Leonilda Brandão – Orientadora (UEM): Maria Júlia Corazza Nunes

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FOLHAS DE BIOLOGIA
Autora: Leonilda Brandão – Orientadora (UEM): Maria Júlia Corazza Nunes
NRE: Cianorte
Escola: Colégio Estadual Helena Kolody – Ensino Médio
Disciplina: Biologia ( ) Ensino Fundamental (x) Ensino Médio
Disciplina da relação interdisciplinar 1: Química
Disciplina da relação interdisciplinar 2: História
Conteúdo estruturante: Organização dos seres vivos
Conteúdo específico: Bactérias
Bactérias:
supervilãs da
humanidade ou
essenciais à vida no
Planeta?
Ilustrações: Renata Rodrigues de Oliveira
Quando se fala em bactéria, a primeira idéia que nos vem à cabeça é a
daqueles seres invisíveis que ameaçam nossas vidas e estão por trás de várias
doenças. Mas será que o complexo mundo dos microrganismos se resume às
bactérias patogênicas ou têm outras que trazem benefícios ao homem e ao meio
ambiente? É possível dizer que mesmo as bactérias que causam infecções são
importantes para o equilíbrio da natureza? O que você acha?
Para descobrir essas e outras curiosidades sobre as bactérias vale a pena
conhecer um pouco mais sobre essa forma de vida microscópica. Imagine que até
300 anos atrás, ninguém sabia da existência deste tipo de vida. Foi o holandês
Antoine van Leeuwenhoek quem observou as bactérias pela primeira vez e, em 1865,
Louis Pasteur descobriu como elas se multiplicam e causam doenças.
Em 1673, o holandês Antoine van Leeuwenhoek (1632 - 1723),
depois de aperfeiçoar o microscópio, passou a empregá-lo na
observação dos seres microscópicos, chamando esses seres de
“pequenos animálculos” Entre 1683 a 1695 ele enviou cartas à
Sociedade Real de Londres fornecendo descrições claras das
bactérias encontradas na cavidade oral. Embora não suspeitasse da
ação patogênica dos seres microscópicos que encontrava, deixou
aberta a trilha que conduziria a essa descoberta. Fonte:
http://www.fop.unicamp.br/microbiologia/aulas/introducao.pdf
Antoine van Leeuwenhoek
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Antoni_van_Leeuwenhoek.png
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Existem evidências de que as bactérias tenham sido os ancestrais de todas
as formas de vida na Terra. “No decorrer dos primeiros dois bilhões de anos de
evolução biológica, as bactérias e outros microorganismos foram as únicas formas de
vida no planeta” (CAPRA, 2002).
Hoje, no Sistema de Classificação em Cinco Reinos, as bactérias são
classificadas no Reino Monera (do grego moneres = único) junto com as
cianobactérias, uma vez que são seres procariontes, isto é, suas células não
apresentam núcleo organizado devido a ausência da carioteca (membrana nuclear)
e, portanto, o material nuclear fica disperso no citoplasma.
PESQUISE
São vários os sistemas de classificação dos seres vivos e nenhum deles é completamente
aceito por todos os biólogos. Um dos mais aceitos na comunidade científica atualmente é o
Sistema de Classificação em Três Domínios, formados por seis reinos. Também é muito
usado o Sistema de Classificação em Cinco Reinos proposto por Whittaker em 1969. Que
tal agora, pesquisar sobre esses dois sistemas de classificação e compará-los em relação à
classificação e divisão das bactérias?
Os microrganismos dominam a biosfera!
As bactérias estão por toda parte, do alto dos picos nevados às profundezas
do mar, podem ser encontradas no ar, na água, nos alimentos e no nosso corpo. Isso
se deve ao enorme poder de adaptação destes microorganismos ao ambiente. Elas
podem
suportar
condições
ambientais
extremas,
com
grandes
pressões,
temperaturas abaixo de 0ºC e acima de 100°C, condições de enorme salinidade,
além de valores de pH extremos. Incrível não? “Bactérias em plena atividade
metabólica foram encontradas no Pólo Sul, em um ambiente considerado
extremamente diverso ao desenvolvimento de vida, devido ao frio excessivo, às altas
doses de radiação ultravioleta e à escassez de luz e água”. (COSENDEY, 2000,
Ciência Hoje On-line).
A massa total dos microrganismos do planeta é cerca de 25 vezes maior do
que a de todos os demais seres vivos juntos e, além da
massa, eles superam também em número de indivíduos.
Na pele humana, que não é o local preferido das
bactérias, uma vez que é seca e exposta, existem cem
bactérias por centímetro quadrado. Um grama de matéria
Escherichia coli
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:EscherichiaColi_NIAID.jpg
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intestinal contém dez trilhões de bactérias. “Calcula-se que uma pessoa abrigue em
seu corpo nada menos que 1014 (100 quatrilhões) de células bacterianas.” (MARTHO
e AMABIS, 1997, pág. 216).
O corpo humano na verdade contém 100 trilhões de células, e não apenas 10 trilhões. O
que acontece é que 90% das células do nosso corpo são microrganismos que vivem
simbioticamente em nosso intestino, estômago, boca, nariz, garganta, aparelho
respiratório e sistema geniturinário. As bactérias que constituem essa microbiota retiram
seus nutrientes de nós, mas pagam pela hospedagem se encarregando de várias
tarefas essenciais para nossa saúde, incluindo a proteção contra patógenos, a síntese
de vitaminas essenciais para o nosso metabolismo e possibilitam a digestão de alguns
nutrientes (PENA, 2007). Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/97620
DEBATE
PENA
em
seu
artigo
“Nós,
as
bactérias”
disponível
no
endereço
http://cienciahoje.uol.com.br/97620 diz: “Não quero induzir os leitores a uma crise de
identidade, mas nosso corpo é de fato mais microbiano do que humano”. Sabendo disso
analisemos: será que as bactérias que vivem em nosso organismo são nossas inimigas
que precisam ser destruídas e eliminadas de nossa vida com desinfetantes e antibióticos
ou será que são parte integral e fundamental de nós mesmos? O que significa “vivem
simbioticamente em nosso organismo”?
Além do enorme poder de adaptação ao ambiente, outro motivo que leva as
bactérias a dominarem a biosfera é a velocidade com que se multiplicam, “elas se
dividem com tanta rapidez que bilhões podem ser geradas a partir de uma única
célula num prazo de poucos dias” (CAPRA, 2002).
Com fartura de alimentos elas podem duplicar-se ininterruptamente a cada
20 minutos. Logo, matematicamente, em um período de onze horas, uma única
bactéria, dá origem a cinco milhões de novas bactérias. Olhem aí a
importância de se escovar os dentes todos os dias, pois as cáries
também são provocadas por bactérias que vivem em nossa boca e
convertem os restos de comidas em ácido lático, o qual ataca o
esmalte dos dentes, provocando as famosas cáries.
ATIVIDADES PRÁTICAS
Com seu professor, realize os seguintes experimentos:
§ Raspe com um palitinho a região periodental (base do dente) e coloque sobre uma lâmina de
vidro, pingue uma gota de violeta de genciana, cubra com uma lamínula e observe ao
microscópio óptico. Esquematize e discuta com seus colegas o que observou.
§ Contamine placas de Petri esterilizadas contendo ágar ou gelatina incolor com elementos
como: insetos mortos, língua, mãos, dinheiro, dente, etc. (use cotonetes). Lacre e identifique as
placas. Coloque-as numa incubadora. Caso não disponha, deixe-as em um local reservado.
Após 24, 48 e 72 horas, faça observaçõese (verificar se apareceram manchas, de que cor, com
qual textura etc.). Registre o que viu. Por fim, comparar as culturas que se desenvolveram nas
diversas placas com os tipos de bactérias estudados anteriormente e, com hábitos de higiene.
4
Supervilãs da humanidade?
Algumas vezes o contato do homem com as bactérias não é
benéfico, basta o ambiente do corpo ficar enfraquecido e as defesas
orgânicas falharem para elas começarem a se reproduzir desenfreadamente,
causando doenças que chamamos de infecções bacterianas. Um estreptococo
(bactérias em forma de coco que se agrupam em colônias
lineares ou em pares) fica anos na garganta, quietinho, e de
repente explode numa amigdalite aguda. Isso acontece
porque se rompe o equilíbrio de forças entre parasita e
hospedeiro.
Streptococcus pyogenes
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Streptococcus_pyogenes.jpg
Não se deve confundir infecção bacteriana com intoxicação alimentar,
apesar de ambas poderem ser causadas por bactérias. A primeira é provocada pelo
desenvolvimento das bactérias, enquanto a segunda, pelas toxinas produzidas pelas
bactérias que acabam por intoxicar o organismo humano.
Fique de olho ao comprar enlatados, se estiverem com a tampa abaulada,
não leve, pois você pode estar comprando, junto com o alimento, cepas da bactéria
Clostridium botulinum, que produz a toxina botulínica, tão poderosa que apenas 1mg
dela pode ser letal. Ela provoca a doença conhecida como botulismo, que atinge o
sistema nervoso central, bloqueando a condução do impulso nervoso nas sinapses
neuromusculares, o que provoca vômitos, visão dupla, paralisia respiratória e morte
na maioria dos casos de intoxicação aguda.
Quem diria hein! Esse mesmo veneno (a toxina botulínica,
comercializado com o nome de BOTOX) é utilizado em tratamentos
de beleza para atenuar rugas e marcas de expressão na face. Ao ser
aplicado na pele o seu efeito paralisante diminui a contratilidade dos
músculos faciais, reduzindo, dessa forma, as rugas.
E tem muito mais! Ele vem sendo utilizado também, com muito sucesso, no
tratamento de pacientes com estrabismo, com paralisia cerebral, traumatismo
craniano, acidente vascular cerebral, lesões medulares e outras patologias do
sistema nervoso central, com o objetivo de amenizar o quadro de espasticidade
(aumento do tônus), característico destas patologias, e que constitui um dos maiores
obstáculos para a reabilitação neurológica.
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O veneno que rejuvenesce – a toxina é o agente causador do botulismo - é hoje um dos
aliados mais poderosos no tratamento para reabilitar pessoas que sofrem dos mais
diversos males A toxina botulínica age na placa motora — onde o nervo faz contato com o
músculo. Ela inibe a liberação de acetilcolina — um neurotransmissor que repassa a
ordem do cérebro para que o músculo se contraia. Como a acetilcolina é bloqueada, ele
permanece relaxado. A aplicação de toxina é feita diretamente no músculo afetado por
meio de seringa, diminuindo sua contração excessiva e aumentando, conseqüentemente,
sua flexibilidade. (TRAMONTINA, 2003).
Além do botulismo, outras doenças podem ser provocadas por bactérias,
entre elas incluem-se: a febre tifóide, a coqueluche, a cólera asiática, a gonorréia, as
gastrenterites, a pneumonia, a difteria, a hanseníase, a meningite, a tuberculose, a
leptospirose, a sífilis, o tétano, entre outras.
PESQUISA
Agora é a sua vez! Pesquise os sintomas, o modo de transmissão, o agente infectante e
como fazer a prevenção de cada uma das doenças bacterianas citadas. Depois, em
grupos, elaborem cartazes com estas informações para serem utilizados no
esclarecimento da população em geral sobre a importância da prevenção.
PESQUISA DE CAMPO
Procure a Secretaria de Saúde de seu município e faça uma pesquisa sobre as principais
doenças bacterianas da sua região por estação do ano. Elabore uma tabela com os dados
coletados.
Como vimos, algumas
bactérias
estabelecem
uma
relação de parasitismo com o
homem e causam doenças. Para combatêlas recorremos aos antibióticos. Isso é
correto?
Com
certeza,
ninguém
pode
duvidar do poder e benefício trazido pelos
antibióticos, desde 1940 quando chegaram
ao mercado.
Como eles atuam? A maior parte
dos procariontes possui parede celular
rígida que protege a célula das agressões
Você sabia que...
Os antibióticos são utilizados na
medicina na luta contra infecções
bacterianas? Seu uso indiscriminado
e sem controle médico faz com que
surjam
cepas
de
bactérias
resistentes a estas drogas, sendo
necessário a descoberta constante
de novas drogas mais eficazes. O
primeiro antibiótico, a penicilina foi
descoberta em 1928 por acaso por
Alexander Fleming, que reparou que
numa
cultura
de
bactérias
(estafilococos), contaminada por
fungos da espécie Penicillium
notatum, as bactérias não se
desenvolviam. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antibi%C3%B3tico
do ambiente e impede seu rompimento
quando colocada em meio rico em solventes, mas não a protege quando colocada
em meio hipertônico, isto é, rico em solutos. Nesse caso ela se desidrata (perde
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água) e morre. É utilizando essa peculiaridade que os antibióticos do grupo das
penicilinas atuam, eles impedem que as bactérias formem a parede celular,
deixando-as desprotegidas, o que acarreta sua morte.
DEBATE
Charques (carne-seca), manjubas (peixes salgados) e outros alimentos salgados não
precisam ser conservados na geladeira. Levando em consideração a parede celular das
bactérias, discuta com seus colegas e com seu professor porque os alimentos se
conservam ao serem salgados?
Bactérias, essenciais para a vida?
Embora as bactérias sejam mais conhecidas pelas
infecções que causam, a maior parte das que habita o corpo
humano e dos demais seres vivos, não causa problemas. Às vezes,
resolvem os problemas, como é o caso do Lactobacillus acidophillus, encontrado no
interior do intestino humano e que com a sua presença, protege o organismo da
invasão de bactérias nocivas ou patogênicas. A perda desses microrganismos (o que
ocorre quando se toma antibiótico por via oral durante muito tempo) acarreta diarréias
e, nesse caso, é aconselhável a ingestão de iogurte ou leite fermentado, uma vez
que eles contêm esses microorganismos e, portanto, são úteis para a reposição da
flora intestinal. Os Lactobacillus acidophillus são chamados de probióticos.
De acordo com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) probióticos são
microrganismos vivos, que adicionados aos alimentos, são capazes de melhorar o
equilíbrio microbiano intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo. Os
mais utilizados pela indústria são as bactérias láticas e algumas leveduras. Dentre as
bactérias, as mais comumente usadas são as dos gêneros Bifidobacterium e os
Lactobacillus. Você pode conhecer mais sobre esse assunto visitando os sites:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572006000700009&lng=pt&nrm=iso
http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v42n1/29855.pdf
Os cientistas estão ampliando a gama de opções de alimentos enriquecidos
com probióticos. No Brasil existe um estudo para adicionar lactobacilos ao sorvete
(CARVALHO, 2006). No Japão, já existem até chicletes com probióticos, já pensou
em mascar uma bacteriazinha? Acalme-se! Esses micróbios não costumam alterar o
gosto dos alimentos, muito pelo contrário, foi justamente para controlar a acidez de
queijos e iogurtes que eles começaram a ser usados, só depois, por acaso, foi que se
descobriu que os probióticos eram grandes aliados da saúde humana.
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Entre os vários benefícios que os probióticos podem trazer ao homem estão:
garantir a saúde do intestino, afastar o câncer, fortalecer o sistema imunológico,
impedir a multiplicação de bactérias nocivas, inibir a produção de toxinas, melhorar a
digestão e ainda fabricar vitaminas do complexo B e até fibras solúveis.
Você sabia que....
Uma pessoa normal solta entre dez e quinze puns por dia por causa de
certas bactérias que produzem gás metano nos intestinos a partir das fibras
dos cereais e vegetais que digerem para nós. É isso aí! Elas ajudam também
na formação dos nossos gases!
Quando estamos saboreando um queijinho, um iogurte ou
uma deliciosa fatia de pão com manteiga, nem nos passa pela
cabeça que os aromas e os sabores que tanto apreciamos são
produzidos pela ação das bactérias. Estamos falando das bactérias
láticas, dos gêneros Streptococcus e Lactobacillus que, através da fermentação
lática, transformam a lactose (açúcar) do leite em ácido lático. O sabor azedo do leite
fermentado se deve a esse ácido que provoca uma redução do pH (aumento de
acidez) e com isso ocorre a coagulação das proteínas do leite e a formação do
coalho, que é usado na fabricação de queijos e iogurtes.
Portanto, a fermentação lática consiste na oxidação anaeróbica, parcial de
hidratos de carbono, com a produção final de ácido lático, além de várias outras
substâncias orgânicas. É um processo de grande importância utilizado pelo homem
na produção de laticínios (queijos, manteiga, coalhada, etc.).
Fermentação lática: C6H12O6
H
2C3H6O3 + 2 ATP (energia)
H
HO
OH
OH
O
HO
HO
H
H
2
H3C
CH C
OH
O
2ATP
OH
Ácido lático
Nesse caso o ácido lático produzido (o ácido 2-hidroxi-propanóico) é
proveniente da degradação anaeróbica de glicídios por oxidação incompleta.
Além da fermentação lática, a fermentação acética também é
realizada por bactérias. É a reação que ocorre na transformação do
vinho em vinagre. “Desde a antiguidade o homem sabe fabricar vinagre;
basta deixar o vinho azedar. A palavra vinagre vem do francês vin
8
(vinho) e aigre (azedo). Na reação (...) o etanol reage com O2 transformando-se em
ácido acético.” (TITO e CANTO, 1996, pág. 471).
H3C
C H2
OH
O2
O
H 3C
C
H 2O
H
Etanol (vinho)
Ácido acético (vinagre)
Perceba que a fermentação acética corresponde a uma oxidação de álcool
primário a ácido carboxílico. Esse processo é utilizado na produção de vinagre
comum e do ácido acético industrial.
ATIVIDADE
Pesquisar no supermercado, em quais embalagens de alimentos, está registrado que é
um produto obtido por fermentação lática ou acética ou que apareça o nome de
bactérias nos rótulos. Juntar com a pesquisa dos colegas e montar um painel de
embalagens de alimentos elaborados a partir da ação das bactérias.
É certo dizer que o homem não sobrevive sem os
procariontes (bactérias e cianobactérias)? Se você respondeu sim,
está correto. É que se o Reino Monera desaparecesse da face da
Terra, todos os restantes lhe seguiriam, pois o Ciclo do Nitrogênio seria
interrompido. Caso contrário se ficassem somente os procariontes eles continuariam
a viver tranquilamente. Assustador? Pode ser, mas é verdade! Isto porque o
nitrogênio é um elemento químico essencial à manutenção da vida, já que entra na
constituição de moléculas orgânicas extremamente importantes como as proteínas,
os ácidos nucléicos, a clorofila e outras. Embora este elemento químico esteja
presente em grande porcentagem no ar atmosférico, compondo as moléculas do gás
nitrogênio, N2 (gás que constitui aproximadamente 78% da atmosfera), poucos são
os organismos que o assimilam nessa forma. Aí, entram as bactérias e
cianobactérias que além de fixação biológica do nitrogênio atmosférico, ainda
executam várias outras etapas deste ciclo – como a nitrificação, a desnitrificação e a
amonificação.
PESQUISA
Para conhecer melhor o papel das bactérias no Ciclo do Nitrogênio pesquise como
acontece cada uma das etapas citadas e quais os gêneros de bactérias envolvidas. Você
pode encontrar esse material em seu livro de Biologia, no capítulo referente aos Ciclos
Biogeoquímicos,
na
biblioteca
ou
ainda
na
internet
no
endereço:
http://www.ciagri.usp.br/~luagallo/NITROGE.htm
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A lista das bactérias úteis não acaba aí. Lembremo-nos daquelas
que trabalham anônima e silenciosamente, realizando de maneira
invisível, um trabalho de faxina juntamente com certos fungos, que são
conhecidos como decompositores. Eles decompõem a matéria orgânica, como
troncos, folhas, lixo, cadáveres vegetais e animais, resíduos dos seres vivos (urina,
fezes, etc.), atuando na reciclagem da matéria nos ecossistemas. Ao degradar a
matéria orgânica dos cadáveres, liberam no ambientes moléculas e elementos
químicos que serão reutilizados por outros seres.
Como eles fazem a biodegradação?
A matéria orgânica é formada de extensas cadeias de carbono à qual se agregam
outros átomos. Os microorganismos quebram a cadeia junto ao carbono e aproveitam
a energia encerrada na ligação química. Os micróbios tendem a quebrar o maior
número de ligações e arrancar do composto original a maior quantidade possível de
energia. Por isso, é que no final restam materiais extremamente simples. Mas, isso
depende do tipo de material e do tipo de degradação presente. Quando ela é
aeróbica, a qual utiliza oxigênio para o processo de degradação, o processo é mais
rápido e muito eficiente. Seus subprodutos são elementos como nitrogênio e o
enxofre, anteriormente agregados nas cadeias de carbono. Na decomposição
anaeróbica, sem oxigênio e, portanto menos eficiente, os subprodutos são mais
complexos como o gás metano e gás sulfídrico. Daí vem o mau cheiro observado ao
redor do lixo caseiro. Esse trabalho minucioso pode durar alguns dias ou milhares de
anos. Depende do tipo de material do qual é constituído o lixo. (NASSOUR, 2003).
O homem vem buscando na própria natureza a solução para um dos
principais problemas da atualidade: a poluição ambiental. Como? Através da
biorremediação, que é o uso de seres vivos, principalmente bactérias ou suas
enzimas para restaurar ambientes poluídos.
Sabe por que as bactérias fazem faxina no ambiente? Como vimos acima, a
biodegradação é um processo natural em que bactérias e fungos digerem
substâncias orgânicas para obterem nutrientes e energia e, como o alimento deles
podem ser os contaminantes, sem querer eles acabam auxiliando o homem
promovendo uma auto-regeneração do local.
Este processo natural, capaz de gerar apenas água e gases não tóxicos
como produtos, necessita de uma série de características essenciais, como
temperatura, pH, além das devidas quantidades de nutrientes e oxigênio para
manter o microrganismo ativo. Assim sendo, um ecossistema natural, contaminado
de forma mediana, chega a levar entre 50 e 100 anos para promover uma autorecuperação, o que pode comprometer a qualidade da fauna e flora originais.
10
Atualmente, de modo a acelerar os processos de remediação e diminuir os
danos ambientais provocados pela presença de componentes tóxicos no meio, está
sendo promovida a biorremediação estimulada, ou seja, a intervenção humana que
visa acelerar os processos microbianos naturais de degradação de poluentes
ambientais. Além disso, através da engenharia genética tem-se produzido bactérias
transgênicas extremamente poderosas e totalmente modificadas para realizar esse
processo de biorremediação. Esta tecnologia é bastante segura, uma vez que utiliza
seres já existentes no solo e na água da região. Depois de degradar os
contaminantes (combustíveis, solventes, petróleo, resíduos domésticos e industriais,
compostos químicos, etc.), a população de microorganismos volta aos níveis
normais, uma vez que se esgota sua fonte de alimentos.
PESQUISA
Que tal agora conhecer alguns exemplos de biorremediação? Pesquise um exemplo e
traga para a sala para discussão com os colegas.
Bactérias transgênicas? É isso mesmo! As bactérias são uma classe de
organismos geralmente ignorados quando discute-se transgênicos,
entretanto foram elas os primeiros organismos a serem deliberadamente
manipulados pelo homem em sua constituição genética e
após quase três décadas de pesquisa, temos vários
produtos dessa tecnologia. A primeira aplicação comercial
de clonagem molecular ocorreu com a produção de insulina
humana para o tratamento do diabetes.
Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/bancoimagem/images/saude_ciencia/16372HSD_pq.jpg
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas normal, sendo que os
diabéticos não produzem esse hormônio, portanto, a maioria deles necessitam de
injeção de insulina diretamente na corrente sangüínea, até quatro vezes ao dia.
Antigamente, os diabéticos utilizavam insulina de origem suína, o que provocava
reações de rejeição pelo organismo.
Para essa produção o gene que produz a insulina, no organismo humano, é
isolado e transferido para a bactéria Escherichia coli, que adquiri esta característica e
passa a produzir insulina humana. As bactérias se multiplicam e crescem em tanque
de fermentação, produzindo a proteína insulina que, a partir daí, é isolada, purificada
11
e usada pelos diabéticos. Esta insulina é mais segura e barata em relação à insulina
usada anteriormente e é fabricada e vendida livremente em todas as farmácias do
Brasil (com tecnologia brasileira).
Além da insulina, o hormônio do crescimento somatotrofina também é
produzido por bactérias com DNA modificado. Esse hormônio é normalmente
sintetizado e secretado pela hipófise e estimula o crescimento e a reprodução celular
em humanos e outros vertebrados. Antes de sua produção pela biotecnologia ele era
extraído da hipófise de cadáveres.
A produção do medicamento é feita por meio da tecnologia do DNA recombinante [...] A
tecnologia permite 'implantar' o gene que codifica sua produção em bactérias da espécie
Escherichia coli geneticamente modificadas. Inserido numa molécula de DNA bacteriano
(plasmídeo), o gene leva a bactéria a produzir o hormônio. [...] (GUEDES, Andréa. CH
On-line. 2001 http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/3095 .
Microorganismos transgênicos contribuem hoje para a produção de mais de
400 produtos de uso médico, desde vitamina C a medicamentos contra a Aids,
segundo dados da Associação Nacional de Biossegurança (ANBIO).
PESQUISA
Pesquise outros processos desenvolvidos pela engenharia genética utilizando bactérias
modificadas geneticamente. Traga a pesquisa para a sala e apresente para os colegas.
Nós humanos aprendemos
desde muito cedo certos conceitos de
higiene, quando criança aprendemos a
lavar as mãos, escovar os dentes, tomar
pelo
menos
um
banho
diário.
Entretanto, nem sempre foi assim, o
hábito
da
higiene
constante
é
relativamente novo na cultura Ocidental.
A
grande
devastação
da
Europa medieval pela Peste Negra
(peste bubônica), que varreu a Europa
entre os anos de 1346 e 1352, e levou à
morte de 20 a 30 milhões de pessoas
A Peste Bubônica, conhecida também
como Peste Negra é uma doença
causada pela bactéria Yersinia pestis –
transmitida ao homem pela picada de
uma pulga que infesta ratos, descoberta
somente em 1894. É considerada uma
das mais perigosas de todas as bactérias,
letal em 90% dos casos. A doença se
manifesta de três formas: a pneumônica,
que ataca os pulmões; a septicêmica, que
infecta a corrente sangüínea; e a
bubônica, a mais comum, cujo nome
deriva das tumefações do tamanho de um
ovo, conhecidas como bubos ou bubões,
que aparecem no pescoço, nas axilas ou
nas virilhas do doente nos primeiros
estágios
da
doença.
http://www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_media/
peste_negra.html
12
na Europa (1/3 de toda a população européia), deu-se, entre outras coisas, pela
pouca higiene da época. A população não tinha acesso aos sabões, banhavam-se no
máximo duas ou três vezes por ano. O pior de tudo era a ignorância a respeito da
verdadeira causa da doença e da forma de transmissão. Para muitas
pessoas, a peste era um castigo provocado pela ira de Deus diante dos
pecados cometidos pelos homens.
Esta epidemia provocou a maior onda de mortandade já ocorrida. A doença
era aterrorizante, os doentes sentiam dores muito
fortes e geralmente morriam em até cinco dias após a
manifestação dos primeiros sintomas. Os homens se
evitavam, parentes se distanciavam e o que é difícil
de acreditar, houve pais e mães que abandonaram os
filhos à sua sorte. A peste era o tipo de calamidade
que não inspirava solidariedade.
Ilustração da Peste na Bíblia de Toggenburg
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b8/Black_Death.jpg
A peste negra na Europa foi a pior, mas não a única das epidemias. Em
virtude das condições sanitárias das cidades e do desconhecimento da etiologia das
doenças infecciosas, grandes epidemias assolaram as nações no passado,
dizimando suas populações, limitando o crescimento demográfico, e mudando,
muitas vezes, o curso da história. Tais epidemias foram genericamente rotuladas de
peste, embora muitas delas não tenham sido causadas pelo bacilo da bactéria
Yersinia pestis, sendo provavelmente, epidemias de varíola, tifo exantemático, cólera,
malária ou febre tifóide.
ATIVIDADES
1.
2.
A bactéria Yersinia pestis não foi a única a mudar a história da humanidade. Quem não se
lembra do antraz (Bacillus anthracis) bactéria utilizada como arma biológica contra os Estados
Unidos em 2001, após a derrubada das Torres Gêmeas? Pesquise sobre esse fato histórico e
depois discuta com os colegas sobre as conseqüências do uso de armas biológicas contra o
Brasil, levando em conta nosso atual sistema de saúde pública.
Para finalizar discuta com seu professor e com seus colegas sobre a problemática inicial: as
bactérias são todas supervilãs ou a maioria são essenciais à vida em nosso Planeta? Por quê?
Agora que você já sabe bastante sobre as bactérias pode colaborar na criação do
WikiBacteria e do WikiBiologia que foram produzidos por alunos do Colégio Estadual Helena
Kolody – Ensino Médio de Terra Boa. Para isso basta acessar os endereços:
http://www.centraldesktop.com/wikibacter/wikibacteria ou
http://www.centraldesktop.com/helenakolody/biologia/
Você também pode criar um wiki na sua escola. Acesse o site: http://www.centraldesktop.com/ e
depois é só seguir os passos.
13
Referências
AMABIS e MARTHO. Fundamentos da Biologia Moderna. São Paulo: Moderna,
1997.
CAPRA, F. Vida , mente e sociedade. In ______ As Conexões ocultas – ciência
para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002
CARVALHO, Guilherme Andrade de. Enriquecimento de Sorvete com
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Vídeos sobre Bactérias
Decomposição por bactérias em esgotos!
http://br.youtube.com/watch?v=O6nZNMgnjKs
Conjugação Bacteriana
http://br.youtube.com/watch?v=Qzq9OwfP9bg&feature=related
Monera 1 - Célula Bacteriana
http://br.youtube.com/watch?v=WuqZtZKVAmI&feature=related
Monera 2 - Reprodução Bacteriana
http://br.youtube.com/watch?v=k7uBYmL40bY&feature=related
Características do Reino Monera
http://br.youtube.com/watch?v=BhHzpdqO_Ic
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