais podem reduzir a atividade do herbicida; • Boas condições resultam em um controle melhor. SELETIVIDADE A seletividade do 2,4-D é determinada por um conjunto de fatores: • Maturidade da planta: a tolerância aumenta com a idade; • Velocidade de crescimento: quanto mais rápido a planta cresce, mais é suscetível; • Inativação: espécies tolerantes possuem enzimas que promovem a inativação do 2,4-D; • Penetração na planta: gramíneas e algumas espécies de folhas largas mostram tolerância; • Diferenças morfológicas: localização do floema e meristemas em gramíneas tendem a limitar o movimento do 2,4-D no floema para os pontos de crescimento. Demais fatores: • Condições de crescimento: se a aplicação é feita dentro das recomendações, incidentes serão evitados; • “Stress” da cultura pode afetar a tolerância; • Clima frio e úmido, frio e seco ou quente e seco diminuem o metabolismo da planta; • Dose de aplicação e uso de surfactantes devem ser respeitados; • Combinação de 2,4-D e outros produtos podem afetar a tolerância; • Pouca ou nenhuma atividade biológica em insetos, nematoides ou patógenos de plantas. SINTOMAS DE FITOTOXIDADE Milho Soja Trigo • Enrolamento e curvatura do caule principal; • Caules quebradiços que podem se romper ao nível do solo; • “Folha de cebola” (folhas novas enroladas); • Proliferação de raízes aéreas; • Redução do sistema radicular; • Tombamento. • Nervuras paralelas (folhas estreitas com calos); • Folhas enrugadas; • Epinastia do caule e pecíolos (enrolamento); • Calos no caule; • Caule quebradiço; • Proliferação da rebrotação. • Espigas pequenas, curvadas e com ramificações; • Esterilização das espiguetas; • Fios das espiguetas distorcidos; • Folhas deformadas (espigas não conseguem emergir); • Redução no perfilhamento. ASPECTOS TOXICOLÓGICOS TOXICIDADE PARA MAMÍFEROS A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define a classe toxicológica de um produto. Para avaliar o efeito de uma exposição ao produto durante um curto período de tempo, leva-se em consideração 5 (cinco) parâmetros. CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA I - Extremamente Tóxicos (faixa vermelha) II - Altamente Tóxicos (faixa amarela) III - Medianamente Tóxicos (faixa azul) IV - Pouco Tóxicos (faixa verde) CLASSE DL 50 ORAL (mg / kg) DL 50 DERMAL (mg / kg) OLHOS PELE CL 50 INALATÓRIA (mg / L) 1 HORA EXPOSIÇÃO OPACIDADE DA CÓRNEA, REVERSÍVEL OU NÃO EM 07 DIAS, IRRITAÇÃO PERSISTENTE CORROSIVO < 0,2 SÓLIDO LÍQUIDO SÓLIDO LÍQUIDO I <5 < 20 < 10 < 40 II 5 - 50 20 - 200 10 - 100 40 - 400 SEM OPACIDADE DA CÓRNEA, IRRITAÇÃO REVERSÍVEL EM 07 DIAS IRRITAÇÃO SEVERA 0,2 - 2,0 III 50 - 500 200 - 2000 100 - 1000 400 - 4000 SEM OPACIDADE DA CÓRNEA, IRRITAÇÃO REVERSÍVEL EM 72 HORAS IRRITAÇÃO MODERADA 2,0 - 20 IV > 500 > 2000 > 1000 > 4000 SEM OPACIDADE DA CÓRNEA, IRRITAÇÃO REVERSÍVEL EM 24 HORAS IRRITAÇÃO LEVE > 20 Obs.: o dado mais agravante classifica o produto Como o parâmetro mais agravante é o que define a classe toxicológica do produto, o 2,4-D é classe I, porque apresenta irritação ocular. Os estudos crônicos e subcrônicos, como carcinogenicidade (potencial para causar câncer), teratogenicidade (potencial para causar má-formação), mutagenicidade (potencial para causar mutações) e efeitos sobre reprodução demonstraram um perfil toxicológico do 2,4-D muito favorável. ESTUDOS CRÔNICOS, TERATOGÊNICOS, MUTAGÊNICOS E DE REPRODUÇÃO NOEL (Não se observa efeito) Estudo Resultado Negativo para o teste. Não causa mutação genética. Mutagenicidade Teratogenicidade Coelho - Materno Coelho - Desenvolvimento Ratos - Materno Ratos - Desenvolvimento Reprodução 1 Geração - Ratos Neurotoxicidade Carcinogenicidade Ratos (2 anos) Camundongos (2 anos) Cães (1 ano) Metabolismo 30 mg/kg p.c./dia 90 mg/kg p.c./dia 25 mg/kg p.c./dia 75 mg/kg p.c./dia Não é teratogênico. Não é teratogênico. Não provoca efeitos na reprodução. 5 mg/kg ---------Não houve evidências de efeitos carcinogênicos. Não houve evidências de efeitos carcinogênicos. Não houve evidências de efeitos carcinogênicos. 5 mg/kg p.c./dia 5 mg/kg p.c./dia 1 mg/kg p.c./dia > 85 é excretado via urina. O 2,4-D não é metabolizado, é rapidamente excretado, com meia-vida de aproximadamente 5 horas após doseamento oral. ---------- Baseado nos diversos estudos, pode-se afirmar que o perfil toxicológico do 2,4-D não apresenta riscos seguindo as indicações de uso. *NOEL - Concentração sem efeito adverso observável. **NOAEL - Concentração sem efeito adverso observável. TOXICIDADE AGUDA A toxicidade do 2,4-D tem sido extensivamente analisada. Além disso, o 2,4-D tem passado por constantes reavaliações pelos principais órgãos normalizadores mundiais. Estudo DL50* Oral aguda - Ratos DL50* Dermal - Coelhos Irritação dermal - Ratos Irritação ocular - Coelhos Sensibilização dermal - Coelhos CL 50** inalatória - Ratos 2,4 - D Ácido 699 mg/kg p.c. > 2000 mg/kg p.c. Não irritante Irritante ocular podendo causar severa opacidade de córnea. Não sensibilizante. 1,79 mg/l EXEMPLOS DA DL 50 Substância química Álcool etílico (bebidas alcoólicas) Cloreto de sódio (sal de cozinha) Aspirina (remédio) 2,4-D ácido Cafeína Nicotina (cigarro) Toxina botulínica (contaminante alimentar) DL 50 mg i.a./kg P.V. 10.000 4.000 1.000 699 192 1 0,00001 Avaliação toxicológica realizada pela Organização Mundial da Saúde (FAO/OMS) Análises feitas nos anos 1970, 1971, 1974, 1975 e 1996, mostraram que: • Metabolismo e excreção: 85 a 94% são excretados, não metabolizados pela urina em 48 horas (é absorvido, distribuído e excretado); • Toxicidade aguda: Aminas e ésteres dos sais de 2,4-D são levemente tóxicos via oral e dermal. Apenas a formulação amina produz severa irritação ocular; • Toxicidade crônica: o resultado do estudo mostrou o NOEL estabelecido de 1mg/kg de peso corporal/dia, dose que não ocasionou efeitos adversos em um período de 2 anos; a) Carcinogenicidade: não houve evidência; b) Mutagenicidade: não são mutagênicos; c) Reprodução: não causa efeitos congênitos nem afeta o processo reprodutivo. Avaliação toxicológica realizada pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) Desde 1988 foram realizados 270 estudos visando a reavaliação de 2,4-D. Todos foram avaliados e aprovados pela EPA, não apresentando riscos para a saúde humana quando seus usuários seguem as instruções de rótulo do produto. Avaliação toxicológica realizada pela Agência Regulamentadora do Canadá A Agência Regulamentadora do Canadá (PMRA) determinou que o 2,4-D atende às rígidas normas de saúde e segurança e, como tal, pode continuar a ser comercializado e utilizado naquele país. Resumo dos estudos de ecotoxicidade O 2,4-D apresenta poucos riscos para a vida animal e organismos aquáticos. Espécies Teste Dose Resultado Micro-organismos 28 dias Algas - Selenastrum capricornutum CE50 (96 horas) 225 mg/l Minhoca - Eisenia foetida CE50 (14 dias) > 4.500 mg/l Abelhas - Apis mellifera DL50 contato > 1 ug Microcrustáceos - Daphnia similis CE50 (48 horas) > 100 mg/L 2,4 - D Ácido não afetou os ciclos do nitrogênio e do carbono. Classificação Ambiental: Classe 4 - Pouco Tóxico Classificação Ambiental: Classe 4 - Pouco Tóxico Classificação Ambiental: Classe 3 - Mediamente Tóxico Classificação Ambiental: Classe 4 - Pouco Tóxico Microcrustáceos - Ceriodaphnia dubia CENO (7 dias) > 10 mg/L ............ Peixes - Brachydanio rerio CL50 (96 horas) > 100 mg/L Peixes - Pimephales promelas (estádios embrionários) CL50 (168 horas) > 92,33 mg/L Álcool etílico (bebidas alcoólicas) CL50 Classificação Ambiental: Classe 4 - Pouco Tóxico Classificação Ambiental: Classe 3 - Mediamente Tóxico Classificação Ambiental: Classe 4 - Pouco Tóxico ............ > 4.500 mg/Kg CE50* - Concentração efetiva que causa inibição de 50% de crescimento da cultura CL50* - Dose letal 50% CENO - concentração de efeito não observado TOXICOLOGIA AMBIENTAL Uma das substâncias mais avaliadas do mundo, com 40.000 trabalhos realizados, o 2,4-D passa por constantes avaliações ecotoxicológicas. COMPORTAMENTO NO AMBIENTE COMPORTAMENTO NO SOLO 1. Degradação no solo Apenas perto de 6% do 2,4-D é deslocado da folha e chega diretamente ao solo ou é levado das plantas logo após a aplicação, sendo rapidamente degradado. Ao contato com a planta, o 2,4-D é absorvido, degradado e deslocado da superfície foliar. A mais importante forma de degradação é a microbiana. Outros fatores de degradação são: • Umidade do solo: bons níveis de umidade no solo favorecem uma maior atividade microbiana e uma degradação mais rápida; • Matéria orgânica do solo: altos níveis reduzirão movimentos da molécula através do solo de duas maneiras - o 2,4-D é absorvido na matéria orgânica, reduzindo a sua mobilidade no solo ou proporcionando maior atividade microbiana para degradar o produto na solução do solo; • Textura do solo: de forma geral, quando utilizado em solos com baixo teor de argila (sem a barreira física), o 2,4-D pode percorrer mais rapidamente o perfil do solo; • pH do solo: a atividade microbiana é otimizada em pH entre 6,5 e 8,0. Em pH menor que 6, a atividade decresce, diminuindo a degradação; • Temperatura do solo: abaixo de 10ºC e acima de 43,3ºC, a degradação microbiana cessa. 2. Persistência no solo • Resultados comprovam que é improvável que o 2,4-D atinja lençóis freáticos; • Meia-vida curta e pouco móvel no solo (6 dias em solos leves e 8, em solos com alto teor de matéria orgânica); • Profundidade máxima: até 30 cm (solos argilosos) e até 60 cm (solos com baixo teor de matéria orgânica); • Meia-vida em águas naturais é de 2 a 4 semanas ou até menos, e 1 dia em áreas de arroz irrigado; • Considerado um produto biodegradável, não é persistente no solo, água ou vegetação. Comportamento na água Um dos 6 herbicidas aprovados pela EPA para uso em ambientes aquáticos. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O 2,4-D • Primeiro herbicida seletivo sintetizado; • Mais de 40.000 estudos desenvolvidos ao redor do mundo; • Um dos herbicidas mais utilizados no mundo; • Excelente controle de plantas daninhas aliado ao custo baixo de sua utilização (relação custo-benefício altamente favorável ao agricultor); • Um dos principais meios de manejo da resistência de plantas daninhas aos diferentes herbicidas; • Reavaliação feita pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) concluiu que o produto apresenta de baixa a moderada toxicidade aguda; • Não é mutagênico, carcinogênico ou teratogênico e não causa efeitos hormonais; • Em avaliação da FAO e da Organização Mundial da Saúde, o produto apresenta baixo risco agudo para peixes, invertebrados aquáticos e algas; no ambiente terrestre, não se verificou efeitos deletérios a micro-organismos, minhocas e vertebrados e invertebrados terrestres; • A Agência Regulamentadora do Canadá (PMRA) concluiu que atende às rígidas normas ambientais e de saúde e segurança; • No Brasil, está registrado há mais de 40 anos, sendo recentemente adequado à nova legislação brasileira; • Recomendado para uso na cultura da soja pelas Comissões Oficiais de Pesquisa de Soja, das regiões Sul e Central, bem como nas áreas de Cerrado; • Além da soja, é bastante utilizado nas culturas de milho, trigo, arroz, café, cana-de-açúcar e nas pastagens; • Seguindo-se as recomendações de rótulo e com equipamentos de aplicação adequados e em bom estado de conservação, o 2,4-D não representa risco para as culturas suscetíveis próximas; • A retirada do 2,4-D do mercado significaria 413% a mais nos gastos com o controle de plantas daninhas; • As empresas Atanor, Dow AgroSciences, Adama e Nufarm têm promovido intenso treinamento para produtores, aplicadores e técnicos agrícolas, incentivando debates e disponibilizando informações técnicas sobre o assunto; • As empresas que comercializam o 2,4-D oferecem suporte completo para o uso correto do produto. 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