i UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS Renata Lisboa Barbosa EFEITO VASORELAXANTE DO P-CIMENO EM ARTÉRIA MESENTÉRICA ISOLADA DE RATO. SÃO CRISTOVÃO / SE 2013 ii Renata Lisboa Barbosa EFEITO VASORELAXANTE DO P-CIMENO EM ARTÉRIA MESENTÉRICA ISOLADA DE RATO. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal de Sergipe como requisito para obtenção do grau de Mestre em Ciências Fisiológicas Orientador: Prof. Dr. Márcio Roberto Viana Santos _______________________________________________________ 1º Examinador: Prof. Dr. Márcio Roberto Viana Santos (UFS) _______________________________________________________ 2º Examinador: Prof.ª Dr.ª Sandra Lauton Santos (UFS) ________________________________________________________ 3º Examinador: Prof. Dr. Flávia Viana Moreira (UFS) iii FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE B238e Barbosa, Renata Lisboa Efeito vasorelaxante do p-cimento em artéria mesentérica isolada de rato / Renata Lisboa Barbosa ; orientador Márcio Roberto Viana Santos. – São Cristovão, 2015. 61 f. : il. Dissertação (mestrado em Ciências Universidade Federal de Sergipe, 2015. Fisiológicas) – 1. Sistema cardiovascular. 2. Artéria mesentérica. 3. Vasodilatadores. I. Santos, Marcio Roberto Viana, orient. II. Título. CDU 612.1:615.225 iv RESUMO Barbosa, R. L. Efeito vasorelaxante do p-cimeno em artéria mesentérica isolada de rato, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Sergipe, 61p, São Cristovão, 2013. O p-cimeno é um monoterpeno aromático biossintético que apresenta inúmeras propriedades biológicas, incluindo ações sobre o sistema cardiovascular. Em estudo in vivo, o p-cimeno demonstrou atividade hipotensora, através de um efeito central. Diante disso, buscou-se investigar o efeito do p-cimeno sobre a resistência vascular periférica em artéria mesentérica superior de ratos. Para tanto, ratos Wistar foram eutanasiados por dessangramento sob anestesia e a artéria mesentérica superior foi removida, seccionada e mantidas em cubas contendo solução nutritiva de Tyrode. Para o registro das contrações isométricas, cada anel foi suspenso por linha de algodão fixada a um transdutor de força conectado a um sistema de aquisição de dados. Em anéis de artéria mesentérica com endotélio funcional pré-contraídos com fenilefrina (FEN) (controle), o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) induziu relaxamento (Emáx = 77,1 ± 3,53%; n = 5) de maneira dependente de concentração.Este efeito não foi atenuado após a remoção do endotélio (Emáx =72 ± 4,03%, n = 7) ou pré-contraído com KCl 80 mM (Emáx = 79,37 ± 5,25%; n = 6), sugerindo um possível efeito independente do endotélio e envolvendo canais para Ca2+. Em preparações sem endotélio funcional pré-contraídos com FEN e incubadas com tetraetilamônio (TEA), um bloqueador não seletivo dos canais para K+, o p-cimeno induziu relaxamento (Emáx= 50,56 ± 4,09%; n= 8), que não foi significativamente diferente daquele obtido em anéis sem endotélio funcional pré-contraídos com FEN sem o bloqueador. Portanto, possivelmente, não há participação dos canais para K+ neste efeito. Além disso, a incubação com o p-cimeno (3x10-3, 10-2 e 3x10-2M) foi capaz de antagonizar as contrações induzidas por CaCl2 (10-7 - 3x10-2M) e Ortovanadato de Sódio (Na3VO4) (10-5 - 3x10-2M), um inibidor não-seletivo de proteínas tirosina-fosfatase. Diante desses resultados, pode-se concluir que o p-cimeno produz efeito vasorelaxante independente do endotélio. As evidências farmacológicas sugerem que o mecanismo de ação vasorelaxante do p-cimeno envolve canais para Ca2+ sensíveis à voltagem e dessensibilização de elementos contráteis ao Ca2+. Descritores: p-Cimeno, vasorelaxamento, artéria mesentérica superior. v ABSTRACT Barbosa, R. L. Vasorelaxant activity of p-cymene in superior mesenteric artery of rats, Master’s dissertation, Federal University of Sergipe , 61p, São Cristovão, 2013. The p- cymene is a monoterpene aromatic biosynthetic which has many biological properties , including cardiovascular. Em system actions on the in vivo study, p- cymene showed hypotensive activity through a central effect. Therefore, we sought to investigate the effect of p-cymene on the peripheral vascular resistance in the superior mesenteric artery of rats Rats were sacrificed by exsanguination under anesthesia and the superior mesenteric artery was removed, sectioned and kept in vats containing nutrient solution Tyrode. For recording of isometric contractions, each ring was suspended by cotton thread attached to a force transducer connected to a data acquisition system. In mesenteric artery rings with functional endothelium precontracted with phenylephrine (FE) (control), p- cymene (10-8 - 3x10 -2M) induced relaxation (Emáx = 77.1 ± 3.53% , n = 5) in a concentration-dependent manner not was attenuated after removal of endothelium (Emáx = 72 ± 4.03 %, n = 7) or pre-contracted with 80 mM KCl (Emáx = 79.37 ± 5.25 % n = 6) , suggesting a possible effect independent of the endothelium and surrounding channels for Ca2 +. In preparations without functional endothelium and pre-contracted with FEN and incubated with tetraethylammonium (TEA), tetraethylammonium (TEA), a blocker of non-selective for K+ channels, p- cymene induced relaxation (Emáx = 50.56 ± 4.09 %, n = 8) which was not significantly different from that obtained without functional endothelium in rings pre-contracted with FEN without blocking . Thus, possibly there is no involvement of K + channels for this purpose. Furthermore, incubation with p- cymene (3x10-3, 10-2 and 3x10-2M) was able to antagonize the contractions induced by CaCl2 (3x10-7 - 3x10-2M), and sodium orthovanadate (Na3VO4) (10-5 - 3x10-2M) a non-selective inhibitor of protein tyrosine fosfatase.These results it can be concluded that pcymene produces vasorelaxant effect independent of the endothelium. The pharmacological evidence suggest that the mechanism of action of p- cymene vasorelaxant involves channels for Ca2+ and voltage sensitive desensitization of the Ca2+ contractile elements. Keywords: p-Cymene, vasorelaxation, superior mesenteric artery vi LISTA DE TABELAS Tabela 1: Composição da solução de Tyrode para anéis de artéria mesentérica superior.......22 Tabela 2: Composição da solução despolarizante de Tyrode com cloreto de potássio a 80 mM (KCl 80)....................................................................................................................................22 Tabela 3: Composição da solução despolarizante de Tyrode com cloreto de potássio a 60 mM (KCl 60)....................................................................................................................................22 Tabela 4: Composição da solução de Tyrode nominalmente sem Ca2+...................................23 vii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Representação esquemática do relaxamento via NO-GMPc...................................9 Figura 2: Hipótese sobre a natureza do H2O2/EDHF.............................................................10 Figura 3: Representação esquemática da contração do músculo liso......................................12 Figura 4: Estrutura química do p-cimeno................................................................................18 Figura 5: Artéria mesentérica superior de rato........................................................................24 Figura 6: Anel arterial disposto entre duas hastes suspenso por linha de algodão e mantido em cuba para órgão isolado contendo solução nutritiva de Tyrode..........................................24 Figura 7: Sistema de aquisição de dados de reatividade vascular...........................................25 Figura 8: Curva concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato com endotélio funcional (n= 5), pré-contraídos com 10 µM deFEN ...............................................................................................................................29 Figura 9: Curva concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato com (Controle) e sem endotélio funcional, pré-contraídos com 10 µM de FEN...................................................................................................................31 Figura 10: Curvas concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 – 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato, sem endotélio funcional, pré-contraídos com FEN (sem endotélio) ou com KCl 80 mM........................................................................................32 Figura 11: Curva concentração-resposta para CaCl2 (10-7 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior de ratos, sem endotélio, antes (controle) e após pré-incubação com pcimeno (3x10-3, 10-2 e 3x10-2M)...............................................................................................33 Figura 12: Curvas concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato, sem endotélio funcional (n= 8), pré-contraídos com FEN (10 µM) antes e após a incubação com 1mM de TEA............................................35 Figura 13: Curva concentração-resposta para Na3VO4 (10-5 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior de ratos, sem endotélio, antes (controle) e após pré-incubação com pcimeno (3x10-3, 10-2 e 3x10-2M)...............................................................................................37 viii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS [Ca 2+]i – Concentração intracelular de cálcio [Ca2+] – Concentração de cálcio Ach – Cloridrato de acetilcolina C6H12O6 – Glicose Ca2+/CaM – Complexo Ca2+/Calmodulina Ca2+-ATPase – Bomba de cálcio CaCl2.2H2O – Cloreto de cálcio dihidratado CaM – Complexo de cálcio e calmodulina CaV(s) – Canais para cálcio sensíveis a voltagem CICR – Liberação de cálcio induzida por cálcio DAG – Diacilglicerol DC– Débito cardíaco DCV – Doenças cardiovasculares E.P.M – Erro padrão da Média ECA – Enzima conversora da angiotensina EDHF – Fator hiperporlarizante derivado do endotélio eNOS – Óxido nítrico sintase endotelial FEN – Cloridrato de L (-) fenilefrina GCs – Guanilato ciclase solúvel GDP – Guanosina 5'-difosfato trifosfato GMPc – Monofosfato de guanosina cíclico GTP – Guanosina 5'-Trifosfato trifosfato H2O2 – Peróxido de hidrogênio HA – Hipertensão arterial HAR – Hipertensão arterial resistente IP3 – Trifosfato de inositol KCa – Canais para cálcio sensíveis a cálcio KCl - Cloreto de potássio KCl 60 - Solução despolarizante de Tyrode com Cloreto de potássio a 60 mM KCl 80 – Solução despolarizante de Tyrode com Cloreto de potássio a 80 mM L-arg – L-arginina MCLP – Fosfatase de cadeia leve de miosina ix MgCl2.6H2O – Cloreto de magnésio hexa- hidratado MLCK – Quinase de cadeia leve de miosina MLV – Músculo liso vascular Na+/ Ca2+ – Trocador de sódio e cálcio Na3VO4 – Ortovanadato de sódio NaCl – Cloreto de sódio NaH2PO4 – Fosfato de sódio mono-hidratado NaHCO3 – Bicarbonato de sódio NO – Óxido Nítrico p44/p42MAPK – Proteína quinase ativada por mitógeno PA – Pressão arterial PAM – Pressão arterial média PGI2 – Prostaciclina pH – Concentração hidrogeniônica PIP2 - Fosfatodilinositol 4,5-bifosfato PKC – Proteína quinase C PLC – Fosfolipase C ROC – Canais de cálcio operados por receptor RPV– Resistência vascular periférica RS – Retículo Sarcoplasmático RyR – Receptor de rianodina SNC – Sistema nervoso central TEA – Tetraetilamônio x SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .. ....................................................................................................................1 2. REVISÃO DE LITERATURA . .............................................................................................4 2.1 Hipertensão arterial e Hipertensão arterial resistente.......................................................4 2.2 Regulação da Pressão arterial...........................................................................................6 2.3 Músculo liso vascular.....................................................................................................11 2.4 Plantas medicinais..........................................................................................................15 2.5 Óleos essenciais..............................................................................................................16 2.6 P- cimeno........................................................................................................................18 3. OBJETIVOS .........................................................................................................................20 3.1 Objetivo Geral:...............................................................................................................20 3.2 Objetivos Específicos:....................................................................................................20 4.METODOLOGIA . .................................................................................................................21 4.1 Animais..........................................................................................................................21 4.2 Drogas............................................................................................................................21 4.3 Soluções Nutritivas........................................................................................................21 4.4 Estudo farmacológico....................................................................................................23 4.4.1 Avaliação dos efeitos do p-cimeno sobre a reatividade vascular in Vitro..................23 4.4.1.1 Preparação da artéria mesentérica superior isolada de rato................................23 4.4.1.2 Caracterização do efeito do p-cimeno sobre a reatividade vascular em artéria mesentérica superior isolada de rato ............................................................................... 25 4.4.1.3 Avaliação do papel do endotélio vascular nas respostas induzidas pelo p-cimeno ........................................................................................................................................ 25 4.4.1.4 Avaliação da participação dos canais de Ca2+ nas respostas induzidas pelo pcimeno ............................................................................................................................ 25 4.4.1.5 Avaliação do efeito do p-cimeno sobre sensibilização dos elementos contráteis ao Ca2+ ............................................................................................................................ 26 4.4.1.6 Avaliação da participação dos canais para K+ nas respostas induzidas pelo pcimeno ............................................................................................................................ 26 xi 4.5 Sacrifício e descarte dos animais....................................................................................27 4.6 Análise estatística...........................................................................................................27 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 28 6. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 38 7.REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 39 1 1. INTRODUÇÃO A hipertensão arterial (HA) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA), onde podem ocorrer alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares. Associa-se a vários fatores de risco como obesidade, consumo elevado de álcool, inatividade física, idade, gênero, etnia, fatores socioeconômicos e ingestão de sal (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). A HA tem alta prevalência no Brasil e apresenta custos médicos e socioeconômicos muito elevados, devido às complicações dela decorrentes, como infarto do miocárdio, derrame, insuficiência cardíaca, falência dos rins, edema agudo dos pulmões, crescimento do coração (miocardiopatia dilatada hipertensiva), angina e aneurismas. A redução da PA diminui os riscos do aparecimento dessas complicações, porém o seu controle só é conseguido em uma minoria dos pacientes hipertensos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007; 2010). No Brasil, estima-se que apenas 10% da população hipertensa estejam com PA controlada e muitas vezes isto ocorre devido à falta de sucesso do tratamento medicamentoso, que pode está relacionado a diversos fatores, dentre eles, a não adesão à terapêutica apresenta-se como um dos maiores desafios, tanto para o diagnóstico da HA quanto para o seu controle. Este abandono do tratamento pelos pacientes ocorre, na maioria das vezes, devido aos inúmeros efeitos colaterais que as drogas antihipertensivas causam nos pacientes (LESSA, 2006). Estudos mostram que hipertensos que interromperam o tratamento tiveram risco de infarto três vezes maior do que os que tiveram uma adesão (THRIFT et al., 1998). No Brasil, o impacto da não-adesão ao tratamento anti-hipertensivo pode ser avaliado pela importância dos acidentes vasculares encefálicos como causa de morte. Portanto, o adequado controle da hipertensão poderia reduzir esta mortalidade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA 2010). Diversos medicamentos são amplamente utilizados no tratamento da hipertensão, os quais incluem vários grupos de drogas tais como: diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), bloqueadores dos canais para Ca2+, além dos antagonistas dos receptores da angiotensina II. Entre as novas classes de medicamentos, podemos citar os inibidores 2 diretos da renina, antagonistas do receptor da endotelina e bloqueadores β-1 seletivos (BORTOLOTTO e MALACHIAS, 2009). Entretanto, algumas destas substâncias têm significativos efeitos colaterais, incluindo tontura, hipotensão postural, boca seca, impotência sexual, broncoespasmo, bradicardia excessiva, astenia, insônia e depressão (ANDRADE et al., 2002). Como exemplo podemos citar o propranolol (bloqueador não seletivo dos receptores β adrenérgicos), que provoca depressão do sistema nervoso central e alucinações, a clonidina (agonista alfa-adrenérgico) que diminui a atividade motora do comportamento condicionado de fuga, possui propriedades antipsicóticas, além de sedação acentuada, a nifedipina e diltiazem (antagonistas dos canais para Ca2+) provocam tontura e sedação (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010). Estes efeitos colaterais associados com os altos custos dos medicamentos são as principais causas da elevada taxa de abandono do tratamento. A literatura mostra que 16% a 50% dos novos hipertensos descontinuam a medicação anti-hipertensiva durante o primeiro ano de uso. Portanto, a não adesão da pessoa hipertensa ao tratamento é alta, e tem sido indicada como uma das principais causas responsáveis pela falta de controle da pressão arterial (PA) (ANDRADE et al., 2002; LIMA et al., 2010). Além disso, existem pacientes que a PA não é controlada mesmo aderindo ao tratamento medicamentoso corretamente. Esses pacientes possuem resistência ao tratamento anti-hipertensivo e são diagnosticados com hipertensão arterial resistente (HAR) (BLOCH et al., 2008; CASTRO e FUNCHS, 2008). A HAR ocorre quando a PA continua em níveis elevados em pacientes em uso correto de três ou mais anti-hipertensivos em doses otimizadas, incluindo um diurético. A permanência prolongada desses altos níveis de PA aumenta lesões à órgãos alvo e o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares (ACELAJADO e CALHOUN, 2009; CALHOUN et al., 2008; Estudos mostram que pacientes que apresentam HAR possuem uma maior disfunção endotelial, maior atividade simpática e maior rigidez arterial (CALHOUN et al., 2008). Sendo assim, ainda é de grande importância descobrir medicamentos que atuem mais precisamente nesses distúrbios e que consequentemente tenham melhor efeito anti-hipertensivo nesses pacientes (BORTOLOTTO e MALACHIAS, 2009). Assim, a busca por novas alternativas de drogas é bastante relevante e a avaliação farmacológica das plantas e seus constituintes químicos pode contribuir para o enriquecimento do arsenal de medicamentos utilizados no tratamento da HA e da HAR 3 e no desenvolvimento de uma base científica para a sua aplicação terapêutica e como consequência, redução dos efeitos colaterais (MENEZES, 2010). O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal do mundo, contando com mais de 55.000 espécies catalogadas de um total estimado entre 350.000 e 550.000. Em contrapartida, apenas 8% das espécies vegetais da flora brasileira foram estudadas em busca de compostos bioativos e 1.100 espécies vegetais foram avaliadas em suas propriedades medicinais (FIRMO et al., 2011). Dentre as espécies vegetais encontradas na ampla flora brasileira estão às espécies aromáticas, as quais são extraídos os óleos essenciais que são compostos com inúmeras propriedades biológicas (DE SOUSA et al, 2006). Um exemplo de substâncias presentes nesses óleos essenciais de plantas aromáticas são os monoterpenos e vários estudos têm relatado efeitos dessas substâncias sobre o sistema cardiovascular de ratos (BASTOS et al, 2010; CUNHA et al, 2004; DE SIQUEIRA et al, 2006; MENEZES et al., 2010; MOREIRA et al., 2013; SANTOS et al., 2007; SANTOS et al., 2010). Dentre os compostos monoterpênicos que tem apresentado ação sobre o sistema cardiovascular, podemos citar o p-cimeno, que apresentou atividade hipotensora, através de um efeito central (El TAHIR et al., 2003; MENEZES et al., 2010). Este monoterpeno é um hidrocarboneto aromático encontrado em diversas espécies aromáticas, muito promissor quanto as suas propriedades farmacológicas (BAGAMBOULA et al., 2004; BONJARDIM et al., 2012; KODALI et al., 2008; SANTANA, et al; 2011; XIE et al., 2012). Portanto, diante da existência de estudos anteriores comprovando a atividade hipotensora do p-cimeno através de um efeito central, buscou-se investigar o efeito do p-cimeno sobre a resistência vascular periférica. Será apresentado no presente trabalho, através de uma abordagem in vitro, utilizando modelo de artéria mesentérica isolada de rato, os resultados demonstrando o potencial efeito anti-hipertensivo do p-cimeno através do estudo do seu efeito vascular, bem como serão apresentadas as evidências farmacológicas do mecanismo de ação associado ao efeito observado, como o envolvimento dos canais para Ca2+ e da dessensibilização dos elementos contráteis ao Ca2+ neste efeito. 4 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Hipertensão arterial e Hipertensão arterial resistente A HA é uma doença caracterizada pela alta pressão que o sangue exerce nas artérias. Está associada com anomalias estruturais e/ou funcionais do sistema cardiovascular. Estas anomalias incluem aumento na relação parede versus luz das artérias e consequentemente aumento na resistência periférica, aumentando o risco do desenvolvimento de DVC (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). A HA é a doença crônica mais comum afetando 25% da população adulta. Estudos mostram que há uma relação linear entre nível de PA e de riscos de eventos cardiovasculares. A pressão arterial não controlada é consequentemente, a causa mais comum de mortes no mundo, sendo responsável ainda por 62% das doenças cerebrovasculares e 49% das doenças isquêmicas do coração, contando com uma estimativa de 7,1 milhões mortes por ano (SARAFIDIS e BAKRIS, 2008). A HA tem alta prevalência e baixa taxa de controle, é considerada um dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde pública. A mortalidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta progressivamente com a elevação da PA, sendo a maioria em países de baixo e médio desenvolvimento econômico e afeta com maior frequência indivíduos entre 45 e 69 anos (SOCIEDADE BRASILEIRAS DE CARDIOLOGIA, 2010). As DCV são ainda responsáveis por alta frequência de internações, ocasionando custos médicos e socioeconômicos elevados. No Brasil, em 2010, o número de óbitos por doenças do aparelho circulatório totalizou em torno de 326.370 e foram registradas mais de 131.809 internações no SUS por doenças hipertensivas desencadeando elevados custos com a saúde pública (DATASUS, 2010; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). Estudos demonstram que há um aumento nos riscos de desenvolvimento de DCV devido à impossibilidade de atingir os níveis ideais de PA em alguns pacientes, apesar dos inúmeros tratamentos para o seu controle. Estes estudos indicam que 20% a 35% dos participantes não tem PA controlada, apesar de fazerem tratamento com três medicamentos anti-hipertensivos, indicando a presença de HAR (SARAFIDIS e BAKRIS, 2008). HAR é diagnosticada quando a PA permanece com níveis elevados, apesar da utilização simultânea de três medicamentos anti-hipertensivos de diferentes classes. 5 Preferencialmente, um desses três medicamentos deve ser um diurético e todos os medicamentos devem ser prescritos em quantidades ideais de dose. Conforme definido, a HAR inclui os pacientes cuja PA só é controlada com o uso de mais de três medicamentos, ou seja, quando o paciente utiliza quatro ou mais medicamentos é considerado resistente ao tratamento (CALHOUN et al., 2008; SARAFIDIS e BAKRIS, 2008). A prevalência de HAR na população em geral é desconhecida devido a um pequeno número de estudos publicados, bem como, a inviabilidade de fazer um grande estudo prospectivo que responderia a questão (KAPLAN et al., 2005). Com base em dados do National Health and Nutrition Examination Survey, 2003 a 2004, 58% das pessoas que recebem tratamento para a hipertensão não atingem níveis satisfatórios de PA (CHOBANIAN et al., 2003). Na Europa, o número de pacientes com hipertensão controlada está entre 19% e 40% em cinco países. Tais dados sugerem que a HAR é mais comum do que demonstrado, no entanto, estimativas precisas não são possíveis, pois o controle do tratamento é afetado por muitos fatores, como não adesão do paciente ao tratamento (CALHOUN et al., 2008; SARAFIDIS e BAKRIS, 2008). Sabe-se que a prevalência de HAR vem aumentando pela epidemia de obesidade, pela maior longevidade e pela maior ocorrência de doenças renais na população nos últimos anos (SARAFIDIS e BAKRIS, 2008). Várias hipóteses têm sido propostas na literatura para a existência do verdadeiroresistente. Os primeiros estudos demonstravam maior retenção de sódio nesses pacientes. Foi demonstrado, ainda, exacerbado tônus das células musculares lisas da vasculatura, explicado pelo maior tônus vasomotor do sistema nervoso simpático, maior quantidade de vasopressores circulantes, maior sensibilidade às substâncias vasopressoras e diferenças no tônus miogênico delas (CALHOUN et al., 2008). Portanto, o sucesso do tratamento requer a identificação e reversão desses fatores que contribuem para a resistência ao tratamento, além de diagnóstico e tratamento apropriado de causas secundárias de hipertensão, e, ainda avaliação e modificação de estilo de vida (BORTOLOTTO e MALACHIAS, 2009). É importante destacar que não existem na literatura estudos prospectivos sobre avaliação de pacientes com pobre resposta à terapêutica anti-hipertensiva. Desse modo, reforça a necessidade de estudos nessa área, bem como, estudos para descoberta de novos medicamentos, tendo em vista a prevalência crescente da HAR na prática clínica diária (KAPLAN et al., 2005) 6 2.2 Regulação da Pressão arterial A regulação da pressão arterial (PA) é uma das funções fisiológicas mais complexas do organismo, pois depende de ações integradas do sistema cardiovascular, renal, neural e endócrino. A manutenção dos níveis pressóricos dentro de uma faixa de normalidade depende de variações do débito cardíaco ou da resistência periférica ou de ambos. Diferentes mecanismos de controle estão envolvidos não só na manutenção como na variação momento a momento da pressão arterial, regulando o calibre e a reatividade vascular, a distribuição de fluido dentro e fora dos vasos e o débito cardíaco (PAIVA e FARIAS, 2005; ZAGO e ZANESCO et al., 2006). O estudo dos mecanismos de controle da pressão arterial tem indicado grande número de substâncias e sistemas fisiológicos que interagem de maneira complexa e com redundância para garantir a PA em níveis adequados nas mais diversas situações. Admite-se, portanto, que alterações da PA, como as encontradas na hipertensão ou em outras patologias, resultariam da disfunção dos sistemas de controle de pressão arterial (IRIGOYEN et al., 2001, 2005). O equilíbrio da pressão arterial média (PAM) é mantido pela regulação permanente entre o débito cardíaco e a resistência vascular periférica, uma vez que a PA pode ser calculada pelo produto dessas duas variáveis hemodinâmicas (PA = DC x RVP). Desta forma, elevações do DC e/ou da RVP resultam no aumento dos níveis de PA (PAIVA e FARIAS 2005). Esta regulação deve ocorrer em faixas temporais diferentes, ou seja, respostas orgânicas acontecem em diferentes tempos (curto, médio e longo prazos) que se unem para ajustar os níveis pressóricos (GUYTON e HALL, 2011). A regulação da PA em curto prazo envolvem mecanismos neurais que abrangem a ativação de receptores periféricos (barorreceptores, quimiorreceptores e receptores cardiopulmonares), cuja aferências se projetam para o sistema nervoso central via nervos vagos e glossofaríngeos (FERNANDES et al., 2005). Os barorreceptores são mecanoreceptores de estiramento, que estão localizados no seio carotídeo e no arco aórtico. A elevação da pressão estira os barorreceptores, através do estiramento da parede arterial e faz com que sinais sejam transmitidos para o sistema nervoso central (SNC), mais precisamente para o núcleo do trato solitário, no bulbo, onde sinais secundários inibem o centro vasoconstritor e excitam o centro vagal, provocando vasodilatação das veias e arteríolas e diminuição da frequência e da força 7 de contração do coração, provocando redução da PAM por causa da baixa resistência periférica e do menor débito cardíaco (DUSCHEK et al., 2008). Os quimiorreceptores estão intimamente associados aos barorreceptores, mas em vez dos receptores do estiramento que iniciam a resposta, as células respondem a alterações de pressão parcial de oxigênio (pO2), pressão parcial de dióxido de carbono (pCO2) e concentração hidrogeniônica (pH) (IRIGOYEN et al., 2005). Esses receptores encontram-se distribuídos em corpúsculos carotídeos e aórticos, localizados bilateralmente na bifurcação da carótida (quimiorreceptores carotídeos) ou em pequenos corpúsculos espalhados entre o arco aórtico e a artéria pulmonar (quimiorreceptores aórticos) (IRIGOYEN et al., 2001, 2005). Os receptores cardiopulmonares são mecanoreceptores, cujas fibras são amielinizadas e se projetam para o nervo vago. Estão localizados nos átrios, ventrículos, coronárias, pericárdio, parênquima pulmonar e vasos pulmonares. A ativação desses receptores aumenta a atividade parassimpática no coração e causa uma inibição simpática no coração e nos vasos de forma a reduzir os valores de pressão (COGOLLUDO et al., 2005). A regulação em médio prazo envolvem as ações de mediadores químicos, tais como as catecolaminas, endotelinas, prostaglandinas, óxido nítrico e angiotensinas. Porém, tem-se como principal evento a liberação de renina pelas células justaglomerulares dos rins. Esta enzima chega à circulação e catalisa a quebra do angiotensinogênio, que é produzido no fígado, em angiotensina I, que, por sua vez, através da lise de sua molécula pela enzima conversora de angiotensina, forma um potente vasoconstritor denominado de angiotensina II. Este sistema renina-angiotensina é normalmente acionado quando há redução dos níveis pressóricos e reforça as ações do barorreflexo (GUYTON e HALL, 2011). A regulação em longo prazo difere daqueles de ação rápida porque é um mecanismo não adaptativo, e provê um efeito regulatório sustentado. O rim é o centro desse sistema de regulação, controlando a volemia pela absorção de sódio e água, e é influenciado pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona ( FERREIRA NETO, 2013). Os vasos sanguíneos também ajudam a controlar os níveis pressóricos através do mecanismo conhecido como auto regulação que é dividido em: metabólico, endotelial e miogênico (CARVALHO et al., 2001; STANKEVICIUS, 2003). 8 O controle metabólico é governado conforme a demanda e /ou necessidade de um órgão, ou seja, respostas vasodilatadoras ou vasoconstritoras são efetuadas conforme o catabolismo ou anabolismo dos tecidos corporais (GUYTON e HALL, 2011). O endotélio atua na regulação da PA, controlando o tônus da musculatura lisa vascular pela produção de mediadores que podem produzir vasodilatação ou vasoconstrição. Os principais fatores relaxantes derivados do endotélio são o óxido nítrico (NO), o fator hiperpolarizante derivado do endotélio (EDHF) e a prostaciclina (PGI2). Entre os fatores contráteis, os principais são a endotelina e o tromboxano (FELETOU e VANHOUTTE, 2006). Em condições fisiológicas existe um equilíbrio preciso entre a liberação desses fatores, sendo a produção dos fatores relaxantes mais importantes. No entanto, em diversas condições patológicas, esse equilíbrio é alterado com uma consequente atenuação dos efeitos vasodilatadores do endotélio, podendo ocorrer uma disfunção endotelial, que é uma condição bastante comum na HA (FELETOU e VANHOUTTE, 2006). Em especial, o NO produzido pelas células endoteliais desempenha um papel de grande importância no controle hemodinâmico, tanto no controle da resistência periférica vascular como na agregação plaquetária. O NO é um potente vasodilatador e assim seu papel no controle da PA é extremamente relevante. (CARVALHO et al., 2001; STANKEVICIUS, 2003). A síntese de NO pelas células endoteliais ocorre a partir de estímulos que podem ser químicos ou físicos. Os estímulos químicos são originados de interação de agonistas endógeno/exógenos com receptores específicos presentes nas células endoteliais. O estímulo físico é feito pela força que o sangue exerce sobre a parede das artérias, denominada força de cisalhamento, ou shear stress (MATLUNG et al., 2009). A ocupação dos receptores por agonistas resulta no aumento da concentração de cálcio intracelular ([Ca2+]i), via ativação da via fosfolipase C-inositol 1,4,5-trifosfato (PLCIP3), que se liga a calmodulina (CaM) formando o complexo Ca2+- calmodulina (Ca2+/CaM). Este, por sua vez, ativa a óxido nítrico sintase endotelial (eNOS) que é capaz de sintetizar NO a partir do aminoácido L-arginina (L-Arg). Uma vez liberado, o NO difunde-se rapidamente da célula geradora para a célula-alvo ou, mais particularmente, das células endoteliais para a musculatura lisa do vaso sanguíneo. Na célula muscular lisa, o NO irá ativar uma enzima catalítica, a guanilato ciclase solúvel (GCs), que por sua vez irá formar o monofosfato de guanosina cíclico (GMPc), a partir 9 da quebra do trifosfato de guanosina (GTP). A formação do GMPc promove a ativação da bomba de cálcio (Ca2+-ATPase) do retículo sarcoplasmático (RS), diminuindo as concentrações de cálcio intracelular que promoverá a redução do tônus vascular (Figura 1) (CARVALHO et al., 2001). Outros mecanismos pelos quais a via NO/GMPc induz vasodilatação incluem inibição da geração de IP3 (na musculatura lisa), desfosforilação da cadeia leve de miosina, ativação de proteínas quinases, estimulação da Ca2+-ATPase de membrana e abertura de canais de K+ (CARVALHO et al., 2001; STANKEVICIUS et al., 2003). Figura 1: Representação esquemática do relaxamento via NO-GMPc. M3, receptor muscarínico subtipo M3; ↑[Ca2+]i, aumento da concentração de cálcio intracelular; PLC, fosfolipase C; IP3, inositol 1,4,5-trifosfato; Ca2+/CaM, complexo cálcio calmodulina; eNOS, óxido nítrico sintase endotelial; L-Arg, L-arginina; NO, óxido nítrico; GCs, guanilato ciclase solúvel; GTP, guanosina trifosfato; GMPc, guanosina monofosfato cíclica. Fonte: CUNHA, 2013. Já está amplamente aceito que o FHDE também desempenha um papel importante na modulação vasomotora. Porém, apesar de existirem alguns estudos sobre a existência de FHDE, sua natureza ainda continua a ser identificada. Tem sido sugerido que o K+ 10 liberado do endotélio pode ser um FHDE (EDWARDS et al.,1998). No entanto, este pode não ser o caso de todos os vasos sanguíneos. Em algumas artérias, foi sugerido recentemente que a junções mioendoteliais podem também desempenhar um papel para provocar vasodilatação e hiperpolarização do músculo liso vascular (GRIFFITH et al., 2004). Assim, mais do que um FHDE parece existir e a contribuição de cada uma ao relaxamento dependente do endotélio pode variar dependendo do tipo de vaso (EDWARDS et al.,1998; HATTORI et al., 2004; FELETOU e VANHOUTTE, 2004). Alguns estudos sugerem que o FHDE compartilha algumas semelhanças biológicas com o NO, visto que ambos são sintetizados por células endoteliais de uma forma dependente do complexo Ca2 +/calmodulina. Em situações onde o relaxamento mediado pelo NO é reduzido (por exemplo, hipertensão e hiperlipidemia), o FHDE compensa o NO para causar relaxamento dependente do endotélio, enquanto em aterosclerose avançada , o relaxamento mediado por FHDE também é prejudicado. Com base nessas observações, há a hipótese de que um fator derivado da eNOS, possivelmente uma espécie reativa de oxigênio, seja uma FHDE (FELETOU e VANHOUTTE, 2004; MATOBA et al., 2002; SHIMOKAWA et al., 2004, 2005, 2010; VANHOUTTE, 2009; YADA et al., 2003; 2006, 2007). Figura 2: Hipótese sobre a natureza do H2O2/EDHF. EDHF hiperpolariza músculo liso vascular através da abertura de canais de K+ e então provoca vasodilatação. Os principais candidatos para a natureza da EDHF incluem: (1) íons K+ liberado do endotélio através de canais KCa (2) comunicação elétrica através de junções mioendoteliais; (3) H2O2 derivado do endotélio. FONTE: SHIMOKAWA, 2010. 11 Tem sido demonstrado que a eNOS ativado pode gerar superóxido sob a depleção de L -arg na presença de análogos de L-arg. A produção de superóxido leva à formação de peróxido de hidrogênio (H2O2) no endotélio vascular através de superóxido dismutase . Além disso, foi visto que o H2O2 pode provocar tanto a hiperpolarização e relaxamento das artérias, como pode ativar os canais para K+ sensíveis a cálcio (KCa) no músculo liso vascular (Figura 2) (BUSSE et al., 2002; MORIKAWA et al, 2003,2004; SHIMOKAWA et al., 2005; VANHOUTTE, 2009). O controle miogênico é outro mecanismo essencial para o controle do fluxo sanguíneo. Este mecanismo explica como o músculo liso vascular (MLV) é capaz de contrair ou relaxar conforme as alterações na pressão. Por esta razão o MLV torna-se indispensável no controle da resistência periférica total, do tônus arterial e venoso, bem como na distribuição do fluxo sanguíneo corporal. Apresenta células altamente especializadas contendo canais iônicos e proteínas contráteis e reguladoras responsáveis pelos processos de contração e relaxamento, resultando em um equilíbrio das necessidades orgânicas (WEBB, 2003). 2.3 Músculo liso vascular O MLV apresenta forma fusiforme de pequeno tamanho (5-10 μm de diâmetro), com invaginações (cavéolos), que são vesículas que contém Ca2+ que se comunicam com o RS, fazendo papel análogo ao túbulo transverso, além de aumentar a superfície celular. As células que compõem o músculo liso vascular se comunicam eletricamente através de junções comunicantes (Gap junctions), estas oferecem baixa resistência ao fluxo iônico, assim, quando há uma despolarização, esta se propagará por todas as células ao redor (GUYTON e HALL, 2011). O MLV participa do controle da resistência periférica total e é de extrema importância para que os vasos sanguíneos apresentem um tônus (estado contraído do MLV) que é influenciado pela mínima concentração de Ca2+ no interior da célula muscular lisa. O tônus vascular é mantido por mecanismos intrínsecos do MLV, mas pode sofrer alterações mediadas por fatores neurogênicos, biogênicos, endócrinos, parácrinos, além de outros sinais como fármacos ou liberação circulante de Ca2+ (KNOT et al., 1996). 12 O [Ca2+]i é o principal mecanismo regulador da contração e do relaxamento do MLV. O aumento do [Ca2+]i vai ocasionar a ligação de quatro íons Ca2+ com a CaM, formando o complexo Ca2+/Calmodulina, induzindo uma mudança conformacional na CaM. Com sua conformação alterada, o complexo Ca2+/Calmodulina se liga e ativa a miosina quinase de cadeia leve (MLCK), ocorrendo a fosforilação da cadeia leve regulatória da miosina, resultando no deslizamento entre os filamentos finos e grossos de actina e miosina e desenvolvendo assim, os ciclos das pontes cruzadas, geração de força e encurtamento no MLV, havendo a contração muscular (Figura 3). Por outro lado, quando [Ca2+]i diminui, o complexo Ca2+/Calmodulina se dissocia da MLCK, inativando-a. Além disso, há a ação de outra enzima, a fosfatase de cadeia leve de miosina (MCLP), cuja atividade é independente de Ca2+. A MCLP desfosforila a cadeia leve regulatória de miosina pela retirada do fosfato de alta energia que mantém o MLV no seu estágio contraído e, assim, o ciclo é interrompido, assim como a contração. Afirma-se que o balanço entre a MLCK e a MCLP são elementos fundamentais para a contração e o cessar dessa contração (REMBOLD, 1996). Figura 3: Representação esquemática da contração do músculo liso. PLC, fosfolipase C; PIP2, fosfatidilinositol 4,5-bifosfato; IP3, inositol 1,4,5-trifosfato; IP3; R, receptor para inositol 1,4,5-trifosfato; CICR, liberação de cálcio induzida por cálcio; RyR, receptor de rianodina; RS, retículo sarcoplasmático; DAG, diacilglicerol; PKC, proteína quinase C; Cav, canal para cálcio sensível à voltagem; ↑[Ca2+]i, aumento da concentração de cálcio intracelular; CaM, calmodulina; MLCK, quinase da cadeia leve de miosina. Fonte: CUNHA, 2013. 13 Em resposta a estímulos vasoconstritores, o Ca2 + é mobilizado a partir de reservas intracelulares, como o RS ou do meio extracelular. O aumento da [Ca2+]i pode ser causado por despolarização da membrana (acoplamento eletromecânico) ou pela ligação de agonistas contráteis a receptores de superfície celular (acoplamento farmacomecânico) (SOMLYO e SOMLYO, 1990). Os mecanismos que levam a uma resposta contrátil através do acoplamento eletromecânico são devido a uma despolarização de membrana, seja diretamente pelo aumento da concentração externa de K+ ou indiretamente pela ligação dos agonistas aos seus receptores, levando a abertura de canais de cálcio operados por voltagem (Cav) causando influxo de Ca2+ no citoplasma e consequentemente a contração (REMBOLD, 1996). O acoplamento farmacomecânico envolve a interação entre um agonista e um receptor específico, acoplado a proteína G, que ativa a fosfolipase C (PLC), um fosfomonoesterase dependente de Ca2+ localizada na membrana celular. A maioria dos agonistas contráteis provoca a contração através da ligação a receptores acoplados a PLC. A ligação do agonista com o receptor resulta em uma interação que provoca uma mudança conformacional na proteína G, que é composta por três subunidades (α, β e γ), sendo que há uma molécula de guanosina 5'-difosfato trifosfato (GDP) ligada ao complexo. Quando ocorre a ocupação do receptor, a atividade fosforilativa da proteína é ativada, fosforilando a molécula de GDP a guanosina-5'-trifosfato (GTP). O complexo α - GTP se desprende então das outras subunidades, ativa PLC que, por sua vez, quebra o fosfatodilinositol 4,5-bifosfato (PIP2), formando os segundos mensageiros, IP3 e DAG (JACKSON, 2000). O IP3 difunde-se a partir da membrana celular para o citoplasma, enquanto o DAG permanece na membrana celular. No citosol, o IP3 liga-se ao receptor presente na membrana do RS, permitindo a liberação de Ca2+ dos estoques intracelulares, ocorrendo a formação do complexo Ca2+/CaM e consequentemente a contração. O aumento da [Ca2+]i provoca a liberação de mais Ca2+ do RS, através dos receptores de rianodina (RyR), presentes nesta organela. O DAG, por sua vez, ativa a proteína quinase C (PKC) que além de fosforilar MLCK, fosforila também os Cav(s), provocando sua abertura e consequentemente o influxo de Ca2+, também ativa outras protéinas envolvidas na contração (AKATA, 2006). Os estoques intracelulares de Ca2+ são finitos e para que ocorra a manutenção da contração é necessária à utilização deste íon proveniente do meio extracelular. A 14 membrana celular das células musculares lisas é composta por diversos canais, além dos Cav(s), que auxiliam nestes mecanismos, e, dentre eles podemos citar os canais para Ca2+ operados por receptor (ROC), que atuam através da ligação do agonista com o receptor e formação de segundos mensageiros como IP3 e DAG e o canais para Ca2+ operados por estoque, que são ativados quando há uma depleção de Ca2+ dos estoques intracelulares do RS, portanto a abertura desses canais é direcionada a reposição de Ca2+ dos estoques desta organela. Diante disso, quando os níveis de Ca2+ estão elevados há inibição do influxo de Ca2+ por esses canais (MCFADZEAN e GIBSON, 2002). Em contrapartida, estudos têm demonstrado que a célula muscular lisa pode ser capaz de contrair pelo aumento da fosforilação da cadeia leve regulatória de miosina em níveis muito baixos de Ca2+ por um mecanismo conhecido como sensibilização ao Ca2+. Este fenômeno tem como principal fator a inibição da MLCP, que é a enzima responsável por desfosforilar a cadeia regulatória de miosina (SOMLYO e SOMLYO, 2000). A contração é mantida e potencializada pela sensibilização da maquinaria contrátil ao Ca2+ através de várias proteínas de transdução de sinal e por várias vias de sinalização. Evidências das últimas décadas têm demonstrado que a ativação da MLCK provoca muitas vias de sinalização intracelular, incluindo a via da PLC, IP3, DAG e a via p44/p42MAPK, resultando em uma série de eventos celulares que causam a contração do MLV. Por exemplo, a proteína quinase C (PKC) quando ativada pelo DAG, além de causar a abertura dos Cav(s), aumenta a contração inibindo a MCLP, reduzindo, assim, a desfosforilação da cadeia regulatória de miosina. A proteína quinase ativada por mitógeno (p44/p42MAPK) potencializa a contração através da fosforilação do caldesmon (proteína de ligação da calmodulina), aumentando a ligação da actina com a miosina (YU et al., 2004). O relaxamento do MLV é mediado por eventos contrários aos que foram descritos para contração, ocorrem mecanismos que impedem ou limitam a entrada de Ca2+ pela membrana plasmática em combinação com mecanismos que reduzem o Ca2+ intracelular. A hiperpolarização reduz o influxo de Ca2+ através dos Cav(s) tipo L, diminuindo, portanto a [Ca2+]i e a fosforilação da miosina e consequentemente a contração (REMBOLD, 1996). Além disso, há o aumento da atividade da Ca2+-ATPase tanto da membrana do RS como da membrana plasmática, levando a um aumento do recaptação e da extrusão de Ca2+, respectivamente, diminuindo assim a [Ca2+]i (AKATA, 2006). 15 2.4 Plantas medicinais A utilização de plantas medicinais para o tratamento de doenças humanas tem aumentado consideravelmente em todo o mundo. Informações sobre os conhecimentos tradicionais ou grupos étnicos de plantas medicinais e seus usos representam um papel vital na descoberta de novos produtos a partir de plantas como agentes farmacológicos (BARBOSA-FILHO et al., 2006, 2008). Esta terapia alternativa é bastante utilizada, especialmente nos países em desenvolvimento, onde a disponibilidade de serviços de saúde é limitada. Mesmo em países desenvolvidos, uma grande parte da população faz uso destas plantas como medicamento, devido a crenças históricas e culturais (AGRA et al., 2007). Os produtos naturais, nomeadamente os de origem vegetal, tem sido sempre uma fonte importante de agentes terapêuticos, cerca de 25% de todas as drogas disponíveis como terapêutica são derivados de produtos naturais (Quadro 1) (YUNES E CALIXTO, 2001). Além disso, os países latino-americanos possuem grande parte da biodiversidade do mundo. Neste contexto, o Brasil possui cerca de 22% de todas as plantas e microrganismos existentes. No entanto, menos de 10% têm sido investigadas em relação às suas propriedades químicas, farmacológicas ou aspectos biológicos (BARBOSAFILHO et al., 2006; CALIXTO, 2005). De acordo com a Organização Mundial de Saúde, ainda existem muitos princípios ativos responsáveis pelas ações farmacológicas de plantas medicinais desconhecidos, apesar de inúmeroes estudos neste setor. Estima-se que cerca de 75% dos compostos puros naturais empregados na indústria farmacêutica foram isolados seguindo recomendações da medicina popular (TABASSUM e AHMAD, 2011) A opção de conduzir pesquisas a partir da indicação de plantas utilizadas por comunidades encurta o percurso do desenvolvimento de uma nova droga, já que os pesquisadores dispõem, antes de iniciarem os estudos científicos, de uma indicação de qual atividade biológica esta droga pode apresentar (FUNARI e FERRO, 2005). 16 Quadro 1: Exemplo de fármacos extraídos de espécies vegetais Fármaco Classe terapêutica Espécie vegetal Ácido salicílico Analgésico Salix alba Artemisinina Antimalárico Artemisia annua Atropina Anticolinérgico Atropa belladona Capsaicina Anestésico tópico Capsicum spp. Cocaína Anestésico local Erythroxylum coca Colchina Anti-reumático Colchicum autumnale Digitoxina Cardiotônicos Digitalis purpurea Dicumarol Anticoagulante Melilotus officinalis Efedrina Broncodilatador adrenérgico Ephedra sinica Ergotamina Bloquedor adrenérgico Claviceps purpurea Fisostigmina Antiglaucomatoso Physostigma venenosum Morfina; Codeína Analgésico,antitussígeno Papaver somniferum Pilocarpina Antiglaucomatoso Pilocarpus jaborandi Quinina Antimalárico Cinchona spp. Reserpina Anti-hipertensivo Rauwolfia spp. Fonte: YUNES e CALIXTO, 2001. Assim, uma vez que as plantas medicinais produzem uma variedade de substâncias com propriedades farmacológicas, é importante haver estudos que possam apontar novos compostos, candidatos ao desenvolvimento de novos medicamentos. Entretanto, as investigações científicas visando determinar o potencial terapêutico das plantas são limitadas, existindo a carência de estudos científicos experimentais que confirmem as possíveis propriedades farmacológicas de um grande número destas plantas (AGRA et al., 2007). 2.5 Óleos essenciais Os óleos essenciais são substâncias voláteis extraídas de plantas aromáticas, constituindo matérias-primas de grande importância para as indústrias cosmética, farmacêutica e alimentícia. Estes óleos são amplamente distribuídos na natureza, pois são misturas complexas de compostos naturais voláteis como os monoterpenos, sesquiterpenos e arilproponóides contidos em muitas espécies vegetais e que 17 apresentam uma variedade de propriedades biológicas (CARDOSO et al., 2000; GUIMARÃES et al., 2013; LEAL CARDOSO e FONTELES, 1999; MOREIRA et al., 2001; SANTOS et al., 2010). Nas plantas, os óleos essenciais apresentam-se como misturas de compostos em diferentes proporções, tendo, normalmente um composto majoritário. A grande maioria, destes óleos, no entanto, é constituída de derivados fenilpropanóides ou de terpenóides, preponderando os últimos. Os terpenóides constituem uma grande variedade de substâncias vegetais, sendo esse termo empregado para designar todas as substâncias cuja origem biossintética deriva de unidades do isopreno. Os terpenóides, também conhecidos como isoprenóides, são derivados do ácido mevalónico e pode ser chamado de isoprenes ativos (SIMÕES et al., 2004). A nomenclatura dos terpenóides depende do número de estruturas de isopreno e podem ser classificados como monoterpeno, sesquiterpenos, diterpenos, triterpenos, tetraterpene e politerpeno. Os compostos terpênicos mais frequentes nos óleos essenciais são os monoterpenos (BAKKALI et al., 2008; GUIMARÃES et al., 2013). Os monoterpenos podem ser divididos em três subgrupos: acíclico, monocíclico e bicíclico e em cada um desses subgrupos, há outras classificações: hidrocarbonetos insaturados, álcoois, aldeídos e cetonas, lactonas e tropolonas. Sua estrutura consiste em duas unidades de isopreno ligadas, que são formados por 5 carbonos (C5) cada um (SIMÕES et al., 2004; GUIMARÃES et al., 2013). Os monoterpenos são as moléculas mais representativas dos óleos essenciais, constituem mais de 90% de sua composição e apresentam uma variedade de propriedades biológicas, tais como miorrelaxante, antimicrobiano, antiespamódico, antidepressivos, anti-inflamatório, cardioestimulante, antihipertensivo, depressor do trânsito intestinal, analgésico, anticonvulsivante e ansiolítico (DE SOUSA, 2011; GUIMARÃES et al., 2013). Além das atividades descritas acima, monoterpenos também produzem efeitos significativos sobre o sistema cardiovascular, promovendo, entre outras ações, vasorelaxamento, diminuição da frequência cardíaca e hipotensão Assim, estes monoterpenos podem ser úteis como agentes para a prevenção e / ou tratamento de DCV (AYDIN et al., 2007; BASTOS et al., 2010; MAGALHÃES et al, 2008; PEIXOTO-NEVES et al, 2010; SANTOS et al;, 2010). 18 2.6 P- cimeno O p-cimeno, também chamado de p-isopropiltolueno; 1-metil-4 isopropilbenzeno; metilpropilbenzeno é um hidrocarboneto natural, monoterpeno, monocíclico, com fórmula molecular C10H14 (Figura 4). É um precursor biológico do monoterpeno carvacrol e um dos principais constituintes do óleo essencial de diversas espécies vegetais, a exemplo do Protium sp, com mais de 80% das espécies encontradas na região Amazonas e Nigella sativa L. (aliprive, cominhos negros) (SANTANA, et al; 2011). Figura 4: Estrutura química do p-cimeno Alguns estudos têm relatado efeito antimicrobiano do p-cimeno que parece resultar, pelo menos parcialmente, a partir de uma perturbação bruta da fração lipídica da membrana plasmática deliberando por romper a membrana citoplasmática das bactérias (CRISTANI, 2007). O p-cimeno tem menor efeito antimicrobiano do que seu precursor, o carvacrol, pois o p- cimeno carece de um grupo hidroxila, para desempenhar um papel importante na atividade antimicrobiana (ULTEE et al., 2002). Porém, tem sido relatado que o sinergismo entre carvacrol e p-cimeno é eficaz contra B. cereus in vitro e in vivo (ULTEE et al., 2000). Estudos in vitro demonstraram que o monoterpenos podem ser usados como um antimicrobiano contra as bactérias Grampositivas (Staphylococcus aureus) e as Gram-negativas (Escherichia coli) (BAGAMBOULA et al., 2004; CRISTANI et al., 2007). Além disso, diferentes estudos têm mostrado que o p-cimeno possui atividade antibacteriana, antifúngica e herbicida (KODALI et al., 2008). A atividade antinociceptiva do p-cimeno também foi confirmada, podendo modular tanto a dor neurogênica como inflamatória. Além disso, parece, pelo menos em 19 parte, que a ação antinociceptiva de p-cimeno envolve o sistema opióide (BONJARDIM et al., 2012; SANTANA, et al; 2011; XIE et al., 2012). A espécie conhecida como vindicar (Alpinia speciosa) é usada como espasmolítica e hipotensora, tendo também ação cardiovascular e depressora no sistema nervoso central. Os monoterpenos limoneno, terpinen-4-ol, α-terpineno e p-cimeno foram os componentes principais encontrados neste óleo essencial (MAIA et al., 2001) O óleo essencial de Thimus Capitatus e Laurus Nobilis, que possuem em sua composição química o p-cimeno, apresentou porcentagem de relaxamento em aorta isolada de rato de 96,9 % e de 82%, respectivamente, demonstrando um potencial efeito anti-hipertensivo. Além disso, nesse mesmo estudo, o p-cimeno apresentou correlação positiva entre atividade anti-hipertensiva e atividade antioxidante, visto que a atividade antioxidante pode contribuir para a prevenção do aumento da pressão arterial (YVON et al., 2012).Assim, o p-cimeno pode ser útil na prevenção e / ou tratamento de DCV. Outros estudos mostraram a influência do p-cimeno contido no óleo volátil de Nigella sativa (a semente preta) sobre o sistema cardiovascular de ratos e cobaias (El TAHIR et al., 1993; 1994; 2003). Nestes estudos, o p-cimeno diminuiu tanto a PA como a FC, através de um efeito central. Dentro desse contexto, o interesse deste trabalho em avaliar a atividade vasorelaxante do p-cimeno é bastante justificável, na busca de novas drogas com potencial efeito anti-hipertensivo, para uma possível utilização em tratamentos cardiovasculares. 20 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral: Avaliar o efeito do p-cimeno sobre reatividade vascular em anéis de artéria mesentérica superior isolada de ratos normotensos. 3.2 Objetivos Específicos: Caracterizar os efeitos do p-cimeno sobre a reatividade vascular in vitro, investigando: - A influência dos fatores relaxantes derivados do endotélio; - A participação dos íons Ca2+ na resposta relaxante e a sensibilização da maquinaria contrátil sensível ao Ca2+ da musculatura lisa vascular; - A participação dos canais para K+ na resposta vascular. 21 4.METODOLOGIA 4.1 Animais Foram utilizados ratos Wistar machos normotensos, pesando entre 250-300g, provenientes do Biotério Central da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e mantidos no biotério setorial do laboratório de farmacologia cardiovascular (LAFAC), sob condições ambientais de temperatura, obedecendo o ciclo claro-escuro tendo livre acesso à alimentação e água. Todos os procedimentos descritos foram previamente aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal da UFS (CEPA/UFS), sob o número de protocolo 03/2012. 4.2 Drogas O p-cimeno, o cloridrato de L (-) fenilefrina (FEN), cloridrato de acetilcolina (Ach), tetraeltilmônio (TEA) e Ortovanadato de sódio (Na3VO4) foram obtidos comercialmente da SIGMA BRASIL. Para a preparação das soluções estoques, o pcimeno foi emulsificado em uma mistura de água destilada/cremofor (0,1% v/v). O cremofor não altera os resultados dos experimentos. 4.3 Soluções Nutritivas As soluções nutritivas de Tyrode foram preparadas utilizando-se as seguintes substâncias: cloreto de sódio (NaCl), cloreto de potássio (KCl), cloreto de Ca2+ dihidratado (CaCl2.2H2O), cloreto de magnésio hexa-hidratado (MgCl2.6H2O), bicarbonato de sódio (NaHCO3), fosfato de sódio mono-hidratado (NaH2PO4) e glicose (C6H12O6). Na solução despolarizante de Tyrode acrescida com cloreto de potássio a 80 ou 60 mM, a concentração de Na+ foi equimolarmente substituída. Nas soluções nominalmente sem Ca2+, o CaCl2 foi omitido. As tabelas a seguir mostram as composições das mesmas: 22 Tabela 1: Composição da solução de Tyrode para anéis de artéria mesentérica superior. Substância Concentração (mM) NaCl 158,3 KCl 4,0 CaCl2 2,0 MgCl2 1,05 NaHCO3 10,0 NaH2PO4 0,42 Glicose 5,6 Tabela 2: Composição da solução despolarizante de Tyrode com cloreto de potássio a 80 mM (KCl 80). Substância Concentração (mM) NaCl 82,3 KCl 80,0 CaCl2 2,0 MgCl2 1,05 NaHCO3 10,0 NaH2PO4 0,42 Glicose 5,6 Tabela 3: Composição da solução despolarizante de Tyrode com cloreto de potássio a 60 mM (KCl 60). Substância Concentração (mM) NaCl 102,6 KCl 60,0 CaCl2 2,0 MgCl2 1,05 NaHCO3 10,0 NaH2PO4 0,42 Glicose 5,6 23 Tabela 4: Composição da solução de Tyrode nominalmente sem Ca2+. Substância Concentração (mM) NaCl 158,3 KCl 4,0 CaCl2 0,0 MgCl2 1,05 NaHCO3 10,0 NaH2PO4 0,42 Glicose 5,6 4.4 Estudo farmacológico 4.4.1 Avaliação dos efeitos do p-cimeno sobre a reatividade vascular in Vitro 4.4.1.1 Preparação da artéria mesentérica superior isolada de rato Os ratos foram previamente anestesiados com dose excessiva de tiopental sódico e então eutanisados por deslocamento cervical e dessangramento. Em seguida, através de uma incisão no abdome do animal, foi retirada a artéria mesentérica (Figura 5). Foram obtidos quatro anéis livres de tecido conjuntivo e adiposo, do primeiro segmento da artéria (1-2 mm).Esses anéis foram mantidos em cubas contendo 10 mL de solução nutritiva de Tyrode, a 37º C e gaseificados com uma mistura carbogênica (95% de O2 e 5% de CO2) (Figura 6). Os anéis foram suspensos por linhas de algodão fixadas a um transdutor de força (Letica, TR210, Barcelona, Espanha) acoplado a um sistema de aquisição (AVS, São Paulo, Brasil) para o registro das contrações isométricas. Cada anel foi submetido a uma tensão constante de 0,75 g por um período de no mínimo 60 minutos para estabilização. Durante este tempo, a solução nutritiva foi trocada a cada 15 minutos para prevenir a interferência de metabólitos (ALTURA e ALTURA, 1970). Os anéis sem endotélio foram obtidos por remoção mecânica através do atrito entre as paredes internas do vaso com o auxílio de uma haste de algodão. A presença ou ausência do endotélio funcional foi verificada pela habilidade, medida em percentagem (%), da Ach (10 uM) em relaxar os anéis pré-contraídos com 10 µM de FEN. Foram considerados com endotélio funcional, os anéis que apresentaram relaxamentos superiores a 75 % sobre a pré-contração com FEN. Já os anéis com relaxamentos 24 inferiores a 10 %, foram considerados sem endotélio funcional (FURCHGOTT e ZAWADZKI, 1980). Anéis com relaxamentos entre 10 e 75 % foram descartados. Figura 5: Artéria mesentérica superior de rato. Fonte: MAYNARD, 2011. Figura 6: Anel arterial disposto entre duas hastes suspenso por linha de algodão e mantido em cuba para órgão isolado contendo solução nutritiva de Tyrode. Fonte: MAYNARD, 2011. 25 Figura 7: Sistema de aquisição de dados de reatividade vascular. Fonte: arquivo pessoal. 4.4.1.2 Caracterização do efeito do p-cimeno sobre a reatividade vascular em artéria mesentérica superior isolada de rato Após o período de estabilização e a verificação da presença do endotélio funcional, os anéis de artéria mesentérica foram pré-contraídos com FEN (10 µM) e sobre a fase tônica desta contração foram adicionadas cumulativamente à cuba, concentrações crescentes do p-cimeno (10-8 - 3x10-2M), para obtenção de uma curva concentração-resposta controle. 4.4.1.3 Avaliação do papel do endotélio vascular nas respostas induzidas pelo pcimeno Após o período de estabilização e a verificação da ausência do endotélio funcional, os anéis foram pré-contraídos com FEN (10 μM) e sobre a fase tônica desta contração foram adicionadas cumulativamente a cuba concentrações crescentes do pcimeno (10-8 - 3x10-2M). A curva concentração-resposta para esta condição experimental foi construída e comparada com a condição controle (4.4.1.2). 4.4.1.4 Avaliação da participação dos canais de Ca2+ nas respostas induzidas pelo p-cimeno O possível efeito do p-cimeno sobre os canais para Ca2+ foi investigado construindo-se curvas concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) em anéis sem endotélio e na presença de altas concentrações de K+. Neste protocolo experimental a solução de Tyrode da cuba foi trocada pela solução despolarizante de Tyrode com KCl 26 a 80 mM (KCl 80) e as preparações permaneceram nesta solução até o final do experimento. Também foram construídas curvas concentração - resposta para CaCl2. Estas preparações foram lavadas com solução de Tyrode nominalmente sem Ca2+ e permaneciam nesta solução por 15 min. Após este período, as preparações eram lavadas com uma solução de KCl 60 mM isentas de cálcio por mais 15 min, e em seguida, era adicionado cumulativamente a cuba o CaCl2 (10-7 - 3x10-2M). Porém na presença de concentrações isoladas de p-cimeno (3x10-3, 10-2 e 3x10-2M) por um período de incubação de 15 min. Decorrido este tempo, os resultados foram avaliados comparandose os percentuais de resposta contrátil na presença e na ausência do p-cimeno. 4.4.1.5 Avaliação do efeito do p-cimeno sobre sensibilização dos elementos contráteis ao Ca2+ O efeito do p-cimeno sobre sensibilização dos elementos contráteis ao Ca2+ foi investigado através do protocolo descrito por YU et al. (2004), utilizando o ortovanadato de sódio (Na3VO4) .O Na3VO4 é um potente inibidor da MLCP e induz contração do músculo liso, reduzindo a desfosforilação e aumentando o nível de fosforilação da MLCK , responsável pela ativação de vias de sinalização que causam contração do músculo liso (YU et al., 2004). Para obtenção de um curva concentraçãoresposta controle para o Na3VO4 , anéis sem endotélio funcional foram contraídos através da adição cumulativa de Na3VO4 (10-5 - 3x10-2M). Em seguida, os mesmos anéis foram lavados com solução Tyrode e pré-incubados com concentrações isoladas de p-cimeno (3x10-3, 10-2 ou 3x10-2M) por 15 min. As curvas concentração-resposta para os anéis pré-incubados com o p-cimeno foram comparadas com a curva concentração-resposta controle (Na3VO4 na ausência do p-cimeno). 4.4.1.6 Avaliação da participação dos canais para K+ nas respostas induzidas pelo p-cimeno O possível efeito do p-cimeno sobre os canais para K+ foi investigado construindo curvas concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) em anéis sem endotélio incubados com 1 mM de TEA, que nesta concentração, é um bloqueador não seletivo de canais de K+ (COOK, 1989). A curva concentração-resposta para esta condição experimental foi comparada com a obtida em anéis sem endotélio funcional. 27 4.5 Eutanásia e descarte dos animais Os animais foram eutanisados através de uma dose excessiva de anestésico seguido de dessangramento. As carcaças foram embaladas em jornal, acondicionados em sacos plásticos brancos para lixo infectante e depositados no freezer do biotério setorial do DFS/UFS para devido descarte pela Torre, empresa responsável pela coleta do lixo hospitalar da UFS. 4.6 Análise estatística Os valores das medidas obtidas foram expressos como a média ± erro padrão da média (E.P.M.). Quando necessário, foram utilizados análise de variância “two-way” (ANOVA) seguida do pós-teste de Bonferroni para avaliar a significância das diferenças entre as médias. Em todos estes procedimentos foram feitas análises pelo programa estatístico GraphPad Prism 3.02. 28 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO A HA é uma doença crônica multifatorial que tem sido considerada o fator de risco mais comum das DCV. Assim sendo, o tratamento da HA é muito importante para a saúde da população mundial, por prevenir o surgimento de complicações advindas da elevação da pressão arterial (PA) que possam comprometer a vida do indivíduo hipertenso (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010). Diante disso, informações sobre os conhecimentos tradicionais e grupos de plantas medicinais, óleos essenciais e seus usos representam um papel fundamental na descoberta de novos compostos a partir dessas substâncias como agentes farmacológicos. Estudos nesse setor são de extrema importância, principalmente a investigação de espécies que não tenham sido objeto de estudos farmacológicos e químicos (AGRA et al., 2007; CALIXTO et al., 2000). O p-cimeno foi escolhido para esse estudo devido às inúmeras propriedades relatadas na literatura para os componentes dos óleos essenciais, principalmente sobre o sistema cardiovascular (BASTOS et al., 2010; CUNHA et al, 2004; DE SIQUEIRA et al, 2006; MENEZES, 2010; SANTOS et al., 2007). Lima et al. (2012) demonstrou em seu estudo a importância química natural dos óleos essenciais como bons candidatos para medicamentos anti-hipertensivos, relacionando a sua estrutura química com seu efeito farmacológico. Além disso, estudos anteriores mostram que o p-cimeno tem um potencial efeito anti-hipertensivo. Óleos essenciais de plantas, como a Thimus capitatus, Laurus Nobilis, Nigella sativa (semente preta) e Alpinia speciosa, que possuem em sua composição química o p-cimeno, apresentaram efeito hipotensor e vasorelaxante (ANDRADE et al., 2001; El TAHIR et al., 1993; 1994; 2003; YVON et al., 2012;). El Tahir et al. (2003) realizou experimentos in vivo avaliando a atividade hipotensora do p-cimeno. Neste estudo, foi observado que o p-cimeno foi capaz de antagonizar o efeito do hexametônio, um bloqueador ganglionar. Desse modo, foi observado uma inibição do centro vasomotor com consequente diminuição do fluxo simpático nos vasos sanguíneos e no coração, resultando em diminuição da PA e da FC. Desta forma, diante da existência de estudos anteriores comprovando a atividade hipotensora do p-cimeno através de um efeito central, buscou-se investigar no presente estudo a ação do p-cimeno sobre a resistência vascular periférica Portanto, foi avaliado o efeito vasorelaxante do p-cimeno através de experimentos in vitro, em artéria 29 mesentérica superior de rato, que, por ser um vaso de pequeno calibre, pode apresentar resistência ao fluxo sanguíneo, implicando na regulação do débito sanguíneo e na pressão capilar e, consequentemente, pode refletir variações na resistência periférica total e promover alterações na PA (FOLKOW, 1979; MULVANY e AALKJAER, 1990). De acordo com a Figura 8, o p-cimeno foi capaz de induzir relaxamento dependente da concentração em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato com endotélio funcional pré-contraídos com 10 µM de FEN (Emáx = 77,09 ± 5,53%; n = 5). % Relaxamento 0 25 50 75 Com endotélio 100 8 7 6 5 4 3 2 - Log [p-cimeno] Figura 8: Curva concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato com endotélio funcional (n= 5), précontraídos com 10 µM de FEN. Os valores estão expressos como média ± E. P. M. Os dados foram analisados por ANOVA de duas vias, seguido pelo pós-teste de Bonferroni. Como relatado na literatura, o endotélio é um importante regulador do tônus vascular por liberar fatores relaxantes derivados do endotélio. Estudos mostram que as células endoteliais são capazes de sintetizar várias substâncias vasoativas como o NO, a PGI2 e o EDHF. Em especial, o NO produzido pelas células endoteliais desempenha um papel de grande importância no controle da resistência vascular periférica, pois é um potente vasodilatador e assim seu papel no controle da PA é extremamente relevante (FURCHGOTT e ZAWADZKI, 1980; VANHOUTTE et al., 2005). Alguns estudos têm demonstrado que o endotélio vascular possui importante função moduladora sobre o 30 vasorelaxamento induzido por óleos essenciais (LAHLOU et al, 2002; MAGALHÃES et al, 2008; PINTO et al, 2009). Em preparações de aorta isolada de rato com endotélio intacto, 1,8-cineol, monoterpeno presente em ínúmeros óleos essenciais, induziu relaxamento significativo da contração induzida por FEN. Este efeito foi abolido após remoção do endotélio vascular. O efeito vasorelaxante deste monoterpeno foi significativamente reduzido por N (G)-nitro-L-arginina éster metílico (L-NAME), inibidor direto da eNOS, sugerindo que o efeito vasorelaxante está associado diretamente ao endotélio vascular e a produção de NO (LAHLOU et al, 2002; PINTO et al, 2009). Magalhães et al.(2008) avaliaram o papel da via do óxido nítrico no endotélio do óleo essencial de Croton nepetaefolius e dois dos seus constituintes, metileugenol e α-terpineol em aorta isolada de rato. O tratamento com L-NAME, azul de metileno e a remoção mecânica do endotélio aumentou significativamente os valores de IC50, indicando que a ação vasorelaxante está relacionada à integridade do endotélio vascular. Estudo de Guedes et al.(2004) mostrou que o óleo essencial de Mentha x villosa em ratos induz o relaxamento de vasos por uma via envolvendo mediadores endoteliais. Diante disso, com o objetivo de avaliar a participação dos fatores relaxantes derivados do endotélio nos efeitos induzidos pelo p-cimeno, foram feitos experimentos em anéis sem o endotélio funcional. Porém, a remoção mecânica do endotélio não alterou o efeito vasorelaxante induzido pelo p-cimeno, sugerindo que o endotélio não parece ser importante para a expressão desta resposta e que outra via independente do endotélio está envolvida no efeito do p-cimeno (Emáx = 72 ± 4,03%; n = 8) (Figura 9). El Tahir et al. (2003) avaliou em experimentos in vivo, a participação do NO no mecanismo hipotensor do p-cimeno, através da administração de azul de metileno, que é um inibidor da ativação da GCs. Neste estudo, foi observado que o p-cimeno não antagonizou os efeitos do azul de metileno, indicando que não há participação do NO na hipotensão causada pelo p-cimeno. Estes resultados corroboram a outros estudos com monoterpenos, demostrando que o efeito vasorelaxante não está associado à capacidade de liberar fatores relaxantes derivados do endotélio como o NO ou EDHF, visto que, nestes estudos, também não houve diferença estatística entre o relaxamento de preparações com o endotélio intacto e aquelas com endotélio removido (EL TAHIR et al., 2003; PEIXOTO-NEVES et al., 2010). 31 Em experimentos realizados por Peixoto-Neves et al. (2010), foi demonstrado que os monoterpenos timol e carvacrol induziram um relaxamento independente do endotélio em aorta isolada de ratos. Os autores sugeriram o envolvimento da via de transdução de sinal entre o Ca2+ e a liberação do retículo sarcoplasmático e / ou regulação da sensibilidade da maquinaria contrátil ao Ca2+. Além disso, o timol e carvacrol, em baixas concentrações, bloquearam o influxo de Ca2+ através dos Cav(s) % de relaxamento 0 25 50 75 Com endotélio Sem endotélio 100 8 7 6 5 4 3 2 - Log [p-cimeno] M Figura 9: Curva concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato com endotélio funcional (n=5) e sem endotélio funcional (n=8), pré-contraídos com 10 µM de FEN. Os valores estão expressos como média ± E. P. M. Os dados foram analisados por ANOVA de duas vias, seguido pelo pós-teste de Bonferroni. Como o p-cimeno induziu vasorelaxamento por uma via independente do endotélio, buscou-se investigar um mecanismo de relaxamento, envolvendo outras vias de sinalização. Portanto, foram realizados experimentos para avaliar a participação dos canais para Ca2+ nas respostas induzidas pelo p-cimeno. Nestes experimentos, foi avaliada a ação do p-cimeno em contrações sustentadas e induzidas por alta concentração de potássio extracelular (KCl 80 mM). É bem estabelecido na literatura que o aumento da concentração externa de K+ (KCl 80 mM) induz contração do músculo liso através da ativação de canais de cálcio operados por voltagem (Ca v(s)) com consequente, liberação de cálcio do RS, iniciando todo o processo de contração (KARAKI e WEISS, 1988). Os canais para cálcio sensíveis a voltagem são canais 32 ativados pela despolarização por meio de estímulos químicos ou elétricos e são classificados, de acordo com suas propriedades farmacológicas e eletrofisiológicas: canais sensíveis a diidropiridina (DHP) ativados por alta voltagem (tipo-L ou Cav1.1,Cav1.2, Cav1.3), canais insensíveis à diidropiridina ativados por alta voltagem (tipo - P/Q/N ou Cav2.1, Cav2.2, Cav2.3) e canais ativados por baixa voltagem (tipo-T ou Cav3.1, Cav3.2, Cav3.3) (ERTEL et al., 2000). É predominante no músculo liso vascular a presença de Cav(s) tipo L e tipo T, entretanto recente estudo demonstrou a expressão de Cav(s) tipo P e Q em células musculares lisas vasculares renais e aórticas de ratos e camundongos (ANDREASEN et al., 2006). Então, para avaliar a participação dos Cav(s) no efeito vasorelaxante induzido pelo p-cimeno, curvas para o óleo estudado foram obtidas em anéis, sem endotélio funcional, pré-contraídos por solução despolarizante de Tyrode (KCl 80 mM). Nestas preparações, o p-cimeno foi capaz de induzir relaxamento (Emáx = 79,31 ± 5,24 %; n = 6), que não foram significativamente diferentes daqueles obtidos em anéis sem endotélio précontraídos com FEN (Emáx = 72 ± 4,03 %; n = 8) (Figura 10), sugerindo um possível envolvimento dos Cav(s) nesta resposta. % de relaxamento 0 25 50 Sem endotélio (Fen) 75 Sem endotélio (KCl 80 mM) 100 8 7 6 5 4 3 2 - Log [p-cimeno] M Figura 10: Curvas concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 – 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato, sem endotélio funcional (n=8), précontraídos com FEN (sem endotélio) ou com KCl 80 mM (n=6). Os valores estão expressos como média ± E. P. M. Os dados foram analisados por ANOVA de duas vias, seguido pelo pós-teste de Bonferroni. 33 Para confirmar a hipótese acima, foram obtidas curvas concentração-resposta para CaCl2 (10-7–3x 10-2M), em solução isenta de Ca2+, antes e após individual préincubação com p-cimeno (3x10-3, 10-2 e 3x10-2M). Nestas condições, o p-cimeno nas concentrações de 10-2 e 3x10-2M foi capaz de inibir significativamente as contrações induzidas por CaCl2 em 40,53% ± 2,56% e 74,51 ± 4,05%, respectivamente (Figura 11). 100 CaCl2 CaCl2 - p-cimeno 3x10-3 CaCl2 - p-cimeno 10-2 % Contração 75 CaCl2 - p-cimeno 3x10-2 *** *** 50 *** ** *** 25 *** *** *** *** *** *** *** ** 0 6 5 4 3 2 - Log [CaCl2] M Figura 11: Curva concentração-resposta para CaCl2 (10-7 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior de ratos, sem endotélio, antes (controle) e após pré-incubação com p-cimeno (3x10-3, 10-2 e 3x10-2M). Os valores foram expressos como média ± E.P.M. Os dados foram analisados por ANOVA de duas vias, seguido pelo pós-teste de Bonferroni. ** p <0.01 e *** p < 0,001 vs CaCl2. 34 Portanto, o p-cimeno produz efeito relaxante tanto sobre contrações induzidas por acoplamento eletromecânico como farmacomecânico. No acoplamento eletromecânico, a contração é causada pela despolarização da membrana. Essa despolarização ativa os Cav(s) causando uma entrada de cálcio no meio intracelular e desencadeando uma contração (AKATA, 2006). No acoplamento farmacomecânico, a contração é feita através da ligação do agonista ao seu receptor, o que desencadeia uma cascata de segundo mensageiro (COTECCHIA, 2010). A cascata de segundo mensageiro leva a uma liberação de cálcio dos estoques internos, aumento da sensibilidade do aparato contrátil ao cálcio intracelular e um influxo de cálcio extracelular, o que desencadeia a contração (JACKSON, 2000; WEBB, 2003). O p-cimeno foi eficaz sobre contrações induzidas por acoplamento eletromecânico e farmacomecânico, visto que foi capaz de induzir o relaxamento em anéis pré-contraídos com FEN (10µM) e com KCl a 80mM. Com intuito de confirmar a hipótese de que o efeito do p-cimeno sobre o acoplamento eletromecânico e farmacomecânico está associado ao bloqueio dos Cav(s) e que não há participação dos canais de K+ nesta resposta, anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato, sem endotélio funcional, foram pré-contraídos com 10 µM de FEN na presença de 1mM de TEA, um bloqueador não seletivo destes canais. Segundo a literatura, os canais de K+ representam a via de condução iônica majoritária nas células musculares vasculares e sua atividade contribui para regulação do potencial de membrana e do tônus vascular (JACKSON, 2000). O gradiente eletroquímico para íons K+, assim como a abertura de canais de K+, resultam em difusão destes cátions para o meio extracelular e consequentemente hiperpolarização e relaxamento do músculo liso vascular. Como pode ser observado na Figura 11, o p-cimeno foi capaz de induzir relaxamentos (Emáx= 50,54% ± 4,08%; n=8) que não foram significativamente diferentes daqueles obtidos em anéis sem endotélio pré-contraídos com FEN (Emáx = 72%% ± 4,03%; n = 8) na ausência de TEA (Figura 12). Estes resultados sugerem que o efeito vasorelaxante induzido pelo p-cimeno parece não envolver a participação de canais de K+. 35 % de relaxamento 0 25 50 75 Sem endotélio Sem endotélio após TEA (1 mM) 100 8 7 6 5 4 3 2 - Log [p-cimeno] M Figura 12: Curvas concentração-resposta para o p-cimeno (10-8 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior isolada de rato, sem endotélio funcional (n= 8), précontraídos com FEN (10 µM) antes e após a incubação com 1mM de TEA. Os valores estão expressos como média ± E.P.M. Os dados foram analisados por ANOVA de duas vias, seguido pelo pós-teste de Bonferroni. Os dados aqui obtidos relacionadas com Cav (s) corroboram a outros resultados com outros monoterpenos. Evidências indiretas obtidas no músculo liso vascular sugeriram que muitos monoterpenos como o borneol, linalol, timol, carvacrol, eugenol e citronelol atuam através do bloqueio dos Cav(s) (BASTOS et al., 2010; LAHLOU et al., 2002; LIMA et al., 2010; PEIXOTO-NEVES et al., 2010). Nestes estudos, o borneol, linalol, timol, carvacrol, eugenol e citronel promoveram um vasorelaxamento de uma maneira dependente de concentração que não foi atenuado com a remoção do endotélio vascular ou pré-contraído com KCl 80 mM. Além de antagonizar as contrações induzidas por adição cumulativa de CaCl2 (ANJOS et al., 2013; BASTOS et al., 2010; LAHLOU et al., 2002; LIMA et al., 2010; PEIXOTONEVES et al., 2010;; SILVA-FILHO et al.,2011) Os resultados deste trabalho são análogos ao descrito por Lalhou et al (2005), Menezes et al (2010), Maynard et al (2011) e Moreira et al. (2010) que demonstraram que os óleos essenciais de Aniba canelilla Bark, Cymbopongon winterianus, Lippia alba (Mill.) N.E. Brown. e Cymbopongon citratus, vasorelaxamento através de uma inibição dos Cav(s). respectivamente, produziram 36 Além disso, estudo recente avaliou o efeito antiespasmódico do óleo essencial da Lippia sidoides Cham. e seus constituintes, timol, p-cimeno e beta-cariofileno, sobre o músculo liso traqueal de ratos e foi visto que a ação do óleo e seus constituintes está relacionado com o bloqueio de Cav(s). (TEÓFILO, 2012). Estes resultados mostrados em outros estudos adicionam suporte a nossa hipótese da ação inibitória do p-cimeno sobre os Cav(s). Porém, há um mecanismo de contração que independe do grande aumento da concentração de cálcio intracelular, conhecido por sensibilização ao cálcio, que também foi investigado no estudo em questão. Sabe-se que para haver relaxamento é necessária a ação da MLCP, que é uma enzima regulatória responsável pela desfosforilação da cadeia leve regulatória de miosina. A contração do MLV pode ser mantida e potencializada por proteínas contráteis sensíveis ao Ca2+ através da inibição da MLCP e consequentemente redução da desfosforilação da cadeia leve regulatória de miosina, provocando a contração (YU et al., 2004). O Na3VO4 é um potente inibidor da fosforilação da proteína tirosina (YU et al., 2004; ELBERG et al., 1994) e também induz contrações mediadas por esta via (YU et al., 2004). Baseado nisso, um possível efeito do p-cimeno nas contrações induzidas por inibição da MLCP foi investigado. Foram obtidas curvas concentração-resposta para as contrações induzidas pelo Na3VO4 (10-5 - 3x10-2M) Esses experimentos foram realizados em anéis sem endotélio, mantidos em solução Tyrode, antes e após préincubação individual com p-cimeno (3x10-3, 10-2 e 3x10-2M). Nessas condições, o pcimeno nas concentrações 3x10-3, 10-2 e 3x10-2M foi capaz de inibir significativamente as contrações induzidas pelo Na3VO4 em 17,63 ± 6,75%; 46,74 ± 4,60%; 73,82 ± 4,20%, respectivamente (Figura 13), sugerindo, assim, que o p-cimeno também parece estar agindo através da diminuição da sensibilidade maquinaria contrátil ao Ca2+. 37 100 Na3VO4 Na3VO4 - p-cimeno 3x10-3 Na3VO4 - p-cimeno 10-2 % Contração 75 *** -2 Na3VO4 - p-cimeno 3x10 *** 50 *** *** 25 *** ** *** ** *** *** *** *** 0 5 4 3 2 - Log [Na3VO4] M Figura 13: Curva concentração-resposta para Na3VO4 (10-5 - 3x10-2M) em anéis de artéria mesentérica superior de ratos, sem endotélio, antes (controle) e após préincubação com p-cimeno (3x10-3, 10-2 e 3x10-2M). Os valores foram expressos como média ± E.P.M. Os dados foram analisados por ANOVA de duas vias, seguido pelo pósteste de Bonferroni. ** p <0.01 e *** p < 0,001 vs Na3VO4. Estes resultados corroboram a outros estudos feitos em nosso laboratório com os monoterpenos (-) linalol e citral. Estes compostos antagonizaram as contrações induzidas por Na3VO4 nas concentrações de 10-2M e 10-3M, respectivamente, sugerindo, portanto, que o efeito vasorelaxante dos monoterpenos podem estar, também, relacionados à redução da sensibilidade da resposta contrátil ao Ca2+ (CUNHA, 2013; MOREIRA, 2013). 38 6. CONCLUSÃO Estes resultados demonstram que o p-cimeno produz efeito vasorelaxante, em artéria mesentérica superior de rato, sendo este independente da participação do endotélio. Este efeito parece ocorrer através do bloqueio do influxo de Ca2+ através dos canais para Ca2+ operados por voltagem na membrana do músculo liso vascular, associado à diminuição da sensibilidade da maquinaria contrátil ao Ca2+.. Estes achados denotam uma base racional do uso de plantas medicinais que contenham o p-cimeno em sua composição para o tratamento da hipertensão, além do uso do composto puro. Porém, são necessários outros estudos para melhor caracterizar os efeitos cardiovasculares e colaterais do p-cimeno, para que essa substância possa ser utilizada para fins terapêuticos. 39 7.REFERÊNCIAS ACELAJADO, M.C.; CALHOUN, D.A. Resistant hypertension: who and how to evaluate. Current Opinion in Cardiology, p. 340-44, 2009. AGRA, M.F. et al. Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia, p. 472-508, 2007. AKATA, T. Cellular and molecular mechanisms regulating vascular tone. Part 1: basic mechanisms controlling cytosolic Ca2+ concentration and the Ca2+-dependent regulation of vascular tone. Journal of Anesthesia, p.220-231, 2006. ALTURA, B. M.; ALTURA, B. T. Differential effects of substrate depletion on drug induced contractions of rabbit aorta. 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