SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA SOBRATI MESTRADO PROFISSIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: SKIN TEARS: UMA REVISÃO DE LITERATURA E RECOMENDAÇÕES PARA PREVENÇÃO NA PRÁTICA CLÍNICA Autora: Olinda Tardelle de Oliveira Orientadoras: Ms Karina Chamma Di Piero Ms Francisca A F. Rocha RIO DE JANEIRO AGOSTO/2013 RESUMO: Skin tears é o nome em inglês para rasgos de pele, um tipo de ferida de ordem traumática que acomete principalmente as extremidades dos idosos e está relacionada à fragilidade da pele nesta faixa etária. Estas lesões em geral são muito dolorosas e, portanto podem gerar sofrimento no idoso. As taxas de incidência de skin tears ainda não estão bem descritas na literatura e no Brasil, pois ainda ocorrem de maneira pontual somente em alguns cenários, como as instituições de longa permanência. Além disso, o termo e o diagnóstico da lesão ainda são pouco conhecidos pelos profissionais de saúde, levando a escassez de estudos epidemiológicos; e consequentemente de recomendações e seguimentos das principais medidas preventivas. Esta pesquisa foi pensada e realizada através da necessidade observada no cotidiano assistencial, onde o desconhecimento dos profissionais acerca da temática é percebido devido ao termo recém-traduzido e incluído no rol de diagnósticos prováveis em pele. Portanto uma revisão de literatura foi construída e realizada, onde foram levantadas e analisadas as principais informações contidas nos artigos sobre skin tears: definição, classificação e aspectos epidemiológicos, bem como estratégias de prevenção que contribuíssem para a construção de recomendações de medidas preventivas para evitar o aparecimento destas lesões na prática clínica. Tudo isso, pensando na contribuição para os profissionais de saúde, enfim ao leitor, que desejasse conhecer e aprofundar seus conhecimentos sobre a temática, sobretudo na construção de um pensamento clínico voltado para o diagnóstico destas lesões, fatores de risco e as principais medidas preventivas em relação ao seu aparecimento durante o cuidado em saúde, determinando com isso um manejo mais adequado à pele do idoso, determinando com isso uma melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Skin Tears e Primary Preventions. ABSTRACT Skin tears is the English name for skin tears, a type of traumatic order wound that affects mainly the ends of the elderly, and iis related to the fragility of the skin in this age group. These lesions in general are much painful and, therefore can generate suffering in the elderly. The incidence rates of skin tears are not well described in the literature and in Brazil, they still occur in a timely manner only in some scenarios, such as long-stay Institutions. Furthermore, the term and the diagnosis of the injury are still poorly known by health professionals, leading to scarcity of epidemiological studies, and consequently of recommendations and follow-up of the main preventive measures. This research was designed and conducted by the need observed in everyday care, where the lack of professionals about the theme is perceived due to the newly translated and included in the list of likely diagnoses for skin. Therefore a review of the literature was built and carried out, where were surveyed and analyzed the main information contained in the articles on skin tears: definition, classification and epidemiological aspects, as well as prevention strategies that contribute to the construction of recommendations for preventive measures to avoid appearance of these lesions in clinical practice. All this thinking about the contribution to health professionals, ultimately the reader who wanted to know and deepen their knowledge on the thematic, especially in the construction of a clinical thought facing the diagnosis of these lesions, risk factors and the main preventive measures in relation to its appearance during the health care, determining this a more appropriate management to the skin of the elderly, determining that a better quality of life. Keywords: “Skin Tears” and “Primary Preventions”. 1 - INTRODUÇÃO: O interesse por esse estudo surgiu da necessidade percebida pela autora em desenvolver um estudo que contribua com o conhecimento sobre skin tears, lesão frequente entre os idosos, vivenciada na prática clínica, porém pouco reconhecida pelos profissionais de enfermagem. Skin tears é uma ferida traumática que acomete principalmente as extremidades dos idosos, causando dor e sofrimento, influenciando na qualidade de vida e aumentando o custo de saúde, através do aumento da morbidade e consequente aumento do tempo de hospitalização (BRILLHART, 2005). A população idosa vem aumentando em todo mundo; de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2011, existiam 893 milhões de pessoas com mais de 60 anos, a previsão para 2050 é que este número ultrapasse 2,4 bilhões. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em novembro de 2010, revelam que idosos com 60 anos ou mais determinam o grupo de maior crescimento na última década; segundo projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde – OMS, no período de 1950 a 2025, o grupo de idosos no país deverá ter aumentado em quinze vezes, enquanto a população total em cinco (IBGE, 2010). Dentro desse grupo, os denominados “mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice avançada” (acima de 80 anos), vêm aumentando proporcionalmente e de maneira mais acelerada, sendo hoje mais de 12% da população idosa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Diante desta perspectiva, vale ressaltar as alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento. A fragilidade do idoso é inerente e com ela uma maior vulnerabilidade e predisposição a problema de saúde, que podem estar associados a fatores determinantes como: déficit nutricional, diminuição da mobilidade, declínio cognitivo e funcional, além da redução da imunidade e o desenvolvimento das doenças crônico-degenerativas como as doenças cardiovasculares, respiratórias e neuropsiquiátricas, Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica e certos tipos de câncer (SIBBAL at al, 2000; PAYNE & MARTIN, 1993). Entre tantas alterações físicas decorrentes do processo de envelhecimento, iremos abordar neste trabalho uma lesão de pele específica denominada skin tears. Essas lesões podem ser observadas no cotidiano dos idosos, seja em domicílio, hospitais e Instituições de Longa Permanência (PAYNE & MARTIN, 1993). No Brasil, o pouco conhecimento sobre a temática pelos profissionais de saúde leva como consequência à escassez de estudos epidemiológicos e medidas preventivas ainda é pouco discutida assim como recomendações preventivas relacionadas. .2 - OBJETIVO: 1 - Conhecer conceitos e definições sobre skin tears; 2 – Estabelecer recomendações preventivas a partir da literatura pesquisada. . 3 - JUSTIFICATIVA: Este estudo justifica-se na relevância da temática do envelhecimento populacional progressivo e ainda devido ao pouco conhecimento e pesquisa na área de lesão por skin tears pelos profissionais de saúde. Busca-se possibilitar a construção de mais conhecimento científico e reflexão acerca de dados epidemiológicos e preventivos que possam auxiliar a equipe multiprofissional, estudantes e pesquisadores. Além disso, este estudo pode gerar reflexão acerca de mudanças nos paradigmas assistenciais, com aplicabilidade prática na clínica das principais medidas preventivas encontradas, com enfoque do cuidado específico ao paciente sob o risco de desenvolver skin tears. Em relação aos aspectos social, econômico e político, este estudo poderá gerar reflexões acerca da política institucional voltada ao idoso relacionada à prevenção de lesões de pele, e contribuir para a criação de projetos de prevenção, que no caso dos skin tears, podem gerar redução no tempo de internação, e consequentemente redução de custos com curativos, hospitalização e até a utilização de medicações específicas, como os analgésicos e antibióticos. Assim, essa pesquisa visa proporcionar uma síntese de dados e recomendações sobre skin tears, os quais poderão ser analisados, pensados e aplicados a partir de adaptações à realidade de cada serviço, com vistas à contribuição na melhora dos cuidados preventivos a esta população. 4 - METODOLOGIA: A revisão de literatura foi à metodologia utilizada na construção desta pesquisa. Como revisão de literatura define-se a fundamentação teórica adotada para tratar um tema e um problema de pesquisa. Trata-se do resultado do processo de levantamento e análise do que já foi publicado sobre determinado tema e problema da pesquisa escolhida. A revisão de literatura permite um mapeamento de quem já escreveu, e o quê já foi escrito sobre o tema e/ou problema da pesquisa (SILVA E MENEZES, 2005). Foram realizadas buscas no período compreendido entre os meses de agosto a setembro de 2012, nas bases de dados PubMed-Medline criada e mantida pela Biblioteca Nacional dos Estados Unidos (National Library of Medicine’s – NLM) – Disponível em: www/pubmed.gov e Scirus, ferramenta de acesso livre na Web, mantida pelas Bibliotecas da Universidade Federal da Fronteira do Sul (UFFS) – Disponível em: As buscas realizadas nestas bases de dados ocorreram face à temática escolhida ser mais conhecidas no Canadá e Estados Unidos. Os critérios de inclusão utilizados para esta revisão de literatura foram construídos conforme os objetivos da pesquisa. Os estudos incluídos foram estudos epidemiológicos e de prevenção de skin tears. A língua estrangeira admitida, além do português foi o inglês e o espanhol. Na realização das buscas nas bases de dados foram utilizadas as palavras chaves “skin tears” e “primary preventions”, não indexadas nos Descritores em Ciência da Saúde (DeCs), mas inclusas pela necessidade de abordar o tema específico. Foram identificados 29 artigos na base de dados PubMed/Medline e 5 artigos na base de dados Scirius, totalizando 34 artigos. Destes foram selecionados 13 artigos internacionais por apresentar discussões conceituais sobre o tema e uma dissertação de mestrado; foram excluídos 21 artigos por não atender os objetivos da pesquisa. Posterior à busca, realizamos um fichamento que proporcionou a extração e reunião dos dados colhidos em cada estudo, de forma ordenada e uniforme composto por duas etapas: Na primeira (anexo I), buscam-se os dados referentes ao artigo – Identificação e dados específicos do artigo e, na segunda, dados contendo as categorias do estudo: Definição de skin tears, classificação das categorias de skin tears, dados epidemiológico, fatores de risco e medidas preventivas do skin tears. Com base nestas fichas, foi realizada a análise, a interpretação e a crítica das informações colhidas bem como a confecção de uma proposta de recomendações de medidas preventivas de skin tears na prática clínica. 5 - REFERENCIAL TEÓRICO: 5.1 – A PELE: Considerada o maior órgão do corpo humano, a pele recobre toda a superfície corporal, e possui funções vitais: revestimento e sustentação de estruturas internas, proteção contra raios ultravioleta, traumas físicos e químicos, inclusive contra a ação de microrganismos patogênicos, sendo também, responsável pela termorregulação, percepção sensorial, excreção, equilíbrio hídrico, determinação da imagem corporal e metabolismo como a síntese de vitamina D (HESS, 2002). É constituída de duas camadas distintas: a epiderme e a derme. A epiderme é a camada mais extensa, composta por epitélio pavimentoso estratificado queratinizado e a derme, a camada mais profunda e espessa, é formada por um denso estroma fibroelástico de tecido conjuntivo que encerra extensas redes vasculares e nervosas, assim como as glândulas e os anexos que derivam da epiderme. A junção dermo-epidérmica, muitas vezes referida como zona da membrana basal, separa essas duas camadas (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004; HESS, 2002). A epiderme é uma camada mais fina, avascular que regenera a cada 4 a 6 semanas e sua função principal é a de proteção. Ela está dividida em 5 camadas. O estrato Córneo, a camada superior, que é composto por células mortas queratinizadas. O estrato lúcido pode ter de 1 a 5 células espessas e são transparentes. O estrato granuloso ou camada granular localizada abaixo do estrato lúcido, composto por células em forma de diamantes, a camada espinhosa ou estrato espinhoso é composto de células poliédricas. O estrato germinativo, camada mais profunda, frequentemente referida como camada basal (HESS, 2002; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004). A derme é o tecido no qual a epiderme se apoia e é composta por duas camadas, a papilar e a reticular. A derme papilar forma estruturas interdigitantes com as cristas epiteliais da epiderme, chamadas papilas dérmicas e a derme reticular forma a base da derme. A principal função da derme é fornecer resistência, suporte, sangue e oxigênio à pele. Dentre as proteínas principais encontradas na derme, o colágeno é responsável pela resistência e a elastina pela elasticidade da pele (IRON, 2005; HESS, 2002). Abaixo da derme encontra-se o tecido celular subcutâneo ou hipoderme. O tecido subcutâneo ou hipoderme atribui para derme estruturas subjacentes. A camada inclui o tecido adiposo e conjuntivo, sangue, vasos linfáticos e nervos. A sua função consiste em promover um fornecimento de sangue contínuo à derme favorecendo a regeneração (HESS, 2002). 5.2 - A PELE DO IDOSO: Com o avanço da idade, a pele sofre inúmeras mudanças, dentre elas a redução de 20% da espessura dérmica, o que confere uma aparência transparente à pele do idoso. A epiderme afina gradualmente, há um achatamento da junção dermo-epidérmica e redução de papilas dérmicas, tornando a pele mais susceptível, aumentando o risco de laceração (IRON, 2005). A capacidade da pele do idoso em se proteger contra as agressões externas encontra-se diminuída, a barreira torna-se menos eficaz contra a perda da água, trauma físico e infecções. A termorregulação é prejudicada e há diminuição da sensibilidade tátil e percepção da dor. Os vasos sanguíneos tornam-se mais finos e frágeis, levando ao aparecimento de hemorragias conhecida como púrpura senil; muitas vezes lesões de fricção ocorrem nestes sítios (BARANOVISKI, 2003; MALONE et al, 1991). No processo de envelhecimento observa-se a rigidez músculos-esqueléticas e a espasticidade muscular, há redução da acuidade visual e da capacidade cognitiva acarretando prejuízo à mobilidade física e aumentando a dependência para as atividades de vida diária, fatores que contribuem para o aumento do risco de trauma. As fibras elásticas sofrem redução, o colágeno torna-se mais rígido, o tecido adiposo diminui especialmente nos membros. Há redução dos capilares na pele que resultam em um aporte sanguíneo diminuído. Essas alterações provocam a perda da elasticidade, o enrugamento da pele, tornando-a mais seca, suscetível a irritações e lesões por causa da atividade diminuída das glândulas sudoríparas e sebáceas (JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2004; PAYNE E MARTIN, 1990). Em suma, a pele do idoso sofre muitas alterações fisiológicas associadas ao processo normal de envelhecimento. Há uma crescente vulnerabilidade às lesões e as certas doenças (SMELTZER E BARE, 2006). Neonatos e crianças também são susceptíveis a skin tears. Neonato tem a pele pouco desenvolvida com diminuição da coesão epidérmal e dérmica, deficiência do estrato córneo, a termoregulação comprometida e imaturidade da imunidade hepática e sistema renal e, a criança, tem apena 60% da espessura epidérmica adulta. A combinação desses fatores aumenta o risco de descamação epidérmica, infecção, da perda de água transepidérmica e toxidade da absorção percutânea (LeBLANC, 2008). 5.3 - FATORES DE RISCOS ASSOCIADOS ÀS SKIN TEARS: A identificação dos fatores de riscos é fundamental para a prevenção e tratamento de skin tears. As alterações fisiológicas inerentes ao envelhecimento fazem com que a pele frágil do idoso seja mais vulnerável ao trauma quando há colisão ou movimentos simples. (BARANOSKI, 2000/2003). Skin tears pode surgir em outras áreas do corpo, como nas costas e nas nádegas, e ser confundidas com úlceras de pressão, estágio ll, porém a etiologia da úlcera de pressão difere de skin tears. Úlceras de pressão ocorrem em áreas de proeminências ósseas, quando não há alívio da pressão, resultando dano do tecido subjacente. Úlcera de pressão também pode ser a causa de skin tears, mas não é a causa (BARANOVISKI, 2003). Os fatores de riscos associados aos skin tears estão divididos em intrínsecos e extrínsecos, a seguir: 5.3.1 - Fatores Intrínsecos: Com o avanço da idade ocorre à perda do tecido dérmico e do tecido subcutâneo, a epiderme fica mais fina, e há alteração na composição sérica causando diminuição da umidade na superfície da pele. A força da elasticidade e tensão diminui à medida que estas alterações ocorrem. O risco de skin tears é aumentado com a desidratação, nutrição deficiente, cognição prejudicada, alteração da mobilidade, diminuição da visão e redução da sensibilidade. Todos esses fatores combinados com a vulnerabilidade da pele ao trauma aumentam as chances de surgimento de lesões (BARANOSKI, 2003; BARANOWISKI, 2000; PAYNE & MARTIN, 1990). A sensibilidade reduzida nos locais com presença de púrpura, equimose, hematoma e edema de extremidades o déficit nutricional; o uso de medicamentos como imunossupressores, anti-inflamatórios e anticoagulantes; doenças subjacentes, neuropatias e o fumo, favorecem o surgimento de lesões (LeBLANC, 2000; SIBBALD, 2000; MALONE al al, 1991). Meuleneire (2002), em um estudo descritivo observacional, durante três meses, envolvendo 59 idosos hospitalizados, com idade média de 88 anos. As pacientes com doenças cardíacas, pulmonares e vasculares, apresentaram maior risco de skin tears. As doenças apareciam associadas à demência a diminuição da acuidade visual, marcha ou terapia de esteroides. Alguns estudos demonstraram maior incidência de skin tears em idosos do sexo feminino, raça (branca), com idade superior a 85 anos (BARANOVISKI, 2003; PAINE & MARTIN, 1993; MALONE at al, 1991). McGough-Csarny (1998) monitoraram 157 skin tears em instituição asilar para veterano de guerra e 9 casas de repouso e revelou alto índice da lesão em pessoas idosas, homens, com nutrição comprometida e com demência. Os fatores de risco associados foram a idade avançada, rigidez, espasticidade, comprometimento da cogniçao, diminuição da sensibilidade, apetite reduzido, 5.3.2 – Fatores extrínsecos: O trauma mecânico é um fator de risco quando há necessidade de assistência para ir ao banheiro, vestir-se, asseio, reposicionamento e transferências O uso de sabão não emoliente e o banho frequente reduz a lubrificação tornando a pele seca mais susceptível a fricção e ao cisalhamento e consequentemente desenvolvimento de skin tear (WHITE at al, 1994, BARANOVISKI, 2003; BARANOVISKI, 2003; PAYNE & MARTIN, 1993). A prevenção de skin tears constitui-se um desafio para os profissionais de saúde porque a mais leve colisão ou ação pode resultar em trauma e na skin tears. Remoção de esparadrapo ou curativos em peles frágeis e uso de dispositivos assistenciais podem ocasioná-las. Pacientes que são dependentes totais durante as suas atividades de vida diária (AVDs), restrito a cama ou cadeira de rodas, apresentam grande risco de desenvolver skin tears. Pacientes com história prévia de skin tears, quedas, coleta de sangue. Retirada e colocação de meias. colisão acidental com móveis e objetos, dificuldade de marcha ou terapia com esteróides também possuem riscos para seu surgimento (MEULENEIRE, 2002; BARANOVISKI, 2000; BARANOSKI, 2003; WHITE at al, 1994; PAYNE & MARTIN, 1990). Adicionado às chances de adquirir skin tears vista com o aumento da idade, inclui-se a diminuição do suor levando a secura, prurido, pele rígida, pacientes que requerem transferências frequentes, caucasianos, do sexo feminino, com desidratação, déficit nutricional, mobilidade limitada, alimenta-se por sonda ou necessita de auxílio. Locais de púrpura senil são mais susceptíveis ao surgimento de skin tears (MALONE at al, 1991, PAYNE E MARTIN, 1990). 6 - SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE SKIN TEARS: 6.1 - SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE SKIN TEAR–PAYNE & MARTIN, 1993. Os primeiros autores que propuseram nomenclatura e sistema de classificação específico para skin tears foram Payne e Martin. Este sistema de classificação foi desenvolvido no final de 1990 e revisto em 1993, leva em consideração o grau de perda tecidual da lesão, porém, não fornece informação sobre a viabilidade do tecido. É classificado em três categorias que são descritas, a seguir, com gravuras, para melhor associação (PAINE E MARTIN, 1993; BARANOSKI, 2003). Categoria I – Lesões Cutâneas sem perda de tecido: IA tipo linear - a epiderme e derme estão separadas, como se uma incisão tivesse sido feita. IB - a aba epidérmica cobre completamente a derme com menos de 1mm da margem da ferida. Categoria II – Lesões cutâneas com perda parcial de tecido. IIA - 25% ou menos da aba epidérmica é perdida. IIB - Quando mais de 25% da aba epidérmica é perdida. Categoria III – Lesões cutâneas com perda completa de tecido. A aba epidérmica está ausente neste tipo de lesão CATEGORIA IA CATEGORIA IB CATEGORIA IIA CATEGORIA IIB CATEGORIA III 6.2 – SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE SKIN TEARS – DUNKIN et al, 2003. Um sistema alternativo foi sugerido por Dunkin et al em 2003 – Classification of pretibial injuries; essa classificação defende a nomenclatura pré-tibial para todos os tipos de lesões, teve como base pacientes atendidos emergência, em geral mais grave do que a aqueles em risco para esse tipo de trauma e a classificação não leva em consideração a profundidade da lesão, o grau do edema e os tecidos danificados: 1– Laceração, 2 – Laceração ou borda da pele com pequeno hematoma e/ou com necrose, 3 – Laceração ou borda da pele com moderada a grave hematoma e/ou necrose e, 4 – Desenvolvimento de lesão grave (BELDON, 2008). 6.3–SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE SKIN TEARS – BELDON, 2008. Em 2008, Beldon examina as classificações de Payne e Martin (1993) e Dunkin (2003), propõe uma versão adaptada e desenvolve o Classification of pretibial injuries adapted from Paine e Martin, 1993 and Dunkin et al, 2003. O sistema é constituído de sete classes de lesões e com proposta de tratamento para cada uma delas. O sistema ficou grande e mais complicado que os anteriores (PULIDO, 2010). 6.4–SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE SKIN TEARS – CARVILLE, 2007. Em 2007 Carville at al desenvolve o STARSkin Tears Classification System, que é uma releitura do instrumento de classificação de Payne e Martin. O STAR Skin Tears Classification System é constituído de duas partes principais: guia de tratamento (STAR Skin Tears Classification System Guidelines) e sistema de classificação (STAR Classification System) (PULIDO, 2010). O STAR Skin Tears Classification System Guidelines é constituído de seis tópicos relacionados aos cuidados com a ferida e a pele ao redor e o STAR Classification System conta com 5 fotografias relacionadas às respectivas descrição das categorias de skin tears e no verso do instrumento há um glossário, o STAR Skin Tears Classification System Glossary, que traz as definições de skin tears e de termos técnicos relacionados ao assunto. 6.5 – CLASSIFICAÇAO DE SKIN TEARS, ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL PARA A LÍNGUA PORTUGUESA, PULIDO, 2010. No Brasil, Pulido (2010), realizou um estudo sobre a temática com o intuito de realizar o processo de adaptação transcultural e validação das propriedades de medida do STAR – Skin Tear Classification System para a língua portuguesa. Após atestamento, a versão final adaptada foi sistema de classificação STAR - Lesão por Fricção adaptada e validada para a língua portuguesa e disponibilizada para uso no Brasil. O sistema de classificação STAR Lesão por Fricção é composto de três partes, conforme o instrumento original (SANTOS & PULIDO, 2012). 1-Diretrizes do Sistema de Classificação STAR Lesão por Fricção - constituídas de seis tópicos relacionados aos cuidados com a ferida e a pele ao redor. 2-Sistema Classificação STAR Lesão por Fricção - consta de cinco fotografias relacionadas às cinco categorias de lesão de fricção, assim descritas: 3-Glossário do Sistema de Classificação STAR Lesão por Fricção - localizado no verso do instrumento, é composto da definição de lesão por fricção e dos termos técnicos relacionados ao assunto. **Copyrigh Carvile et al (2007) *Versão adaptada por Pulido e Santos (2010) A necessidade de universalizar uma definição e compreensão internacional abordando todos os aspectos na conduta de gerenciamento de skin tears reuniu em janeiro de 2011 especialistas em feridas para a construção de um painel de consenso a cerca de instrução sobre prevenção avaliação e tratamento. O resultado deste consenso foi uma definição para skin tears e uma declaração contendo instruções sobre skin tears, bem como recomendação para pesquisa (LeBLANC & BARANOSKI, 2011). 7 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: Os resultados do estudo são apresentados em associação com as categorias de análises prévia e os fichamentos se deram nessas perspectivas (APÊNDICE I). Foram divididos em categorias de análise, favorecendo uma melhor visualização dos objetivos e facilitando na elucidação da problemática da pesquisa. 7.1 - 1ª CATEGORIA DE ANÀLISE – DEFINIÇÃO DE SKIN TEARS: Dentre os artigos analisados, pode-se observar que a definição de Payne e Martin para skin tears foi a mais referida nesse estudo; descrita em 1990 e revisada em 1993, serviu como base para que outras definições fossem proposta. Esses autores definiram skin tears como uma ferida traumática que ocorre principalmente nas extremidades dos idosos como um resultado das forças de fricção e/ou cisalhamento que separam a epiderme da derme (espessura parcial da ferida) ou que separam ambas, a epiderme e a derme das estruturas subjacentes (espessura total da ferida). A definição de Fleck (2007) e Birch & Coggins (2003) foi citada em um artigo e esses autores descrevem skin tears como uma ferida traumática resultado da separação da epiderme e da derme devido às forças de fricção e/ou cisalhamento junto com fatores intrínsecos de mudança da pele associada com a idade. Dois artigos mencionaram a definição de skin tears estabelecida no consenso realizado no Canadá, em janeiro de 2011, onde skin tears é descrita como uma ferida causada por cisalhamento, fricção e/ou força brusca resultando na separação das camadas da pele; pode ser de espessura parcial (separação da derme a partir epiderme) ou de espessura total (separação tanto da epiderme e da derme dos tecidos subjacentes) (Carville et al, 2007 e LeBlanc e Baranoviski, 2008). Tabela 2 – Distribuição do percentual de definições encontradas sobre skin tears: DEFINIÇÃO DE SKIN TEARS Payne & Martin, 1993 Fleck, 2007; Birch & Coggins, 2003 LeBlanc & Baranoski, 2011 N=13 10 1 100% 76.9% 7.7% 2 15.4% Os autores concordam quanto às causas de surgimento de skin tears o que reforça a necessidade de conhecimento dos fatores de risco para estas lesões na prática assistencial. 7.2 - 2ª CATEGORIA DE ANÁLISE – CLASSIFICAÇÃO DE SKIN TEARS: Observando os conteúdos dos artigos pesquisados, 100% citaram a classificação descrita por Martin e Payne em 1993; precursores na classificação de skin tears como uma ferida distinta; esses autores classificaram a lesão em 3 categorias e definiu cada uma delas; essa classificação serviu como referência para que outros autores propusessem novas classificações. Apesar de conhecida essa classificação não é largamente utilizada na prática clínica. A partir dos dados apresentados pode-se observar que uma ferramenta de classificação é um importante instrumento no tratamento de uma ferida e no processo de sistematização do cuidado ao indivíduo. Ayello e Sibbald, 2008 nas diretrizes intituladas “Preventing pressure ulcers and skin tears”, recomendam a utilização de um instrumento específico para classificar às skin tears e ressaltam que, independentemente do sistema a ser adotado, o importante é que ele seja dirigido para cada população alvo e que sua aplicação seja realizada por um profissional capacitado. 7.3 - 3ª CATEGORIA DE ANÁLISE – DADOS EPIDEMIOLÓGICOS: 7.3.1 – INCIDÊNCIA DE SKIN TEARS: Segundo os artigos pesquisados, as taxas de incidência de skin tears ainda não estão bem descritas na literatura. Estudos apontam indícios de que elas são uma condição relevante e prevalente, especialmente entre os idosos - Trabalho realizado na Austrália que levou à conclusão que skin tears são feridas comuns e que ocorrem mais frequentemente que úlcera de pressão (BARANOSKI, 2003). Houve relato em 10 artigos estudados (76,9%) que 1,5 milhões de skin tears acomete idosos institucionalizados e que, até 2030, com taxas de prevalência de 14% a 24%. As taxas de prevalência do Canadá não são conhecidas, acredita-se que ela assume taxa similar a dos Estados Unidos (LeBLANC & BARANOVISKI, 2009; LeBLANC at al, 2008; BANK , 2004; BARANOVISKY, 2003; MALONE et al, 1991, PAINE & MARTIN, 1991). Quatro artigos analisados (30,1%) apontaram para o estudo retrospectivo realizado por Malone et al em 1991, durante em um ano, com 349 pacientes que observou 321 ocorrência de skin tears, com incidência de 0,92 skin tears por ano; esse mesmo estudo apontou que dos 16% dos internos, 40% necessitaram de intervenção; este mesmo autor demonstrou em um outro estudo que 277 skin tears surge a cada mês, 16% em pacientes de Instituição de Longa Permanência. Três artigos (23%) destacaram a pesquisa de Everett & Powerll (1994), em uma instituição com 347 leitos na Austrália Ocidental e demonstraram uma taxa de prevalência de skin tears de 41,5% na população. Houve relato que em recente pesquisa de prevalência em hospital público da Austrália foi constatado 8-11% de skin tears. Em pesquisa mais recente sobre taxa de prevalência em casa de repouso, Bank & Dix (2006) estimaram uma taxa entre 14% e 24% e, após o uso de medidas preventivas, o número de ST caiu 18,7 em uma pré-intervenção para 8,73 pósintervenção por mês, conforme dois artigos estudados (15,3%). De acordo com 10 (76,9%) estudos analisados pode-se perceber que skin tears pode ocorrer em qualquer parte do corpo, com ocorrência de 80% nos membros superiores, com mais frequência no dorso das mãos e braços. Em pacientes ambulatorial observa-se maior ocorrência nos membros inferiores (LeBLANC & BARANOVISKI, 2009; PAYNE & MARTIN, 1993; MALONE, at al1991). White at al (1994) realizou um estudo retrospectivo na cidade de Virgínia em 120 leitos, durante um ano e foram encontrados ocorrência de 277 leitos. Destes 109(48%) ocorreram em pacientes ambulatoriais, 135(59%) nas extremidades superiores e 97 (43%) devido à auto-lesão. Quanto ao horário de frequência, quatro artigos (30,1%) demonstram que ocorrem durante o pico de atividades assistenciais, de 6:00hs às 11:00hs e 15:00hs às 21:00hs, horário de pico de atividade (WHITE et al, 1994; MALONE, at al 1991; PAYNE & MARTIN, 1990). As principais causas dessas lesões são citadas em 10 artigos (76,9%) como: cadeiras de rodas (25%), colisão com objetos (25%), transferências (18%) e quedas (14%); 50% tem origem desconhecida (BARANOVISKI, 2003; PAYNE & MARTIN, 1990; MALONE, 1991). Birch & Coggins (2003) realizou uma pesquisa de prevenção, durante 4 meses, sobre os efeitos da prática da introdução de um novo banho sem enxague, em uma instituição asilar com 72 pacientes acamados e constatou que a prevalência diminuiu de 23,5 para 3,5%; número total de skin tears diminuiu de 13 para 1 e com diminuição no impacto das taxas de prevalência, bem como do tempo do cuidador e custo do tratamento. Estudos epidemiológicos demonstram uma preocupação constante com a incidência e prevalência de skin tears e relaciona a idade como fator relevante para o aumento deste tipo de ferida. Observa-se diversidade de locais de surgimento da lesão, com horários de pico constantes provavelmente relacionados ao horário de atividades assistenciais e a pesquisa descreve que fatores de risco relacionados com a idade determinam o surgimento da lesão. 7.3.2 – FATORES DE RISCO PARA SKIN TEARS: Diversos são os fatores que favorecem o surgimento de skin tears em idosos. Com o avanço da idade, a pele sofre modificações aumentando a vulnerabilidade às lesões. A identificação dos fatores de riscos é fundamental para a prevenção e tratamento de skin tears. O estudo publicado por White et al em 1994 foi citado em três artigos como um dos primeiros instrumentos de triagem dos riscos para skin tears.– Skin Integrity Assessment Tool. É atribuído à integridade da pele três níveis de fatores de riscos baseados na presença de diversos critérios. Pacientes que preencham determinados critérios ou excedam a um determinado número de critérios são considerados de alto risco para skin tears e um plano de assistência é implementado para reduzir esses riscos. Os fatores de riscos foram divididos em três grupos distintos a seguir: Grupo I – Implementação de um plano de cuidado para redução de skin tears na presença de algum dos itens: Presença de skin tears nos últimos 90 dias e número atual da lesão. Grupo II – Implementação de um plano de cuidado se houver uma resposta positiva para quatro ou mais itens: Déficit cognitivo, deficit visual, depedência para atividades de vida diária, uso de cadeira de rodas, perda do equilíbrio, limitado na cadeira ou na cama, instabilidade na marcha, presença de contusões. Grupo III – Implementação de um plano de cuidado quando a reposta for positiva para cinco ou mais ítens grupo II e três ou mais do grupo III: Fisicamente afetado, dependente para atividades de vida diária, agitação, déficit auditivo, redução do estímulo tátil, o uso de cadeira de rodas, dependência para transferência, contraturas das mãos, braços pernas e ombros, hemiplegia e hemiparesia, perda do equilíbrio tortal ou parcial ao girar o corpo, presença de edema na perna, presença de lesão nas extremidades, três ou quatro púrpura senil nas extremidades, pele seca e escamosa. Usando esta avaliação para determinar o grau de risco dos indivíduos, os profissionais podem criar um plano de redução de skin tears com três componentes: segurança ambiental, nutrição e hidratação adequada e proteção durante as rotinas assistenciais. Apesar da data de publicação, esta ferramenta ainda é recomendada para triar os indivíduos com risco para skin tears. Groeneveld (2004) foi mencionado em dois artigos (15,3%) ao realizar um estudo de incidência de skin tears e observar aumento da incidência de 25% com a idade de 60-69 anos e 45% em pacientes acima de 85 anos. Todos os artigos analisados nessa pesquisa apresentaram fatores de risco relacionados aos diversos aspectos que envolvem o desenvolvimento de skin tears; fatores intrínsecos e extrínsecos foram discutidos nesse artigo e contribuem para o desenvolvimento de skin tears. A tabela 3 lista fatores de risco associado com o desenvolvimento de skin tears, conforme segue: Tabela 3 – Fatores de risco associados à skin tears. Fatores intrínsecos Fatores extrínsecos Neonatos e idosos (> 75anos) História prévia de skin tears Sexo feminino Imobilidade (leito ou cadeira de rodas) Raça (Caucasiano) Rigidez e espasticidade Uso contínuo de corticóide Dispositivos assistenciais Déficit nutricional Polifármacos Neuropatias Dependências para AVDs Alteração da sensibilidade Déficit cognitivo Coleta de sangue Curativos adesivos Púrpura senil Queda e posicionamento Problema vascular Incontinência urinária Problema cardíaco Problema pulmonar Colisão com móveis e objetos Pele seca e descamativa Edema de extremidades Fontes: (BIANCHI, 2012; LeBLANC & BARANOSKI, 2011; LeBLANC & BARANOSKI, 2009; FLECK, 2007; BENEEMI, 2009; WICK, 2008; BATTERSBY,2009; XIAOTI XU, 2008; RATLIFF, 2007; BARANOSKI, 2000; BARANOVISKI, 2000; BARANOSKI, 2003; ROBERTS, 2007). 7.4 - 4ª CATEGORIA DE ANÁLISE – MEDIDAS PREVENTIVAS: Precauções básicas para prevenção de skin tears serão apresentadas (tabela 3) conforme o fichamento dos artigos analisados e relacionados de acordo com os autores e ano de citação. Tabela 4 - Medidas Preventivas para skin tears: MEDIDAS PREVENTIVAS N=13 100% AUTORES/ANO Identificação dos fatores de risco 8 61,5% Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Xiaoti Xu, 2008; Wick, 2008; Ratliff, 2007; Baranoski, 2003 Educação 10 76,9% LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Fleck, 2007; Beneemi, 2009; Bianchi, 2012; Baranoskl, 2000; Baranoski, 2003; Wick, 2008; Xiaoti Xu, 2008; Ratliff, 2007 Exame físico 7 53,8% Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Xiaoti Xu, 2008; Wick, 2008; Ratliff, 2007 Transferência/ posicionamento 10 Acolchoamento 10 69,2% LeBlanc & Baranoski, 2011; Beneemi, 2009; Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2009; Wick, 2008; Xiaoti Xu, 2008; Roberts, 2007; Fleck, 2007; Baranoski, 2003; Baranoski, 2000. 76,9% Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Xiaoti Xu, 2008; Wick, 2008; Fleck, 2007; Roberts, 2007; Baranoski, 2003; Baranoski, 2000 Nutrição e ingestão hídrica 8 61,5% LeBlanc & Baranoski, 2011; Beneemi, 2009; LeBlanc & Baranoski, 2009; Wick, 2008; Xiaoti Xu, 2008 Roberts, 2007 Adequação do ambiente 10 76,9% LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Bianchi, 2012; Baranoskl, 2000; Baranoski, 2003; LeBlanc & Baranoski, 2011; Battersby, 2009; Wick, 2008; Xiaoti Xu, 2008. Cobertura (curativo) adequada 8 61,5% LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Fleck, 2007; Beneemi, 2009; Roberts, 2007; Wick, 2008; Xiaoti Xu, 2008; Baranoski, 2003. Banho e hidratação da pele 10 76,9% LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Roberts, 2007; Battersby, 2009; Xiaoti Xu, 2008; Wick, 2008; Ratliff, 2007; Fleck, 2007; Baranoski, 2003; Adequação da roupa 12 92,3% Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Fleck, 2007; Beneemi, 2009; Wick, 2008; Battersby, 2009; Xiaoti Xu, 2008; Ratliff, 2007; Baranoskl, 2000; Baranoski, 2003; Roberts, 2007 7.4.1 - Identificação dos fatores de risco para skin tears: O conhecimento acerca dos fatores de risco para o desenvolvimento de skin tears é um fator primordial para que não haja desenvolvimento da lesão. Autores mencionam que a avaliação deve ser realizada na admissão dos serviços de saúde e a realização de medidas preventivas iniciadas sempre que houver um problema reconhecido. Em 1994, White et al, desenvolveram uma instrumento para avaliar o risco para skin tears – Skin Integrity Assessment Tool. Usando essa avaliação para determinar o grau de risco dos pacientes pode ser criado um plano de cuidado preventivo para reduzir o risco de skin tears com três elementos: ambiente seguro, nutrição e hidratação adequada e proteção do paciente durante a rotina de cuidados: 1 – Ambiente seguro: Remover obstáculos perto da cama e corredores do banheiro, providenciar iluminação adequada, manter a porta do banheiro aberta e com luz noturna, quando possível deixar grades elevadas, proporcionar áreas de passagem segura, instalar alarmes na cama, usar roupas folgadas e meias longas na altura do joelho, usar proteção extra em áreas de púrpura senil, remover etiquetas das roupas, orientar cuidadores a manter unhas curtas e não usar adornos, orientar equipe e familiares sobre o risco de auto-lesão. 2 – Propor nutrição e hidratação: Consultar nutricionista para nutrição adequada, manter registro de entrada e saída alimentar, usar suplemento alimentar, incentivar a ingesta hídrica, usar loção hidratante todos os dias, realizar avaliação física todos os dias. 3 – Prevenir lesão durante a rotina de cuidado: Usar somente cadeira de rodas para transporte, usar almofadas de apoio de pés na cadeira de rodas e quina de mesas e nas grades da cama, usar lençóis quando posicionar paciente, produtos de higiene com pH de 4.5 – 6.5 com surfactante, evitar sabão contendo álcool ou perfume e usar gaze ou bandagem não aderente. 7.4.2 – Educação: A educação efetiva do paciente, cuidador, familiares e profissionais e o envolvendo todos no processo de educação é imprescindível para o sucesso de qualquer medida preventiva. Educar o profissional, família e cuidadores a usarem extrema cautela ao cuidadar dos pacientes com pele frágil é fundamental na prevenção de futuras lesões quando se sabe como e porque elas acontecem. Variáveis culturais e psicológicas também é fator a ser considerado no desenvolvimento na educação para a prevenção e definição de estratégias. 7.4.3 – Exame físico: Recomenda-se a avaliação regular da pele do paciente diariamente inspecionando ao vestir e durante o banho, detectando secura, presença de equimose, edema, eritema, prurido, dor, áreas tensão e rubor. É preciso realizar exame físico diário do paciente e sempre que houver alteração clínica nas condições gerais para detectar ocorrência de calor, edema e ulceração nas extremidades. 7.4.4 – Transferência e posicionamento: Posicionar adequadamente o paciente através de técnicas de levantamento, mudança de decúbito, transferência a fim de evitar fricção e cisalhamento. É indicado o uso apropriado de equipamentos como elevadores e andadores para transferir, transportar e auxiliar no banho. 7.7.5 – Acolchoamento: É recomendado o uso de protetores de cadeira de rodas com braços e suporte para pernas utilizando travesseiros e cobertores para proteger os braços e pernas. É indicado que grades e laterais de camas sejam acolchoadas para evitar lesões. 7.4.6 – Nutrição e ingesta hídrica: Os artigos descrevem sobre a importância de manter o paciente bem hidratado, usar suplementos vitamínicos e consultar nutricionista. 7.4.7 – Adequação do ambiente: Proteger do trauma os indivíduos com risco de auto-lesão durante as rotinas de cuidado, manter o ambiente bem iluminado e diminuir o excesso de objetos, para evitar colisão com móveis e equipamento. 7.4.8 – Curativo adequado: Evitar curativos adesivos que possam ocasionar lesão em pele frágil. Recomenda-se invólucro com gaze, algodão e atadura para fixar curativos e drenos. Adesivos devem ser removidos com cuidado evitando tensão sobre a pele. É orientado o uso de uma seta indicando a direção da lesão e mensuração para avaliar o processo da evolução de cura da ferida. É indicado o uso de removedor de esparadrapo porque a menor força associada pode causar lesão. 7.4.9 – Banho e Hidratação da pele: Recomenda-se que o banho não deve ser muito longo e quente; preferencialmente deve ser morno devido à suscetibilidade da pele do idoso. Não é recomendado o uso de sabões não emolientes, detergentes e perfumes, aplicando agentes hidratantes para manter a pele úmida e saudável. Creme é melhor do que loção. 7.7.10 – Adequação da roupa: A utilização de calças e blusas compridas e folgadas, sapatos confortáveis e anti-derrapantes e meias na altura do joelho ou outros dispositivos que cubram às extremidades é recomendado para evitar skin tears. 8 – RECOMENDAÇÕES PREVENTIVAS PARA SKIN TEARS NA PRÁTICA CLÍNICA: A partir da literatura pesquisada, um protocolo a cerca das estratégias de prevenção de skin tears é sugerido como forma de prevenir o surgimento da lesão e manter a integridade da pele. 8.1 – Conhecer fatores de risco e identificar potencial de risco associado. O conhecimento dos fatores de risco associados à skin tears é o primeiro passo no desenvolvimento de estratégias preventivas; este conhecimento auxiliará o enfermeiro identificar os indivíduos com potencial de risco para lesão (Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Xiaoti Xu, 2008; Wick, 2008; Ratliff, 2007; Baranoski, 2003). A identificação do potencial de risco deverá ocorrer com a realização do exame físico, no momento da admissão do paciente e sempre que houver alteração em seu quadro clínico (Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Xiaoti Xu, 2008; Wick, 2008; Ratliff, 2007). O enfermeiro deve estar atento às alterações na pele nos locais de frequência de skin tears como áreas de edema, presença de púrpura, equimoses, rubor e ulceração de extremidades. 8.2 - Reconhecer e classificar a lesão: Duas classificações são disponibilizadas para utilização na prática clínica: A classificação de Payne & Martin (1993) e a classificação de Carville et al, 2007, o STAR Skin Tears Classification System. Não importa a classificação utilizada, o importante é que os profissionais de saúde reconheçam, classifiquem e documentem a lesão para que skin tears seja reconhecida como uma ferida distinta. 8.3 - Realizar plano assistencial: Implementar um plano assistencial enfatizando medidas de cuidado com a pele, realizar intervenções e fazer as mudanças necessárias no desenvolvimento de ações centrado nas necessidades do paciente. 8.4 – Propor medidas educativas (Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Battersby, 2009; Wick, 2008; Xiaoti Xu, 2008; Ratliff, 2007; Fleck, 2007; Baranoskl, 2000; Baranoski, 2003). Educar profissionais de saúde, familiares e cuidadores para o cuidado do indivíduo sob o risco de desenvolver skin tears envolvendo todos no processo de identificação de fatores de risco e das principais intervenções preventivas para a prevenção do surgimento de skin tears tais como: 8.4.1 - Orientações de prevenção durante as rotinas diárias de cuidado: - Reduzir, eliminar cisalhamento ou fricção, através de técnica de posicionamento e transferência adequada; - Manter unhas curtas e preconizar a retirada de adornos dos profissionais de saúde durantes os cuidados assistenciais; - Orientar a manipulação com extrema cautela dos pacientes sobe risco de lesão; - Hidratar a pele aplicando hipo-alérgico duas vezes ao dia; - Orientar sobre o banho morno; - Incentivar a ingesta hídrica; 8.4.2– Orientações sobre segurança: - Providenciar iluminação adequada, manter a luz do corredor acesa, a porta aberta e instalar alarme na cama; -Retirar excesso de móveis, tapetes e equipamentos desnecessários para evitar quedas e auto-lesão; - Remover obstáculo que estão perto da cama e no caminho do corredor e banheiro; - Acolchoar suporte de braços e pernas de cadeiras de rodas; - Utilizar cobertores e travesseiros para proteção de grades e camas; - Fazer uso de calças e blusas de mangas compridas, roupas sem etiquetas e folgadas, meias na altura dos joelhos e sapatos anti-derrapantes. 8.4.3 – Orientações sobre curativos: - Utilizar esparadrapo anti-aderente; - Proteger o curativo com atadura e invólucro de gaze para proteger curativo, evitando materiais adesivos que possam lesionar a pele do paciente; - Fazer o curativo sem pressionar a pele, facilitando na hora da remoção; - Utilizar removedor ou outro emoliente para sua retirada; - Fazer uma seta indicando a direção da lesão; - Mensurar a ferida diariamente. 8.5 – Solicitar avaliação de outros profissionais (Bianchi, 2012; LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Wick, 2008). Solicitar a opinião de outros profissionais especializados em feridas, consultar nutricionista para alimentação e hidratação adequada e considerar tratamento farmacológico, quando necessário. 8.6 – Realizar documentação (LeBlanc & Baranoski, 2011; LeBlanc & Baranoski, 2009; Beneemi, 2009; Baranoviski, 2000). Documentar avaliações e informações sobre skin tears, registrando na evolução, condutas e tratamentos, é vital para reconhecimento da extensão do problema e para que essas lesões não sejam agrupadas dentro das categorias de úlceras de pressão. Informar sobre a ocorrência de skin tears é fundamental para que uma linguagem comum e universal possa ser usada para descrever esse tipo de ferida. 9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Skin tears é uma ferida crônica, dolorosa, frequentemente associada às alterações fisiológicas decorrentes da idade e com complicações graves quando não tratada adequadamente. O envelhecimento é um fenômeno natural, mundial e irreversível e a fragilidade dos idosos decorrentes desse processo faz com que o conhecimento dos fatores de risco para esse tipo de lesão seja um fator determinante durante a prestação de cuidado. Dados epidemiológicos demonstram uma preocupação crescente com a incidência de skin tears; o pouco conhecimento destas feridas entre os profissionais de saúde faz com que as skin tears sejam confundidas com outros tipos de ferida, como por exemplo, as úlceras por pressão, gerando a subnotificação e, como consequência, taxas epidemiológicas que não traduzem uma realidade mundial. O estudo apresentou conceitos e definições sobre skin tears, e estabeleceu recomendações preventivas no gerenciamento dessas lesões, no entanto, mais pesquisas que demonstrem as reais taxas de prevalência e incidência no cenário mundial são determinantes para melhor compreensão da extensão do problema. A prevenção de skin tears é um desafio para os profissionais de saúde; identificar, classificar e documentar essas lesões cutâneas é fundamental no gerenciamento destas feridas. Portanto, o enfermeiro deve estar atento e ter conhecimento sobre skin tears determinado intervenções preventivas precoces que possa reduzir o impacto dessas lesões. 10 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AYELLO, E.A.; SIBBALD, RG. Preventing pressure ulcers and skin tears. In: Capezuti E, Zwicker D.; Mezey M.; Fulmer, T. editor(s). Evidence based geriatric nursing protocols for best practice, 3ed. New York: Springer Publishing Company, p. 403-29, 2008. BATTERSBY, L. Exploring best practice in the management of skin tears in older people. Nursing Time, v.105, n.16, april, 2009. BARANOSKI, S. Skin Tear: The enemy of frail skin. Advances in Skin and Wound Care, v.30, n.9, p.41-47, set. 2000. BARANOSKI, S. How to prevent and manage skin tears. Advances in Skin & Wound Care, v.16, n.5, p. 268-70, set. 2003. BELDON, P. 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