RESINOSE DO COQUEIRO José Inácio L. Moura, Stela Dalva Vieira, José Luiz Bezerra Resinose é uma doença do coqueiro causada pelo fungo Thielaviopsis paradoxa, anamorfo do ascomiceto Ceratocystis paradoxa. A ocorrência deste fungo e a manifestação como doença foi registrada em 2004 no Brasil e desde então, tem se disseminado gradualmente aumentando o número de coqueiros infectados e de focos nas propriedades a cada ano. Segundo Embrapa Tabuleiros Costeiros (CPATC) o fungo envolvido com a resinose pode sobreviver por longos períodos no solo, sendo que sua ação se reflete no bloqueio dos vasos responsáveis pela condução da seiva. Sobrevive nos restos de cultura em decomposição e pode causar infecção através de ferimentos e das fissuras naturais de crescimento do tronco. Dissemina-se através de insetos, do solo contaminado, e das ferramentas usadas na colheita ou na erradicação das plantas doentes e mortas. “Esta doença ocorre também em bananeira, cana-de-açúcar e abacaxi. As palmeiras, de um modo geral, são suscetíveis à resinose e sujeitas a grande devastação”. De acordo com pesquisadores do CPATC a ocorrência da resinose em palmeiras tem sido atribuída à presença de fatores estressantes tais como: chuvas severas seguidas de períodos prolongados de estresse hídrico, excesso de salinidade, desequilíbrio nutricional, como também incidência de doenças ou pragas que fragilizam as plantas e agravam a ação do fungo. Segundo ainda pesquisadores do CPATC os principais sintomas da doença são: 1) o aparecimento de um líquido marrom-avermelhado que escorre através de rachaduras no tronco (ponto de infecção do patógeno), que ao secar pode passar de uma coloração avermelhada para enegrecida; 2) redução na freqüência de emissão de folhas e no tamanho das mais novas; 3) afinamento do tronco na região próximo à copa, sintoma observado com a evolução da doença; 4) folhas amarelo-pardacentas frágeis e sujeitas à quebra; e, 5) cachos e inflorescências enegrecidos e frutos amarronzados no estágio final da doença. 1. pesquisadores Ceplac/Cepec Situação no sul da Bahia A doença resinose está presente nos coqueirais do sul da Bahia há mais de dez anos. Tem-se observado que coqueiros anões mostram-se mais suscetíveis à enfermidade do que híbridos e gigantes. A resinose já foi observada em coqueirais desde Caraíva até Una, principalmente em plantios situados nos Tabuleiros Costeiros onde há predominância de solos de baixa fertilidade. Todavia, em virtude do fungo estar quase sempre associado ao ataque de Rhinostomus barbirostris (Coleoptera, Curculionidae), julgava-se que o estado debilitado da planta era exclusivo do ataque deste inseto. Ao contrário do estado de Sergipe, onde a disseminação da doença aparenta ocorrer através do Rhynchophorus palmarum, no sul da Bahia constata-se com maior freqüência o curculionídeo R. barbirostris associado a casos de resinose. A freqüência de resinose versus ataque de R. barbirostris é grande no sul da Bahia . A explicação mais admissível para este fato, talvez seja devido à atratividade destes insetos pelos cairomônios (p.ex. álcoois) que a planta libera quando debilitada pelo patógeno. Como são vetores também do anel-vermelho (doença causada pelo nematóide Bursaphelenchus cocophilus) podem disseminar esta enfermidade aos coqueirais agravando ainda mais o problema. Para facilitar a compreensão do leitor, a Ceplac/Cepec estabeleceu quatro níveis de danos da doença: Nível 1. Coqueiro com a doença resinose muito avançada. Neste estágio apresentam as raques foliares amarronzadas, pouquíssimos frutos, às folhas centrais (flecha) mostram-se curtas dando a impressão de achatamento da copa (Figura 1) e com afinamento do tronco na parte superior. Em alguns casos, as raízes sobem e rompem à casca do estipe na região basal (Figura 2). Apesar do coqueiro não morrer neste estágio, fica improdutivo mesmo que receba os tratos culturais necessários; Nível 2. Coqueiro com o sintoma da resinose na região basal do tronco ( Figura 3 ), mas com bom aspecto vegetativo, ou seja, boa produtividade de frutos e boa distribuição de folhas; Nível 3. Coqueiro idêntico ao nível 2, porém apresentando os primeiros sinais de postura (ovos ) de R. barbirostris (Figura 4 ); Nível 4. Coqueiro com as folhas mais velhas (inferiores) penduradas ( Figura 5 ) e o tronco apresentando um grande número de ovos eclodidos (apresentam serragens ao longo do tronco) e pedaços de resina devido à reação da planta a penetração da larva no interior do tronco (Figura 6). Coqueiros quando apresentam este nível de dano já estão com os vasos condutores de seiva destruídos pelas larvas e, em alguns casos podem também estarem contaminados pela doença anel-vermelho (Figura 7). Medidas de Controle Não existem ainda estudos conduzidos pela Ceplac visando controlar a doença. Todavia, a Embrapa/CPATC está desenvolvendo pesquisas na busca de uma solução para este problema. As medidas de controle aqui preconizadas têm apresentado bons resultados quando o coqueiro apresenta o nível de dano 2 e/ou 3. Porém, são empíricas, ou seja, carecem de experimentação científica. Controle preventivo de R. barbirostris. i) Monitorar os plantios. Para as condições do sul da Bahia a doença e o ataque do inseto ocorrem em reboleiras. Observar detalhadamente ao longo do tronco do coqueiro a presença de ovos de R. barbirostris não eclodidos (sem serragem). Uma vez detectados, retirá-los com auxílio de uma faca. Controle cultural ii) Coqueiros com nível de dano 1 e 4 devem ser imediatamente retirados do plantio e queimados. Agindo assim evita que os insetos emergidos ataquem outras plantas. Mesmo que não estejam com sinais de ataque do inseto, devem ser retirados, pois por serem hospedeiros do fungo a doença pode disseminarse através de ferramentas. Controle químico iii) Coqueiros que apresentarem nível de dano 2 e 3, recomenda-se pulverização com inseticidas nas axilas do coqueiro com intuito de atingir adultos de R. barbirostris (Figura 8 ), que aí permanecem durante o dia agregados. O inseticida não deve ser sistêmico e ter a propriedade de atuar por contato e gaseificação. Salienta-se, entretanto, que o uso de inseticidas visa apenas o controle de R. barbirostris, ou seja, não tem ação sobre o fungo. Figura 2: Coqueiro com rompendo a casca do estipe as raízes 1: Coqueiro com a doença resinose muito avançada Figura 3: Sintomas externo da doença resinose na parte basal do tronco do coqueiro ( estipe ) Figura 4: Ovos de R. barbirostris Figura 5. Coqueiros com as folhas penduradas em virtude das injurias causadas pelas larvas de R. barbirostris. Figura 6. Coqueiro com serragens sendo expelidas para o exterior devido ao ataque das larvas de R. barbirostris e pedaços de resina devido à reação da planta a penetração da larva no interior do tronco. anel-vermelho Figura 7.. Danos (canais ) causados pelas larvas de R. barbirostris na parte interna do tronco e anel-vermelho transmitido por este inseto. Figura 8. Adulto ( macho ) de Rhinostomus barbirostris Bibliografia Consultada Ferreira, J.M.S.; Lima,M.D.; Santana, D.L.Q.; Moura, J.I.L; Souza, L.A. Pragas do coqueiro. In: Ferreira, J.M.S.; Warwick, D.R.N; Siqueira, L.A. ( Eds.). A cultura do coqueiro no Brasil. 2 ed. , Brasília; Embrapa-SPI: Aracaju: EmbrapaCPATC. P. 189-267, 1998. SILVA, S.D.V.M, MOURA, J.I.L.& CERQUEIRA, A.R.R.N. Resinose do coqueiro na Bahia. Fitopatologia Brasileira S114. 2007. (Resumo 0021).