O PAPEL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NA FORMAÇÃO DAS

Propaganda
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM DIDÁTICA E
METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR
O PAPEL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NA FORMAÇÃO DAS
COMPETÊNCIAS DO ALUNO DO CURSO DE ECONOMIA
CRICIÚMA, AGOSTO DE 2006.
ALEXSANDRA LINEMBURGER VENSON
O PAPEL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NA FORMAÇÃO DAS
COMPETÊNCIAS DO ALUNO DO CURSO DE ECONOMIA
Monografia apresentada à Diretoria de Pós-graduação
da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC,
para a obtenção do título de especialista em Didática e
Metodologia do Ensino Superior.
Orientador: Prof. Dr. Alcides Goularti Filho
CRICIÚMA, AGOSTO DE 2006.
“Percebe-se, assim, a importância do papel do
educador, o mérito da paz com que viva a
certeza de que faz parte de sua tarefa docente
não apenas ensinar os conteúdos mas também
ensinar a pensar certo.”
Paulo Freire
RESUMO
Este trabalho teve o propósito de analisar e discutir o papel do professor universitário
na formação das competências do aluno do Curso de Economia, tratando de
verificar pontos para se atingir essas competências. A pesquisa foi feita com base
em obras de diversos autores que possuem assuntos pertinentes ao tema, e
também através de questionário aplicado a alguns docentes do Curso de Economia
da UNESC, para saber a opinião dos mesmos sobre diversos pontos relevantes a
pesquisa. Concluiu-se que existe a preocupação tanto dos autores pesquisados
quanto dos professores questionados sobre a importância do educar por
competências. Do desenvolver no aprendiz de economia a responsabilidade social e
não somente técnica da profissão.
Palavras-chave:
educando.
Competências;
universidade;
responsabilidade;
educador;
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
COFECON – Conselho Federal de Economia
CORECON – Conselho Regional de Economia
FCEARJ – Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Rio de Janeiro
UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense
USP – Universidade de São Paulo
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 – Importante privilegiar a formação técnica.........................................34
Gráfico 02 – Aptos a aprender mais......................................................................35
Gráfico 03 – O papel da universidade é articular conhecimentos.........................35
Gráfico 04 – A repetição do conhecimento já adquirido........................................36
Gráfico 05 – Ser professor é ensinar a aprender..................................................36
Gráfico 06 – Criticar, elogiar, reconstruir é papel do professor.............................37
Gráfico 07 – Metodologia/Programação deve ser.................................................37
Gráfico 08 – O tempo de aprendizagem de cada aluno deve ser.........................38
Gráfico 09 – O papel do professor em sala de aula..............................................38
Gráfico 10 – Provocar o aluno a aprender a aprender..........................................39
Gráfico 11 – O conhecimento pronto e acabado...................................................39
Gráfico 12 – Desenvolver a técnica de ensinar a aprender...................................40
Gráfico 13 – A formação do aluno do curso de economia.....................................40
Gráfico 14 – O espírito econômico-político crítico.................................................41
Gráfico 15 – Formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho..............42
Gráfico 16 – Incutir no aluno de economia virtudes intelectuais e morais.............42
LISTA DE ANEXOS
Anexo 01 – Questionário Aplicado Com Professores ...........................................48
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................10
1.1 Delimitação do Problema .............................................................................10
1.2 Objetivos .......................................................................................................12
1.2.1 Objetivos Gerais .......................................................................................12
1.2.2 Objetivos Específicos ..............................................................................12
1.3 Justificativa ..................................................................................................12
1.4 Referencial Teórico .....................................................................................13
1.5 Metodologia ..................................................................................................15
1.6 Estrutura do Trabalho .................................................................................15
2. O PROFISSIONAL DE ECONOMIA ................................................................17
2.1 O início do ensino de economia no Brasil ................................................17
2.2 Atribuições do Economista na Sociedade ................................................18
2.3 Legislação ....................................................................................................19
2.4 Requisitos ....................................................................................................20
2.5 Campo de Trabalho .....................................................................................20
2.5.1 Consultor ..................................................................................................20
2.5.2 Analista .....................................................................................................21
2.5.3 Gestor ........................................................................................................21
2.6 Currículo .......................................................................................................22
2.7 Remuneração ...............................................................................................22
2.8 As atribuições não clássicas do Economista na sociedade ...................22
3. O PAPEL DO EDUCADOR MEDIADOR .........................................................24
3.1 Dados comparativos dos formados nos cursos de graduação ..............24
3.2 A responsabilidade do ensino superior ....................................................25
3.3 A didática e a formação do educador ........................................................26
3.4 Ensinar a aprender ......................................................................................27
4. AS COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL DE ECONOMIA ..........................29
4.1 O adulto enquanto ser que aprende ..........................................................29
4.2 Construir competências ..............................................................................30
4.3 Mudanças nas práticas pedagógicas ........................................................31
4.4 Bons economistas ou economistas bons .................................................32
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ....................................................34
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................44
REFERÊNCIAS ....................................................................................................46
ANEXOS .......................................................................................................47 – 50
10
1. INTRODUÇÃO
A presente monografia tem o objetivo de analisar a importância do papel
do professor universitário na formação das competências do aluno do curso de
economia, para que este se torne um profissional na sua área de atuação, que vise
a responsabilidade social e não somente a parte técnica e operacional da profissão.
1.1 Delimitação do problema
Desde muito se discute o papel do professor na formação de seus alunos.
O professor é visto como uma figura importante e fundamental, desde a educação
infantil até a universitária.
O que será discutido aqui será o papel do professor universitário na
formação das competências de seus alunos, dentro do Curso de Economia. Até
onde ele pode influenciar na boa formação profissional e também pessoal desses
alunos.
A formação técnica e a transmissão de conhecimentos foram por muito
tempo valorizados. O aluno tinha que sair da universidade pronto para o mercado de
trabalho, com conhecimentos técnicos para contribuir ao máximo na sua profissão.
Hoje a função da universidade na vida dos alunos vai mais além,
apresentando a sua responsabilidade social. Responsabilidade de formar cidadãos
conscientes, críticos e formadores de opinião.
Com isso a função do professor universitário vai além do que simplesmente
formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho. Junto com a universidade,
ele agora tem o papel de ajudar a construir as competências do aluno.
11
O conhecimento técnico é apenas mais um dos vários itens que ajudam a
formar essas competências. E o professor universitário tem que ser detentor de
todos esses itens.
Neste contexto, está situado o problema de pesquisa:
O professor universitário está consciente de que é responsável por
desenvolver competências nos seus alunos de Economia e não é somente um
transmissor de conhecimentos?
No
detalhamento
deste
problema,
apresentam-se
algumas
questões
norteadoras:
a) Ensinar a aprender é uma importante valorização do ensino superior.
Como o professor pode desenvolver essa técnica nos seus alunos de
Economia?
b) Como pode o professor contribuir para despertar em seus alunos o
espírito econômico-político crítico?
c) Como fazer com que os alunos do Curso de Economia tenham
consciência de que a sua formação vai além do saber técnico, tendo
responsabilidade político-social diante da sociedade?
Para responder a estas questões toma-se por hipótese:
Sabe-se que o ensino tradicional, carregado de métodos convencionais
está ainda muito presente na educação. Os próprios alunos ao entrarem no ensino
superior, trazem consigo a expectativa de que terão fórmulas prontas de
conhecimento e técnicas profissionais que darão a eles credibilidade no mercado de
trabalho.
O professor consciente de seu papel na formação desses alunos,
mostrando a eles que a economia está presente em todos os lugares e na vida de
12
todos, terá que despertar nesses alunos, estudantes de economia, o espírito do
querer mais, da consciência crítica em busca do novo saber, zelando pelas suas
competências.
1.2 Objetivos
São propósitos deste estudo tanto em âmbito geral quanto específico.
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar a formação das competências do aluno do Curso de Economia,
considerando esta como um elemento importante para sua formação.
1.2.2 Objetivos Específicos
• Identificar os principais itens que fazem parte da formação das
competências;
• Descrever quais as dificuldades encontradas hoje, pelo professor, para
se chegar as essas competências;
• Analisar
a
formação
dessas
competências
no
processo
de
aprendizagem, considerando o elemento fundamental da formação desses alunos.
1.3 Justificativa
O bom desempenho do profissional de economia não é um fim em si
mesmo. Além de seus conhecimentos técnicos e específicos da área econômica, ele
13
deve apresentar competências nas diversas situações complexas e imprevisíveis
colocadas no seu dia-a-dia profissional e até pessoal.
Essa preocupação está situada no que se costuma chamar de construção
de competências, que deve vir na sua formação universitária, mais especificamente
do seu curso.
Sendo graduada no Curso de Economia, percebi e ainda percebo nos
alunos de hoje em dia, o quanto muitos professores deixam a desejar na formação
de competências.
É muito importante que o professor saiba aonde quer chegar, o que quer
trabalhar e o que quer confrontar com seus alunos para que esses saiam
verdadeiros profissionais “competentes” de economia e acima de tudo cidadãos
críticos, formadores de opinião.
1.4 Referencial teórico
Algumas obras chamam a atenção pela maneira com que o autor tem de
tratar das mais diversas problemáticas.
Relativo ao tema abordado nessa monografia, algumas obras chamam
atenção.
A começar pela obra “O papel da didática na formação do educador” de
Cipriano Luckesi (1986), que chamou a atenção por abordar o educador como um
construtor de história. Mas, que para isso, deve agir conscientemente.
Coloca que a prática educacional não poderá nunca, ser uma prática
burocrática. Ela deve ser feita com responsabilidade, comprometimento e paixão.
14
Diz que o educador não vai estar completamente formado, acabado como
profissional. Sua preparação se dá no seu cotidiano, na meditação constante da sua
prática, e que educador e educando, agindo em conjunto, desenvolvem o
conhecimento que nunca será acabado.
A didática no papel de formação do educador tem que ser aquela longe de
separar teoria e prática. Deve ser um forte elo entre as opções filosófico-político da
educação, os conteúdos profissionalizantes e o exercício dia-a-dia na educação.
Deve ser também, um elo tradutor de posicionamentos teóricos em práticas
educacionais.
Enfim, para Luckesi, somente assim a didática exercerá seu papel no que
diz respeito à formação do educador.
Outra obra de relevância na construção dessa monografia: “O mito da
neutralidade científica” de Hilton Japiassu (1975) descreve que é dever da escola e
dos educadores produzir conhecimento através da dúvida, da investigação.
O conhecimento pronto, acabado, não questionado não condiz com a
missão da escola.
Formar a inteligência, inventar e reinventar conhecimentos, fazer com que
o educando duvide, questione, queira o novo e não fique alheio ao saber pronto e
inquestionável. Formar cidadãos críticos, examinadores de tudo o que lhes é
passado em sala de aula.
Para o educador é indispensável à crítica sobre si mesmo, seu espírito de
análise constante. Para o educando o indispensável é o interesse pela pesquisa, o
espírito de busca pelo novo, pelo conhecimento. Enfim, ensinar a aprender, a
construir ou a reconstruir. Para Japiassu, esse é o papel do educador.
15
Inspirada nestas e em outras obras do gênero é que busquei fundamentar
esta monografia, com o intuito de contribuir para o melhoramento do papel do
professor do Curso de Economia.
1.5 Metodologia
A pesquisa a ser realizada para a construção dessa monografia é do tipo
básica de natureza bibliográfica, qualitativa, exploratória, descritiva e analítica.
O local para o levantamento de dados será a UNESC, na cidade de
Criciúma, no Curso de Economia.
Após o levantamento das informações, as mesmas serão posteriormente,
categorizadas e interpretadas à luz da análise de conteúdo.
1.6 Estrutura do trabalho
A presente monografia está organizada em 6 capítulos. O primeiro capítulo
é a introdução do trabalho, onde são apresentados o problema de pesquisa, os
objetivos, a justificativa, o referencial teórico, a metodologia e os procedimentos de
desenvolvimento do trabalho.
O segundo capítulo vem descrever o início do ensino de economia no
Brasil e falar do profissional de economia. Suas funções, legislação, requisitos para
sua atuação, campo de trabalho, currículo e remuneração. Tudo para dar uma breve
noção do que é e o que faz o profissional de economia.
O terceiro capítulo vem mostrar a situação do ensino superior no Brasil, a
responsabilidade que o mesmo tem ou deveria ter para a formação de seus alunos,
16
a importância da didática para o educador e como ele não é o único responsável
pela aprendizagem de seus educandos.
O quarto capítulo é o de maior relevância para o tema abordado na
monografia. Fala das competências do profissional de economia, de como construir
essas competências, que mudanças são necessárias na prática pedagógica para
que o aprendiz de economia se torne competente como profissional que será
futuramente, e da responsabilidade social do economista.
O quinto capítulo apresenta uma pesquisa feita com docentes do Curso de
Economia da UNESC e uma análise gráfica dos resultados.
No sexto e último capítulo estão as considerações finais que encerra o
trabalho dando a conclusão para o mesmo.
Por fim, seguem as referências bibliográficas e os anexos.
17
2. O PROFISSIONAL DE ECONOMIA
2.1 O início do ensino de Economia no Brasil
No século XVIII está a origem do ensino de Economia no Brasil, através
das Aulas de Comércio instituídas em meio às transformações sociais e econômicas
nos quase trinta anos de poder (1750-1778) de Sebastião José de Carvalho e Mello,
o Marquês de Pombal.
Convém destacar também, a participação de José da Silva Lisboa, o
Visconde de Cairu (1756–1835), que é considerado o decano dos economistas e o
primeiro a demonstrar interesse pelo ensino de Economia no Brasil, pois foi ele que
trouxe ao conhecimento dos brasileiros, as bases da Economia de Adam Smith
lançadas na Inglaterra pouco antes. Em 1804 o Visconde de Cairu publicou
Princípios de Economia Política, obra inspirada nos princípios do liberalismo
econômico de Adam Smith, que muito influenciou seu pensamento.
No final de 1820, foi implantada a cadeira de Economia Política no curso
de Direito. Em 1856, a “Aula de Comércio da Corte” já implantada em 1809 recebeu
um novo estatuto administrativo e programático, pelo decreto nº 1.763 de 14 de maio
e passou a chamar-se Instituto Comercial do Rio de Janeiro, abrindo assim,
condições para a criação de outros institutos em outras cidades.
Em 1902, o Instituto Comercial do Rio de Janeiro foi substituído pela
Academia de Comércio do Rio de Janeiro, que através do decreto nº 1.339 de 9 de
Janeiro de 1905, foi declarada utilidade pública, tendo reconhecidos os diplomas por
ela conferidos.
18
Em 1905 é que através do ensino técnico comercial se deu o primeiro
curso superior de Economia. Até então, a Ciência Econômica estava agregada
somente aos cursos de direito e engenharia.
No ano de 1909, foi criada a “Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas
do Rio de Janeiro”, primeira faculdade de Economia. Ela funcionava sob respaldo
oficial, já que o ensino das Ciências Econômicas e Comerciais só foi homologado
em 20 de maio de 1926, pelo decreto nº 17.329.
No entanto, esse decreto durou pouco tempo, já que em 30 de julho de
1931 foi promulgado o decreto nº 20.158, que reformulava todo o ensino comercial
brasileiro. Com isso, o ensino da Ciência Econômica foi bastante ampliado e
incorporado a vários cursos técnicos, representando a sua importância na formação
dessas carreiras.
Mas em 1945 foi dado o maior passo para a efetivação do ensino de
Economia no Brasil. No dia 22 de setembro foi promulgado o decreto nº 7.988 que
criou o curso de Economia na Universidade do Brasil. Um novo currículo de
Economia foi fixado e adotado em todo o país.
No ano seguinte, um outro passo e não menos importante foi
dado:
Em 1946, mais precisamente em 24 de janeiro, o decreto nº 8.815 fixou os termos
da primeira etapa do processo de federalização da FCEARJ. A Universidade do
Brasil incorporava a faculdade, que passaria a denominar-se Faculdade Nacional
de Ciências Econômicas. Estava assim implantado o primeiro curso universitário de
Economia do Brasil. (CASTRO, 2001, p.36)
2.2 Atribuições do Economista na sociedade
As funções clássicas do economista são a elaboração de projetos de
viabilidade econômico-financeira e a análise de investimentos e financiamentos.
19
Assim, ele pode atuar como especialista no setor público ou como consultor no setor
privado. Mas a habilitação é pré-requisito indispensável, de acordo com a lei.
2.3 Legislação
A Lei 1.411/51 assegura, e o Decreto 31.794/52 regulamenta, o exercício
destas funções por economistas. Isto há mais de meio século. E faz 49 anos que o
COFECON reforçou esta prerrogativa, com a edição da Resolução 67, de 14 de
outubro de 1957, dispondo sobre o exercício das atribuições privativas da profissão.
“Art. 2º - São inerentes ao campo profissional do economista, de conformidade com
a legislação pertinente, as seguintes atividades:
I – Planejamento, projeção, programação e análise econômico-financeira de
investimentos e financiamentos de qualquer natureza, tais como:
Estudos preliminares de implantação, localização, dimensionamento, alocação de
fatores, análise e pesquisa de mercado;
Orçamentos e estimativas, bem como fixação de custos, preços, tarifas e quotas;
Fluxos de caixa;
Viabilidade econômica, otimização, apuração de lucratividade, rentabilidade,
liquidez e demonstração de resultados;
Organização;
Tudo o mais que, consoante os artigos 1º e 2º, integre planos, projetos e programas
de investimentos e financiamentos”(COFECON, 1999).
No dia 2 de agosto de 1974, a Resolução nº 860, do COFECON, conceitua,
classifica
e
regulamenta
os
serviços
complementação à Resolução 67/57.
profissionais
do
economista,
em
20
2.4 Requisitos
Os requisitos mínimos para o exercício da profissão de economista nestas
áreas incluem o registro e a situação regular no CORECON, bem como a
capacitação técnica.
A mesma Resolução 67/57, em seu art. 4º, dispõe sobre as infrações
previstas, em especial no art. 47 da Lei das Contravenções Penais. Quem exercer a
profissão, ou anunciar que a exerce, sem cumprir as exigências da lei, fica sujeito à
prisão simples de 15 dias a três meses ou multa pecuniária.
2.5 Campo de trabalho
Segundo o COFECON, são três as atividades que se destacam no campo
de atuação do profissional de economia em projetos de viabilidade econômica e
financeira e em análises de investimentos e financiamentos: consultor, analista e
gestor.
2.5.1 Consultor
O economista, nas empresas, pode atuar como consultor interno ou externo.
As áreas vão do planejamento e programação até a análise econômica e financeira
de investimentos. Ele também pode elaborar projetos de viabilidade econômicofinanceira para implantar, expandir, modernizar, redirecionar, melhorar a qualidade e
produtividade e o desenvolvimento tecnológico. Ainda para empresas, e também
para particulares, é qualificado para fazer avaliações econômicas patrimoniais ou a
21
preços de mercado. É apto também para fazer avaliação do valor econômico de
marcas e patentes e em trabalhos para encontrar o equilíbrio econômico e financeiro
de contratos, cisões, incorporações e fusões. Outras atividades também são os
estudos que envolvem política de importação, exportação ou cambial, política fiscal e
tributária e os que determinam o poder de pagamento de pessoas físicas ou jurídicas
e prestação de contas.
2.5.2 Analista
O economista pode ser analista de projetos de viabilidade econômica e
financeira em organizações públicas e privadas, instituições de fomento, bancos de
investimento e carteiras de desenvolvimento de instituições financeiras nacionais ou
internacionais. Também em entidades de apoio empresarial e órgãos de
representação setorial. Mais recente e não menos importantes, são as atividades de
analista econômico de projetos ecológicos e de impactos ambientais.
2.5.3 Gestor
Outra atividade do economista está na gestão de fundos de investimentos
e carteira de recursos de instituições financeiras, seguradoras, fundos de pensão e
entidades de previdência pública e privada.
22
2.6 Currículo
O currículo certamente pesa na escolha do empregador quando vai
contratar um economista. São várias as disciplinas da grade curricular do curso de
Economia que o habilitam a elaborar projetos de viabilidade econômica e financeira
e análises de investimentos e financiamentos. Entre tais disciplinas estão: teoria
macroeconômica e microeconômica; moedas e bancos; política monetária; mercado
financeiro e de capitais; análise econômica e financeira; pesquisa de mercado;
contabilidade; formação e análise de custos; fundamentos de direito comercial e
direito tributário, e administração. Todos estes conhecimentos específicos e mais
uma visão global do cenário nacional e mundial fazem total diferença na profissão do
economista.
2.7 Remuneração
Quando há vínculo empregatício, a remuneração segue a política salarial
da instituição. Em consultorias, é comum cobrar um percentual sobre o valor do
investimento ou por hora-técnica.
A Tabela de valores de indicativos para
honorários de consultoria de projetos, estabelecida pelo COFECON na Resolução
1.597, de 9 de setembro de 1992, pode servir de referência.
2.8 As atribuições não clássicas do Economista na sociedade
Como se pôde observar anteriormente, as funções clássicas do
Economista são a elaboração de projetos de viabilidade econômico-financeira e a
23
análise de investimentos e financiamentos, onde se destacam três atividades:
consultor, analista e gestor.
Mas há também, outras atividades atribuídas aos economistas. Estas
estão no campo da pesquisa, do magistério, do jornalismo especializado. Outras
mais tratam da riqueza coletiva, do interesse social ou bem comum.
O que vem a seguir, tratará do profissional de Economia nas áreas da
pesquisa, e principalmente, do magistério que são as atividades relevantes para
esse trabalho.
24
3. O PAPEL DO EDUCADOR MEDIADOR
3.1 Dados comparativos dos formados nos cursos de graduação
O sistema universitário brasileiro surgiu em 1934 com a USP, que foi a
primeira universidade organizada em torno do ensino, da pesquisa e da extensão.
Seu modelo se deu através do europeu, principalmente o francês e o alemão.
Segundo Rui José Zanette (2005, p. 21), a evolução do crescimento das
matrículas nas instituições de ensino superior no Brasil é a seguinte: 1960: 95.691
(sendo 42.067 – 44% na rede particular); 1970: 425.478 (214.865 – 50% na rede
particular); 1980: 1.377.286 (885.054 – 64% na rede particular); 1990: 1.540.080
(961.455 – 63% na rede particular); e 1994: 1.661,034 (970.584 – 58% na rede
particular).
O grande aumento das ofertas de vagas nas universidades particulares se
deu por vários motivos.
Desde a Reforma Universitária de 1968 (lei nº 5.540/1968), o Governo Federal
facilitou muito a criação de cursos superiores isolados particulares, como uma
forma de suprir a demanda de vagas que as escolas públicas não davam conta, a
desobrigação do Estado em incrementar o ensino superior na época permitiu a
constituição de um forte setor de faculdades particulares, verdadeiras e poderosas
empresas que, ao se constituírem em universidades, passaram a disputar as
verbas públicas brasileiras com as instituições do Estado, mesmo apresentando
uma qualidade muito aquém (VAIDERGORN apud ZANETTE, 2005, p. 22).
O rápido crescimento das Instituições Particulares de Ensino Superior
permitiu certo descontrole da prática de ensino destas. A relação aluno, professor e
escola passaram a segundo plano, onde primeiramente observa-se o lucro.
25
3.2 A responsabilidade do ensino superior
O que ainda se pode observar, é que existem várias Instituições de Ensino
Superior que tem no seu significado maior, a importância do ensino, onde os
educandos decoram as matérias somente para irem bem nas provas. O ensinar
através da ludicidade não é tido como preferência entre os educadores por
comodismo, ou por medo do novo.
O construtivismo é muito importante na educação atual. O educando deixa
de ser um receptor de informações e torna-se um agente ativo na construção do seu
conhecimento, desenvolvendo suas habilidades e competências com o educador
agindo como mediador do processo de aprendizagem.
O que ainda está se encontrando no educando do ensino superior é a
procura pela nota, sem a preocupação com o saber.
[...] é muito comum ainda encontrar nas Instituições de Ensino Superior alunos que
estudam apenas para prestar exames e elaborar trabalhos que valem nota,
barganhando com os professores insignificantes resultados da transferência de
conhecimentos (BOCHNIAKI apud ZANETTE, 2005, p. 45).
Sabe-se que, o ensino tradicional, carregado de métodos convencionais esta
ainda muito presente na educação. Os próprios educandos ao entrarem no ensino
superior, trazem consigo a expectativa de que terão formulas prontas de
conhecimento e técnicas profissionais que darão a eles credibilidade no mercado de
trabalho.
Ao optar pelo simples conhecimento teórico, o educando passa a ser um
simples reprodutor acrítico do que é passado pelo educador. Ele geralmente decora
ou copia as teorias que lhe são apresentadas.
Questionar vai além disso. Através da análise e síntese numa visão pósdisciplinar, estimula-se à participação, a busca e o saber mais. Trabalhar esta visão
26
em aula provavelmente dispensa os meios de punir ou gratificar o educando para
que ele cumpra o que foi proposto no plano de ensino. A associação do ensino ao
prazer e a satisfação de aprender mais, por intermédio da busca é o desejo de
qualquer Instituição de Ensino Superior que trabalhe visando à responsabilidade
social e não somente o lucro.
3.3 A didática e a formação do educador
Não é somente a educação a responsável pela criação de um modelo
social, mas é ela que atua dentro de um modelo social existente ou ainda por existir.
O educador deveria ser um construtor de historia. Mas para que seja esse
construtor, tem que agir conscientemente para a construção de um projeto de
desenvolvimento do povo, da nação. A prática educacional não poderá ser
burocrática. Ela deve ser feita com responsabilidade, comprometimento e paixão.
Formar o educador é criar condições para que ele se prepare filosófica,
científica, técnica e afetivamente para o que vai exercer.
O educador não deve se sentir completamente formado, acabado como
profissional. Sua preparação se dará no dia-a-dia, na meditação constante de sua
prática.
Educador e educando, agindo em conjunto, desenvolvem o conhecimento
que nunca estará acabado, mas sempre em reconstrução.
A didática na formação do educador deveria ser aquela longe de separar
teoria e prática, para não haver distorções entre o que fazer e como fazer. Deveria
ser um elo entre as opções filosófico-políticas da educação, os conteúdos
profissionalizantes e o exercício dia-a-dia na educação. Deveria ser também, a
27
tradução de posicionamentos teóricos em práticas educacionais. Assim, a didática
exerceria seu verdadeiro papel no que diz respeito à formação do educador.
3.4 Ensinar a aprender
A idéia de educador mediador surgiu com o desenvolvimento, a partir da
década de 70, da “pedagogia progressista”, caracterizada por uma nova relação
educador-educando e pela formação de cidadãos participativos e preocupados com
a transformação e o aperfeiçoamento da sociedade. Dessa forma, a função do
educador deixa de ser o de difundir conhecimento para exercer o papel de provocar
o educando a aprender a aprender. Esse conceito também está presente na
perspectiva da escola cidadã, idealizada por Paulo Freire, na qual o educador deixa
de ter um caráter estático e passa a ter um caráter significativo para o educando.
Na minha vida de estudante, lembro de vários exemplos de educadores.
Desde os irremediáveis conhecedores do produto técnico e acabado, até os
investigadores, incentivadores da análise crítica.
Certamente aprendi com os dois. Mas, é inquestionável que os investigadores
foram os que fizeram a diferença na minha vida pessoal e cultural. Com eles,
consegui uma transformação a nível intelectual, cresci como cidadã e aprendi a ser
crítica e não absorver tudo que me é informado, principalmente pela mídia
dominante presente hoje no mundo, sem fazer uma análise crítica antes.
O educador deveria ser alguém que faria a diferença na vida dos seus
educandos. Deveria incentivar neles o desejo pelo novo, pela prática de questionar e
criticar, significando uma atitude e um comportamento do docente que se coloca
28
como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que ativamente
colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos.
Para Freire (1996, p. 23), quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa.
O conhecimento pronto, acabado, não questionado não condiz com a
verdadeira missão da escola.
Formar a inteligência, inventar e reinventar conhecimentos, fazer com que
o educando duvide, questione, queira o novo e não fique alienado ao saber pronto e
inquestionável. Formar cidadãos críticos, examinadores de tudo o que lhes é
passado.
Para o educador é indispensável à crítica sobre si mesmo, seu espírito de
análise constante. Ele deveria despertar no educando o interesse pela pesquisa, o
espírito de busca pelo novo, pelo conhecimento.
Se o educador tem algo a "ensinar" ao educando, creio que se trata de um
"ensinamento" que o leve a compreender que é ele mesmo quem deve assumir sua
própria educação; cabe a ele fazer dela sua obra fundamental e original, única e
intransferível. Ninguém se educa, como ninguém cria com idéias dadas. Ensinar a
aprender, a se construir ou a se reconstruir: eis o papel do educador (JAPIASSU,
1975, p. 153).
O conhecimento se dá por vários aspectos associados. Pesquisa, leitura,
experiências vividas e principalmente a dúvida, vêm contribuir para a produção de
novos conhecimentos.
O educando aprende quando vai além do que lhe é passado em sala de
aula. Quando ele passa a ter dúvidas e vai atrás do esclarecimento para elas.
Quando ele duvida, pergunta, pesquisa, traz novas opiniões, idéias e informações. A
opinião própria, e a crítica ao que lhe é informado são requisitos que fazem do
educando um formador de opinião. A partir daí, o processo de aprendizagem está
completo, mas nunca no sentido de acabado, pois ele é constante e inacabado.
29
4. AS COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL DE ECONOMIA
4.1 O adulto enquanto ser que aprende e ensina
Ao iniciar no ensino superior, o educando tem 17 anos no mínimo, isto é,
já é um adulto. O adulto, por sua vez, apresenta características que distinguem seu
aprendizado de uma criança ou adolescente.
Diferente da criança ou do adolescente, o adulto tem seu raciocínio ainda
em condições de mudança. Sua curiosidade e abertura a novas experiências estão
intimamente ligadas a contribuição ao seu lado profissional.
O adulto ingressa na universidade com conhecimentos mais sólidos e quer
aprender aquilo que lhe for útil no seu dia-a-dia. Ele vem com a expectativa de unir
teoria e prática no seu aprendizado totalmente voltado ao campo operacional.
Segundo Nunes Lins (2000, p. 17), os especialistas em educação de
adultos ensinam que é fundamental mobilizar as experiências e vivências dos alunos
para conseguir interessá-los e envolvê-los e, assim, lograr sucesso no processo de
aprendizagem.
É aí que entra o educador para transformar o pensamento do educando,
através de uma conduta docente correta. Despertar nele o interesse pelo lado
técnico, operacional da profissão, mas também, o interesse pelo social, pela
mudança da sua vida particular e da sociedade que o envolve.
...seu papel não é ensinar, mas ajudar o aluno a aprender; não é transmitir
informações; mas criar condições para que o aluno adquira informações; não é
fazer brilhantes preleções para divulgar a cultura, mas organizar estratégias para
que o aluno conheça a cultura existente e crie cultura (ABREU e MASETTO apud
NUNES LINS, 2000, p. 15).
30
Faze-lo sair da universidade um ser humano diferente do que entrou.
Consciente, pensante, formador de opinião. Enfim, um cidadão novo, com idéias
novas e novos ideais.
Está lançado um grande desafio.
4.2 Construir competências
Segundo Philippe Perrenoud em sua obra Construir as competências
desde a escola (1999, p. 52), “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto
de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar
uma série de situações”.
O papel do educador vai mais além do que simplesmente formar
profissionais técnicos para o mercado de trabalho. Junto com a universidade, ele
tem o papel de ajudar a construir as competências do educando.
O conhecimento técnico é apenas mais um dos vários itens que ajudam a
formar essas competências, e o educador tem que ser detentor de todos eles.
O educador deveria intervir no aprendizado do educando ajudando a
construir suas competências para que ele saiba o que fazer nas diversas situações
complexas e imprevisíveis colocadas no seu dia-a-dia profissional e até pessoal.
A preocupação em construir competências deve vir na formação
universitária. Desenvolver competências não é simplesmente seguir um programa. É
muito importante que o educador saiba aonde quer chegar, o que quer trabalhar e o
que quer confrontar com seus educandos para que esses saiam verdadeiros
profissionais técnicos e acima de tudo cidadãos melhores, críticos, formadores de
opinião, enfim, competentes.
31
4.3 Mudanças nas práticas pedagógicas
Qualquer mudança possui um caminho a ser percorrido. Uma mudança que
implique em uma mudança de mentalidade, trará sem sombra de dúvidas, muito
mais dificuldade para ser completada. Para que ocorram mudanças no processo
pedagógico, deverá acontecer em primeiro lugar uma mudança muito grande na
visão daqueles que compõem a “parte pensante” da educação.
Essa mudança seria uma conseqüência de uma nova visão de cidadania,
onde as pessoas são ensinadas a pensar. Onde se aprende que questionar é
necessário e importantíssimo para que ocorra crescimento.
Sendo os próprios educadores ensinados a executar aulas, a transmitir
conhecimentos, seria motivo para se acreditar que enquanto a elite pensante não
repaginar sua prática pedagógica, não haverá uma mudança responsável pela sua
atuação como tal.
A resistência à mudança é muito grande e lógica. O normal do educador é
não ter vontade de alterar aquilo que convencionalmente se estabeleceu como certo
e que está apto a desenvolver, por aquilo que é novo, desconhecido. Ele tem medo
de não ter domínio e principalmente de estar desenvolvendo habilidades e
competências em seus educandos, que poderão trazer complicações imediatas e
futuras para sua prática profissional.
O que temos hoje no ensino superior é uma educação pensante voltada
para as competências individuais, sem práticas de domínio no saber e posturas
castradoras e opressivas, enquanto que o que deveríamos ter é uma civilização
socializada e igualitária em todos os fatores, com direitos iguais e justiça
absolutamente isenta de preconceitos.
32
Infelizmente, ainda haverá de passar muito tempo até que um número
significativo de cabeças pensantes pense em uma educação consciente, viva, real,
que se disponha a educar construindo competências.
4.4 Bons economistas ou economistas bons
Acerca do profissional de economia, existe a precisão de identificar sua
necessidade e também sua espécie. Digo isso, pois há os economistas que
produzem economia e os que pensam, professam e promovem economia.
Todos eles podem ser bons economistas, mas resta saber, se são
economistas bons.
Os bons economistas são aqueles que saem da universidade com
bagagem técnica para adentrar no mercado de trabalho. São os técnicos ou, como
diria Armando Dias Mendes em sua obra O Economista e o Ornitorrinco (2001),
operadores das atividades econômicas, isto é, produzem economia na indústria, no
comércio, nos serviços, no mercado financeiro, enfim, em todos os setores que
geram e produzem riquezas.
Já os economistas bons, saem da universidade com uma bagagem a
mais. Uma bagagem carregada de virtudes intelectuais e morais para agir na
conjuntura social.
Daí a importância de não privilegiar somente a formação técnica no curso
de economia, mas também dar ao educando uma formação filosófica e científica. É
aí que entra o papel do educador. Ensinar o educando a pensar economia e sobre
economia.
33
Os economistas dignos desse nome, ao contrário dos manobristas da Economia,
sem desprezar os meios preocupam-se, sobretudo, com os fins da vida econômica.
Assim, as preocupações do economista cientista e do economista político ou social
transcendem o campo do estritamente econômico. As preocupações dos técnicos
em Economia, bem ao contrário, são eminentemente imediatistas, de natureza
puramente... técnica, mecânica – em busca de pródigas recompensas econômicas.
Seu ídolo é a eficiência, sua paixão é a produtividade, sua vitória final seria obter o
máximo de produto usando o mínimo de fatores de produção – produzir, quiçá, o
infinito a partir do nada. A suprema glória. O Grande Economista é, ao contrário e a
essa luz, verdadeiro Cientista, e advertidamente ou não, mais do que cientista,
Filósofo e Político. Leva ele em conta variáveis estranhas ao campo estrito da
Economia. Sua tendência é para a interdisciplinaridade. Seu trabalho tem um nítido
propósito macro, não apenas econômico, mas social. O pequeno técnico, ao
contrario, é o puro especialista a serviço de um programa ou projeto individual,
micro. Os fundamentos maiores deste não lhe interessam. Interessam-lhe metas
específicas, mercadologicamente positivas, et pour cause os meios de que precisa
valer-se. As deseconomias eventualmente resultantes não são desafio seu, mas
dos administradores, dos políticos, dos intelectuais – assim como também dos
profetas ou de visionários em geral. Seu orgulho é ser realista, objetivo, eficiente –
sempre em termos do seu asséptico e aético micromundo crematista/catalático
(DIAS MENDES, 2001, p. 16).
O educador do curso de economia deveria ter o cuidado de incutir no
educando virtudes intelectuais e também as morais. Diante disso, o economista
resultante estará não só habilitado para o exercício de sua profissão como um bom
economista dever estar, mas será também um economista bom, carregado de ética
e compassividade.
“O ideal é que bons economistas sejam igualmente economistas bons, e viceversa. Como em tudo mais, a eventual pletora de uma dessas ordens de virtudes
humanas, em contraste com a penúria da outra, é sempre um viés ameaçador para
indivíduos, sociedades e civilizações. A Historia Universal que o diga”. (MENDES,
2001, p. 53),
34
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Foi realizada uma pesquisa com sete economistas, docentes do Curso
Superior de Economia da UNESC, no período de 3 a 18 de julho de 2006, para
verificar suas opiniões em diversos assuntos pertinentes ao tema abordado até aqui.
A seguir faz-se uma análise gráfica das respostas dadas em cada uma
das dezesseis questões abordadas com os docentes pesquisados.
1ª Questão: Você, docente do ensino superior do Curso de Economia da UNESC,
acha importante privilegiar a formação técnica de seus alunos?
não
14%
sim
86%
Gráfico 01 – Importante privilegiar a formação técnica
Fonte: Dados da Pesquisadora
86% das respostas foram sim, isto é, a maioria dos docentes pesquisados
ainda acha que a formação técnica tem que ter privilégio em relação à formação por
competências. Contra 14% de não, que acham que a formação técnica e por
competências devem caminhar juntas.
35
2ª Questão: Você acha importante que seus alunos não alcancem a totalidade,
estando sempre aptos a aprender mais ou até mesmo, a renovar os conhecimentos
já adquiridos?
Sem resposta
14%
sim
86%
Gráfico 02 – Aptos a aprender mais
Fonte: Dados da Pesquisadora
Nessa questão também se obteve 86% de respostas sim, que demonstra
que a maioria dos docentes pesquisada acha importante que os alunos renovem
seus conhecimentos. 14% não soube opinar.
3ª Questão: Na sua opinião, o papel da universidade é articular conhecimentos
cotidianos com conhecimentos científicos?
sim
100%
Gráfico 03 – O papel da Universidade é articular conhecimentos
Fonte: Dados da Pesquisadora
36
Foi unânime a opinião dos pesquisados que vêem a importância da
universidade em articular conhecimentos cotidianos com científicos, sendo sim a
resposta de todos eles.
4ª Questão: Em sua opinião, a repetição do conhecimento já adquirido é
desnecessária e cansativa?
Sem resposta
14%
não
86%
Gráfico 04 – A repetição do conhecimento já adquirido
Fonte: Dados da Pesquisadora
A maioria dos pesquisados, 86%, acha que não, que a repetição do
conhecimento já adquirido não é desnecessária nem cansativa. 14% não soube
opinar.
5ª Questão: Você concorda que ser professor é ensinar a aprender?
sim
100%
Gráfico 05 – Ser professor é ensinar a aprender
Fonte: Dados da Pesquisadora
37
Sim foi a resposta de 100% dos pesquisados que concordam que ser
professor é ensinar a aprender.
6ª Questão: Criticar, elogiar, reconstruir é papel do professor?
sim
100%
Gráfico 06 – Criticar, elogiar, reconstruir é papel do professor
Fonte: Dados da Pesquisadora
Mais uma vez todos os docentes pesquisados tem a mesma opinião no
que diz respeito ao papel do professor em criticar, elogiar, reconstruir, com 100% de
respostas sim.
7ª Questão: Quanto ao esquema de ensino: metodologia/programação dever ser:
Sem resposta
14%
rígido
14%
maleável
72%
Gráfico 07 – Metodologia/Programação deve ser
Fonte: Dados da Pesquisadora
Maleável para 72% dos pesquisados e rígido para 14%. Outros 14% não
soube opinar.
38
8ª Questão: O tempo de aprendizagem de cada aluno deve ser:
Sem resposta
14%
variável
86%
Gráfico 08 – O tempo de aprendizagem de cada aluno deve ser
Fonte: Dados da Pesquisadora
Variável para 86% dos pesquisados. Fixo não obteve nenhum voto e 14%
não soube opinar.
9ª Questão: O papel do professor em sala de aula deve ser:
despertar novos
conhecimentos
100%
Gráfico 09 – O papel do professor em sala de aula
Fonte: Dados da Pesquisadora
A resposta despertar em seus alunos a busca por novos conhecimentos,
recebeu 100% dos votos dos docentes pesquisados, ficando a resposta principal
fonte de informações sem nenhum voto.
39
10ª Questão: É importante que o professor exerça o papel de provocar o aluno a
aprender a aprender?
sim
100%
Gráfico 10 – Provocar o aluno a aprender a aprender
Fonte: Dados da Pesquisadora
100% dos pesquisados responderam sim, onde concordam sobre a
importância do papel do professor em provocar o aluno a aprender a aprender.
11ª Questão: O conhecimento pronto e acabado condiz com a verdadeira missão da
universidade?
sim
14%
não
86%
Gráfico 11 – O conhecimento pronto e acabado
Fonte: Dados da Pesquisadora
A maioria dos pesquisados, 86% respondeu não, que o conhecimento
pronto e acabado não condiz com a verdadeira missão da universidade. 14% ainda
40
acham que sim, que o conhecimento pronto e acabado condiz com a verdadeira
missão da universidade.
12ª Questão: Para você docente, é difícil desenvolver a técnica de ensinar a
aprender em seus alunos?
não
14%
sim
86%
Gráfico 12 – Desenvolver a técnica de ensinar a aprender
Fonte: Dados da Pesquisadora
Para 86% dos docentes pesquisados, desenvolver a técnica de ensinar a
aprender ainda é um obstáculo difícil de ser vencido. 14% acha que essa dificuldade
já foi superada.
13ª Questão: Na sua opinião, a formação do aluno do Curso de Economia tem
responsabilidade político-social diante da sociedade?
não
14%
sim
86%
Gráfico 13 – A formação do aluno do curso de economia
Fonte: Dados da Pesquisadora
41
Segundo 86% dos docentes pesquisados, a formação do aluno do Curso
de Economia tem sim, responsabilidade político-social diante da sociedade. Para
14% essa responsabilidade não existe.
14ª Questão: Você acha que faz parte da função do professor fazer desabrochar em
seus alunos o espírito econômico-político crítico?
sim
100%
Gráfico 14 – O espírito econômico-político crítico
Fonte: Dados da Pesquisadora
Unanimidade entre os docentes pesquisados. 100% deles disseram sim a
essa questão, onde concordam que faz parte da função do professor fazer
desabrochar em seus alunos o espírito econômico-político crítico.
42
15ª Questão: Segundo Philippe Perrenoud em sua obra “Construir competências
desde a escola”, (1999), “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de
recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc) para solucionar uma
série de situações”. Você concorda que o papel do professor vai mais além do
simplesmente formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho?
sim
100%
Gráfico 15 – Formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho
Fonte: Dados da Pesquisadora
Todos os pesquisados responderam sim, que ser professor vai além de
formar profissionais técnicos para o mercado de trabalho.
16ª Questão: Você acha que incutir no aluno de Economia virtudes intelectuais e
também morais, ajuda na construção de suas competências como profissional de
Economia?
sim
100%
Gráfico 16 – Incutir no aluno de economia virtudes intelectuais e morais
Fonte: Dados da Pesquisadora
43
Todos os docentes concordam nessa questão que trata da importância de
incutir no aluno de Economia virtudes intelectuais e morais para construir suas
competências como profissional da área de Economia.
44
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o objetivo de mostrar a importância que o professor universitário
exerce na formação das competências do aluno do curso de Economia, este
trabalho foi desenvolvido, voltando-se, principalmente, aos parâmetros da educação
construtivista apoiada e defendida por vários educadores renomados, inclusive o
saudoso Paulo Freire.
Na introdução tudo gira em torno do problema de pesquisa: O professor
universitário está consciente de que é responsável por desenvolver competências
nos seus alunos de Economia e não é somente um transmissor de conhecimentos?
Problema esse, que terá seu desfecho no decorrer dos outros capítulos da pesquisa.
O segundo capítulo veio apresentar o início do ensino de Economia no
Brasil. Veio também, falar do profissional de economia e sua atuação na sociedade,
suas atribuições e de tudo que as norteia.
O terceiro capítulo teve o objetivo de mostrar como se deu o crescimento
do ensino superior no Brasil, a responsabilidade que o mesmo tem em incentivar não
somente o ensino, mas também a pesquisa e a extensão. Como deve a didática
atuar na formação do educador, e como através da pedagogia progressista o
educador deve agir como mediador no processo de ensino/aprendizagem
provocando o aluno a aprender a aprender.
O quarto capítulo é de muita relevância para este trabalho de pesquisa,
pois fala do diferencial que é o processo de ensino/aprendizagem do adulto
enquanto ser que aprende e ensina. Do importante papel do educador que forma
esse adulto, e de como ele deve ter a consciência de ir além da parte técnica da
45
profissão, mobilizando também um conjunto de recursos cognitivos que será de
extrema importância no dia a dia do profissional de economia. Veio falar também na
consciência da mudança nas práticas pedagógicas que só se dará quando a parte
pensante da educação também mudar e pensar em uma educação voltada para a
construção de competências. E finalmente, falar dos economistas bons e dos bons
economistas, termos estes usados por Armando Dias Mendes, importante
economista e professor da Universidade Federal do Pará, que relata muito bem em
sua obra O Economista e o Ornitorrinco, 2001, a diferença entre os diversos
profissionais de economia formados por diversas competências ou puramente pela
parte técnica da profissão.
Na apresentação e análise dos dados, última parte da monografia, é
relatada através de dezesseis perguntas, e analisada através de dezesseis gráficos,
uma pesquisa feita com sete docentes do curso de Economia da UNESC, questões
de extrema relevância para a conclusão do trabalho de pesquisa.
A conclusão a que se chega ao final da monografia, é que a consciência
do professor universitário na formação dos alunos de economia por competência é
muito importante. Ele pode e deve fazer a diferença na vida de seu educando. É na
universidade que o aluno deve se tornar um cidadão crítico e consciente de sua
responsabilidade social perante a sociedade. Chega da preocupação somente em
formar o bom economista. A preocupação em formar o economista bom deve estar
nas veias da universidade, e o professor tem sua responsabilidade nisso.
46
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Pesquisa na Escola: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola,
2003.
CASTRO, Nivalde José de. O Economista – a história da profissão no Brasil. Rio
de Janeiro : COFECON; CORECON-RJ; CORECON/SP, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia- Saberes necessários à prática
educativa. 31ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
JAPIASSU, Hilton. Papel do educador da inteligência. In: JAPIASSU, Hilton. O mito
da neutralidade científica. Rio de Janeiro : Imago, 1975.
LUCKESI, Cipriano C. O papel da didática na formação do educador. In: CANDAU,
Vera Maria. A didática em questão. Rio de Janeiro : Vozes, 1986.
MENDES, Armando Dias. O Economista e o Ornitorrinco – Ensaios sobre a
formação e a profissão dos economistas. Brasília: Coronário Editora Gráfica,
2001.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo:
Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2001.
NUNES LINS, Hoyêdo. Pedagogia da Sedução. Plural, Florianópolis, v.8, n. 12, p.
13 – 19, setembro/2000.
PERRENOUD, Philippe.
Alegre: Artmed, 1999.
Construir as competências desde a escola. Porto
PROJETOS de viabilidade econômica e financeira – Análises de Investimentos e
Financiamentos. Manual Prático/COFECON, v.1, Rio de Janeiro, setembro/1999.
ZANETTE, Rui José. A prática pedagógica na disciplina de administração
financeira e orçamentária dos cursos de administração de empresas nas
instituições de ensino superior de Santa Catarina. 2005. 61 f. Monografia
(Especialização em Didática e Metodologia do Ensino Superior) – ESUCRI – Escola
Superior de Criciúma – Criciúma.
47
ANEXOS
48
Eu, Alexsandra Linemburger Venson aluna do curso de Especialização em
Didática e Metodologia do Ensino Superior, solicito a sua colaboração professor do
Curso de Economia da UNESC, em responder a esse questionário para a
elaboração de minha monografia.
Obrigada.
Nome:
1. Você, docente do ensino superior do Curso de Economia da UNESC, acha
importante privilegiar a formação técnica de seus alunos?
(
) sim
(
) não
2. Você acha importante que seus alunos não alcancem a totalidade, estando
sempre aptos a aprender mais ou até mesmo, a renovar os conhecimentos já
adquiridos?
(
) sim
(
) não
3. Na sua opinião, o papel da universidade é articular conhecimentos cotidianos
com conhecimentos científicos?
(
) sim
(
) não
4. Em sua opinião, a repetição do conhecimento já adquirido é desnecessária e
cansativa?
(
) sim
(
) não
5. Você concorda que ser professor é ensinar a aprender?
(
) sim
(
) não
49
6. Criticar, elogiar, reconstruir é papel do professor?
(
) sim
(
) não
7. Quanto ao esquema de ensino: metodologia/programação deve ser:
(
) maleável
(
) rígido
8. O tempo de aprendizagem de cada aluno der ser:
(
) fixo
(
) variável
9. O papel do professor em sala de aula deve ser:
(
) principal fonte de informações
(
) despertar em seus alunos a busca por novos conhecimentos
10. É importante que o professor exerça o papel de provocar o aluno a aprender a
aprender?
(
) sim
(
) não
11. O conhecimento pronto e acabado condiz com a verdadeira missão da
universidade?
(
) sim
(
) não
12. Para você docente, é difícil desenvolver a técnica de ensinar a aprender em
seus alunos?
(
) sim
(
) não
13. Na sua opinião, a formação do aluno do Curso de Economia tem
responsabilidade político-social diante da sociedade?
(
) sim
(
) não
50
14. Você acha que faz parte da função do professor fazer desabrochar em seus
alunos o espírito econômico-político crítico?
(
) sim
(
) não
15. Segundo Philippe Perrenoud em sua obra Construir competências desde a
escola, 1999, “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de
recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc) para solucionar
uma série de situações”. Você concorda que o papel do professor vai mais
além do que simplesmente formar profissionais técnicos para o mercado de
trabalho?
(
) sim
(
) não
16. Você acha que incutir no aluno de Economia virtudes intelectuais e também
morais, ajuda na construção de suas competências como profissional de
Economia?
(
) sim
(
) não
Download