Deficiência auditiva

Propaganda
Diogo Araujo – Med 92
Deficiência auditiva: etiologia, diagnóstico e tratamento
Professor André




Cerca de 16% dos brasileiros possuem algum grau de deficiência auditiva.
Se o defeito ocorre na orelha interna ou em alguma estrutura nervosa que vem depois dela, dizemos que
há uma surdez neurossensorial. Se o defeito está antes da orelha interna, dizemos que é surdez condutiva.
As células ciliadas externas, ao se movimentarem, produzem um som, que é captado na região do conduto
auditivo externo (é o teste da orelhinha).
o É nisso que se baseia o Teste das Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA) – Teste da Orelhinha.
Potencial auditivo invocado de tronco encefálico (também conhecido como BERA ou PEATE) consiste na
verificação do funcionamento das vias nervosas auditivas no tronco encefálico e no cérebro.

Hoje, vamos falar da surdez neurossensorial.

Os dois tipos principais nos adultos são:
o Presbiacusia: ou seja, perda auditiva pela idade. Pacientes mais idosos.
o Perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR): é mais comum em exposição ocupacional. Os
trabalhadores expostos a ruídos contínuos e de alta intensidade perdem a audição para altas
frequências.
Nas crianças:
o Genética: 50%
o Não genética: são as otites médias (que começam como agudas e evoluem para otite média
crônica com perda da audição; nesse caso, é do tipo condutiva e não será abordada na aula).

[Falando da perda de audição no adulto]






Cerca de 40% dos pacientes que envelhecem apresentam algum grau de perda da audição ao passar dos 75
anos. É uma perda neurossensorial, progressiva, para frequências acima de 2000 Hz, simétrica. Geralmente,
é assintomática (quem percebe é a família), com queda da discriminação vocal.
Essa presbiacusia ocorre por estresse, poluição, inflamação, etc.
São fatores que aumentam o estresse oxidativo e que agridem o material genético das células ciliadas. Elas
morrem por apoptose.
A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) ocorre mais comumente em adultos jovens. Geralmente, é
ocupacional, insidiosa, irreversível, neurossensorial, simétrica e para altas frequências.
O paciente refere perda da audição, zumbidos, alteração da discriminação vocal, recrutamento
(irritabilidade com barulhos de baixa frequência), sintomas não auditivos.
Por lei, é obrigatório:
o Esclarecimento do trabalhador (prevenção);
o Uso sistemático de EPI;
o Redução de ruído no local de trabalho.
[Falando na perda de audição na infância]
Diogo Araujo – Med 92

A surdez genética é, em 30% dos casos, sindrômica. Então, a maior parte dos casos de surdez é não
sindrômica (ou isolada).
o 85%: autossômica recessiva
o 15%: autossômica dominante


A história familiar é importante. Porém, ela não é determinante! Isso porque a recessiva é a mais frequente.
História familiar, malformações associadas, anóxia perinatal, permanência em UTIN, infecções perinatais
(CMV e rubéola), todos esses são fatores de risco para surdez neurossensorial.
O diagnóstico deve ser feito até o terceiro mês de vida e a reabilitação auditiva é feita até o sexto mês.
Se a criança é diagnosticada no BERA, ela repete com 30 dias. Se detectar problemas de novo, é
encaminhado para ORL e genética médica.
Desenvolvimento auditivo:
o 2 a 4 meses: somente há reflexos primitivos. O som próximo da orelha desencadeia reflexo de
moro e cócleo-palpebral.
o 4 a 7 meses: o bebê já consegue localizar a fonte sonora.
o 21 a 24 meses: a criança tem de localizar obrigatoriamente a fonte sonora.
Se a criança nasceu com fator de risco, ela tem de ser obrigatoriamente acompanhada até os 2 anos de
idade.
Teoricamente, toda criança deveria ser avaliada com:
o Triagem auditiva comportamental
o Triagem auditiva eletrofisiológica
 Potencial auditivo evocado de tronco encefálico (BERA)
 Emissão otoacústica evocada (EOA; ou teste da orelhinha)
Quando as crianças já têm de 2 a 4 anos, podemos testar a audição por audiometria (de reforço visual ou
lúdico).










Na audiometria, quando o paciente não ouve mais o som, dizemos que ele chegou a um limiar auditivo.
A audiometria fornece um gráfico (audiograma) que revela o limiar auditivo para diversas frequências.
As perdas auditivas podem ser condutivas, neurossensoriais ou mistas.
A audição do paciente nesse teste é avaliada tanto pela via óssea quanto pela via aérea (ou seja, testa-se a
audição por meio de emissão de som no meato acústico externo e por vibração óssea). Isso é feito porque:
o Se o problema da audição é condutivo, o paciente vai ouvir bem a vibração óssea (via óssea), mas
não o som aéreo (via aérea).
o Se o problema é neurossensorial, não adianta emitir som pela via aérea ou óssea. O órgão que
converte tudo isso em som não está funcionando.
Resumindo:
o
o
o

Perdas auditivas condutivas: via óssea normal, mas via aérea diminuída. E, entre elas, há uma
distância de pelo menos 10dB (gap aero-ósseo).
Perdas auditivas neurossensoriais: vias óssea e aérea diminuídas, sem gap aero-ósseo.
Perdas auditivas mistas: vias óssea e aérea diminuídas, mas com gap aero-ósseo entre elas.
Lembrando que, pra classificar o grau de perda auditiva, vemos em que altura está a curva na audiometria:
o Normal: limiar auditivo de até 30 dB;
o Perda leve: entre 30 e 40dB;
Diogo Araujo – Med 92
o
o
o
o


Perda moderada: entre 40 e 55dB;
Perda moderada severa: entre 55 e 70dB;
Perda severa: entre 70 e 90dB;
Perda profunda: mais que 90dB.
Já a imitanciometria é o exame que vê a complacência da membrana timpânica (timpanometria) e a
presença ou não do reflexo do estapédio.
A timpanometria avalia pressão, quantidade de som reabsorvido e variação de pressão dentro da orelha
média. Ela vê a complacência da membrana timpânica. O normal é que, tanto quando aumentamos quanto
quando diminuímos a pressão dentro do conduto auditivo externo, a membrana timpânica seja
complacente e na mesma proporção.
o A curva do tipo A é a curva normal. Ela é simétrica e com uma boa altura. A pressão dentro da
orelha externa está a mesma da média.
o A curva do tipo As ou Ar não tem uma boa altura. Representa uma cadeia ossicular rígida, que está
ligada à membrana timpânica e não deixa ela ser complacente e se mover. É sugestiva de
otosclerose.
o A curva Ad (ou curva D) é aquela em que não há um pico formado. Parece que o pico está no
infinito. É sugestiva de desarticulação da cadeia ossicular ou de áreas de neotímpano que sejam
muito flácidas.
o A curva do tipo B é aquela em que não há pico nem simetria. A curva “é bem plana”. O sistema é
rígido. Ele diz que há líquido dentro da orelha média ou tumor dentro da orelha média.
o A curva tipo C é aquela em que o pico da curva se dá em valores de pressão muito negativos.
Reflete disfunção da tuba auditiva, que acarreta pressões negativas dentro da orelha média.

O reflexo acústico do estapédio tem a função de proteger a orelha interna. Ele torna rígida a cadeia ossicular
(diminuindo a amplificação do som) quando a orelha é exposta a som com mais de 60 dB acima do limiar
auditivo do paciente. Isso só ocorre em ouvidos sadios. As vias aferente do reflexo é dada pelo NC VIII e a
eferente, pelo NC VII.
o Se ele está ausente, podemos presumir que haja defeito em qualquer um dos elementos que faça
parte das vias aferente ou eferente do reflexo. Ex: lesão nos NCs VII ou VIII, surdez neurossensorial,
membrana timpânica deficiente, rigidez da cadeia ossicular, etc.

A audição pode ser reabilitada com:
o Implante coclear; ou
o Aparelho auditivo.
Em ambas as condições, tentamos primeiro reabilitar o paciente com o uso de aparelho auditivo.
Se funcionou, OK.
Se não funcionou e a surdez é neurossensorial (já severa ou profunda), podemos fazer o implante coclear.



Diogo Araujo – Med 92
Fisiologia do equilíbrio







O equilíbrio é o conjunto da função labiríntica, da visão e da propriocepção.
Existem dois reflexos importantes no labirinto:
o Vestíbulo-ocular: movimentação ocular
o Vestíbulo-espinhal: reorganização da musculatura para manter equilíbrio
A mácula do sáculo e o utrículo possui as otocônias, cristais de oxalato de cálcio que se movem de acordo
com a aceleração linear. Outra função dela é sempre orientar o que é para cima e o que é para baixo.
Já as ampolas dos canais semicirculares detectam as acelerações angulares.
Nesses órgãos periféricos, as células ciliadas possuem um cilio maior (cinocílio). Toda vez que esse cílio é
defletido na sua direção, há influxo de K. se for no sentido contrário, há efluxo de K. assim, as células de um
canal semicircular são despolarizadas e as do contralateral, hiperpolarizadas. Assim, temos como saber que
houve movimento.
Quando essa célula ciliada está em repouso, ela bombeia K para a endolinfa. São cerca de 90 potenciais de
ação por segundo. Quando eu giro a cabeça para um lado (como o direito), há deflexão dos cílios em direção
ao cinocílio, com despolarização (cerca de 180 potenciais por segundo). No contralateral, há o efluxo, com
hiperpolarização e 10 cerca de 10 potenciais por segundo.
O reflexo vestíbulo-ocular faz com que, se eu giro a cabeça apara a direta, os olhos girem para a esquerda.
Download