1 FOLHAS DE BIOLOGIA Autora: Leonilda Brandão – Orientadora (UEM): Maria Júlia Corazza Nunes NRE: Cianorte Escola: Colégio Estadual Helena Kolody – Ensino Médio Disciplina: Biologia ( ) Ensino Fundamental (x) Ensino Médio Disciplina da relação interdisciplinar 1: Química Disciplina da relação interdisciplinar 2: História Conteúdo estruturante: Organização dos seres vivos Conteúdo específico: Bactérias Bactérias: supervilãs da humanidade ou essenciais à vida no Planeta? Ilustrações: Renata Rodrigues de Oliveira Quando se fala em bactéria, a primeira idéia que nos vem à cabeça é a daqueles seres invisíveis que ameaçam nossas vidas e estão por trás de várias doenças. Mas será que o complexo mundo dos microrganismos se resume às bactérias patogênicas ou têm outras que trazem benefícios ao homem e ao meio ambiente? É possível dizer que mesmo as bactérias que causam infecções são importantes para o equilíbrio da natureza? O que você acha? Para descobrir essas e outras curiosidades sobre as bactérias vale a pena conhecer um pouco mais sobre essa forma de vida microscópica. Imagine que até 300 anos atrás, ninguém sabia da existência deste tipo de vida. Foi o holandês Antoine van Leeuwenhoek quem observou as bactérias pela primeira vez e, em 1865, Louis Pasteur descobriu como elas se multiplicam e causam doenças. Em 1673, o holandês Antoine van Leeuwenhoek (1632 - 1723), depois de aperfeiçoar o microscópio, passou a empregá-lo na observação dos seres microscópicos, chamando esses seres de “pequenos animálculos” Entre 1683 a 1695 ele enviou cartas à Sociedade Real de Londres fornecendo descrições claras das bactérias encontradas na cavidade oral. Embora não suspeitasse da ação patogênica dos seres microscópicos que encontrava, deixou aberta a trilha que conduziria a essa descoberta. Fonte: http://www.fop.unicamp.br/microbiologia/aulas/introducao.pdf Antoine van Leeuwenhoek Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Antoni_van_Leeuwenhoek.png 2 Existem evidências de que as bactérias tenham sido os ancestrais de todas as formas de vida na Terra. “No decorrer dos primeiros dois bilhões de anos de evolução biológica, as bactérias e outros microorganismos foram as únicas formas de vida no planeta” (CAPRA, 2002). Hoje, no Sistema de Classificação em Cinco Reinos, as bactérias são classificadas no Reino Monera (do grego moneres = único) junto com as cianobactérias, uma vez que são seres procariontes, isto é, suas células não apresentam núcleo organizado devido a ausência da carioteca (membrana nuclear) e, portanto, o material nuclear fica disperso no citoplasma. PESQUISE São vários os sistemas de classificação dos seres vivos e nenhum deles é completamente aceito por todos os biólogos. Um dos mais aceitos na comunidade científica atualmente é o Sistema de Classificação em Três Domínios, formados por seis reinos. Também é muito usado o Sistema de Classificação em Cinco Reinos proposto por Whittaker em 1969. Que tal agora, pesquisar sobre esses dois sistemas de classificação e compará-los em relação à classificação e divisão das bactérias? Os microrganismos dominam a biosfera! As bactérias estão por toda parte, do alto dos picos nevados às profundezas do mar, podem ser encontradas no ar, na água, nos alimentos e no nosso corpo. Isso se deve ao enorme poder de adaptação destes microorganismos ao ambiente. Elas podem suportar condições ambientais extremas, com grandes pressões, temperaturas abaixo de 0ºC e acima de 100°C, condições de enorme salinidade, além de valores de pH extremos. Incrível não? “Bactérias em plena atividade metabólica foram encontradas no Pólo Sul, em um ambiente considerado extremamente diverso ao desenvolvimento de vida, devido ao frio excessivo, às altas doses de radiação ultravioleta e à escassez de luz e água”. (COSENDEY, 2000, Ciência Hoje On-line). A massa total dos microrganismos do planeta é cerca de 25 vezes maior do que a de todos os demais seres vivos juntos e, além da massa, eles superam também em número de indivíduos. Na pele humana, que não é o local preferido das bactérias, uma vez que é seca e exposta, existem cem bactérias por centímetro quadrado. Um grama de matéria Escherichia coli Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:EscherichiaColi_NIAID.jpg 3 intestinal contém dez trilhões de bactérias. “Calcula-se que uma pessoa abrigue em seu corpo nada menos que 1014 (100 quatrilhões) de células bacterianas.” (MARTHO e AMABIS, 1997, pág. 216). O corpo humano na verdade contém 100 trilhões de células, e não apenas 10 trilhões. O que acontece é que 90% das células do nosso corpo são microrganismos que vivem simbioticamente em nosso intestino, estômago, boca, nariz, garganta, aparelho respiratório e sistema geniturinário. As bactérias que constituem essa microbiota retiram seus nutrientes de nós, mas pagam pela hospedagem se encarregando de várias tarefas essenciais para nossa saúde, incluindo a proteção contra patógenos, a síntese de vitaminas essenciais para o nosso metabolismo e possibilitam a digestão de alguns nutrientes (PENA, 2007). Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/97620 DEBATE PENA em seu artigo “Nós, as bactérias” disponível no endereço http://cienciahoje.uol.com.br/97620 diz: “Não quero induzir os leitores a uma crise de identidade, mas nosso corpo é de fato mais microbiano do que humano”. Sabendo disso analisemos: será que as bactérias que vivem em nosso organismo são nossas inimigas que precisam ser destruídas e eliminadas de nossa vida com desinfetantes e antibióticos ou será que são parte integral e fundamental de nós mesmos? O que significa “vivem simbioticamente em nosso organismo”? Além do enorme poder de adaptação ao ambiente, outro motivo que leva as bactérias a dominarem a biosfera é a velocidade com que se multiplicam, “elas se dividem com tanta rapidez que bilhões podem ser geradas a partir de uma única célula num prazo de poucos dias” (CAPRA, 2002). Com fartura de alimentos elas podem duplicar-se ininterruptamente a cada 20 minutos. Logo, matematicamente, em um período de onze horas, uma única bactéria, dá origem a cinco milhões de novas bactérias. Olhem aí a importância de se escovar os dentes todos os dias, pois as cáries também são provocadas por bactérias que vivem em nossa boca e convertem os restos de comidas em ácido lático, o qual ataca o esmalte dos dentes, provocando as famosas cáries. ATIVIDADES PRÁTICAS Com seu professor, realize os seguintes experimentos: § Raspe com um palitinho a região periodental (base do dente) e coloque sobre uma lâmina de vidro, pingue uma gota de violeta de genciana, cubra com uma lamínula e observe ao microscópio óptico. Esquematize e discuta com seus colegas o que observou. § Contamine placas de Petri esterilizadas contendo ágar ou gelatina incolor com elementos como: insetos mortos, língua, mãos, dinheiro, dente, etc. (use cotonetes). Lacre e identifique as placas. Coloque-as numa incubadora. Caso não disponha, deixe-as em um local reservado. Após 24, 48 e 72 horas, faça observaçõese (verificar se apareceram manchas, de que cor, com qual textura etc.). Registre o que viu. Por fim, comparar as culturas que se desenvolveram nas diversas placas com os tipos de bactérias estudados anteriormente e, com hábitos de higiene. 4 Supervilãs da humanidade? Algumas vezes o contato do homem com as bactérias não é benéfico, basta o ambiente do corpo ficar enfraquecido e as defesas orgânicas falharem para elas começarem a se reproduzir desenfreadamente, causando doenças que chamamos de infecções bacterianas. Um estreptococo (bactérias em forma de coco que se agrupam em colônias lineares ou em pares) fica anos na garganta, quietinho, e de repente explode numa amigdalite aguda. Isso acontece porque se rompe o equilíbrio de forças entre parasita e hospedeiro. Streptococcus pyogenes Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Streptococcus_pyogenes.jpg Não se deve confundir infecção bacteriana com intoxicação alimentar, apesar de ambas poderem ser causadas por bactérias. A primeira é provocada pelo desenvolvimento das bactérias, enquanto a segunda, pelas toxinas produzidas pelas bactérias que acabam por intoxicar o organismo humano. Fique de olho ao comprar enlatados, se estiverem com a tampa abaulada, não leve, pois você pode estar comprando, junto com o alimento, cepas da bactéria Clostridium botulinum, que produz a toxina botulínica, tão poderosa que apenas 1mg dela pode ser letal. Ela provoca a doença conhecida como botulismo, que atinge o sistema nervoso central, bloqueando a condução do impulso nervoso nas sinapses neuromusculares, o que provoca vômitos, visão dupla, paralisia respiratória e morte na maioria dos casos de intoxicação aguda. Quem diria hein! Esse mesmo veneno (a toxina botulínica, comercializado com o nome de BOTOX) é utilizado em tratamentos de beleza para atenuar rugas e marcas de expressão na face. Ao ser aplicado na pele o seu efeito paralisante diminui a contratilidade dos músculos faciais, reduzindo, dessa forma, as rugas. E tem muito mais! Ele vem sendo utilizado também, com muito sucesso, no tratamento de pacientes com estrabismo, com paralisia cerebral, traumatismo craniano, acidente vascular cerebral, lesões medulares e outras patologias do sistema nervoso central, com o objetivo de amenizar o quadro de espasticidade (aumento do tônus), característico destas patologias, e que constitui um dos maiores obstáculos para a reabilitação neurológica. 5 O veneno que rejuvenesce – a toxina é o agente causador do botulismo - é hoje um dos aliados mais poderosos no tratamento para reabilitar pessoas que sofrem dos mais diversos males A toxina botulínica age na placa motora — onde o nervo faz contato com o músculo. Ela inibe a liberação de acetilcolina — um neurotransmissor que repassa a ordem do cérebro para que o músculo se contraia. Como a acetilcolina é bloqueada, ele permanece relaxado. A aplicação de toxina é feita diretamente no músculo afetado por meio de seringa, diminuindo sua contração excessiva e aumentando, conseqüentemente, sua flexibilidade. (TRAMONTINA, 2003). Além do botulismo, outras doenças podem ser provocadas por bactérias, entre elas incluem-se: a febre tifóide, a coqueluche, a cólera asiática, a gonorréia, as gastrenterites, a pneumonia, a difteria, a hanseníase, a meningite, a tuberculose, a leptospirose, a sífilis, o tétano, entre outras. PESQUISA Agora é a sua vez! Pesquise os sintomas, o modo de transmissão, o agente infectante e como fazer a prevenção de cada uma das doenças bacterianas citadas. Depois, em grupos, elaborem cartazes com estas informações para serem utilizados no esclarecimento da população em geral sobre a importância da prevenção. PESQUISA DE CAMPO Procure a Secretaria de Saúde de seu município e faça uma pesquisa sobre as principais doenças bacterianas da sua região por estação do ano. Elabore uma tabela com os dados coletados. Como vimos, algumas bactérias estabelecem uma relação de parasitismo com o homem e causam doenças. Para combatêlas recorremos aos antibióticos. Isso é correto? Com certeza, ninguém pode duvidar do poder e benefício trazido pelos antibióticos, desde 1940 quando chegaram ao mercado. Como eles atuam? A maior parte dos procariontes possui parede celular rígida que protege a célula das agressões Você sabia que... Os antibióticos são utilizados na medicina na luta contra infecções bacterianas? Seu uso indiscriminado e sem controle médico faz com que surjam cepas de bactérias resistentes a estas drogas, sendo necessário a descoberta constante de novas drogas mais eficazes. O primeiro antibiótico, a penicilina foi descoberta em 1928 por acaso por Alexander Fleming, que reparou que numa cultura de bactérias (estafilococos), contaminada por fungos da espécie Penicillium notatum, as bactérias não se desenvolviam. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antibi%C3%B3tico do ambiente e impede seu rompimento quando colocada em meio rico em solventes, mas não a protege quando colocada em meio hipertônico, isto é, rico em solutos. Nesse caso ela se desidrata (perde 6 água) e morre. É utilizando essa peculiaridade que os antibióticos do grupo das penicilinas atuam, eles impedem que as bactérias formem a parede celular, deixando-as desprotegidas, o que acarreta sua morte. DEBATE Charques (carne-seca), manjubas (peixes salgados) e outros alimentos salgados não precisam ser conservados na geladeira. Levando em consideração a parede celular das bactérias, discuta com seus colegas e com seu professor porque os alimentos se conservam ao serem salgados? Bactérias, essenciais para a vida? Embora as bactérias sejam mais conhecidas pelas infecções que causam, a maior parte das que habita o corpo humano e dos demais seres vivos, não causa problemas. Às vezes, resolvem os problemas, como é o caso do Lactobacillus acidophillus, encontrado no interior do intestino humano e que com a sua presença, protege o organismo da invasão de bactérias nocivas ou patogênicas. A perda desses microrganismos (o que ocorre quando se toma antibiótico por via oral durante muito tempo) acarreta diarréias e, nesse caso, é aconselhável a ingestão de iogurte ou leite fermentado, uma vez que eles contêm esses microorganismos e, portanto, são úteis para a reposição da flora intestinal. Os Lactobacillus acidophillus são chamados de probióticos. De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) probióticos são microrganismos vivos, que adicionados aos alimentos, são capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo. Os mais utilizados pela indústria são as bactérias láticas e algumas leveduras. Dentre as bactérias, as mais comumente usadas são as dos gêneros Bifidobacterium e os Lactobacillus. Você pode conhecer mais sobre esse assunto visitando os sites: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572006000700009&lng=pt&nrm=iso http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v42n1/29855.pdf Os cientistas estão ampliando a gama de opções de alimentos enriquecidos com probióticos. No Brasil existe um estudo para adicionar lactobacilos ao sorvete (CARVALHO, 2006). No Japão, já existem até chicletes com probióticos, já pensou em mascar uma bacteriazinha? Acalme-se! Esses micróbios não costumam alterar o gosto dos alimentos, muito pelo contrário, foi justamente para controlar a acidez de queijos e iogurtes que eles começaram a ser usados, só depois, por acaso, foi que se descobriu que os probióticos eram grandes aliados da saúde humana. 7 Entre os vários benefícios que os probióticos podem trazer ao homem estão: garantir a saúde do intestino, afastar o câncer, fortalecer o sistema imunológico, impedir a multiplicação de bactérias nocivas, inibir a produção de toxinas, melhorar a digestão e ainda fabricar vitaminas do complexo B e até fibras solúveis. Você sabia que.... Uma pessoa normal solta entre dez e quinze puns por dia por causa de certas bactérias que produzem gás metano nos intestinos a partir das fibras dos cereais e vegetais que digerem para nós. É isso aí! Elas ajudam também na formação dos nossos gases! Quando estamos saboreando um queijinho, um iogurte ou uma deliciosa fatia de pão com manteiga, nem nos passa pela cabeça que os aromas e os sabores que tanto apreciamos são produzidos pela ação das bactérias. Estamos falando das bactérias láticas, dos gêneros Streptococcus e Lactobacillus que, através da fermentação lática, transformam a lactose (açúcar) do leite em ácido lático. O sabor azedo do leite fermentado se deve a esse ácido que provoca uma redução do pH (aumento de acidez) e com isso ocorre a coagulação das proteínas do leite e a formação do coalho, que é usado na fabricação de queijos e iogurtes. Portanto, a fermentação lática consiste na oxidação anaeróbica, parcial de hidratos de carbono, com a produção final de ácido lático, além de várias outras substâncias orgânicas. É um processo de grande importância utilizado pelo homem na produção de laticínios (queijos, manteiga, coalhada, etc.). Fermentação lática: C6H12O6 H 2C3H6O3 + 2 ATP (energia) H HO OH OH O HO HO H H 2 H3C CH C OH O 2ATP OH Ácido lático Nesse caso o ácido lático produzido (o ácido 2-hidroxi-propanóico) é proveniente da degradação anaeróbica de glicídios por oxidação incompleta. Além da fermentação lática, a fermentação acética também é realizada por bactérias. É a reação que ocorre na transformação do vinho em vinagre. “Desde a antiguidade o homem sabe fabricar vinagre; basta deixar o vinho azedar. A palavra vinagre vem do francês vin 8 (vinho) e aigre (azedo). Na reação (...) o etanol reage com O2 transformando-se em ácido acético.” (TITO e CANTO, 1996, pág. 471). H3C C H2 OH O2 O H 3C C H 2O H Etanol (vinho) Ácido acético (vinagre) Perceba que a fermentação acética corresponde a uma oxidação de álcool primário a ácido carboxílico. Esse processo é utilizado na produção de vinagre comum e do ácido acético industrial. ATIVIDADE Pesquisar no supermercado, em quais embalagens de alimentos, está registrado que é um produto obtido por fermentação lática ou acética ou que apareça o nome de bactérias nos rótulos. Juntar com a pesquisa dos colegas e montar um painel de embalagens de alimentos elaborados a partir da ação das bactérias. É certo dizer que o homem não sobrevive sem os procariontes (bactérias e cianobactérias)? Se você respondeu sim, está correto. É que se o Reino Monera desaparecesse da face da Terra, todos os restantes lhe seguiriam, pois o Ciclo do Nitrogênio seria interrompido. Caso contrário se ficassem somente os procariontes eles continuariam a viver tranquilamente. Assustador? Pode ser, mas é verdade! Isto porque o nitrogênio é um elemento químico essencial à manutenção da vida, já que entra na constituição de moléculas orgânicas extremamente importantes como as proteínas, os ácidos nucléicos, a clorofila e outras. Embora este elemento químico esteja presente em grande porcentagem no ar atmosférico, compondo as moléculas do gás nitrogênio, N2 (gás que constitui aproximadamente 78% da atmosfera), poucos são os organismos que o assimilam nessa forma. Aí, entram as bactérias e cianobactérias que além de fixação biológica do nitrogênio atmosférico, ainda executam várias outras etapas deste ciclo – como a nitrificação, a desnitrificação e a amonificação. PESQUISA Para conhecer melhor o papel das bactérias no Ciclo do Nitrogênio pesquise como acontece cada uma das etapas citadas e quais os gêneros de bactérias envolvidas. Você pode encontrar esse material em seu livro de Biologia, no capítulo referente aos Ciclos Biogeoquímicos, na biblioteca ou ainda na internet no endereço: http://www.ciagri.usp.br/~luagallo/NITROGE.htm 9 A lista das bactérias úteis não acaba aí. Lembremo-nos daquelas que trabalham anônima e silenciosamente, realizando de maneira invisível, um trabalho de faxina juntamente com certos fungos, que são conhecidos como decompositores. Eles decompõem a matéria orgânica, como troncos, folhas, lixo, cadáveres vegetais e animais, resíduos dos seres vivos (urina, fezes, etc.), atuando na reciclagem da matéria nos ecossistemas. Ao degradar a matéria orgânica dos cadáveres, liberam no ambientes moléculas e elementos químicos que serão reutilizados por outros seres. Como eles fazem a biodegradação? A matéria orgânica é formada de extensas cadeias de carbono à qual se agregam outros átomos. Os microorganismos quebram a cadeia junto ao carbono e aproveitam a energia encerrada na ligação química. Os micróbios tendem a quebrar o maior número de ligações e arrancar do composto original a maior quantidade possível de energia. Por isso, é que no final restam materiais extremamente simples. Mas, isso depende do tipo de material e do tipo de degradação presente. Quando ela é aeróbica, a qual utiliza oxigênio para o processo de degradação, o processo é mais rápido e muito eficiente. Seus subprodutos são elementos como nitrogênio e o enxofre, anteriormente agregados nas cadeias de carbono. Na decomposição anaeróbica, sem oxigênio e, portanto menos eficiente, os subprodutos são mais complexos como o gás metano e gás sulfídrico. Daí vem o mau cheiro observado ao redor do lixo caseiro. Esse trabalho minucioso pode durar alguns dias ou milhares de anos. Depende do tipo de material do qual é constituído o lixo. (NASSOUR, 2003). O homem vem buscando na própria natureza a solução para um dos principais problemas da atualidade: a poluição ambiental. Como? Através da biorremediação, que é o uso de seres vivos, principalmente bactérias ou suas enzimas para restaurar ambientes poluídos. Sabe por que as bactérias fazem faxina no ambiente? Como vimos acima, a biodegradação é um processo natural em que bactérias e fungos digerem substâncias orgânicas para obterem nutrientes e energia e, como o alimento deles podem ser os contaminantes, sem querer eles acabam auxiliando o homem promovendo uma auto-regeneração do local. Este processo natural, capaz de gerar apenas água e gases não tóxicos como produtos, necessita de uma série de características essenciais, como temperatura, pH, além das devidas quantidades de nutrientes e oxigênio para manter o microrganismo ativo. Assim sendo, um ecossistema natural, contaminado de forma mediana, chega a levar entre 50 e 100 anos para promover uma autorecuperação, o que pode comprometer a qualidade da fauna e flora originais. 10 Atualmente, de modo a acelerar os processos de remediação e diminuir os danos ambientais provocados pela presença de componentes tóxicos no meio, está sendo promovida a biorremediação estimulada, ou seja, a intervenção humana que visa acelerar os processos microbianos naturais de degradação de poluentes ambientais. Além disso, através da engenharia genética tem-se produzido bactérias transgênicas extremamente poderosas e totalmente modificadas para realizar esse processo de biorremediação. Esta tecnologia é bastante segura, uma vez que utiliza seres já existentes no solo e na água da região. Depois de degradar os contaminantes (combustíveis, solventes, petróleo, resíduos domésticos e industriais, compostos químicos, etc.), a população de microorganismos volta aos níveis normais, uma vez que se esgota sua fonte de alimentos. PESQUISA Que tal agora conhecer alguns exemplos de biorremediação? Pesquise um exemplo e traga para a sala para discussão com os colegas. Bactérias transgênicas? É isso mesmo! As bactérias são uma classe de organismos geralmente ignorados quando discute-se transgênicos, entretanto foram elas os primeiros organismos a serem deliberadamente manipulados pelo homem em sua constituição genética e após quase três décadas de pesquisa, temos vários produtos dessa tecnologia. A primeira aplicação comercial de clonagem molecular ocorreu com a produção de insulina humana para o tratamento do diabetes. Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/images/saude_ciencia/16372HSD_pq.jpg A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas normal, sendo que os diabéticos não produzem esse hormônio, portanto, a maioria deles necessitam de injeção de insulina diretamente na corrente sangüínea, até quatro vezes ao dia. Antigamente, os diabéticos utilizavam insulina de origem suína, o que provocava reações de rejeição pelo organismo. Para essa produção o gene que produz a insulina, no organismo humano, é isolado e transferido para a bactéria Escherichia coli, que adquiri esta característica e passa a produzir insulina humana. As bactérias se multiplicam e crescem em tanque de fermentação, produzindo a proteína insulina que, a partir daí, é isolada, purificada 11 e usada pelos diabéticos. Esta insulina é mais segura e barata em relação à insulina usada anteriormente e é fabricada e vendida livremente em todas as farmácias do Brasil (com tecnologia brasileira). Além da insulina, o hormônio do crescimento somatotrofina também é produzido por bactérias com DNA modificado. Esse hormônio é normalmente sintetizado e secretado pela hipófise e estimula o crescimento e a reprodução celular em humanos e outros vertebrados. Antes de sua produção pela biotecnologia ele era extraído da hipófise de cadáveres. A produção do medicamento é feita por meio da tecnologia do DNA recombinante [...] A tecnologia permite 'implantar' o gene que codifica sua produção em bactérias da espécie Escherichia coli geneticamente modificadas. Inserido numa molécula de DNA bacteriano (plasmídeo), o gene leva a bactéria a produzir o hormônio. [...] (GUEDES, Andréa. CH On-line. 2001 http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/3095 . Microorganismos transgênicos contribuem hoje para a produção de mais de 400 produtos de uso médico, desde vitamina C a medicamentos contra a Aids, segundo dados da Associação Nacional de Biossegurança (ANBIO). PESQUISA Pesquise outros processos desenvolvidos pela engenharia genética utilizando bactérias modificadas geneticamente. Traga a pesquisa para a sala e apresente para os colegas. Nós humanos aprendemos desde muito cedo certos conceitos de higiene, quando criança aprendemos a lavar as mãos, escovar os dentes, tomar pelo menos um banho diário. Entretanto, nem sempre foi assim, o hábito da higiene constante é relativamente novo na cultura Ocidental. A grande devastação da Europa medieval pela Peste Negra (peste bubônica), que varreu a Europa entre os anos de 1346 e 1352, e levou à morte de 20 a 30 milhões de pessoas A Peste Bubônica, conhecida também como Peste Negra é uma doença causada pela bactéria Yersinia pestis – transmitida ao homem pela picada de uma pulga que infesta ratos, descoberta somente em 1894. É considerada uma das mais perigosas de todas as bactérias, letal em 90% dos casos. A doença se manifesta de três formas: a pneumônica, que ataca os pulmões; a septicêmica, que infecta a corrente sangüínea; e a bubônica, a mais comum, cujo nome deriva das tumefações do tamanho de um ovo, conhecidas como bubos ou bubões, que aparecem no pescoço, nas axilas ou nas virilhas do doente nos primeiros estágios da doença. http://www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_media/ peste_negra.html 12 na Europa (1/3 de toda a população européia), deu-se, entre outras coisas, pela pouca higiene da época. A população não tinha acesso aos sabões, banhavam-se no máximo duas ou três vezes por ano. O pior de tudo era a ignorância a respeito da verdadeira causa da doença e da forma de transmissão. Para muitas pessoas, a peste era um castigo provocado pela ira de Deus diante dos pecados cometidos pelos homens. Esta epidemia provocou a maior onda de mortandade já ocorrida. A doença era aterrorizante, os doentes sentiam dores muito fortes e geralmente morriam em até cinco dias após a manifestação dos primeiros sintomas. Os homens se evitavam, parentes se distanciavam e o que é difícil de acreditar, houve pais e mães que abandonaram os filhos à sua sorte. A peste era o tipo de calamidade que não inspirava solidariedade. Ilustração da Peste na Bíblia de Toggenburg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b8/Black_Death.jpg A peste negra na Europa foi a pior, mas não a única das epidemias. Em virtude das condições sanitárias das cidades e do desconhecimento da etiologia das doenças infecciosas, grandes epidemias assolaram as nações no passado, dizimando suas populações, limitando o crescimento demográfico, e mudando, muitas vezes, o curso da história. Tais epidemias foram genericamente rotuladas de peste, embora muitas delas não tenham sido causadas pelo bacilo da bactéria Yersinia pestis, sendo provavelmente, epidemias de varíola, tifo exantemático, cólera, malária ou febre tifóide. ATIVIDADES 1. 2. A bactéria Yersinia pestis não foi a única a mudar a história da humanidade. Quem não se lembra do antraz (Bacillus anthracis) bactéria utilizada como arma biológica contra os Estados Unidos em 2001, após a derrubada das Torres Gêmeas? Pesquise sobre esse fato histórico e depois discuta com os colegas sobre as conseqüências do uso de armas biológicas contra o Brasil, levando em conta nosso atual sistema de saúde pública. Para finalizar discuta com seu professor e com seus colegas sobre a problemática inicial: as bactérias são todas supervilãs ou a maioria são essenciais à vida em nosso Planeta? Por quê? Agora que você já sabe bastante sobre as bactérias pode colaborar na criação do WikiBacteria e do WikiBiologia que foram produzidos por alunos do Colégio Estadual Helena Kolody – Ensino Médio de Terra Boa. Para isso basta acessar os endereços: http://www.centraldesktop.com/wikibacter/wikibacteria ou http://www.centraldesktop.com/helenakolody/biologia/ Você também pode criar um wiki na sua escola. Acesse o site: http://www.centraldesktop.com/ e depois é só seguir os passos. 13 Referências AMABIS e MARTHO. Fundamentos da Biologia Moderna. São Paulo: Moderna, 1997. CAPRA, F. Vida , mente e sociedade. In ______ As Conexões ocultas – ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002 CARVALHO, Guilherme Andrade de. Enriquecimento de Sorvete com Microrganismos Probióticos. Dissertação – Mestrado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Instituto de Tecnologia. Rio de Janeiro, 2006. CURTIS, H. Biologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. JOLY, A. B. 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