Formação de cobertura morta e ciclagem de macronutrientes em forrageiras de inverno submetidas a diferentes manejos de pastejo Patricia Dewes (PIBIC/CNPq/Unioeste), Paulo Sérgio Rabello (Orientador), Bruna Thaina Bartzen, Jonas Francisco Egewarth, Jeferson Tiago Piano. e-mail:[email protected] Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Agrárias/Marechal Cândido Rondon, PR. Ciências Agrárias/Agronomia Palavras-chave: sistemas integrados, decomposição, liberação de nutrientes Resumo A sustentabilidade do sistema integração lavoura pecuária depende de vários fatores, que muitas vezes são relacionados entre si e que são influenciados diretamente pelo manejo utilizado na área. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a produção acumulada de matéria seca e a ciclagem de nutrientes de quatro forrageira de inverno (aveia preta Embrapa, aveia branca Esmeralda, aveia branca IPR 126 e triticale Tpolo) mais um consórcio (aveia branca Esmeralda e triticale TPolo) submetidas a diferentes manejos do pastejo (sem pastejo, um pastejo e dois pastejos) tendo como cultura de sucessão a soja. O experimento foi conduzido em delineamento experimental blocos ao acaso em esquema de faixas com três repetições, com as forrageiras ocupando as faixas A, e os manejos do pastejo ocupando as faixas B. A produtividade de matéria de matéria não apresentou diferença entre as forrageiras, alcançando uma média de 3.194 kg ha-1. A utilização de 2 pastejos reduziu a produtividade de matéria seca, com média de 2.491 kg ha-1. A produtividade da soja não foi influenciada pelos tratamentos. Cerca de 78% do K acumulado pelas plantas foi disponibilizado nos primeiros 30 dias após o início das coletas. Após 120 dias restavam apenas 17% do potássio acumulado pelas plantas forrageiras. Introdução O sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) surgiu como uma alternativa, visando uma produção mais sustentável e com maior diversidade. O sistema tem forte atuação em propriedades de agricultura familiar, caracterizadas por serem áreas pequenas, com diversas atividades de renda e que muitas vezes carecem de assistência técnica, o que pode levar a erros que comprometam o sistema. O ILP traz inúmeras vantagens, dentre elas está a utilização da área o ano todo, propiciando a produção de grãos, leite, carne e outros produtos a um custo mais baixo devido ao benefício da interação dessas duas atividades. Assim o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial forrageiro de diferentes espécies cultivadas no ciclo de outono e inverno, manejados em sistema de integração lavoura pecuária, e quantificar o acúmulo de cobertura morta e ciclagem de nutrientes durante o ciclo da soja conduzida em sucessão. Material e Métodos O experimento foi realizado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, com a implantação no inverno de 2015 sob o delineamento experimental de blocos casualizados em esquema de faixas, com três repetições. Nas faixas A (4 x 39 m) serão alocadas quatro forrageiras (Aveia preta Embrapa, Aveia branca IPR Esmeralda, Aveia branca IPR 126 e Triticale Tjumbo. Nas faixas B (12 x 13 m), foram alocados os manejos do pastejo (sem pastejo; um pastejo; e dois pastejos). Os manejos nas faixas B tiveram inicio quando as plantas apresentavam 25 a 35 cm de altura. Para o pastejo foram utilizados animais da raça holandesa em fase de lactação com peso vivo médio de 600 kg. Na cultura da aveia foram avaliadas a altura do dossel, número de perfilhos, e a produtividade de matéria seca (MS) de forragem. A determinação da quantidade de MS foi realizada com auxílio de quadrado metálico vazado, com área conhecida (0,25 m²). Após a coleta, o material foi submetido à secagem em estufa com ventilação forçada de ar sob temperatura de 55ºC por 72 horas com posterior pesagem para a determinação da quantidade de matéria seca acumulada, posteriormente transformado para kg ha-1. A decomposição e a liberação de nutrientes dos resíduos culturais foram determinadas utilizando o método do “litter bag”, sendo colocadas em contato direto com o solo, na entrelinha da cultura da soja. As bolsas foram preenchidas com 30 g de MS. Foram realizadas cinco coletas, aos 0, 30, 60, 90 e 120 dias após a implantação da cultura da soja na área. Após seco, o material foi moído em moinho tipo Willey para a determinação das concentrações K e da relação C/N. O nitrogênio foi determinado por digestão sulfúrica e destilação em sistema semi-micro Kjeldal, enquanto o carbono foi obtido a partir da determinação da matéria orgânica em mufla segundo metodologia proposta por Silva & Queiroz (2009). A cultura da soja foi semeada na safra de verão (2015/2016), utilizando o sistema de semeadura direta. Ao final do ciclo da cultura de verão, foi determinada a altura de plantas, número de grãos por vagem, massa de 1000 grãos e produtividade. Para quantificação da produtividade foram colhidas 2 fileiras com três metros de comprimento em cada parcela. As plantas foram coletadas e submetidas à trilha mecanizada. Após a trilha, a massa total de grãos obtida foi corrigida para a produtividade em kg ha-1 (13% na base úmida). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias das características forrageiras, componentes de produção e produtividade da soja comparadas através do teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Para os teores de K e relação C/N ao longo do tempo foi realizada um estudo de regressão polinomial. Resultados e Discussão Houve efeito significativo da interação para os manejos de pastejo (Tabela 1). Apenas a altura do dossel foi influenciado pelas plantas forrageiras com as maiores médias para a Aveia branca Esmeralda, Aveia preta Embrapa e o consórcio. O número de pastejo influenciou a altura do dossel e a produtividade de matéria seca. A altura do dossel foi reduzida a medida que os pastejos eram realizados e a produtividade de matéria seca foi menor quando nas áreas pastejadas duas vezes em relação à área não pastejada ou pastejada apenas uma vez. Moreira & Reis (2007) também observaram este comportamento, avaliando aveia preta e triticale, no segundo pastejo, com redução na produtividade da matéria seca (1.710 kg ha-1). Tabela 1 – Altura do dossel, número de perfilhos e produtividade de matéria seca de forrageiras e do consórcio após manejo sem pastejo e com um e dois pastejos. Coberturas Altura do dossel NumPer MS MS (kg/ha) Av Embrapa 74,07 a 170,33 a 67,94 a 2717,60 a Consorcio 75,74 a 144,33 a 90,57 a 3622,58 a Esmeralda 76,26 a 162,00 a 84,57 a 3382,80 a IPR61 50,41 b 168,67 a 67,35 a 2693,73 a Triticale 57,89 b 152,67 a 88,77 a 3550,87 a 0 79,00 a 171,80 a 93,46 a 3738,23 a 1 66,73 b 146,20 a 83,79 a 3351,52 a 2 54,89 c 160,80 a 62,27 b 2490,80 b Número de pastejos CV(%) 8,00 29,81 29,69 29,70 Houve efeito significativo da interação entre teores de K e da relação C/N com o tempo (Figura 1). Cerca de 78% do K acumulado pelas plantas foi disponibilizado nos primeiros 30 dias após o início das coletas. Após 120 dias restavam apenas 17% do potássio acumulado pelas plantas forrageiras. Boer & Assis (2007), ao avaliar diferentes coberturas, dentre elas o amaranto e milheto, encontraram liberação do nutriente de 88,6% e 75,5% respectivamente, aos 30 dias. Figura 1 – Teores de K (g kg-1) na matéria seca de plantas forrageira de inverno ao longo de 120 dias de decomposição. A relação C/N decresceu com o passar dos dias (Figura 2). A quantidade de N imobilizado através da decomposição depende da quantidade de C disponível (Aita & Giacomine, 2003). Pois quanto maior a relação C/N, mais lenta será a decomposição. Figura 2 – Relação C/N da matéria seca de plantas forrageira de inverno ao longo de 120 dias de decomposição. Na cultura da soja, os tratamentos não influenciaram os fatores avaliados (Tabela 2). Carvalho & Athayle (2004) ao avaliarem a produtividade da soja em sucessão a adubos verdes e diferentes manejos do solo, também verificaram que a produtividade da soja não foi influenciada. Tabela 2 - Altura de plantas (cm), número de grãos por vagem, massa de 1000 grãos e produtividade de grãos de soja cultiva em sistema de integração lavoura pecuária Coberturas Altura Grãos por vagem MS de 1000 grãos Produção (kg/ha) Número de pastejos 0 77,91 a 2,18 a 100,03 a 2488,21 a 1 78,42 a 2,34 a 93,86 a 2534,30 a 2 78,06 a 2,23 a 99,41 a 2541,00 a . Conclusões As forrageiras apresentaram redução na matéria seca após o segundo pastejo.O potássio apresentou rápida liberação nos primeiros 30 dias.As diferentes forrageiras e os manejos do pastejo não influenciaram os componentes de produção nem a produtividade da soja. Referências Aita, C. & Giacomini, S. J. (2003). Decomposição e liberação de nitrogênio de resíduos culturais de plantas de cobertura de solo solteiras e consorciadas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 27, 601-612. Boer, C.A., Assis, R.L., Silva, G.P., Braz, A.J.B.P. & Barroso, A.L.L.; Cargnelutti Filho, A.; Pires, F.R. (2007). Ciclagem de nutrientes por plantas de cobertura na entressafra em um solo de cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira. 42, 12691276. Carvalho, M.A.C., Athayde, M.L.F., Soratto, R.P. Alves, M.C. & Arf, O. (2004). Soja em sucessão a adubos verdes no sistema de plantio direto e convencional em solo de Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 39, 1141-1148. Moreira, A.L., Ruggieri, A.C., Reis, R.A., Seixas, P.F., Pedreira M.S. & Godoy, R. (2005). Avaliação da aveia-preta e de genótipos de aveia amarela para produção de forragem. ARS Veterinaria, 21, 175-182. Silva, D.J. & Queiroz. A.C. (2009). Determinação da Cinza ou Matéria Mineral. In: Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3 ed. (pp. 235). Viçosa: UFV.