Transtorno alimentar: cura passa pela família

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Transtorno alimentar: cura passa pela família
É possível superar um Transtorno Compulsivo do Comer (TCC)? Sim. Ainda não se
fala em cura para doenças como Bulimia e Anorexia, mas ajuda médica e psicológica
leva pacientes a controlar sintomas e ter vida normal. O caminho para aprender a lidar
com as patologias passa por remédios, acompanhamento especializado, inclusive
emocional, e apoio da família. O último item é fundamental para que a pessoa consiga
se recuperar. Estimativas mostram que, juntas, bulimia e anorexia atingem 5% da
população mundial - as pessoas mais afetadas são adolescentes do sexo feminino,
atormentadas pela idéia de serem tão magras quanto às modelos de revistas e desfiles.
O que aproxima a bulimia da anorexia é o fato de que as duas doenças estão ligadas a
transtornos obsessivos compulsivos, os TOCs. A endocrinologista e psicanalista Soraya
Hissa de Carvalho explica que, nos dois casos, o paciente tem um pensamento
obsessivo: Não Engordar! O que muda é o comportamento que, embora compulsivo, é
diferente em cada patologia. Na anorexia, a pessoa se recusa a comer para ficar cada vez
mais magra. Já na bulimia, a vítima se alimenta de forma voraz. Em seguida, provoca
vômitos, usa laxantes, para ficar “livre” das calorias e evitar o ganho de peso.
Em qualquer das situações é preciso ter cuidado para perceber os sintomas da doença e
encaminhar a pessoa para especialistas antes que o quadro se agrave. Não se trata de
mania ou capricho de alguém que quer ficar magro. Bulimia e Anorexia são patologias
com causas e conseqüências e têm que ser tratadas como tal. A anorexia pode matar. A
pessoa emagrece progressivamente e recusa a alimentação, passando um dia inteiro com
apenas meia maçã no estômago, por exemplo.
A mente de uma pessoa atingida passa a ter uma visão distorcida de si mesma. O
resultado é que ela ao olhar-se no espelho, mesmo se estiver com 30 quilos - peso de
uma criança de 8 anos -, está certa de que pode “afinar” ainda mais. Ela não se engana
pensando que é gorda, ela se vê gorda, devido ao transtorno mental. Em quadros graves,
o paciente anoréxico sofre desidratação e precisa ser internado em hospitais. A fraqueza
extrema diminui a imunidade do organismo e a pessoa fica sujeita a ter infecções, como
a urinária, e até paradas cardíacas por falta acentuada de cálcio e potássio.
A anorexia é reforçada pelo padrão de “beleza magra” imposto pela mídia. Por isso, as
maiores vítimas são as adolescentes - e até meninas que acabaram de sair da puberdade,
com idade a partir dos 12 anos. As jovens vêm da classe média e, em geral, sonham
seguir carreira nas passarelas. Primeiro param de comer e, em alguns casos, recorrem a
inibidores de apetite, conseguidos sem receita médica. Um agravante é que a anorexia
impede que a pessoa fique satisfeita com o corpo que alcançou. Ela sempre quer ficar
mais magra. Se atinge o manequim 36, passa a tentar alcançar o 34, e assim por diante.
Como a pessoa não vai pedir socorro por si só, cabe à família e aos amigos perceber o
problema e procurar ajuda especializada. A obsessão pela magreza pode chegar a
extremos, como o paciente não passar brilho nos lábios por pensar que batom é
gorduroso. O transtorno não é só alimentar, mas mental. A parte psicológica tem que ser
tratada, ou a doença poderá se manifestar novamente. Em princípio fala-se não em
cura, mas em controle da patologia. Com um bom controle, a pessoa terá uma vida
normal, produtiva. Vai trabalhar ter filhos e retomar o convívio em sociedade.
Vítimas da bulimia ainda sofrem com a culpa
Não menos grave que a anorexia é a bulimia. Neste caso, quem desenvolve a doença
também está obcecado pela idéia da magreza, e tem compulsão por eliminar do
organismo o alimento que acabou de ingerir. A saída é provocar vômitos após cada
refeição. O que muitas pessoas não sabem é que o processo “mina” a saúde física e
mental do paciente. Além de comer de forma exagerada, ele sofre com a “culpa” da gula
e com a “obrigação pessoal” de ser magro. No organismo, os vômitos constantes podem
causar problemas estomacais, como a hérnia de hiato, refluxos e úlceras de esôfago.
Sem falar em feridas na boca, produzidas pelo hábito de colocar a mão na cavidade oral
para estimular a volta do alimento.
O que piora o quadro de quem sofre deste transtorno é a ansiedade. A pessoa pensa que
está gorda quer vomitar, mas sente uma vontade enorme de comer. Ela se alimenta,
vomita e fica com a sensação de não dar conta do próprio corpo. Ansiosa, come de novo
e vomita mais uma vez, repetindo essa atitude sempre que coloca alguma coisa na boca.
A bulimia atinge mais adolescentes do sexo feminino, mas também ocorre em homens.
Manifesta-se, em geral, até os 30 anos de idade. O paciente emagrece, mas enfrenta
sintomas como insônia, irritabilidade, fraqueza. Também foge do convívio social,
porque se for a uma festa, por exemplo, poderá não conseguir “fugir” do local para
vomitar.
Muitos pais têm dificuldade de encarar que têm um filho bulímico ou anoréxico.
Quando os pais percebem, pensam que ao serem enérgicos, ao colocarem os filhos de
castigo, tudo vai se resolver. Mas quem tem a doença precisa de ajuda médica.
O tratamento é feito com medicamentos, suplementos alimentares, apoio nutricional
entre outros - e acompanhamento psicológico (individual grupal e familiar). A ajuda
terapêutica encoraja o paciente a recuperar a auto-estima e a abandonar a idéia insensata
de que só será feliz se for magro. Mas mesmo se estiver aparentemente saudável, a
pessoa deverá ter apoio psicológico para não manifestar os sintomas mais uma vez.
OLHO NAS PISTAS
Perceba os sinais de que a pessoa está com transtorno compulsivo do comer
1) ANOREXIA
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Pode se manifestar em pessoas com histórico familiar de TOC (transtorno
obsessivo-compulsivo)
É mais comum em adolescentes do sexo feminino
A pessoa fica obcecada pela idéia de magreza e se recusa a comer
O doente refere a si mesmo com nomes pejorativos, como “anta”, mesmo se
pesar 35 quilos.
A pessoa fica extremamente magra, “pele e osso”, mas ainda se acha gorda.
O comportamento da pessoa muda completamente. Ela fica arredia, irritada, não
participa de festas (para não ser obrigada a comer), tem mau hálito constante e
jamais está satisfeita com o próprio peso
Sofre de insônia.
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Mulheres podem ter amenorréia - falta de menstruação
Seios e Nádegas “murcham”
Pode acontecer em crianças, associada à depressão infantil.
2) BULIMIA
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A pessoa come de forma exagerada. Há casos em que a pessoa ingere 10 mil
calorias em uma refeição, quando a média diária para um adulto é de 2 mil
calorias.
O paciente vai ao banheiro após as refeições, para vomitar.
O doente pode associar o vômito provocado ao uso de laxantes.
A pessoa perde muito peso
O esmalte dos dentes vai desaparecendo, porque é “dissolvido” pelo suco
gástrico que vêm à boca durante o vômito.
A pessoa tem ferimentos na boca, resultado das tentativas de forçar o vômito.
Pode ocorrer em homens, mas a freqüência é muito menor.
Mais comum em adolescentes do sexo feminino, podendo ocorrer até os 30
anos de idade.
A pessoa deixa de comer fora de casa, por medo de não ter onde vomitar.
Apesar de a pessoa escovar os dentes após o vômito, tem hálito desagradável.
O paciente sente fraqueza, tontura. Mulheres podem parar de menstruar.
Irritação e insônia
Fonte: Hoje em Dia.
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