Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR http://revista.univar.edu.br Ano de publicação: 2014 N°.:12 Vol.:2 Págs.:61 - 69 ISSN 1984-431X INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA TERCEIRA IDADE NO MUNICÍPIO DE GENERAL CARNEIRO – MT. Divino Pereira de Jesus1e Cristiani Aparecida Brito Silva2 RESUMO: Este trabalho é resultado de observações realizadas no município de General Carneiro-MT onde a realidade cotidiana dos idosos é marcada pela falta de valorização e precariedade da assistência básica que garanta melhor qualidade de vida. Os resultados foram obtidos através de entrevistas sobre a qualidade de vida de quinze idosos com idade entre 60 e 70 anos, na coleta de dados foi utilizado questionário, o mesmo foi aplicado através de visitas domiciliares. Diante do tema abordado espera-se estimular a todos que direta ou indiretamente estão envolvidos nos trabalhos com idosos, assegurando os direitos sociais através da Política Nacional do Idoso. Palavras - chave: Assistência, prática profissional, Serviço Social, Idoso, Família. ABSTRACT: This work is the result of comments made in the municipality of General Carneiro-MT where the everyday reality of the elderly is marked by the lack of appreciation and precariousness of basic assistance to ensure better quality of life. The results were obtained through interviews on the life quality of elderly aged 15 60 and 70 years, in the collection of data was used, the same questionnaire was applied through home visits. Before the issue is expected to stimulate all those who directly or indirectly are involved in work with seniors, ensuring social rights through the national policy for the Elderly. Keywords: assistance, professional practice, social service, the elderly, family. 1 Discente regularmente matriculado no 4º ano de Serviço Social das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia - UNIVAR, Email: [email protected]. 2 Bacharelado em Serviço Social pelo UNILINS - Centro Universitário de Lins, Especialista em Saúde Pública pela Faculdade Montes Belos. Docente no Curso de Serviço Social nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia - UNIVAR. Assistente Social no Centro de Atenção Psicossocial CAPS I. Email: [email protected]. 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um país que envelhece a passos largos. As alterações na estrutura populacional são claras. No início do século XX, um brasileiro vivia em media 33 anos, ao passo que hoje a expectativa de vida dos brasileiros atinge os 68 anos (RAMOS, 1993). Nesse contexto Baltes e Baltes (1990, p.4) afirmam que [...] o envelhecimento bem sucedido precisa de uma avaliação sustentada em uma perspectiva multidimensional, na qual sejam considerados objetivos e subjetivos dentro de um contexto cultural, que contem demandas especificas, pois, as pessoas idosas desejam e podem permanecer ativas e independentes se o devido apoio lhes for proporcionado. É notável que a classe idosa esteja potencialmente sob risco, não apenas pelo fato de terem envelhecido, mas em virtude do processo de envelhecimento, de se tornarem mais vulneráveis à incapacidade, em grande parte decorrente de condições adversas do meio físico, social ou de questões afetivas. Portanto, o apoio adequado, e as políticas sociais são necessários para os idosos. As políticas sociais públicas de atenção ao idoso originaram-se no grande esforço de segmentos específicos do governo e na grande mobilização da sociedade em busca do reconhecimento das políticas de atenção ao idoso. O não atendimento da população idosa em serviços e programas a que teriam direito, assim como, para a discriminação da velhice fez com que se criassem e desenvolvessem políticas sociais públicas que amparasse a população idosa, como criação da aposentadoria, criação de leis como a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Política Nacional de Assistência Social - PNAS, e a aprovação do Estatuto do Idoso que busca a efetivação e a execução dos direitos da pessoa idosa no Estado brasileiro. Ao longo do desenvolvimento deste trabalho ocorreram as coletas de dados que garantiram 61 informações capazes de explicar a origem dos problemas relatados e identificados no município de General Carneiro/MT. Houve estudos de casos, entrevista social para assim possibilitar o conhecimento de forma mais precisa sobre a realidade desta população, sobre a qual está sendo feito o estudo. Foi realizado um levantamento e coletas de dados através de documentos existentes em instituições como Centro de Referência de Assistência Social CRAS onde foi possível obter informações precisas com relação à realidade dos idosos deste município, através dos registros de atendimento e por meio de informações relatadas pela Secretaria de Assistência Social e do assistente Social que trouxe detalhes importantes de como é feita a assistência aos idosos deste município. No Programa de Saúde da Família – PSF foram analisados os dados através do livro de atendimento onde constam motivos pelos quais os idosos procuraram atendimento, os dados foram fornecido pela enfermeira chefe responsável pela unidade. O artigo tem como objetivo fazer com que a sociedade civil e o poder público e privado reconheçam os idosos como um sujeito cidadão munido de direitos reconhecendo seus valores no município de General Carneiro, a fim de identificar os principais impactos sociais na pessoa idosa deste município buscando assim eliminar fatores que dificultam o trabalho assistencial, com isso, buscando chamar atenção do serviço social e da sociedade como um todo no que diz respeito ao compromisso com a pessoa idosa. 2. ORIGEM DO SERVIÇO SOCIAL: EUROPEU, AMERICANO E LATINO AMERICANO. O Serviço Social surgiu como uma prática social, que objetivava conformar a classe trabalhadora à ordem social capitalista. O seu marco de origem se deu por volta de 1869, quando em Londres surgiu a Sociedade de Organização da Caridade, devido o acordo entre a burguesia, Igreja e o estado. Acolhendo a concepção dominante na sociedade burguesa de que aos problemas sociais estavam associados problemas de caráter, Richmond concedia a tarefa assistencial como eminentemente reintegradora a reformadora de caráter. Atribuía grande importância ao diagnóstico social como estratégia para promover tal reforma e para reintegrar o individuo na sociedade (MARTINELLI, 2011, p.106). Na historicidade do serviço social o capitalismo teve grande influencia em seu surgimento, na medida em que a diferenciação e os antagonismos entre as classes se acentuavam e o desenvolvimento do capitalismo que em sua fase mercantil desenvolvia significantes alterações na estrutura das relações sociais (SANTOS, 2006). O Serviço Social em todo seu processo histórico esteve e está vinculada a mudança que perdura no decorrer de vários séculos relacionados à efervescência de fatos sociais, culturais e econômicos ocasionado pelo capitalismo e lutas de classes (SANTOS, 2006). Uma profissão que nasce articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês, gestado sob o manto de uma grande contradição que impregnou suas entranhas, pois, produzida pelo capitalismo industrial nele imerso e com ele identificado como uma criança no seio materno buscou afirmar-se historicamente sua própria trajetória o revela como uma pratica humanitária, sancionada pelo Estado e protegido pela Igreja, como uma mistificada ilusão de servir (MARTINELLI, 2011, p.66). A questão social na época sofria uma forte influencia das ideologias européias centradas na moral e no assistencialismo, portanto, serviam como aparato para os aparelhos repressores do Estado. Era um Serviço Social usado para apaziguar os conflitos sociais. Diante das expressões da questão social cada vez mais complexas que se exigiria em um mundo com demandas técnicas mais exigentes se fará necessário identificar com um serviço social que apresentasse resposta a tudo isso, respostas essas relacionadas a uma sistematização apurada das teorias ditas sociais (SANTOS, 2006). A influência da Igreja Católica sobre o serviço social pode-se fazer algumas considerações pertinentes. A primeira consideração tem a ver com o vínculo criado entre a Igreja Católica e o surgimento do Serviço Social, pois, a Igreja buscava recuperar sua imagem de protetora dos pobres e dos humildes. A segunda consideração se apresenta pelo Serviço Social ligado a ideologia, Europeia, Americana e LatinoAmericano. Com a ascensão da burguesia capitalista industrial, que imprime um movimento contraditório e complexo, se expressa tanto por momento de lentidão como por outros de grandes atividades capazes de determinar uma repentina mudança na direção do fluxo histórico. O Serviço Social americano tinha caráter individual, apesar de muitos aspectos em comum com a prática social da Europa, que se apresentava na ótica Moralista e assistencialista (SANTOS, 2006). Consequentemente se inicia a implantação do Serviço Social na América Latina. A fundação da escola de Serviço Social no Chile inaugura uma etapa nova dentro da profissão e representa um novo patamar de institucionalização que se produz em incorporação do Serviço Social ao aspecto das profissões de nível superior. A criação de uma escola em si mesma não equivale à abertura de um processo que se quer intensificar como inicio de uma nova profissão (CASTRO, 2001). O Serviço Social não veio somente de referência europeia, mas, também de outros fatores como processos de classes sociais. Como por exemplo, 62 a classe trabalhista, Igreja católica e o Estado. Com isso surge o desenvolvimento industrial que veio a contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico como: o capitalismo, a classe burguesa, a classe trabalhadora e as contradições de classes Burguesia e Proletariado (CASTRO, 2011). Na América Latina o Serviço Social surge como sub-profissão, subordinada à profissão médica especialmente pelo médico Alejandro Del Rio. A etapa da Assistência Social caracteriza-se pelo projeto de fazer o bem com o auxilio da técnica. O Serviço Social, em troca seria aquela forma de ação social que enfatiza antes de tudo a prevenção dos desajustados. Esta avalanche de problemas sociais fez com que se tornassem irrisórios os meios que, para equacioná-los apoiava-se no fazer o bem em nome do bem. Neste marco explicativo traz como fundamental a reconstrução da história do serviço social no continente que remonta o surgimento das primeiras escolas de Serviço Social da América Latina cujo inicio se deu no Chile nos anos de 1925 fundada pelo médico Alejandro Del Rio (CASTRO, 2011). Neste contexto temos como respaldo a influência europeia e posteriormente norte Americana, mas inseridos para facilitar sua melhor compreensão no longo processo de dominação estrutural e de subordinação política da América Latina, a Europa se tornou o referencial mundial por motivo de grande desenvolvimento industrial que acontecia no continente. A fundação das primeiras escolas (1925 no Chile, 1936 no Brasil, 1937 no Peru), apenas revela um processo de motivação que aponta um ponto qualitativo novo de quando a profissão começa a se colocar sua própria reprodução de modo sistemático (CASTRO, 2011). É possível argumentar que o Serviço Social latino americano, tal como se afirma à base da influência concreta que se exerceram sobre ele correntes de pensamentos e propostas profissionais europeias, foi até o momento em que se deu o salto qualitativo que modificou subitamente a sua perspectiva, uma nova reflexão de concepção elaborada no exterior. Registra-se a inserção de ideias e propostas europeias na América Latina, isto, se verifica sobre o terreno das vinculações estruturais mantidas entre os dois continentes ao longo de séculos (CASTRO, 2011). A influência sobre o Serviço Social não é algo exclusivo dele, nem pode ser visualizado como apenas correspondente a uma interação favorável somente aos europeus, trata-se de um amplo processo de relação estrutural e de subordinação nas distintas esferas da vida social e o substrato das múltiplas formas da influência europeia nos mais variados campos e setores de atividades. O surgimento do Serviço Social no Brasil se dá vinculado à Igreja Católica para recuperação e a defesa dos interesses junto às classes subalternas e a família operária ameaçada pelos ideais comunistas que estavam crescendo, também pela presença na sociedade liberal, pelas ideias contundentes do positivismo e pela nova cara que o Estado assume. Esta opção organizativa da Igreja vinculada ao serviço social foi estimulada pela magnitude alcançada pelas lutas operárias entre 1917 e 1920, dirigidos pelos anarquistas que expressavam o protesto proletário diante da queda da expansão industrial em relação aos anos de guerra (SANTOS, 2006). Em 1917, uma grande greve geral sacudiu a cidade de São Paulo e outras áreas interioranas. A própria capital do país foi abalada pelo movimento que reivindicava a jornada de oito horas e aumento de salários. O sindicalismo anarquista combatia fortemente o Estado a apressar e nutria a esperança de abatê-lo por meio de uma greve geral revolucionaria que preparada para 1918 foi duramente reprimida (CASTRO, 2011). No ano seguinte movimentos grevistas voltaram a se manifestar em várias cidades brasileiras, todos abafados por uma cruel repressão. Foi fundado o partido comunista brasileiro e no bojo de toda esta movimentação, promulgaram-se as primeiras leis brasileiras: uma legislação sobre habitação popular, criação da caixa de aposentadoria e fusão das ferrovias e a regulamentação dos feriados (CASTRO, 2011). A Igreja Católica se esforça para atuar na área social onde a mesma estabelece no início do século XIX a promulgação da encíclica Rerum Novarum como forma de demarcatória da intervenção da Igreja nas questões sociais. Foi assim que na década de 1930 a Igreja busca consolidar sua posição na sociedade civil ao mesmo tempo em que o Estado busca seu apoio no cenário brasileiro (SANTOS, 2006). Uma forma de a Igreja atuar no social foi através da criação do Centro de Estudo e Ação Social – CEAS na cidade de São Paulo onde este centro de estudo o objetivava promover a formação de seus membros pelo estuda da doutrina social da Igreja e fundamentou sua ação nesta formação doutrinária e no conhecimento profundo dos problemas sociais (CERQUEIRA, apud IAMAMOTO, 1985). Na década de 1930, o CEAS - Centro de Estudos e Ação Social criado na cidade de São Paulo tinha como objetivo “promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da Igreja e fundamentar sua ação nessa formação doutrinária e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais” (CERQUEIRA, apud IAMAMOTO, 1985, p. 173). Segundo (SANTOS, 2006) o CEAS tinha intenção de atingir as donzelas católicas. Dessa forma, o Cardeal Mercier enviou à Europa duas mulheres brasileiras, para fazerem o curso de Ação Social. Poucos anos depois seria fundada a Escola de Serviço Social em São Paulo, que vai mesclar as visões francesas e belgas com a perspectiva ética, social e técnica da formação profissional. A Igreja Católica exerceu influência direta nas primeiras décadas do século XX através de intervenção ideológica e pragmática sobre as agentes sociais (CASTRO, 2011). Em 1936 e 1937 na cidade de São Paulo e Rio de Janeiro as primeiras escolas de Serviço Social. O CEAS antes de tudo buscava relacionar as expressões da questão social a questões puramente individuais, isso, sob a ética moral católica e da caridade (SANTOS, 2006). 63 Nos anos 1940 e 1950 o Serviço Social brasileiro recebe influência norte-americana. Marcado pelo tecnicismo bebe na fonte da psicanálise, bem como da sociologia de base positivista e funcionalista/sistêmica. Sua ênfase está na ideia de ajustamento e de ajuda psicossocial. Neste período há o início das práticas de Organização e Desenvolvimento de Comunidade, além do desenvolvimento das peculiares abordagens individuais e grupais (CRESS/RJ, 2006). Com supervalorização da técnica, considerada autônoma e como um fim em si mesmo, e com base na defesa da neutralidade científica, a profissão se desenvolve através do “Serviço Social de Caso”, “Serviço Social de Grupo” e “Serviço Social de Comunidade”. (CRESS/RJ, 2006). Nos anos 1960 e 1970 há um movimento de renovação na profissão, que se expressa em termos tanto da reatualização do tradicionalismo profissional, quanto de uma busca de ruptura com o conservadorismo. O Serviço Social se laiciza e passa a incorporar nos seus quadros segmentos dos setores subalternizados da sociedade. Estabelece interlocução com as Ciências Sociais e se aproxima dos movimentos “de esquerda”, sobretudo do sindicalismo combativo e classista que se revigora nesse contexto (CRESS/RJ, 2006). Nos anos 1980, inaugura-se o debate da Ética no Serviço Social, buscando-se romper com a ética da neutralidade e com o tradicionalismo filosófico fundado na ética neotomista e no humanismo cristão. Assume-se claramente no Código de Ética Profissional, aprovado em 1986, a ideia de “compromisso com a classe trabalhadora” (CRESS/RJ, 2006). O Código traz também outro avanço: a ruptura com o corporativismo profissional, inaugurando a percepção do valor da denúncia (inclusive a formulada por usuários). No âmbito da formação profissional, busca-se a ultrapassagem do tradicionalismo teóricometodológico e ético-político, com a revisão curricular de 1982 (CRESS/RJ, 2006). Supera-se, na formação, a metodologia tripartite e dissemina-se a ideia da junção entre a técnica e o político. Há ainda a democratização das entidades da categoria, a superação da lógica cartorial pelo Conjunto CFESS/CRESS, que conquista destaque no processo de consolidação do projeto ético-político do Serviço Social (CRESS/RJ, 2006). Nos anos 1990, se verifica no âmbito do Serviço Social os efeitos do neoliberalismo, da flexibilização da economia e reestruturação no mundo do trabalho, da minimização do Estado e da retração dos direitos sociais. O Serviço Social amplia os campos de atuação, passando a atuar no chamado terceiro setor, nos Conselhos de Direitos e ocupa funções de assessoria entre outros (CRESS/RJ, 2006). Discutindo a sua instrumentalidade na trajetória profissional, resinifica o uso do instrumental técnico-operativo e cria novos instrumentos, como mediação para o alcance das finalidades, na direção da competência ética, política e teórica, vinculada à defesa de valores sócio-cêntricos emancipatórios. Partindo do pressuposto da necessidade da capacitação continuada, o Serviço Social busca a ultrapassagem da prática tecnicista, pretensamente neutra, imediatista ou voluntarista (CRESS/RJ, 2006). Nos anos 2000 esta conjuntura provoca novas disputas em torno da questão social e do papel a ser cumprido pelas políticas sociais, verifica-se significativo aumento de cursos de graduação privados e implementação do ensino de graduação à distância, promovendo alguns questionamentos em vista de acarretar prejuízos ou não ao ensino presencial. Muitos consideram que tais modalidades reduzem a capacidade de mobilização em torno de projetos coletivos, o que gera novos desafios para a luta pela consolidação dos direitos da população usuária dos serviços prestados pelos assistentes sociais. 3. O ENVELHECER E POLÍTICAS SOCIAIS PÚBLICAS, PRIVADAS E TERCEIRO SETOR. O processo de envelhecimento variou-se ao longo da história. Antes do século XVIII, a velhice era considerada insignificante e, por vezes, motivo de escárnio; no século XIX, como condição de sabedoria; e, no século XX, surge uma valorização do aspecto estético do idoso. A indústria da beleza vende a eterna juventude e nega o envelhecimento; vende a aparência e nega o interior, pois o envelhecimento associa-se a modificações no corpo indicando alterações fisiológicas psicológicas, seja por questões genéticas, seja pelo estilo de vida e do ambiente em que se vive, sendo esse processo natural a todos os seres humanos (BEAUVOIR, 1990) e (BARRETO, 1992). Atualmente observam-se na sociedade seres humanos que para atender as exigências do mundo globalizado buscam intensamente meios de qualificação, porém, há um detalhe a ser ressaltado, neste mercado produtivo, idosos não são capazes de atender os padrões modernos de produção. Existe uma tendência comum na sociedade ocidental moderna, de valorização da infância e da juventude como temas centrais de atenção (CUNHA, 2000). O tema da velhice e os problemas a ele relacionados estão presentes nas discussões de diferentes áreas do conhecimento e de intervenção. Nessa discussão entre distintos saberes e práticas sociais, a antropologia tem comparecido, sistematicamente, trazendo para a reflexão a apreensão do fenômeno da velhice a partir de uma perspectiva cultural (BARROS, 1998). Em muitas culturas e civilizações, principalmente nas culturas orientais, o idoso é visto com respeito e veneração, representando uma fonte de experiência, de o valioso saber acumulado ao longo dos anos, da prudência e da reflexão. Na cultura ocidental, o idoso pode representar o velho, o ultrapassado e a falência múltipla do potencial do ser humano, segundo França (2007) a velhice é um processo pessoal, natural, indiscutível e inevitável, para qualquer ser humano na evolução da vida. 3.1 HISTORICIDADE DA POLÍTICA SOCIAL AO IDOSO NO BRASIL 64 A trajetória de instituição das políticas sociais de atendimento aos idosos foi marcada por sucessivas conquistas ao logo dos anos até a criação do Estatuto do Idoso. Se tratando de políticas publicas aos idosos começam a ser referenciados com maior destaque a partir dos anos 1970, quando houve um crescimento significativo desta população em relação ao restante da população (BRASIL, 2002). Na perspectiva histórica, em relação ao idoso no Brasil, as primeiras ações se referem ao direito á aposentadoria dado aos funcionários dos Correios. Esse direito foi assegurado por meio do decreto nº 9.912-A, de março de 1888 com a idade de 60 anos e 30 anos trabalhados. (DECRETO 1.912-A, 1888). Nos anos seguintes, alguns entre os segmentos para os idosos começaram a receber atenção previdenciária. No ano de 1923, foi promulgado o decreto nº 4.682 de 24 de janeiro de 1923 denominado, Lei Eloi Chaves, que estabeleceu a Previdência Social no Brasil com a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões – CAP’s para os empregados de empresas ferroviárias onde garantia a estes empregados a assistência médica, remédio, aposentadoria e pensões (DECRETO 4.682, 1923). Nos anos de 1960, com a criação da União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil, e nas décadas de 1970 e 1980, com a constituição das associações de aposentados e pensionistas, efetiva-se o Movimento de Aposentados e Pensionistas. Na década de 1970, pela Portaria nº 82, de 04/07/1974, pela primeira vez, o Ministério do Trabalho e Previdência Social instituiu medida específica de assistência social aos idosos (SÁ, 2010). O primeiro documento do Governo Federal contendo algumas diretrizes para uma política social para a população idosa foi editado pelo então Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS em 1976, que se fundamentou nos resultados obtidos em três seminários regionais realizados em São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza, além de um em âmbito nacional, que objetivaram identificar as condições de vida do idoso brasileiro e do apoio assistencial existente para atender suas necessidades. Dessas iniciativas resultaram as propostas contidas no documento Política Social para o Idoso: diretrizes básicas (BRASIL, 2002). No final da década de 1980, a Constituição Federal de 1988 dispõe textos constitucionais referenciando o idoso, especificamente nos artigos 229 e 230. Segundo o artigo 229, os filhos devem ajudar a amparar os pais na velhice, já o artigo 230, coloca que a família sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito a vida (BRASIL, 1988). A partir da década de 1990 as políticas públicas para o idoso começaram a ganhar um enfoque mais decisivo, pois varias ações foram feitos em prol do público idoso em especial. A sociedade começa a exigir mais do governo pressionando o direcionamento das questões dos idosos (SIMÕES, 2007). No ano de 1993, foi sancionada a Lei Orgânica de assistência Social - LOAS Lei 8.742/93, visando regulamentar a Política de Assistência Social, e direcionando estratégias e políticas sociais ao público idoso, faz referencia a garantia de um salário mínimo mensal para todo idoso com 65 anos ou mais, que não tiver condições de manter-se ou ser provido pela família, além deste beneficio, o idoso poderá receber algum beneficio adicional, caso esteja em situação de vulnerabilidade temporária (BRASIL, 1993). Em 1994 foi promulgada a Política Nacional do Idoso – PNI, Lei. 8842/94 que foi conhecida como a primeira lei especifica para assegurar os direitos da pessoa idosa no Brasil, que foi sancionada após um longo período de reivindicações da sociedade e de vários grupos de idosos para que se garantissem as condições mínimas de cidadania a todos os brasileiros com mais de 60 anos (LEI 8.842, 1994). Segundo a própria Lei, no Artigo 1º, a política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover a autonomia, a integração e a participação efetiva na sociedade (BRASIL, 1994). No ano de 2003 foi aprovado o Estatuto do Idoso, Lei nº. 10.741/03 que surgiu como necessidade de um investimento legal para a garantia dos direitos da população idosa, mais uma vez reclamado pela sociedade, Art.10º- É obrigação do Estado e da sociedade assegurar a pessoa idosa, a liberdade, o respeito e a dignidade como pessoa humana e sujeito de direitos cívicos, políticos, individuais e sociais, garantidos na constituição e nas Leis. (BRASIL, Lei nº 10.741/2003). O Estatuto do Idoso, de modo geral, contempla os direitos à cidadania, vida, saúde, assistência social, previdência, transporte, educação e cultura, laser, seguridade social, liberdade, respeito, dignidade, alimentação, profissionalização, trabalho, habitação, proteção, atendimento, acesso à justiça (BRASIL, 2003). Porém Faleiros direciona que A Constituição e as leis não têm o poder de mudar o sistema concentrador e excludente da economia e da sociedade brasileira, mas consolidam e ampliam direitos à inclusão no processo de desenvolvimento e de ampliação da cidadania. As relações de cidadania são formas de redução do poder do mais forte no mercado, estabelecendo certas condições para o contrato político da configuração dos direitos. A igualdade de direitos perante a lei, as normas e os recursos pressupõem respeito a um conjunto de condições comuns, de limites válidos para todos e de condições mínimas para subsistir-se em sociedade. A cidadania leva em conta os direitos e as garantias individuais, os direitos políticos, os direitos sociais, os direitos ao meio ambiente saudável e à bioética, e o 65 direito às diferenças (FALEIROS, 2006, p.166/167). Portanto, para que as políticas públicas tornem-se realmente acessíveis para todos os idosos, é necessário conscientizar esse segmento sobre a importância e o conhecimento de seus direitos. Para que isso seja possível, é preciso educar tanto a população através de ações pedagógicas politizadas, que tenham em seus princípios a formação de um individuo critico. É fundamental educar a população acerca do processo de envelhecimento e velhice, para que haja o respeito aos direitos da pessoa idosa. Gráfico 1 – Gênero O gráfico 01 demonstra que dos quinze idosos que participaram da entrevista 60% foram do sexo masculino e 40% do sexo feminino, os homens apresentaram faixa etária de 60 a 75 anos de idade e as mulheres de 60 a 70 anos de idade. 4 RESULTADO E DISCUSSÃO O território do município de General Carneiro-MT 1 primeiramente foi habitado por povos indígenas da etnia bororo e xavante e posteriormente o povoamento do município se deu com a instalação de famílias garimpeiras que migravam dos atuais municípios de Guiratinga e Tesouro para a então corrutela denominada Barreiro Grande. O nome do município se deu por conta de uma grande expedição dirigida pelo tenente coronel Ernesto Gomes Carneiro que tinha como objetivo integrar os estados de Goiás e Mato Grosso através da criação de uma linha telegráfica (FERREIRA, 2010). Durante o desenvolvimento deste trabalho foi aplicada como forma metodológica uma entrevista semiestruturada, acompanhada de questionário aos idosos do município de General Carneiro-MT. De acordo com o censo demográfico de 2010 a população idosa do município é de 504 habitantes, sendo 284 do sexo masculino e 220 do sexo feminino com faixa etária de 60 a 100 anos de idade. Foram entrevistados 15 idosos, sendo 09 homens com faixa etária de 60 a 75 anos e 06 mulheres com faixa etária de 60 a 70 anos de vários setores do município, através de visitas domiciliares no período compreendido entre os meses de agosto ao final de setembro do corrente ano de 2013. Gráfico 2 – Estado Civil Os resultados apresentados no gráfico 2 demonstram que entre os quinze idosos entrevistados 03 são casados 04 solteiros 06 viúvos e 02 vivem em união estável. Gráfico 3 - Escolaridade Dos idosos entrevistados 09 não foram alfabetizados e 06 possuem ensino fundamental incompleto. De acordo com o gráfico 03 o nível de escolaridade é de baixo nível, pois apenas 40% tiveram acesso à escola, alguns deles aprenderam apenas assinar o próprio nome e apresentaram como justificativa a necessidade de trabalhar para o sustento da família e justamente pelo baixo nível de escolarização não tiveram outra opção senão trabalhar no meio rural. 1 O município de General Carneiro-MT foi criado como distrito pela Lei 1.158 de 18 de novembro de 1958, incorporado ao município de tesouro, sendo elevado a município pela Lei Estadual 2051 de 03 de dezembro de1963. Localiza-se a 470 km da capital Cuiabá e sua população estimada é de 5018 habitantes de acordo com o censo demográfico de 2010. Gráfico 4 – Aposentadoria, Pensão ou Benefício de Prestação Continuada. O gráfico 4 demonstra que a maioria dos idosos recebe o Beneficio de Prestação Continuada – BPC correspondendo a 73.33% com apenas 26.66% que não recebem nenhum beneficio pela falta de 66 contribuição para previdência social. Dos 15 idosos, 11 declararam ter participação no Beneficio de Prestação Continuada – BPC enquanto 04 não têm acesso a nenhum beneficio social. Pode-se constatar que 60% dos idosos já fizeram uso de bebidas alcoólicas e atualmente não consomem mais, muitos por apresentarem a saúde debilitada, outros por acharem que a idade não permite mais e outros ainda por terem mudado de crença religiosa. Quanto ao consumo de bebida alcoólica, 09 homens e 06 mulheres disseram ter parado de ingerir bebida alcoólica. Gráfico 5 - Moradia No gráfico 5 retrata que dentre os 15 idosos entrevistados, 12 possuem moradia própria ficam sozinhos e 04 não possuem moradia própria e moram com os filhos. Os resultados mostraram também, que 80% dos idosos possuem moradia própria e 66.66% são capazes de realizar suas atividades diárias de forma independente. Gráfico 6 – Convive sob o mesmo teto No gráfico 6 demonstra que e entre os 15 entrevistados 05 idosos disseram necessitar de ajuda para arrumação da casa e lavar roupas., ou seja, não dependem da ajuda dos filhos ou cuidadores e 20% não têm moradia própria e 33.33% moram com os filhos necessitando de cuidados diários, pois, a saúde se encontra debilitada comprometendo o desempenho na realização dos trabalhos domésticos. Todos os entrevistados relataram ter conhecimento sobre o papel do assistente social. Disseram serem sabedores de que o assistente social tem como função realizar ações propositivas para que todo cidadão que se encontra em dificuldade de prover o seu próprio sustento ou que se encontra em estado de vulnerabilidade social tenha acesso a seus direitos. Com relação à participação de programas sociais, 12 participam do Forró da Terceira Idade e 03 não participam de nenhum programa. Outro ponto apresentado nesta pesquisa foi à participação dos idosos nos programas sociais a eles oferecidos, 80% dos entrevistados participam do único programa realizado no município que é o “Forro da Terceira Idade” promovido pela Secretaria de Ação Social do município nas quintas-feiras, porém, reclamam o fato de não terem outras opções de laser e apenas 20% não participam de nenhuma atividade, pois dizem não terem incentivos. O município de General Carneiro hoje conta com uma academia da terceira idade, e 66.66% dos idosos não fazem uso dela, dizem praticar atividade física raramente e quando realizam alguma atividade física optam pela caminhada ao ar livre e 33.33%levam uma vida sedentária e não se sentem estimulados a realizar nenhum tipo de atividade, justificando que não conseguem devido às condições físicas e até a falta de tempo. Dos 15 entrevistados 10 disseram realizar atividade física raramente e quando fazem realizam caminhada e 05 idosos disseram ser sedentários não realizando nenhum tipo de atividade física. Em virtude dos resultados apresentados tornase evidente que os idosos deste município vivem uma situação de abandono e necessitam de maior atenção seja por parte da família seja por parte do poder público para que haja efetivação dos seus direitos e que os profissionais da área de assistencial social e saúde busquem estratégias e ações concretas de inserção do idoso na sociedade que tanto o discrimina. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final deste trabalho diante da pesquisa feita em General Carneiro – MT torna-se mais evidente a necessidade de um trabalho coletivo onde a família, o Estado, a sociedade civil e o/a profissional de Serviço Social de sua parcela de contribuição para a classe idosa, garantindo assim, a plenitude dos seus direitos na saúde, na alimentação, liberdade e dignidade como é apresentado através do próprio estatuto do Idoso pela Lei 10.741/2003. A presença da família é fundamental para o bem estar da pessoa idosa, porém, não é somente a família que tem esse dever. Nos também, enquanto parte da sociedade podemos e devemos contribuir através de ações capazes promoverem o resgate de valores e a inclusão social desse público. É preciso permitir que os idosos se considerem capazes, integrados e articulados melhorando sua qualidade de vida fazendo com que tenham entusiasmo em participar das ações oferecidas a eles como a criação da academia da terceira idade, que foi projetada para o público idoso, porém, muitas vezes por falta de incentivo e acompanhamento poucos fazem uso da mesma, promover um trabalho interdisciplinar entre profissionais como psicólogos, pedagogos, enfermeiros, assistente social, fisioterapeuta, massoterapeuta entre outros que estejam ao alcance de cada realidade para efetivação e consolidação das políticas públicas destinadas aos idosos deste município. Portanto, a assistência a esse público constituise como direito fundamental na medida em que se 67 propõe e possibilita os meios para os avanços das políticas sociais, onde há um reconhecimento da velhice, uma preparação para enfrentar este mundo globalizado. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALTES, P. B., & BALTES, M. M. (1990). Psychological perspectives on sucessful aging: The model of selective optimization with compensation. In P. B. Baltes & M. M. Baltes (Eds.), Sucessful aging: Perspectives from the Behavioral Sciences (pp. 1-34). New York: Cambridge University Press. BARROS, Myriam Moraes Lins de (org). Velhice ou Terceira idade? Estudos antropológicos sobre identidade, memória e política. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getulio Vargas, 1999. BARRETO, M. L. Admirável mundo velho: velhice, fantasia e realidade social. São Paulo: Ática S. A., 1992. BEAUVOIR, S. A velhice. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. BRASIL. Decreto nº 9.912-A de 26 de março de 1888. Dispõe sobre o direito de aposentadoria aos funcionários dos Correios. Rio de Janeiro, 1888. __________. Decreto nº 4682, de 24 de janeiro de 1923. Dispõe sobre a Caixa de Aposentadoria e Pensões. Rio de Janeiro, 1923. FERREIRA, Valdeli Forte. General Carneiro, município hospitaleiro. Cuiabá, MT: Edição do autor, 2010. FRANÇA, Lúcia. Terceira Idade – Alternativas para uma Sociedade em Transição. Editora Relume Dumará / Unati, 1999. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Disponível em <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinipse/webservice /frm_piramide.php?codigo+510390> Acesso em 15 de dezembro de 2013. MANRIQUE, Castro, Manoel. Historia do Serviço Social na America Latina/Manoel Manrique Castro; tradução de Jose Paulo Netto e BalkysVillalobos.12.eol.-São Paulo: Cortez,2011.p.7-176. MARTINELLI, Maria Lucia. Serviço Social: identidade e alienação/ Maria Lucia Martinelli – 15. Ed. – São Paulo: Cortez 2010.p.9-165. SANTOS, Claudia Monica dos. apud Junqueira, 1980:4 - Os instrumentos e Técnicas: mitos e dilemas na formação profissional do Assistente Social no Brasil. Rio de Janeiro:UFRJ,2006. SIMÕES, J. A. A maior categoria do país: o aposentado como ator político. In: LINS DE BARROS, M. M. Velhice ou terceira idade? Estudos antropológicos sobre identidade, memória e política. 4ª. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007, p.13-34. __________. Constituição da Republica Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 36. Ed. São Paulo: Saraiva, 2005. __________. Lei 8742 de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a Lei Orgânica de Assistência Social. Brasília, 1993. __________. Lei 8842 de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política nacional do idoso. Brasília, 1994. __________. Lei 10.741 de 3 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso. Brasília, 2003. CUNHA, Neiva Vieira da. O desafio de uma antropologia das idades. História, Ciências, SaúdeManguinhos; volume 6, número 3, páginas 712-717. Fevereiro 2000. CERQUEIRA apud IAMAMOTO, 1965:173. In: SANTOS, Cláudia Mônica dos. Os instrumentos e técnicas: mitos e dilemas na formação profissional do assistente social no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, 2006. CRESS/RJ, 2006. CRESS. CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL. “A trajetória do Serviço Social”. Disponível em <http://www.cressrj.org.br/serviçosocial.php> Acesso em 15 de setembro de 2013. 68