DISLEXIA Dra. Dolores Rodriguez Barreiro Descrição: Todas as pessoas necessitam de atenção, segurança, carinho, elogio, paciência e compreensão, a criança disléxica necessita um pouco mais e cabe lembrar que uma atividade de 20 minutos para outra criança, esta pode levar até duas horas. dyz =não, dificuldade; lexis = palavra (do grego) O termo Dislexia foi utilizado no trabalho de Berlin (1872) e por W. Pringle Morgan(oftalmologista inglês) em 1896 e James Kerr em 1897. Os profissionais que mais ajudaram no reconhecimento da Dislexia foram os oftalmologistas que em suas observações demonstraram que a dificuldade não estaria nos olhos e sim no funcionamento de áreas de linguagem no cérebro, “não são os olhos que lêem, mas o cérebro”. Em 1900 outro oftalmologista inglês, Hinschelwood, verificou fenômenos idênticos a Pringle Morgan e foi ele a propor o termo Dislexia, em 1917,referindo-se à dificuldade para aprender a ler encontrada em pessoas saudáveis, de inteligência normal ou superior e sem deficiências sensoriais. Só por volta de 1925 que o médico psiquiatra e neuroanatomista Dr. Samuel Orton, fez estudos em cérebros humanos e levantou várias hipóteses para a Dislexia e alguns procedimentos para a redução das dificuldades, desde então vem sendo estudada por médicos, educadores e psicólogos em vários países do mundo, até atualm ente, no campo da psiconeurologia. Existem várias definições para a Dislexia: Segundo Victor da Fonseca (1999), a dislexia é uma dificuldade duradoura da aprendizagem da leitura e aquisição do seu mecanismo, em crianças inteligentes, escolarizadas, sem qualquer perturbação sensorial e psíquica já existente. A World Federation of Neurology define-a como uma perturbação que se manifesta pela dificuldade na aprendizagem da leitura, apesar de uma educação convencional, uma adequada inteligência e oportunidades sócio-culturais. Outra definição surge do Comittee on Dyslexia of the Health Council of the Netherlands, segundo estes a dislexia está presente quando a automatização da identificação das palavras (leitura) e/ou da escrita de palavras não se desenvolve, ou se desenvolve de uma forma muito incompleta, ou com grande dificuldade; para Critchley a dislexia trata-se de uma "perturbação que se manifesta na dificuldade em aprender a ler, apesar de o ensino ser convencional, a inteligência adequada, e as oportunidades socioculturais suficientes", ou do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association – IDA, que refere ser “a Dislexia um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizada pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação à idade. Apesar de submetida à instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar." Ao mesmo tempo o disléxico tem mais desenvolvida a área específica do hemisfério cerebral lateral-direito do que leitores normais, razão pela qual, segundo estudiosos, justificaria seus "dons" como expressão significativa de sse potencial, que está relacionado à sensibilidade, artes, atletismo, mecânica, visualização em 3 dimensões, criatividade na solução de problemas e habilidades intuitivas, etc. Utilizando sofisticadas técnicas para analisar o cérebro de crianças e adultos, mais recentemente os investigadores identificaram três regiões de fundamental importância, que o cérebro usa para analisar as palavras escritas, para reconhecer os seus sons e automatizar o processo de leitura. Para ler são usados os 3 sistemas cerebrais situados no hemisfério esquerdo do cérebro (associado à linguagem). O primeiro sistema está localizado na parte frontal do cérebro denominado gírus frontal inferior - gerador de fonemas que é responsável pela linguagem falada(em silêncio ou voz alta) As outras duas áreas situam-se na parte de trás do cérebro e são a região parieto-temporal esquerda denominada analisador de palavras(análise e decodificação dos sons das partes das palavras)e a região occipitotemporal, também denominada área de visão das formas das palavras, onde toda a informação relacionada às palavras e os sons é combinada, para que o leitor reconheça e leia de maneira instantânea, ou seja, a tarefa d esta parte do cérebro é a de automatizar o processo de reconhecimento das palavras, esta é uma das diferentes explicações para a Dislexia. Parece ser consensual que a Dislexia é uma dificuldade primária para a leitura resultado de um funcionamento diferente do cérebro(não há lesão) que atinge de 10 a 15% da população mundial com alto componente genético. Pode ser identificada nos primeiros anos de vida da criança, cabendo aos pais levarem seus filhos a um profissional da Saúde (psicopedagogo, fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista) para que seja feito um diagnóstico multidisciplinar e de exclusão com tratamento dos sintomas, que podem ser aliviados ou até mesmo contornados, pois a criança com dificuldades nesta área apresentará lacunas em todas as outras, o que acaba provocando desinteresse cada vez maior e diminuição da auto-estima. Alguns sinais que podem ser identificados por pais ou professores quando suspeitam da existência de dificuldades nas competências de leitura e escrita: - começou a falar tardiamente ou dificuldades de linguagem durante o seu desenvolvimento - dificuldades na leitura, escrita, com muitos erros ortográficos e qualidade da caligrafia bastante deficiente - dificuldades na compreensão de textos - inventa palavras ao ler um texto - “pula” linhas durante a leitura, acompanha a linha de leitura com o dedo - velocidade de leitura inadequada para a idade - dificuldade na rima de palavras - tempo excessivo nas tarefas de casa - utilização de estratégias para não ler - distrai-se facilmente frente a algum estímulo, dando a impressão de estar no “(mundo da lua)”. - os resultados escolares não condizem com a sua capacidade intelectual - melhores resultados nas avaliações orais que as escritas - dificuldade de lateralidade (esquerdo-direito) - quando mais novo apresentava dificuldades no equilíbrio e/ou tropeçava muitas vezes - imaginação e criatividade acima da média em determinadas áreas (desenho, pintura, música, teatro, esporte, etc.) - inversão total ou parcial de palavras - inversão de letras ou números - dificuldade de memória auditiva imediata Todas as pessoas necessitam de atenção, segurança, carinho, elogio, paciência e compreensão, a criança disléxica necessita um pouco mais e cabe lembrar que uma atividade de 20 minutos para outra criança, esta pode levar até duas horas. Cabe citar algumas pessoas famosas com dislexia: Agatha Christie (escritora); Charles Darwin (cientista) ; Cher (cantora); Franklin D. Roosevelt (32° presidente dos Estados Unidos); George Washington (1º presidente dos Estados Unidos); Leonardo Da Vinci (artista e inventor); Napoleão Bonaparte (imperador da França); Pablo Picasso (artista plástico); Robin Williams (ator); Thomas A. Edison (inventor da lâmpada); Tom Cruise (ator); Vincent van Gogh (pintor); Winston Churchill (primeiro-ministro britânico); Walt Disney (fundador dos estúdios Disney); Whoopi Goldberg (atriz); Michelangelo e outros. Embora não tenha cura (por não ser uma doença) quanto mais cedo o diagnóstico mais fácil o tratamento sem esquecer que: cada criança tem seu ritmo e tempo. O disléxico vai além de qualquer definição, reflete a forma individual ou diferente de aprender! ***FIM***