Desempenho de cultivares de girassol na microrregião de Campina

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Desempenho de cultivares de girassol na microrregião de Campina Grande, PB
João Felinto dos Santos1 e José Ivan Tavares Grangeiro2
1
Eng. Agrônomo, Dr., Pesquisador da EMEPA-PB. Estação Experimental de Lagoa Seca, Estrada de Imbaúba, km 3, CEP 58117-000,
Lagoa Seca, PB, Brasil. E-mail: joã[email protected] 2Eng. Agrônomo, E-mail: [email protected]
Resumo - O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo de cultivares de girassol (Helianthus annuus L.) na
microrregião de Campina Grande, PB. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro
genótipos de girassol: Local, Paraíso 65, BRS Gira 06 e Agrobel, em cinco repetições. Houve efeito significativo de
cultivares sobre altura da planta, produção de massa verde da planta e produtividade de aquênios, portanto, não havendo
respostas estatísticas para as demais variáveis. As cultivares Agrobel 640 e BRS Gira 6 apresentaram melhor desempenho
produtivo nas condições da microrregião de Campina Grande, PB.
Palavras-chave: Helianthus annuus, genótipos, característica agronômica, produtividade.
Performance of sunflower cultivars in microregion of Campina Grande,
Paraiba state
Abstract - O objective of this study was to evaluate the performance of sunflower crop (Helianthus annuus L.) in
microregion of Campina Grande, PB, Brazil. The experimental design was a randomized block with four sunflower
genotypes: Local, Paradise 65, 06 and Agrobel Gira BRS, in five replicates. There was effect of sunflower cultivars on plant
height, shoot weight of the plant and achenes yield, with no answers for the other variables. Cultivars BRS 640 and Agrobel
Gira 6 showed better performance productive in the conditions of Campina Grande, PB.
Keywords: Helianthus annuus, genotypes, agronomic trait, yield.
Introdução
O girassol (Helianthus annuus L.) é uma oleaginosa que
apresenta características agronômicas importantes, como
tolerante à seca, ao frio e ao calor que a maioria das espécies
normalmente cultivadas no Brasil. Apresenta ampla
adaptabilidade a diferentes condições edafoclimáticas e seu
rendimento é pouco influenciado pela latitude, pela altitude e
pelo fotoperíodo. Além disso, está inserido no programa
nacional de produção e uso de biodiesel (Ungaro, 2006).
O girassol, pelo emprego do seu óleo e por sua boa
adaptação às variações do meio ambiente, podendo ser
cultivado, ainda, em consórcio com outras culturas de
importância econômica como o amendoim, algodão, feijão,
entre outras, surge como uma alternativa adicional para ser
cultivada e promover o desenvolvimento da região semiárida paraibana, sendo uma opção para a economia dessa
região.
O girassol foi considerado ao longo dos anos como uma
cultura de clima temperado. No entanto, com a evolução dos
trabalhos de melhoramento genético existem hoje cultivares
que mostram boa adaptação em regiões quentes, o que
permite a expansão da cultura para as mais diferentes regiões
do Nordeste brasileiro, No entanto, há a necessidade de
adequá-la aos diferentes sistemas de produção das principais
culturas exploradas pelos agricultores familiares,
principalmente no Estado da Paraíba, sendo necessários
esforços das pesquisas com novos materiais genéticos de
girassol que apresentem, concomitantemente, alto teor de
óleo, ciclo precoce, porte reduzido, resistência a fatores
bióticos e abióticos, além de alto potencial produtivo
(Oliveira et al., 2005).
O aumento das áreas de plantio com essa cultura isolada
ou em sistema consorciado, junto aos atuais sistemas de
produção dos agricultores, pode auxiliar na fixação de mãode-obra na zona rural pela geração de emprego e renda
mediante o fornecimento de matéria prima para a indústria.
Pelo exposto, existe ainda carência de resultados que
permitam indicar, com maior segurança, cultivares de
girassol aos agricultores. Portanto, neste trabalho, objetivouse avaliar o desempenho produtivo de cultivares de girassol
na mesorregião Agreste paraibano.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido sob condições de sequeiro
no período de (18.04 a 25.09. 2011) na Estação Experimental
de Lagoa Seca-PB, localizada na microrregião de Campina
Grande, mesorregião Agreste paraibano. O Município de
Lagoa Seca-PB está localizado na microrregião do Brejo
Paraibano (6º 58'12'' S, 32º 42'15'' W.Gr.) a uma altitude de
534m (Gondim & Fernandez, 1980).
A precipitação pluvial média ocorrida no período de
condução dos experimentos foi de 363 mm.
A caracterização químicas da camada de 0-20 cm do solo
onde foi instalado o experimento apresentou os seguintes
-3
resultados: pH (H2O) = 6,1; P = 9,97 mg dm ; K = 16,28 mg.
-3
+3
-3
+2
dm ; Al = 0,00 cmolcdm ; Ca = 1,97 cmolcdm-3; Mg+2 =
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.41-47, jun. 2013
41
-3
-1
1,01 cmolcdm e matéria orgânica = 11,54 g kg .
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados com 4 tratamentos (4 genótipos de girassol:
local, Paraíso 65, BRS Gira 06 e Agrobel) em cinco
repetições.
A unidade experimental foi constituída de cinco fileiras
com seis metros de comprimento (60 plantas por parcela), no
espaçamento de 0,70m x 0,50m, ocupando uma área de 21
2
2
m ; o bloco com 84 m (240 plantas) e o experimento com
2
336 m e 960 plantas. Foram consideras parcelas úteis as três
fileiras centrais (36 plantas). Os genótipos foram
provenientes da Embrapa Algodão.
O solo foi preparado por meio de duas gradagens
cruzadas, onde foram abertas as covas, no espaçamento de
0,70m x 0,50m e semeadas três sementes, deixando-se uma
-1
planta após desbaste, que corresponde a 28.571 plantas.ha .
O solo foi preparado por meio de duas gradagens
cruzadas. O girassol foi adubado em fundação com 25-60-40
kg/ha de N, P, K, utilizando-se como fonte sulfato de amônio,
superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente.
Após 35 dias do plantio ele recebeu 25 kg.ha-1 de N.
Durante a condução do experimento foi realizada duas
capinas de forma manual, com o auxílio de enxada, para
manter a cultura livre de plantas invasoras. Não houve
necessidade de controle de pragas e doenças.
A colheita foi realizada entre 120 a 130 dias após plantio,
quando os capítulos já estavam secos. Depois de colhidos, os
capítulos foram espalhados e colocados ao sol para
completar a secagem. Posteriormente, foi realizado o
beneficiamento manual.
Foram avaliadas as características seguintes: Número de
folhas por planta (determinado pela contagem do número de
folhas de 40 plantas dividido pelo número de plantas);
comprimento da folha (realizado pela medição do
comprimento de 40 folhas com régua milimetrada); largura
da folha (realizado pela medição da largura de 40 folhas com
régua milimetrada); produção de massa verde das folhas
(aferido pelo peso de massa verde das folhas da parcela útil,
extrapolado para ha); produção de massa verde dos ramos
(aferido pelo peso de massa verde dos ramos da parcela útil,
extrapolado para há; produção de massa verde da parte aérea
(aferido pelo peso de massa verde da parte área da parcela
útil, extrapolado para ha); altura de planta (determinado pela
medição com fita métrica do colo da planta até a extremidade
do capítulo em 40 plantas); diâmetro do colo da planta
(obtido pela medição com paquímetro do diâmetro a uma
altura de cm do solo em 40 plantas); diâmetro do capitulo
(obtido pela medição com um paquímetro de uma
extremidade a outra do capítulo em 40 plantas); massa de
capítulo (aferido mediante o quociente entre o peso e o
número de capítulos da parcela útil); massa de mil aquênios
(aferido mediante a contagem e pesagem de 1000 aquênios
em balança com duas casas decimais retirado da parcela útil)
e produtividade de aquênios (determinado pelo peso total de
aquênios de cada parcela útil, extrapolado para hectare).
Os dados obtidos foram submetidos a análises de
variância com os quadrados médios comparados pelo teste F
42
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.41-47, jun. 2013
e as médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As
análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o
programa computacional Assistat (Silva & Azevedo, 2002).
Resultados e Discussão
Os resultados de número de folhas por planta,
comprimento da folha, largura da folha, produção de massa
verde das folhas, produção de massa verde dos ramos e
produção de massa verde da parte aérea de girassol obtidos
no experimento conduzido em Lagoa Seca, PB, em 2011
encontram-se na Tabela 1. Observa-se que houve efeito das
cultivares de girassol sobre a produção de massa verde da
planta, ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F, não
havendo respostas para as demais variáveis.
Com relação ao número de folhas por planta, observa-se,
nesse experimento que houve uma variação de 25 a 28 folhas
e média de 26,45. Afférri et al. (2008), avaliando cinco
cultivares de girassol, obtiveram de 20,5 a 24,6 folhas por
planta, valor inferior aos alcançados nesse estudo. Nobre et
al. (2012) encontraram dados variando de 26 a 34 folhas por
planta, valores superiores aos alcançados nesse estudo.
Biscaro et al. (2008) encontraram variações de 15 a 30 folhas
por planta no período de 30 a 45 dias após plantio. Silva et al.
(2012) encontra médias variando de 20,03 a 23,90 folhas por
planta. Alves et al. (2010) obtiveram uma variação de 27,12 a
30,75 folhas por planta.
Quanto à produção de massa verde da folha, houve
destaque para a Paraíso 65 que não diferiu da BRS Gira 6 e
foi superior a Agrobel 640 e ao material local, havendo
-1
-1
variação de 2,64 a 4,82 t.ha , com uma média de 3,50 t.ha de
produção de massa verde das folhas. Teixeira et al. (2009),
avaliando a produtividade das silagens de milho, sorgo,
-1
milheto e girassol, encontraram 6.875,59 kg.ha de produção
de massa verde da folha, valor superior aos obtidos com as
cultivares dessa pesquisa.
Os resultados de produção de massa verde da parte aérea
-1
alcançados neste trabalho variaram de 9,76 a 14,09 t.ha ,
-1
com uma média de 11,52 t.ha . Áfferi et al. (2000), avaliando
o desempenho de cultivares de girassol, observaram que as
cultivares Charrua, Multissol e Aguará 2 obtiveram melhor
desempenho para produção de grãos, entretanto a produção
de grãos e de massa verde total decresceu, em função do
atraso da semeadura. Teixeira et al. (2009), avaliando a
produtividade da silagem de milho, sorgo, milheto e girassol,
obtiveram 69.775,06 kg de peso total de matéria verde.
Almeida et al. (1995) encontraram produções de girassol de
-1
24.718 kg.ha de massa verde e Banys (1994) observou que a
produção de massa verde de girassol foi em média 17.025
-1
kg.ha . Melo et al. (2004) obtiveram produção de massa
verde de 15,59 e 17,08 t.ha-1 com as cultivares Rumbosol e
M7-34.
Os resultados de altura de planta, diâmetro de haste,
diâmetro do capítulo, massa de capítulo, massa de mil grãos
e produtividade de grãos obtidos no experimento conduzido
na Estação Experimental de Lagoa seca, em 2011,
Tabela 1. Médias de número de folhas por planta (NFP), comprimento da folha (CF), largura da folha (LF), produção de massa
verde das folhas (PMVF), produção de massa verde dos ramos (PMVR) e produção de massa verde da parte aérea (PMVA) de
girassol.
Cultivares
Paraíso 65
BRS Gira 6
Agrobel 640
Local
Média
Qmtrat
DMS
CV (%)
NFP
26a
28a
25a
26a
26,45
6,04
12,16
12,16
CF
(cm)
19,99a
20,71a
19,96a
20,27a
20,23
0,605ns
2,852
15,81
LF
(cm)
18,71a
16,56a
17,95a
18,15a
17,84
4,192ns
5,47
16,32
PMVF
(t.ha-1)
4,82a
3,85ab
2,64b
2,71b
3,50
1,679
21,51
21,51
PMVR
(t.ha-1)
9,33a
7,39a
7,11a
8,27a
8,02
3,305
21,92
21,59
PMVA
(t.ha-1)
14,09a
11,24a
9,76a
10,98a
11,52
4,458
20,60
23,09
Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade
encontram-se na Tabela 2. Observa-se que houve efeito das
cultivares de girassol sobre a altura da planta e produtividade
de grãos ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F, não
havendo respostas para as demais variáveis.
Com relação à altura de planta, verifica-se que a cultivar
local teve maior altura em relação aos demais cultivares, e
essas não se diferenciaram entre si, com uma média de 1,49
m, havendo uma variação de 1,12 a 2,25m.
O incremento entre a cultivar local e a Paraíso 65, BRS
Gira 6 e Agrobel foi de 43,11%, 50,22% e 41, 775,
respectivamente, fato esse atribuído a capacidade genética
de crescimento de cada material.
No Brasil foram desenvolvidas várias pesquisas onde se
avaliou diferentes materiais genéticos de sorgo e suas
influencias sobre a altura de planta e tem-se constatadas
diferentes respostas a essa característica agronômica, com
valores desde 0,64 m até 2,79 m, comportamento atribuído
principalmente ao potencial genéticos das diversas
linhagens, cultivares e híbridos avaliados (Gomes et al.,
2003; Melo et al., 2004; Picksius e Guerra, 2005; Smiderle et
al., 2005; Lira et al., 2007; Backes et al., 2008; Silva et al.,
2009; Uchoa et al., 2011; Nobre et al., 2012).
Embora não tenha havido diferença estatística entre as
cultivares quanto ao diâmetro do colo da planta, houve
destaque a cultivar Paraíso 65 com 2,16 cm, havendo
variação de 1,84 a 2,16 cm e média de 2,04 m, esse resultado
foi inferior ao alcançado por Tomich et al. (2003), que
verificaram uma média de 24,3 cm para os treze genótipos
por eles estudados. Backes et al. (2008, obtiveram 24,4 mm
de diâmetro de caule com a cultivar Aguará 4. Segundo
Biscaro et al. (2008) o diâmetro de caule é uma característica
morfológica importante que atua na resistência ao
acamamento. Roni et al. (2010) obtiveram variação de 23,02
mm a 31,57 mm do diâmetro do colo da planta. Nobre et al.
(2012) encontraram diâmetros do colo da planta de 16 a 20
mm, similares aos alcançados nesse estudo.
Apesar de não ter havido diferença estatística entre as
cultivares avaliadas quanto ao diâmetro do capítulo,
mereceu destaque o material local com 18,45 cm, havendo
variação de 16,59 a 18,45 cm e média de 17,69 cm. Lira et al.
(2007) obtiveram diâmetro do capítulo variando de 18 a 23
cm, Silva et al. (2005a, b), trabalhando com as cultivares
H250 e H251 de girassol, notaram diâmetros médios dos
capítulos das plantas de 14,45 e 12,2 cm, respectivamente.
Em ambos as pesquisas os valores para diâmetro do capítulo
foi superior aos atingidos nesse trabalho. Roni et al. (2010)
obtiveram variação de capítulos de 18,89 a 20,75 cm. Santos
et al. (2012) conseguiram diâmetro de capítulo de variando
de 13,00 a 19,50 cm. Nobre et al. (2012) encontraram dados
variando de 30,6 a 43,2 cm, superiores aos alcançados nesse
estudo.
Os caracteres agronômicos área foliar e diâmetro de
capítulo apresentaram coeficientes de correlação
significativos com a produtividade, sendo considerados
eficientes para seleção de genótipos de girassol mais
produtivos.
Embora não tenha havido diferença estatística entre as
cultivares quanto ao peso médio do capítulo, mereceu
evidência do material local com 488,09 g, havendo variação
de 386,42 a 488,09 g e média de 453 g.
Embora não tenha havido diferença estatística entre as
cultivares quanto ao peso de 1000 aquênios, mereceu
destaque o material local com 95,74 g, havendo variação de
61,74 a 95,74 g e média de 78,29 g. Silva et al. (2007)
também não encontraram diferenças significativas na Massa
de 100 sementes para a cultivar H250, com valor de 4,12 g.
Por outro lado, Fragella et al. (2002) constataram
diferenças significativas na massa de 100 sementes entre os
tratamentos irrigados e sem irrigação iguais de 4,39 g e 3,35
g, respectivamente. Lira et al. (2007) obtiveram peso de 1000
grãos variando de 52 a 80 g. Backes et al. (2008) observaram,
para 12 cultivares, valores de 3,15 a 7,92 g, com valor igual a
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.41-47, jun. 2013
43
Tabela 2. Médias de altura de planta, diâmetro de haste, diâmetro do capítulo, massa de 1.000 aquênios, massa de capítulo e
produtividade de aquênios.
Variedade
Paraíso 65
BRS Gira 6
Agrobel 640
Local
Média
Qmtrat
DMS
CV (%)
AP
(cm)
1,28b
1,12b
1,31b
2,25a
DCP
(cm)
2,16a
1,84a
2,01a
2,15a
DC
PC
474,07a
463,42a
386,42a
488,09a
PMG
(g)
81,02a
61,74a
74,68a
95,74a
PROD
(kg)
988b
1206ab
1342a
1272a
17,94a
17,79a
16,59a
18,45a
1,49
1,313**
0,294
10,50
2,04
0,111ns
0,671
17,49
17,69
3,614
10,88
7,99
453,00
219,348
23,12
9,78
78,29
997,927ns
35,07
20,48
1202
117275,2**
238,59
10,57
Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade
4,67 g para a cultivar Aguará 4. Anastasi et al. (2010)
observaram, diferenças significativas, com valores de 5,35 e
4,14 g para a maior lâmina (igual a 1 ETc) e sem irrigação,
respectivamente. Roni et al. (2010) obtiveram variação de
55,81 a 66,73 g para peso de 1.000 aquênios. Santos et al.
(2012) conseguiram variação de 38,50 a 51,25 g no peso de
1.000 sementes. Gomes et al. (2012) verificaram obtiveram
6,55 g na massa de 100 sementes.
Segundo Castro & Farias (2005) a diferença de massa
entre as sementes normalmente ocorre quando a cultura do
girassol é submetida a um déficit hídrico permanente,
diferente do verificado no presente trabalho.
A massa de 1.000 aquênios é um componente que
apresenta considerável amplitude de valores entre as
cultivares.
Conforme dados obtidos na Tabela 2, constata-se que as
cultivares Agrobel 640 e o material local apresentaram maior
produtividade de aquênios em relação a Paraíso 65 e não se
diferenciaram da BRS Gira 6, havendo uma variação de 988
kg.ha-1 a 1342 kg.ha-1 e uma média do experimento de 1202
-1
kg.ha . As melhores respostas alcançadas pelas cultivares
Agrobel 640 e o material local deve-se, possivelmente, a
capacidade genética das mesmas em se adaptar as condições
edafoclimaticas do local onde foi avaliado o experimento.
Corroborando com essas afirmações, Porto et al. (2007)
ratificaram que a cultura apresenta variações de
comportamento de cultivares em função da região e época de
semeadura, em virtude da interação genótipo x ambiente.
Vega & Hall (2002) e Porto et al. (2007) também afirmam
que existem correlações entre cultivares e ambientes.
Vencovsky e Barriga (1992) constataram que as cultivares
com rendimentos médios de grãos acima da média geral
expressaram melhor adaptação. Ribeiro & Ribeiro (2010)
alcançaram produtividades de grãos acima da média geral
-1
para produtividade de grãos que foi de 2.331 kg.ha ,
significando que esses genótipos apresentaram boa
44
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.2, p.41-47, jun. 2013
adaptação ao ambiente. Oliveira et al. (2008) verificaram
que as produtividades médias de grãos das cultivares
-1
-1
variaram de 1.107 kg.ha (BRS Gira 01) a 3.644 kg.ha (M
734), superando superam a média nacional que está em torno
-1
de 1.500 kg.ha , revelando que as condições edafoclimáticas
do agreste sergipano são propícias ao desenvolvimento do
girassol. Smiderle et al. (2005) observaram que as cultivares
Cargill 11, Rumbosol 91 e Agrobel 910 foram as mais
produtivas para cultivo nas condições climáticas das savanas
de Roraima.
Leite e Carvalho (2005) alcançaram produtividades
-1
médias de grãos de 1682 e 1839 kg há e Silva et al. (2005a,
-1
b) de 2.000 e 1.056 kg ha . Carvalho et. al., 2006 sugeriram
algumas variedades e híbridos com potencial produtivo
superior a 1800 kg.ha-1 e teor de óleo superior a 40%. Lira et
al. (2007) registraram variação nos rendimentos de de1. 307
-1
-1
kg.ha (BRS G 03) a 2.512 kg.ha (Hélio 256). Gomes et al.
(2007) verificaram que os rendimentos dos aquênios tiveram
-1
média de 348 kg.ha , demonstrando um baixo potencial da
cultura no estado. Roni et al. (2008) conseguiram produções
-1
de 1.368 a 1.225 kg.ha . Afférri et al. (2008), obtiveram
produtividades de grãos variando de 181 a 2142 kg.ha-1, com
cinco cultivares e quatro épocas de plantio. Nobre et al.
(2012) encontraram valores variando de 761,6 a 1727 kg.
kg.ha-1 folhas por planta, valores superiores aos alcançados
nesse estudo.
Conclusões
1. Nas condições da microrregião de Campina Grande,
PB, as cultivares Agrobel 640 e BRS Gira 6 apresentaram as
melhores características agronômicas e se destacaram em
produtividade de aquênios.
2. As cultivares de girassol responderam de forma
diferenciada quanto à altura da planta, produção de massa
verde da planta e produtividade de grãos e não foram
influenciadas pelas outras variáveis.
3. O girassol pode constituir-se em uma alternativa de
exploração agrícola para os agricultores familiares do
semiárido paraibano, principalmente como matéria-prima
para a obtenção do biodiesel.
Agradecimento
Os autores agradecem ao Banco do Nordeste pelo apoio
financeiro para a elaboração dessa pesquisa.
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