1 FREIO MAGNÉTICO PENDULAR Jorge Roberto Pimentel+ ([email protected]) Vitor Hélio Zumpano+ Paulo Yamamura++ + Departamento de Física – IGCE - UNESP - Campus de Rio Claro ++ FATEC-SP 1. Introdução Um método macroscópico muito utilizado para se determinar se um material é ferromagnético consiste em observar se ocorre atração, quando se coloca o material em contato com um imã permanente. O alumínio e o cobre, por exemplo, não são materiais ferromagnéticos (o alumínio é classificado como paramagnético enquanto que o cobre diamagnético) e, portanto, seus átomos não possuem momento magnético permanente. Normalmente quando são colocados na presença de um imã permanente, não se observa qualquer efeito macroscópico entre eles. Isso pode ser mostrado tentando-se elevar, com auxílio de um imã, um pedaço de alumínio ou de cobre. Verifica-se que nada acontece. Embora esses materiais não exibam efeitos magnéticos macroscópicos quando interagem estaticamente com um imã, se houver movimento relativo entre eles, o resultado pode ser surpreendente. Duas formas de se visualizar resultados inesperados dessas interações são observar o movimento de um pêndulo imerso num campo magnético e o deslizamento de um imã num plano inclinado. 2. Pêndulo imerso num campo magnético Para obter o campo magnético necessário ao funcionamento do pêndulo, devem-se utilizar duas metades da armadura (polaridades magnéticas N e S), não sendo necessário descolarem-se os imãs. Elas devem ser presas frente a frente num suporte que dê estabilidade mecânica ao conjunto todo. Para prendê-las, pode-se usar pequenos suportes no formato de “L” e que permitam ajustar o espaçamento entre os imãs, conforme mostrado na figura 4.1. A separação entre os imãs N e S foi ajustada em 1 cm, distância suficiente para que o núcleo do pêndulo passe por entre eles sem colidir. 2 Fig. 4.1- Disposição das placas com imãs de NIB na base do pêndulo O núcleo do pêndulo deve ser feito com material metálico não magnético tal como alumínio, latão ou cobre. Sua haste preferencialmente deve ser feita de um material leve e não ferromagnético A haste deve ser fixada num suporte que permita sua livre movimentação pendular e seu comprimento ser ajustado para que o núcleo oscile na região interior ao campo magnético. A figura 4.2 mostra, na esquerda, um suporte retirado do HD com duas pastilhas de imãs NIB coladas. Na direita da figura, vê-se a massa do pêndulo que foi obtida a partir da sucata de um dissipador de alumínio para transistores. Essa solução possibilita verificar a influência da área superficial da massa do pêndulo, na interação com o campo magnético. Para possibilitar que a massa do pêndulo pudesse ser facilmente substituída durante a demonstração, fixamos com massa epóxi no eixo do pêndulo a sucata de um conector de placas de computador. Fig 4.2 Suporte com duas pastilhas de imãs NIB (esquerda); massa do pêndulo, feita com um dissipador de alumínio para transistores, metade sólida e metade denteada (direita). A figura 4.3 mostra o detalhe da fixação do pivot da haste do pêndulo. Ele foi feito embutindo-se dois pequenos rolamentos, retirados da cabeça de leitura/gravação, num tubo de alumínio. Com essa técnica o atrito é sensivelmente diminuído, além da haste ficar isenta de movimento lateral. 3 Um parafuso de diâmetro adequado possibilitou prender o conjunto em duas barras laterais, fixadas numa sólida base que propiciou boa estabilidade mecânica à montagem, permitindo sua confortável manipulação. Fig. 4.3 Detalhe da fixação do pivot do eixo, que utilizou pequenos rolamentos retirados da cabeça de leitura/gravação do HD A figuras 4.4 mostra as duas possíveis maneiras de montar a massa do pêndulo: com a superfície da placa denteada ou sólida pronta para “cortar” as linhas de campo dos imãs. Fig. 4.4 - O pêndulo sendo lançado com a superfície da massa denteada ou sólida Para verificar o efeito de frenagem do movimento pendular, deve-se afastar o pêndulo da sua posição de equilíbrio e soltá-lo. Ele inicia o movimento oscilatório, porém ao cortar as linhas do campo magnético gerado pelos imãs esse movimento é alterado, em função da interação da área superficial da massa com o campo magnético. O pêndulo diminui visivelmente a amplitude de 4 oscilação e pode até mesmo ser bruscamente freado, dependendo da massa apresentar a superfície denteada ou não. 3. Porque o pêndulo é freado e pára De uma maneira simplificada, o que ocorre pode ser explicado em termos das leis de Farady e de Lenz, assuntos esses que podem ser verificados, com mais detalhes, em bons livros de Física destinados ao ensino médio. A lei de Faraday estabelece que a variação do fluxo magnético (devido ao movimento relativo dos imãs) na área da superfície condutora de cobre (que é perpendicular ao fluxo e cujo contorno é fechado), provoca o surgimento de forças eletromotrizes induzidas. Isso faz com que circulem correntes elétricas induzidas, na área que está instantaneamente sob ação do campo magnético. Em conformidade com a lei de Lenz, o sentido de circulação dessas correntes é tal que elas tendem a anular o efeito que as produziu. No caso, o efeito que produz tais correntes é a passagem da placa de alumínio através das linhas de campo do imã. As correntes aparecem, então, em cada face da placa, num sentido tal que provocam, localmente, o surgimento de um campo magnético cuja polaridade magnética é contraria à do imã que está à sua frente (N ou S). Em conseqüência, ocorrerá atração entre as superfícies da placa e cada um dos dois imãs, o que faz com que o pêndulo deixe de oscilar. Se as correntes induzidas nas faces do pêndulo não forem suficientemente intensas, de modo que a componente da força peso na direção do movimento seja anulada (ou bastante diminuída) pela força magnética atrativa, o efeito pode não ser percebido. Com a redução da área superficial, o efeito da frenagem diminui drasticamente e pode mesmo deixar de ser percebido, passando o pêndulo a oscilar quase livremente.