Artigo Bianca S ós-graduação Oncologia

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUI
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCVIDA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ONCOLOGIA
BIANCA SCHNEIDER DE JESUS
CÂNCER DO COLO UTERINO: AÇÕES PREVENTIVAS
REALIZADAS PELA EQUIPE DE SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA
Ijuí (RS)
2012
1
BIANCA SCHNEIDER DE JESUS
CÂNCER DO COLO UTERINO: AÇÕES PREVENTIVAS
REALIZADAS PELA EQUIPE DE SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Oncologia (2ª edição), Departamento de
Ciências da Vida (DCVida) da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (Unijuí), requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista em
Oncologia.
Orientadora: doutoranda Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz
Ijuí (RS)
2012
2
A comissão abaixo assinada aprova o presente Trabalho de Conclusão de Curso intitulado:
CÂNCER DO COLO UTERINO: AÇÕES PREVENTIVAS
REALIZADAS PELA EQUIPE DE SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA
elaborado por:
BIANCA SCHNEIDER DE JESUS
como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Oncologia.
COMISSÃO EXAMINADORA:
____________________________________________________________
Doutoranda Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz (Orientadora)
____________________________________________________________
Doutoranda Cleci Schmidt Piovesan Rosanelli
3
LISTA DE ABREVIATURAS
DST
–
Doenças Sexualmente Transmissíveis
HIV
–
Vírus da Imunodeficiência Humana
HPV
–
Vírus do Papiloma Humano
INCA
–
Instituto Nacional do Câncer
MS
–
Ministério da Saúde
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SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................... 5
ABSTRACT .............................................................................................................................. 5
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6
2 MÉTODO ............................................................................................................................... 8
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 9
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 14
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 15
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CÂNCER DO COLO UTERINO: AÇÕES PREVENTIVAS
REALIZADAS PELA EQUIPE DE SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA1
Bianca Schneider de Jesus 2
Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz 3
RESUMO
Objetivo: conhecer as ações preventivas desenvolvidas pela equipe de saúde em relação à
prevenção do câncer do colo do útero na atenção básica. Método: pesquisa qualitativa
descritiva realizada em um município da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –
Brasil, com 13 profissionais da equipe multidisciplinar. Os dados foram coletados no mês de
agosto de 2011 por meio de uma entrevista semiestruturada gravada em áudio tape e
posteriormente transcrita. O projeto obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Unijuí (Parecer Consubstanciado n. 110/2011). Resultados: uma categoria analítica que
aborda as ações preventivas realizadas pela equipe interdisciplinar, entre elas a realização do
exame citopatológico, orientações sobre prevenção das DST, principalmente o HPV.
Conclusão: a partir dos resultados obtidos foi possível conhecer as ações preventivas e de
diagnóstico precoce do câncer do colo uterino realizadas pela equipe de saúde, sendo a
orientação para prevenção das DST, principalmente o HPV, e a realização da coleta do exame
citopatológico os mais citados pela equipe. Os resultados contribuem para a melhora dos
indicadores do câncer do colo uterino no Brasil.
Descritores: Prevenção primária. Neoplasias uterinas. Atenção básica.
ABSTRACT
Objective: to know the injunctions developed by the team of health in relation to the
prevention of the cancer of the col of the uterus. Method: descriptive qualitative research
carried through in a city of the region the Northwest of the State of the Rio Grande Do Sul Brazil, where 13 professionals of the team to multidiscipline had participated of the study.
The data had been collected in the month of August of 2011 by means of an interview
semistructuralized recorded in audio it covers later transcribing e. The project got approval of
the Committee of Ethics in Research of the Unijuí (Parecer Consubstanciado n. 110/2011).
Results: an analytical category that approaches the injunctions carried through by the team to
interdisciplinar, between them the accomplishment of the citopatológico examination,
orientações on prevention of the DST, mainly the HPV. Conclusion: from the gotten results it
was possible to know the injunctions and of precocious diagnosis of the cancer of the uterine
col carried through by the health team, being the orientation for prevention of the DST,
mainly the HPV and the accomplishment of the collection of the citopatológico examination,
the most cited for the team.
Descriptors: Primary prevention. Neoplasias uterine. Basic attention.
1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Oncologia (2ª edição),
Departamento de Ciências da Vida (DCVida) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul (Unijuí), requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Oncologia.
2
Enfermeira, pós-graduanda em Oncologia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul. E-mail: [email protected].
3
Enfermeira, mestre em Saúde Coletiva e docente do Departamento de Ciências da Vida (DCVida) da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), Ijuí/RS. E-mail:
[email protected].
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1 INTRODUÇÃO
A incidência de câncer no Brasil e no mundo vem crescendo nos últimos anos. A
doença se tornou uma das principais causas de morte de indivíduos nas diferentes regiões do
país e o número de casos novos da doença aumenta consideravelmente a cada ano. O termo
“câncer” é utilizado genericamente para representar um conjunto de mais de 100 doenças,
incluindo tumores malignos de diferentes localizações (BRASIL, 2011).
Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) as estimativas para o Brasil
no ano de 2011 apontaram a ocorrência de 489.270 casos novos de câncer distribuídos entre o
sexo masculino (236.240) e o feminino (253.030) (BRASIL, 2011).
Segundo o Inca (BRASIL, 2011), o câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer
mais frequente entre mulheres, com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no
mundo, sendo responsável pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres anualmente.
Contudo, dentre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de
prevenção e cura quando o diagnóstico é feito precocemente.
Várias ações podem ser realizadas, principalmente na Atenção Primária, visando à
prevenção e detecção precoce do câncer do colo do útero. Algumas políticas públicas de
saúde surgiram no intuito de orientar os profissionais para que este trabalho seja realizado.
Esta ação implica em empenho por parte da equipe de saúde, que deve focar sua atenção na
prevenção e detecção precoce da doença. Orientações quanto ao uso de preservativo durante a
relação sexual e a importância do exame citopatológico são imprescindíveis para a redução
dos casos de câncer uterino.
Estas informações são reafirmadas pelo Inca (BRASIL, 2011), que defende que a
maioria dos casos de câncer do colo do útero é causada por um dos 13 tipos do HPV. Outros
fatores que contribuem para a etiologia desse tumor são o tabagismo, a multiplicidade de
parceiros sexuais, o uso de contraceptivos orais, a multiparidade, a baixa ingestão de
vitaminas, a iniciação sexual precoce e a coinfecção por agentes infecciosos, como o Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV) e Chlamydia trachomatis.
Diante deste cenário torna-se evidente que o câncer é um sério problema de saúde
pública no Brasil, sendo necessários recursos e esforços no sentido de orientar as estratégias
de prevenção e controle da doença mediante ações centradas na Atenção Primária.
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Prevenir o câncer implica em reduzir a exposição da população aos agentes
carcinogênicos, diminuindo assim as chances de ocorrência da doença. Para tanto, a
população deve ser informada e alertada sobre os fatores de risco da doença, possibilitando a
mudança de certos hábitos diários que estão relacionados ao seu desenvolvimento. Para isso é
fundamental a sensibilização dos profissionais da equipe de saúde e o comprometimento dos
mesmos com as ações estratégicas de prevenção do câncer. No Brasil, o exame citopatológico
é a estratégia de rastreamento recomendada pelo Ministério da Saúde, prioritariamente para
mulheres de 25 a 59 anos (BRASIL, 2011).
Por ser uma doença que apresenta grandes chances de prevenção e detecção precoce
por meio de ações na atenção básica, surgiu o interesse por este estudo, o qual tem como
objetivo geral conhecer as ações preventivas desenvolvidas pela equipe de saúde em
relação à prevenção do câncer do colo do útero.
Destaca-se que este estudo tem relevância social devido à alta incidência do câncer do
colo uterino. Os resultados do estudo poderão promover a conscientização dos profissionais
de saúde, bem como dos acadêmicos dos cursos de Saúde no sentido de realizarem ações
preventivas e de controle, buscando a prevenção e a detecção precoce desta patologia,
evitando assim o aumento do número de casos.
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2 MÉTODO
O presente estudo é de natureza qualitativa e descritiva. Realizado em um município
da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Brasil, contou com a participação de 10
profissionais que compõem a equipe multidisciplinar, entre eles médicos, enfermeiros,
técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Os critérios de inclusão para
participar do estudo foram: fazer parte da equipe multidisciplinar daquela unidade, ter 18 ou
mais anos de idade, aceitar fazer parte do estudo.
Para manter o anonimato dos participantes optou-se por identificá-los pela letra inicial
da sua profissão, sendo que quando esta se repetiu foram usados números para diferenciá-los.
Por exemplo: E1 e E2 para enfermeiro; M1, M2 e M3 para médico; A1, A2 e A3 para agente
comunitário de saúde; T1 e T2 para técnico de enfermagem.
Com relação à caracterização dos sujeitos, 70% (7) são do sexo feminino. A faixa
etária variou entre 24 a 52 anos, com média de 36,15 anos. Com relação à escolaridade dos
entrevistados, 50% possuem ensino superior e o restante são de nível médio. O tempo de
trabalho na instituição variou de 6 meses a 19 anos, com média de 8,3 anos.
Os dados foram coletados no mês de agosto de 2011 por meio de uma entrevista
semiestruturada gravada em áudio tape. As entrevistas foram interrompidas no momento em
que os dados tornaram-se repetitivos.
A análise dos dados se deu por meio dos pressupostos de Minayo (2005), que são:
ordenação dos dados, a leitura, a releitura e a organização dos relatos, a classificação dos
dados com identificação dos aspectos relevantes em relação ao tema do estudo e a análise
final, sendo que nessa última etapa emergiu uma categoria para análise.
Os aspectos éticos de pesquisa com seres humanos foram respeitados, obtendo-se
aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unijuí, mediante Parecer
Consubstanciado nº 110/2011.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a transcrição na íntegra dos depoimentos obtidos dos 10 trabalhadores da equipe
multidisciplinar, e consecutivas leituras e releituras do material, foi possível estruturar uma
categoria analítica que versa sobre: “Ações preventivas desenvolvidas pela equipe
interdisciplinar”.
O câncer do colo uterino representa grande parte dos tipos de câncer que acarretam a
população mundial. A cada ano surgem novos casos, embora seja uma patologia que pode ser
evitada se detectada precocemente por meio de ações preventivas realizadas pela equipe na
Atenção Básica.
Prevenir o aparecimento de um câncer é diminuir as chances de uma pessoa
desenvolver essa doença. Dessa forma, são afastados os fatores que propiciam o desarranjo
celular que acontece nos estágios iniciais da doença, considerados os fatores de risco. Além
disso, outra forma de prevenir o aparecimento de câncer é promover ações sabidamente
benéficas à saúde como um todo e que, por motivos muitas vezes desconhecidos, estão menos
associadas ao aparecimento desses tumores.
O câncer do colo do útero é uma doença crônica que pode ocorrer a partir de
mudanças intra-epiteliais e que podem, no período médio de 5 a 6 anos, se
transformar em processo invasor. Assim, a forma mais eficaz de controlar esse tipo
de tumor é diagnosticar e tratar as lesões precursoras (neoplasias intraepiteliais), e as
lesões tumorais invasoras em seus estágios iniciais, quando a cura é possível em
praticamente 100% dos casos (INCA-MS, 2000a, p. 355).
Nesse contexto, a prevenção e a detecção precoce do câncer do colo uterino devem ser
os principais objetivos da atenção básica para o controle da doença. As ações devem
promover a conscientização das mulheres para a realização periódica do exame citopatológico
para que haja um diagnóstico precoce quando houver alterações, bem como realizar as
orientações para a prevenção da doença. No depoimento que segue pode-se constatar que as
ações preventivas estão presentes no trabalho da equipe pesquisada.
[...] sempre oriento o quanto é importante a prevenção, porque toda a doença
tratada a tempo, diagnosticada em tempo tem como curar. (A2)
Denominam-se “prevenção primária” as ações voltadas para indivíduos assintomáticos
que objetivam evitar o câncer mediante o controle da exposição aos fatores de risco e
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rastreamento para as ações que objetivam detectar a doença em fase inicial. Ações que
identificam o câncer em estágio inicial nos indivíduos sintomáticos podem ser chamadas de
“diagnóstico precoce”. O conjunto de ações de rastreamento e diagnóstico precoce é
denominado “detecção precoce” (OMS, 2002 apud PARADA et al., 2008, p. 200).
A3 menciona que realiza ações de prevenção primária por meio da orientação sobre a
exposição aos fatores de risco da doença como, por exemplo, o tabagismo. A alimentação
balanceada é indicada quando menciona os fatores benéficos de proteção à saúde. As ações
para o diagnóstico precoce são citadas por meio da orientação para a realização do exame
preventivo.
[...] desenvolvo ações de prevenção do câncer do colo do útero orientando as
mulheres de algumas formas, dentre elas: manter uma alimentação balanceada [...].
O risco de mulheres fumantes desenvolver o câncer do colo do útero [...].
Questionar a periodicidade do exame preventivo do colo do útero, quando foi a
realização da última coleta do citopatológico. (A3)
O Ministério da Saúde publicou em 2002 um material educativo que trata das causas
do câncer de colo de útero. Segundo este estudo, são considerados fatores de risco de câncer
do colo de útero
a multiplicidade de parceiros e a história de infecções sexualmente transmitidas (da
mulher e de seu parceiro); a idade precoce da primeira relação sexual e a
multiparidade. Além desses fatores, estudos epidemiológicos sugerem outros, cujo
papel ainda não é conclusivo, tais como tabagismo, alimentação pobre em alguns
micronutrientes, principalmente vitamina C, beta caroteno e folato, e o uso de
anticoncepcionais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p. 13).
A3 ainda menciona em sua fala que realiza a orientação sobre a importância da saúde
sexual através do uso de preservativo, sendo esta, mais uma ação de prevenção primária.
[...] o estímulo do sexo seguro. O uso de preservativo durante todas as relações
sexuais, sendo esta uma das principais formas de evitar o contágio pelo HPV, vírus
com papel importante no desenvolvimento do câncer do colo do útero. (A3)
O uso de preservativo evita o contágio por muitas doenças sexualmente transmissíveis,
inclusive o HPV, que contribui significativamente para a formação das lesões precursoras do
câncer do colo uterino. A infecção pelo HPV tem sido associada diretamente com o câncer do
colo uterino, tanto pela população, quanto pelos profissionais de saúde. Apesar de existirem
inúmeros tipos de HPV, sendo alguns com baixo potencial de oncogenicidade, alguns tipos de
HPV são encontrados em 95% dos casos de câncer do colo uterino (BRASIL, 2006).
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A fala de M1 corrobora quando relata que o controle das DST está presente nas ações
de prevenção do câncer do colo uterino.
[...] sim, são feitas as seguintes ações: palestras sobre DST e câncer ginecológico;
encaminhamento para diagnóstico de DST; tratamento para as DSTs. (M1)
Embora o exame preventivo não tenha o objetivo de identificar DST, muitas vezes é
possível a identificação do agente ou de efeitos citopáticos sugestivos da sua presença que
podem aumentar o risco do câncer do colo uterino. Dessa forma, é aconselhável que mulheres
com DST sejam submetidas à citopatologia mais frequentemente pelo seu maior risco de
serem portadoras da doença ou de seus precursores, já que estudos de prevalência indicam que
mulheres com DST apresentam lesões precursoras do câncer do colo uterino cinco vezes mais
frequentemente do que aquelas que procuram outros serviços médicos, principalmente se
houver infecção pelo HPV (BRASIL, 2006).
Entre os fatores de risco para o surgimento do câncer cervical uterino e de suas lesões
precursoras, a infecção cervical por tipos oncogênicos do HPV tem sido estabelecida dentro
dos critérios de causalidade (SILVA et al., 2006).
A transmissão do HPV para o trato genital, preferencialmente, ocorre através do
contato sexual. Sendo assim, é de extrema importância educar a população quanto
ao modo de transmissão, a fim de se evitar a disseminação generalizada do vírus.
Para isso, é necessário enfatizar os métodos preventivos, bem como os
comportamentos de risco. [...] A educação visa tanto à prevenção quanto à detecção
precoce de uma doença. [...] Sendo assim, é importante realizar campanhas que as
conscientizem da necessidade de realizarem exames ginecológicos preventivos.
(SOUTO; FALHARI; CRUZ, 2005, p. 159).
Os sintomas provocados pelo HPV podem apresentar-se como lesões subclínicas
(inaparentes), visíveis apenas sob técnicas de magnificação e após aplicação de reagentes
como o ácido acético. As lesões clínicas podem ser planas ou exofíticas, também conhecidas
como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo. A infecção também pode ser
assintomática, podendo ser detectável por meio de técnicas moleculares. Já o diagnóstico do
condiloma vulvar é basicamente clínico, podendo ser confirmado por biópsia (BRASIL,
2006).
O período de latência pode variar de semanas a décadas, não sendo possível
estabelecer o intervalo mínimo entre a contaminação e o desenvolvimento das lesões. Fatores
como o estado imunológico e o tabagismo podem determinar a persistência da infecção e a
sua progressão para neoplasias intraepiteliais de alto grau (BRASIL, 2006).
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Entre a população regularmente rastreada o câncer cervical raramente irá se
desenvolver, mesmo na presença de infecção persistente pelo HPV, pois as lesões precursoras
de alto grau são precocemente detectadas e tratadas. (CRUZ; MELO, 2010).
Para E2, a realização do exame preventivo é de extrema importância e, muitas vezes, é
necessário fazer a busca ativa das mulheres que se negam a realizar a coleta do exame, o que
pode ser evidenciado na sua fala:
[...] desenvolvo ações, busca ativa para a realização do exame preventivo[...]
visitas domiciliares e apreveito estas saídas da Unidade para visitar aquelas
mulheres que nunca realizaram o exame preventivo, e que a Agente Comunitária de
Saúde vai até a sua casa, mas não consegue convencê-la [...] É um trabalho de
formiguinha, mas gratificante quando conseguimos, convencer uma senhora de 58
anos que nunca fez a coleta, e vem com história de dor no baixo ventre, e
sangramento vaginal há mais de 6 semanas, mas não se convencia da necessidade e
importância de realizar a coleta.
No Brasil, o exame citopatológico é recomendado como estratégia de rastreamento
para mulheres a partir de 25 anos, que já iniciaram atividade sexual, prosseguindo até os 64
anos de idade. Após essa idade são interrompidos se a paciente apresentou pelo menos dois
exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. O intervalo entre os exames deve ser
de três anos, após dois exames anuais consecutivos considerados normais (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2011).
Em virtude de a maior parte dos exames preventivos do colo do útero no Brasil ser
realizada em mulheres com menos de 35 anos, a identificação daquelas que estão na faixa
etária de maior risco, ou seja, acima dos 35 anos, especialmente aquelas que nunca realizaram
o exame, é o objetivo da captação ativa (BRASIL, 2006).
Através da fala de E1, T1 e T2 percebe-se que a realização do exame citopatológico é
uma das principais estratégias da equipe de saúde para o controle do câncer do colo uterino,
estando presente na maioria dos depoimentos:
A coleta do exame de citopatológico é realizada pelas enfermeiras na unidade três
vezes por semana através do agendamento e de acordo com a escolha da paciente,
do dia e horário que é de sua preferência [...] há orientação para a realização da
coleta anualmente para todas as mulheres durante as visitas domiciliares das
equipes (E1).
Faço orientações na unidade de saúde perguntando se as clientes já realizaram o
exame preventivo no ano. (T1).
No acolhimento é possível questionar e orientar as mulheres a respeito da
importância de estar com o exame citopatológico em dia (T2).
13
Muitas mulheres comparecem às unidades de saúde buscando outros serviços que são
oferecidos pela Atenção Primária. Os profissionais de saúde devem aproveitar a oportunidade
e examinar a situação de cada paciente em relação ao exame preventivo, reforçando a
necessidade da prevenção. Esta função esclarecedora cabe a todos os integrantes da equipe,
visando orientar e incentivar as mulheres para a realização da coleta do exame, não se
constituindo responsabilidade de um único membro da equipe (RIBEIRO; SANTOS;
TEIXEIRA, 2011).
Segundo publicação do MS, a principal estratégia utilizada no Brasil “para detecção
precoce/rastreamento do câncer do colo do útero é a realização da coleta de material para
exames citopatológicos cervico-vaginal e microflora, conhecido popularmente como exame
preventivo do colo do útero [...]” (BRASIL, 2006, p. 58).
A Atenção Primária desenvolve um trabalho fundamental, que é de prevenir e ter
controle da doença, fato este que muitas vezes necessita uma conversa exaustiva com a
população, tendo em vista que muitos possuem preconceitos e pré-concepções acerca dos
cuidados preventivos. Com a expansão da Estratégia de Saúde da Família (ESF) este trabalho
deve ser o principal objetivo desta equipe, pois o MS tem investido muito para que se faça
mais prevenção do que tratamento curativista.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se identificar neste estudo que a equipe realiza ações preconizadas pelo MS para
o controle do câncer do colo uterino como: orientações sobre a importância de manter uma
alimentação balanceada, a influencia do tabagismo sobre o câncer do colo uterino, a
orientação às mulheres a respeito do uso de preservativo para evitar o contágio pelas DST
principalmente o HPV, vírus com papel importante no desenvolvimento da doença. A coleta
do exame citopatológico ou papanicolau, embora seja uma ação de detecção precoce, foi
mencionada pela equipe como sendo uma forma de prevenção da doença, já que através da
realização do exame, em alguns casos doença pode ser diagnosticada na fase inicial
permitindo que a paciente receba tratamento em tempo hábil para que o câncer não se
desenvolva.
As atividades de âmbito preventivo são de importância e relevância para a equipe e os
pacientes assistidos, pois se estes fossem desempenhados em uma abrangência maior,
teríamos melhores indicadores de saúde e uma melhor qualidade de vida dos usuários da
atenção básica.
Se os profissionais da saúde não estivessem comprometidos com a saúde da
população, certamente os indicadores do câncer do colo uterino teriam características ainda
mais preocupantes. A equipe de saúde entrevistada esta comprometida com a promoção da
saúde realizando ações preventivas que colaboram para a redução dos indicadores de câncer
do colo uterino no país.
15
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