XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL DE CARNE DE CAVALO E O BRASIL ROBERTO ARRUDA DE SOUZA LIMA Professor Doutor CPF: 074.254.838-40 Departamento de Economia, Administração e Sociologia Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo Av. Pádua Dias, 11 – Piracicaba/ SP – CEP 13.418-900 Tel.: (19) 3417-8705 / Fax: (19) 3434-5186 e-mail: [email protected] HELOÍSA MARIA DE PEREIRA ORSOLINI Graduanda em Ciências Econômicas CPF: 220.964.408-90 Departamento de Economia, Administração e Sociologia Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo R. Acácio Leite do Canto Jr., 40. Nova Piracicaba – Piracicaba /SP – CEP: 13405-043 Tel.: (19) 8114-9774; (19) 3423-1087 / Fax: (19) 3434-5186 e-mail: [email protected] Grupo de pesquisa sugerido: 3 - COMÉRCIO INTERNACIONAL Forma de apresentação: APRESENTAÇÃO EM SESSÃO SEM DEBATEDOR Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” A ESTRUTURA DO MERCADO MUNDIAL DE CARNE DE CAVALO E O BRASIL Resumo Com o objetivo de analisar a inserção do Brasil no mercado mundial de carne de cavalo, este trabalho inicialmente verifica a evolução da concentração do mercado tanto exportador quanto importador de carne de cavalo através de quatro medidas: razão de concentração, índice de Hirschmann-Herfindahl, índice de Rosenbluth e entropia. Adicionalmente, foram analisadas a competitividade e as vantagens comparativas dos países que compõem o Mercosul através de indicadores de crescimento das exportações (utilizando o método do constant market share) e de indicadores baseados nos fluxos de comércio. Observou-se um crescimento nas participações brasileira e uruguaia no concentrado comércio mundial ao longo da última década, fato oposto do ocorrido com a Argentina. As vendas brasileiras estão concentradas em países também exportadores, pouco explorando os principais importadores mundiais. Nota-se também uma elevação na vantagem comparativa para o Brasil no período. No entanto, é forte a diferença entre os coeficientes de vantagem comparativa revelada brasileiro e dos demais países analisados, sendo o coeficiente do Uruguai, em média, cerca do dobro do coeficiente da Argentina e dezoito vezes maior que o do Brasil. Palavras–chave: comércio internacional, cavalo, agronegócios, carne 1. INTRODUÇÃO Entre os diversos setores que têm contribuído para o bom desempenho da Balança Comercial brasileira encontra-se a produção de carne de cavalo. Embora apresentando volume total modesto quando comparado a outras atividades (as exportações brasileiras deste produto representaram apenas 0,3% do total das exportações brasileiras em 2002), é um setor que vem exibindo contínuo crescimento nos últimos anos. No período entre julho de 1996 e junho de 2004, o crescimento médio destas exportações foi de 7,3% ao mês (Figura 1). Nos 96 meses deste período, o volume de exportações brasileiras de carne de cavalo duplicou, saltando de menos de US$ 1,3 milhões mensais para valores próximos a US$ 2,6 milhões mensais (Orsolini e Lima, 2004). A produção brasileira de carne de cavalo, integralmente direcionada ao mercado externo, é realizada por apenas seis frigoríficos, distribuídos nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais. Recentes investimentos foram realizados no Ceará, podendo este estado, no curto prazo, ingressar na relação de exportadores. O volume de exportação de carne de cavalo é estável ao longo do ano (Figura 2), não apresentando padrão de estacionalidade relevante (Orsolini e Lima, 2004). Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 1 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Figura 1. Valor das exportações brasileiras de carne de cavalo, de julho de 1996 a junho de 2004, em milhares de US$ (FOB). 30.000 3.500 25.000 3.000 2.500 20.000 15.000 10.000 2.000 Anual 1.500 Mensal 1.000 5.000 500 jan/04 jan/03 jan/02 jan/01 jan/00 jan/99 jan/98 jan/97 jan/96 - Fonte: Orsolini e Lima (2004) Obs.: No ano de 2004, foi considerado apenas o período de janeiro a junho Índice sazonal Figura 2. Variação estacional das exportações de carne de cavalo durante o ano, de julho a junho, considerando o período de julho de 1996 a junho de 2004. 140 120 100 80 60 40 20 0 jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun Fonte: Orsolini e Lima (2004) Os principais destinos das exportações brasileiras são Itália e Bélgica, países que recebem mais de 50% da produção brasileira. França, Holanda e Japão também se destacam entre os parceiros comerciais relevantes do Brasil. O objetivo principal deste trabalho é analisar a inserção do Brasil no mercado mundial de carne de cavalo. Para tanto, constituem-se objetivos secundários a análise tanto do mercado de Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 2 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” importação quanto de exportação deste produto, dedicando atenção especial à mensuração da concentração destes mercados. Este estudo apresenta também, como objetivos secundários, o exame da evolução das exportações de carne de cavalo dos países que compõem o Mercosul; verificando a competitividade e as vantagens comparativas destes países. 2. MATERIAL E MÉTODO Inicialmente, foram coletados dados da FAO (2004) e do Radar Comercial (MDIC, 2004) a respeito das exportações e importações mundiais de carne de cavalo, na condição de venda FOB (Free on Board) no período de 2000 a 2002. A partir destes dados, para mensurar a concentração, foram utilizadas quatro medidas positivas 1 : razão de concentração, índice de HirschmannHerfindahl, índice de Rosenbluth e entropia. A metodologia para o cálculo destas medidas está baseada em Hoffmann (1998). A utilização de várias medidas justifica-se pelo fato da teoria econômica não fornecer elementos conclusivos para a escolha entre os vários índices (Braga & Mascolo, 1982). Para tanto, inicialmente foi verificada a participação de cada país tanto no mercado exportador quanto no mercado importador, definida por: yi = xi qi em que: yi = participação do i-ésimo país no mercado exportador (importador) xi = volume exportado (importado) pelo i-ésimo país q = volume total de carne de cavalo exportada (importada) no mundo Considera-se posição dominante quando uma empresa detém pelo menos 20% de participação no mercado (isto é, yn ≥ 0,20), controlando, assim, parcela fundamental do mercado relevante (Mello, 2002). Para o cálculo da razão de concentração, os valores de yi foram ordenados de maneira que y1 > y2 > ... > yn. A razão de concentração das k maiores países exportadores (importadores) é: CRk = k ∑y i i =1 Assim, a razão de concentração dos quatro maiores países exportadores (importadores) é: 1 Medidas de concentração positivas não dependem de qualquer parâmetro comportamental, limitando-se ao nível e distribuição de parcelas de mercado. Já as medidas normativas consideram também as preferências dos consumidores e interesses dos produtores, visando uma avaliação social (Resende & Boff, 2002). Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 3 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” 4 CR4 = ∑ yi i =1 Estudos empíricos, em muitos mercados de produtos industriais, freqüentemente inferem que um CR4 igual ou maior que 60% oferece aos líderes considerável oportunidade para comportamento oligopolístico (Leme, 1999). Nota-se que as razões de concentração não consideram os dados da totalidade das empresas em operação na indústria, sendo consideradas medidas de concentração parciais. A omissão das (n – k) empresas dificulta o uso do CRk como medida de poder de mercado (Resende & Boff, 2002). Esta deficiência é superada com a utilização de medidas sumárias, destacando-se o índice de Hirschmann-Herfindahl, índice de Rosenbluth e entropia. O índice de Hirschmann-Herfindahl (H) é definido por: n H = ∑ yi2 i =1 Para o cálculo do índice de Rosenbluth, foi considerada a ordenação das usinas, de maneira que y1 > y2 > ... > yn. O índice de Rosenbluth (B) é: B= 1 2∑ iyi − 1 O valor do índice de Hirschmann-Herfindahl, assim como o do índice de Rosenbluth, varia de H = 0 (divisão igualitária entre todos países) até H = 1/n [máxima concentração, considerando que existam n países exportando (importando) carne de cavalo]. A entropia da distribuição é definida por: E= n ∑ y ln y 1 i i =1 i O valor da entropia varia de E = 0 (mercado composto por apenas um participante) até E = ln n [mercado composto por n países com o mesmo volume de exportação (importação)]. Como muitos países importadores são também exportadores, foi também mensurada a concentração (através das quatro citadas medidas) considerando o valor das importações deduzidos dos valores de exportações. Da mesma forma, foi mensurada a concentração (através das mesmas quatro medidas) considerando o valor das exportações deduzidos dos valores de importações. A análise da competitividade e das vantagens comparativas dos países que compõem o Mercosul realizou-se através de indicadores de crescimento das exportações (utilizando o método do Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 4 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” constant market share) e de indicadores baseados nos fluxos de comércio. Para tanto, foram coletados dados, junto ao MDIC (2004) e à FAO (2004), referentes às exportações e importações anuais de carne de cavalo, na condição de venda FOB (Free on Board), no período de 1985 a 2002, dos países que compõem o Mercosul e o total mundial transacionado no mercado mundial deste produto. Adicionalmente, foram coletados dados sobre o PIB do Brasil, Argentina e Uruguai, junto ao IPEA (2004), BCRA (2004) e BCU (2004), respectivamente, para o mesmo período. Foram analisados os seguintes indicadores: posição no mercado mundial; vantagens comparativas reveladas; e, indicador de assimetria. Para o cálculo da Posição no Mercado Mundial (Sik) de cada país analisado, que descreve se o país vem ganhando, perdendo ou mantendo sua posição no mercado mundial de exportação de carne de cavalo, utilizou-se a fórmula: Sik = (( Xik − Mik ) / wk ) ∗100 Em que: Sik = Posição no mercado mundial de carne de cavalo; Xik = Exportações de carne de cavalo no país i (em US$ FOB); Mik = Importações de carne de cavalo no país i (em US$ FOB); e, Wk = Exportações de carne de cavalo em todo o mundo (em US$ FOB). Em seguida, construíram-se as Vantagens Comparativas Reveladas (fik), que representam a relação entre uma participação neutra e a participação efetiva do produto no comércio total do mesmo, corrigida pelo PIB: f ik = yik − g ik ∗ yi Em que: fik = Vantagem Comparativa Corrigida pelo PIB; yik = quociente do volume exportado de carne de cavalo no país i pelo respectivo PIB; gik = Participação do Comércio (exportações + importações) de carne de cavalo no Comércio Total (exportações totais e+importações totais no país i)do País; e, yi = Participação do saldo comercial da carne de cavalo no PIB, obtida dividindo o volume exportado de carne de cavalo no país i pela soma das exportações totais e importações totais no país i. O Indicador de Assimetria (S) mostra a participação de um produto (ou grupo de produtos) nas exportações totais do país: Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 5 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” S = ∑ X ik / X i Em que: S = Indicador de Assimetria; Xik = Exportação de carne de cavalo no país i; e, Xi = Exportação total do País i. 3. RESULTADOS 3.1. Situação do Mercado Mundial de Carne de Cavalo Tanto as exportações quanto as importações estão concentradas em poucos países. As exportações mundiais de carne de cavalo estão concentradas em quatro países (Bélgica, Argentina, Canadá e Estados Unidos), que responderam por mais de 50% do volume exportado no mercado mundial (Tabelas 1 e 2). Tabela 1. Participação dos maiores exportadores de carne de cavalo comercializado mundialmente, no triênio 2000-02. País 2000 2001 Bélgica 20,06% 17,46% Argentina 18,27% 16,39% Canadá 13,61% 12,15% Estados Unidos 10,25% 9,74% Brasil 7,49% 8,69% França 6,77% 6,53% Polônia 5,50% 6,45% Fonte: MDIC (2004 e FAO) no valor total 2002 15,93% 18,65% 13,30% 8,01% 7,90% 8,51% 5,93% Tabela 2. Medidas de concentração do mercado exportador de carne de cavalo, no período de 2000 a 2002. Medida 2000 2001 CR4 0,6220 0,5574 H 0,1200 0,1034 B 0,1222 0,1066 E 2,4014 2,5380 Fonte: Dados da Pesquisa 2002 0,5639 0,1057 0,1055 2,5449 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 6 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” É interessante observar que muitos países exportadores são também importadores. Ao se calcular as exportações líquidas (valor das exportações deduzido o valor das importações), nota-se que o mercado permanece concentrado, mas há alteração entre os principais países. As exportações mundiais de carne de cavalo líquidas das importações estão concentradas em quatro países (Argentina, Canadá, Estados Unidos e Brasil), que responderam em 2002 por 72% do volume exportado líquido no mercado mundial (Tabelas 3 e 4). Tabela 3. Participação dos maiores exportadores líquidos de carne de cavalo em nível mundial, no triênio 2000-02. País 2000 2001 Argentina 27,40% 24,65% Canadá 20,41% 18,27% Estados Unidos 15,37% 14,61% Brasil 11,23% 13,07% Polônia 8,25% 9,67% Uruguai 5,61% 6,78% Austrália 4,97% 4,26% Fonte: MDIC (2004) e FAO (2004) 2002 28,05% 20,01% 12,01% 11,89% 8,92% 4,42% 4,20% Tabela 4. Medidas de concentração do mercado exportador de carne de cavalo, líquido de importações, no período de 2000 a 2002. Medida 2000 2001 CR4 0,7441 0,7071 H 0,1664 0,1493 B 0,1744 0,1547 E 2,0375 2,1561 Fonte: Dados da Pesquisa 2002 0,7196 0,1606 0,1581 2,1388 No caso das exportações, o mercado mundial é composto por 46 países. Desta forma, o valor mínimo possível dos índices de Hirschmann-Herfindahl e de Rosenbluth seria 0,0217, enquanto que o valor máximo possível da Entropia seria de 3,8286. Assim como o mercado exportador, o mercado importador de carne de cavalo também apresenta concentração. As importações mundiais de carne de cavalo estão concentradas em três países (França, Bélgica e Itália), que juntos respondem por mais de 60% do volume importado no mercado mundial (Tabelas 5 e 6). Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 7 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Tabela 5. Participação dos maiores importadores de carne de cavalo comercializado mundialmente, no triênio 2000-02. no valor total País 2000 2001 2002 França 28,93% 28,09% 26,76% Bélgica 24,41% 23,60% 22,52% Itália 15,07% 18,17% 17,72% Suíça 8,59% 8,01% 8,23% Japão 8,40% 6,47% 5,50% Holanda 7,16% 5,60% 4,05% Rússia 1,73% 1,79% 6,68% Fonte: MDIC (2004) e FAO (2004) Tabela 6. Medidas de concentração do mercado importador de carne de cavalo, no período de 2000 a 2002. Medida 2000 2001 CR4 0,7700 0,7787 H 0,1865 0,1841 B 0,1925 0,1906 E 1,9296 1,9426 Fonte: Dados da Pesquisa 2002 0,7523 0,1718 0,1794 2,0035 Ao se calcular as importações líquidas (valor das importações deduzido do valor das exportações), nota-se que o mercado é ainda mais concentrado. Quatro países (França, Itália, Suíça e Japão em 2000 e 2001; e, França, Itália, Suíça e Rússia em 2002) responderam por mais de 75% do volume importado líquido no mercado mundial (Tabelas 7 e 8). Tabela 7. Participação dos maiores importadores de carne de cavalo no valor comercializado mundialmente líquido de exportações, no triênio 2000-02. País 2000 2001 França 33,24% 32,43% Itália 22,09% 26,95% Suíça 12,89% 12,05% Japão 12,60% 9,73% Holanda 7,05% 5,08% Bélgica 6,51% 9,24% Rússia 2,59% 1,79% Fonte: MDIC (2004) e FAO (2004) 2002 27,46% 26,09% 12,38% 8,27% 2,73% 9,90% 10,05% Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 8 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Tabela 8. Medidas de concentração do mercado importador de carne de cavalo, líquido de exportações, no período de 2000 a 2002. Medida 2000 2001 CR4 0,8082 0,8116 H 0,2018 0,2134 B 0,2096 0,2211 E 1,8430 1,7842 Fonte: Dados da Pesquisa 2002 0,7597 0,1865 0,1968 1,8832 No caso das importações, o mercado mundial é composto por 28 países. Desta forma, o valor mínimo possível dos índices de Hirschmann-Herfindahl e de Rosenbluth seria 0,0357, enquanto que o valor máximo possível da Entropia seria de 3,3322. 3.2. Indicadores de competitividade e de vantagens comparativas Dentre os países do Mercosul, o Paraguai apresentou exportações esporádicas no período estudado, sempre em volumes muito inferiores aos demais países do Mercosul. Desta forma, foram analisados os dados referentes apenas ao Brasil, Argentina e Uruguai. Tabela 9. Evolução das exportações (em US$ mil FOB) e do Indicador de Assimetria, no Brasil, Argentina e Uruguai, no período de 1985 a 2002. Ano 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 Ano Exportações (em US$ mil FOB) Brasil Argentina Uruguai 16.207 38.287 1.569 8.723 32.570 918 4.237 33.796 917 4.836 41.416 1.166 5.726 44.712 3.681 5.139 45.022 6.488 8.886 58.353 7.954 13.943 53.085 9.983 18.295 67.098 11.395 15.832 66.088 9.625 17.945 68.189 8.790 Indicador de Assimetria (S) Brasil Argentina Uruguai 0,063% 0,456% 0,124% 0,456% 0,475% 0,060% 0,124% 0,531% 0,057% 0,039% 0,453% 0,064% 0,475% 0,467% 0,186% 0,060% 0,364% 0,297% 0,016% 0,487% 0,343% 0,531% 0,434% 0,379 0,057% 0,512% 0,397 0,014% 0,417% 0,279% 0,453% 0,325% 0,240% Exportações (em US$ mil FOB) Brasil Argentina Uruguai Indicador de Assimetria (S) Brasil Argentina Uruguai Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 9 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” 1996 21.309 1997 17.511 1998 20.612 1999 19.198 2000 19.475 2001 27.242 2002 21.894 Fonte: Dados da pesquisa 63.520 69.523 60.804 59.077 52.778 58.206 48.180 10.337 11.126 10.173 8.864 11.635 14.276 8.080 0,064% 0,017% 0,467% 0,186% 0,016% 0,364% 0,297% 0,267% 0,263% 0,230% 0,253% 0,200% 0,219% 0,188% 0,256% 0,249% 0,229% 0,235% 0,300% 0,419% 0,300% Houve um crescimento nas participações brasileira e uruguaia no comércio mundial ao longo da última década, fato oposto do ocorrido com a Argentina, que teve sua participação reduzida (Tabela 10 e Figura 3). Ao longo deste período, houve uma elevação na vantagem comparativa para o Brasil no período. Nota-se que é significativa a diferença entre os coeficientes de vantagem comparativa brasileiro e dos demais países analisados, sendo o coeficiente do Uruguai, em média, cerca do dobro do coeficiente da Argentina e dezoito vezes maior que o do Brasil (Tabela 10 e Figura 4) Tabela 10. Evolução da Posição no Mercado Mundial e Vantagem Comparativa Revelada, para Brasil, Argentina e Uruguai, no período de 1985 a 2002. Posição no Mercado Mundial (Sik) Brasil Argentina Uruguai 1985 8,39 19,83 0,81 1986 4,34 16,21 0,46 1987 1,69 13,44 0,36 1988 1,60 13,69 0,39 1989 1,67 13,08 1,08 1990 1,41 12,34 1,78 1991 2,34 15,38 2,10 1992 3,72 14,17 2,66 1993 4,42 16,20 2,75 1994 4,44 18,55 2,70 1995 4,68 17,79 2,29 1996 5,17 15,46 2,52 1997 4,57 18,16 2,91 1998 5,67 16,73 2,80 1999 5,47 16,84 2,53 2000 5,95 16,13 3,56 2001 6,56 14,01 3,44 2002 6,53 14,36 2,41 Fonte: Dados da pesquisa Ano Vantagem Comparativa (fik) Brasil Argentina Uruguai 0,052 0,271 0,292 0,026 0,251 0,136 0,011 0,297 0,117 0,010 0,240 0,137 0,010 0,356 0,406 0,009 0,158 0,607 0,018 0,251 0,658 0,026 0,254 0,759 0,034 0,318 0,768 0,025 0,296 0,559 0,026 0,259 0,457 0,029 0,233 0,506 0,023 0,254 0,512 0,028 0,221 0,463 0,036 0,218 0,438 0,033 0,182 0,603 0,052 0,188 0,803 0,042 0,245 0,627 Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 10 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” Figura 3. Evolução da Posição no Mercado Mundial para Brasil, Argentina e Uruguai, período de 1985 a 2002. 25 20 S Brasil S Argentina S Uruguai 15 10 5 01 20 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 19 85 0 Fonte: Dados da pesquisa Figura 4. Evolução da Vantagem Comparativa, para Brasil, Argentina e Uruguai, período de 1985 a 2002. 1 0,8 f Brasil f Argentina f Uruguai 0,6 0,4 0,2 01 20 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 19 85 0 Fonte: Dados da pesquisa 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 11 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” O mercado mundial de carne de cavalo apresenta-se concentrado em poucos países, tanto na exportação quanto na importação. Uma ressalva relevante aos resultados obtidos é que todos se referem à concentração por país de origem (no caso das exportações) ou de destino (no caso das importações) da carne eqüina e não de acordo com os diferentes Grupos Econômicos, que podem estar presentes em diversos países. Assim, o mercado pode ter sido definido, neste estudo, de forma muito ampla, de modo que os resultados podem estar subestimando a concentração econômica (Scherer & Ross, 1990). Isto poderia resultar em estrutura mais favorável a condutas de oligopólio. Embora o Brasil apareça como um dos principais exportadores mundiais e venha apresentando melhora nos diversos indicadores, como elevação na sua participação no mercado mundial e na vantagem comparativa com relação aos países do Mercosul, as vendas brasileiras estão concentradas em países também exportadores, como Itália e Bélgica, pouco explorando os principais importadores mundiais (como a Rússia e Suíça). Observa-se, assim, que há espaço para o crescimento das exportações brasileiras de carne de cavalo, mas, para tanto, é necessário continuar elevando a competitividade, buscando uma maior aproximação aos índices atingidos pelos demais países do Mercosul, assim como explorar melhor os principais mercados importadores, como, por exemplo, a Rússia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BCRA. Banco Central de la República Argentina. Dados do site: http://www.bcra.gov.ar (3 Nov. 2004) BCU. Banco Central del Uruguay. Dados do site: http://www.bcu.gub.uy (3 Nov. 2004) BRAGA, H.C.; MASCOLO, J.L. Mensuração da Concentração Industrial no Brasil. Pesquisa e Planejamento Econômico, v.10, n.3, p. 399-454, ago 1982. CNT. Disponível em: Confederação Nacional do Transporte. http//http://www.cnt.org.br/cnt/noticia_dia_escolhida.asp?cod=5582. Acesso em: 03 nov. 2004. DAVID, M.B.A.; NONNENBERG, M.J.B. Mercosul: Integração Regional e o Comércio de Produtos Agrícolas. Rio de Janeiro: IPEA, 1997. 45 p (Texto para Discussão, n. 494)FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Dados do site http://faostat.fao.org (3 Nov. 2004) FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Dados do site http://faostat.fao.org (3 Nov. 2004) FRANÇA, M.M. Cavalo: do hobby ao negócio. Itapetininga: Faculdades Integradas de Itapetininga, Fundação Karnig Bazarian, 2004. 89p. (Monografia). HOFFMANN, R. Estatística para Economistas. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 1988. HOFFMANN, R. Distribuição de Renda: Medidas de Desigualdade e Pobreza. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998. IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Dados do site: http://www.ipeadata.gov.br (3 Nov. 2004) Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 12 XLIII CONGRESSO DA SOBER “Instituições, Eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial” LEME, M.F.P. Concentração e Internacionalização de Capital na Indústria Brasileira de Alimentos. Piracicaba, 1999. p. dissertação (MS) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. MDIC. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Dados do site: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br (3 Nov. 2004) LIMA, R.A.S. Evolução da Concentração na Industria de Defensivos Agrícolas no Brasil, no Período de 1995-98. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTÃO DE NEGÓCIOS / NETWORKS ALIMENTARES 3., Ribeirão Preto, 2001. Resumos. Ribeirão Preto: FEA/USP, 2001. p.75. MDIC. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Dados do site: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br (3 Nov. 2004) MELO, M.T.L. Defesa da concorrencia. In: KUPFER, D.; HASENCLEVER, L. Economia industrial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. cap.21. ORSOLINI, H.M.P.; LIMA, R.A.S. Evolução das exportações brasileiras de carne de cavalo, no período de julho de 1996 a junho de 2004. Apresentado ao 12. Simpósio Internacional de Iniciação Científica, Piracicaba, 2004. RESENDE, M.; BOFF, H. Concentração indstrial. In: KUPFER, D.; HASENCLEVER, L. Economia industrial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. cap.4. SCHERER, F.M.; ROSS, D. Industrial Market Structure and Economic Performance. Boston: Houghton Mifflin Company, 1990. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 13