Oxigenoterapia

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Semiologia e Semiotécnica II
Prof. Rafael Celestino
Oxigenioterapia
Conceito:
-Consiste na administração de oxigênio numa concentração de pressão
superior à encontrada na atmosfera ambiental para corrigir e atenuar
deficiência de oxigênio ou hipóxia.
-Alguns clientes precisam da terapia com oxigênio para manter os níveis de O2
adequados no sangue arterial. A doença pulmonar, o problemas
cardiovasculares, os distúrbios sanguíneos como a anemia podem limitar o
suprimento de O2 do organismo. A terapia com O2 é usada para reverter a
hipoxemia.
-Para muitos clientes com doença pulmonar a terapia com O2 ajuda a eliminar
a dispnéia e melhora o conforto. O O2 é prescrito em relação ao fluxo ou à
concentração. O fluxo de O2 é prescrito em litros por minuto. A concentração é
expressa pela fração de oxigênio inspirado. (FiO2).
-Ao administrar O2 avalie regularmente a resposta do cliente para determinar a
necessidade de continuação ou ajuste da terapia. A coloração, o estado de
vigília, a FC e o esforço respiratório do cliente, são sinais da eficácia da terapia
de O2.
Considerações Gerais:
- O oxigênio é um gás inodoro, insípido, transparente e ligeiramente mais
pesado do que o ar;
- O oxigênio alimenta a combustão;
- O oxigênio necessita de um fluxômetro e um regulador de pressão para ser
liberado;
- A determinação de gases arteriais é o melhor método para averiguar a
necessidade e a eficácia da oxigenoterapia;
- Podem ou não existir outros sinais de hipóxia como a cianose.
-O oxigênio é um medicamento, sendo necessária uma prescrição para o seu
uso, uma vez que existe potencial para provocar dano com o seu uso errôneo
Avaliação Clínica do Paciente:
Sinais de hipóxia são:
- Sinais respiratórios: Taquipnéia, respiração laboriosa (retração intercostal,
batimento de asa do nariz), cianose progressiva;
- Sinais cardíacos: Taquicardia (precoce), bradicardia, hipotensão e parada
cardíaca (subseqüentes ao 1°);
- Sinais neurológicos: Inquietação, confusão, prostração, convulsão e coma;
- Outros: Palidez.
Métodos de Administração de Oxigênio:
Os sistemas de administração de oxigênio podem variar entre baixo, médio e
alto fluxo estando sua escolha atrelada a parâmetros gasométricos e ou
oximétricos.
Os de baixo fluxo são aqueles que fornecem concentrações de oxigênio
de 24% a 50%:
a) cânula nasal ou cateter óculos - é empregado quando o paciente requer
uma concentração média ou baixa de O2.
o Vantagens:
- Conforto maior para o paciente quando comparado ao uso do
cateter;
- Economia, já que quando removido pode ser reutilizado no
prazo de 24 horas
- Simples colocação
- Facilidade de manter em posição.
- Permite ao paciente falar, tossir e se alimentar durante sua
administração sem que necessite interromper o tratamento.
o
Desvantagens:
- Não pode ser usada por pacientes com problemas nos condutos nasais;
- Concentração de O2 inspirada desconhecida;
-De pouca aceitação por crianças pequenas;
- Não permite nebulização.
b) Cateter Nasal - Visa administrar concentrações baixas a moderadas de O2.
É de fácil aplicação, mas nem sempre é bem tolerada principalmente por
crianças.
1- Vantagens:
- Método econômico e que utiliza dispositivos simples;
- Facilidade de aplicação.
2- Desvantagens:
- Nem sempre é bem tolerado em função do desconforto produzido;
- A respiração bucal diminui a fração inspirada de O2;
- Irritabilidade tecidual da nasofaringe;
- Facilidade no deslocamento do cateter;
- Não permite nebulização;
- Necessidade de revezamento das narinas a cada 8 horas.
Técnica de colocação do cateter nasal
 Informar ao paciente a necessidade de utilizar o cateter de oxigênio;
 Preparar o material (fluxômetro de oxigênio, umidificador, água
destilada, anestésico em gel, material para fixação.);
 Montar fluxômetro com água destilada e látex estéril;
 Medir da ponta do nariz ao lóbulo inferior da orelha ficando assim na
altura da glote, outra medida é da ponta do nariz até à região entre os
supercílios o que vai posicioná-lo um pouco acima da glote sendo então
mais recomendável para pacientes lúcidos, cooperativos;
 É necessário a umidificação do cateter antes da passagem;
 Colocar 0,5 ml de anestésico na narina escolhida;
 Introduzir o cateter com o fluxômetro fechado;
São classificados como métodos de oxigenoterapia de médio e alto fluxo
aqueles que fornecem concentrações de 40% até 98%:
a) Máscara de Venturi - constitui o método mais exato para liberar a
concentração necessária de oxigênio, sendo classificado como médio e alto
fluxo.
o Vantagens
- São de fácil colocação
- Ideais para utilizar em pacientes com doenças obstrutivas crônica retentora
de CO2 que necessitam de um controle rigoroso da fração inspirada de
oxigênio;
o Desvantagens
- Impede o paciente de falar e se alimentar. Deve adaptar-se de modo
suficiente que o fluxo se dirija para os olhos, e a pele do paciente checada
quanto a irritação.
b) Máscara Facial – classificada como um método de médio fluxo.
o Vantagens
- Não gera desconforto ao paciente para instalação;
- De fácil colocação;
- Permite que o paciente fale.
o Desvantagens
- Depende do fluxo inspirado;
- Por ter grandes áreas laterais permite mistura com ar ambiente ficando difícil
precisar a concentração de oxigênio inspirada;
- Não é bem tolerada.
c) Mascara com reservatório – classificada como método de alto fluxo
fornecendo concentrações de 98% de oxigênio.
o Vantagens
- É composto por válvulas unidirecionais que permitem a saída do ar expirado e
impedem a entrada do ar ambiente; O reservatório pode permitir que o cliente
reinale uma parte do ar expirado.Neste caso a concentração oferecida é em
torno de 70% As bolsas reservatórias devem permanecer insufladas tanto
durante a inspiração quanto na expiração.
- Certeza da fração inspirada de oxigênio de 98%.
o Desvantagens
- Incomodo do paciente, pois a mascara deve ficar bem fixa na face;
- Difícil comunicação do paciente.
Perigo na administração de oxigênio
O oxigênio é um gás potente que deve ser utilizado sempre na menor
concentração possível (analise gasométrica) para alcançar um nível de O2
sanguíneo aceitável. Além disso os clientes devem utilizar o oxigênio pelo mais
curto intervalo de tempo possível, até que possam manter a oxigenação
sanguínea satisfatória sem ele.
Efeitos Tóxicos e Colaterais na Administração de O2
- Em pacientes portadores de DPOC, a administração de altas concentrações
de O2 eliminará o estímulo respiratório - apnéia;
- Resseca a mucosa do sistema respiratório, sobretudo se for utilizado um alto
fluxo de O2. Portanto acople o umidificador;
- Altas concentrações de O2 (acima de 50%) por tempo prolongado ocasionam
alterações pulmonares (atelectasias, hemorragia e outros);
- Altas concentrações de O2 (acima de 100%) há ação tóxica sobre os vasos
da retina, determinando a fibroplasia retrolenticular.
Cuidados com o O2 e com sua Administração
- Não administrá-lo sem o redutor de pressão e o fluxômetro;
- Colocar umidificador com água destilada ou esterilizada até o nível indicado;
- Colocar aviso de "Não Fumar" na porta do quarto do paciente;
- Controlar a quantidade de litros por minutos;
- Observar se a máscara ou cateter estão bem adaptados e em bom
funcionamento;
- Dar apoio psicológico ao paciente;
- Trocar diariamente a cânula, os umidificadores, o tubo e outros equipamentos
expostos à umidade;
- Avaliar o funcionamento do aparelho constantemente observando o volume
de água do umidificador e a quantidade de litros por minuto;
- Explicar as condutas e as necessidades da oxigenoterapia ao paciente e
acompanhantes e pedir para não fumar;
- Observar e palpar o epigástrio para constatar o aparecimento de distensão;
- Fazer revezamento das narinas a cada 8 horas (cateter);
- Avaliar com freqüência as condições do paciente, sinais de hipóxia e anotar e
dar assistência adequada;
- Manter vias aéreas desobstruídas;
- Manter os torpedos de O2 na vertical, longe de aparelhos elétricos e de fontes
de calor;
- Controlar sinais vitais.
Aerosolterapia
Conceito:
É a administração de pequenas partículas de água em oxigênio ou ar
comprimido, com ou sem medicação nas vias aéreas superiores.
Finalidade:
- Alívio de processos inflamatórios, congestivos e obstrutivos;
- Umidificação - para tratar ou evitar desidratação excessiva da mucosa das
vias aéreas;
- Fluidificação - para facilitar a remoção das secreções viscosas e densas;
- Administração de mucolíticos / broncodilatadores - para obter a atenuação ou
resolução de espasmos brônquicos;
- Administração de corticosteróides - ação antiinflamatória e anti-exsudativa;
- Administração dos agentes anti-espumantes - nos casos de edema agudo de
pulmão.
Indicações:
- Obstrução inflamatória aguda subglótica ou laríngea;
- Afecções inflamatórias agudas e crônicas das vias aéreas;
- Sinusites, bronquites, asma brônquica, pneumonias, edema agudo de pulmão
e outros;
- Pós-operatório.
Cuidados na terapêutica de nebulização:
- Preparar o material necessário de forma asséptica;
- Anotar a freqüência cardíaca antes e após o tratamento (se uso de
broncodilatador);
- Montar o aparelho regulando o fluxo de O2 ou ar comprimido com 4 a 5 litros
por minuto.
- Colocar o paciente numa posição confortável, sentado ou semi - fowler (maior
expansão diafragmática);
- Orientar o paciente que inspire lenta e profundamente pela boca;
- Checar na papeleta e anotar o procedimento, reações do paciente e as
características das secreções eliminadas;
- Orientar o paciente para manter os olhos fechados durante a nebulização se
em uso de medicamentos;
- Orientar o paciente a lavar o rosto após a nebulização, SOS;
- Providenciar a limpeza e desinfecção dos materiais usados (aparelho);
- Usar solução nebulizadora ou umidificadora estéril.
Medicação:
1- Berotec - Antiasmático e broncodilatador - age sobre os receptadores B-2
adrenergéticos da musculatura brônquica promovendo efeito
broncoespasmolítico rápido e de longa duração; tem como efeitos colaterais
tremores dos dedos, inquietação, palpitação.
2- Fluimucil - mucolítico - estimula a secreção de surfactante e transporte
mucociliar; pode causar broncoconstricção; as ampolas quebradas só podem
ser guardadas no refrigerador por um período de 24 horas.
3- Muscosolvan - mucolítico e expectorante - corrige a produção de secreções
traqueobrônquicas, reduz sua viscosidade e reativa a função mucociliar; pode
causar broncoconstricção e transtornos gastrintestinais.
Umidificação ou Vaporização:
Conceito:
É um processo terapêutico que distribui água na forma molecular de vapor,
associado ou não a medicamentos nas vias aéreas para alivio de processos
inflamatórios, congestivos e obstrutivos.
Indicações:
Idem indicações da nebulização, quando a patologia tratada ou condições do
paciente requerem maior umidade e/ou aquecimento do ar inspirado como
traqueostomias, respiração bucal em pacientes comatosos ou debilitados,
desidratação, pacientes com secreção brônquica espessa, em pós-cirurgias
torácicas ou cirurgias onde tenham sido administrados gases secos.
A névoa de vapor é normalmente criada por misturas de ar e oxigênio que são
quebradas em pequenas bolhas e captam moléculas de água, formando vapor
d'água. O aquecimento da água aumenta o vapor produzido;
Neste último caso o vapor é produzido sem resfriamento, impedindo maior
irritação da mucosa traqueobrônquica. Certos umidificadores já incorporam um
aquecedor de imersão no sistema de umidificação (ex. umidificador em
cascata)
Cuidados de Enfermagem:
1- Evitar dirigir o jato de vapor diretamente para o rosto do paciente;
2- Evitar correntes de ar (portas, janelas e outros);
3- Dar assistência direta ao paciente durante o procedimento.
4- Durante a vaporização (15') orientar o paciente para manter os olhos
fechados;
5- Caso a temperatura esteja elevada, não aplicar a vaporização;
6- Colocar uma tenda no leito (criança) deixando a abertura para a penetração
do vapor;
7- Manter o vaporizador a uma distância de 50 cm do leito;
8- Evitar queimaduras pelo vapor e a água quente;
9- Evitar resfriamento súbito, retirando a tenda aos poucos;
10- Trocar a roupa do paciente e da cama (SOS);
11- Oferecer líquidos para o paciente;
12- Registrar o procedimento, anotando as reações se houver.
Medicação:
Bicarbonato de sódio, vick vaporub, folhas de eucalipto ou água simples.
Obs: Se houver nebulização, fazer antes da vaporização.
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