Governo do Estado Do Rio Grande do Norte Sistemas de Produção 01 ISSN 1983-280 X Ano 2009 Cultivo dO COQUEIRO no Rio Grande do Norte Organizadores José Simplício de Holanda Maria Cléa Santos Alves Marcone César Mendonça das Chagas Colaboração Técnica Alexandre Dantas de Medeiros – EMATER Antônio Pereira da Costa – EMATER Antônio Pinheiro Filho – EMATER Elton Dantas de Oliveira – EMATER Florisvaldo Xavier Guedes – EMPARN Franki da Silva Sousa – EMATER Hildebrando Martins Cavalcante – EMATER João Gomes de Oliveira – EMATER José Barreto Filho – EMATER José Damasceno Bezerra Júnior – EMATER José Ataíde Fontes – EMATER José Roberto Marinho – EMATER José Wellington Dias – EMATER Lourinaldo Benício do Nascimento – EMATER Luiz Silvério de Medeiros Couto – EMATER Marcos Antônio Barbosa Moreira – Embrapa/EMPARN MARTA MARIA SOUZA MATOS – EMPARN Maria Leonice de Freitas – EMATER Moacir de Carvalho Santos – EMATER Nilton Oliveira de Souza – EMATER Nísia Maria de Souza Cordeiro – EMATER Tarcísio Bezerra Dantas – SAPE GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE WILMA MARIA DE FARIA SECRETÁRIO DA AGRICULTURA, DA PECUÁRIA E DA PESCA FRANCISCO DAS CHAGAS AZEVEDO Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande Norte DIRETORIA EXECUTIVA DA EMPARN DIRETOR PRESIDENTE HENRIQUE EUFRÁSIO DE SANTANA JUNIOR DIRETOR DE PESQUISA & DESENVOLVIMENTO MARCONE CÉSAR MENDONÇA DAS CHAGAS DIRETOR DE OPERAÇÕES ADM. E FINANCEIRAS AMADEU VENÂNCIO DANTAS FILHO INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO RN DIRETORIA EXECUTIVA DA EMATER-RN Diretor Geral Luiz Cláudio Souza Macedo Diretor Técnico Mário Varela Amorim Diretor de Adm. Recursos Humanos e Financeiros Cícero Alves Fernandes Neto ISSN 1983-280 X Ano 2009 Sistemas de Produção 01 Cultivo dO COQUEIRO no Rio Grande do Norte José Simplício de Holanda Maria Cléa Santos Alves Marcone César Mendonça das Chagas Natal, RN 2009 Sistemas de Produção 01 Cultivo dO COQUEIRO no Rio Grande do Norte EXEMPLARES DESTA PUBLICAÇÃO PODEM SER ADQUIRIDOS EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN UNIDADE DE DISPONIBILIZAÇÃO E APROPRIAÇÃO DE TECNOLOGIAS AV. JAGUARARI, 2192 - LAGOA NOVA - Caixa Postal: 188 59062-500 - NATAL-RN Fone: (84) 3232-5858 - Fax: (84) 3232-5868 www.emparn.rn.gov.br - E-mail: [email protected] COMITÊ EDITORIAL Presidente: Maria de Fátima Pinto Barreto Secretária-Executiva: Vitória Régia Moreira Lopes Membros Aldo Arnaldo de Medeiros Amilton Gurgel Guerra Francisco Canindé Maciel Francisco das Chagas Ávila Paz Leandson Roberto Fernandes de Lucena Marciane da Silva Maia Marcone César Mendonça das Chagas Terezinha Lúcia dos Santos Fernandes Revisor de texto: Maria de Fátima Pinto Barreto Normalização bibliográfica: Biblioteca Central Zila Mamede – UFRN Editoração eletrônica: Luciana Riu Ubach Castello Garcia (www.dupixel.com) 1ª Edição 2ª impressão (2009): tiragem Todos os direitos reservados A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610). Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Holanda, José Simplício de. Cultivo do coqueiro no Rio Grande do Norte / José Simplício de Holanda, Maria Cléa Santos Alves, Marcone César Mendonça das Chagas. – Natal, RN: EMPARN, 2008. 27 p. – (Sistemas de produção; 1) ISSN: 1983-280-X 1. Cultura do coco. 2. Produção de coco. 3. Manejo do coco. 4. Sanidade. I. Alves, Maria Cléa Santos. II. Chagas, Marcone César Mendonça das. III. Titulo. IV. Série. CDD 634.6 RN/UF/BCZM CDU 633.528 EMPARN 2008 Organizadores José Simplício de Holanda Dr. Solo e Nutrição de Plantas Pesquisador Embrapa/EMPARN. Rua Jaguarari, 2192 – Lagoa Nova - CEP. 59062-500 – Natal – RN (84) 3232-5877 [email protected] Maria Cléa Santos Alves MSc Fitotecnia Pesquisadora EMPARN. Rua Jaguarari, 2192 – Lagoa Nova - CEP. 59062-500 – Natal – RN (84) 3232-5859 [email protected] Marcone César Mendonça das Chagas Dr. Entomologia Agrícola Pesquisador Embrapa/EMPARN. Rua Jaguarari, 2192 – Lagoa Nova -CEP. 59062-500 – Natal – RN (84) 3232-5861 [email protected] Colaboração Técnica Alexandre Dantas de Medeiros – EMATER Antônio Pereira da Costa – EMATER Antônio Pinheiro Filho – EMATER Elton Dantas de Oliveira – EMATER Florisvaldo Xavier Guedes – EMPARN Franki da Silva Sousa – EMATER Hildebrando Martins Cavalcante – EMATER João Gomes de Oliveira – EMATER José Barreto Filho – EMATER José Damasceno Bezerra Júnior – EMATER José Ataíde Fontes – EMATER José Roberto Marinho – EMATER José Wellington Dias – EMATER Lourinaldo Benício do Nascimento – EMATER Luiz Silvério de Medeiros Couto – EMATER Marcos Antônio Barbosa Moreira – Embrapa/EMPARN Marta Maria Souza Matos - EMPARN Maria Leonice de Freitas – EMATER Moacir de Carvalho Santos – EMATER Nilton Oliveira de Souza – EMATER Nísia Maria de Souza Cordeiro – EMATER Tarcísio Bezerra Dantas – SAPE SUMÁRIO Apresentação......................................................................................................................... 07 1.Introdução ......................................................................................................................... 09 2.Preparo do Solo..................................................................................... 10 3. Amostragem do Solo e Avaliação da Fertilidade............................... 10 4. Correção da Acidez do Solo e do Cálcio em Profundidade............ 13 5. Coveamento e Plantio .......................................................................... 14 6. Adubação e Fertirrigação .................................................................... 15 7. Consorciação ........................................................................................ 19 8. Tratos Culturais .................................................................................... 20 8.1 – Roçagem ...................................................................................................................... 20 8.2 - Gradagem ..................................................................................................................... 21 8.3 – Coroamento ................................................................................................................. 21 9. Aproveitamento dos Restos Culturais ............................................... 22 10. Tratos Fitossanitários – Pragas e Doenças ..................................... 23 10.1 – Lagarta das folhas ...................................................................................................... 23 10.2 – Broca do olho do coqueiro ....................................................................................... 24 10.3 – Pragas das flores e frutos .......................................................................................... 25 10.3.1 – Ácaro da necrose do Coqueiro .............................................................................. 25 10.3.2 – Traça das fl ores e frutos ......................................................................................... 26 10.3.3 – Gorgulho das fl ores e dos cocos novos ............................................................... 26 10.4 – Doenças ..................................................................................................................... 27 10.5 – Podridão seca do olho............................................................................................... 28 10.6 – Resinose........................................................................................................................ 29 10.7 – Queima das folhas e lixa............................................................................................ 30 11. Diagnose foliar ................................................................................... 30 12. Colheita de cocos – meta de produção ........................................... 33 13. Bioenergia: coco seco – Biodiesel .................................................... 34 14. Utilização de resíduos de coco verde .............................................. 36 15. Bibliografia consultada....................................................................... 38 Anexos............................................................................................................. 41 ANEXO 1 - Coeficientes Técnicos para Implantação e Manutenção de Coqueiro Anão verde irrigado ......................... 41 ANEXO 2 - Coeficientes Técnicos para Implantação e Manutenção de Coqueiro Híbrido irrigado ................................ 43 ANEXO 3 - Coeficientes Técnicos para Implantação e Manutenção de Coqueiro Hibrido de sequeiro ........................ 45 ANEXO 4 - Coeficientes Técnicos para Manutenção de Coqueiro Gigante adulto .......................................................... 47 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... APRESENTAÇÃO A exploração do coqueiro nos países asiáticos e africanos objetiva o fornecimento de matéria-prima para a produção de óleo. No Brasil, o foco da produção é o leite de coco para a indústria de alimentos e mais recentemente, a água de coco para consumo como bebida natural, com envase anual da ordem de 70 milhões de litros. No final de 2007 a área de coco no Brasil foi estimada em 286 mil hectares, sendo 177 mil ha de Coqueiro Gigante, 80 mil ha de Coqueiro Anão e 29 mil ha de Coqueiro Híbrido. Salientase que 90% dos produtores de coco do Nordeste possuem áreas inferiores a 100 ha, caracterizando o domínio de sistemas familiares de produção. No Rio Grande do Norte o coqueiro está presente em 147 municípios, ocupando uma área de 21.776 ha, dos quais 95% se concentram em 27 municípios. Para a indústria, e com o advento de programas de bioenergia, o coco híbrido apresenta vantagem no rendimento pelo maior peso da noz, potencial de produção acima de 2 t/ ha/ano de óleo além de 1,5 t/ha/ano de torta de coco utilizada como ingrediente na formulação de rações para animais. No presente, o volume de resíduos gerados na exploração de coco verde (27 m³/ha/ano) deixa de ser uma ameaça poluindo o ambiente e se transforma em fonte de renda e geração de empregos por meio do seu beneficiamento. Os resíduos secos e triturados são recomendados para floricultura, preparo de mudas frutíferas, cultivo de hortaliças ou retorno ao campo, como adubo orgânico em substituição ao esterco de curral. Capitais como Natal e Fortaleza contam com usinas de 7 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... beneficiamento com capacidade de processamento de 10 a 30 t/dia de resíduos. Nos anos de 1999 e 2000, a importação de coco ralado aumentou 250% no Brasil e em conseqüência houve uma queda de preço no mercado interno de 78%, com o setor produtivo entrando em crise. A partir de 25/07/2007 em atendimento a requisição do Sindcoco, foi editada a Resolução nº 19, do Presidente do Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) estabelecendo a prorrogação da medida de Salvaguarda do Coco com prazo que deverá ser extendido até 2012, restringindo a importação de coco ralado para uma cota equivalente a 20% do consumo nacional. Em contrapartida, a medida de salvaguarda exige dos produtores a revitalização dos coqueirais, competindo ao Sindicoco a coordenação do processo e ao Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) o acompanhamento e fiscalização, sob pena de cancelamento da salvaguarda e retorno acirrado das importações pelo não cumprimento da medida. O Rio Grande do Norte como beneficiário da Salvaguarda do Coco, em mais uma ação no cumprimento da medida, atualiza os Sistemas de Produção de Coco Gigante, Anão Verde e Híbrido, disponibilizando inovações tecnológicas e possibilitando aos produtores revitalizarem seus pomares de forma sustentável. Henrique Eufrásio de Santana Júnior Diretor Presidente da Emparn Luís Cláudio de Sousa Macedo Diretor Geral da Emater-RN 8 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... 1. INTRODUÇÃO Uma das características favoráveis à cultura do coqueiro é a produção contínua, o que permite ao produtor abastecer o mercado consumidor durante todo o ano. Vale salientar, entretanto, que essa produção contínua só será garantida por meio de um manejo adequado com inovações tecnológicas para produção integrada e intensiva, procedimentos que propiciarão incrementos na produção do coqueiral. O coqueiro, em nível mundial, sempre foi tratado como palmeira oleaginosa. Entretanto, no Brasil, a cultura destinou-se à produção de frutos, tanto para o consumo “in natura” quanto para a industrialização, obtendo-se, entre outros produtos, o leite de coco e o coco ralado. Além disso, nos últimos anos, verifica-se a expansão acelerada de um outro mercado: o da água de coco. Esse produto, inicialmente comercializado “in natura”, já se encontra disponível no mercado em copos plásticos, embalagens “tetrapack” (longa-vida) ou em garrafas, congelado. Também, existe um grande potencial para híbridos e gigantes serem inseridos na produção de biodiesel, com uma porcentagem de óleo variando de 60 a 70% na copra, podendo produzir acima de duas toneladas de óleo/ha/ano. Os sistemas de produção de coco trabalhados compreendem quatro situações: 1. Coqueiro Anão Verde irrigado; 2. Coqueiro Híbrido irrigado; 3. Coqueiro Híbrido de sequeiro e 4. Coqueiro Gigante Adulto de sequeiro. A maioria das operações é comum a todos os sistemas 9 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... de produção. Entretanto, algumas características inerentes a cada sistema os diferenciam. O sistema de produção indicado para coqueiro Anão Verde se diferencia do de coqueiro Híbrido pela população de plantas por hectare e em conseqüência, requerimentos de água e adubos por área. O sistema indicado para coqueiro Híbrido irrigado difere do Híbrido de sequeiro pelo manejo com fertirrigação, quantidade e distribuição de adubos. O sistema de produção indicado para coqueiro Gigante difere dos demais por ser dirigido para manutenção de pomares adultos, em condição de sequeiro numa população de cem plantas por hectare com adubação reduzida e distribuída por ocasião das chuvas. 2. PREPARO DO SOLO Considerando que as operações que antecedem o preparo do solo são comuns a qualquer cultura, se partirá do preparo do solo para estabelecimento dos sistemas de produção sendo o manejo em função da área escolhida para a implantação do coqueiral. Normalmente são recomendadas duas gradagens cruzadas e intercaladas pela aplicação de corretivos, se necessário. 3. AMOSTRAGEM DE SOLO E AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE Na amostragem de solo para fins de fertilidade e recomendação de calagem, gessagem e adubação, a área a ser cultivada deverá ser subdividida em talhões homogêneos. 10 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... Para tanto, deve-se observar o solo quanto à uniformidade de coloração (claro, escuro, vermelho), textura (arenosa, média e argilosa), profundidade, drenagem (boa, má), vegetação existente (mata, cerrado, pasto), manejo (tratamento anterior dado à área, espécies cultivadas, calagem, adubação) e altitude topográfica (alta, baixa, encosta). Os equipamentos e materiais necessários para se realizar a coleta do solo são: dois baldes ou sacos, um enxadão, chibanca, trado ou cavador e sacos plásticos. Dentro de cada talhão homogêneo, os locais onde serão coletadas as amostras serão determinados ao acaso (caminhando em zigue-zague), de forma que os pontos de amostragem fiquem distribuídos aleatoriamente, representando toda a área. A amostragem de solo é tida como um dos principais problemas de avaliação da fertilidade em áreas do Brasil, revestindo-se da maior importância pelo fato de que os erros nela cometidos persistirão até o fim. O número de amostras por área homogênea, deverá ser entre 8 e 15. Não se deve retirar amostras em locais erodidos ou próximos a formigueiros, cupinzeiros, estradas, esterco, chiqueiro, curral, casa, galpões e depósitos. Antes da retirada da amostra, deve-se limpar a superfície do terreno no local da amostragem, retirando-se a folhagem e outros restos de plantas e resíduos orgânicos, mas sem mexer com a terra. Na amostragem, abre-se um buraco com 40 cm (dois palmos) de profundidade e, com uma pá reta, retira-se uma fatia de terra, cortando-se de cima para baixo, até a profundidade de 20 cm. Coloca-se a parte central da fatia de solo (cerca de 0,5 kg) em um balde. Na mesma cova, coleta-se outra fatia da profundidade de 20 a 40 cm e coloca-se o solo da parte central dessa fatia (0,5 Kg) no outro balde. Esse procedimento deverá ser repetido em todos os locais de amostragem. Após a coleta de todas as amostras da área homogênea que 11 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... está sendo trabalhada, mistura-se bem o solo do primeiro balde para homogeneizar a amostra. Retira-se 0,5 Kg de solo, colocase em um saco plástico e numa etiqueta, deverá ser anotado o nome do proprietário e da propriedade, identificação da área, a cultura existente e a cultura a ser implantada. Repetem-se, então, todas essas etapas para o segundo balde (amostra de 20-40 cm). Após concluir a amostragem da primeira área, jogase fora a terra que restou nos baldes, limpando-os e reiniciando todas as operações descritas nas outras áreas homogêneas. No caso da análise de solo para a cultura do coqueiro em desenvolvimento, a coleta de solo deverá ser feita na projeção da copa e nas entrelinhas, separadamente. Para interpretação dos resultados da análise de laboratório e avaliação da fertilidade do solo pode-se seguir as indicações do Quadro 1. Um nível baixo de fósforo ou potássio significa que o solo é de baixa fertilidade em relação ao nutriente e em conseqüência, na adubação deve ser usada a recomendação integral da tabela. Por outro lado, um solo de muito alta fertilidade quanto a um desses nutrientes dispensa a aplicação do mesmo na adubação. Quadro 1. Indicação dos níveis de fertilidade do solo quanto a fósforo e potássio em função da textura do solo e dos teores determinados na análise de laboratório. Nível de P ou K no Solo Fósforo (mg de P.kg-1de solo) Potássio (mg de K.kg-1de solo) Textura do solo Textura do solo Argilosa Média Arenosa Argilosa Média Arenosa Baixo <5 < 10 < 20 < 30 < 45 < 60 Médio 5 a 10 10 a 20 20 a 30 30 a 60 45 a 90 60 a 120 Alto 11 a 59 21 a 79 31 a 99 61 a 159 91 a 179 121 a 199 Muito Alto >60 >80 >100 >160 >180 >200 12 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... 4. CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO E DO CÁLCIO EM PROFUNDIDADE Uma nutrição equilibrada é essencial para o desenvolvimento e produção intensiva de qualquer espécie vegetal. Essa nutrição implica no fornecimento de vários elementos nos períodos de exigência, os quais são classificados como macro e micronutrientes, em função da quantidade a ser fornecida para suprir as necessidades das plantas. Os macronutrientes são: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S) e cloro (Cl), no caso do coqueiro. Os micronutrientes são: ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn), molibdênio (Mo), cobre (Cu), boro (B) e níquel (Ni). A análise de solo determinará o tipo e a quantidade de corretivos e fertilizantes adequados para uma nutrição equilibrada das plantas e indicará a presença de elementos tóxicos que possam prejudicar a cultura. Existem pelo menos três razões para se corrigir a acidez do solo: 1- neutralizar a toxidez de alumínio e manganês; 2corrigir deficiências de cálcio e magnésio e 3 – elevar o pH e disponibilizar nutrientes. O produto utilizado para correção da acidez é o calcário dolomítico, por conter cálcio e magnésio. O seu efeito, porém, se restringe à camada de aplicação. O calcário não é adubo, portanto, não deve ser aplicado na cova, uma vez que a calagem é uma operação para a correção do solo como um todo. As raízes das plantas, ao se desenvolverem, precisarão encontrar ambiente favorável para não haver prejuízo para a cultura. O método de maior eficiência para o cálculo da necessidade de calcário é o da saturação por bases; para o coqueiro, o valor desejado (V=60%) é incluído na equação: NC (t/ha) = [(CTC x 0,60) – Sb] x 1,50/0,75 13 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... Onde, NC = Necessidade de calcário; CTC = capacidade de troca de cátions do solo; 0,60 = Saturação por bases no solo adequada para coqueiro; Sb = soma de bases trocáveis do solo; 1,50 = densidade atribuída a um solo arenoso - valor pode variar (para laboratórios que trabalham com volume de solo - dm3 ,não se aplica) e 0,75 = Porcentagem Relativa de Neutralização Total do Calcário (valor freqüente do produto regional comercializado = 75%). A deficiência de cálcio em profundidade do solo é diagnosticada quando o teor de cálcio na camada de 20 a 40 cm situa-se abaixo de 0,5 cmolc.kg-1 e a necessidade de gesso para culturas perenes, é estimada pela equação: NG (t/ha) = 0,075 x (% argila) Onde, NG = necessidade de gesso por hectare; 0,075 = fator constante e a fração argila (%) determinada na análise granulométrica da camada de 20 – 40 cm do solo. Tanto o gesso de jazidas minerais como o gesso agrícola ou fosfogesso, podem ser utilizados com alguma vantagem para o último, pelo grau de finura, maior solubilidade e por conter resíduo de fósforo. O gesso agrícola é um sal neutro dihidratado, composto de cálcio (Ca2+) e sulfato (SO42-) ligados a duas moléculas de água. 5. COVEAMENTO E PLANTIO O espaçamento recomendado varia com o sistema de produção: - Coqueiro Anão Verde: 7,5 x 7,5 x 7,5 m, covas distribuídas em triângulo; - Coqueiro Híbrido: 8,5 x 8,5 x 8,5 m, covas distribuídas em triângulo e, 14 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... - Coqueiro Gigante: 10 x 10 m, covas distribuídas em quadrado. Os referidos espaçamentos proporcionam populações de 205, 160 e 100 plantas por hectare, respectivamente, de coqueiro Anão Verde, coqueiro Híbrido e coqueiro Gigante. As covas deverão ter dimensões de 60 x 60 x 60 cm e poderão ser feitas com equipamento mecanizado ou manual. Deve-se colocar o solo mais superficial (0-30 cm) de um lado da cova e o mais profundo (30-60 cm), do outro lado. Em solos muito arenosos, como os encontrados na faixa litorânea do Nordeste, recomenda-se colocar, no fundo da cova, 20 a 25 cm de fibra (bucha) de coco (ou material similar), para auxiliar na retenção da água, que será utilizada pela planta. Colocase uma pequena camada de bucha, preenchem-se os espaços vazios com o solo mais profundo, coloca-se outra camada de bucha e repete-se o procedimento até atingir a altura desejada. O plantio deve ser feito no centro da cova previamente preparada, feita uma pequena escavação para o enterrio e completo cobrimento da semente (coco) que compõe a muda. Antes de colocar a muda na cova, suas raízes deverão ser aparadas, ficando com cerca de 3 cm (2 dedos) de comprimento a partir do coco. Deve-se ter o cuidado de deixar o colo (base) da planta ao nível do solo A muda não deve permanecer com a semente à mostra, nem muito enterrada. O solo ao redor da muda deve ser levemente compactado (com as mãos), para dar maior firmeza à muda no seu local definitivo. 6. ADUBAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO Como o coqueiro é uma planta de produção contínua, qualquer estresse pode afetar a sua produção. Um déficit hídrico 15 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... prolongado (mais de 3 meses com precipitação abaixo de 50mm) pode provocar aborto de inflorescências, queda prematura de frutos, redução em número e peso de frutos e atraso no desenvolvimento da cultura. Em geral, a variedade de coqueiro Gigante é mais tolerante ao estresse hídrico do que as cultivares Híbridas, e estas mais tolerantes que as variedades Anãs. Sendo os coqueiros Anões e Híbridos mais responsivos num sistema de produção intensivo, é conveniente irrigar, maximizando a prática ao associá-la a aplicação dos adubos mais solúveis como os nitrogenados e potássicos via fertirrigação. O sistema de fertirrigação mais adequado para o coqueiro, em função da racionalidade do uso de água e energia é por microaspersão, molhando a parte do solo que corresponde à área de coroamento da planta. A dotação de água e freqüência da aplicação deve ser estimada em função do estádio de desenvolvimento do coqueiro tendo por base a evaporação do Tanque classe “A”. Na ausência de um projeto de irrigação, o Quadro 2 contém valores sugestivos de volume de água a aplicar de acordo com a idade do pomar. A adubação é fundamental para garantir uma boa produtividade do coqueiral e preferencialmente deve ser organomineral. A adubação orgânica é benéfica para uma melhor estruturação do solo, permitindo melhor desenvolvimento das raízes bem como propiciando uma maior retenção de água e nutrientes dos adubos minerais aplicados. A adubação mineral é feita em função da análise química do solo, e as recomendações de acordo com a textura do solo, idade e sistema de exploração do coqueiro. Diferentes tipos de fertilizantes são ofertados no mercado como fornecedores de nutrientes. Como fontes de fósforo (P), tem-se o superfosfato simples, fosmag multinutriente, fosfato de gafsa, superfosfato triplo, MAP, DAP e farinha de osso; de 16 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... nitrogênio (N) os mais comuns são a uréia e o sulfato de amônio e como fonte de potássio (K) o cloreto de potássio ou sulfato de potássio. Para suprimento de micronutrientes, têm-se as fritas: FTE BR 8, FTE BR 12 etc. Nas adubações, deve-se evitar usar uréia e superfosfato triplo combinados para suprir as necessidades de N e P. Se for utilizada a uréia como fonte de nitrogênio, deve-se preferir uma fonte de fósforo que contenha enxofre como o superfosfato simples. Em solos alcalinos, bem supridos de cálcio, a fonte de fósforo pode ser o mono ou di-amônio fosfato (MAP ou DAP) e a de nitrogênio deverá ser sulfato de amônio. As recomendações de adubação variam com o sistema de produção de coco, com o tipo e idade do coqueiro. Nos Quadros 2 e 3 são apresentadas as adubações para solos de baixa fertilidade. Quadro 2. Adubação para Coqueiro Anão Verde e Híbrido Fertirrigados. Idade (anos) Esterco Curral (L/planta/6 meses) Superfosfato Simples FTE BR 8 Plantio a 1 ano 30 500 50 20 30 1a2 30 500 100 30 35 30 – 60 2a3 40 1.000 100 40 40 60 – 100 3a4 40 1.000 150 50 45 100 – 150 4a5 50 1.250 150 60 50 150 – 200 5a6 50 1.250 200 70 60 200 – 250 > 6 Anos 60 1.300 200 80 70 250 g/planta/6 meses Uréia Cloreto de Potássio Dotação de água g/planta/semana1 L/planta/ dia 15 – 30 1 Se na diagnose foliar for constatado valor muito baixo de sódio (Na < 1,0 g/kg M.S.) incluir sal de cozinha na fertirrigação (10-20g/planta/semana). 17 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... Superfosfato FTE Cloreto de Uréia QuadroEsterco 3. Adubação para Coqueiro Simples BR 8 Híbrido de Sequeiro Potássio Idade (anos) Curral (L/planta/ ano) g/planta/45 dias (de abril a julho nas chuvas)1 g/planta/ano Plantio a 1 ano 30 500 50 150 200 1a2 30 500 100 200 250 2a3 40 1.000 100 300 300 3a4 40 1.000 150 350 350 4a5 50 1.250 150 400 400 5a6 50 1.250 200 500 500 > 6 Anos 60 1.500 200 600 600 1 Pode incluir sal de cozinha na dose de 500g/planta/ano para coqueiro adulto. Pouca atenção é dada ao coqueiro Gigante em termos de manejo, tratos culturais e adubação, sendo a exploração mais extrativista. Pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros constataram que 86% dos pomares de coqueiros Gigantes da Bahia ao Ceará apresentavam deficiência nutricional. O mais importante, é que, embora sendo cultivados em sequeiro, esses pomares ao serem adubados, reagiram com um aumento de produtividade da ordem de 40%. A adubação recomendada para coqueiro Gigante consta no Quadro 4. Quadro 4. Adubação para Coqueiro Gigante Adulto. 18 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... Os fertilizantes são aplicados na projeção da copa do coqueiro, em uma área circular, cujo raio aumenta com a idade da planta (área de coroamento). Em coqueiro Anão de 6 a 10 anos o círculo de aplicação dos adubos deve ter um raio de até 1,0 m, pois é nesta faixa onde se concentram 90% do sistema radicular do coqueiro (Cintra et al., 1992). Em coqueiro gigante a região de aplicação inicia a partir de 0,50m do estipe. Após a distribuição dos fertilizantes, recomenda-se uma leve incorporação dos produtos ao solo, para evitar perdas dos adubos por volatilização. 7. CONSORCIAÇÃO A consorciação é uma prática que traz benefícios ao agregar renda, amenizando os custos de implantação e manutenção do coqueiral, protegendo o solo contra erosão, reciclando nutrientes e propiciando uma maior eficiência no uso da terra. Como o coqueiro inicia sua produção após o terceiro ano de idade, nos 2 ou 3 anos iniciais a consorciação com culturas alimentares é recomendada. Os consórcios mais comuns são com feijão macassar, mandioca e batata doce, devendo ser preservada a área de projeção da copa. Do quarto ao décimo quinto ano do plantio, pode haver prejuízo para as culturas consorciadas, uma vez que, em função do porte baixo dos coqueiros, as folhas causam sombreamento acentuado. Após o quarto ano de idade, pode-se reiniciar o consórcio, desta feita com animais, de preferência ovinos (2,5 a 10 animais/ ha) e até com bovinos, em sistemas de produção de sequeiro. A associação de animais com coqueiros em fase de produção, pode ser vantajosa, com 3 ovinos/ha possibilita o controle de ervas 19 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... daninhas (em área de capim gengibre) dispensa o coroamento e ainda agrega valor com produção de carne e pele. Por volta de 15 anos de idade, quando os coqueiros estão mais altos, há diminuição do sombreamento na área e pode-se voltar a utilizar o consórcio com culturas alimentares. 8. TRATOS CULTURAIS O coqueiro, por ter produção continua, exige cuidados durante todo o ciclo. Durante a fase jovem, que corresponde em média aos três ou quatro primeiros anos de cultivo, as condições favoráveis se refletem na precocidade de produção e produtividade do coqueiral. Na fase adulta, a adoção de tratos culturais adequados constitui-se em fator fundamental para se assegurar produção de cocos todos os meses do ano. A época seca é o período mais crítico para a cultura, quando a competição das ervas daninhas por água pode afetar o desenvolvimento e a produção do coqueiro. Os tratos culturais consistem na eliminação de ervas daninhas nas entrelinhas e sob a copa (coroamento), quer por métodos manuais, mecânicos e/ou químicos. Os principais tratos culturais compreendem: roçagem, gradagem e coroamento. 8.1 - Roçagem A roçagem é uma prática utilizada nas entrelinhas do coqueiro, sendo mais indicada para áreas cuja vegetação nativa não exerça grande competição com o coqueiro ou em áreas em que o suprimento de água esteja garantido pelo uso de irrigação. Em áreas de sequeiro, o uso exclusivo de roçagens periódicas, não é recomendável, pois proporciona aumento do déficit hídrico, favorecendo a infestação de gramíneas (p.ex.: capim 20 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... gengibre) que exercem grande competição com o coqueiro, prejudicando seu desenvolvimento e produção. 8.2 - Gradagem A gradagem nas entrelinhas de plantio dos coqueiros deve ser realizada em regiões com deficit hídrico elevado, principalmente onde existam espécies como o capim gengibre (Paspalum maritimum). Entretanto, essa operação só deve ser realizada quando houver umidade no mesmo, pois o uso inadequado provoca erosão e compactação do solo. Deve ser realizada entre o final do período chuvoso e início do período seco, incorporando a vegetação de cobertura ao solo, não devendo ultrapassar uma profundidade de 20 cm. Pode-se optar por alternar gradagens e roçagens, sendo que a gradagem deve ser realizada no início do período seco, seguindo-se das roçagens. Tanto na gradagem como na roçagem, deve–se observar a região em que se concentra a maior quantidade de raízes, mantendo uma distância de até 2 m para o coroamento. 8.3 - Coroamento O coroamento é uma prática indispensável no correto manejo do coqueiral e consiste na capina de uma área circular em torno do estipe do coqueiro. Essa prática deve ser iniciada logo após a instalação da cultura, perdurando por toda a vida produtiva das plantas sendo realizada em função da infestação de ervas daninhas. O coroamento pode ser manual ou químico e sua área varia em função da idade da planta acompanhando a projeção da copa. O controle manual com revolvimento superficial do solo e corte parcial das radicelas (pequenas raízes) pela enxada, beneficiará o coqueiro, pois este corte induz a emissão de novas raízes. 21 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... No controle químico das plantas daninhas deve-se dar preferência a herbicidas de ação pós-emergente de efeito sistêmico. Recomenda-se a aplicação quando as plantas infestantes se encontram no estádio de pré-floração, ocasião em que apresentam maior susceptibilidade à ação dos herbicidas. Produtos à base de gliphosate apresentam ação pós-emergente e efeito sistêmico, e são largamente utilizados entre produtores de coco, uma vez que apresentam eficiência no controle de plantas infestantes com maior efeito sobre gramíneas. 9. APROVEITAMENTO DOS RESTOS CULTURAIS É comum realizar a limpeza da copa do coqueiro por ocasião da colheita, retirando-se folhas, ráquis, estruturas frutíferas e cascas provenientes do descasque da noz para comercialização. Esses resíduos geralmente são amontoados e queimados, embora sejam importantes para retenção de água no solo e fonte de potássio e cloro, elementos essenciais à nutrição do coqueiro e que podem ser perdidos. O ideal é que os resíduos sejam distribuídos nas entrelinhas para trituração com roçadeira ou trincha. Depois de triturados podem ser utilizados como cobertura morta na área de coroamento, ou em substituição ao esterco de curral, como adubo orgânico, tendo a relação C/N, corrigida pela adição e mistura com 2% de uréia. 22 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... 10. TRATOS FITOSANITÁRIOS - PRAGAS E DOENÇAS O coqueiro pode ser atacado nas diferentes fases de seu desenvolvimento por diversas pragas e doenças que podem causar danos à produção da cultura. Os cuidados preventivos dos pomares envolvem a utilização de mudas sadias, a realização de tratos culturais, adubações adequadas e um diagnóstico correto de problemas fitossanitários, fisiológicos e nutricionais. A seguir são listadas as principais pragas e doenças de ocorrência na região especificando o órgão da planta atacado e a recomendação para controle. 10.1- Lagarta das folhas (Brassolis sophorae) É a mais importante lagarta desfolhadora do coqueiro adulto. O inseto adulto é uma borboleta de asas marrons, atravessadas por uma faixa alaranjada e com 6 a 10 cm de envergadura. Essa praga possui hábito noturno e gregário; desta forma, as lagartas formam ninhos nas folhas do coqueiro, de onde saem à noite para se alimentarem das plantas hospedeiras. A lagarta das folhas pode causar desfolhamento total da planta (Figura 1) e, como conseqüência, provocar queda prematura de frutos, redução da produção do coqueiro por um período de até 18 meses e até morte da planta. O controle deve ser realizado assim que se detectar a presença da praga e consta da eliminação dos ninhos e destruição das lagartas. Em casos extremos de altas infestações, o controle poderá ser feito com produtos biológicos, como o Bacillus thuringiensis . 23 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... Figura 1. Pomar de coqueiro atacado pela lagarta das folhas. Detalhe para os folíolos na forma de palitos em consequencia da desfolha. 10.2 - Broca do Olho do Coqueiro (Rhynchophorus palmarum). Esta praga é mais conhecida pelos produtores como Bicudo, sendo o inseto o vetor do nematóide Bursaphelenchus cocophilus causador da doença Anel Vermelho do Coqueiro. Em qualquer um dos casos, como praga ou como vetor da doença, a broca provoca a morte das plantas atacadas. A Broca do Olho do Coqueiro é um besouro preto, com 4,5 a 6,0 cm de comprimento e 1,5 a 1,8 cm de largura (Figura 2a). A forma jovem é uma larva, conhecida como “pão-de-galinha”, pode atingir 7,5 cm de comprimento por 2,5 cm de largura (Figura 2b). O dano direto do inseto inicia-se pela ovoposição na parte mais tenra da planta (broto). Após a eclosão das larvas, estas se alimentam da parte interna do estipe (tronco) do coqueiro e fazem galerias em todas as direções, as quais impedem o translocamento da seiva, culminando com a morte da planta. O sintoma externo do ataque da broca é a má formação de folhas novas e, em alguns casos, tombamento da flecha. Internamente o tecido é totalmente destruído, apresentando odor de material fermentado ou apodrecido. Este odor atrai outros indivíduos da mesma espécie. Como, em geral, a Broca 24 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... do Olho está associada ao nematóide que provoca a doença do Anel Vermelho, internamente poderá ser encontrado um anel de coloração vermelha, sintoma característico dessa doença. Para eliminar as larvas, ao se observar plantas atacadas, estas devem ser imediatamente derrubadas e retiradas da área, para serem queimadas. Os estipes devem ser cortados em toras de 40-50 cm de comprimento e abertos longitudinalmente. Para o controle dos insetos adultos, devem-se confeccionar armadilhas com iscas atrativas, podendo ser utilizadas garrafas de refrigerante de 2,0 ou 2,5 litros, “tipo pet”, com o feromônio Rincoforol e iscas atrativas de cana-de-açúcar + melaço. As armadilhas devem ser colocadas a cada 500 metros, em torno da área plantada. Figura 2. Broca do olho do coqueiro. Inseto adulto (a) e larva (b). 10.3 - Pragas das Flores e Frutos As três pragas mais freqüentes nas flores e frutos têm em comum o mesmo nicho alimentar e se desenvolvem sob as brácteas, preferencialmente, dos cocos novos (figura 3): 10.3.1 - Ácaro da necrose do Coqueiro (Aceria guerreronis Keifer) - Essa praga ocorre em mudas nos primeiros anos de plantio definitivo e em frutos. Nas plantas novas, os sintomas iniciais são áreas cloróticas (amareladas) nas folhas centrais da planta, em seguida, surgem, ao longo das nervuras, lesões necróticas (manchas marrons) que se espalham por toda 25 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... a folha causando a seca total das folhas novas e morte do broto da planta. Os ácaros não são visíveis a olho nu. Instalam-se em grandes colônias em frutos pequenos, danificando a superfície com sintomas que evoluem para necrose (queima) dos frutos. 10.3.2 - Traça das flores e frutos (Hyalospila ptychis Dyar) - Desenvolve-se nas inflorescências recém-abertas, e os danos surgem a partir das flores femininas, podendo se estender aos frutos maiores com até 120 dias. 10.3.3 - Gorgulho das flores e dos cocos novos (Parisoschoenus obesulus, Casey) - O gorgulho provoca danos semelhantes aos da traça. O seu ataque está associado à presença da traça e/ou do ácaro da necrose. Figura 3 a - Queda de frutos decorrente do ataque das pragas. b, c - Danos do ácaro da necrose dos frutos. 26 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... d, e, f - Danos provocados pelo ataque da traça dos frutos. g, h, i - Danos ocasionais No controle recomenda-se a formulação de óleo de algodão (1,5%) + detergente neutro (1%). O volume do produto a ser utilizado dependerá do grau de infestação das pragas. Sugere-se a aplicação de 1 a 2 litros por planta em pulverizações espaçadas de três a seis semanas dependendo do nível de infestação. Por ocasião das aplicações do produto, recomenda-se dirigir o jato do pulverizador para a região reprodutiva (Figura 4). Figura 4. Região do coqueiro indicada para pulverizaçao contra pragas das flores e frutos. 10.4 - Anel vermelho É uma doença letal ao coqueiro e o controle é trabalhoso, de custo relativamente alto e para ter eficiência, deve ser realizado por todos os produtores da região onde ocorre a doença. A doença é causada por um nematóide (Bursaphelenchus cocophilus). Embora o nematóide possa penetrar nas plantas através das raízes, a principal forma de disseminação desse fitopatógeno é o besouro da broca do olho do coqueiro 27 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... (Rhynchophorus palmarum). Após a colonização pelo nematóide, a planta apresentase com as folhas juntas/caídas ao estipe em forma de “guardachuva” fechado. O sintoma mais característico da doença é interno. Ao se cortar o estipe transversalmente, observa-se um anel, de coloração vermelha, com 2 a 4 cm de largura (Figura 5). O controle do Anel Vermelho é feito por meio da erradicação e queima das plantas doentes e da redução da população do inseto-vetor por meio de armadilhas atrativas contendo íscas. Figura 5. Visualização do anel vermelho em corte transversal do estipe do coqueiro 10.5 - Podridão Seca do Olho. Esta doença ocorre geralmente em mudas, mas pode afetar plantas com até dois anos de idade. A planta paralisa o crescimento, podendo-se observar o encurtamento da flecha e dificuldade de emissão de novas folhas. A flecha seca totalmente e destaca-se com facilidade da planta (Figura 6). Abrindo-se o coleto (região do “tronco” da planta logo acima do solo), podem-se observar lesões marrons, com aspecto de cortiça, que é um sintoma característico da doença. Finalmente, todas as folhas secam e a planta morre em um ou dois meses após o aparecimento do primeiro sintoma. Não se conhece o agente causal da Podridão Seca. Entretanto, 28 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... sabe-se que essa doença é transmitida por cigarrinhas (Sogatella cubana e S. kolophon), que vivem em gramíneas. Recomendase a queima das plantas atacadas e eliminação de gramíneas ao redor das plantas em áreas com o problema. Figura 6. Coqueiro com sintoma de podridão seca do olho. 10.6 - Resinose. Doença nova, observada a partir dos últimos quatro anos, causada por um fungo (Thielaviopsis paradoxa) sendo disseminada por insetos, solo contaminado e ferramentas de trabalho. O sintoma se caracteriza pelo aparecimento de fissuras no caule e escorrimento de seiva (Figura 7). Não existe um controle definido, porém, a raspagem profunda dos tecidos afetados, seguida da aplicação de fungicidas e pincelamento da área tratada com cal virgem e cola, tem mostrado resultados promissores. Figura 7. Sintoma de resinose no caule do coqueiro. 29 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... 10.7 - Queima das Folhas e Lixa. Estas doenças bem disseminadas em pomares do estado, por atacarem os órgãos das plantas onde se processa a fotossíntese, também causam queda da produção. As lixas se manifestam pelo aparecimento de estromas ásperos de coloração marrom ou negra e o dano serve de porta de entrada para o fungo da queima podendo provocar a morte prematura da folha. Não existe um controle definido para essas doenças, entretanto, plantas em bom estado nutricional apresentam melhor condição de resistência às infestações. 11. DIAGNOSE FOLIAR A partir do segundo ano do pomar, além da análise de solo, recomenda-se, também, realizar a análise foliar, uma vez que existe uma relação entre a quantidade de nutrientes nas folhas e a produção das plantas. A análise foliar visa determinar a concentração de nutrientes em uma determinada folha da planta a fim de avaliar o seu estado nutricional e, conseqüentemente, dar maior segurança na recomendação de adubação do pomar. Amostragem de folha - A análise foliar deverá ser feita na mesma época da análise do solo, de forma a permitir uma melhor interpretação dos resultados e uma adubação adequada do coqueiral. A folha a ser coletada não deverá ser muito nova nem muito velha, pois nesses estádios, há translocação (transporte) de nutrientes de uma folha para outra, o que pode afetar nos resultados da análise. Sendo assim, devem-se amostrar folhas do meio da copa do coqueiro. A folha diagnose, no caso de 30 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... planta adulta (em plena produção) corresponde à de número 14. Em coqueiros jovens, é a quarta folha e nos pomares em fase de produção crescente, a folha diagnose é a nona. Para identificação das folhas seguem-se algumas dicas. Verifica-se no coqueiro que as folhas se distribuem em ângulos de aproximadamente 144º umas das outras. A folha ainda fechada, localizada no centro da copa é chamada flecha. A folha 1 é a folha aberta mais recentemente. A partir daí, enumeramse, sucessivamente, as folhas mais velhas. Abaixo da folha 1, um pouco mais à direita ou mais à esquerda, está a folha 6. Da mesma forma, abaixo da 6, está a folha 11 (soma-se 5 ao número de determinada folha para saber qual é a folha abaixo desta). Para coqueiros jovens, a folha 4 pode ser localizada diretamente, mediante contagem na planta. Nos coqueiros em fase de produção crescente (3 a 6 anos), a identificação da folha 9 poderá ser feita por um método prático. Para tanto, basta localizar a folha que apresenta a inflorescência (cacho) prestes a abrir (a mais buchudinha). Esta é a folha 9. Abaixo da folha 9, um pouco mais à direita ou mais à esquerda, está a folha 14. Uma outra folha facilmente identificável é a folha 10, em cuja axila encontra-se a inflorescência mais recentemente aberta. A folha 10 localiza-se do lado oposto à folha 9. Coleta e preparação da amostra foliar - assim como no solo, deve-se dividir o plantio em áreas homogêneas, incluindo, ainda, aspectos nutricionais, de idade e de fitossanidade das plantas. Em seguida, retiram-se amostras de quinze a vinte plantas selecionadas ao acaso dentro de cada área homogênea. Para tanto, localiza-se a folha a ser amostrada (folha 4, 9 ou 14) e retiram-se três folíolos de cada lado da parte central da folha, evitando folíolos danificados por insetos ou mecanicamente. De cada folíolo, retiram-se os dez centímetros centrais, colocandoos num saco de papel. Repetir o procedimento com todas as plantas da área homogênea. Por fim, identifica-se a amostra com 31 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... o nome do proprietário, número da área homogênea e da folha, idade do pomar e outras informações que possam ajudar na interpretação da análise foliar. A amostragem deverá ser realizada no período seco, entre 7 e 11 horas. Se houver chuva acima de 20 mm, esperar pelo menos 36 horas para se coletar as amostras, evitando a avaliação em período de instabilidade da planta, que pode levar a erros na diagnose foliar. Na interpretação dos resultados seguir os valores de referência apresentados no Quadro 5. Quadro 5. Faixas de adequação nutricional para coqueiros Nutriente Nitrogênio (% N) Tipo de Coqueiro Anão Verde Hibrido Gigante 1,87 – 1,93 2,0 – 2,20 1,70 – 1,80 Fósforo (% P) 0,11 – 0,14 0,12 – 0,14 0,12 Potássio (% K) 0,90 – 1,00 1,40 – 1,50 0,80 Cálcio (% Ca) 0,27 – 0,32 0,10 – 0,20 0,50 Magnésio (% Mg) 0,25 – 0,26 0,20 – 0,24 0,24 Enxofre (% S) 0,20 - - Cloreto (% Cl-) 0,50 – 0,55 0,50 – 1,00 0,50 Sódio (% Na) 0,22 – 0,29 - - Boro (mg.kg-1B) 24 – 36 12 10 Cobre (mg.kg-1Cu) 4,5 – 5,0 - 5 Ferro (mg.kg-1Fe) 90 – 100 30 40 Manganês(mg.kg-1Mn) 30 – 55 - 100 Zinco (mg.kg-1Zn) 11 – 12 10 15 32 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... 12. COLHEITA DE COCO - META DE PRODUÇÃO A colheita dos frutos do coqueiro é feita baseada na destinação do produto. Para os coqueiros Anões e Híbridos, destinados à produção de água, esta colheita é realizada entre 6 e 7 meses da abertura da inflorescência. Nessa idade, os frutos apresentam maior peso, maior volume de água e grau brix em torno de 6,0, conferindo melhor sabor à água. Para a produção de coco seco, podendo ser dos Anões, Híbridos e Gigantes, essa colheita é realizada entre 11 e 12 meses. Esses frutos apresentam cor castanha, com manchas verdes e pardas irregulares, com peso inferior ao coco verde. Por ocasião da colheita, deve-se realizar a limpeza da copa, eliminando-se as folhas e materiais secos do coqueiro. Deve-se evitar o corte de folhas verdes, devido aos seguintes fatores: 1) As folhas sustentam os cachos. Eliminando-se as folhas verdes, há possibilidade de haver queda prematura de frutos, diminuindo a produção; 2) As folhas verdes cortadas atraem insetos-praga; 3) A folha verde realiza fotossíntese, processo por meio do qual há formação de substâncias que fornecerão energia para o desenvolvimento e produção do coqueiro; 4) Antes de secar completamente, as folhas mais velhas exportam alguns nutrientes para as folhas mais novas. Nas condições do Rio Grande do Norte, as metas de produção para o coqueiro manejado adequadamente e seguindo integralmente as técnicas de implantação, adubação e condução do coqueiral recomendadas para os quatro sistemas de produção encontram-se no Quadro 6. 33 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... Quadro 6. Produtividade (frutos/planta) esperada em função da idade da planta, tipo (variedade) e sistema de produção. Idade da planta Anão verde fertirrigado Híbrido fertirrigado Híbrido Sequeiro Gigante (Sequeiro) 3 anos 70 - - - 4 anos 100 40 20 - 5 anos 150 80 40 - 6 anos 180 120 70 - + 6 anos 200 150 100 60 13. BIOENERGIA: COCO SECO - BIODIESEL Na definição de espécies vegetais mais promissoras para produção de biodiesel, tem-se como referência uma produtividade de 2.000 kg/ha/ano de óleo no médio prazo. Oleaginosas com teor de óleo acima de 40% são desejáveis por permitirem a extração com mais facilidade e menor custo e, as com produção acima de 3 t/ha/ano serão mais competitivas, como é o caso das palmáceas. O biodiesel queima muito melhor num motor diesel que o próprio óleo diesel mineral pelo maior índice cetano médio de 60, enquanto no mineral a cetanagem média varia de 48 a 52. Ademais, a lubricidade de qualquer biodiesel supera, em muito a lubricidade do diesel mineral. Parente (2003) acrescenta que não contém enxofre, é biodegradável, não é corrosivo, é renovável e não contribui para o efeito estufa. O Brasil tem potencial para liderar a produção mundial de biodiesel promovendo a substituição de pelo menos 60% da demanda atual de diesel mineral. 34 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... O crescimento da agroenergia significa também o aumento da produção de alimentos pela maior disponibilidade de matériaprima para a indústria de rações. Amostras de diferentes cultivares de coqueiros Gigantes e Híbridos indicam uma variação de 63 a 73% de óleo na copra (Quadro 7). Esta corresponde a 27,5% da noz cujo peso médio é de 580g. O coqueiro Híbrido irrigado tem vantagem em relação ao Gigante e o Anão pelo potencial de produção de 24.000 frutos/ ha/ano o que representa cerca de 3,8 t/ha de copra desidratada ou mais de 2,2 t/ha/ano de óleo (Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2006). Quadro 7. Potencial Comparativo de Produção de Óleo de Espécies Vegetais. Espécie Origem do Óleo Teor de Óleo (%) Produção Óleo (t/ha) Amêndoa 22 3-6 Coco Híbrido irrig. Fruto 55-60 2,1-2,3 Coco Anão irrig. Fruto 25-40 0,8-1,3 Coco Gigante Fruto 63-73 0,75-0,9 Dendê Babaçu Amêndoa 66 0,1-0,3 Girassol Grão 38-48 0,5-1,9 Colza/Canola Grão 40-48 0,5-0,9 Mamona Grão 45-50 0,5-0,9 Amendoim Grão 40-43 0,6-0,8 Soja Grão 18 0,2-0,4 Algodão irrigado Grão 15-20 0,3-0,6 Castanha de caju Casca 28 0,1-0,3 Em conseqüência da prensagem da copra de coco para extração do óleo, surge como resíduo a torta ou farelo de coco 35 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... cujas características se adequam para uso como ingrediente na formulação de rações para animais (Quadro 8). Quadro 8. Potencial de Produção e Qualidade da Torta do Coco Híbrido. Parâmetro Quantidade Produção de Torta 1,5 t/ha/ano Proteína Bruta 21,0 % Extrato Etéreo 7,1 % Fibra Bruta 9,9 % Carboidratos 49,0 % Cinzas 5,0% 14. UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE COCO VERDE O consumo de água de coco vem aumentando substancialmente em todo o Brasil com valores da ordem de 70 milhões de litros envasados por ano (Fontes e Wanderley, 2006), em conseqüência, aumentam os resíduos, transformados em lixo. Estimativas apontam que para cada 250 ml de água de coco produzida é gerado 1 kg de resíduo e, apenas em Natal são coletadas 30 t/dia de lixo de coco. O problema é preocupante pelo risco de poluição ambiental nas proximidades de praias, feiras, bares, restaurantes, etc., haja vista que a casca de coco leva de oito a doze anos para se decompor. Por outro lado, esse resíduo pode ter uma destinação 36 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... econômica gerando empregos e preservando o ambiente. Pode ser utilizado como substrato para produção de mudas frutíferas, cultivo de hortaliças sem solo, compostagem e retorno ao campo, em pó, em substituição ao esterco de curral, como adubo orgânico. Esta última tem uma composição de macronutrientes: N (0,56% a 1,19%), P (0,10% a 0,12%), K (0,17% a 0,28%), Ca (0,03% a 0,06%) e Mg (0,02% a 0,06%), apresentando como limitação à relação C/N (70 a 100), que pode ser compensada pela adição de 2% de uréia. Usinas de beneficiamento estão sendo instaladas nas principais capitais nordestinas; em Fortaleza, foi montada desde 2005, uma com capacidade para 30 t/dia e em Natal, recentemente uma com 1/3 dessa capacidade, competindo no mercado de adubos orgânicos. 37 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... 15. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CARRIJO, O. A.;MAKISHIMA,N; OLIVEIRA, V.R. Uso da fibra da casca de coco verde para o preparo de substrato agrícola. Embrapa hortaliças. Brasilia. 4p. 2003. (Embrapa hortaliças, Comunicado Técnico 19). CHAGAS, M.C.M.; BARRETO, M.F.P.; SILVA SOBRINHO, J.F.; ESPÍNOLA SOBRINHO, E. Utilização de produtos alternativos no controle de pragas associadas à queda de frutos do coqueiro. Natal-RN: EMPARN, 2005. (Folder) CINTRA, F.L.D.; SILVA LEAL, M.L.; PASSOS, E.E.M. Distribuition du sistème racinaire des cocotiers nains. Oléagineux, 47 (5): 225-233, 1992. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro de Pesquisa Agropecuária dos Tabuleiros Costeiros. Aracaju, SE. Recomendações técnicas para o cultivo do coqueiro. Aracaju: 1993. 43p. (EMBRAPA. CPATC.Circular Técnica, 01). EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. 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FERREIRA, J.M.S.; WARWICK, D.R.M. & SIQUEIRA, L.A. (eds.). A Cultura do Coqueiro no Brasil. Aracaju: EMBRAPA-SPI, 1994. 309p. FREMOND, Y.; ZILLER, R. & NUCÉ de LAMOTHE, M. de. El Cocotero. Barcelona: Editorial Blume, 1969. 236p. FONTES, H.R.; WABDERLEY, M. Situação atual e Perspectivas para a cultura do coqueiro no Brasil. Embrapa – Tabuleiros costeiros, Aracaju. 17p. 2006. (Embrapa – tabuleiros costeiros, Documentos, 94). INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Coco: da cultura ao processamento e comercialização. Campinas: 1980. 285p. (ITAL.Série Frutas Tropicais, 5). MALAVOLTA, E.; MURAOKA, T.; BOARETTO, A.E. O solo como um meio para o crescimento das plantas. CENA/USP, Piracicaba, 1993. 47p. MEDEIROS, A.A.; QUEIROZ, L.A.C. & HOLANDA, J.S. de. Nutrição mineral e adubação do coqueiro. Natal, RN. EMPARN, 1990. 20p. (EMPARN. Circular Técnica, 6). OCHS, R.; BONNEAU, X. & QUSAIRI, L. Nutrition minerále en cuivre des cocotiers hybrides sur tourbe. Oléagineux, 48(2): 65-76. 1993. PARENTE, E. 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COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... WARWICK, D.R.M. Principais doenças do coqueiro (Cocos nucifera L.) no Brasil. 2.ed. ver. ampl. Aracaju: Embrapa – Tabuleiros Costeiros, 1997. 34p. WARWICK, D.R.M.; SANTANA, D.L .de Q. & DONALD, E.R.C. Anel Vermelho do Coqueiro: aspectos gerais e medidas de controle. Aracaju: EMBRAPA-CPATC, 1995.7p. (Comunicado Técnico,5). 40 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... ANEXOS Anexo 1. Coeficientes técnicos para implantação e manutenção de 1 ha de coqueiro anão verde irrigado, no espaçamento de 7,5 x 7,5 x 7,5m, 205 plantas. Plantio Descriminação Unid. Ano 1 unid. 210 m³ 12,3 t 2,0 2,0 Gesso Agrícola kg 300 300 Farinha de osso kg 205 205 410 410 515 515 615 FTE BR8 kg 20 40 40 62 62 82 82 Uréia kg 215 320 430 535 640 746 853 Cloreto de Potássio kg 320 375 430 480 535 640 746 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano7 + 12,3 16,4 16,4 20,5 20,5 24,6 Insumos Mudas Esterco de gado Calcário Óleo de Algodão L 70 70 70 70 70 Detergente neutro L 50 50 50 50 50 Formicida kg 2 2 Energia elétrica kw 500 1500 2000 2000 2000 2000 2000 Análise de solo unid. 1 Aração/gradagem/ Roço h/m 2 3 3 3 3 3 3 Serviços 41 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... Aplicação calcário/ gesso h/m 1 Marcação, piquetamento e abertura de covas h/d 7 Enchimento de covas/adubação de fundação h/d 3 Plantio/Replantio h/d 2 Coroamento h/d 9 9 9 12 12 12 12 Adubação (Fósforo, esterco, FTE BR8) h/d 2 2 2 2 3 3 3 Fertirrigação/ manejo h/d 6 6 6 6 6 6 6 Pulverizações h/d 9 9 9 9 9 Combate a formiga h/d Colheita e limpeza de copa h/d 4 6 8 10 10 Transporte frutos h/d 8 8 8 8 8 1 1 1 42 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... Anexo 2. Coeficientes técnicos para implantação e manutenção de 1 ha de coqueiro híbrido irrigado, no espaçamento de 8,5 x 8,5 x 8,5m, 160 plantas. Plantio Descriminação Unid. Ano 1 unid. 170 m³ 9,6 t 2,0 2,0 Gesso Agrícola kg 300 300 Farinha de osso kg 160 160 320 320 400 400 480 FTE BR8 kg 16 32 32 50 48 64 64 Uréia kg 167 250 335 420 500 585 665 Cloreto de Potássio kg 250 290 335 375 416 500 585 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano7 + 9,6 12,8 12,8 16,0 16,0 19,2 Insumos Mudas Esterco de gado Calcário Óleo de Algodão L 40 40 40 40 Detergente neutro L 26 26 26 26 1500 1500 1500 1500 Formicida kg 2 2 2 Energia elétrica kw 500 1000 1500 Análise de solo unid. 1 Aração/gradagem/ Roço h/m 2 Aplicação calcário/ gesso h/m 1 Serviços 1 2 2 1 2 2 1 2 1 43 2 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... Marcação, piquetamento e abertura de covas h/d 6 Enchimento de covas/adubação de fundação h/d 2 Plantio/Replantio h/d 1 Coroamento h/d 6 Adubação (Fósforo, esterco, FTE BR8) h/d Fertirrigação/ manejo h/d Pulverizações h/d Combate a formiga h/d Colheita e limpeza de copa 6 6 6 6 6 6 2 2 2 3 3 3 6 6 6 6 6 6 8 8 8 8 h/d 12 12 12 12 Transporte frutos h/d 8 8 8 8 Descasque h/d 8 17 26 34 6 1 1 44 1 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... Anexo 3. Coeficientes técnicos para implantação e manutenção de 1 ha de coqueiro híbrido de sequeiro, no espaçamento de 8,5 x 8,5 x 8,5m, 160 plantas. Plantio Descriminação Unid. Ano 1 unid. 170 m³ 4,8 t 2,0 Gesso Agrícola kg 300 Farinha de osso kg FTE BR8 kg Uréia Cloreto de Potássio Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano7 + 4,8 6,4 6,4 8,0 8,0 9,6 80 80 160 160 200 200 240 8 16 24 24 24 32 32 kg 72 144 168 192 240 288 kg 96 144 168 192 240 288 Insumos Mudas Esterco de gado Calcário Óleo de Algodão L 40 40 40 40 40 Detergente neutro L 26 26 26 26 26 2 2 2 2 Formicida kg 2 Serviços unid. 1 Análise de solo h/m 2 Aração/gradagem/ Roço h/m 1 Aplicação calcário/ gesso h/d 6 2 2 2 2 Energia elétrica 45 . . . . . . . Sistemas . . . . de. .Produção... . . . . .Cultivo . . . .dO. COQUEIRO . . . . . .NO. Rio . . Grande . . . . do . . Norte ... Marcação, piquetamento e abertura de covas h/d 6 Enchimento de covas/adubação de fundação h/d 2 Plantio/Replantio h/d 1 Coroamento h/d 2 2 2 2 2 2 2 Adubação (Fósforo, esterco, FTE BR8) h/d 2 2 2 2 3 3 3 Fertirrigação/ manejo h/d 4 4 4 4 Pulverizações h/d Combate a formiga h/d 10 10 10 10 Colheita e limpeza de copa h/d 8 8 8 8 Transporte frutos h/d 4 4 4 4 Descasque h/d 8 17 26 34 1 1 46 .Sistemas . . . .de. Produção... . . . . . Cultivo . . . . dO . .COQUEIRO . . . . . no . .Rio . .Grande . . . .do. .Norte ......... Anexo 4. Coeficientes técnicos para manutenção de 1 ha de Coqueiro Gigante adulto. Descriminação Unidade Ano Inicial Anos m³ 5 5 t 2 Gesso Agrícola kg 300 Farinha de osso kg 125 125 FTE BR8 kg 15 15 Uréia kg 150 150 Cloreto de Potássio kg 120 120 Análise de solo unid. 1 Aração/gradagem/ Roço h/m 2 Aplicação calcário/ gesso h/m 1 Coroamento h/d 2 2 Adubação h/d 5 5 Colheita e limpeza de copa h/d 10 10 Transporte frutos h/d 8 8 Descasque h/d 4 4 Seguintes Insumos Esterco de gado Calcário Serviços 47 2