utilização da técnica reeducação postural global (rpg

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Utilização da técnica reeducação postural global (rpg) no tratamento
da escoliose estrutural
Camila de Souza Lopes1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós Graduação em Traumato- Ortopedia com Ênfase em Terapias Manuais- Faculdade Ávila
Resumo
A escoliose é um desvio lateral da coluna vertebral, que pode ser combinada com rotação
vertebral e lordose. Por ter caráter evolutivo, desencadeia transtornos estéticos e
complicações futuras graves, que podem envolver modificação estrutural das vértebras e
costelas, com rotação vertebral no plano transverso, desvio lateral no plano frontal e lordose
no plano sagital. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 80% da população mundial têm,
teve ou terá pelo menos um episódio de dor nas costas. Este estudo tem como objetivo
realizar uma revisão de literatura e levantamento bibliográfico do tema, por meio de artigos
científicos e livros, destacando a Reeducação Postural Global (RPG) como técnica eficaz no
tratamento da escoliose estrutural. Conclui-se que a técnica de RPG trata-se de um método
de avaliação e tratamento das diversas disfunções posturais e dos movimentos através de
posturas globais e analíticas que tratam as cadeias musculares em alteração, realizando um
efeito proprioceptivo sobre a postura de indivíduo. Diante dessa conduta, proporciona uma
melhor qualidade de vida para os pacientes.
Palavras chave: RPG (Reeducação Postural Global), Escoliose Estrutural.
1. Introdução
A escoliose é um desvio lateral da coluna vertebral, que pode ser combinada com rotação
vertebral e lordose. Por ter caráter evolutivo, desencadeia transtornos estéticos e complicações
futuras graves, que podem envolver modificação estrutural das vértebras e costelas, com
rotação vertebral no plano transverso, desvio lateral no plano frontal e lordose no plano sagital
(SALATE, 2003). É cada vez maior o número de pessoas com desvios posturais, e são
comuns devido à ação de agentes estressores e externos do cotidiano (CARNEIRO, et al.,
2005).
A dor nas costas é considerada a doença crônica mais comum entre os brasileiros, atingindo
cerca de 36% da população, destes apenas 68% buscam tratamento, e pode ocorrer em
qualquer idade do indivíduo, sendo mais raro na infância e mais comum após os 40 anos
(INSTITUTO PAULISTA, 2010). Segundo a Organização Mundial da Saúde estima-se que
80% da população mundial têm, teve ou terá pelo menos um episódio de dor nas costas. E é a
primeira causa de consulta médica, perdendo apenas para dores de cabeça (CRUZ, 2013). No
Brasil, as doenças musculoesqueléticas, predominantemente as doenças da coluna vertebral,
são a primeira causa de pagamento auxílio doença e a terceira causa de aposentadoria por
invalidez (FERNANDES; CARVALHO, 2000; JOHNSTON; PAGLIOLI; 2006).
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Pós Graduanda em Traumato-Ortopedia com Ênfase em Terapias Manuais
Orientadora da Faculdade Ávila
2
Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura e levantamento bibliográfico
do tema, por meio de artigos científicos e livros, destacando a Reeducação Postural Global
(RPG) como técnica eficaz no tratamento da escoliose estrutural.
2. Anatomia da Coluna Vertebral
A coluna vertebral inicia-se na base do crânio até a extremidade caudal do tronco, possuindo
33 superpostas e intercaladas discos intervertebrais. As vértebras sacras e as coccígeas se
fundem, constituindo um único osso, sacro e cóccix. É composto por curvaturas fisiológicas,
consideradas normais sendo: Cervical, Torácica, Lombar e Sacrococcígea (KAPANDJI, 2000;
TORTORA, 2006).
Os ossos da coluna vertebral são divididos em 24 vértebras articuladas e 9 interligadas entre
si, 7 vértebras cervicais, 12 vértebras torácicas e 5 vértebras lombares, sacro e cóccix. Os
ossos da coluna vertebral têm tamanhos e formas ligeiramente diferentes facilitando as
diversas funções existentes melhorando a flexibilidade e postura (THOMPSON; FLOYD,
1997). Sendo que a grande região sustentadora de peso da coluna é formada pelas vértebras
lombares (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
A coluna vertebral constitui movimentos que permite o movimento de flexão-extensão, a
inclinação lateral esquerda e direita e a rotação axial. Esta última é definida como eixo, pois
proporciona suporte a todo o corpo, protege a medula espinhal e são estabilizados
intrinsecamente pelos ligamentos, discos intervertebrais e extrinsecamente pelos músculos
(KAPANDJI, 2000).
Fonte: Grant, 2001
Figura 1. Vista anterior e posterior da coluna
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Fonte: Grant, 2001.
Figura 2. Vista lateral da coluna e das curvaturas fisiológicas.
3. Escoliose Estrutural
A escoliose pode ser classificada segundo sua etiologia em: estrutural e não estrutural. A
estrutural se caracteriza pela presença de uma proeminência rotacional no lado convexo da
curva. As vértebras são rodadas no sentido da convexidade, com maior visibilidade na posição
de flexão anterior de tronco, produzindo uma gibosidade (Teste de Adams positivo). A
gibosidade é uma alteração no formato da superfície do tronco de difícil correção,
provavelmente resultante da deformidade da caixa torácica (STOKES, 1989).
A escoliose estrutural é subdividida em: idiopática, neuromuscular (causada por paralisia
cerebral, lesão medular ou doenças neurológicas ou musculares progressivas) e osteopáticas
(relacionada com hemivértebra, osteomalácia, raquitismo ou fratura).
A escoliose não estrutural é causada pela discrepância dos membros inferiores, espasmo ou
dor nos músculos da coluna vertebral, por compressão de raiz nervosa ou qualquer outra lesão
na coluna, podendo ainda ser causada pelo mau posicionamento do tronco (KISNER e
COLBY, 2004).
A progressão de uma escoliose pode ser vista por alterações devido ao crescimento
esquelético em que ocorre uma retração das partes moles posteriores, que vai adicionando um
desequilíbrio que pode ser estrutural ou não estrutural (SALATE, 2003). Compartilhando da
mesma opinião, Miramand (2001), afirma que a biomecânica da escoliose além de apresentar
rigidez das partes moles posteriores, leva a um crescimento desordenado dos corpos vertebrais
anteriores e posteriores, induzindo uma rotação e promovendo uma diminuição ou
desaparecimento da curva fisiológica.
Massali (2008) descreve a classificação das curvaturas escolióticas em: cervicotorácicas,
torácicas, toracolombares, lombares, lombossacrais, escoliose cervical destra, escoliose
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cervicotorácica destra, escoliose cérvico-toracolombar sinistra, escoliose lombar sinistra e
escoliose torácica sinistra.
Segundo o mesmo autor, a escoliose em “C” e escoliose simples, podem apresentar-se de seis
maneiras: Escoliose torácica direita, torácica esquerda, escoliose lombar direita, lombar
esquerda, escoliose total direita e total esquerda. E ainda temos na classificação a escoliose
dupla (em S) e tripla que são causadas pela compensação da escoliose simples, geralmente
localizada no desvio lateral inferior ou por encurtamento de algum membro inferior.
A escoliose estrutural quando não tratada, pode causar sérios problemas, como:
Desequilíbrios musculares potenciais; Musculatura alongada e fraca no convexo da curva,
Irritação da raiz nervosa no lado da concavidade, distensão ligamentar no lado da
convexidade e fadiga muscular (KISNER C, 2005).
A Reeducação Postural Global trata-se de um método de avaliação e tratamento das diversas
disfunções posturais e dos movimentos através de posturas globais e analíticas que tratam as
cadeias musculares em alteração, realizando um efeito proprioceptivo sobre a postura de
indivíduo (SOUCHARD, 1986). A Reeducação Postural Global (RPG) é uma técnica que tem
por finalidade alongar os músculos tônicos, que são menos flexíveis, mais densos com a ajuda
dos músculos expiratórios e inspiratórios para que recuperem o comprimento, melhorando.
também a capacidade respiratória (SOUCHARD, 2003).
4. Reeducação Postural Global
A técnica da antiginástica é um método considerado holístico, que foi introduzido por
Françoise Mésières (1909-1991), no sul da França, é baseado na teoria das cadeias
musculares, por volta da metade do século XX, na década de 50. (COELHO, 2008).
A fisioterapeuta Madame Meziére que não concordava com a maneira que eram utilizados
alguns métodos em pacientes debilitados, começou a desenvolver uma técnica que integra
músculos e esqueletos. Foi a partir de Madame Meziére que Phillipe Souchard aprofundou-se
em seus estudos, desenvolvendo e aperfeiçoando o domínio da biomecânica, mais
frequentemente designada por suas iniciais R.P.G. (Reeducação Postural Global) que é um
método original e revolucionário nascido da obra “O Campo Fechado”, publicado por Phillipe
Emanuel Souchard em 1981, na França (SOUCHARD, 1986).
A técnica se baseia no princípio de que, os problemas posturais e musculoesqueléticos, são
introduzidos pelo encurtamento das cadeias musculares, principalmente posteriormente, que
se encurtam para nos dar equilíbrio ou estabilidade aos movimentos dos nossos braços e
pernas (MARQUES, 2000).
Durante cada sessão o fisioterapeuta emprega microajustes em alongamento numa série de
posturas suaves e progressivas (de pé, sentado ou deitado) (SOUCHARD, 1998). A técnica
pode ser indicada, sem limite de idade, às diversas patologias do sistema músculo –
esquelético, agudo ou crônico, com sintomas de dor e também para aquelas sem a presença de
dor (SOUCHARD, 1998).
Corrigindo certos erros fundamentais da cinesioterapia clássica, a Reeducação Postural Global
não a enriquece, mas substitui. O campo de aplicação é então o mesmo: problemas
traumáticos, reumáticos e neurológicos. Mas é talvez no domínio das afecções morfológicas
que a R.P.G., graças a eficiência dos seus estiramentos ativos, adquiriu seus maiores títulos de
nobreza: problemas de dorso curvo ( cifose ), lordoses, joelhos varos ou valgos, pés planos e
escolioses. Deve ser aplicada também aos seguintes problemas: dores articuladas e
musculares decorrentes de artroses, bursites, traumatismos, hérnia de disco, torcicolos,
tendinites e lesões por esforços repetitivos (L.E.R.), Dores ou desvios na coluna vertebral
como, espondiloartroses (bico de papagaio) e hiperlordoses, seqüelas de doenças neurológicas
5
ou de queimaduras, perturbações do esquema corporal decorrente de doenças psicossomáticas
(SOUCHARD, 2001).
Segundo Souchard (2001), cinco são as cadeias musculares: inspiratória, a posterior, a
ânterointerna da bacia, a anterior do braço e a ânterointerna do ombro. Esta técnica utiliza o
estiramento muscular ativo, procurando alongar em conjunto os músculos estáticos
antigravitacionais, os músculos rotadores internos e os inspiratórios. Através do alongamento
muscular, entende-se qualquer manobra terapêutica elaborada para alongar estruturas de
tecidos moles encurtados.
A técnica deve ser baseada em anamnese, fotos, exames de retrações, pontos de reequilíbrios
e por último a escolha da postura que irá ser trabalhada com o paciente, deve-se saber em que
momento a dor aumenta ou incomoda mais. (SOUCHARD, 1998).
As posturas são modificadas conforme a evolução do paciente, podendo em cada sessão ser
realizada uma nova avaliação, priorizando a melhora postural. (LIPPERT, 2000)
Posturas apresentadas neste trabalho são as mais utilizadas na Reeducação Postural:
A postura "rã no ar" consiste no tronco e membros inferiores estarem em ângulo de 90° graus.
O paciente permanece em decúbito dorsal, porém com os ombros em abdução a
aproximadamente 45°, com a articulação radiulnar em supinação, membros inferiores em
abdução e suspensos pelo calcâneo (por uma corda fixada na parede) com as talocrurais em
dorsiflexão e paralelos ao teto (GOMES, et al., 2006,p.103).
Na postura "rã no ar" braços abertos e braços fechados, são eficazes no alongamento dos
músculos da nuca, do tórax, da coluna vertebral, dos ombros, dos cotovelos, das mãos, da
pelve, do quadril, dos joelhos e dos pés. E após o desbloqueio respiratório, o paciente deve
flexionar os joelhos e quadril apoiando os pés sobre o ombro do fisioterapeuta, mantendo a
cadência ritmada da sessão. (QUINTELO, 2013).
Fonte: Souchard (2003)
Figura 1: Rã no ar braços abertos
6
Fonte: Souchard (2003)
Figura 2: Rã no ar braços fechados
As posturas "rã no chão" consistem no tronco e membros inferiores em extensão, o paciente é
posicionado em decúbito dorsal com os braços ao longo do corpo, radiulnares em supinação,
membros inferiores em abdução com rotação lateral, com flexão de quadril e joelhos até a
completa aposição das plantas dos pés (GOMES, et al., 2005, p.103). A progressão da postura
em abertura de ângulo consiste na extensão e adução dos membros inferiores e abertura dos
membros superiores (SOUCHARD, 2001, p.78).
Fonte: Souchard (2003)
Figura 3: Rã no chão braços abertos
7
Fonte: Souchard (2003)
Figura 4: Rã no chão braços fechados
A postura sentada tem eficácia no tratamento da coluna vertebral, no quadril, nos joelhos e
esquema corporal. É uma postura mista em carga, já que as pernas não recebem o peso do
corpo. Na postura é possível pilotar a coluna observando e corrigindo os desequilíbrios. O
Fisioterapeuta deve solicitar ao paciente para que ele sente-se no banco, chão ou mesa. Em
seguida, é realizada a pompagem dos ísquios, pedindo ao paciente que eleve o quadril do
banco enquanto o fisioterapeuta coloca as duas mãos sob os dois glúteos do paciente, em
seguida solta o peso do corpo na mão do fisioterapeuta que faz uma tração posterior fazendo
que o paciente sentasse sobre os ísquios (QUINTELO, 2013). A postura sentada além de
eficaz, por agir sobre os músculos posteriores, é recomendada em casos de escoliose (coluna
envergada para um dos lados) (SOUCHARD, 2001).
Fonte: Souchard (2003)
Figura 5: Postura Sentada
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Postura em pé contra a parede, o paciente deve ser colocado de costas para a parede apoiando
toda a coluna, occipital e calcanhar. Desbloquear a respiração instalando o suspiro e pedindo
ao paciente que estufe o ventre. Os calcanhares devem estar encostados na parede e unidos
mantendo uma pequena abdução de 15º, com os joelhos semifletidos mantendo uma pequena
rotação externa, para manter os maléolos e côndilos unidos. Fazer uma pompage nos pés
cavos.
Caso os calcanhares estejam afastados da parede, ir aproximando-os a cada repetição da
postura. Estender os joelhos mantendo sempre a lombar apoiada na parede, e os côndilos
unidos. A extensão do quadril e joelho só pode ser feita com a rotação externa do fêmur.
(QUINTELO, 2013).
Fonte: Souchard, (2003).
Figura 6: Postura em pé contra a parede
Postura em pé inclinada para frente, nesta postura é possível pilotar a coluna observando e
corrigindo os desequilíbrios. Solicitar ao paciente, para que ele, faça uma resistência na mão
do fisioterapeuta que deve esta posicionada na cervical/occiptal, e flexionando os joelhos
mantendo maléolos e côndilos unidos fazendo uma pequena rotação externa do joelho
(QUINTELO, 2013). E os membros superiores devem permanecer ao lado do corpo,
estendidos e com rotação externa do ombro (palma da mão para frente e depois para baixo).
O fisioterapeuta deve trabalhar a flexão do tronco, braços, pernas, calcanhares, joelhos, pelve
e coluna para manter a cifose torácica ou recriá-la nos casos de retificação através da
expiração, e posicionar os ombros e membros superiores.
Fonte: Souchard,(2003).
Figura 7: Postura em pé inclinando para frente
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A postura em pé no centro é contrária da postura de pé contra a parede, pois é possível pilotar
a coluna observando e corrigindo os desequilíbrios.
Quando trabalhar os membros inferiores, os calcanhares devem estar unidos mantendo uma
pequena abdução de 15º, os joelhos semifletidos e uma pequena rotação externa, e os
maléolos e côndilos unidos fazendo uma pompage nos pés.
Ao utilizar a tábua é necessário elevar a prancha, cada vez que estender o joelho, mantendo
sempre os côndilos unidos. A extensão do quadril e joelho só pode ser feita com a rotação
externa do fêmur (QUINTELO, 2013). E ainda trabalhar a pelve e coluna lombar e torácica,
coluna cervical, ombros e membros superiores. Nesta postura é priorizada a respiração, a
coluna vertebral, o quadril, os joelhos, os pés, o equilíbrio, e o esquema corporal.
Na prática observou-se que é as cadeia musculares trabalham o corpo todo simultaneamente,
dando ênfase, cada uma delas, e estas posturas nada mais são que movimentos lentos,
graduais e progressivos que duram, em média, 20 minutos cada. A sessão de RPG com o
tempo de uma hora e os tratamentos que variam de uma a dezenas de sessões, mas a média é
de 12 sessões. O objetivo dessa técnica é alongar e descomprimir o corpo, permitindo que os
músculos se automatizem a ficar nas posições fisiologicamente corretas.
Diante das evidencias é visto que o desvio postural escoliose, interfere diretamente na
biomecânica dos movimentos, onde deve ser utilizadas as técnicas do método de reeducação
postural global, e torna-se imprescindível que, profissionais de fisioterapia trabalhem
estabelecendo programas e metas de treinamentos para correção destas posturas, mas requer
ainda, além do profissional envolvido na saúde e educação, o envolvimento da família com o
objetivo de dar atenção especial e acompanhamento, a este individuo para que tenha uma
melhor qualidade de vida.
Fonte: Souchard, (2003).
Figura 8: Postura em pé no centro.
5. Metodologia
Para elaboração deste trabalho, optou-se pela realização de pesquisa bibliográfica, a pesquisa
teve por finalidade realizar levantamentos bibliográficos por meio de livros, artigos, teses e
monografias, onde se obteve dados de artigos científicos com publicação entre 2000 a 2013.
Das 22 publicações científicas, foram selecionados 07 artigos e revistas, 03 monografias,
buscando sempre informações quanto ao uso da técnica de reeducação postural para o
tratamento da Escoliose estrutural, conforme o tema proposto.
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Como método para encontrar o tema proposto foi utilizado às seguintes palavras chaves:
Reeducação Postural; Escoliose Estrutural; Tratamento RPG;
6. Resultados e Discussão
Santos (2003) comparou a técnica da RPG com técnica de série de Williams, para o alívio da
dor das lombalgias, sendo que a técnica RPG foi mais eficaz, ao proporcionar o tratamento
global tanto físico como mentalmente mais completo. Em outro estudo, foram realizados
cinco sessões da RPG, uma vez por semana, sendo submetidos ao questionário de E.V.A.
(Escala verbal analógica), chegaram a resultados mais rápidos, com melhora significativa com
o tratamento associando, também a técnica de terapia manual (BRIGANO; MACEDO, 2005).
Para Silva Filho (2000) o tratamento com a técnica RPG nos pacientes estudados, não visava
apenas à coluna vertebral, mas a globalidade. Isso fez com que o paciente apresentasse
melhora significativa da postura corporal, além do aumento da autoestima, favorecendo,
portanto a qualidade de vida. O que demonstra compatibilidade com o tratamento justificado
por Souchard (2003), pois consegue de uma maneira global, trabalhar o indivíduo como um
todo, respeitando as particularidades de cada pessoa.
No estudo com 35 indivíduos para avaliar a qualidade de vida utilizando a técnica RPG, onde
foram também submetido ao método da E.V.A, avaliando a eficácia e a melhora da dor
lombar, teve-se como resultado comprovado que a técnica contribuiu para a qualidade de vida
dos participantes em aproximadamente em 70% e diminuindo também o nível de
incapacidade funcional (CANTO et al, 2010). No estudo realizado por Ribeiro; Moreira
(2010) envolvendo 102 pacientes, por 4 meses, 92 destes pacientes retornaram as suas
atividades diárias completamente, estes pacientes tiveram reduzido o absenteísmo, e
mostraram assim a eficácia da técnica da RPG (RIBEIRO; MOREIRA, 2010). Em outro
estudo para analisar a capacidade funcional, foi obtido como resultado, uma melhora bem
significativa com o uso da técnica. (EDUARDO, et al., 2006).
Valente (2009) realizou um estudo com 03 pacientes com 10 sessões de RPG, uma vez por
semana, durante trinta (30) minutos cada, na Clínica Escola de Fisioterapia da Unama, os
pacientes tiveram uma regressão da gibosidade ao serem submetidos às posturas após as 10
(dez) sessões estabelecidas. Com o objetivo de alcançar um resultado satisfatório do
alongamento muscular, com o uso da RPG, foi favorecido com o tratamento e ainda alcançouse um aumento significativo da força muscular inspiratória e expiratória respectivamente,
após as 10º sessões. Observou-se também o aumento significativo nos valores da mobilidade
toracoabdominal nas três regiões (axilar, mamilar, xifoide) na primeira sessão após o RPG.
Esses resultados foram compatíveis com os estudos de Yokohama (2004), onde seus
resultados evidenciaram aumento da mobilidade toracoabdominal em todos os pacientes após
10 sessões de alongamento. Segundo Tribastone (2002) e Ricieri (2003) apud Yokohama
(2004), essa situação se dá porque a região superior do tórax é mais rígida do que a inferior
devido ao formato anatômico das costelas.
Já no estudo de Batista, et al., (2009) com 30 pacientes submetidos a 10 sessões de RPG, uma
vez por semana, durante trinta (30) minutos cada, na Clínica Escola de Fisioterapia, observouse a significância da técnica da RPG na diminuição da dor em pacientes com escoliose
idiopática, onde teve-se redução significativa do nível de dor a partir da 5ª sessão. Esse
resultado foi compatível com o estudo de Pita (2000), onde seus resultados evidenciaram uma
melhora do quadro álgico a partir da 5ª sessão. Em concordância, com um estudo que
objetivava tratar a escoliose com método RPG, realizado por Marques (1996), obteve-se como
resultado o desaparecimento da sintomatologia dolorosa a partir da 6ª sessão.
Moreno et al., (2007) descrevem que ao estudarem os efeitos da postura "rã no chão com
braços abertos" para enfatizar o alongamento dos músculos da cadeia respiratória, tiveram
11
como resultado o aumento das pressões respiratórias máximas e da expansibilidade torácica
reforçada.
Já para Souchard (2001) as posturas rã no chão e rã no ar permitem melhor estabilidades dos
pontos de inserção do diafragma, sendo ideais para trabalhar o alongamento dos músculos da
cadeia respiratória, e que estes procedimentos podem intensificar os efeitos relativos à
respiração.
No estudo de Fozzatti et al., (2010), em que todas as posturas do método RPG foram
utilizadas, com ênfase naquelas que simulam as atividades diárias que provocam
incontinência (em pé, sentada, com inclinação anterior), houve melhora da flexibilidade,
elasticidade e força dos músculos do assoalho pélvico. Os autores destacam as vantagens do
método RPG por não ser invasivo e não causar efeitos colaterais.
Para que se obtenha um resultado satisfatório é necessária uma avaliação fidedigna com o
empenho profissional, para se conseguir recursos completos, que vão refletir no quadro de
incapacidade e acompanhamento de sua evolução e consequentemente sua progressão. E, para
isso, a radiografia é um instrumento essencial e importante para facilitar na medição da
deformidade das curvaturas. (BASSANI, 2008).
7. Considerações Finais
Postura não se altera, constrói a partir da vivência corporal e da modificação da atitude de
cada um perante a vida e de seus hábitos diários. É necessário conhecer as alterações posturais
e as necessidades reais dos pacientes para, após, pensar em reabilitação.
A Reeducação Postural Global é um método de avaliação e tratamento eficaz das diversas
disfunções posturais e dos movimentos através de posturas globais e analíticas que tratam as
cadeias musculares em alteração, realizando um efeito proprioceptivo sobre a postura. Sendo
que a postura é o reflexo do que o indivíduo é.
Durante o tratamento, a respiração é trabalhada de forma específica, proporcionando o
alongamento muscular global e melhora no alinhamento da coluna vertebral e demais
estruturas.
Dessa forma, a técnica RPG atua na correção da postura e no consequente alívio de dores e
desconfortos. Ao longo do tempo, ao manter o corpo em posições inadequadas ao sentar, ficar
em pé e caminhar ou mesmo ao realizar determinados movimentos repetidos em posições fora
do alinhamento ideal, determinados músculos do corpo vão se encurtando e esses
encurtamentos acarretam os desvios na postura. Como exemplos, desvios laterais da coluna
(escolioses).
Quando a técnica é bem utilizada e avaliada, contribui para o alívio de algias proporcionando
equilíbrio postural, ajuda na função respiratória, melhorando as trocas gasosas e como
conseqüência, causa relaxamento, além de contribuir para a melhoria de problemas articulares
e musculares, visando o corpo de forma global e integral, pois o corpo é uma rede de
músculos interligados e as reações sempre ocorrem em cadeia.
Por fim, diante dos resultados obtidos na literatura, pôde-se observar que o uso do método do
RPG no tratamento de pacientes de Escoliose Estrutural, obteve resultados positivos no que
diz respeito a melhora na qualidade de vida. Pode-se verificar a importância da fisioterapia
especializada (metodologia RPG) na confirmação do diagnóstico (através do exame postural)
na minimização dos sinais e sintomas decorrentes da patologia, reduzindo o tempo total e o
melhor alcance dos objetivos gerais e específicos da reabilitação.
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