LITERATURA DE ALFAFA Nome Científico: Medicago sativa L. Sinônimos Científicos: Medicago afghanica Vassilez., Meicago agropyretorum Vassilez., Medicago kopetdaghi Vassilez., Medicago ladak Vassilez., Medicago mesopotâmica Vassilez., Medicago orientalis Vassilez., Medicago polia Vassilez., Medicago praesativa Sinsk., Medicago sativa var. grandiflora Grossh., Medicago sogdiana Vassilez., Medicago tibetana (Alef.) Vassilez. Nomes Populares: Alfafa, alfafa-de-flor-roxa, alfafa-verdadeira, luzerna, melgados-prados Família Botânica: Fabaceae Parte Utilizada: Planta Inteira, parte aérea, folhas e talos Descrição: A alfafa tem seu centro de origem na Ásia Menor e Sul do Caucaso, devido á grande variedade de ecotipos existentes na região. No Brasil, principalmente no Sudeste, está ocorrendo aumento da área plantada com alfafa. Planta herbácea, perene, ereta, ramificada, levemente aromática, de 40-90cm de altura, com raiz pivotante muito profunda, nativa da Ásia ocidental e cultivada no Sul do Brasil. Folhas compostas trifolioladas, com folíolos membranáceos, de margens serreadas em direção ao ápice, de 1-2cm de comprimento. Flores purpuráceas, reunidas em racemos axilares. Fruto legume retorcido com aspecto de um pequeno caracol. Constituintes Químicos Principais: Isoflavonas, biochania A, formononetina, daidzeína, genisteína, saponinas, hederagenina, ácido medicagênico, sapogenóis de Naturell Indústria e Comércio Ltda. Av. Dom Pedro I, número 957 Vila Conceição CEP: 09991 000 - Diadema – SP LITERATURA DE ALFAFA soja A-E, aminoácido tóxico canavanina, cumarinas cumestrol, lecernol, medicagol, sativol, dafnoretina, esteróis campestrol, betasitosterol, vitaminas B, C, D, K, porfirinas, alcaloides, estaquidrina, carboidratos, minerais, proteína bruta, cálcio, fósforo e traços de elementos. Indicação e Usos: É uma das principais forrageiras para produção de feno que se conhece, sendo amplamente cultivada em todo o mundo para este fim. É também empregada na alimentação humana em muitos países e suas flores são melíferas. É rica em nutrientes, incluindo proteínas, minerais (notadamente cálcio), pró-vitamina A e vitaminas do complexo B,C,D,K, sendo indicada contra o escorbuto e o raquitismo. Entre nós, o seu consumo é restrito ás dietas vegetarianas e ao consumo dos brotos de sementes germinadas. A planta inteira tem sido utilizada na medicina tradicional em muitos países, inclusive no Sul do Brasil. É considerada a adstringente, diurética e refrescante, capaz de limpar as toxinas dos tecidos, controlar sangramentos, estimular o apetite e baixar os níveis de colesterol do sangue, agindo principalmente nos sistemas circulatório e urinário e influenciando o sistema hormonal do corpo. A infusão de suas inflorescências é considerada como reconstituinte do organismo. Essas indicações são baseadas na tradição, pois a eficácia e segurança de seu uso ainda não foram comprovados cientificamente. A literatura etnofarmacológica recomenda que as preparações desta planta não devem ser administradas para pacientes com doenças autoimune, como a artrite reumatoide e, que seja evitado seu uso em doses excessivas porque podem causar a destruição de células vermelhas do sangue. A alfafa é geralmente utilizada como fonte de nutrientes, incluindo vitaminas. As sementes, quando germinadas, são populares, como salada de brotos. A alfafa apresenta propriedades terapêuticas que incluem a redução do colesterol plasmático (saponinas) e atividade estrogênica. Uma possível associação entre alfafa e lúpus eritematoso sistêmico foi descrita e atribuído ao constituinte tóxico canavanina, que é um análogo estrutural da arginina e pode interferir nas funções desta. As ervas desta planta medicinal são altamente nutritivas, boas para a glândula pituitária, hipófise, alcaliniza o corpo rapidamente e desintoxica o fígado. Externamente é utilizada em feridas. É usada como uma erva de banho e enxaguante para os cabelos. A raiz pode ser descascada, secada e desfiada para ser usada como uma espécie de escova de dentes natural, pois a planta possui propriedades medicinais para combater a halitose (mau-hálito). As flores e as folhas podem ser comidas em forma de salada ou cozidas na panela. O broto pode ser cozinhado e depois comido em forma de legume na salada. A planta, além de ser rica em clorofila e cálcio, possui vitamina C, vitamina K, ácido fólico, cobre, fósforo, manganês, ferro, zinco, flúor e várias outras substâncias. O consumo da erva é considerado muito seguro, porém deve-se evitar ingerir grandes Naturell Indústria e Comércio Ltda. Av. Dom Pedro I, número 957 Vila Conceição CEP: 09991 000 - Diadema – SP LITERATURA DE ALFAFA quantidades de brotos, pois os mesmos contêm alcaloides. A alfafa é explorada comercialmente para a extração de clorofila. Curiosidades: O nome alfafa é de origem árabe, derivado de “al-fac-facah”, que significa “o pai de todas as comidas”. O nome do gênero, Medicago, recorre ao norte da África, onde muitos acreditam que seja a origem dessa planta. O nome da espécie, sativa, significa algo semelhante como “um longo cultivo”. A alfafa sempre foi de grande importância para os árabes, que alimentavam seus cavalos de corrida puro sangue em grandes enduros pelos desertos da África como esta nutritiva erva. Onde a Alfafa cresce selvagem e abundante, é um indicador que a terra em questão é bastante rica em minerais. Muitos fazendeiros plantam alfafa em suas propriedades rurais de forma a enriquecer a terra, que passará a possuir bastante fixação de nitrogênio. Quando as vacas são alimentadas à base de alfafa, a produção de leite costuma aumentar. Estocagem e validade: Deve ser estocado hermeticamente fechado, ao abrigo da luz solar direta e do calor. Prazo de validade: 36 meses a partir da data de fabricação. Poderá ocorrer formação de precipitado e/ou turbidez durante a estocagem, sem alterar as propriedades. Alteração da cor são esperadas por modificações dos compostos coloridos das plantas. Contraindicações: Devido à riqueza em vitamina K, recomenda-se realizar testes de coagulação antes de sua utilização. Revisão de Interação: Embora seja sugerido que a alfafa possa interagir com medicamentos hipoglicêmicos e anticoagulantes, as evidências são muito escassas. A alfafa pode interagir com imunossupressores e, aparentemente, causou rejeição de transplante em um paciente. a) Alfafa + Alimentos Nenhuma interação foi encontrada. b) Alfafa + Hipoglicemiantes Observou-se, em um caso isolado, uma redução marcante dos níveis plasmáticos de glicose em um paciente diabético que ingeriu extrato de alfafa. Evidências clínicas: Foi descrito em um relato de caso que um homem jovem com diabetes pouco controlado (supostamente seriam necessárias altas Naturell Indústria e Comércio Ltda. Av. Dom Pedro I, número 957 Vila Conceição CEP: 09991 000 - Diadema – SP LITERATURA DE ALFAFA doses de insulina para um controle satisfatório, mesmo que moderado) teve redução significativa dos níveis plasmáticos de glicose após ingestão de extrato aquoso de alfafa por via oral. Ele também obteve uma redução desses níveis como resposta à ingestão oral de cloreto de manganês, mas esse efeito não foi observado em outros oito pacientes com diabetes. Evidências experimentais: Um estudo realizado com camundongos diabéticos (indução por estreptozotocina), que receberam grandes quantidades de alfafa e de água na dieta, apresentaram índices de glicose similares aos daqueles camundongos não diabéticos do grupo-controle, e houve diminuição significativa quando comparados aos camundongos com diabetes induzidos por estreptozotocina. A liberação de insulina e a atividade semelhante à da insulina foram demonstradas para vários extratos de alfafa in vitro. Mecanismo: Os autores do relato de um caso de 1962 concluíram que o efeito da alfafa ocorreu devido ao conteúdo de manganês, mas um estudo in vitro subsequente não relatou um papel majoritário para manganês. Importância e conduta: As evidências são muito limitadas: há somente um relato de caso antigo em um paciente atípico e um estudo em animais utilizando altas doses de alfafa. Os dados existentes são insuficientes para recomendar qualquer atitude, mas parece pouco provável que as doses habituais de alfafa apresentem qualquer efeito sobre o controle do diabetes. c) Alfafa + Imunossupressores Observou-se, em um relato de caso, rejeição aguda e vasculite após o uso da alfafa e da cimicífuga por uma paciente medicada com ciclosporina A, que havia sido submetida a um transplante renal. Evidências clínicas: Uma paciente transplantada renal estável, que utiliza azatioprina diariamente e ciclosporina A, 2 vezes ao dia, fez uso de um suplemento à base de alfafa e cimicífuga para o tratamento de sintomas graves da menopausa. Seus índices de creatinina sérica passaram de aproximadamente 97 e 124µM/L para 168µM/L após 4 semanas, e para 256µML após 6 semanas, sem alteração associada aos níveis de ciclosporina. A biópsia revelou rejeição grave e aguda com vasculite, tratada com corticosteroides e imunoglobulina antilinfócito T, com melhora parcial da função renal. Mecanismo: Aponta-se o uso da alfafa como causa da piora de lúpus eritematoso sistêmico e da imunoestimulação, e sugere-se que a imunoestimulação pode ter contribuído para a rejeição aguda nessa paciente. Importância e conduta: As evidências da interação entre alfafa cimicífuga e imunossupressores são limitadas, e o mecanismo de ação da alfafa sugere que ela seria o responsável mais provável, apesar de não poderem ser descartados os efeitos da cimicífuga. Como os efeitos foram grave, seria prudente evitar o uso de suplementos de alfafa em pacientes que utilizam imunossupressores para indicações graves, como transplante de órgãos. Similarmente, seria prudente evitar o uso de alfafa em pacientes tratados Naturell Indústria e Comércio Ltda. Av. Dom Pedro I, número 957 Vila Conceição CEP: 09991 000 - Diadema – SP LITERATURA DE ALFAFA com imunossupressores para indicações como eczema, psoríase ou artrite reumatoide. Contudo, se esses pacientes desejarem fazer uso de alfafa, é necessário que seja menos perigosa, mas os pacientes devem ser aconselhados sobre os possíveis riscos. d) Alfafa + Medicamentos Fitoterápicos Nenhuma interação foi encontrada. e) Alfafa + Nicotina Para discussão de um estudo mostrando que a daidzeína e a genisteína, presentes na alfafa, causam uma pequena diminuição do metabolismo da nicotina. f) Alfafa + Varfarina e fármacos afins Um antagonismo não intencional e indesejado à varfarina ocorreu em pacientes que ingeriram grandes quantidades de alguns vegetais verdes que continham quantidades significativas de vitamina K. Propõe-se que a alfafa possa conter vitamina K suficiente para provocar uma reação similar. Evidências: Não existem evidências clínicas ou experimentais relatando o uso da alfafa como anticoagulante, mas presume-se que a alfafa antagonize os anticoagulantes cumarínicos, devido ao seu conteúdo de vitamina K. Existem alguns dados dos teores de vitamina K na alfafa e vários dados sobre a vitamina K proveniente da dieta e o controle de anticoagulantes. (a) Conteúdo de vitamina K, na alfafa: Os suplementos de alfafa são com frequência promovidos comercialmente com base nas suas quantidades significativas de vitamina K, embora os produtos raramente contenham essas quantias. Alfafas verdes foram utilizadas em estudos no início da década de 1930, quando a vitamina K foi primeiramente identificada. Em um desses estudos, a atividade da vitamina K na alfafa seca foi aproximadamente a metade daquela encontrada no espinafre, são conhecidos por conter níveis elevados de vitamina K; com técnicas modernas, foram obtidos teores próximos a 500µg/100g. Entretanto, sementes de alfafa germinadas demonstraram conter quantidades muito menores de vitamina K (em torno de 30µg/100g). É provável que as sementes contenham ainda menos vitamina K. Portanto, a quantidade de vitaminas K nos produtos da alfafa é geralmente dependente da parte da planta utilizada, e poderia ser maior em folhas verdes e menor em sementes. Além disso, a forma com que o produto é extraído (vitamina K é uma vitamina lipossolúvel) poderia afetar o teor de vitamina K. Por exemplo, embora as folhas de chá-verde sejam ricas em vitamina K, a bebida preparada a partir dessas folhas contém muito pouca vitamina k. Por isso, uma infusão aquosa preparada a partir da alfafa seca não contem muita vitamina K. Além disso, embora a própria planta seca contenha altos níveis de vitamina K, se administra uma quantidade moderada na Naturell Indústria e Comércio Ltda. Av. Dom Pedro I, número 957 Vila Conceição CEP: 09991 000 - Diadema – SP LITERATURA DE ALFAFA forma de suplemento quando comparado com, por exemplo, a ingestão de uma porção de espinafre na refeição. Se uma cápsula contendo 500mg de folhas de alfafa em pó é administrada na dose de quatro cápsulas, 3 vezes ao dia, então a ingestão diária da alfafa seria de 6g podendo ser consumidos em torno de 15µg de vitamina K diários. Parece improvável que essa quantidade afete a resposta dos anticoagulantes antagonistas da vitamina K (como a varfarina), e muitos produtos contêm menos alfafa que isso. (b) Vitamina K na dieta e atividade da varfarina: Existem evidências de que a ingestão média de vitamina K está relacionada à eficiência da varfarina. Em um estudo, pacientes ingeriram uma dieta contendo mais de 250µg diários de vitamina K e apresentaram uma INR menor, 5 dias após iniciar a administração de varfarina, que os pacientes que consumiram uma dieta com menor teor de vitamina K (média da INR de 1,9 versus 3). Ainda, o grupo que consumiu uma grande quantidade de vitamina K necessitou de uma dosagem mais elevada para manutenção da varfarina (5,7mg/dia versus 3,5mg/dia). Em outro estudo, a análise de regressão múltipla indicou que, em pacientes tratados com varfarina o valor da INR foi alterado em 1, quando houve uma ingestão semanal de vitamina K de 714µg. Similarmente, em outro estudo, para cada aumento diário de 100µg de vitamina K na dieta, a INR diminuiu 0,2. Em um estudo tranversal randomizado em pacientes tratados com varfarina ou fenprocumona, o aumento da ingestão de vitamina K em 500% em relação ao valor basal (de 118 para 591 µg diários) durante 4 dias somente diminuiu moderadamente a INR de 3,1 para 2,8. A diminuição da ingestão de vitamina K em 80% (de 118 para 26µg diariamente) por 4 dias aumentou a INR de 2,6 para 3,3 no sétimo dia. Existem algumas evidências de que pacientes com ingestão diária muito baixa de vitamina K são mais sensíveis ás alterações na ingestão e apresentam um controle anticoagulante menos estável. Por exemplo, em um estudo, pacientes com controle anticoagulante instável apresentaram uma ingestão de vitamina K muito menor quando comparados com outro grupo de pacientes com controle anticoagulante estável (29µg diários versus 76µg diários). Em outro estudo, que avaliou 10 pacientes com baixo controle anticoagulante tratados com acenocumarol, uma dieta com um baixo e controlado teor de vitamina K de 20 a 40µg, ingerida diariamente, aumentou a porcentagem do valor da INR dentro da faixa terapêutica, quando comparada com a ausência de restrição na dieta de um grupo-controle de 10 pacientes. Mecanismo: A cumarina e a indanediona oral são anticoagulantes antagonistas da vitamina K que inibem a enzima vitamina K epóxido redutase, reduzindo, assim, a síntese dos fatores da coagulação sanguínea dependente da vitamina K no fígado. Se a ingestão de vitamina K aumenta, a síntese dos fatores de coagulação sanguínea começa a retornar ao normal. Como resultado, o tempo de protrombina Naturell Indústria e Comércio Ltda. Av. Dom Pedro I, número 957 Vila Conceição CEP: 09991 000 - Diadema – SP LITERATURA DE ALFAFA também começa a cair até alcançar seu valor normal. A vitamina K (fitomenadiona) é encontrada somente em plantas. As cumarinas presentes na alfafa não são consideradas anticoagulantes porque não apresentam as características estruturais requeridas para essa atividade. Importância e conduta: Os pacientes devem ter conhecimento dos efeitos da vitamina K da dieta e da necessidade de evitar alteração drásticas na dieta quando tratados com varfarina. Seria prudente evitar a ingestão de grandes quantidades de folhas de alfafa quando os indivíduos forem tratados com varfarina ou outros anticoagulantes cumarínicos. As evidências disponíveis sugerem que é improvável que infusões aquosas ou sementes de alfafa causem qualquer problema devido aos seus baixos teores de vitamina K. Referências Bibliográficas: 1. LORENZI, Harri; ABREU MATOS, F.J. Plantas Medicinais no Brasil Nativas e Exóticas. Instituto Plantarum, 2ª Edição, Nova Odessa – SP Brasil, 2008. 2. WILLIAMSON, E.; DRIVER, S.; BAXTER, K. Interações Medicamentosas de Stockley: Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos. Editora Artemed, Porto Alegre – RS, 2012. 3. RASSINI, J.B.; FREITAS, A.R.. Desenvolvimento da Alfafa (Medicago sativa L.) sob Diferentes Doses de Adubação Potássica. Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, n.3, 1998. 4. ALFAFA. Disponível em: <http://www.plantasmedicinaisefitoterapia.com/plantas-medicinaisalfafa.html> 5. ALFAFA. Disponível em: <http://ervaseinsumos.blogspot.com.br/2009/03/alfafa.html> 6. ALFAFA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfafa> Naturell Indústria e Comércio Ltda. Av. Dom Pedro I, número 957 Vila Conceição CEP: 09991 000 - Diadema – SP