acolhimento ao paciente e familia na unidade coronariana

Acolhimento ao paciente e familia na unidade coronariana
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ACOLHIMENTO AO PACIENTE E FAMILIA NA UNIDADE
CORONARIANA
PATIENT AND FAMILY RECEPTION IN CORONARY CARE UNIT
ACOGIMIENTO AL PACIENTE Y A LA FAMILIA EN LA UNIDAD CORONARIA
Dulcinéia Ghizoni Schneider1, Alessandra Maria Maia Manschein2, Michelli Aparecida Bueno Ausen2,
Josiane de Jesus Martins3, Gelson Luiz de Albuquerque4
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora
do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Santa Catarina, Brasil.
2
Acadêmica do curso de Graduação em Enfermagem da UNISUL. Santa Catarina, Brasil.
3
Doutoranda pelo PEN/UFSC. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da UNISUL. Santa Catarina, Brasil.
4
Doutor em Enfermagem. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem UFSC. Santa Catarina, Brasil.
1
P A L A V R A S - C H A V E : RESUMO: Pesquisa qualitativa, realizada nos meses de abril e maio de 2006, em uma unidade
Acolhimento. Assistência ao coronariana de um hospital público, especializado em cardiologia localizado na Região Sul do Brasil.
paciente. Família. Tecnologia. Objetivou desenvolver uma proposta de implantação da tecnologia leve (acolhimento) no cuidado ao
paciente/família, com diagnóstico clínico de infarto agudo do miocárdio. A construção da proposta foi
embasada na percepção do paciente/família que vivenciaram a hospitalização na unidade coronariana.
Os atores sociais foram nove pacientes/famílias. Para coletar os dados utilizou-se a entrevista e a
observação sistemática. A análise dos dados foi fundamentada na análise de conteúdo. Os resultados
destacam duas categorias: percepção paciente/família sobre o infarto; tecnologia de cuidado. Estas
categorias favoreceram desenvolver uma proposta para usar a tecnologia leve ao paciente/família.
Para o uso efetivo desta proposta é primordial o protagonismo de todos os envolvidos no cuidado em
saúde não significando algo estanque, mas o que se pode produzir a partir desta.
KEYWORDS: User embrace- ABSTRACT: This study involves qualitative research, carried out in April and May of 2006 in a
ment. Patient care. Family. coronary care unit of a public hospital specialized in cardiology, located in Southern Brazil. It aimed
at developing a program for implanting light technology (reception) in patient/family care involving
Technology.
acute myocardial infarction clinical diagnosis, based on the perception of the patient/family that
experienced institutionalization in the coronary care Unit. The participants were nine patients/
families. Interviews were given and systematic observation was used in order to collect the data. The
data analysis was based on content analysis. The results highlight two categories: patient’s/family’s
perceptions of the infarction; and technology and care. These categories favor the development of a
proposal to use light technology in patient/family care. For the effective use of this technology, the
commitment of all those involved in health care is primordial, not as something which is tight, but
that which can be produced from this technology.
P A L A B R A S C L A V E : RESUMEN: Investigación de carácter cualitativo, realizada en abril y mayo de 2006, en una unidad
Acogimiento. Atención al coronaria de un hospital público especializado en cardiología, ubicado en una región al sur del Brasil.
paciente. Familia. Tecnología. El objetivo de este estudio fue el de desarrollar una propuesta de implantación de la tecnología leve
(acogimiento) en el cuidado al paciente/familia con diagnóstico de infarto agudo del miocardio,
basada en la percepción del paciente/familia que vivieron la hospitalización en la unidad coronaria.
Los actores sociales fueron nueve pacientes/familias. Para la recolección de los datos se utilizó la
entrevista y la observación sistemática. El análisis de los datos fue fundamentado en el análisis del
contenido. Los resultados obtenidos destacan dos categorías, a saber: la percepción del paciente/familia
acerca del infarto; y, tecnología del cuidado. Estas dos categorías contribuyeron para desarrollar una
propuesta para utilizar la tecnología leve al paciente/familia. Para el uso de esa tecnología es esencial
el protagonismo de todos los involucrados en el cuidado en salud, no significando algo estancado,
sino lo que se puede producir desde esa propuesta.
Dulcinéia Ghizoni Schneider
Endereço: R. São Francisco, 206, Ap. 602
88.015-140 - Centro, Florianópolis, SC, Brasil.
E-mail: [email protected]
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 Jan-Mar; 17(1): 81-9.
Artigo original: Pesquisa
Recebido em: 16 de julho de 2007
Aprovação final: 10 de janeiro de 2008
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Schneider DG, Manschein AMM, Ausen MAB, Martins JJ, Albuquerque GL
INTRODUÇÃO
No Brasil, de acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS) as doenças cardiovasculares são responsáveis por 16,7 milhões de mortes ao ano, com projeções para o ano de 2020 de
persistirem como causa principal de mortalidade
e incapacitação.1
Dentre as doenças cardiovasculares, estão a
doença arterial coronariana que se manifesta por
angina pectoris, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM),
insuficiência cardíaca e morte súbita; a doença cerebrovascular, manifestada por acidente vascular
cerebral hemorrágico e isquêmico, e ataque isquêmico transitório; e a doença arterial periférica, por
claudicação intermitente.2
Os comportamentos e padrões de consumo
não saudáveis dos indivíduos, contribuem para o
surgimento de doenças cardiovasculares. O tabagismo, a ingestão excessiva de alimentos não saudáveis, sedentarismo, abuso de bebidas alcoólicas
e estresse social são os principais fatores de risco
modificáveis para as doenças cardiovasculares.
Dentre as doenças cardiovasculares, neste
estudo, focaremos o IAM, pois é uma patologia
clínica de alta incidência e com taxas de óbito elevadas. Outra razão se deve ao fato desta patologia
assustar grande parte da população, em virtude da
simbologia que o coração representa e a possibilidade de morte súbita. Em virtude da magnitude
desta doença, é imprescindível a hospitalização
em uma Unidade Coronariana (UC) ou Unidade
de Terapia Intensiva (UTI).3
A implicação do diagnóstico precoce para o
manejo clínico, indica que o paciente portador de
IAM deve ser hospitalizado em um ambiente com
monitorização eletrocardiográfica contínua e capacidade de desfibrilação. A prioridade mais urgente
da avaliação precoce é identificar pacientes com
IAM, que devem ser considerados para terapia de
reperfusão imediata (fibrinólise coronária com o uso
de fibrinolíticos ou angioplastia primária) e para reconhecer outras causas potencialmente catastróficas
de morte súbita, ou de dissecção aórtica.3
Dentre os cuidados em saúde prestados ao
paciente hospitalizado em uma UC, em virtude do
quadro de IAM, e a sua família, o uso das tecnologias relacionais é imprescindível, pois proporcionará acolhimento ao paciente e a sua família.
As tecnologias relacionais são consideradas
tecnologias leves, as quais podem gerar alterações
significativas no modo de se trabalhar em saúde
“[...] sob uma ótica analisadora pautada pela ética
do compromisso com a vida e expressa em ato
nas dimensões assistenciais do trabalho vivo em
saúde, como a relação de acolhimento, a criação
do vínculo, a produção da resolutividade e a
criação de maiores graus de autonomia, no modo
das pessoas andarem na vida”.4:73 Pode-se dizer
então, que as tecnologias relacionais “são operações sobre os modos de viver, sobre as possibilidades de vida. [...] Dessa forma, ao produzirem
sujeitos, as tecnologias são edificações que tomam
o corpo e a vida como objeto tecnocientífico, no
contemporâneo, no intuito de transpor aquilo
que tornou o humano objeto de conhecimento: a
finitude. Irrompe, no campo da saúde, por meio
de políticas públicas, a necessidade premente de
humanização dos sistemas de saúde face aos mecanismos tecnocientíficos da saúde”.5:465-6
Como tecnologia relacional, primando pela
melhoria dos serviços de saúde, destaca-se neste
estudo o acolhimento. O acolhimento visa à escuta,
a valorização das queixas do paciente/família, a
identificação das suas necessidades, o respeito às
diferenças, enfim é uma tecnologia relacional permeada pelo diálogo. O diálogo é uma conversação
entre duas ou mais pessoas na qual existe envolvimento, escuta e percepção recíproca, para que a
interação ocorra de forma genuína, estabelecendose, por conseguinte, uma relação. Nessa relação
sempre nos deparamos com o outro, “[...] um
diferente que vai nos causar certo estranhamento
e desencadear um olhar para dentro e para fora
muito dinâmico da própria imagem de cada um
dos envolvidos; uma expressão por meio de um
discurso, de gestos e de ações práticas. É nessa relação que nos construímos e re-construímos como
sujeitos no mundo”.6:4
Ao acolher, permitimos o encontro, o estar
presente, o relacionamento, a criação de vínculo
entre a família/paciente (usuários) e trabalhadores
da saúde. O acolhimento gera as relações humanizadas entre quem cuida e quem é cuidado, pois
é uma ferramenta tecnológica imprescindível no
cuidado em saúde. A incorporação do acolhimento, como tecnologia leve, no cuidado em saúde
pelos trabalhadores deste setor, tende a sedimentar
um trabalho de qualidade e com relações mais
horizontalizadas. As tecnologias leves são as relacionadas com o conhecimento da produção das
relações entre estes sujeitos.7
Enquanto tecnologia leve, tanto o acolhimento quanto o acesso, precisam deixar de ser
problemas de recepção, tornando-se de fato, objeto
da prática de toda a equipe de saúde. O estabeleciTexto Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 Jan-Mar; 17(1): 81-9.
Acolhimento ao paciente e familia na unidade coronariana
mento de vínculos entre trabalhadores da saúde e
usuários requer responsabilidade e compromisso
com as necessidades que os usuários apresentam.
É no encontro do trabalho vivo (trabalho em ato)
com o usuário, que se expressam componentes
vitais da tecnologia leve do trabalho em saúde: as
tecnologias articuladas à produção dos processos
de interseção e as tecnologias das relações que se
dão através das práticas de acolhimento, vínculo
e “autonomização”.7
O acolhimento pode, analiticamente, evidenciar as dinâmicas e os critérios de acessibilidades
que os usuários utilizam para satisfazerem as
necessidades de saúde. Porém, quando o acolhimento é ignorado, não há produção de responsabilização com o usuário, pois o acolhimento propõe
principalmente reorganizar o serviço, no sentido
da garantia do acesso universal, resolutividade e
atendimento humanizado.8
É relevante estabelecer vínculo de confiança
entre trabalhadores da saúde com paciente/família. Quando não ocorre a cumplicidade entre ambos, pode dificultar a terapêutica proposta. Nossa
meta de cuidado acolhedor não deve deter-se na
doença, deve transcender os aspectos biológicos e
valorizar a cultura, nível sócio-econômico, crenças
e valores adquiridos ao longo da história de vida
de cada ser. Pois, no campo da saúde o objetivo
não é a cura, ou a promoção e proteção da saúde,
mas a produção do cuidado, que é de fato o foco
a que se quer chegar.7
Para acolher é necessário ser acolhido, reorganizando o próprio processo de trabalho em
saúde cujas ações ainda são centradas no modelo
biomédico. O paciente/família precisa sentir-se
seguro, confortável e amparado pela instituição,
pois assim o mesmo mantém sua autonomia/
cidadania e oportunidade de expressão.
O acolhimento é uma ação técnica-assistencial
que pressupõe a mudança da relação profissional/
usuário e sua rede social através de parâmetros
técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade,
reconhecendo o usuário como sujeito e participante
ativo no processo de produção da saúde.9
O acolhimento é uma estratégia de mudança
do processo de trabalho em saúde, buscando alterar as relações entre trabalhadores e usuários e
dos trabalhadores entre si, humanizar a atenção,
estabelecer vínculo/responsabilidade das equipes
com os usuários, aumentar a capacidade de escuta
às demandas apresentadas, resgatar o conhecimento técnico da equipe de saúde, ampliando a
sua intervenção.7
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Compreendemos que para efetivar o acolhimento, na prática, a equipe de saúde deve estar
apta a estabelecer uma relação humanizada com
o paciente/família. E, para que a equipe de saúde
tenha essa capacidade é necessário que ela (equipe)
também seja acolhida.
O cuidado de enfermagem em uma UC, não
deve ficar restrito à objetividade do ser doente,
acredita-se que os familiares dos doentes também
são nossos clientes e necessitam de cuidados para
enfrentar, de maneira menos difícil, a experiência
da hospitalização. Além disso, para que o ato de
cuidar não se restrinja ao aspecto físico, à objetividade do ser doente ou de seu familiar, se faz necessário à utilização de acolhimento e de vínculo.7
“Acolher significa oferecer ou obter refúgio,
proteção, ou conforto físico; proteger(-se), abrigar(se), amparar(-se)”.10:259 Acolher significa receber,
recepcionar e, também, aceitar o outro como sujeito de direitos e desejos e como co-responsável
pela produção da saúde, tanto na perspectiva
individual como do ponto de vista coletivo.10
O acolhimento é um processo contínuo e não
apenas uma etapa do atendimento que se dá nas
portas dos serviços de saúde. Deve envolver todos
os trabalhadores da saúde nas diferentes áreas de
atuação, pois a hospitalização representa, para
muitos, um momento de fragilidade e de medo,
pois além do sofrimento e sensação desagradável
e da insegurança que a doença ocasiona, este irá
necessitar da atenção de um conjunto de trabalhadores da saúde para intervir no processo e garantir
a solução do mesmo. Nesse momento de fragilidade, esse indivíduo torna-se um depositário dos
saberes estruturados da equipe, sendo tratado de
forma impessoal e muitas vezes descompromissada, sendo que, para mudar essa situação, é necessário qualificar “a relação trabalhador-usuário,
que deve dar-se por parâmetros humanitários de
solidariedade e de cidadania”.8: 347
O acolhimento é condição fundamental
para o diálogo, para o encontro entre trabalhador
e usuário. Acolher significa tentar compreender
o que estes nos dizem, que se traduz em saber
ouvir. O ouvir favorece o diálogo, principalmente
se a alteridade for considerada, resguardada. No
entanto, a diferença é o contorno da alteridade. É
necessário haver no cuidado em saúde em especial,
no acolhimento, a conjugação da identidade e da
diferença. “O outro é alguém essencial em nossa
existência, no nosso próprio agir. Ele se torna alguém necessário, alguém imprescindível para a
própria compreensão de mim mesmo”.11:160-1
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O relacionamento interpessoal entre os
trabalhadores da saúde e paciente/família deve
ser considerado na sua totalidade, pois o estado
emocional destes pode, na maioria das vezes,
estar tão comprometido quanto o seu físico. É
necessário que os trabalhadores da saúde demonstrem não só os conhecimentos técnicos
e científicos mas, também, habilidade e sensibilidade ao lidar com situações de sobrecarga
emocional, o que requer solidariedade. Usar tais
ferramentas seria colocar em prática as tecnologias relacionais, ou seja, responsabilizar-se pelo
outro, pelo cuidado humanizado.
A crise na saúde reflete-se no atendimento
oferecido à população, cujos traços mais evidentes
são a impessoalidade e o descompromisso dos trabalhadores da saúde. É necessário alterar essa forma de trabalhar e produzir ações para minimizar
o sofrimento do usuário.4 A falta de compromisso
dos trabalhadores de saúde com o sofrimento dos
usuários, a baixa capacidade resolutiva das ações
de saúde, a intensa desigualdade no atendimento dos diferentes estratos econômico-sociais e o
privilegiamento dos cidadãos, que podem pagar
altos preços pelos serviços de saúde, públicos e
privados geram a desumanização dos serviços
em relação à clientela. Uma estratégia que pode
possibilitar minimizar as situações acima referidas
poderia ser a efetivação do acolhimento, tanto para
o trabalhador como para o usuário.7
Valorizar as tecnologias relacionais e re-significar a atenção em saúde devem ser os objetivos
a serem atingidos para aqueles que almejam a humanização do cuidado em saúde, o que implicará
também na re-significação do papel dos trabalhadores e usuários deste segmento, dando vazão
à subjetividade de ambos. Quando se valoriza
estas questões, favorecemos a horizontalização de
nossas ações, incluindo trabalhadores, usuários e
gestores em todo o processo de produção dos serviços de saúde. Assim, os saberes/conhecimento
do outro tende a ser valorizado.
Diante destas concepções vislumbra-se a prática da enfermagem como profissão centrada nas
relações humanas, nas relações de cuidado humano, cuidado este realizado por ações intersubjetivas mediais nos seres humanos. Assim sendo, este
trabalho teve como eixo norteador o acolhimento,
concebido como tecnologia leve que incorpora o
acesso, escuta, diálogo, vínculo e o respeito as
diferenças. Para guiar a realização do mesmo, foi
traçado como objetivo desenvolver uma proposta
de acolhimento para o paciente com IAM e sua
família a partir da percepção dos mesmos quanto
ao enfrentamento dessa situação.
METODOLOGIA
Nesse estudo, foi utilizada a pesquisa do
tipo exploratória e descritiva com abordagem
qualitativa.
O local de realização foi uma UC de um
hospital público especializado em cardiologia
localizado na Região Sul do Brasil.
Os atores sociais do estudo foram nove
pacientes com diagnóstico de IAM e seus respectivos familiares (nove) os quais aceitaram
participar do estudo, mediante a assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Como critério de inclusão foi estabelecido para o
paciente estar hospitalizado na UC com diagnóstico clínico de IAM e aceitar participar do estudo
e, para a família, ser aquele indivíduo que permanecesse o maior período na UC com seu ente
independente do grau de parentesco, aceitando
livremente participar do estudo.
A pesquisa foi fundamentada nas normas
e diretrizes que regulamentam a Pesquisa envolvendo Seres Humanos, conforme resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Recebeu
parecer favorável da instituição na qual se desenvolveu a pesquisa sob o Nº 09/2006, bem como
do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
do Sul de Santa Catarina.
Para preservar a privacidade dos sujeitos do
estudo (paciente/familiares), optou-se por utilizar
pseudônimos com nomes de pedras preciosas
para ambos (Pérola, Rubi, Brilhante, Diamante,
Topázio, Ônix, Quartzo, Cristal e Citrino) na apresentação das falas.
A coleta de dados foi realizada através de
entrevista semi-estruturada com o paciente/familiares e observação sistemática.
O roteiro da entrevista foi constituído de
perguntas abertas, tais como: significado de hospitalização; experiência anterior com hospitalização; papel da família na internação, cuidados que
recebem durante a hospitalização e compreensão
sobre acolhimento. As entrevistas foram realizadas após 48 horas de hospitalização do paciente
na UC a beira do leito. Já com os familiares foram
realizadas na ante-sala da UC após horário de
visita ou nas primeiras horas após a hospitalização. Para encerrar a coleta de dados optou-se pela
saturação dos mesmos.
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Acolhimento ao paciente e familia na unidade coronariana
A observação sistemática foi guiada por tópicos, os quais eram registrados: características do
ambiente físico no qual são repassadas as orientações aos familiares; expressões corporais e reações
dos familiares ao receberem informações da equipe
de saúde e expressões corporais e reações do paciente ao receber informações da equipe de saúde.
Utilizamos como referencial metodológico
analítico dos dados a análise de conteúdo.12 O
método de análise de conteúdo é indicado no
estudo das motivações, atitudes, valores, crenças,
tendências. Assim foi feito primeiramente uma
pré-analise dos dados coletados nas entrevistas
para seguidamente realizar a categorização. As
categorias centrais são apresentadas da seguinte
forma: percepção do paciente e família frente ao
diagnóstico de IAM; percepções do paciente e
família sobre o acolhimento; e, proposta de implantação do acolhimento na UC.
RESULTADO E ANÁLISE DOS DADOS
Apresentamos inicialmente a caracterização
dos atores sociais participantes do estudo.
Referente à idade dos pacientes internados
na UC com IAM, houve uma prevalência das
faixas etárias de 61-70 anos e de 71-80 anos com o
mesmo percentual de 37%. A idade prevalente no
estudo é considerada como um fator de risco nãomodificável e, aproximadamente 80% dos infartos
agudos do miocárdio fatais, ocorrem em pacientes
com idade igual ou superior a 65 anos.3
O evento coronariano predominou em
pacientes do sexo masculino (8), o que vem
em concordância com a literatura pesquisada.
A ocorrência de doença arterial coronariana é
cerca de três a quatro vezes mais freqüente nos
homens do que nas mulheres até os 55 anos. Após
esta idade, aumenta o risco para as mulheres em
conseqüência da menopausa.3
Dentre os fatores de risco modificáveis, a
hipertensão arterial sistêmica teve maior destaque,
seguida de diabetes mellitus e tabagismo na mesma
prevalência.
Os familiares que participaram do estudo
em sua maioria eram do sexo feminino, com idade
variando de 34 a 80 anos.
Percepção do paciente e família frente ao
diagnóstico de IAM
A experiência do IAM é vivenciada de forma individual, podendo variar de paciente para
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paciente. Diante desta percepção, compreende-se
a importância da acolhida, que tem por objetivo
tornar ainda mais cordial e caloroso o relacionamento entre a equipe de saúde, o paciente e sua
família criando assim, um vínculo de confiança.
Quando respeitamos a individualidade dos sujeitos que cuidamos, humanizamos nosso trabalho e
nos humanizamos também.13
Quando a internação hospitalar acontece de
forma súbita e inesperada, como na ocorrência do
IAM, pode ocasionar no paciente e família medo,
insegurança, sofrimento, entre outros sentimentos. Adoecer do coração, na maioria das vezes,
desencadeia sofrimento emocional vinculado ao
medo da morte, da invalidez, do desconhecido, da
solidão como, também, depressão e angústia.
Neste sentido, a mudança na rotina do paciente, que na maioria das vezes se encontrava
ativo e inserido socialmente, pode gerar sofrimento. Ao deparar-se com o diagnóstico de IAM
e com a internação na UC, tal sofrimento tende a
agravar-se. Na UC, o paciente, se vê em um ambiente desconhecido onde o contato com a família
fica restrito, gerando sensações de ansiedade e
estresse. Destaca-se também, que por defrontar-se
com o seu coração em “mau funcionamento”, os
pacientes que são acometidos pelo IAM muitas
vezes ficam assustados por estar vivenciando tal
situação. As falas a seguir evidenciam esses sentimentos frente ao diagnóstico do IAM.
Mudou toda a rotina na minha vida. Vou ter que
seguir regras: medicação, jeito de agir e alimentação
(Pérola).
Me deu remorso de não me cuidar direito. Nunca
vim para um hospital. Fiquei assustado (Rubi).
Pedi para Deus do céu me acudir (Topázio).
Fiquei apavorada e entrei em pânico (Pérola).
Esses sentimentos são fatores importantes
nas pessoas que apresentam IAM, e estão relacionados ao receio de morte iminente. No entanto,
percebemos que apesar dos sentimentos de medo
e insegurança vivenciados pelo paciente, este ainda acredita que existe a oportunidade de buscar
a saúde: estou procurando a saúde. No hospital ou a
gente vem visitar ou se internar (Brilhante).
Independente de ter uma doença ou enfermidade, é fundamental que as pessoas busquem
constantemente a saúde e, apesar de estar em
uma situação crítica, a possibilidade de manter a
capacidade para agir, de não se tornar dependente
e de manter a autonomia impulsiona o paciente a
enfrentar o estado atual como uma alternativa de
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rever seu estilo de vida e adotar hábitos saudáveis
para evitar um novo evento cardíaco.3
As definições do que constitui saúde e doença variam entre os diferentes indivíduos, famílias,
grupos culturais e classes sociais. Na maioria dos
casos, a saúde é vista como algo muito além da
ausência de sintomas desagradáveis.14
Algumas pessoas consideram a saúde como
um valor que deve ser continuamente preservado
enquanto outros a consideram como uma capacidade para agir, demonstrando que o significado
de saúde vem se ampliando.3
A busca pela saúde dos pacientes que tiveram um IAM, passa necessariamente, pela revisão
e mudança nos hábitos, tais como alimentação,
atividade física, maneira como enfrenta um problema, entre outros. Tal fato é exemplificado pelas
idéias: vou ter que fazer uma readaptação na minha
vida (Quartzo); sei que vou ter que mudar a alimentação e moderar no esforço físico (Cristal).
Por se tratar de um momento difícil para a
família, a internação do paciente em uma UC, gera
sentimentos de angústia, desespero e preocupação frente ao diagnóstico de IAM. Os familiares
expressam esses sentimentos: foi um susto bem
inesperado (Familiar de Pérola); fiquei passada e
apavorada (Familiar de Quartzo); fiquei preocupado,
sem explicação. Tenho vários casos na família de parentes que se foram por causa de problema no coração
(Familiar de Ônix).
Diante disto, surge em algumas situações
a negação da doença, como uma “proteção” da
realidade vivenciada, sentimentos esses que os
familiares experienciam, e que emergem de situações difíceis que acompanham essa internação,
tais como a possibilidade de morte do paciente.
Ao enfrentar a situação dolorosa de internação
de um familiar na terapia intensiva, é que a família se depara com a possibilidade da morte. A
família pode perceber que seu ente querido pode
deixar de estar próximo.
Percepções do paciente e família
sobre o acolhimento
A conceituação do acolhimento passa, necessariamente, por uma reflexão sobre o processo
de trabalho em saúde. Os serviços de saúde, ao
contrário de outros serviços, têm como marca a
necessidade de reconhecer o usuário como sujeito e participante ativo na produção da saúde. É
desejável que o sentido de acolher ultrapasse as
fronteiras da relação equipe/usuários e comece
a permear as relações dentro da própria equipe,
criando assim ambientes mais acolhedores.4
Os pacientes entrevistados definiram acolhimento como: apoio, uma pessoa auxiliar a outra,
ser bem atendido, ajuda que vai dar ao paciente.
Isso fica evidenciado através das falas: ser bem
atendido. Alguém que responda aos questionamentos
ou que de informações (Quartzo); é uma pessoa auxiliar
a outra (Citrino); acolher outras pessoas. Receber as
pessoas como deve ser (Diamante); apoio (Cristal).
Dessa forma, “acolher” não significa a resolução completa dos problemas referidos pelo
paciente, mas a atenção dispensada na relação,
envolvendo a escuta, a valorização de suas
queixas, a identificação de necessidades, sejam
estas de âmbito individual ou coletivo. Acolher
significa utilizar as tecnologias relacionais no
cuidado em saúde.
A internação em uma UC é sempre considerada como um momento difícil, pois adoecer
do coração, na maioria das vezes, desencadeia
sofrimento emocional vinculado ao medo. Nesse
momento a família é de vital importância para o
paciente. Afinal, é a família que dá suporte nos
vários momentos de sua vida e, com a hospitalização na UC, priva-se o convívio ou contato
prolongado entre estes, devido, principalmente,
às rotinas impostas pela instituição.* Os pacientes
expressam essa importância: o amparo da família é
muito importante. Ela é à base de tudo. Sem esse apoio
o paciente afunda (Cristal); é muito bom. A família
vindo visitar, ajuda a gente melhorar (Brilhante); é
tudo na vida, a família é o principal (Rubi); é muito
importante. As minhas filhas estão sempre perto de
mim tenho todo o apoio (Quartzo).
Na maioria das vezes, a internação do
paciente acometido pelo IAM acontece súbita e
inesperadamente desencadeando assim, angústia,
depressão medo do desconhecido e da solidão.
Nessa perspectiva, esses sentimentos podem ser
evitados se houverem orientações quanto ao significado da sua doença, mantendo o paciente bem
informado e escolhendo palavras apropriadas e
de fácil entendimento que possam contribuir para
a melhora do quadro clínico.
* Nascimento ERP. Acolhimento no espaço das relações na unidade de terapia intensiva. 2003. Projeto para qualificação no Doutorado em Filosofia da Enfermagem – Departamento de Enfermagem – Curso de Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis.
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Acolhimento ao paciente e familia na unidade coronariana
Se preconizarmos um cuidado acolhedor, se
torna primordial também a atenção com o familiar/acompanhante que disponibiliza seu tempo
para acompanhar o tratamento de seu ente. Para
isso se fazem necessárias condições humanizadas para o acolhimento desses acompanhantes,
como local adequado para realizar sua higiene
e conforto, refeições, assistência social e psicológica. É necessário também, propiciar condições
ao trabalhador para o exercício de suas funções,
sendo estas de caráter educativo e financeiro e
valorização profissional.
Acreditamos ser fundamental envolver/
incluir a família no processo de acolhimento,
pois esta se encontra num momento de incertezas
quanto ao estado de saúde de seu ente. É neste
contexto que a família percebe o acolhimento
como sendo algo essencial e de extrema importância, criando assim um vínculo de confiança e
acreditando que está entregando o seu familiar
em boas mãos. Os familiares definiram acolhimento como: acolher a família em relação à doença
do paciente, fornecendo informações para confortar
ambos (Familiar de Cristal); é aquele momento em
que você se sente em casa ou cercado por pessoas boas
e atenciosas (Familiar de Brilhante); ser bem tratado,
ser bem cuidado (Familiar de Rubi); ser bem atendido.
Alguém que responda aos questionamentos ou que dê
informações (Familiar de Quartzo).
O contato com a família pode mobilizar emoções agradáveis, bem como facilitar a assistência
prestada ao paciente. Ao serem passadas as informações a respeito do estado de saúde do paciente,
percebemos o alívio e a segurança dos familiares
pela assistência proporcionada, onde conseguiram
expressar suas dúvidas e preocupações, criando
um elo de confiança entre equipe/família.
No momento de crise, ao enfrentar a situação dolorosa de internação de um familiar, é
que a família necessita de um membro da equipe
que possa lhe auxiliar. Ao dar informações ou
ao simples fato de estar aberta para ouvir os familiares, a enfermeira pode diminuir a angústia
sentida por eles.
O acolhimento é um instrumento de trabalho que incorpora as relações humanas e deve ser
integrado por todos os trabalhadores de saúde
em todos os setores do atendimento. Assim, não
se limita ao ato de receber, mas a uma seqüência
de atos e modos que compõem o processo de
trabalho em saúde.7 O objetivo maior da incorporação do acolhimento no processo de trabalho em
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saúde é regular o acesso e permitir e/ou facilitar
a abertura dos serviços com responsabilização de
todos (trabalhador da saúde, gestores, pacientes
e familiares). O Acolhimento surge assim como
uma estratégia para promover mudanças na organização do processo de trabalho visando ampliar
o acesso à assistência integral.
A tecnologia pode, em alguns momentos,
comprometer a humanização hospitalar, em
especial nas UC, pois o cuidado passa a assumir
características cada vez mais especializadas e
complexas e menos caritativas, característica
do trabalho realizado durante muitos anos por
religiosos e voluntários. Reforçam que a humanização parece não acompanhar o avanço tecnológico assim como a complexidade e satisfação da
assistência. A humanização, como tecnologia leve
de cuidado, vai além de um ambiente hospitalar
adequado, passando pela sociedade, instâncias
políticas, econômicas, tecnológicas e pela organização do trabalho.13
Proposta de acolhimento ao paciente com
IAM e sua família em uma UC
Um grande desafio hoje encontrado é estimular e incentivar de modo realmente produtivo
e claro, o trabalhador da saúde, dentro da esfera
hospitalar, no sentido de capacitá-lo para o uso
de suas potencialidades como também, para que
utilizem na prática ações acolhedoras.15
A partir dessas pressuposições e da pesquisa realizada com os pacientes e familiares, viu-se
a necessidade de se construir uma proposta de
acolhimento na UC, tendo como base a Cartilha
da Política Nacional de Humanização: HumanizaSus do Ministério da Saúde.9 O acolhimento
não é um espaço ou um local, mas uma postura
ética onde implica compartilhamento de saberes,
necessidades, possibilidades, angústias e invenções, ou seja, o envolvimento de uma equipe multiprofissional encarregada da escuta e resolução
dos problemas do usuário.9
Uma proposta de humanização deve contemplar estratégias para melhorar o ambiente,
a atenção ao paciente, aos familiares e à equipe profissional. No Quadro 1, apresentamos a
proposta de acolhimento ao paciente e família,
construída com base na percepção destes sobre a
importância da aproximação da equipe de saúde
com o paciente e família quando da necessidade
de internação em uma UC.
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Schneider DG, Manschein AMM, Ausen MAB, Martins JJ, Albuquerque GL
Quadro 1: Proposta de acolhimento ao paciente e família na UC. Florianópolis – SC, 2006.
Etapas do acolhimento
Ações
Sujeito da ação
Acesso
Receber o paciente.
Prestar os cuidados necessários, proporcionando segurança ao
paciente.
Aproximar-se da família, confortando-a e esclarecendo as normas e rotinas da instituição.
Adequar o ambiente de forma que os familiares tenham conforto
enquanto aguardam informações.
Equipe de saúde
Escuta
Incentivar paciente e familiar a questionarem sobre suas dúvidas,
iniciando a educação em saúde desde a internação.
- Estabelecer uma relação de confiança na qual o paciente e
família sintam-se seguros e que possam expressar suas dúvidas,
medos e angústias.
Equipe de saúde
Diálogo
Orientar a família sobre o que está acontecendo com o paciente,
enfatizando que tudo está sendo feito para manter a sua saúde
usando palavras de fácil compreensão.
Equipe de saúde
Apoio
Oferecer apoio e conforto ao paciente e família.
Orientar a família sobre as condições do paciente antes da visita.
Identificar as necessidades de informação e amparo do paciente
e família, buscando ajudá-los a satisfazer tais necessidades.
Equipe de saúde
Vínculo
Orientar sobre os benefícios do tratamento e as complicações
que podem ocorrer.
Enfermeiro da unidade
Flexibilizar o horário da visita quando houver necessidade.
Estar aberto ao outro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolver o presente trabalho considerando a importância do acolhimento ao paciente com
IAM e sua família, foi instigante para nós, pois sendo uma situação grave que acomete um número
significativo de indivíduos e pelo simbolismo que
o coração representa, compreendemos que os sentimentos de medo, incertezas e angústias devem
ser amenizados pela equipe de saúde através da
escuta, diálogo, apoio e vínculo.
Diante disso, o paciente percebe que a hospitalização é um momento difícil, onde sentimentos
de medo e incertezas quanto ao seu futuro são
vivenciados. Muitas vezes, por não saber o que
está acontecendo, o paciente fica assustado por
estar num ambiente estranho rodeado por equipamentos e máquinas que alarmam a todo instante.
Percebem também, que o abrupto afastamento de
seu convívio familiar implica em mudanças no seu
cotidiano, bem como a necessidade de mudanças
de hábitos daqui para a frente.
A família também reconhece que a hospitalização de um ente querido é um momento difícil,
e que muitas vezes sente-se desamparada com
poucas informações acerca do estado de saúde do
seu familiar, assustada com a situação, onde medo
e angústia se defrontam com o desconhecido.
Entendemos que o ambiente de uma UC
é visto como um gerador de sentimentos como
o estresse, ansiedade, angústia e medos para o
paciente e o familiar.
Neste contexto, percebemos a importância
do cuidado integral ao paciente e a família, já que
ambos experienciam os mesmos sentimentos. A
partir da percepção do paciente e família, vimos a
necessidade de desenvolver uma proposta de acolhimento para o paciente com IAM e sua família,
através da escuta, diálogo, apoio e vínculo.
A noção de acolhimento pode ser compreendida como um processo de cuidado ético que pode
ser realizado por qualquer membro da equipe
de saúde, pois adotar uma proposta de acolher
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 Jan-Mar; 17(1): 81-9.
Acolhimento ao paciente e familia na unidade coronariana
os pacientes e seus familiares em uma condição
crítica de saúde como o IAM demonstra comprometimento do cuidado com o outro.
Com os resultados obtidos e ao aprofundarmos os estudos, colocando em prática o acolhimento, pudemos perceber o quanto é essencial
o apoio da equipe de saúde ao paciente e sua
família frente ao diagnóstico de IAM. Ressaltamos
também, que é importante a inclusão e o apoio à
equipe de saúde no processo de acolhimento e
sugerimos que o próximo passo, seja a realização
de trabalhos voltados aos trabalhadores para a
efetivação desta tecnologia, mediando assim a
humanização do cuidado.
Acreditamos que essa proposta deve ser
colocada em prática, devido ao grau de satisfação
dos pacientes e família ao serem acolhidos por
nós. Percebemos que após o cuidado prestado,
os pacientes e familiares sentiam-se aliviados ao
saberem que podiam contar com o nosso apoio.
Concluímos que para que o acolhimento se
concretize é necessária a participação da equipe de
saúde como parte integrante deste processo, haja
vista a importância da equipe de saúde sentir-se
acolhida para então acolher. Todos precisamos
ser cuidados e o cuidado do ser humano integral
reflete na preservação da vida no nosso planeta.
O acolhimento seria o resgate da missão dos
serviços de saúde, a valorização da vida, a valorização das relações no ato/encontro do cuidado em
saúde, a mudança no modo como a assistência em
saúde é oferecida ao usuário e trabalhador. A base
para estas mudanças poderá advir da alteração das
relações entre trabalhador e usuário, utilizando-se
da linguagem/diálogo.
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Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 Jan-Mar; 17(1): 81-9.
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7 Merhy EE. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São
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