Conservação da forragem de alfafa Ana Cláudia Ruggieri1, Ricardo Andrade Reis2, Anna Paula de Toledo Piza Roth3 1 Prof. Assistente Doutor, FCAV/Unesp e-mail: [email protected] Prof. Adjunto FCAV/Unesp 3 Aluna de Pós-graduação em Zootecnia, FCAV/Unesp 2 1. Introdução Em poucos sistemas de produção animal, os quais têm por base a utilização de pastagens, observa-se regularidade na oferta e qualidade da forragem ao longo do ano. Desta forma, adoção de praticas eficientes de produção e conservação de forragem de elevado valor nutritivo, como a ensilagem e a fenação permitem explorar o potencial produtivo das plantas forrageiras. Durante o período seco do ano é reconhecido que a qualidade e quantidade de forragem disponível das pastagens são reduzidas devido a fatores climáticos. Uma técnica bastante conhecida e utilizada para suprir a redução da qualidade e oferta de forragens é a sua conservação na forma de feno ou silagem. A alfafa é uma cultura com grande potencial de produção de forragem com altos níveis de energia e proteína, e desta forma desperta interesse para a produção de volumosos conservados. É uma das culturas mais importantes para a alimentação de rebanhos especializados. Sua produção de proteína digestível é em geral quatro vezes a de silagem de milho. A fenação é o processo de conservação de volumosos através da rápida desidratação, paralisando assim os processos metabólicos da planta e as atividades de microrganismos presentes na forragem e no ambiente, e conservado de forma mais estável o valor nutritivo do alimento. O processo de ensilagem é um método de conservação da forragem através da fermentação formando compostos orgânicos que reduzem o pH da massa, diminuindo assim a atividade de microrganismos e a deterioração do alimento. Cada sistema de conservação de forragem oferece vantagens e desvantagens em relação ao outro. A produção de silagem permite intensa mecanização na confecção e fornecimento aos animais, podendo poupar trabalho manual. Além disso, a forragem picada é facilmente utilizada em rações em mistura completa. Por outro lado, a ensilagem requer mais energia para a colheita, manuseio e fornecimento aos animais e grande investimento em máquinas e estrutura de armazenamento, ambos resultam em alto custo. Tem-se que o feno enfardado requer menor espaço para armazenamento, sendo facilmente transportado e vendido. Deve-se considerar que para produzir feno de alta qualidade ao menos duas condições devem ser observadas: forragem de alta qualidade deve ser colhida e esta deve ser seca com mínimo de perda de nutrientes. Deve-se ter me mente que a ensilagem e a fenação não devem ser comparadas em termos de eficiência, e tão pouco na qualidade do produto, pois são sistemas de conservação que produzem forragem com características nutricionais distintas, em muitas situações podem ser usadas na dieta de maneira complementar. Por exemplo, em poucas situações de utilização de forragem conservada, a não ser no caso do feno, pode-se lançar mão de um volumoso como uma fonte de proteína suplementar. Ademais, há que se considerar, que a silagem de milho, padrão em termos nutricional, é considerada como uma fonte de energia para os ruminantes. Qualquer que seja o processo de conservação utilizado, tanto fenação como ensilagem, tem-se perdas durante a colheita e armazenamento (Figura 1). As perdas podem ser amenizadas ou intensificadas dependendo do teor de matéria seca da forragem ou método utilizado para conservação. Figura 1 – Estimativa das perdas de matéria seca durante a colheita e armazenamento de forragem conservada com diferentes teores de umidade na colheita. (Fonte: HOLLAND e KEZAR,1990). A alfafa (Medicago sativa L.), devido ao seu potencial de produção, à alta qualidade e adaptação a diversas condições ambientais, tem sido cultivada em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. A alfafa é utilizada tanto para o pastejo como nas formas de feno e silagem, sendo a fenação a principal forma de uso no Brasil e em países como os Estados Unidos (PEREIRA et al., 2005). No processo de conservação de forragem, quer seja na forma de feno, ou de silagem e de silagem pré secada destaca-se a alfafa, em função de sua qualidade, potencial de produção e adaptação ao manejo intensivo sob cortes frequentes. Pois como se sabe, a alfafa é uma das plantas mais cultivadas no mundo, encontrando-se áreas exploradas para produção de forragem conservada, e mesmo utilizada em pastejo nas Américas do Norte do Sul, Europa, Ásia e Oceania. 2. Estádio de desenvolvimento Vários autores colocam a importância do estádio de desenvolvimento da forragem no momento do corte, onde é importante encontrar o equilibro entre o valor nutritivo da forragem e a produção por unidade de área (Reis et al 2001, Juan & Rossi, 2007). Com o crescimento ocorrem alterações na planta, que resultam na elevação dos teores de compostos estruturais, tais como a celulose, a hemicelulose e a lignina e, paralelamente, diminuição do conteúdo celular. Além destas alterações, é importante salientar que a diminuição na relação folha/caule resulta em modificações na estrutura das plantas. Desta forma, é de se esperar que plantas mais velhas apresentem menor conteúdo de nutrientes potencialmente digestíveis. A alfafa apresenta diferentes estádios fisiológicos que podem ser caracterizados de várias formas. De modo geral, são divididos em quatro estádios: vegetativo, botão floral, floração e “formação da semente” (Juan & Rossi, 2007). Honda & Honda (1990) colocam que a melhor época para o corte da alfafa é quando esta possuir de 10% a 20% da floração, ou então considerar a altura da brotação basilar, que não deve ultrapassar a altura ideal do corte. A alfafa no Brasil, nas condições de inverno, produz poucas flores, portanto é de grande importância observar o estádio de desenvolvimento, pois esse afeta o valor nutritivo da forragem e a relação folha:caule que são parâmetros importante para a confecção de feno de boa qualidade. A Figura 2 demonstra as alterações que ocorrem em relação à produção e qualidade da alfafa em diferentes estádios de crescimento. Figura 2 – Relações entre produção e qualidade de alfala (LACEFIELD, 2004). 3. Corte Para a produção de forragem conservada, a altura ideal para o corte é de 7 a 8 cm do nível do solo, para que as reservas acumuladas nas raízes, coroa e caule sejam suficientes para a próxima rebrota (Juan & Rossi, 2007). A rebrota da alfafa efetua-se às expensas das reservas armazenadas nas raízes e coroa e a importância da brotação basilar na velocidade de rebrota, recuperação da parte aérea e produção de fotoassimilados está bem documentada na literatura (Smith, 1968 e Hanson, 1972, citados por HADDAD & CASTRO, 1999) 4. Produção de Feno O princípio básico da fenação resume-se na conservação do valor nutritivo da forragem através da rápida desidratação, uma vez que a atividade respiratória das plantas, bem como a dos microrganismos é paralisada. Assim, a qualidade do feno está associada a fatores relacionados com as plantas que serão fenadas, às condições climáticas ocorrentes durante a secagem e ao sistema de armazenamento empregado. O feno é um dos mais versáteis sistemas de conservação de forragem, pois desde que protegido adequadamente durante o armazenamento, apresenta as seguintes vantagens: - Pode ser armazenado pôr longos períodos com pequenas alterações no valor nutritivo (VN); - O feno pode ser produzido e utilizado em grande e pequena escala; - Pode ser colhido, armazenado e fornecido aos animais manualmente ou num processo inteiramente mecanizado; - Pode atender o requerimento nutricional de diferentes categorias animal. As operações envolvidas no processo de fenação incluem: - Implantação da cultura; - Aplicação de fertilizante; - Corte; - Revolvimento da forragem; - Enleirameno; - Enfardamento; - Recolhimento e armazenamento dos fardos. Para a produção de um feno de alto valor nutritivo algumas condições básicas devem ser observadas: - As condições climáticas apropriadas para a secagem no período de corte; - Colheita da forragem no estádio de desenvolvimento no qual é máximo o valor nutritivo; - Corte de uma quantidade de forragem que possa ser manuseada com base nos equipamentos e mão de obra disponível; - Avaliação da fertilidade do solo e aplicação de fertilizantes para atender a demanda em relação a produção e qualidade da forragem; - Controle de plantas invasoras; - Uso de equipamentos apropriados para o corte e manuseio da forragem no campo; - Enfardar o feno quando a umidade atingir 18% e armazenar em local apropriado. 4.1. Processo de desidratação da forragem O processo de fenação consiste basicamente da sequência de operações com as quais se promove a remoção da umidade da forragem de valores próximos a 80% para aqueles na faixa de 15 a 20%, permitindo assim o armazenamento do feno com segurança e baixos níveis de perdas. A forragem ao ser cortada para fenação contém de 70 a 80% de umidade, isto é 2,3 a 5,6 partes de água para cada parte de MS. Quando a forragem é cortada e espalhada no campo para secar, a perda de umidade é intensa nas plantas ainda vivas. Uma vez que o caule e as folhas foram separados das raízes, a umidade perdida não é reposta e então começa o murchamento. A curva de secagem das plantas forrageiras apresenta formato tipicamente exponencial (Figura 3), de tal forma que cada unidade adicional de perda de água, requer maior tempo. Embora o padrão de perda de água em condições constantes de ambiente seja uniforme, o período de secagem pode ser convenientemente dividido em duas ou três fases, as quais diferem na duração, na taxa de perda de água e na resistência a desidratação (MAcDONALD e CLARK, 1987). A primeira etapa de secagem é rápida e envolve intensa perda de água, durante a qual os estômatos permanecem abertos, e o déficit da pressão de vapor entre a forragem e o ar é alto. A perda de água pode chegar a 1 g/g de MS/hora. Figura 3 - Curva de secagem de plantas forrageiras em condições ambientais uniformes. (Fonte: MAcDONALD e CLARK, 1987) Durante o processo de secagem, quando a forragem é enleirada, a progressiva perda de água e o sombreamento, promovem o fechamento dos estômatos, resultando em aumento na resistência à desidratação. Embora, os estômatos se fechem em aproximadamente uma hora após o corte, ou quando as plantas possuem de 65 a 70% de umidade, de 20 a 30% do total de água é perdido nesta primeira fase da secagem (MAcDONALD e CLARK, 1987). Numa segunda fase de secagem, após o fechamento dos estômatos, a perda de água acontece via evaporação cuticular. Assim, a estrutura das folhas, as características da cutícula e a estrutura da planta afetam a duração desta fase de secagem. A resistência cuticular e a da camada limítrofe do tecido vegetal com o ambiente, tornam-se as principais barreiras a perda de água Após o fechamento dos estômatos, 70 a 80% da água deverá ser perdida via cutícula, cuja função é de prevenir a perda de compostos da planta pôr lixiviação, de proteção contra a abrasão e dos efeitos da geada e da radiação Na fase final de secagem, ou seja, na terceira etapa, em função da plasmólise, a membrana celular perde a sua permeabilidade seletiva, ocorrendo rápida perda de água. A fase final da secagem se inicia quando a umidade da planta atinge cerca de 45%, sendo menos influenciada pelo manejo e mais sensível às condições climáticas do que as anteriores, principalmente à umidade relativa do ar Devem ser considerados alguns fatores que interferem na desidratação das plantas: - Fatores climáticos Os fatores climáticos e o solo constituem o ambiente para a secagem da forragem no campo. Os fatores climáticos exercem efeito acentuado na secagem, mas as propriedades do solo também têm influencia no processo. As principais variáveis a serem consideradas em relação ao clima são: radiação solar, temperatura, umidade do ar e velocidade do vento. As altas correlações entre estas variáveis, torna difícil estabelecer quais os efeitos isolados de cada uma sobre a taxa de secagem (ROTZ, 1995). A umidade relativa (UR) do ar é um dos principais fatores ambientais que exerce influência na perda de água da forragem desidratada a campo (RAYMOND et al., 1991). De acordo com MAcDONALD e CLARK (1987), sob condição de secagem controlada, a alfafa (Medicago sativa L.) arranjada em camadas finas atingiu 20% de umidade em 25 horas, com UR de 45%, mas o tempo de secagem se prolongou para 47 horas, ou seja quase o dobro, quando a UR foi de 70%. Desta forma, é de suma importância o conhecimento da previsão de chuvas, pois o risco de ocorrência de condições desfavoráveis à secagem é grande durante o verão no Brasil Central. Tem-se que 50% dos dias de verão nesta região, apresentam condições apropriadas para a desidratação, ou seja, UR baixa, temperatura elevada e ocorrência de ventos. Um fator que exerce influencia acentuada na perda de água da forragem é a umidade de equilíbrio. Segundo COLLINS (1995) e ROTZ (1995) a umidade de equilíbrio é aquela que a planta obtém, quando é colocada em um ambiente com temperatura, umidade e radiação constantes pôr um período de tempo indefinido. Esta umidade é primeiramente relacionada com o ambiente e posteriormente com a planta. Considerando que o feno é higroscópico, ou seja, absorve água do ambiente, a UR também influencia a umidade de equilíbrio da forragem, afim de atingir valores adequados para o armazenamento (Tabela 1). Tabela 1 - Umidade de equilíbrio dos fenos em função da umidade relativa do ar. Umidade Relativa do Ar (%) Conteúdo de Umidade do Feno (%) 95 35,0 90 30,0 80 21,5 77 20,0 70 16,0 60 12,5 Fonte: RAYMOND et al., 1991. - Fatores inerentes à planta A superfície das plantas é coberta pôr uma camada de proteção denominada epiderme, cuja porção externa é uma cutícula cerosa que é relativamente impermeável. A função desta cobertura inclui a prevenção de danos físicos e diminui as perdas de componentes da planta pôr lixiviação e excessiva perda de umidade (HARRIS e TULLBERG, 1980; ROTZ, 1995). Os fatores relativos à planta que afetam a taxa de secagem, segundo ROTZ (1995) são o conteúdo de umidade inicial da planta e as características físicas da forragem. A espessura da cutícula, diâmetro e comprimento do colmo e a relação folha/colmo entre outros podem influenciar na velocidade de secagem da alfafa, e esses fatores são inerentes à espécie da planta utilizada. Porém, Andrade, et al. (2006) citam que a cultivar de alfafa utilizada têm pouca influência no processo, (Figura 4) uma vez que a percentagem de matéria seca apresentou comportamento linear crescente em relação aos tempos de desidratação para as três cultivares estudadas. Figura 4 - Teores de matéria seca (p.100) nofeno da alfafa do cultivar Crioula Imperial,XA-132 e Crioula Cras-RS de acordo comos tempos de desidratação (Fonte: Andrade, et al. 2006, ) Inúmeros fatores relacionados à estrutura das plantas influenciam a taxa de perda de água como a razão de peso de folha, a relação folha/caule, a espessura e o comprimento do caule, a espessura da cutícula e a densidade de estômatos (MAcDONALD e CLARK, 1987). Em relação à proporção de caule, é importante considerar que a transferência de água desta fração para as folhas é um fator importante relacionado à velocidade de secagem, principalmente em leguminosas e gramíneas colhidas na fase reprodutiva. A aplicação de tratamentos mecânicos nos caules, como o condicionamento, resulta em altas taxas de secagem, sendo vantajoso, mesmo se a perda de água do caule via folha for reduzida (ROTZ, 1995, ROTZ, 2001). É fato reconhecido que folhas de alfafa secam mais rapidamente do que os caules mais espessos, e essa secagem mais rápida das folhas contribui para a destruição e perda mecânica dos tecidos foliares mais nutritivos (HARRIS e TULLBERG, 1980). - Corte Por muitos anos, as segadeiras de barra têm sido utilizadas, principalmente pôr serem máquinas simples e baratas. A desvantagem desse equipamento é que apresenta baixa velocidade de operação além de promover dilaceração do caule, o que prejudica a rebrota das plantas, reduzindo a persistência do ‘stand’ (ROTZ, 2001). As segadeiras de disco giratório desenvolvem maior velocidade, sendo que o seu desempenho é limitado pela habilidade do operador. A desvantagem desta máquina é o seu alto custo de operação, pois requer quatro vezes mais potência para operação. Portanto, um trator mais potente deve ser utilizado e mais combustível pode ser consumido. Pôr outro lado, com o trabalho desenvolvido em maior velocidade tem-se menor tempo de operação e de utilização do trator. Segadeiras com tambores giratórios apresentam algumas desvantagens comparadas às demais, pois requerem duas vezes mais potência comparada com as de disco. Além disto, em decorrência do corte desuniforme, tem-se secagem heterogênea nas leiras. Uma avaliação geral evidencia que nenhum dos tipos de segadeira apresenta uma vantagem acentuada sobre outra, portanto qualquer delas pode ser usada na fenação, sendo o fator de decisão o custo de aquisição e manutenção das mesmas (ROTZ, 2001). As roçadeiras não devem ser utilizadas no processo, pois além de dilacerarem o caule, picam a forragem, o que dificulta o recolhimento, resultando em substancial perda de matéria seca. A utilização de segadeiras condicionadoras que promovem o esmagamento do caule acelera a taxa de secagem, pois aumenta a perda de água através desta fração, reduzindo pela metade o tempo de secagem de plantas forrageiras devido ao aumento da perda de água via caule (RAYMOND et al., 1991; ROTZ, 1995). HINTZ et al. (1999) verificaram diferentes teores de umidade e tempo para que ocorresse a morte celular em plantas de alfafa quando submetidas à ceifa e maceração (Figura 4). Pode se observar na Figura 4 menor tempo de vida celular e maior taxa de secagem das plantas maceradas, pelo fato do rompimento da cutícula cerosa e ruptura da haste com o processo de maceração, permitindo a evaporação de água da planta mais rapidamente. Figura 5 - Taxa de desidratação das leiras de alfafa com e sem maceração da forragem ceifada. (Adaptado de HINTZ et al. 1999). - Condicionadores químicos Recentemente, têm sido utilizados condicionadores químicos, mantendo os estômatos abertos mediante aplicação de produtos que aceleram a taxa de secagem das plantas. De acordo com MAcDONALD e CLARK (1987) a adição de fusicoccina (uma toxina produzida pelo fungo Fusicoccum amygdali Del.), de quinetina e de azida sódica, retardou o processo de fechamento dos estômatos, acelerando a taxa de secagem. A aplicação de produtos químicos, com a finalidade de alterar a estrutura da epiderme, como pôr exemplo o carbonato de potássio ou de sódio, dos herbicidas dissecantes dinoseb, endothal e diquat podem resultar em maior taxa de secagem de plantas forrageiras, uma vez que promovem redução na resistência cuticular e a perda de água (MEREDITH e WARBOYS, 1993). - Manuseio da forragem no campo O propósito dos tratamentos mecânicos é acelerar a taxa de secagem devido a ruptura das células, aumentando a quantidade de energia solar e de vento que atingem a superfície da forragem cortada, promovendo a remoção da umidade (ROTZ, 1995, 2001). A colheita da forragem com valor nutritivo adequado, ou seja, com elevada proporção de folhas tenras, resulta em leiras mais pesadas do que aquelas de plantas que possuem maior percentagem de caules, desta forma, apresentam maior dificuldade para circulação de ar, aumentando a resistência à perda de água. A altura de corte influencia a porção de caule remanescente, determinando a intensidade do contato da forragem com o solo, influenciando a circulação de ar na base da leira. As leiras produzidas pela maioria das segadeiras são compactas e altas, e considerando que a resistência da leira, na fase inicial de secagem é o principal fator que limita a perda de água, a taxa de desidratação pode ser aumentada após o uso dos ancinhos. Assim, a perda de água na segunda fase de secagem pode ainda ser rápida reduzindo a compactação da leira com viragens e revolvimento através do uso de ancinhos (ROTZ, 2001). O uso freqüente de ancinhos pode ser mais eficiente quando o conteúdo de água da leira varia de 66 a 50%. Durante esta fase, a forragem na superfície seca rapidamente, enquanto dentro da leira a desidratação é lenta. Assim, cada movimentação da leira proporciona condições apropriadas para a secagem. Além disto, com a forragem tornando-se mais leve devido à perda de água, uma nova ação do ancinho propicia leiras mais abertas, com menor resistência a desidratação. Com o conteúdo de água abaixo de 50% a leira entra em um estágio onde o uso do ancinho não é tão eficiente. Tal fato ocorre, pois nessa fase a taxa de secagem é mais influenciada pela resistência da planta do que pelas estruturas da leira. Nesta fase a umidade de equilíbrio entre o ambiente e a planta assume importância no processo (RAYMOND et al., 1991). Quando a umidade da forragem é de 28% a cultura não secará mais se a UR próxima ou dentro da leira for maior que este valor. No processo de secagem da alfafa no campo, o topo da leira se desidrata primeiro do que a base (Figura 5). Desta forma, a manipulação da leira pode acelerar e uniformizar a secagem, através do revolvimento da forragem mais úmida colocando-a na camada superior, onde ocorre a secagem mais rápida e também do espalhamento, aumentando a superfície de contato com o ambiente (ROTZ, 2001). Figura 6 – Circulação de ar, radiação solar e calor nas camadas de uma leira. (Fonte: ROTZ ,1995) O uso de ancinhos para promover a inversão das leiras não se aplica em leguminosas, contudo, são benéficos, após chuvas, ou quando as condições de secagem são inadequadas (ROTZ, 1995). MAcDONALD e CLARK (1987) observaram taxas de perda de água, na segunda fase, variando de 0,5 para 1%/hora em forragem não virada, aumentando para 2%/hora em área submetida a ação de ancinhos, e de 3%/hora em forragem que sofreu condicionamento e foi virada com ancinho. Perdas de folhas causadas pelo uso de ancinhos variam de 1 a 3% em gramíneas, mas podem atingir valores de até 35% na fenação de leguminosas. 4.2. Perdas durante o processo de secagem A forragem permanecendo cortada no campo pode sofrer alterações acentuadas em sua composição química e atividade fisiológica. As atividades fisiológicas ocorrem no protoplasma ou porção viva da planta (simplasto). A porção não viva (apoplasto), tal como a parede celular, uma vez formada, não possui atividade fisiológica intrínseca (MOSER, 1980, 1995). As perdas de nutrientes se iniciam imediatamente após o corte, e algumas alterações bioquímicas, como a respiração e a oxidação são inevitáveis durante a secagem. Desta forma, a remoção de água tão rápida quanto possível, resultará na diminuição das perdas por esses processos (REES, 1982; MUCK e SHINNERS, 2001). Vários tipos de perdas podem ocorrer no recolhimento da forragem, além daquelas consideradas inevitáveis, como respiração celular, fermentação, lixiviação, decomposição de compostos nitrogenados e oxidação de vitaminas. Segundo MUCK e SHINNERS (2001) podem-se enumerar os seguintes tipos de perdas que ocorrem no recolhimento do feno: - Perdas no corte devido à altura do resíduo; - Perdas pôr respiração e fermentação decorrentes do prolongamento do período de secagem; - Perdas por lixiviação levando ao decréscimo no conteúdo de compostos solúveis; - Perda de folhas em decorrência do manuseio excessivo da forragem, notadamente na fase final de secagem; e, - Perdas por deficiência no recolhimento da forragem. Teoricamente, muitas destas perdas podem ser evitadas, contudo a ocorrência de chuvas inesperadas pode causar perdas inevitáveis. As enzimas hidrolíticas e respiratórias presentes nas células das plantas continuam ativas até que condições letais ocorram, ou seja, redução acentuada no conteúdo de água das células. A respiração celular cessa, quando o teor de água da planta atinge valores abaixo de 35 a 40% (REES, 1982; MAcDONALD e CLARK, 1987). Se a planta permanece respirando, ocorrerá perda de carboidratos solúveis de alta digestibilidade, diminuindo assim a qualidade do feno. Outros compostos, como gordura e proteína podem ser usados no processo de respiração quando se esgotam os carboidratos solúveis. Da mesma forma, o processo de fermentação pode ocorrer no campo, principalmente se o tempo de secagem for prolongado em função das condições climáticas inadequadas para a secagem (MOSER, 1980). As perdas devido à ocorrência de chuvas durante a secagem no campo podem chegar a mais de 30% da matéria seca (MS). O maior percentual da MS perdida é relativo ao conteúdo de compostos solúveis, altamente digestíveis. Os principais fatores que afetam as perdas por lixiviação estão relacionados com a quantidade, intensidade e duração das chuvas. Fatores inerentes à cultura como o conteúdo de água da planta no momento da chuva, maturidade, relação folha/caule, densidade da camada de forragem, espécie forrageira e o tratamento da planta no momento do corte (condicionamento), influenciam acentuadamente as perdas de MS (MAcDONALD e CLARK, 1987; MOSER, 1995; MUCK e SHINNERS, 2001). A ocorrência de chuvas pode afetar a taxa de secagem e qualidade dos fenos de diferentes formas: - Prolongamento da vida da célula, permitindo a continuação do processo respiratório; - Lixiviação de compostos solúveis; - Causa perda indireta de folhas pela manipulação excessiva do feno; - Propicia ambiente adequado para o desenvolvimento de microrganismos no campo, resultando em fermentação. As chuvas na fase final da secagem, quando as células estão mortas e a membrana celular perdeu sua permeabilidade diferencial, causam maiores perdas do que aquelas que ocorrem no início da fenação. Da mesma forma, o condicionamento da forragem resulta em maiores perdas devido à ocorrência de chuvas (ROTZ, 1995). A forragem que foi submetida à chuva, para completar a secagem deverá sofrer processamento intenso no campo, o que pode resultar em aumento nas perdas mecânicas (ROTZ, 2001). A ocorrência de chuvas sobre o feno antes do enfardamento, resulta em lixiviação de nutrientes solúveis e perdas por respiração (PITT, 1990). A chuva, além da lixiviação de nutrientes, também pode provocar o aumento da perda de folhas em decorrência do trabalho extra de viragem e enleiramento requerido para alcançar a umidade de armazenamento. As perdas no processo de fenação podem ser estimadas, com base nos trabalhos revisados pôr MAcDONALD e CLARK (1987), conforme as condições de secagem e de armazenamento (Tabela 2). Tabela 2 - Previsão de perdas (%), durante o processo de fenação em diferentes condições de secagem no campo. Fontes de perdas Ótimas P Forragem cortada Normais C P 100 Adversas C P C 100 100 Corte/condicionamento 5 95 10 90 20 80 Respiração 5 90 10 81 15 68 Ancinho 5 86 10 73 20 54 Lixiviação 0 86 10 66 15 46 Enfardamento 5 81 10 59 20 37 Armazenamento 5 77 10-20 53-47 30 26 Manuseio 5 74 10 48-43 30 18 Forragem consumida 74 48-43 18 P- Perdido (%); C- Conservado (%). (Fonte: MACDONALD e CLARK, 1987.) É importante considerar que durante a secagem e em decorrência da atividade respiratória (que resulta em decréscimo nos conteúdos de carboidratos solúveis), as concentrações de proteína bruta, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e de lignina, os quais não são intensamente afetados pela respiração, podem aumentar em termos proporcionais, uma vez que os resultados são expressos em percentagem. Durante a secagem, podem ocorrer pequenas perdas de compostos nitrogenados através da conversão da proteína em formas mais simples de nitrogênio não protéico (NNP) solúvel. Assim, o desdobramento da proteína na presença de umidade é muito rápido, e a extensão da degradação é influenciada pelo tempo de secagem (MOSER, 1995). As perdas de compostos nitrogenados são menores que as de carboidratos solúveis. Proteases vegetais ainda estão ativas durante a secagem e os teores de N total solúvel aumentam, em oposição ao N protéico, pela formação de peptídios, aminoácidos, amidas e bases voláteis (MOSER, 1980). O percentual dos aminoácidos constituintes da fração protéica também muda, com redução de glicina, serina, treonina, alanina, tirosina, valina, metionina, leucina e isoleucina e aumento de prolina, glutamina e asparagina. Como quase todas as formas de N são aproveitadas pelo ruminante, não ocorrem grandes perdas de valor nutritivo devido a essas interconversões. Em média, 2,5% do N é perdido, mas a digestibilidade da proteína, só será grandemente afetada com aumento na temperatura e/ou interferência de microrganismos. Segundo MOSER (1995) a secagem ao sol diminui os teores das vitaminas A (β caroteno), C e E, em função da oxidação e queima. Todavia, ocorre aumento no conteúdo de vitamina D. A Vitamina D esta ausente ou ocorre em pequenas quantidades em forragens verdes. Perdas de minerais, como fósforo e cálcio podem ocorrer em pequenas quantidades, entretanto uma exposição prolongada no campo pode alterar estes valores. Com a ocorrência de lixiviação, quebra da folha e outros processos físicos indiretos podem proporcionar a perda de minerais, notadamente a de potássio. Existem também as substâncias estrogênicas presentes na alfafa (cumesterol) que interfere no ciclo estral dos animais e acarretam problemas no parto, todavia tais compostos têm a sua presença diminuída após o processo de secagem. Outras mudanças também ocorrem na forragem após secagem natural ou artificial, destacando-se a diminuição do conteúdo de proteína solúvel da alfafa, que é o agente causador do timpanismo em animais em pastejo nesta espécie de leguminosa (MOSER, 1980, 1995). As perdas mecânicas, durante a produção de feno são frequentemente maiores em leguminosas do que nas gramíneas, devido à maior fragilidade das folhas nas leguminosas. Folhas de alfafa secam 2,5 vezes mais rápido do que os caules, e quando o teor de umidade decresce abaixo de 30%, as folhas tornam-se extremamente frágeis (SHAEFFER & CLARCK, 1976). Aproximadamente 50% das perdas mecânica total em alfafa ocorrem durante o corte/condicionamento e viragem/enleiramento. Para reduzir a queda de folhas é recomendável que a viragem/enleiramento não seja efetuada quando os níveis de umidade estão abaixo de 40% (PEREIRA et al., 2005). O recolhimento dos fenos com umidade, acima de 20%, reduz as perdas no campo, diminuindo os riscos de ocorrência de chuvas e as perdas de folhas, principalmente em leguminosas (REIS e RODRIGUES, 1992, 1998). 4.3 Armazenamento As principais causas de perdas de MS no armazenamento de fenos com alto conteúdo de água estão relacionadas com a continuação da respiração celular e ao desenvolvimento de bactérias, fungos e leveduras. Em função da respiração celular e do crescimento de microrganismos, tem-se a utilização de carboidratos solúveis, compostos nitrogenados, vitaminas e minerais. Desta forma, há diminuição no conteúdo celular e aumento percentual na porção referente aos constituintes da parede celular, o que resulta em diminuição do valor nutritivo. Deve-se considerar que a intensa atividade de microrganismos promove aumento na temperatura do feno, podendo-se registrar valores acima de 65ºC e até combustão espontânea. Condições de alta umidade e temperaturas acima de 55ºC são favoráveis à ocorrência de reações não enzimáticas entre os carboidratos solúveis e grupos aminas dos aminoácidos, resultando em compostos denominados produtos de reação de Maillard (MOSER, 1980, 1995). A formação de produtos de Maillard em fenos superaquecidos promove diminuição acentuada na digestibilidade da proteína, uma vez que se pode observar aumento considerável nos teores de NIDA, o qual não é disponível para os microrganismos do rúmen. Portanto, o aumento de NIDA acarreta decréscimo de proteína digestível e elevação na quantidade de proteína bruta (PB) alterada pelo calor. COBLENTZ et al. (2000) observaram o fluxo de açúcares durante o armazenamento do feno de alfafa e as alterações na qualidade da forragem quando enfardadas com diferentes teores de umidade (Figura 6). Os autores verificaram que na planta enfardada com alta umidade (30%), os teores de carboidratos não estruturais e a fração de nitrogênio insolúvel em detergente ácido se comportaram de forma diferente que nas plantas armazenadas com baixa umidade (20%). Figura 7 - Concentrações totais de açúcares solúveis, açúcares não redutores, açúcares redutores e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) conforme o tempo de estocagem em fenos de alfafa com alta (30%) e baixa umidade (20%). Linhas sólidas representam regressão linear e linhas tracejadas conteúdos médios. (Fonte: Adaptado de COBLENTZ et al., 2000) Conforme pode ser observado na Figura 7, há uma menor complexação do nitrogênio com a fração FDA nos fenos armazenados com baixa umidade (20%), verificando-se ainda aumento nos teores médios de açúcares redutores à medida que se prolongou o tempo de armazenamento. Os autores observaram também uma taxa mais lenta de queda nos teores de açúcares nos fenos mais secos (20%), quando comparado com aqueles armazenados com alta umidade (30%). Nos fenos enfardados com alta umidade a digestibilidade da MS e de outros nutrientes diminuem com o armazenamento, uma vez que muitos compostos facilmente digestíveis são perdidos devido à respiração (MOSER, 1980, 1995). As plantas forrageiras em crescimento no campo estão inoculadas, naturalmente, com uma ampla variedade de fungos e de bactérias. Segundo REES (1982) a população de fungos de campo, geralmente não causa alterações acentuadas na composição química dos fenos, exceto quando a umidade permanece elevada pôr períodos prolongados. A população de fungos de campo é menos diversificada do que a registrada no armazenamento dos fenos (REIS e RODRIGUES, 1998), sendo que os microrganismos presentes durante este período são xerotolerantes e mais termotolerantes do que os de campo. Neste grupo estão incluídos os gêneros Aspergillus, Absidia, Rhizopus, Paecilomyces, Penicillium, Emericella, Eurotium e Humicola (KASPERSSON et al., 1984). Devido às perdas e aumento na população de microrganismos que podem ocorrer durante o armazenamento de fenos é necessário tomar algumas precauções. O fardo exige “tratamento de remédio”, ou seja, armazenamento em local seco, bem ventilado e abrigado da luz solar. Esta provoca descoloração da cor esverdeada original e causa má impressão ao consumidor exigente. Os melhores galpões de armazenagem são aqueles de pé-direito alto, com vão central mínimo de 6m de altura e fechado nas laterais com tijolos furados, permitindo ventilação livre a todo momento (HADDAD & CASTRO, 1999). Nos fenos armazenados em locais protegidos, o principal fator limitante na preservação da qualidade é sem dúvida o conteúdo de umidade. Feno com umidade menor do que 15% são estáveis, enquanto naqueles com valores superiores, a atividade de microrganismos pode causar aquecimento, principalmente nas primeiras 3 a 5 semanas de armazenamento. É imprescindível observar cuidados em relação a ocorrência de fogo nos galpões. As causas de fogo nos galpões podem ser de origem interna (combustão espontânea) ou externa, sendo que as primeiras estão relacionadas ao aquecimento do feno em decorrência da respiração celular e atividade de microrganismos que ocorrem nos fenos armazenados com alta umidade. Como medida de segurança os fardos redondos não devem ser armazenados com umidade superior a 18%, enquanto os retangulares podem ter 20% ao serem colocados em galpões. Quando se suspeita que a umidade esta acima dos valores citados, os fenos devem ser armazenados em local arejado e seco por pelo menos três semanas afim de perder umidade. Os fenos que foram recolhidos recentemente, não devem ser armazenados junto aos mais secos. O risco de fogo nos fenos armazenados com alta umidade pode ser minimizado no galpão, quando se permite a circulação de ar entre as pilhas de fardos. Os fardos que se suspeita conter excesso de umidade, devem ser armazenados em local arejado seco até que tenha conteúdo de água que permita armazenamento seguro. Deve-se avaliar periodicamente a temperatura dos fardos, observando que valores abaixo de 49 oC são considerados normais, e entre 49 a 60 oC inicia a fase de alerta, enquanto acima de 70 o C tem-se sério risco de combustão espontânea. 4.4. Aditivos A conservação de fenos enfardados com alta umidade, com baixas quantidades de perdas no VN pode ser obtida com a utilização de aditivos que controlam o desenvolvimento de microrganismos (REIS e RODRIGUES, 1992;1998; ROTZ, 1995; MUCK e SHINNERS, 2001). Uma grande variedade de produtos químicos pode ser aplicada em fenos armazenados com alta umidade visando controlar o crescimento de microrganismos, destacando-se a utilização de diacetato de sódio, ácido propiônico, propionato de amônio, uréia e amônia anidra (COLLINS, 1995). Os produtos químicos podem agir diminuindo a disponibilidade de água e de oxigênio, alterando o pH dos fenos ou destruindo ou inibindo o crescimento dos microrganismos. Os sais podem ser usados com a finalidade de se reduzir à quantidade de água dos fenos, enquanto adição de CO2 foi pesquisada como forma de reduzir a disponibilidade de O2, mas esse sistema apresenta dificuldades para aplicação prática. O ácido propiônico e outros ácidos orgânicos, quando aplicados em quantidades apropriadas, controlam o crescimento de fungos como Aspergillus fumigatus e de actinomicetos como Micopolyspora faeni e de Thermoamicetos vulgaris, agentes causadores da febre do feno (COLLINS, 1995). Segundo este autor, produtos químicos a base de ácido propiônico foram eficientes em prevenir o aquecimento e preservar a qualidade dos fenos de alfafa e de capim coast-cross armazenados com alta umidade. Ao avaliarem 100 produtos químicos para conservação de fenos, LACEY et al. (1981) observaram que 1/3 deles foi eficiente em prevenir o aquecimento e aparecimento de microrganismos, quando aplicados na dose de 0,5% do peso seco da forragem armazenada com 35% de umidade. Segundo estes autores, os aditivos utilizados para conservação do VN de fenos com alto teor de umidade devem apresentar características desejáveis tais como: - Baixa toxicidade para os mamíferos; - Efeito sobre fungos, actinomicetos e bactérias; - Distribuição uniforme nos fardos; - Baixos níveis de perdas pôr volatilização; - Não ser excessivamente absorvido pelo feno; - Manuseio fácil e seguro; - Amplo espectro de ação; - Solúvel em água. É importante salientar, que estas características foram observadas, principalmente no ácido propiônico parcialmente neutralizado com a amônia. BARON e GREER (1988) testaram seis produtos químicos para conservar o VN do feno de alfafa armazenado com teor de água variando de 15 a 35%, e observaram que o uso de ácido propiônico (67%) mais amônia anidra (23%) foi eficiente em prevenir o aquecimento e reduzir as perdas na qualidade da forragem enfardada com alta umidade (35%). Segundo estes autores os produtos que diminuíram o pH dos fenos apresentaram maior efeito fungistático. Na mesma linha de pesquisa, BARON e MATHISON (1990) observaram que o ácido propiônico parcialmente neutralizado com amônia, aplicado nas doses de 1,25 a 1,50% da MS dos fenos de alfafa com umidade superior a 25%, não afetou as perdas de MS, apesar de ter controlado a temperatura e a população de microrganismos. A inibição do crescimento de microrganismos é conseguida através da manutenção de uma concentração mínima de ácido na fração aquosa do feno. Assim, altas doses de ácido propiônico são requeridas para o controle eficiente dos microrganismos nos fenos contendo alta umidade (COLLINS, 1995). De acordo com LACEY et al. (1981), em condições de laboratório o controle de fungos pode ser obtido com a aplicação de 1,25% do produto químico em relação ao peso seco dos fenos. Contudo, no campo esta dose deve ser aumentada para 3,0%. Doses mais altas podem ser requeridas para o tratamento dos fenos no campo, a fim de se contornar os problemas relativos à umidade da forragem, perdas durante a aplicação e manuseio, ou distribuição desuniforme do produto químico. Desta forma, em fenos com 25% de umidade, a dose de ácido propiônico de 3,0% do peso seco, pode ser equivalente à aplicação de 0,75% do peso verde. MEISSER (2001) observou que o uso de propionato de amônio (equivalente a 64% de ácido propiônico) foi efetivo em preservar a qualidade de fenos. A aplicação de 1:100 equivalentes de ácido propiônico promoveu adequada conservação de fenos com 23% de umidade, porém não foi eficiente quando utilizado para preservar a qualidade de fenos armazenado com 29% de umidade. Devido ao fato de serem voláteis e corrosivos, deve-se aplicar os ácidos orgânicos, parcialmente neutralizados. Os ácidos podem ser neutralizados através da mistura com amônia, ou com outros compostos químico compatíveis, afim de elevar o pH e assim diminuir os afeitos na corrosão dos equipamentos (ROTZ, 1995). Desta forma, tem-se que os ácidos orgânicos parcialmente neutralizados apresentando pH 6, são menos voláteis e corrosivos do que as soluções contendo apenas ácidos, mas mantêm a eficiência no controle de microrganismos (COLLINS, 1995). Um estudo foi desenvolvido pôr JASTER e MOORE (1992) com o propósito de se avaliar a eficiência do ácido sórbico, sorbato de potássio, carbonato de potássio e ácido propiônico na secagem e conservação de feno de alfafa enfardo com 30% de umidade. Esses autores constataram que a adição de baixa ou altas dose de sorbato de potássio no enfardamento, não foi eficiente em preservar a qualidade dos fenos. Todavia, a utilização deste produto no momento do corte, decresceu o tempo de secagem em 4 horas e preservou a qualidade da forragem. A utilização rotineira, de ácidos para o tratamento de fenos pode ser antieconômica, se justificando apenas em situações onde se procura evitar a intensa ocorrência de chuvas durante a secagem no campo (ROTZ, 1995). Dentre as técnicas utilizadas para a conservação de fenos com alta umidade, destaca-se a amonização, através da amônia anidra ou do uso da uréia como fonte de amônia (REIS e RODRIGUES, 1992; REIS et al., 1997). É importante salientar que bovinos consumindo fenos de alta qualidade tratados com altas doses de NH3 (3,0% da MS) podem apresentar hipersensibilidade, causando danos ao animal e redução no consumo de forragem (COLLINS, 1995). Trabalhos de pesquisa indicam que as reações entre a amônia e os açúcares presentes na forragem de alta qualidade resultam na formação de 4metil imidazol que é o principio tóxico. A aplicação de amônia anidra em forragens de baixo valor nutritivo não apresenta risco de formação de 4-metil imidazol em função dos baixos conteúdos de açucares solúveis destes volumosos (ROTZ, 1995; COLLINS, 1995). Além disto, deve-se considerar que o manuseio da NH3 requer cuidados especiais, pois o contato deste produto com a pele pode causar queimaduras, e a sua inalação acarreta problemas cardíacos e respiratórios (ROTZ, 1995). Estudos recentes têm demonstrado a viabilidade de se usar uréia como fonte de amônia para o tratamento de fenos armazenados com alta umidade. O sistema de tratamento é fundamentado no fato, de que a uréia em contato com uma fonte de urease, em um ambiente úmido é hidrolisada, produzindo duas moléculas de amônia e uma de CO2 (SUNDSTOL e COXWORTH, 1984). Entretanto, FREITAS, et al. (2002) avaliaram duas fontes de amônia (amônia anidra-NH3 ou uréia) para conservação do feno de alfafa (Medicago sativa L.) armazenado com alta umidade e, verificaram que somente a NH3 foi eficiente no controle dos fungos. Nos tratamentos com uréia, apesar de haver controle dos gêneros Aspergillus e Penicillium, os demais gêneros presentes foram suficientes para deterioração dos fenos. O gênero Paecilomyces mereceu destaque pois apresentou alta incidência em todos os fenos tratados. Os autores justificam que as quantidades de uréia aplicadas (0,9 e 1,8 % na MS) possivelmente foram insuficientes para o controle de fungos no feno. A utilização de aditivos microbianos tem sido recomendada para acelerar o abaixamento do pH das silagens através da adição de bactéria homofermentativas que aumentam a produção de ácido lático. Segundo COLLINS (1995), inoculantes bacterianos podem ser usados para conservar a qualidade de fenos armazenados com alta umidade, contudo a forma de atuação destes aditivos não tem sido claramente definida. De acordo com ROTZ (1995) inoculantes com poucas cepas de Lactobacillus não tem efeito no desenvolvimento de fungos, alterações na cor, aquecimento, perda de MS e mudanças na qualidade de fenos armazenados com alta umidade. Em trabalho de pesquisa conduzido por WITTENBERG e MOSSTAGHINIA (1991) para avaliar fenos de alfafa enfardado com baixa, média e alta umidade, tratados com produtos comerciais contendo bactérias viáveis produtoras de ácido lático, foi observado que não houve efeito dos tratamentos nas espécies de fungos presentes na forragem. Estes autores avaliaram a composição química do feno de alfafa enfardado com baixa (15-20%), média (20-25%) e alta umidade (25-30%) sendo os dois últimos tratados com inoculantes comercias contendo bactérias láticas viáveis e não viáveis, aplicados no momento do enfardamento ou amonizados. Foi observado que a amonização resultou em aumento na retenção de MS, de PB e de FDN durante o armazenamento, quando comparada à forragem não tratada ou inoculada com bactérias. De acordo com WITTENBERG et al. (1996) a análise visual dos fungos, a presença de material estranho, a identificação das espécies de fungos, são de uso limitado na determinação do valor alimentício dos fenos. Os dados de VN e do valor comercial podem ser melhor determinados através do perfil de nutrientes contidos nos fenos. 5. Silagem A conservação da alfafa como silagem e haylage tem nas nossas condições uma difusão consideravelmente menor que a conservação na forma de feno. O processo de ensilagem é o método de conservação da forragem através de um processo anaeróbio com objetivo de produção de ácidos durante a fermentação reduzindo o pH do meio, controlando assim a atividade de microrganismos. Denomina-se silagem de alta umidade ou silagem de corte direto o processo em que a forragem é armazenada com mais de 70% de umidade e se aplica a denominação de haylage a silagem pré-secada que tem no produto final umidade em torno de 40 a 60% (JUAN e ROSSI. 2007). No processo de ensilagem, a forrageira é cortada, picada e posteriormente ensilada. Nesse processo, há sucessivas transformações bioquímicas que dependem de fatores externos e internos das plantas, cuja ação conjugada orienta o desenvolvimento da flora bacteriana na evolução da fermentação (JUAN e ROSSI. 2007). Quando a ensilagem é feita sob condições ideais o processo é dividido em quatro fases. Na primeira fase ou aeróbica, o oxigênio retido do ar que permanece no silo após a compactação da forragem é utilizado para a respiração da planta e como conseqüência na massa ensilada ocorre intercâmbios gasosos. Esse fenômeno ocorre quando há no meio açucares ou glicídios solúveis e oxigênio. (CLEALE et al., 1990; JUAN e ROSSI 2007). Quando ocorre o rompimento das membranas celulares da planta é chamado de segunda fase ou aquela onde é liberado o conteúdo celular e as bactérias contidas naturalmente na forragem se proliferam. Nesse ponto, os glicídios solúveis da planta são transformados rapidamente pelas enzimas em glicose e frutose, que constituem o principal substrato dos microrganismos presentes na superfície da planta. Outros glicídios tais como amido, também podem ser encontrados, porém não utilizados diretamente pelos microrganismos, mas na alfafa esse glicídio é pouco expressivo. Os glicídios solúveis são imediatamente atacados enquanto houver oxigênio na massa ensilada, formam parte do substrato que possibilitam os intercâmbios gasosos. A respiração provoca liberação de gás carbônico, que pouco a pouco vão consumindo o oxigênio do silo. Nesse processo há produção de calor e água. Nesse momento prevalece condições anaeróbicas na maior parte do silo. Segundo Devusyst e Van Belle, 1964, citados por JUAN e ROSSI (2007), ao final de 5 a 6 horas, um silo pode estar totalmente privado de oxigênio, se for fechado com rapidez. Mas se o fechamento for realizado depois de 48 horas depois do enchimento, o processo respiratório continua por aproximadamente 72 horas A seguir, na terceira fase ou de fermentação, a flora bacteriana que compreende vários gêneros e espécies e se caracterizam pela sua reação frente a determinadas condições ambientais, iniciam o processo fermentativo. No inicio, as bactérias aeróbicas, que não tem interesse pelo ambiente anaeróbico permanecem por pouco tempo. A medida que acentua a anaerobiose começa a multiplicação das bactérias anaeróbicas representadas pelas coliformes (ou enterobactérias), que são organismos facultativos que iniciam a acidificação do meio e produzem essencialmente ácido acético, hidróxico de carbono e álcool. Essas bactérias atuam até que o pH esteja em torno de 4,5. Em seguida as bactérias láticas que no inicio são em numero pequeno, se multiplicam rapidamente não só porque têm afinidade com o pH baixo, mas também porque impedem a proliferação de outras bactérias. Essas bactérias convertem o açúcar das plantas em ácido lático principalmente. Além das homo e heterofermentativas, outra bactérias também participam desse processo fermentativo, porém com menor eficácia, que são os Pediococus, Streptococus e Leuconostoc. Finalmente se a queda do pH é suficiente para limitar o crescimento bacteriano a silagem estará na quarta fase ou estável, onde a atividade bioquímica é baixa ou inexistente, levando a preservação da massa e consequentemente dos seus nutrientes (CLEALE et al., 1990). A alfafa pelo seu elevado valor nutritivo, apresenta-se como uma alternativa viável para a produção de silagem, pois, quando utilizada em pastejo ou na forma de feno, sua qualidade já está comprovada; destacando-se pelo seu elevado consumo voluntário, alta digestibilidade e quantidade e qualidade de sua proteína (PAIM, 1975). Embora apresente elevado valor nutritivo, a alfafa possui características indesejáveis para o adequado processo de fermentação, como alta umidade no momento do corte, alto poder tampão, baixos teores de carboidratos solúveis e caule tubular e oco, o que impede a completa retirada do ar no momento da ensilagem (McALLISTER et al., 1998). Alem disso, essas características indesejáveis supracitadas são mais acentuadas quando o valor nutritivo da alfafa é mais elevado, ou seja, quando a planta é mais jovem. Como conseqüência dessas características indesejáveis, ocorre o aparecimento de bactérias do gênero Clostidium que tendem a dominar a fermentação da forragem ensilada, a menos que esta passe por um processo de emurchecimento ou seja ensilada com aditivos, afim de minimizar os efeitos deletérios dessas bactérias (PEREIRA et al., 2005). As perdas totais de matéria seca e nutrientes durante o processo de ensilagem da alfafa podem variar entre valores mínimos de 3 a 6% em condicoes adequadas até 70% ou mais quando a forragem ensilada sofre sérias alterações. Vários são os fatores que interferem no processo fermentativo, dentre eles pode-se citar o teor de umidade, a quantidade de carboidratos solúveis e o poder tampão da forrageira. O termo tampão, refere-se aos sistemas, cuja presença em um meio, torna-o resistente à variações nas concentrações hidrogeniônicas, ou seja, no pH (McDONALD et al., 1991). O poder tampão seria a resistência que a forragem apresenta para a alteração do pH. O poder tampão das plantas não ensiladas é atribuído aos ácidos orgânicos e aos sais existentes nas forragens (McDONALD e HENDESON, 1962), principalmente os ácidos málico, cítrico e fosfórico (WHITTENBURRY et al., 1967). A elevação do poder tampão das plantas após a ensilagem tem sido atribuída às modificações químicas que ocorrem no silo, como a formação de ácidos orgânicos, tal como o lático e acético (McDONALD e HENDERSON, 1962). Em levantamento bibliográfico sobre silagem de alfafa, RUGGIERI 1995 apresentou diversos trabalhos que mostram os responsáveis pelo poder tampão na silagem de alfafa (HENDERSON, 1962; PLAYNE e McDONALD, 1966; McDONALD 1981 SHOCKEY e BARTA 1987 entre outros). Dentre eles, os produtos finais da degradação das proteínas seriam apontados como sendo responsáveis pelo poder tampão das plantas ensiladas. Onde os compostos obtidos após a degradação das proteínas neutralizariam a ação dos ácidos formados durante a fermentação. Assim a capacidade tampão das plantas sofre uma contribuição pelos compostos nitrogenados. Porem, de acordo com os autores revisados, o teor proteína não seria principal responsável pela formação de tampões nas forragens e silagens sendo a fração de aminoácidos representante de apenas de 10 a 20% do total da ação tamponante. A maior parte do poder tampão das plantas forrageiras é atribuído aos constituintes aniônicos tais como os ácidos orgânicos, ortofosfatos, sulfatos e cloretos. O potássio, magnésio e o cálcio seriam os principais íons nos sistemas tampões, sendo que a presença destes íons aumentaria o requerimento de carboidratos solúveis. Muitos outros fatores foram também citados como responsáveis pelas mudanças na composição dos ácidos orgânicos das forragens e, consequentemente, do seu poder tampão. Dentre eles a idade da planta e o período do dia. McDONALD, et al. (1991), comentam que o entrave na ensilagem de leguminosas forrageiras tem sido atribuído ao elevado poder tampão, baixo conteúdo de carboidratos solúveis e baixo teor de matéria seca no ponto ideal de corte das plantas Segundo esses autores as forrageiras que, como a alfafa, possuem um alto teor protéico, baixo teor de carboidratos solúveis e alto poder tampão são menos aptas à sofrerem uma boa fermentação e com isso sofrem maior proteólise durante o processo de ensilagem. De acordo com POLAN et al. (1998), mesmo com um desenvolvimento rápido e completo das condições anaeróbias, as atividades bacterianas e enzimáticas podem causar uma considerável proteólise. A adição de aditivos que reduzam o pH pode reduzir a proteólise e auxiliar na preservação da proteína verdadeira da planta. A maior parte da proteína presente da forragem esta presente na forma da Rubisco, enzima envolvida no processo de fotosíntese. FAIRBAIRN et al (1988) colocam que a taxa de desaparecimento da Rubisco é muito elevada, sendo essa proteína completamente degradada em dois dias após a ensilagem da alfafa. (Tabela 3, Figura 8.). Tabela 3 – Distribuição de proteínas intactas nas folhas das forragens. Fração protéica Rubisco (proteína da fração 1) Proporção * 32 – 40% Proteínas fração 2 ~25% Proteínas Tilacóide (Prot. da membrana) ~25% Proteínas da Mitocôndria < 5% Nucleoproteínas 1 – 2% Extensina “baixa” * Proporções de proteínas intactas. Aminoácidos livres e outros compostos nitrogenados de baixo peso molecular representam 10 a 20% do total de nitrogênio contido nas plantas. Fonte: MANGAN (1982), citado por BRODERICK (1995) Figura 8– Liberação de N amoniacal (NH3), aminoácidos totais (Total AA-N), N não protéico (NPN), e desaparecimento da Rubisco, após em silagem de alfafa não tratada. (adaptada de FAIRBAIRN et al., 1988). Por esses motivos é importante salientar a necessidade do abaixamento do pH o mais rápido possível visando menores perdas durante a fermentação, na tentativa de minimizar a alteração do valor nutritivo da forragem. Para tanto, é necessário que as condições anaeróbicas sejam alcançadas restringindo assim, a respiração da planta e com isso retardando o crescimento e o metabolismo oxidativo dos microrganismos. Se houver falhas nestas condições, há diminuição na recuperação de nutrientes, resultando na produção de um volumoso de baixa qualidade, reduzindo o consumo e conseqüente baixo desempenho animal (CLEALE et al. 1990). Diversos procedimentos vêm sendo pesquisados visando contornar tais problemas, tal como o uso de inoculantes microbianos, os quais possuem a função de aumentar a população de bactérias láticas no silo e, conseqüentemente, a produção de ácido lático (CLEALE et al., 1990), resultando em rápido declínio no pH, decréscimo nos níveis de acetato e butirato, bem como inibição da proteólise (KUNG JR et al., 1984). Considerando que, durante a abertura, a silagem é exposta à deterioração aeróbia, processo caracterizado por aumentos de temperatura, pH e oxidação dos produtos da fermentação, os inoculantes são alternativas para evitar perdas elevadas também durante esta fase. 5.1. Emurchecimento e aditivos O uso de aditivos ou a pratica do emurchecimento no processo de ensilagem da alfafa tem grande contribuição para o melhor controle da fermentação, diminuindo assim as perdas e o crescimento de microrganismos indesejáveis durante o processo fermentativo. A técnica do emurchecimento possibilita a ensilagem de plantas forrageiras cortadas com baixo teor de matéria seca num processo simples em que as fermentações indesejáveis são facilmente controladas através da elevação da pressão osmótica (McDONALD, et al. 1991). Particularmente no caso das leguminosas o emurchecimento reduz a disponibilidade de íons inorgânicos que formam os tampões, dando condições para atuação das bactérias produtoras de ácido lático (MUCK, 1990). LEIBENSPERGER e PITT (1988) ressaltam que o parâmetro mais consistente em termos de requerimento em ácidos ou carboidratos solúveis na silagem para baixar o poder tampão é a medida da relação carboidratos solúveis: poder tampão (CHO sol:PT) que tende a corrigir as diferenças no PT entre e dentro das espécies. Os autores verificaram que, quanto maior o teor de MS da forragem (numa variação de 17 a 45% de MS) e a quantidade de ácido fórmico adicionado (variando de 0 a 2% na MS), menor a relação CHO sol:PT. Assim, a 45% de MS a relação CHO sol:PT foi de 46g/eq (quantidade de CHO sol requerido por poder tampão para uma fermentação máxima), para inibição dos Clostridium. A 15% de MS a relação CHO sol:PT foi em torno de 700g/eq para uma silagem lática. Ensilar a alfafa sem emurchecimento, com teor de matéria seca (MS) menor que 35% resultará em perda de efluente no silo e em fermentações indesejáveis causadas pelas bactérias do gênero Clostridium. Entretanto, um teor de MS acima de 60%, dificulta a compactação, favorecendo a penetração do oxigênio (MUCK, 1990), com conseqüente super aquecimento da massa, provocando menor disponibilidade do nitrogênio, pela sua aderência à parede da célula (BERGEN, citado por SILVEIRA, 1988), bem como a formação de produtos de Maillard, associados a N insolúvel em detergente ácido. Segundo BERGEN citado por SILVEIRA (1988), silagens de boa qualidade apresentam valores de NIDA, que é produto da “reação de MAILLARD” e que resulta em polímeros de nitrogênio indigestíveis que adere à fração da parede celular, abaixo de 5%. Os valores de NIDA, silagem de alfafa observados por RUGGIERI et al.(1997) não foram alterados com o emurchecimento e/ou adição de fubá de milho. De acordo com os autores, esses valores, foram baixos, caracterizando boa preservação da massa ensilada (Tabela 4). No entanto, a literatura reporta que na maioria dos casos o emurchecimento resulta em aumento da fração NIDA (MANDELL et al., 1989). O aumento exagerado no teor de matéria seca da forragem pode aumentar as perdas no armazenamento e induzir a um aquecimento excessivo na massa ensilada. Nestas condições, o nitrogênio da planta, torna-se insolúvel, formando polímeros indisponíveis, indigestíveis ao ligar-se com compostos orgânicos como açúcares, ácidos graxos e outros (MUCK, 1988), da mesma forma que o observado no armazenamento de fenos com alta umidade (Figura 7). Também, com o aumento do teor de matéria seca, tem-se uma redução na fermentação, notadamente a lática, resultando em maior pH final pela diminuição dos carboidratos solúveis em água, com conseqüente redução na concentração de ácido lático (KIBE et al., 1981, HENDERSON et al., 1982). Neste sentido, MUCK (1990) estudando o efeito de diferentes níveis de matéria seca (de 17 a 73%) na qualidade da silagem de alfafa, concluiu que o melhor intervalo de matéria seca da forragem seria entre 40 a 55% onde maior conteúdo de ácido lático foi encontrado. As bactérias anaeróbias do gênero Clostridium têm efeito negativo sobre a qualidade da silagem especialmente se o pH não for suficientemente baixo para inibir o seu crescimento. Há que se considerar que o crescimento dos clostrideos é estimulado pela elevação da temperatura no interior do silo, baixo teor de matéria seca da forragem ensilada, baixo teor de carboidratos solúveis, alta capacidade tampão da cultura, e vedação inadequada do silo (JOBIM e GONÇALVES., 2003). Tabela 4 - Matéria seca e poder tampão da alfafa fresca e emurchecida no momento da ensilagem em função de níveis crescentes de fubá de milho. Variáveis Matéria seca % Poder tampão Emg Forragem Níveis de fubá de milho (%) 0 5 10 Fresca 19,49 23,65 26,17 Emurchecida 29,55 33,99 35,24 Fresca 39,80 30,59 27,61 Emurchecida 34,24 34,38 32,29 Fonte: Ruggieri et. al. 1997 Segundo MUCK (1988), o pH no qual a atividade dos clostrideos cessa está na dependência da atividade da água, relacionada ao teor de matéria seca da silagem. Isto está ligado ao fato de que os clostrideos são sensíveis ao aumento da pressão osmótica. A atividade dessas bactérias diminui acentuadamente em silagens com alto teor de matéria seca. Enquanto forragens com alta umidade os clostrideos podem tolerar altas concentrações de ácidos e íons H+ , sendo necessário pH baixo para conservar a silagem. Isso mostra que nem sempre baixos pH em silagens com alta umidade podem controlar o crescimento de clostrideos, portanto o emurchecimento é uma ferramenta que poderá ser utilizada para auxiliar no controle desses microrganismos indesejáveis. Estudos sobre o emurchecimento da alfafa para a ensilagem foram realizados por RANGRAD, et al. (2000) que mostraram que o emurchecimento alem de ter aumento no teor de matéria seca, propiciou diminuição de aproximadamente 20% na concentração de carboidratos solúveis (CHOsol) na MS e aumento de aproximadamente 25% no poder tampão (PT). Contudo, o aumento na concentração da MS, principalmente da porção solúvel, aumentou a tensão osmótica do meio, o que contribui para condição favorável ao processo fermentativo de boa qualidade através da inibição das bactérias do gênero Clostridium (KUNG JR. et al., 1984; JONES et al., 1992). Os aditivos biológicos (enzimas e bactérias homo e heteroláticas) e o emurchecimento têm sido propostos como formas de propiciar melhores resultados no processo fermentativo de silagens. Na lteratura, vários experimentos são reportados utilizando inoculantes microbianos. Muitos têm demonstrado efeitos positivos na qualidade de silagens, evidenciados pela diminuição da proteólise inicial, aumento da taxa de declínio de pH, redução do pH final, aumento da produção de ácido lático e diminuição do nitrogênio nãoprotéico (NNP) solúvel, o que assegura melhor qualidade fermentativa (JONES et al., 1992). RODRIGUES et al. (2004) utilizaram inoculantes microbianos comerciais durante a ensilagem visando o aumento da população de bactérias láticas no silo e, conseqüentemente, à maior produção de ácido lático. Os autores ensilaram a alfafa com adição polpa cítrica peletizada e/ ou diferentes inoculantes comerciais Sil-All® Silobac® e Pioneer 1174® e verificaram que exceto na silagem não adicionada de polpa, todos os inoculantes aumentaram os teores de etanol, o Pioneer aumentou o pH e o Silobac reduziu a concentração de ácido acético. Independentemente da presença de polpa, todos os inoculantes diminuíram as perdas de MS; o Silobac e o Pioneer diminuíram a DIVMS e o Pioneer aumentou o N-NH3. Os autores concluíram, no entanto que os inoculantes não afetaram as concentrações dos ácidos lático, propiônico ou butírico, bem como a estabilidade aeróbia, independentemente da presença da polpa. Eles comentam que de forma geral, a adição de polpa cítrica melhorou a composição bromatológica e o perfil fermentativo, mas piorou as perdas e a estabilidade aeróbia. HANGRAD et al. (2000) comentam que a adição de enzimas em silagens de alfafa tem apresentado resultados semelhantes ao de aditivos biologicos, alguns resultados, porém com incremento do NNP solúvel. Esses autores ressaltam ainda que a utilização conjunta de lactobacilos e enzimas (celulase, hemicelulase, pectinase etc.) tem apresentado resultados controvertidos; alguns autores citam efeitos positivos nos parâmetros fermentativos e citam que outros autores indicam a possibilidade de ações antagônicas. Porem esses mesmos autores comentam que alguns trabalhos têm também constatado pouco efeito de inoculantes microbianos e aditivos enzimáticos sobre a eficiência da fermentação de silagens de alfafa, sugerindo que a inoculação com bactérias formadoras de ácido lático somente seria efetiva quando suplementada com carboidratos solúveis ou ainda com aumento dos níveis de MS. Ainda assim, boas condições ambientais, substrato suficiente para as bactérias acido láticas, no caso da utilização de aditivivos (HEDERSON, 1993), bom manejo, boa regulagem do maquinário destinado à colheita, garantia da manutenção do meio anaeróbio, tamanho certo das partículas a serem ensiladas (STOKES, 1992 e HARRISON et al., 1994), boa compactação para a efetiva e rápida expulsão do ar (WOOLFORD, 1990), ausência de rachaduras a fim de evitar a infiltração de ar ou de água, rápido fechamento do silo, cobertura do silo com lonas plásticas (MUCK, 1987) são mecanismos para minimizar as perdas de matéria seca, energia e qualidade da silagem. O manejo deve permitir a ocorrência e a manutenção do meio anaeróbio do silo, já que este é o ponto crítico da confecção de uma boa silagem (McDONALD et al., 1991. 6. Considerações Finais A intensificação da exploração do potencial de produção de forrageiras para alimentação animal em clima tropical durante o período das chuvas, acarreta o agravamento dos efeitos da estacionalidade do crescimento, afetando a performance animal, pois tem-se deficiências quantitativas e qualitativas na forragem proveniente das pastagens durante o período seco do ano. A produção, secagem e o armazenamento de forragem de alto valor nutritivo na forma de feno ou silagem, são atividades de suma importância nos sistemas de exploração intensiva de plantas forrageiras para a produção animal nas regiões de clima tropical. Nestas condições, a fenação ou a silagem de alfafa constituiria uma garantia do fornecimento de forragem de alta qualidade durante o ano todo, além de se tratarem de técnicas de extrema eficiência para o manejo adequado das pastagens. O conhecimento das condições climáticas é necessário para o planejamento do corte, de tal forma a minimizar as perdas durante a secagem, ou manuzeio, ou armazenamento da forragem. É importante considerar, que as informações meteorológicas estão disponíveis, contudo os dados específicos de uma região são difíceis de serem obtidos. A utilização de aditivos para conservação de fenos enfardados com alta umidade ou de silagens com alta umidade ou emurchecidas deve ser considerada em relação aos aspectos econômicos. O custo da aquisição e aplicação dos aditivos deve ser menor do que o valor da forragem que se perderia sem o uso do produto químico. Ademais, em se tratando de animais de alto padrão genético, é necessário o fornecimento de forragem de alto valor nutritivo, isento de microrganismos que possam produzir toxinas prejudiciais à saúde dos mesmos. 7. Referências ANDRADE. M.V.M., SILVA, D.S., QUEIROZ FILHO, J.L., PINTO ,M.S.C. 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