agência de comunicação - Internationali Negotia

Propaganda
INTERNATIONALI NEGOTIA
DIRETORIA ACADÊMICA
NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO
ANA LUISA PADILHA FIGUEIRA
MARIANA BITENCOURT SANTOS
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO
OS DESAFIOS DO JORNALISMO INTERNACIONAL E DO
COTIDIANO DE UM CORRESPONDENTE
​
MODELO INTERNACIONAL DO BRASIL
BRASÍLIA - DF
2016
ANA LUISA PADILHA FIGUEIRA
MARIANA BITENCOURT SANTOS
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO
OS DESAFIOS DO JORNALISMO INTERNACIONAL E DO
COTIDIANO DE UM CORRESPONDENTE
BRASÍLIA - DF
2016
CARTA DO SECRETARIADO
Queridos jornalistas, esta é a hora de adentrar no grande universo da comunicação
ainda no período escolar. A Agência de Comunicação (AC) será o grande momento de
entender, através dos olhos de um repórter e, do nosso caso, de um correspondente
internacional, o espectro das negociações internacionais de uma simulação.
A Agência de Comunicação é a porta de entrada para os outros comitês, ou melhor, é
o poder de informação chegando em todo o evento. Vocês, repórteres, serão a conexão entre
as salas de aulas invadidas de jovens vestidos de roupa social que querem mudar o mundo. Da
mesma forma que um delegado só sabe o que acontece no comitê ao lado através do jornal
produzido pela AC, um brasileiro só sabe o que acontece na Guerra da Síria através do
trabalho do jornalista.
Com quatro linhas editoriais - Al Jazeera, Folha de São Paulo, Le Monde e New
York Times -, o repórter poderá passar pelo comitê que tiver interesse e aproveitar da
versatilidade oferecida pela profissão do jornalista para transmitir a informação a partir do
olhar de um correspondente internacional.
A partir de agora, caro jornalista, aproveite essa oportunidade para aprender o
máximo possível do universo jornalístico e, principalmente, do comitê que está
acompanhando. Sabe por quê? Porque jornalismo é isso, aprender e transmitir o conhecimento
através da informação.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é pesquisar sobre os desafios de um correspondente
internacional e a sua importância para a sociedade. Para o desenvolvimento do estudo, serão
analisadas as teorias do jornalismo e alguns fatos de relevância mundial, de forma a
compreender o papel que o repórter internacional exerce e exerceu ao longo da história. Para
compreender o assunto, será feita uma revisão conceitual acerca das agências de notícia e de
correspondente internacional. Ainda assim, partindo de argumentos de Natali (2004) e Wolf
(2008), é possível relacionar as respectivas teses com o que acontece na prática diária da
profissão. Destacam-se alguns exemplos no artigo, como o 11 de setembro, a Primavera
Árabe e o genocídio em Ruanda. O trabalho também abordará a cobertura dos comitês das
Nações Unidas e o papel do jornalista que atua no local, além de um histórico sobre o tema no
mundo e no Brasil.
Palavras-chave​: Comunicação, Jornalismo Internacional, Correspondentes Internacionais,
Agências de Notícias, Mundo, Nações Unidas.
ABSTRACT
The objective of this work is to search on the difficulties of international
correspondent and its importance to society. To develop the study, it will be analyzed the
theories of journalism and some facts with global relevance, in order to understand the role
that the international reporter exerts and exerted ​throughout history. In order to understand the
subject, a conceptual review about news agency and international correspondents will be
made. Even so, starting with Natali’s (2004) and Wolf’s (2008) arguments, it is possible to
relate their theses with what happens in the daily practice of profession. Some examples are
stand out in this article, like the September 11th, the Arab Spring and the genocide in
Rwanda. This work will bring the coverage of committees of the United Nations and the role
of journalists who work there, beyond of a history of the theme in the world and in the Brazil.
Keywords​: ​Communication, International Journalism, International Correspondents, News
Agency, World, United Nations.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO​.........................................................................................................................1
1. ​Os primórdios do jornalismo internacional.............................................................................2
2​. Obtenção de informações: as agências de notícia...................................................................2
3.​ Um pouco de história do Jornalismo Internacional no Brasil.................................................4
3.1.​ Cotidiano de uma redação de jornal, a editoria de Mundo no Brasil………...........6
4. ​Correspondente internacional e enviado especial……………………………………...........7
4.1.​ Público alvo......................................................................................................​........9
5.​ O jornalismo nas Nações Unidas..........................................................................................10
6.​ O poder da mídia em conflitos internacionais…………………………………………......11
CONSIDERAÇÕES FINAIS​.................................................................................................13
REFERÊNCIAS​......................................................................................................................14
APÊNDICE I​ – Linhas Editoriais............................................................................................16
INTRODUÇÃO
O jornalismo é essencial no cotidiano de qualquer sociedade complexa. É através da
cobertura jornalística que todo o planeta tem acesso à informação e aos acontecimentos
ocorridos em outros cantos do mundo, como guerras, eleições, desastres naturais, entre outros.
Porém, a atividade de um jornalista vai muito além desse mero repasse de informação, é a
partir dessa profissão que a população tem acesso ao conhecimento, desenvolvendo, assim, o
senso crítico e a liberdade de pensamento indispensáveis na vida do indivíduo.
O jornalismo é tão árduo quanto fascinante, e o seu exercício traz, em doses quase
equivalentes, objetividade e subjetividade. Se há uma história a ser contada, cabe ao
jornalista ouvir versões diferentes, colher depoimentos conflitantes, analisar dados e
relatar fatos. Com avanços e recuos, tenta encaixar as peças do quebra-cabeça. Sua
missão é a busca do conhecimento. (Tavares, 2011, p. 9)
Além de entender a importância do trabalho do jornalista, é necessário também
relembrar que o direito à informação é garantido, tanto no Artigo 19 da Declaração Universal
dos Direitos Humanos - ​Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este
direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e
transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras quanto no Artigo 5º, Inciso XIV da Constituição Federal de 1988 - ​é assegurado a todos o
acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional.
Com isso, levando em conta o direito à informação garantido nessas instâncias civis e
a democratização da comunicação, os fatos mundiais devem sempre ser transmitidos com a
melhor qualidade possível. Nesse artigo, que teve como principal referência para pesquisa o
livro Jornalismo Internacional, de João Batista Natali, de 2004, será analisado as formas com
que a informação, principalmente a internacional, chega ao acesso da população.
A democracia implica a soberania popular e a distribuição equitativa dos poderes. Os
meios de comunicação fazem parte desses poderes. Para que haja democracia numa
sociedade, é necessário que haja democracia também no exercício do poder de
comunicar. (Guareschi, 2007, p.12)
1. Os primórdios do jornalismo internacional
O jornalismo internacional pode ter como criação o início da Idade Moderna. Apesar
de ser uma data muito distante, foi com o surgimento das primeiras navegações e do
desenvolvimento do sistema capitalista do Mercantilismo, no final do século XV, que o
jornalismo internacional começou a se desenvolver. A partir do início do período de
navegações, iniciou também a necessidade do compartilhamento de informações entre essas
nações.
Saber sobre os novos territórios descobertos, os preços das mercadorias e as guerras
que aconteciam no período interessava às nações envolvidas e aos consumidores do século.
Todas essas notícias, que eram transmitidas por cartas, afetavam diretamente as relações
comerciais das grandes potências que estavam sendo construídas na Idade Moderna.
Dessa forma, pode-se considerar que, com o formato de coleta e difusão das notícias
vindas das chamadas ​terras distantes, o jornalismo já nasceu internacional. A informação era
comercializada como instrumento de poder e negócios. “O jornalismo internacional, nos
primórdios do jornalismo, era o único tipo de jornalismo conhecido”, disse João Batista
Natali, em 2004.
A partir do século XIX, período que os jornais impressos já estavam mais
consolidados, iniciou a diferenciação entre os periódicos. O consumo era diferenciado entre os
veículos destinados à burguesia, à classe operária e à população do campo, todos usados como
ferramentas essenciais para a economia (NATALI, 2004).
Um dos primeiros acontecimentos de cobertura internacional foi a Guerra Civil
Americana, ocorrida entre 1861 e 1865. Cerca de 150 correspondentes foram para o local de
conflito e isso acabou consolidando o jornalismo internacional. As redações já estavam
estabilizadas e mais experientes, mas o objetivo da cobertura americana era outro: obter
informações com o menor custo possível (NATALI, 2004). Dessa forma, os jornalistas
encontraram a solução de produzir o mesmo conteúdo para diversos órgãos de imprensa,
trabalho feito pelas atuais agências de notícias.
2. ​Obtenção de informações: as agências de notícia
Voltando para a Guerra de Secessão, em 1865, foi a agência de notícias britânica
Reuters a primeira a noticiar em território europeu o assassinato do presidente americano
Abraham Lincoln. Ainda no processo de criação, as agências de notícias deram visibilidade
econômica ao que acontecia em vários outros lugares do mundo. Os veículos locais passaram
a consumir mais notícia internacional justamente por elas serem mais baratas e de fácil acesso:
contratar o serviço de uma agência sai mais em conta do que sustentar um correspondente
internacional em um país estrangeiro (NATALI, 2004).
Em 1835, foi criada por Charles Havas a primeira agência de notícias do mundo, a
atual Agence France-Presse (AFP). A história das agências de notícias também anda junto
com a história de todo o jornalismo, principalmente o internacional. Foi através do teletipo,
muito usado pelas agências para transmitir a informação de um país para o outro, que mais
uma redução de custos foi alcançada no cotidiano das editorias internacionais. Com as
mensagens sendo transmitidas por ondas, os jornais não dependiam mais da espera de navios
ou aviões para o recebimento das notícias. Esse instrumento de transmissão de dados via rádio
paralisava a redação. No Brasil, por exemplo, foi através do sininho do teletipo que os jornais
do país ficaram sabendo do ataque americano com a bomba atômica na cidade japonesa de
Hiroshima, em 1945.
Entretanto, a contratação de serviços das agências de notícias não é totalmente
benéfica. Principalmente para vender mais e não perder clientes, as empresas desenvolvem
uma postura de mercado que leva ao apartidarismo do noticiário (NATALI, 2004). As notícias
eram repassadas para os jornais sem muito detalhes e pensamento crítico, omitindo certos
acontecimentos para não prejudicar suas imagens. Essas atitudes levaram o ​The Guardian, em
1871, a enviar correspondentes tanto para o lado francês, quanto para o prussiano, para uma
cobertura mais justa da guerra em curso.
“A despeito das diferenças e distâncias econômicas, políticas e culturais, as agências
internacionais fornecem mais de 70% de tudo o que se ouve, lê ou vê sobre o mundo no
Brasil” (MOREIRA, 1996). Interessante pensar que essa citação, de 1996, indicava um
cenário em que o Brasil enviava poucos correspondentes internacionais para o exterior,
recorrendo quase que totalmente às agências de notícias.
Sônia Virgínia Moreira (1996) explica que, com a crise econômica - brasileira e
mundial - de 1980, os meios de comunicação se viram reféns de cortarem gastos, diminuir a
contratação de correspondentes internacionais e partirem para a dependência das agências. O
que gerou um olhar euroamericanizado - visto que as principais agências de notícias são norte
americanas e europeias, como a United Press international, Associated Press, Agence
France-Presse e Reuters - dos acontecimentos internacionais, influenciando diretamente o
pensamento social, político e cultural da comunidade que recebe a notícia, geralmente países
em desenvolvimento.
Essa preferência por receber fatos das agências de notícias resulta em mais páginas
dos jornais e mais posts virtuais de notícias internacionais referentes aos Estados Unidos e a
países europeus do que outras nações do resto do mundo, menos destaque para pautas
africanas ou asiáticas, por exemplo. Portanto, cabe à cobertura nacional diminuir esse
distanciamento cultural provocado pelas agências e aproximar o leitor da realidade do seu
país.
“Resultado dos períodos sucessivos de crise econômica atravessados pelo Brasil, a
ausência de correspondentes próprios em locais estrategicamente importantes para o
país provoca na maioria das vezes um enfoque superficial e distante da realidade
brasileira, ao lado da manutenção de uma dependência ainda excessiva do material
jornalístico produzido por agências de notícias estrangeiras. ” (Moreira, 1996, p. 4)
Indo para o ponto de vista técnico do fazer jornalístico, até mesmo as fotos vindas de
uma agência de notícias são sem direcionamento específico e sempre dependentes do olhar
sensível do fotógrafo. Em uma cobertura feita em um país em guerra, um correspondente
internacional brasileiro, por exemplo, além de acompanhar os acontecimentos ocorridos na
tragédia, iria trabalhar para apurar informações sobre possíveis vítimas brasileiras, assim
como buscar dados na Embaixada do Brasil, atitudes não esperadas por repórteres de agências
de notícias.
3. Um pouco de história do Jornalismo Internacional no Brasil
No Brasil, durante o período de monarquia, dar informações era objetivo secundário
dos governantes. O noticiário exterior era muito ausente no cotidiano do jornalismo brasileiro
do início do século XIX. Esses fatos podem ser explicados por alguns pontos, como a
atualidade defasada. As notícias chegavam ao Brasil de navio, com cerca de, no mínimo, seis
semanas de atraso. Outro fator que prejudicava o acesso à informação da população que
morava no Brasil era que as notícias chegavam geralmente em idiomas diferentes do
português (NATALI, 2004).
Transportada por navios, a informação chegava, devido à localização geográfica,
primeiramente na cidade de Recife, depois no Rio de Janeiro e, por fim, em São Paulo. A
dependência dos navios era muito grande: se os navios não chegassem, não haveriam notícias
(NATALI, 2004). Foi apenas em 1874 que o Brasil parou de depender de navegações para ter
acesso a informações estrangeiras. Nesta data, ocorreu a primeira troca de mensagens por
telégrafo, cabo que era estendido por todo o Oceano Atlântico que promovia a melhor
comunicação entre Brasil e Europa.
Em certo momento da história do brasil, no final do século XIX, o país entrou em um
processo de branqueamento da população com a forte imigração de europeus. Para o
jornalismo, a consequência dessa forte imigração foi a demanda de jornais estrangeiros no
território brasileiro. A comunidade europeia passou a importar periódicos, como o ​Germania,
para os alemães, e o italiano ​Fanfulla (NATALI, 2004).
Mesmo sendo uma boa fonte de informações dos acontecimentos da Europa, vale
lembrar que esses jornais estrangeiros tinham como público alvo os moradores de seus países
de origem, não os imigrantes que moravam no Brasil. Uma linguagem totalmente diferente da
utilizada pelos atuais correspondentes internacionais, por exemplo. Esses profissionais moram
em outro país, mas relatam fatos interessados, principalmente, à população do país do veículo
o qual trabalha.
Esses jornais que circulavam nas cidades brasileiras tinham enfoque totalmente
diferente dos veículos (brasileiros) que cobriram a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Jornalistas foram enviados para a Europa para acompanhar, principalmente, a atuação de
soldados brasileiros nos combates de guerra (NATALI, 2004). Nesse caso, o enfoque foi
essencialmente voltado para o Brasil. Por outro lado, voltando para a Primeira Guerra
(1914-1918), os jornais do Brasil não enviaram repórteres para acompanhar o acontecimento,
os veículos brasileiros se viram totalmente reféns das vagas informações provenientes das
agências de notícias da época.
O rádio, existente desde a metade do século XIX, só passou a ser de fato um meio de
comunicação em 1919, na Holanda, com o primeiro boletim informativo. No Brasil, o
primeiro programa de notícias foi ao ar apenas em 1941, quando, pela Rádio Nacional, foi
transmitido o primeiro Repórter Esso. O programa chegou, inclusive, a transmitir a cobertura
da Segunda Guerra Mundial, as informações utilizadas nos boletins brasileiros eram
fornecidas pela agência UPI (United Press International) e, portanto, informações do que
acontecia no exterior foram, de fato, implantadas no cotidiano jornalístico brasileiro. A CBN
(Central Brasileira de Notícias), foi a primeira rádio brasileira a ter programação
exclusivamente jornalística.
Em 1950, as transmissões de televisão foram inauguradas no Brasil, com a TV Tupi.
Antes da tecnologia de transmissão por satélite, as películas de vídeos eram transportadas por
avião e podiam demorar cerca de um dia até serem transmitidas para a população. O aparelho
em cores estava na casa dos brasileiros em 1972. Com isso, entende-se que o monopólio da
informação nunca foi totalmente da mídia impressa, os veículos de papel sempre precisaram
competir e continuarão competindo com mídias como o cinema, a televisão e, principalmente,
com a recente Internet.
Atualmente, a produção de conteúdo televisivo internacional ainda é refém das
agências de notícias. As imagens são sempre iguais, tanto para um habitante do Vietnã, quanto
da Austrália ou do Brasil. O resultado disso é que as imagens ficam com informações muito
rasas e insuficientes para agradar o público. Por exemplo, se não houver nenhum jornalista
brasileiro em um local de guerra, dificilmente os produtores das agências irão procurar
encontrar vítimas brasileiras ou entrevistar autoridades do Brasil naquele país (NATALI,
2004).
3.1. Cotidiano de uma redação de jornal, a editoria de Mundo no Brasil
No Brasil, o jornalismo internacional, com correspondentes internacionais e as
editorias de Mundo, ganhou grande repercussão no período da Ditadura Militar (1964-1985).
Como os jornalistas que trabalhavam no país sofriam grande repressão e censura em pautas
sobre os absurdos que o Brasil vivia, cabia às editorias internacionais a função da subversão,
como os próprios militares determinavam.
Devido às novas tecnologias e à facilidade de acesso à informação, o custo de
apuração nas editorias de Mundo dos jornais brasileiros se aproxima de zero (NATALI, 2004).
A tecnologia de transmissão da informação encurta a distância entre a sede de um jornal e a
origem de seus acontecimentos. Tendo em vista que a editoria internacional nem sempre tem
correspondentes em outros lugares do mundo, esses núcleos acabam dependendo das agências
de notícias, tema já discutido nesse artigo.
Dessa forma, a partir do momento que as editorias recebem uma enxurrada de
informações das agências de notícias, vale analisar que nenhuma outra editoria descarta tantos
fatos quanto as internacionais (NATALI, 2004). Esse descarte leva a outra qualidade da
editoria: o critério em selecionar e definir quais informações vão ou não virar notícia no
veículo que se fala.
Como explica Natali (2004), o jornalismo não é ciência, mesmo que o fato seja o
mesmo, a notícia não tem o mesmo viés em qualquer lugar do mundo. Então, entende-se que
quem define o valor-notícia da informação é o leitor, nem sempre o repórter. Não adianta
tentar explicar a queda de um avião chinês com a mesma importância para populações da
China e da Argentina, por exemplo.
Mauro Wolf (em Teorias das Comunicações de massa, 2003) define os
valores-notícias como “critérios de noticiabilidade”. Também costumam ser
chamados de “fatores de interesse da notícia”. O valor-notícia é um conjunto de
características que desperta a atenção, provoca o interesse ou confere relevância a
determinados fatos que serão reunidos sob a forma de um produto específico do
jornalismo, a notícia. (Jorge, 2008, p.28)
4. Correspondente internacional e enviado especial
A palavra correspondente pode ser interpretada como a pessoa que leva a
correspondência e, esta, podemos entender como notícia, fato, informação, etc. Para o
contexto globalizado em que se vive hoje, é necessário haver trocas de informações entre os
países do globo. Esta é uma das funções de correspondentes internacionais e enviados
especiais.
O correspondente internacional ​vive no exterior, enviando matérias rotineiramente
para redação do veículo de seu país de origem. Ele é auto-pautado, ou seja, é quem decide a
pauta a ser coberta com os assuntos mais relevantes ao seu público alvo e o foco que esta irá
abordar (ELHAJJI, 2005). É imprescindível que este profissional mantenha contato constante
com as autoridades estrangeiras, assim como celebridades e até mesmo com a população, para
tê-las como fontes de informação. Este jornalista é encarregado por fazer coberturas sobre o
cotidiano, a política, a economia e a cultura do outro país e de regiões próximas. Por viver
algum tempo e ter outras experiências em um país diferente, o correspondente possui uma
visão diferenciada da população de seu país de origem e assim, fornece mais informações a
esta.
Ser correspondente internacional deveria significar uma vontade muito grande de
viajar pelo mundo a qualquer custo e sempre em busca de boas pautas com
pouquíssimo dinheiro no bolso, muitas idéias ou pautas na cabeça e muita coragem
para enfrentar as dificuldades. (ELHAJJI, 2005, p. 63)
Já o enviado especial ​fica menos tempo fora de seu país. Tempo necessário apenas
para acompanhar um acontecimento específico e depois retornar à redação de origem. Seu
emprego ainda continua após a viagem (ELHAJJI, 2005). Com tanta diversidade de assuntos,
como notícias que permeiam desde novas descobertas da NASA, um terremoto no Sudeste
Asiático ou uma disputa de territórios no Oriente Médio, o repórter deve sempre ter
conhecimento variado, saber um pouco de tudo, dominar conhecimentos gerais e ter boas
fontes de contato e consultas de informações.
O editor escolhe aquele jornalista que considera mais apto para essa função. Para
isso, é necessário, que o jornalista possua um conhecimento prévio da situação e do local para
melhor apurar e escrever (ELHAJJI, 2005). O editor também orienta o enviado quanto ao foco
que sua cobertura deve ter para melhor atender ao público alvo. O enviado especial cobre
eventos específicos no exterior, como, por exemplo, conflitos, conferências internacionais,
festivais, eventos esportivos, entre outros.
Um outro tipo de enviado especial é o correspondente de guerra. Ele é encarregado
pelo trabalho mais perigoso da área, por ficar perto da zona de conflito. O trabalho teve
origem na Guerra da Crimeia na metade do século XIX, esta foi a primeira cobertura feita por
agências de notícias (ELHAJJI, 2005). Júlio César, aproximadamente em 50 a. c., também
escreveu sobre guerras, ao relatar, no livro De Bello Gallico, sobre a Guerra Gálica, na qual
ele foi vitorioso. Entretanto, seu relato é considerado mais uma crônica de guerra do que
jornalismo propriamente dito.
Geralmente, o jornalista se hospeda ou mora em um país onde há uma melhor
infraestrutura, tanto para sua comodidade quanto para seu trabalho, mas pode cobrir temas
relacionados a um continente inteiro ou regiões próximas ao país onde está. Relacionado ao
tema, também há os ​Stringers, que são jornalistas sem vínculos fixos com veículos de mídia,
como se fossem ​freelancers internacionais. Eles podem produzir matérias para várias
empresas ao mesmo tempo e vão para locais onde os jornalistas normalmente não vão, como
países em desenvolvimento e com pouca estrutura. Esses profissionais têm a função de
alimentar os jornais quanto a informações sobre esses locais “isolados”.
As matérias de agências de notícias são usadas quando um jornal não tem
correspondente em um determinado país. Isso ocorre pois manter um profissional no exterior
pode ter um custo muito elevado, o que diminui a demanda por novos jornalistas
internacionais. Entretanto, há várias oportunidades para quem quer entrar na área. Os
correspondentes mais qualificados têm a oportunidade de trabalhar nas Nações Unidas, tanto
na sede quanto em outras coberturas da organização.
Uma outra alternativa aos correspondentes internacionais que os jornais usam são os
colaboradores fixos: pessoas com a mesma nacionalidade do jornal, que moram em um
determinado país e mandam matérias regularmente a uma redação. O valor pago a eles é
menor do que os jornalistas convencionais, pois não há gasto com moradia, deslocamento,
etc. Quem arca com essas despesas são os próprios colaboradores.
As coberturas internacionais ocorrem atualmente graças ao advento da Internet. Ela
torna o trabalho do jornalista internacional muito mais dinâmico e fácil. Essa tecnologia
possibilitou a manutenção de contato rápido entre repórter e veículo, assim como o envio de
áudios, vídeos, fotos e textos quase que instantaneamente, o que é primordial para o
jornalismo.
ElHajji (2005) afirma ainda que com o passar do tempo, o jornalismo internacional
passou a ser um trabalho em que a pessoa visa interesses pessoais como viajar e ter uma vida
abastada às custas de terceiros. Mas esse pensamento é equivocado, pois a função primordial
de qualquer jornalista é prestar um serviço, além de manter um compromisso social,
informando e entretendo a sociedade em geral.
4.1. Público alvo
O público alvo do jornalista internacional são os habitantes de seu país de origem. O
repórter deve escrever a matéria procurando atender às expectativas e focando nos interesses
deles (valores-notícia), como proximidade, relevância, se há alguma autoridade no local, etc.
Segundo o site da Rede de Jornalistas Internacionais (IJNet), existem algumas
perguntas que o jornalista deve se fazer para garantir que os interesses de seu público estejam
presentes em sua matéria. O repórter deve saber para quem e porquê este tema é interessante,
de que forma o público será afetado por este conteúdo e qual a pergunta ele está tentando
responder na matéria e deve respondê-la de acordo com o seu público alvo. É imprescindível
que ele pense nessas questões de modo a tentar garantir os interesses dos habitantes de seu
país, sem tentar se enganar.
É válido ressaltar também que o site propõe reflexões pertinentes acerca desse tema.
Como exemplo disso, ele cita que o jornalista não determina a opinião que o público deve
possuir. Cabe ao jornalista ficar atento aos assuntos que interessam a população, visando
cumprir com o que afirma McCombs e Shaw, na teoria do Agendamento (1972): os meios de
comunicação indicam sobre o tema que as pessoas devem falar ou achar interessante, mas não
qual opinião devem ter sobre o assunto. Dessa forma, o jornalista escreve sobre o que sabe
que é importante e relevante para o país, mas tem de revelar todos os lados da informação para
não a manipular.
É interessante o jornalista internacional abordar temas que possam acarretar em
alguma consequência para o seu país de origem ou para o mundo; temas que envolvam países
próximos ou temas relacionados com acontecimentos do seu país de origem.
Entretanto, com a redução do número de correspondentes internacionais e enviados
especiais, o público alvo fica submetido às agências de notícias, que focam no mundo como
todo e não em um grupo específico. Assim, a população de determinado país pode se sentir
prejudicada pois não possui todas as informações necessárias que a interessam, como por
exemplo a forma que aquele fato afetará seu país.
“Ninguém pode se equiparar a um jornalista do veículo, que conhece bem o seu
público e a cultura nacional e tem experiência ampla dos fatos do país onde trabalha.
Não há mídia social, agência, TV, stringer que possa fazer isso” resume Carlos
Eduardo Lins da Silva, que foi ombudsman e correspondente da Folha em
Washington. (COSTA, 2016)
Além disso, o repórter deve selecionar corretamente as informações de acordo com o
seu público alvo para não gerar um excesso de informações. Segundo a teoria Funcionalista da
Comunicação, “a exposição a grandes quantidades de informação pode causar a chamada
‘disfunção narcotizante’ (WOLF, 2008, p. 57). Esta disfunção pode causar a alienação das
pessoas, pois elas somente irão procurar saber superficialmente sobre o acontecimento e não
irão se atentar aos detalhes, além de não procurar outras fontes de informação, pois há muitas
notícias acerca de um mesmo fato para serem lidas.
5. O jornalismo nas Nações Unidas
Não é qualquer jornalista internacional que pode fazer coberturas sobre a
Organização das Nações Unidas (ONU), é preciso ser um dos mais qualificados. Para as
coberturas especiais nas Nações Unidas, cabe ao jornalista explicar e descrever os motivos
que levaram ao conflito existente entre os países envolvidos, apresentar qual foi a solução e de
que forma os delegados chegaram a ela. É válido frisar que o jornalista é um importante canal
entre a sociedade e seus representantes, ou seja, ele deve falar o que a sociedade quer saber e
transmitir aos delegados o que precisam dizer à população, de forma a abordar todos os lados
do conflito.
Os jornalistas ficam presentes nos debates acompanhando o decorrer da discussão.
Eles podem também, se houver necessidade convocar uma coletiva de imprensa, para que
possam fazer perguntas pertinentes ao debate e que interessem a sociedade.
Não é difícil conseguir informações estando na sede da ONU. Uma vez que existem
vários tipos de fontes lá. As fontes principais que se usam numa cobertura das Nações Unidas
são os discursos dos delegados, os documentos produzidos - principalmente a resolução - e as
entrevistas de ​background. As entrevistas são feitas com delegados fora da sala de reunião
para não atrapalhar o andamento dos debates. Ainda existem outras formas de conseguir
informação. Caso necessário, pode-se consultar a própria equipe de informações das Nações
Unidas e os recursos e bibliotecas lá existentes (ELHAJJI, 2005).
No site da ONU, podemos encontrar vários exemplos de coletivas de imprensa. Em
uma delas, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) debate sobre reformas para a
manutenção da paz, no qual foram abordadas a situação da Líbia e do Estado Islâmico. Além
disso, o CSNU, comitê de decisões com caráter obrigatório de adesão dos países, tem o seu
programa de trabalho mensalmente revelado no site da organização por meio das coletivas e
releases. O portal é a plataforma em que o presidente do mês responde a questões e explica
quais são seus planos para o Conselho nesse período.
Em 2015, a ONU ofereceu bolsas para os jornalistas que quisessem cobrir a
Assembleia Geral e trabalhar por tempo integral na imprensa. Isso representa um forte
incentivo a profissionais jovens, de 25 a 35 anos, que se interessam por essa área.
6. O poder das mídias em conflitos internacionais
Segundo a teoria funcionalista, a mídia possui várias funções. Entre elas estão o
controle das tensões e o reforço das normas sociais. Ao não cumprir suas funções, os meios de
comunicação causam disfunções (WOLF, 2008).
[As disfunções] se manifestam no fato de que os fluxos de informação que circulam
livremente podem ameaçar a estrutura fundamental da própria sociedade. Além disso,
no âmbito individual, a difusão de notícias alarmantes (sobre perigos naturais ou
tensões sociais) pode gerar reações de pânico em vez de vigilância consciente
(WOLF, 2008, p.57).
Um exemplo de disfunção que os meios de comunicação apresentaram pode ser
observado em 1994, em Ruanda. No livro de Allan Thompson (2007) é possível encontrar
uma análise do genocídio ocorrido no país e a sua relação com a mídia da época. No local,
ocorria uma disputa de território entre dois grupos étnicos distintos: tutsis e hutus. Na
pesquisa, foi considerado que a tragédia pode ter se intensificado após o uso do rádio pelo
segundo grupo ao incitar discursos de ódio contra o primeiro.
Um outro exemplo em que a mídia influenciou negativamente foi no atentado de 11
de setembro, ocorrido em 2001. Após a tragédia, algumas emissoras de televisão apoiaram o
então presidente George W. Bush. Dessa forma, a população passou a concordar também com
as decisões bélicas do governo. Os meios de comunicação da época tiveram papel importante
para ajudar o governo a convencer a população de que eram legítimas as guerras contra o
Afeganistão e o Iraque.
Entretanto, a mídia não exerce apenas um papel negativo em conflitos internacionais.
Um terceiro exemplo - a Primavera Árabe - mostra como a Comunicação, no caso as redes
sociais, contribuíram para a Independência de um povo. O conflito, ocorrido em 2011, mostra
uma nova forma de o povo se expressar e fazer seus desejos e necessidades serem ouvidas.
Por meio do Facebook, Twitter e Youtube, a população árabe marcava encontros que visavam
lutar por mais empregos e pelo fim de ditaduras (TAVARES, 2012).
As mídias sociais são algo intrínseco ao jornalismo atual. Elas contêm muitas das
informações usadas pelos repórteres e também representam uma forma de propagação de
informação quase que instantaneamente. Além disso, elas podem servir para a população
reivindicar direitos, como no caso citado acima.
Um último exemplo é a Guerra do Vietnã. Nela, a mídia colaborou para o término do
conflito. Nacos (2007) afirma que a televisão, ao mostrar imagens de mortos e feridos,
colocou a opinião pública contra o governo. A cobertura da morte de soldados dos Estados
Unidos levou a diversas manifestações públicas de norte-americanos. Este foi um dos grandes
motivos para a derrota americana em solo vietnamita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As notícias estrangeiras, vindas de outros cantos do mundo e tão imprescindíveis para
acordos internacionais, desenvolvimentos de políticas públicas, e para assegurar o próprio
direito de informação garantido pela Constituição Brasileira, dependem de um grande aparato
de apuração e transporte de informações até que elas cheguem ao conhecimento da população
local.
Para isso, o papel de instâncias como os correspondentes internacionais e as agências
de notícias são indispensáveis para a construção da informação que se transforma em notícia.
E, a partir dessa análise, entende-se que o papel desempenhado pelas agências de notícia é
superficial e quem de fato dá a informação com o ponto de vista certo - direcionado para um
público alvo específico - é o correspondente, nativo do país.
Nas coberturas das Nações Unidas, os jornalistas mostram para a população o que os
delegados decidem acerca de temas mundiais. Na ONU, os conflitos internacionais são
resolvidos, de forma a respeitar os Direitos Humanos. Além de tentar controlar as diferenças
entre os países, de modo a respeitar o sistema econômico e social de uma nação. A resolução
ou não de um conflito pode influenciar diretamente a vida de uma pessoa, cabe ao jornalista
internacional transmitir as decisões e a posição de seus representantes a todos.
O jornalismo tem um poder muito forte para influenciar a sociedade. O repórter
precisa ser cauteloso quando cobrir um acontecimento. Segundo Natali (2004), “lidar com os
Estados Unidos é a grande pedra no sapato do jornalismo internacional”. Isso pode ser
percebido após a guerra ao terrorismo - proposta por George Bush, em que a mídia apoiou
diversas guerras e influenciou negativamente a população. Depois desse episódio, os jornais
começaram a assumir uma posição mais crítica em relação à nação americana, eles buscam
mostrar os vários ângulos do mesmo fato para não exercer novamente esse papel manipulador
que levou a muitas guerras tidas como legítimas.
Agências fazem com que o leitor enxergue o mundo pelo olhar de um estrangeiro
(MOREIRA, 1996). É fundamental, no mundo globalizado de hoje, que os cidadãos fiquem
antenados o tempo todo e saibam o que está acontecendo ao redor do mundo. Atualmente um
evento que ocorre em um país distante pode influenciar direta ou indiretamente a vida dos
cidadãos de determinada nação. Cabe ao jornalista transmitir esse tipo de informação correta e
claramente para prestar um serviço aos seus leitores.
REFERÊNCIAS
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração universal dos direitos humanos. Rio
de Janeiro: UNICRIO, 2000.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado, 1988.
NATALI, João Batista. ​Jornalismo Internacional​. São Paulo: Contexto, 2004.
ELHAJJI, Prof. Dr. Mohamed. Jornalismo Internacional. Rio de Janeiro: UFRJ, RJ, 2005.
(Apostila para o curso de Comunicação Social).
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Paulo: Martins Fontes, 2008.
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Organização das Nações Unidas. ONU oferece bolsas para jornalistas cobrirem Assembleia
Geral. [publicação online]. Brasília; 2015 [acesso em 02 out. 2016]. Disponível em
https://nacoesunidas.org/onu-oferece-bolsas-para-jornalistas-de-paises-em-desenvolvimento-c
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pós-11
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TAVARES, V. B. A. (2012). O papel das redes sociais na Primavera Árabe de 2011:
implicações
para
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NACOS, B. L. (2007). Mass Mediated Terrorism: The central role of media in terrorism and
counterterrorism. (2 ed). Lanham: Rowman & Littlefiled Publishers.
MOREIRA, Sônia Virgínia. ​Revista Comunicação e Educação​, São Paulo, 1996.
JORGE, Thaïs de Mendonça. ​Manual do foca, guia de sobrevivência para jornalistas​,
Editora Contexto, São Paulo, 2008.
APÊNDICE I​ – Linhas editoriais
Como concluído neste artigo, o jornalismo internacional, quando feito por
correspondentes, carrega mais qualidade profissional do que quando a informação é comprada
das agências de notícias para os jornais nacionais. Portanto, a Agência de Comunicação (AC)
desenvolveu uma nova estratégia de cobertura de comitês nas Simulações das Nações Unidas.
Agora, o repórter vira correspondente internacional de um veículo específico e deve cobrir os
acontecimentos globais com o olhar de um jornalista nativo do país de origem do veículo que
representa.
1.
The New York Times
Fundado em 1851, o NYT foi criado com o objetivo inicial de reportar para a
sociedade os acontecimentos da Guerra Civil Americana, na segunda metade do século XIX.
Atualmente, o periódico é um dos mais importantes periódicos dos Estados Unidos, com sede
na cidade de Nova Iorque. O New York Times é considerado um jornal de cunho liberal,
defendendo abertamente questões como casamentos homoafetivos e o porte de armas, por
exemplo. O jornal se posiciona contra o ex-presidente americano George W. Bush e as
ofensivas americanas da Guerra do Iraque de 2003. Além disso, também apoia o estreitamento
das relações entre os Estados Unidos e a Federação Russa, sem deixar de sempre defender a
ideologia liberal americana.
2.
Folha de São Paulo
Criada em 1960, a Folha de São Paulo veio da fusão das três “Folhas”, periódicos
primários, lançados em 1921. Hoje, é um dos jornais mais lidos no Brasil. Considerado um
moderno jornal por sua alta tecnologia de impressão, é caracterizado por seus fundadores
como um estilo de jornalismo crítico, apartidário e pluralista, com o propósito de expor a
notícia através de diferentes pontos de vista. Entretanto, é conhecido que a Folha tem um
posicionamento, apesar da falta de clareza em seu editorial, de centro-direita quando se trata
de política ou de temas polêmicos.
3.
Le Monde
Originado pelos esforços do General Charles de Gaulle e seu desejo de dar à França
respeito internacional, o Le Monde foi fundado em 1944, sendo, agora, o mais importante
jornal francês em circulação, apesar de ter forte presença em vários outros lugares do mundo.
Primeiramente, foi designado para cobrir círculos diplomáticos e organizações internacionais,
mas, depois de desenvolver autonomia, sua posição crítica ganhou prestígio na região. O Le
Monde tem posicionamento de Centro-Esquerda e critica abertamente a globalização
neoliberal vivida no século XXI. Suas orientações têm como objetivo acompanhar os eventos
internacionais, com visão especial na preservação dos Direitos Humanos, dando prioridade a
minorias sociais e ao desenvolvimento de países emergentes.
4.
Al Jazeera
Criado pela Família Real do Catar em 1996, o canal de televisão Al Jazeera é o
mais importante do Catar e com grande importância ao levar a informação para países do
Oriente Médio no processo de democratização de certas nações da região. Seguindo o slogan
“The Opinion and The Other Opinion”, o veículo promete sempre defender e mostrar os dois
lados dos acontecimentos divulgados. Porém, apesar desse lema, o Al Jazeera é acusado de
promover propaganda de grupos terroristas violentos como a Al-Qaeda. Devido à promoção
de severas críticas contra atitudes norte-americanas, a transmissão de noticiários do Al Jazeera
foi suspensa em alguns canais americanos durante a Guerra do Iraque. O principal objetivo do
canal árabe é apoiar e enfatizar novas formas de desenvolvimento mundial, desafiando as
impostas por modelos Anglo-Americanos.
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