UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR O PAPEL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NA FORMAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS DO ALUNO DO CURSO DE ECONOMIA CRICIÚMA, AGOSTO DE 2006. ALEXSANDRA LINEMBURGER VENSON O PAPEL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NA FORMAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS DO ALUNO DO CURSO DE ECONOMIA Monografia apresentada à Diretoria de Pós-graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, para a obtenção do título de especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior. Orientador: Prof. Dr. Alcides Goularti Filho CRICIÚMA, AGOSTO DE 2006. “Percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos mas também ensinar a pensar certo.” Paulo Freire RESUMO Este trabalho teve o propósito de analisar e discutir o papel do professor universitário na formação das competências do aluno do Curso de Economia, tratando de verificar pontos para se atingir essas competências. A pesquisa foi feita com base em obras de diversos autores que possuem assuntos pertinentes ao tema, e também através de questionário aplicado a alguns docentes do Curso de Economia da UNESC, para saber a opinião dos mesmos sobre diversos pontos relevantes a pesquisa. Concluiu-se que existe a preocupação tanto dos autores pesquisados quanto dos professores questionados sobre a importância do educar por competências. Do desenvolver no aprendiz de economia a responsabilidade social e não somente técnica da profissão. Palavras-chave: educando. Competências; universidade; responsabilidade; educador; LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS COFECON – Conselho Federal de Economia CORECON – Conselho Regional de Economia FCEARJ – Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Rio de Janeiro UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense USP – Universidade de São Paulo LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 – Importante privilegiar a formação técnica.........................................34 Gráfico 02 – Aptos a aprender mais......................................................................35 Gráfico 03 – O papel da universidade é articular conhecimentos.........................35 Gráfico 04 – A repetição do conhecimento já adquirido........................................36 Gráfico 05 – Ser professor é ensinar a aprender..................................................36 Gráfico 06 – Criticar, elogiar, reconstruir é papel do professor.............................37 Gráfico 07 – Metodologia/Programação deve ser.................................................37 Gráfico 08 – O tempo de aprendizagem de cada aluno deve ser.........................38 Gráfico 09 – O papel do professor em sala de aula..............................................38 Gráfico 10 – Provocar o aluno a aprender a aprender..........................................39 Gráfico 11 – O conhecimento pronto e acabado...................................................39 Gráfico 12 – Desenvolver a técnica de ensinar a aprender...................................40 Gráfico 13 – A formação do aluno do curso de economia.....................................40 Gráfico 14 – O espírito econômico-político crítico.................................................41 Gráfico 15 – Formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho..............42 Gráfico 16 – Incutir no aluno de economia virtudes intelectuais e morais.............42 LISTA DE ANEXOS Anexo 01 – Questionário Aplicado Com Professores ...........................................48 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................10 1.1 Delimitação do Problema .............................................................................10 1.2 Objetivos .......................................................................................................12 1.2.1 Objetivos Gerais .......................................................................................12 1.2.2 Objetivos Específicos ..............................................................................12 1.3 Justificativa ..................................................................................................12 1.4 Referencial Teórico .....................................................................................13 1.5 Metodologia ..................................................................................................15 1.6 Estrutura do Trabalho .................................................................................15 2. O PROFISSIONAL DE ECONOMIA ................................................................17 2.1 O início do ensino de economia no Brasil ................................................17 2.2 Atribuições do Economista na Sociedade ................................................18 2.3 Legislação ....................................................................................................19 2.4 Requisitos ....................................................................................................20 2.5 Campo de Trabalho .....................................................................................20 2.5.1 Consultor ..................................................................................................20 2.5.2 Analista .....................................................................................................21 2.5.3 Gestor ........................................................................................................21 2.6 Currículo .......................................................................................................22 2.7 Remuneração ...............................................................................................22 2.8 As atribuições não clássicas do Economista na sociedade ...................22 3. O PAPEL DO EDUCADOR MEDIADOR .........................................................24 3.1 Dados comparativos dos formados nos cursos de graduação ..............24 3.2 A responsabilidade do ensino superior ....................................................25 3.3 A didática e a formação do educador ........................................................26 3.4 Ensinar a aprender ......................................................................................27 4. AS COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL DE ECONOMIA ..........................29 4.1 O adulto enquanto ser que aprende ..........................................................29 4.2 Construir competências ..............................................................................30 4.3 Mudanças nas práticas pedagógicas ........................................................31 4.4 Bons economistas ou economistas bons .................................................32 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ....................................................34 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................44 REFERÊNCIAS ....................................................................................................46 ANEXOS .......................................................................................................47 – 50 10 1. INTRODUÇÃO A presente monografia tem o objetivo de analisar a importância do papel do professor universitário na formação das competências do aluno do curso de economia, para que este se torne um profissional na sua área de atuação, que vise a responsabilidade social e não somente a parte técnica e operacional da profissão. 1.1 Delimitação do problema Desde muito se discute o papel do professor na formação de seus alunos. O professor é visto como uma figura importante e fundamental, desde a educação infantil até a universitária. O que será discutido aqui será o papel do professor universitário na formação das competências de seus alunos, dentro do Curso de Economia. Até onde ele pode influenciar na boa formação profissional e também pessoal desses alunos. A formação técnica e a transmissão de conhecimentos foram por muito tempo valorizados. O aluno tinha que sair da universidade pronto para o mercado de trabalho, com conhecimentos técnicos para contribuir ao máximo na sua profissão. Hoje a função da universidade na vida dos alunos vai mais além, apresentando a sua responsabilidade social. Responsabilidade de formar cidadãos conscientes, críticos e formadores de opinião. Com isso a função do professor universitário vai além do que simplesmente formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho. Junto com a universidade, ele agora tem o papel de ajudar a construir as competências do aluno. 11 O conhecimento técnico é apenas mais um dos vários itens que ajudam a formar essas competências. E o professor universitário tem que ser detentor de todos esses itens. Neste contexto, está situado o problema de pesquisa: O professor universitário está consciente de que é responsável por desenvolver competências nos seus alunos de Economia e não é somente um transmissor de conhecimentos? No detalhamento deste problema, apresentam-se algumas questões norteadoras: a) Ensinar a aprender é uma importante valorização do ensino superior. Como o professor pode desenvolver essa técnica nos seus alunos de Economia? b) Como pode o professor contribuir para despertar em seus alunos o espírito econômico-político crítico? c) Como fazer com que os alunos do Curso de Economia tenham consciência de que a sua formação vai além do saber técnico, tendo responsabilidade político-social diante da sociedade? Para responder a estas questões toma-se por hipótese: Sabe-se que o ensino tradicional, carregado de métodos convencionais está ainda muito presente na educação. Os próprios alunos ao entrarem no ensino superior, trazem consigo a expectativa de que terão fórmulas prontas de conhecimento e técnicas profissionais que darão a eles credibilidade no mercado de trabalho. O professor consciente de seu papel na formação desses alunos, mostrando a eles que a economia está presente em todos os lugares e na vida de 12 todos, terá que despertar nesses alunos, estudantes de economia, o espírito do querer mais, da consciência crítica em busca do novo saber, zelando pelas suas competências. 1.2 Objetivos São propósitos deste estudo tanto em âmbito geral quanto específico. 1.2.1 Objetivo Geral Analisar a formação das competências do aluno do Curso de Economia, considerando esta como um elemento importante para sua formação. 1.2.2 Objetivos Específicos • Identificar os principais itens que fazem parte da formação das competências; • Descrever quais as dificuldades encontradas hoje, pelo professor, para se chegar as essas competências; • Analisar a formação dessas competências no processo de aprendizagem, considerando o elemento fundamental da formação desses alunos. 1.3 Justificativa O bom desempenho do profissional de economia não é um fim em si mesmo. Além de seus conhecimentos técnicos e específicos da área econômica, ele 13 deve apresentar competências nas diversas situações complexas e imprevisíveis colocadas no seu dia-a-dia profissional e até pessoal. Essa preocupação está situada no que se costuma chamar de construção de competências, que deve vir na sua formação universitária, mais especificamente do seu curso. Sendo graduada no Curso de Economia, percebi e ainda percebo nos alunos de hoje em dia, o quanto muitos professores deixam a desejar na formação de competências. É muito importante que o professor saiba aonde quer chegar, o que quer trabalhar e o que quer confrontar com seus alunos para que esses saiam verdadeiros profissionais “competentes” de economia e acima de tudo cidadãos críticos, formadores de opinião. 1.4 Referencial teórico Algumas obras chamam a atenção pela maneira com que o autor tem de tratar das mais diversas problemáticas. Relativo ao tema abordado nessa monografia, algumas obras chamam atenção. A começar pela obra “O papel da didática na formação do educador” de Cipriano Luckesi (1986), que chamou a atenção por abordar o educador como um construtor de história. Mas, que para isso, deve agir conscientemente. Coloca que a prática educacional não poderá nunca, ser uma prática burocrática. Ela deve ser feita com responsabilidade, comprometimento e paixão. 14 Diz que o educador não vai estar completamente formado, acabado como profissional. Sua preparação se dá no seu cotidiano, na meditação constante da sua prática, e que educador e educando, agindo em conjunto, desenvolvem o conhecimento que nunca será acabado. A didática no papel de formação do educador tem que ser aquela longe de separar teoria e prática. Deve ser um forte elo entre as opções filosófico-político da educação, os conteúdos profissionalizantes e o exercício dia-a-dia na educação. Deve ser também, um elo tradutor de posicionamentos teóricos em práticas educacionais. Enfim, para Luckesi, somente assim a didática exercerá seu papel no que diz respeito à formação do educador. Outra obra de relevância na construção dessa monografia: “O mito da neutralidade científica” de Hilton Japiassu (1975) descreve que é dever da escola e dos educadores produzir conhecimento através da dúvida, da investigação. O conhecimento pronto, acabado, não questionado não condiz com a missão da escola. Formar a inteligência, inventar e reinventar conhecimentos, fazer com que o educando duvide, questione, queira o novo e não fique alheio ao saber pronto e inquestionável. Formar cidadãos críticos, examinadores de tudo o que lhes é passado em sala de aula. Para o educador é indispensável à crítica sobre si mesmo, seu espírito de análise constante. Para o educando o indispensável é o interesse pela pesquisa, o espírito de busca pelo novo, pelo conhecimento. Enfim, ensinar a aprender, a construir ou a reconstruir. Para Japiassu, esse é o papel do educador. 15 Inspirada nestas e em outras obras do gênero é que busquei fundamentar esta monografia, com o intuito de contribuir para o melhoramento do papel do professor do Curso de Economia. 1.5 Metodologia A pesquisa a ser realizada para a construção dessa monografia é do tipo básica de natureza bibliográfica, qualitativa, exploratória, descritiva e analítica. O local para o levantamento de dados será a UNESC, na cidade de Criciúma, no Curso de Economia. Após o levantamento das informações, as mesmas serão posteriormente, categorizadas e interpretadas à luz da análise de conteúdo. 1.6 Estrutura do trabalho A presente monografia está organizada em 6 capítulos. O primeiro capítulo é a introdução do trabalho, onde são apresentados o problema de pesquisa, os objetivos, a justificativa, o referencial teórico, a metodologia e os procedimentos de desenvolvimento do trabalho. O segundo capítulo vem descrever o início do ensino de economia no Brasil e falar do profissional de economia. Suas funções, legislação, requisitos para sua atuação, campo de trabalho, currículo e remuneração. Tudo para dar uma breve noção do que é e o que faz o profissional de economia. O terceiro capítulo vem mostrar a situação do ensino superior no Brasil, a responsabilidade que o mesmo tem ou deveria ter para a formação de seus alunos, 16 a importância da didática para o educador e como ele não é o único responsável pela aprendizagem de seus educandos. O quarto capítulo é o de maior relevância para o tema abordado na monografia. Fala das competências do profissional de economia, de como construir essas competências, que mudanças são necessárias na prática pedagógica para que o aprendiz de economia se torne competente como profissional que será futuramente, e da responsabilidade social do economista. O quinto capítulo apresenta uma pesquisa feita com docentes do Curso de Economia da UNESC e uma análise gráfica dos resultados. No sexto e último capítulo estão as considerações finais que encerra o trabalho dando a conclusão para o mesmo. Por fim, seguem as referências bibliográficas e os anexos. 17 2. O PROFISSIONAL DE ECONOMIA 2.1 O início do ensino de Economia no Brasil No século XVIII está a origem do ensino de Economia no Brasil, através das Aulas de Comércio instituídas em meio às transformações sociais e econômicas nos quase trinta anos de poder (1750-1778) de Sebastião José de Carvalho e Mello, o Marquês de Pombal. Convém destacar também, a participação de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu (1756–1835), que é considerado o decano dos economistas e o primeiro a demonstrar interesse pelo ensino de Economia no Brasil, pois foi ele que trouxe ao conhecimento dos brasileiros, as bases da Economia de Adam Smith lançadas na Inglaterra pouco antes. Em 1804 o Visconde de Cairu publicou Princípios de Economia Política, obra inspirada nos princípios do liberalismo econômico de Adam Smith, que muito influenciou seu pensamento. No final de 1820, foi implantada a cadeira de Economia Política no curso de Direito. Em 1856, a “Aula de Comércio da Corte” já implantada em 1809 recebeu um novo estatuto administrativo e programático, pelo decreto nº 1.763 de 14 de maio e passou a chamar-se Instituto Comercial do Rio de Janeiro, abrindo assim, condições para a criação de outros institutos em outras cidades. Em 1902, o Instituto Comercial do Rio de Janeiro foi substituído pela Academia de Comércio do Rio de Janeiro, que através do decreto nº 1.339 de 9 de Janeiro de 1905, foi declarada utilidade pública, tendo reconhecidos os diplomas por ela conferidos. 18 Em 1905 é que através do ensino técnico comercial se deu o primeiro curso superior de Economia. Até então, a Ciência Econômica estava agregada somente aos cursos de direito e engenharia. No ano de 1909, foi criada a “Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro”, primeira faculdade de Economia. Ela funcionava sob respaldo oficial, já que o ensino das Ciências Econômicas e Comerciais só foi homologado em 20 de maio de 1926, pelo decreto nº 17.329. No entanto, esse decreto durou pouco tempo, já que em 30 de julho de 1931 foi promulgado o decreto nº 20.158, que reformulava todo o ensino comercial brasileiro. Com isso, o ensino da Ciência Econômica foi bastante ampliado e incorporado a vários cursos técnicos, representando a sua importância na formação dessas carreiras. Mas em 1945 foi dado o maior passo para a efetivação do ensino de Economia no Brasil. No dia 22 de setembro foi promulgado o decreto nº 7.988 que criou o curso de Economia na Universidade do Brasil. Um novo currículo de Economia foi fixado e adotado em todo o país. No ano seguinte, um outro passo e não menos importante foi dado: Em 1946, mais precisamente em 24 de janeiro, o decreto nº 8.815 fixou os termos da primeira etapa do processo de federalização da FCEARJ. A Universidade do Brasil incorporava a faculdade, que passaria a denominar-se Faculdade Nacional de Ciências Econômicas. Estava assim implantado o primeiro curso universitário de Economia do Brasil. (CASTRO, 2001, p.36) 2.2 Atribuições do Economista na sociedade As funções clássicas do economista são a elaboração de projetos de viabilidade econômico-financeira e a análise de investimentos e financiamentos. 19 Assim, ele pode atuar como especialista no setor público ou como consultor no setor privado. Mas a habilitação é pré-requisito indispensável, de acordo com a lei. 2.3 Legislação A Lei 1.411/51 assegura, e o Decreto 31.794/52 regulamenta, o exercício destas funções por economistas. Isto há mais de meio século. E faz 49 anos que o COFECON reforçou esta prerrogativa, com a edição da Resolução 67, de 14 de outubro de 1957, dispondo sobre o exercício das atribuições privativas da profissão. “Art. 2º - São inerentes ao campo profissional do economista, de conformidade com a legislação pertinente, as seguintes atividades: I – Planejamento, projeção, programação e análise econômico-financeira de investimentos e financiamentos de qualquer natureza, tais como: Estudos preliminares de implantação, localização, dimensionamento, alocação de fatores, análise e pesquisa de mercado; Orçamentos e estimativas, bem como fixação de custos, preços, tarifas e quotas; Fluxos de caixa; Viabilidade econômica, otimização, apuração de lucratividade, rentabilidade, liquidez e demonstração de resultados; Organização; Tudo o mais que, consoante os artigos 1º e 2º, integre planos, projetos e programas de investimentos e financiamentos”(COFECON, 1999). No dia 2 de agosto de 1974, a Resolução nº 860, do COFECON, conceitua, classifica e regulamenta os serviços complementação à Resolução 67/57. profissionais do economista, em 20 2.4 Requisitos Os requisitos mínimos para o exercício da profissão de economista nestas áreas incluem o registro e a situação regular no CORECON, bem como a capacitação técnica. A mesma Resolução 67/57, em seu art. 4º, dispõe sobre as infrações previstas, em especial no art. 47 da Lei das Contravenções Penais. Quem exercer a profissão, ou anunciar que a exerce, sem cumprir as exigências da lei, fica sujeito à prisão simples de 15 dias a três meses ou multa pecuniária. 2.5 Campo de trabalho Segundo o COFECON, são três as atividades que se destacam no campo de atuação do profissional de economia em projetos de viabilidade econômica e financeira e em análises de investimentos e financiamentos: consultor, analista e gestor. 2.5.1 Consultor O economista, nas empresas, pode atuar como consultor interno ou externo. As áreas vão do planejamento e programação até a análise econômica e financeira de investimentos. Ele também pode elaborar projetos de viabilidade econômicofinanceira para implantar, expandir, modernizar, redirecionar, melhorar a qualidade e produtividade e o desenvolvimento tecnológico. Ainda para empresas, e também para particulares, é qualificado para fazer avaliações econômicas patrimoniais ou a 21 preços de mercado. É apto também para fazer avaliação do valor econômico de marcas e patentes e em trabalhos para encontrar o equilíbrio econômico e financeiro de contratos, cisões, incorporações e fusões. Outras atividades também são os estudos que envolvem política de importação, exportação ou cambial, política fiscal e tributária e os que determinam o poder de pagamento de pessoas físicas ou jurídicas e prestação de contas. 2.5.2 Analista O economista pode ser analista de projetos de viabilidade econômica e financeira em organizações públicas e privadas, instituições de fomento, bancos de investimento e carteiras de desenvolvimento de instituições financeiras nacionais ou internacionais. Também em entidades de apoio empresarial e órgãos de representação setorial. Mais recente e não menos importantes, são as atividades de analista econômico de projetos ecológicos e de impactos ambientais. 2.5.3 Gestor Outra atividade do economista está na gestão de fundos de investimentos e carteira de recursos de instituições financeiras, seguradoras, fundos de pensão e entidades de previdência pública e privada. 22 2.6 Currículo O currículo certamente pesa na escolha do empregador quando vai contratar um economista. São várias as disciplinas da grade curricular do curso de Economia que o habilitam a elaborar projetos de viabilidade econômica e financeira e análises de investimentos e financiamentos. Entre tais disciplinas estão: teoria macroeconômica e microeconômica; moedas e bancos; política monetária; mercado financeiro e de capitais; análise econômica e financeira; pesquisa de mercado; contabilidade; formação e análise de custos; fundamentos de direito comercial e direito tributário, e administração. Todos estes conhecimentos específicos e mais uma visão global do cenário nacional e mundial fazem total diferença na profissão do economista. 2.7 Remuneração Quando há vínculo empregatício, a remuneração segue a política salarial da instituição. Em consultorias, é comum cobrar um percentual sobre o valor do investimento ou por hora-técnica. A Tabela de valores de indicativos para honorários de consultoria de projetos, estabelecida pelo COFECON na Resolução 1.597, de 9 de setembro de 1992, pode servir de referência. 2.8 As atribuições não clássicas do Economista na sociedade Como se pôde observar anteriormente, as funções clássicas do Economista são a elaboração de projetos de viabilidade econômico-financeira e a 23 análise de investimentos e financiamentos, onde se destacam três atividades: consultor, analista e gestor. Mas há também, outras atividades atribuídas aos economistas. Estas estão no campo da pesquisa, do magistério, do jornalismo especializado. Outras mais tratam da riqueza coletiva, do interesse social ou bem comum. O que vem a seguir, tratará do profissional de Economia nas áreas da pesquisa, e principalmente, do magistério que são as atividades relevantes para esse trabalho. 24 3. O PAPEL DO EDUCADOR MEDIADOR 3.1 Dados comparativos dos formados nos cursos de graduação O sistema universitário brasileiro surgiu em 1934 com a USP, que foi a primeira universidade organizada em torno do ensino, da pesquisa e da extensão. Seu modelo se deu através do europeu, principalmente o francês e o alemão. Segundo Rui José Zanette (2005, p. 21), a evolução do crescimento das matrículas nas instituições de ensino superior no Brasil é a seguinte: 1960: 95.691 (sendo 42.067 – 44% na rede particular); 1970: 425.478 (214.865 – 50% na rede particular); 1980: 1.377.286 (885.054 – 64% na rede particular); 1990: 1.540.080 (961.455 – 63% na rede particular); e 1994: 1.661,034 (970.584 – 58% na rede particular). O grande aumento das ofertas de vagas nas universidades particulares se deu por vários motivos. Desde a Reforma Universitária de 1968 (lei nº 5.540/1968), o Governo Federal facilitou muito a criação de cursos superiores isolados particulares, como uma forma de suprir a demanda de vagas que as escolas públicas não davam conta, a desobrigação do Estado em incrementar o ensino superior na época permitiu a constituição de um forte setor de faculdades particulares, verdadeiras e poderosas empresas que, ao se constituírem em universidades, passaram a disputar as verbas públicas brasileiras com as instituições do Estado, mesmo apresentando uma qualidade muito aquém (VAIDERGORN apud ZANETTE, 2005, p. 22). O rápido crescimento das Instituições Particulares de Ensino Superior permitiu certo descontrole da prática de ensino destas. A relação aluno, professor e escola passaram a segundo plano, onde primeiramente observa-se o lucro. 25 3.2 A responsabilidade do ensino superior O que ainda se pode observar, é que existem várias Instituições de Ensino Superior que tem no seu significado maior, a importância do ensino, onde os educandos decoram as matérias somente para irem bem nas provas. O ensinar através da ludicidade não é tido como preferência entre os educadores por comodismo, ou por medo do novo. O construtivismo é muito importante na educação atual. O educando deixa de ser um receptor de informações e torna-se um agente ativo na construção do seu conhecimento, desenvolvendo suas habilidades e competências com o educador agindo como mediador do processo de aprendizagem. O que ainda está se encontrando no educando do ensino superior é a procura pela nota, sem a preocupação com o saber. [...] é muito comum ainda encontrar nas Instituições de Ensino Superior alunos que estudam apenas para prestar exames e elaborar trabalhos que valem nota, barganhando com os professores insignificantes resultados da transferência de conhecimentos (BOCHNIAKI apud ZANETTE, 2005, p. 45). Sabe-se que, o ensino tradicional, carregado de métodos convencionais esta ainda muito presente na educação. Os próprios educandos ao entrarem no ensino superior, trazem consigo a expectativa de que terão formulas prontas de conhecimento e técnicas profissionais que darão a eles credibilidade no mercado de trabalho. Ao optar pelo simples conhecimento teórico, o educando passa a ser um simples reprodutor acrítico do que é passado pelo educador. Ele geralmente decora ou copia as teorias que lhe são apresentadas. Questionar vai além disso. Através da análise e síntese numa visão pósdisciplinar, estimula-se à participação, a busca e o saber mais. Trabalhar esta visão 26 em aula provavelmente dispensa os meios de punir ou gratificar o educando para que ele cumpra o que foi proposto no plano de ensino. A associação do ensino ao prazer e a satisfação de aprender mais, por intermédio da busca é o desejo de qualquer Instituição de Ensino Superior que trabalhe visando à responsabilidade social e não somente o lucro. 3.3 A didática e a formação do educador Não é somente a educação a responsável pela criação de um modelo social, mas é ela que atua dentro de um modelo social existente ou ainda por existir. O educador deveria ser um construtor de historia. Mas para que seja esse construtor, tem que agir conscientemente para a construção de um projeto de desenvolvimento do povo, da nação. A prática educacional não poderá ser burocrática. Ela deve ser feita com responsabilidade, comprometimento e paixão. Formar o educador é criar condições para que ele se prepare filosófica, científica, técnica e afetivamente para o que vai exercer. O educador não deve se sentir completamente formado, acabado como profissional. Sua preparação se dará no dia-a-dia, na meditação constante de sua prática. Educador e educando, agindo em conjunto, desenvolvem o conhecimento que nunca estará acabado, mas sempre em reconstrução. A didática na formação do educador deveria ser aquela longe de separar teoria e prática, para não haver distorções entre o que fazer e como fazer. Deveria ser um elo entre as opções filosófico-políticas da educação, os conteúdos profissionalizantes e o exercício dia-a-dia na educação. Deveria ser também, a 27 tradução de posicionamentos teóricos em práticas educacionais. Assim, a didática exerceria seu verdadeiro papel no que diz respeito à formação do educador. 3.4 Ensinar a aprender A idéia de educador mediador surgiu com o desenvolvimento, a partir da década de 70, da “pedagogia progressista”, caracterizada por uma nova relação educador-educando e pela formação de cidadãos participativos e preocupados com a transformação e o aperfeiçoamento da sociedade. Dessa forma, a função do educador deixa de ser o de difundir conhecimento para exercer o papel de provocar o educando a aprender a aprender. Esse conceito também está presente na perspectiva da escola cidadã, idealizada por Paulo Freire, na qual o educador deixa de ter um caráter estático e passa a ter um caráter significativo para o educando. Na minha vida de estudante, lembro de vários exemplos de educadores. Desde os irremediáveis conhecedores do produto técnico e acabado, até os investigadores, incentivadores da análise crítica. Certamente aprendi com os dois. Mas, é inquestionável que os investigadores foram os que fizeram a diferença na minha vida pessoal e cultural. Com eles, consegui uma transformação a nível intelectual, cresci como cidadã e aprendi a ser crítica e não absorver tudo que me é informado, principalmente pela mídia dominante presente hoje no mundo, sem fazer uma análise crítica antes. O educador deveria ser alguém que faria a diferença na vida dos seus educandos. Deveria incentivar neles o desejo pelo novo, pela prática de questionar e criticar, significando uma atitude e um comportamento do docente que se coloca 28 como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos. Para Freire (1996, p. 23), quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa. O conhecimento pronto, acabado, não questionado não condiz com a verdadeira missão da escola. Formar a inteligência, inventar e reinventar conhecimentos, fazer com que o educando duvide, questione, queira o novo e não fique alienado ao saber pronto e inquestionável. Formar cidadãos críticos, examinadores de tudo o que lhes é passado. Para o educador é indispensável à crítica sobre si mesmo, seu espírito de análise constante. Ele deveria despertar no educando o interesse pela pesquisa, o espírito de busca pelo novo, pelo conhecimento. Se o educador tem algo a "ensinar" ao educando, creio que se trata de um "ensinamento" que o leve a compreender que é ele mesmo quem deve assumir sua própria educação; cabe a ele fazer dela sua obra fundamental e original, única e intransferível. Ninguém se educa, como ninguém cria com idéias dadas. Ensinar a aprender, a se construir ou a se reconstruir: eis o papel do educador (JAPIASSU, 1975, p. 153). O conhecimento se dá por vários aspectos associados. Pesquisa, leitura, experiências vividas e principalmente a dúvida, vêm contribuir para a produção de novos conhecimentos. O educando aprende quando vai além do que lhe é passado em sala de aula. Quando ele passa a ter dúvidas e vai atrás do esclarecimento para elas. Quando ele duvida, pergunta, pesquisa, traz novas opiniões, idéias e informações. A opinião própria, e a crítica ao que lhe é informado são requisitos que fazem do educando um formador de opinião. A partir daí, o processo de aprendizagem está completo, mas nunca no sentido de acabado, pois ele é constante e inacabado. 29 4. AS COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL DE ECONOMIA 4.1 O adulto enquanto ser que aprende e ensina Ao iniciar no ensino superior, o educando tem 17 anos no mínimo, isto é, já é um adulto. O adulto, por sua vez, apresenta características que distinguem seu aprendizado de uma criança ou adolescente. Diferente da criança ou do adolescente, o adulto tem seu raciocínio ainda em condições de mudança. Sua curiosidade e abertura a novas experiências estão intimamente ligadas a contribuição ao seu lado profissional. O adulto ingressa na universidade com conhecimentos mais sólidos e quer aprender aquilo que lhe for útil no seu dia-a-dia. Ele vem com a expectativa de unir teoria e prática no seu aprendizado totalmente voltado ao campo operacional. Segundo Nunes Lins (2000, p. 17), os especialistas em educação de adultos ensinam que é fundamental mobilizar as experiências e vivências dos alunos para conseguir interessá-los e envolvê-los e, assim, lograr sucesso no processo de aprendizagem. É aí que entra o educador para transformar o pensamento do educando, através de uma conduta docente correta. Despertar nele o interesse pelo lado técnico, operacional da profissão, mas também, o interesse pelo social, pela mudança da sua vida particular e da sociedade que o envolve. ...seu papel não é ensinar, mas ajudar o aluno a aprender; não é transmitir informações; mas criar condições para que o aluno adquira informações; não é fazer brilhantes preleções para divulgar a cultura, mas organizar estratégias para que o aluno conheça a cultura existente e crie cultura (ABREU e MASETTO apud NUNES LINS, 2000, p. 15). 30 Faze-lo sair da universidade um ser humano diferente do que entrou. Consciente, pensante, formador de opinião. Enfim, um cidadão novo, com idéias novas e novos ideais. Está lançado um grande desafio. 4.2 Construir competências Segundo Philippe Perrenoud em sua obra Construir as competências desde a escola (1999, p. 52), “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar uma série de situações”. O papel do educador vai mais além do que simplesmente formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho. Junto com a universidade, ele tem o papel de ajudar a construir as competências do educando. O conhecimento técnico é apenas mais um dos vários itens que ajudam a formar essas competências, e o educador tem que ser detentor de todos eles. O educador deveria intervir no aprendizado do educando ajudando a construir suas competências para que ele saiba o que fazer nas diversas situações complexas e imprevisíveis colocadas no seu dia-a-dia profissional e até pessoal. A preocupação em construir competências deve vir na formação universitária. Desenvolver competências não é simplesmente seguir um programa. É muito importante que o educador saiba aonde quer chegar, o que quer trabalhar e o que quer confrontar com seus educandos para que esses saiam verdadeiros profissionais técnicos e acima de tudo cidadãos melhores, críticos, formadores de opinião, enfim, competentes. 31 4.3 Mudanças nas práticas pedagógicas Qualquer mudança possui um caminho a ser percorrido. Uma mudança que implique em uma mudança de mentalidade, trará sem sombra de dúvidas, muito mais dificuldade para ser completada. Para que ocorram mudanças no processo pedagógico, deverá acontecer em primeiro lugar uma mudança muito grande na visão daqueles que compõem a “parte pensante” da educação. Essa mudança seria uma conseqüência de uma nova visão de cidadania, onde as pessoas são ensinadas a pensar. Onde se aprende que questionar é necessário e importantíssimo para que ocorra crescimento. Sendo os próprios educadores ensinados a executar aulas, a transmitir conhecimentos, seria motivo para se acreditar que enquanto a elite pensante não repaginar sua prática pedagógica, não haverá uma mudança responsável pela sua atuação como tal. A resistência à mudança é muito grande e lógica. O normal do educador é não ter vontade de alterar aquilo que convencionalmente se estabeleceu como certo e que está apto a desenvolver, por aquilo que é novo, desconhecido. Ele tem medo de não ter domínio e principalmente de estar desenvolvendo habilidades e competências em seus educandos, que poderão trazer complicações imediatas e futuras para sua prática profissional. O que temos hoje no ensino superior é uma educação pensante voltada para as competências individuais, sem práticas de domínio no saber e posturas castradoras e opressivas, enquanto que o que deveríamos ter é uma civilização socializada e igualitária em todos os fatores, com direitos iguais e justiça absolutamente isenta de preconceitos. 32 Infelizmente, ainda haverá de passar muito tempo até que um número significativo de cabeças pensantes pense em uma educação consciente, viva, real, que se disponha a educar construindo competências. 4.4 Bons economistas ou economistas bons Acerca do profissional de economia, existe a precisão de identificar sua necessidade e também sua espécie. Digo isso, pois há os economistas que produzem economia e os que pensam, professam e promovem economia. Todos eles podem ser bons economistas, mas resta saber, se são economistas bons. Os bons economistas são aqueles que saem da universidade com bagagem técnica para adentrar no mercado de trabalho. São os técnicos ou, como diria Armando Dias Mendes em sua obra O Economista e o Ornitorrinco (2001), operadores das atividades econômicas, isto é, produzem economia na indústria, no comércio, nos serviços, no mercado financeiro, enfim, em todos os setores que geram e produzem riquezas. Já os economistas bons, saem da universidade com uma bagagem a mais. Uma bagagem carregada de virtudes intelectuais e morais para agir na conjuntura social. Daí a importância de não privilegiar somente a formação técnica no curso de economia, mas também dar ao educando uma formação filosófica e científica. É aí que entra o papel do educador. Ensinar o educando a pensar economia e sobre economia. 33 Os economistas dignos desse nome, ao contrário dos manobristas da Economia, sem desprezar os meios preocupam-se, sobretudo, com os fins da vida econômica. Assim, as preocupações do economista cientista e do economista político ou social transcendem o campo do estritamente econômico. As preocupações dos técnicos em Economia, bem ao contrário, são eminentemente imediatistas, de natureza puramente... técnica, mecânica – em busca de pródigas recompensas econômicas. Seu ídolo é a eficiência, sua paixão é a produtividade, sua vitória final seria obter o máximo de produto usando o mínimo de fatores de produção – produzir, quiçá, o infinito a partir do nada. A suprema glória. O Grande Economista é, ao contrário e a essa luz, verdadeiro Cientista, e advertidamente ou não, mais do que cientista, Filósofo e Político. Leva ele em conta variáveis estranhas ao campo estrito da Economia. Sua tendência é para a interdisciplinaridade. Seu trabalho tem um nítido propósito macro, não apenas econômico, mas social. O pequeno técnico, ao contrario, é o puro especialista a serviço de um programa ou projeto individual, micro. Os fundamentos maiores deste não lhe interessam. Interessam-lhe metas específicas, mercadologicamente positivas, et pour cause os meios de que precisa valer-se. As deseconomias eventualmente resultantes não são desafio seu, mas dos administradores, dos políticos, dos intelectuais – assim como também dos profetas ou de visionários em geral. Seu orgulho é ser realista, objetivo, eficiente – sempre em termos do seu asséptico e aético micromundo crematista/catalático (DIAS MENDES, 2001, p. 16). O educador do curso de economia deveria ter o cuidado de incutir no educando virtudes intelectuais e também as morais. Diante disso, o economista resultante estará não só habilitado para o exercício de sua profissão como um bom economista dever estar, mas será também um economista bom, carregado de ética e compassividade. “O ideal é que bons economistas sejam igualmente economistas bons, e viceversa. Como em tudo mais, a eventual pletora de uma dessas ordens de virtudes humanas, em contraste com a penúria da outra, é sempre um viés ameaçador para indivíduos, sociedades e civilizações. A Historia Universal que o diga”. (MENDES, 2001, p. 53), 34 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Foi realizada uma pesquisa com sete economistas, docentes do Curso Superior de Economia da UNESC, no período de 3 a 18 de julho de 2006, para verificar suas opiniões em diversos assuntos pertinentes ao tema abordado até aqui. A seguir faz-se uma análise gráfica das respostas dadas em cada uma das dezesseis questões abordadas com os docentes pesquisados. 1ª Questão: Você, docente do ensino superior do Curso de Economia da UNESC, acha importante privilegiar a formação técnica de seus alunos? não 14% sim 86% Gráfico 01 – Importante privilegiar a formação técnica Fonte: Dados da Pesquisadora 86% das respostas foram sim, isto é, a maioria dos docentes pesquisados ainda acha que a formação técnica tem que ter privilégio em relação à formação por competências. Contra 14% de não, que acham que a formação técnica e por competências devem caminhar juntas. 35 2ª Questão: Você acha importante que seus alunos não alcancem a totalidade, estando sempre aptos a aprender mais ou até mesmo, a renovar os conhecimentos já adquiridos? Sem resposta 14% sim 86% Gráfico 02 – Aptos a aprender mais Fonte: Dados da Pesquisadora Nessa questão também se obteve 86% de respostas sim, que demonstra que a maioria dos docentes pesquisada acha importante que os alunos renovem seus conhecimentos. 14% não soube opinar. 3ª Questão: Na sua opinião, o papel da universidade é articular conhecimentos cotidianos com conhecimentos científicos? sim 100% Gráfico 03 – O papel da Universidade é articular conhecimentos Fonte: Dados da Pesquisadora 36 Foi unânime a opinião dos pesquisados que vêem a importância da universidade em articular conhecimentos cotidianos com científicos, sendo sim a resposta de todos eles. 4ª Questão: Em sua opinião, a repetição do conhecimento já adquirido é desnecessária e cansativa? Sem resposta 14% não 86% Gráfico 04 – A repetição do conhecimento já adquirido Fonte: Dados da Pesquisadora A maioria dos pesquisados, 86%, acha que não, que a repetição do conhecimento já adquirido não é desnecessária nem cansativa. 14% não soube opinar. 5ª Questão: Você concorda que ser professor é ensinar a aprender? sim 100% Gráfico 05 – Ser professor é ensinar a aprender Fonte: Dados da Pesquisadora 37 Sim foi a resposta de 100% dos pesquisados que concordam que ser professor é ensinar a aprender. 6ª Questão: Criticar, elogiar, reconstruir é papel do professor? sim 100% Gráfico 06 – Criticar, elogiar, reconstruir é papel do professor Fonte: Dados da Pesquisadora Mais uma vez todos os docentes pesquisados tem a mesma opinião no que diz respeito ao papel do professor em criticar, elogiar, reconstruir, com 100% de respostas sim. 7ª Questão: Quanto ao esquema de ensino: metodologia/programação dever ser: Sem resposta 14% rígido 14% maleável 72% Gráfico 07 – Metodologia/Programação deve ser Fonte: Dados da Pesquisadora Maleável para 72% dos pesquisados e rígido para 14%. Outros 14% não soube opinar. 38 8ª Questão: O tempo de aprendizagem de cada aluno deve ser: Sem resposta 14% variável 86% Gráfico 08 – O tempo de aprendizagem de cada aluno deve ser Fonte: Dados da Pesquisadora Variável para 86% dos pesquisados. Fixo não obteve nenhum voto e 14% não soube opinar. 9ª Questão: O papel do professor em sala de aula deve ser: despertar novos conhecimentos 100% Gráfico 09 – O papel do professor em sala de aula Fonte: Dados da Pesquisadora A resposta despertar em seus alunos a busca por novos conhecimentos, recebeu 100% dos votos dos docentes pesquisados, ficando a resposta principal fonte de informações sem nenhum voto. 39 10ª Questão: É importante que o professor exerça o papel de provocar o aluno a aprender a aprender? sim 100% Gráfico 10 – Provocar o aluno a aprender a aprender Fonte: Dados da Pesquisadora 100% dos pesquisados responderam sim, onde concordam sobre a importância do papel do professor em provocar o aluno a aprender a aprender. 11ª Questão: O conhecimento pronto e acabado condiz com a verdadeira missão da universidade? sim 14% não 86% Gráfico 11 – O conhecimento pronto e acabado Fonte: Dados da Pesquisadora A maioria dos pesquisados, 86% respondeu não, que o conhecimento pronto e acabado não condiz com a verdadeira missão da universidade. 14% ainda 40 acham que sim, que o conhecimento pronto e acabado condiz com a verdadeira missão da universidade. 12ª Questão: Para você docente, é difícil desenvolver a técnica de ensinar a aprender em seus alunos? não 14% sim 86% Gráfico 12 – Desenvolver a técnica de ensinar a aprender Fonte: Dados da Pesquisadora Para 86% dos docentes pesquisados, desenvolver a técnica de ensinar a aprender ainda é um obstáculo difícil de ser vencido. 14% acha que essa dificuldade já foi superada. 13ª Questão: Na sua opinião, a formação do aluno do Curso de Economia tem responsabilidade político-social diante da sociedade? não 14% sim 86% Gráfico 13 – A formação do aluno do curso de economia Fonte: Dados da Pesquisadora 41 Segundo 86% dos docentes pesquisados, a formação do aluno do Curso de Economia tem sim, responsabilidade político-social diante da sociedade. Para 14% essa responsabilidade não existe. 14ª Questão: Você acha que faz parte da função do professor fazer desabrochar em seus alunos o espírito econômico-político crítico? sim 100% Gráfico 14 – O espírito econômico-político crítico Fonte: Dados da Pesquisadora Unanimidade entre os docentes pesquisados. 100% deles disseram sim a essa questão, onde concordam que faz parte da função do professor fazer desabrochar em seus alunos o espírito econômico-político crítico. 42 15ª Questão: Segundo Philippe Perrenoud em sua obra “Construir competências desde a escola”, (1999), “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc) para solucionar uma série de situações”. Você concorda que o papel do professor vai mais além do simplesmente formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho? sim 100% Gráfico 15 – Formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho Fonte: Dados da Pesquisadora Todos os pesquisados responderam sim, que ser professor vai além de formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho. 16ª Questão: Você acha que incutir no aluno de Economia virtudes intelectuais e também morais, ajuda na construção de suas competências como profissional de Economia? sim 100% Gráfico 16 – Incutir no aluno de economia virtudes intelectuais e morais Fonte: Dados da Pesquisadora 43 Todos os docentes concordam nessa questão que trata da importância de incutir no aluno de Economia virtudes intelectuais e morais para construir suas competências como profissional da área de Economia. 44 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o objetivo de mostrar a importância que o professor universitário exerce na formação das competências do aluno do curso de Economia, este trabalho foi desenvolvido, voltando-se, principalmente, aos parâmetros da educação construtivista apoiada e defendida por vários educadores renomados, inclusive o saudoso Paulo Freire. Na introdução tudo gira em torno do problema de pesquisa: O professor universitário está consciente de que é responsável por desenvolver competências nos seus alunos de Economia e não é somente um transmissor de conhecimentos? Problema esse, que terá seu desfecho no decorrer dos outros capítulos da pesquisa. O segundo capítulo veio apresentar o início do ensino de Economia no Brasil. Veio também, falar do profissional de economia e sua atuação na sociedade, suas atribuições e de tudo que as norteia. O terceiro capítulo teve o objetivo de mostrar como se deu o crescimento do ensino superior no Brasil, a responsabilidade que o mesmo tem em incentivar não somente o ensino, mas também a pesquisa e a extensão. Como deve a didática atuar na formação do educador, e como através da pedagogia progressista o educador deve agir como mediador no processo de ensino/aprendizagem provocando o aluno a aprender a aprender. O quarto capítulo é de muita relevância para este trabalho de pesquisa, pois fala do diferencial que é o processo de ensino/aprendizagem do adulto enquanto ser que aprende e ensina. Do importante papel do educador que forma esse adulto, e de como ele deve ter a consciência de ir além da parte técnica da 45 profissão, mobilizando também um conjunto de recursos cognitivos que será de extrema importância no dia a dia do profissional de economia. Veio falar também na consciência da mudança nas práticas pedagógicas que só se dará quando a parte pensante da educação também mudar e pensar em uma educação voltada para a construção de competências. E finalmente, falar dos economistas bons e dos bons economistas, termos estes usados por Armando Dias Mendes, importante economista e professor da Universidade Federal do Pará, que relata muito bem em sua obra O Economista e o Ornitorrinco, 2001, a diferença entre os diversos profissionais de economia formados por diversas competências ou puramente pela parte técnica da profissão. Na apresentação e análise dos dados, última parte da monografia, é relatada através de dezesseis perguntas, e analisada através de dezesseis gráficos, uma pesquisa feita com sete docentes do curso de Economia da UNESC, questões de extrema relevância para a conclusão do trabalho de pesquisa. A conclusão a que se chega ao final da monografia, é que a consciência do professor universitário na formação dos alunos de economia por competência é muito importante. Ele pode e deve fazer a diferença na vida de seu educando. É na universidade que o aluno deve se tornar um cidadão crítico e consciente de sua responsabilidade social perante a sociedade. Chega da preocupação somente em formar o bom economista. A preocupação em formar o economista bom deve estar nas veias da universidade, e o professor tem sua responsabilidade nisso. 46 REFERÊNCIAS BAGNO, Marcos. Pesquisa na Escola: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2003. CASTRO, Nivalde José de. O Economista – a história da profissão no Brasil. Rio de Janeiro : COFECON; CORECON-RJ; CORECON/SP, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia- Saberes necessários à prática educativa. 31ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. JAPIASSU, Hilton. Papel do educador da inteligência. In: JAPIASSU, Hilton. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro : Imago, 1975. LUCKESI, Cipriano C. O papel da didática na formação do educador. In: CANDAU, Vera Maria. A didática em questão. Rio de Janeiro : Vozes, 1986. MENDES, Armando Dias. O Economista e o Ornitorrinco – Ensaios sobre a formação e a profissão dos economistas. Brasília: Coronário Editora Gráfica, 2001. MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2001. NUNES LINS, Hoyêdo. Pedagogia da Sedução. Plural, Florianópolis, v.8, n. 12, p. 13 – 19, setembro/2000. PERRENOUD, Philippe. Alegre: Artmed, 1999. Construir as competências desde a escola. Porto PROJETOS de viabilidade econômica e financeira – Análises de Investimentos e Financiamentos. Manual Prático/COFECON, v.1, Rio de Janeiro, setembro/1999. ZANETTE, Rui José. A prática pedagógica na disciplina de administração financeira e orçamentária dos cursos de administração de empresas nas instituições de ensino superior de Santa Catarina. 2005. 61 f. Monografia (Especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior) – ESUCRI – Escola Superior de Criciúma – Criciúma. 47 ANEXOS 48 Eu, Alexsandra Linemburger Venson aluna do curso de Especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior, solicito a sua colaboração professor do Curso de Economia da UNESC, em responder a esse questionário para a elaboração de minha monografia. Obrigada. Nome: 1. Você, docente do ensino superior do Curso de Economia da UNESC, acha importante privilegiar a formação técnica de seus alunos? ( ) sim ( ) não 2. Você acha importante que seus alunos não alcancem a totalidade, estando sempre aptos a aprender mais ou até mesmo, a renovar os conhecimentos já adquiridos? ( ) sim ( ) não 3. Na sua opinião, o papel da universidade é articular conhecimentos cotidianos com conhecimentos científicos? ( ) sim ( ) não 4. Em sua opinião, a repetição do conhecimento já adquirido é desnecessária e cansativa? ( ) sim ( ) não 5. Você concorda que ser professor é ensinar a aprender? ( ) sim ( ) não 49 6. Criticar, elogiar, reconstruir é papel do professor? ( ) sim ( ) não 7. Quanto ao esquema de ensino: metodologia/programação deve ser: ( ) maleável ( ) rígido 8. O tempo de aprendizagem de cada aluno der ser: ( ) fixo ( ) variável 9. O papel do professor em sala de aula deve ser: ( ) principal fonte de informações ( ) despertar em seus alunos a busca por novos conhecimentos 10. É importante que o professor exerça o papel de provocar o aluno a aprender a aprender? ( ) sim ( ) não 11. O conhecimento pronto e acabado condiz com a verdadeira missão da universidade? ( ) sim ( ) não 12. Para você docente, é difícil desenvolver a técnica de ensinar a aprender em seus alunos? ( ) sim ( ) não 13. Na sua opinião, a formação do aluno do Curso de Economia tem responsabilidade político-social diante da sociedade? ( ) sim ( ) não 50 14. Você acha que faz parte da função do professor fazer desabrochar em seus alunos o espírito econômico-político crítico? ( ) sim ( ) não 15. Segundo Philippe Perrenoud em sua obra Construir competências desde a escola, 1999, “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc) para solucionar uma série de situações”. Você concorda que o papel do professor vai mais além do que simplesmente formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho? ( ) sim ( ) não 16. Você acha que incutir no aluno de Economia virtudes intelectuais e também morais, ajuda na construção de suas competências como profissional de Economia? ( ) sim ( ) não