competitividade das exportações brasileiras de etanol

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COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE ETANOL
[email protected]
APRESENTACAO ORAL-Comércio Internacional
GERALDO MOREIRA BITTENCOURT; ROSA MARIA OLIVERA FONTES.
UFV, VIÇOSA - MG - BRASIL.
COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE
ETANOL
Grupo de Pesquisa: Comércio Internacional
Resumo
Nos últimos anos, observa-se uma crescente preocupação internacional com a
diminuição da emissão de gases poluentes e um maior interesse de diversos países por
fontes renováveis de energia, inclusive o etanol. Neste contexto, o presente trabalho tem
como objetivo investigar o mercado exportador de etanol no Brasil, avaliando, por meio de
vários indicadores de competitividade, a participação brasileira e de seus concorrentes no
mercado mundial de etanol. Os indicadores de competitividade utilizados são: indicador de
posicao relativa, índice de vantagem comparativa revelada de Balassa, índice de vantagem
comparativa revelada de Lafay, taxa de cobertura e indicador de desempenho das
exportações.
Os resultados mostraram um comportamento negativo das exportações brasileiras,
no período de 1994 a 1997, de acordo com todos os indicadores analisados, evidenciando
que a valorização cambial após a adoção do Plano Real resultou na redução das
exportações e aumento das importações de etanol do país.
Após 1999, as exportações de etanol dos EUA tornaram-se inexpressivas,
comprovadas pela taxa de cobertura menor e pela falta de vantagem comparativa revelada
no setor. Por outro lado, as exportações brasileiras de etanol obtiveram resultados
positivos, de acordo com os dois índices mencionados, neste mesmo período. Ou seja, os
EUA tem-se caracterizado como potencial consumidor de etanol, com seu mercado
podendo ser atendido, principalmente, por países com uma alta taxa de cobertura das
exportações de etanol, como é o caso do Brasil.
Os resultados brasileiros mais marcantes surgiram a partir de 2002, quando todos
os indicadores propostos apresentaram-se crescentes e consequentemente favoráveis à
competitividade do Brasil no mercado internacional de etanol. Vale destacar a maior
competitividade brasileira, a partir de 2002, em comparação com os EUA, França e China.
Constata-se assim que os paises competidores do Brasil no mercado exportador de etanol
não possuem a vantagem comparativa brasileira, estando focados no atendimento à
crescente demanda doméstica de etanol.
Palavras-chaves: Competitividade, Exportações, Etanol, Brasil
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Abstract
In recent years, it is observed a growing international concern over the reduction of
gas emissions and an increased interest from several countries in renewable energy,
ethanol included. In this context, this paper wants to investigate the ethanol export market
in Brazil, evaluating thorough different competitiveness indicators the Brazilian
participation and its competitor’s shares in the ethanol market. The competitiveness
indicators used here were: relative position indicator, Balassa’s revealed comparative
advantage index, Lafay’s revealed comparative advantage index, coverage rate and exports
performance indicator.
The results had shown a negative behavior of the Brazilian exports in the 19941997 period, according to all indicators, suggesting that the appreciation after the Real Plan
had resulted in ethanol exports reduction and imports increase.
After 1999, the American ethanol exports became insignificant, according to the
coverage rate and the lack of revealed comparative advantage in this sector. On the other
hand, the Brazilian ethanol exports had shown positive results, according to these
indicators, during the same period. The US has been characterized as a potential ethanol
consumer, being a major market for countries with high export coverage rate, as Brazil.
The most significant Brazilian results happened after 2002, when all the indicators
showed increased behavior, suggesting a high competitiveness in the international ethanol
market. It is worthwhile mentioning the higher Brazilian competitiveness, after 2002, in
comparison to US, France and China. The Brazilian competing countries in the ethanol
market do not have the Brazilian export comparative advantage, being more focused on
supplying their domestic ethanol demand.
Key Words: Competitiveness, Exports, Ethanol, Brazil
1. INTRODUÇÃO
Após o primeiro choque do petróleo em 1973, o abastecimento de combustíveis
derivados do óleo cru se tornou um problema para a maioria dos países, que começaram a
investir no desenvolvimento de alternativas energéticas. Porém, somente na última década
do último século é que surgiram duas preocupações que hoje norteiam governos e
sociedades: a deterioração do meio ambiente e as mudanças climáticas da biosfera do
planeta.
Esta preocupação ambiental e climática estimulou as pesquisas relacionadas ao
desenvolvimento das chamadas tecnologias limpas e colaborou para o estabelecimento de
acordos internacionais visando a redução das emissões dos gases de efeito estufa
(Cavaliero, Godoy e Silva, 2006).
Nesse cenário, o protocolo de Kyoto, tratado internacional com compromissos
mais rígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, entrou em
vigor em fevereiro de 2005, com vários países adequando suas legislações para estimular o
uso de combustíveis renováveis.
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Tal tratado foi uma importante contribuição para o expressivo crescimento da
demanda mundial de etanol. Este biocombustível, representante de uma das principais
alternativas energéticas renováveis tanto para a diminuição da dependência do petróleo
quanto para a amenização dos problemas ambientais e climáticos, motivou países como
EUA, Japão, China, Índia, Tailândia, além da União Européia, a ter como objetivo a
mistura desse produto com a gasolina. Com a consolidação dessa mistura nos mencionados
países, a demanda mundial por etanol tendeu a aumentar.
Na União Européia, em maio de 2003, o Parlamento Europeu aprovou a diretiva
2003/30/EC, que permite a adoção, por parte dos países membros, de leis que garantam um
consumo mínimo de 2% de biocombustíveis para transportes até 31 de dezembro de 2005,
o que geraria uma demanda potencial aproximada de 4 bilhões de litros por ano. Para
dezembro de 2010 está previsto um percentual de 5,75%, e para 2020 o percentual deve
chegar a 20% (PETROBRÁS, 2005; Revista Agroanalysis, 2005).
A Índia, grande produtora de cana-de-açúcar para produção de açúcar e importador
de cerca de 70% de suas necessidades de petróleo, começou a implantar em 2003 um
ambicioso programa de adição de etanol à gasolina. Dividido em quatro fases, na primeira
fase estão sendo adicionados 5% (em volume) de etanol à gasolina em 9 estados e 4
territórios. Ao final da quarta fase, sem data prevista, deverão estar sendo adicionados 10%
de etanol à gasolina em toda a Índia.
Na China, o governo é favorável ao acréscimo de etanol anidro na gasolina como
parte de seu programa de despoluição atmosférica. O governo chinês pretende reduzir a
poluição nos grandes centros e já autorizou testes, desde 2001, com a adição de 10% de
etanol à gasolina em várias províncias do país (Piacente, 2006).
Recentemente, o parlamento japonês aprovou legislação permitindo a adição de até
3% de etanol à gasolina. O Ministério do Meio Ambiente do país pretende introduzir
mistura com 3% de etanol em curto espaço de tempo, e tornar padrão a adição de 10% por
volta de 2010.
Nos EUA, a legislação atual permite a adição de 10% de álcool na gasolina, mas,
recentemente, os defensores do etanol demandaram um aumento do limite de 10 para 15%.
No entanto, as autoridades que regulamentam esse setor adiaram a decisão para o ano de
2010 (EPA –Environmental Protection Agency, 2009).
E no Brasil, atualmente, é obrigatória a mistura de 20 a 25% de álcool anidro na
gasolina, além da possibilidade de uso do E100 (100% Etanol) nos veículos que operam
com álcool puro ou pelos veículos flex fuel. Esta é uma mistura utilizada somente no Brasil
(ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, 2009).
Porem, destes países que tem interesse ou já tem ações concretas visando o
aumento do consumo do etanol em mistura com a gasolina, somente alguns tem condições
de serem superavitários na produção do álcool em média ou larga escala, ainda que a
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custos elevados. Exemplos de países nessa circunstância são Brasil, China, e alguns países
membros da União Européia. Já outros, como EUA, Índia, Japão e Coréia do Sul, por sua
vez, serão países importadores. Ou seja, há necessidade da presença de exportadores
grandes e produtivos no setor, para que não haja incerteza quanto ao fornecimento seguro e
regular do etanol para os países importadores.
No gráfico a seguir, composto pelo resíduo entre a produção e o consumo de etanol
dos principais produtores deste biocombustível, observa-se que o Brasil se apresenta como
o único superavitário de destaque e com grande potencial para o atendimento da crescente
demanda mundial pelo produto.
Gráfico 1. Produção e Consumo de Etanol por Diferentes Países, 2002 a 2012.
(Produção de Etanol - Consumo) 2002 a 2012
6000
5000
4000
BRASIL
2000
USA
1000
CHINA
0
12
20
11
20
10
20
09
20
08
20
07
20
06
20
05
20
04
20
-2000
EU - 27
03
20
-1000
02
20
Quantidade kt
3000
India
-3000
-4000
-5000
Ano
Fonte: OECD-FAO Agricultural Outlook (2009).
Um fator impulsionador da demanda pelo etanol em alguns países foi o
desenvolvimento dos novos modelos de automóvel flex fuel, movidos tanto a álcool quanto
à gasolina. EUA, Brasil e Suécia são os mercados líderes no uso desses veículos de
combustível flexível.
A tecnologia conhecida como flex fuel nasceu de pesquisas realizadas nos Estados
Unidos, Europa e Japão no final da década de 1980. Ela se baseia no reconhecimento, por
meio de sensores, do teor de álcool em mistura com a gasolina e no ajuste automático da
operação do motor para as condições mais favoráveis de uso da mistura em questão. Em
1992, a General Motors introduziu a tecnologia flex-fuel no mercado norte-americano,
principalmente para frotas cativas. Estima-se que existam atualmente mais de 8 milhões de
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veículos flex fuel E85 (tipo de etanol utilizado no veículo flex, 85 % de etanol) neste
mercado (Pereira, 2004).
No Brasil, os estudos para a aplicação dessa tecnologia iniciaram-se na Bosch, em
1994, que vislumbrou a possibilidade dos veículos flex fuel substituírem os veículos
exclusivamente a álcool, que na ocasião apresentavam declínio nas vendas. Finalmente
esta tecnologia foi lançada para o mercado brasileiro em março de 2003, com grande
aceitação e atualmente o país apresenta uma frota de carros flex que alcança 90% dos
veículos novos e 37% da frota total, fato determinante para o aumento do consumo
brasileiro de etanol nos últimos anos (SCA Etanol do Brasil, 2009).
Já a Suécia possui a maior frota de veículos flex E85 da Europa, conquistada com
um rápido crescimento, onde passou de 717 veículos flex em 2001 para 116.695 em julho
de 2008 (BAFF - Bioalcohol Fuel Foundation, 2009). O acelerado crescimento da frota
sueca de veículos flexifuel, como são popularmente conhecidos na Europa, é o resultado
da Lei de Política Nacional de Cooperação sobre o Clima Global aprovada em 2005,
ratificando o Protocolo de Kyoto. Adicionalmente, esse crescimento é também devido ao
compromisso do governo sueco de eliminar a importação de petróleo antes de 2020, dada a
diretiva sobre biocombustíveis da União Européia de 2003, que estabelece metas
específicas sobre o uso de combustíveis renováveis (Kroh, 2009).
Adicionalmente é preciso destacar que o mercado internacional de etanol é bastante
volátil, pois é fortemente influenciado pelos preços do petróleo e pelas barreiras tarifárias
nos mercados importadores. Logo, este cenário de perspectiva de aumento da demanda
mundial de etanol pode tanto sofrer um maior impulso, caso o preço do petróleo aumente
consideravelmente e/ou alguns países, como EUA e membros da União Européia, reduzam
suas barreiras ao etanol, ou sofrer uma desaquecida, caso aconteça o contrário.
Um recente exemplo da influência do preço do petróleo no mercado do etanol foi a
reação do setor de etanol brasileiro no ano de 2008, onde o aumento do barril do petróleo
para além dos US$100 durante parte do ano foi determinante para a forte expansão nas
exportações brasileiras de etanol em 2008. Segundo dados da União da Indústria de Canade-açúcar (UNICA, 2009), o total exportado cresceu 45% e passou de 3,5 bilhões de litros
em 2007 para 5,1 bilhões em 2008, gerando uma receita também recorde de US$2,39
bilhões, 62% superior à de 2007, de US$ 1,48 bilhão.
Diante desse cenário do setor de etanol, caracterizado pelo aumento da demanda
mundial do produto, pela incerteza de um fornecimento regular e seguro, e pelo crescente
interesse na diminuição da emissão de gases poluentes, torna-se importante avaliar a
competitividade do produto brasileiro.
Lírio et al (2006) e Venâncio (2008), utilizando diferentes indicadores de
competitividade, quais sejam, coeficiente de exportação, market share doméstico e relação
produção/demanda nacional, no período de 1992 a 2004, concluíram que o setor
sucroalcooleiro do Brasil teve sua competitividade negativamente afetada no período do
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Plano Real. Essas dificuldades foram superadas posteriormente, com o setor alcooleiro
demonstrando ganhos de competitividade e dinamismo das exportações no mercado
internacional.
Esse trabalho se propõe a verificar a evolução dos volumes e valores exportados de
álcool brasileiro, no período de 1994 a 2008, visando fornecer subsídios para que a
atividade possa manter-se competitiva no mercado internacional e ampliar sua participação
no mesmo. Portanto, o objetivo geral deste estudo é avaliar, por meio de vários indicadores
de desempenho, a competitividade das exportações brasileiras de etanol no mercado
internacional, diante dos principais concorrentes.
Afora essa introdução, o trabalho possui 4 seções. O próximo tópico faz uma
revisão de literatura sobre o tema. A seção 3 mostra os procedimentos analíticos adotados
e as fontes de dados. A parte 4 apresenta os principais resultados e os discute. A última
seção conclui.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Durante longo período de tempo, o termo competitividade esteve ligado às teorias
do comércio internacional, iniciando-se com a Teoria da Vantagem Absoluta de Adam
Smith, em 1776. No livro A Riqueza das Nações: Investigação sobre sua Natureza e suas
Causas, Smith argumentou a favor do livre comércio, defendendo que cada país deveria se
especializar na produção daquele produto em que possuísse vantagem absoluta sobre os
demais. Um país possui vantagem absoluta na produção de um bem quando ele pode
produzir uma unidade de um bem com menos trabalho que outro país.
Neste cenário, em 1817, David Ricardo publicou a obra Os Princípios da
Economia, Política e Tributação e, aprimorando o modelo de Adam Smith, propôs a
Teoria da Vantagem Comparativa. Ela preconizou que um país teria vantagem comparativa
na produção de um bem quando tivesse menor custo de oportunidade na sua produção.
Assim, um país pode ter vantagem absoluta na produção de todos os bens, no senso do
menor custo do trabalho, mas não pode ter vantagem comparativa em todos os bens, no
senso do menor custo de oportunidade (Krugman e Obstfeld, 2001).
Posteriormente, com o objetivo de estabelecer alguns princípios que permitissem
instituir o padrão de comércio entre os países, Heckscher e Ohlin desenvolveram a teoria
da dotação relativa de fatores, segundo a qual os países possuem tecnologias idênticas, mas
diferem entre si na disponibilidade dos fatores de produção. Desta forma, um país teria
vantagem comparativa na produção do bem que utilizasse intensamente o fator de
produção de maior abundância no país (Krugman e Obstfeld, 2001).
Apesar da enorme importância dessas teorias no campo do comércio internacional,
cabe ressaltar que existem algumas lacunas no estudo da competitividade não
contempladas por elas. Elas não atribuem papéis às estratégias das empresas, ao
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desenvolvimento de novos produtos e processos de produção, à diferenciação de produtos,
aos incentivos governamentais e à globalização da economia que permite às firmas
participarem de cadeias produtivas em um cenário de competição internacional.
O conceito de competitividade é multifacetado. Várias são as variáveis e objetos de
estudo envolvidos. Existem estudos de competitividade entre empresas e marcas de
produtos, análises de competitividade de diferentes setores produtivos, dentro de um país
ou entre vários países, estudos de curto e de longo prazo, ex-post ou ex-ante, variáveis
relacionadas à demanda ou oferta do produto etc.
Haguenauer (1989) organiza os vários conceitos de competitividade em duas
abordagens:
• Competitividade como desempenho – nessa abordagem, a competitividade é
de alguma forma expressa na participação em determinado mercado (market
share) alcançada por uma firma em um momento do tempo. A participação
das exportações da firma ou conjunto de firmas (indústria) no comércio
internacional total da mercadoria apareceria como seu indicador mais
imediato, em particular no caso da competitividade internacional.
• Competitividade como eficiência – nessa versão, busca-se captar a
competitividade através da relação insumo-produto praticada pela firma. A
competitividade é associada à capacidade de uma firma/indústria de
produzir bens com maior eficácia que os concorrentes, no que se refere a
preços, qualidade, relação preço-qualidade, tecnologia, salários e
produtividade. Está relacionada às condições gerais ou específicas em que
se realiza a produção da firma/indústria vis a vis a concorrência.
Na primeira visão, é a demanda no mercado que estará definindo a posição
competitiva das empresas, ao arbitrar quais produtos de quais empresas serão adquiridos.
Na segunda visão, é o produtor que estará definindo a sua competitividade, ao escolher as
técnicas utilizadas, submetido às restrições impostas pela sua capacidade tecnológica,
gerencial, financeira e comercial.
Outras duas visões tradicionais que conceituam diferentemente a competitividade
de uma economia/empresa são:
• A abordagem ex-post – que associa a competitividade de um país ou
empresa à sua atual posição no mercado internacional, enfocando o conceito
desempenho.
• A abordagem ex-ante – que aborda o conceito eficiência, associando a
competitividade de uma economia/empresa às suas características
estruturais, ou seja, à capacidade de um país ou empresa de ser mais
eficiente que seus competidores.
Fajnzylber (1988) faz uma análise da competitividade atribuindo-lhe os
qualificativos de autêntica, quando está diretamente relacionada ao aumento da
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produtividade a partir da utilização de avanços tecnológicos ou espúria, quando se
relaciona a fatores como baixos salários, manipulação cambial, subsídios às exportações e
altas taxas de rentabilidade no mercado interno, que podem propiciar melhorias no
desempenho externo, mas com sérios efeitos econômicos e sociais a médio e longo prazo.
Chudnovsky (1990) propõe a utilização de enfoques microeconômicos e
macroeconômicos ao conceito de competitividade. No enfoque micro, alinham-se as
definições de competitividade centradas sobre a firma, definições que têm sempre na
empresa o sujeito, ou seja, a competitividade é centrada no estudo das práticas
organizacionais da empresa e fazendo comparações com as firmas concorrentes. Já na
abordagem macro, a preocupação é direcionada para o desempenho econômico das
economias nacionais, em alguns casos puramente relacionados com o comércio
internacional, em outros, mais amplos, com a elevação de nível de vida e o bem-estar
social.
Para Alves (2002), a inovação tecnológica é um fator fundamental na determinação
do fluxo e crescimento do comércio internacional. Assim, a inovação tecnológica e a
adoção de novas tecnologias podem ser instrumentos que assegurem a competitividade
internacional de um país ou de uma indústria específica.
Deve-se destacar que a geração de tecnologia por si não constitui razão de aumento
da competitividade de maneira automática. Somente com a alteração do paradigma
tecnológico do setor, que possibilita uma vantagem comparativa e um sobre lucro durante
certo período, ou com redução de custos ou aumento da qualidade dos produtos é que pode
haver aumento da competitividade, seja em termos da empresa ou de um grupo de países
Oliveira (2003).
Outros autores, como Silva (2006) e BNDES (1991), destacam a importância de
políticas macroeconômicas como determinantes da competitividade de uma nação. As
políticas macroeconômicas contribuiriam para a conquista de vantagens e aumento de
eficiência criada inicialmente em nível microeconômico. Sob essa ótica, as decisões de
política econômica, como taxa de câmbio, subsídios e incentivos a exportação, e política
salarial são os parâmetros relevantes. Esse enfoque enfatiza, portanto, a desvalorização
cambial como elemento fundamental do ganho de competitividade.
Apesar das diferenças existentes quanto ao termo competitividade, há consenso
geral, na literatura, de que a competitividade tem caráter sistêmico, ou seja, ela é afetada
por uma gama de fatores inter-relacionados: tecnologia disponível e a forma como esta é
aplicada, preços domésticos dos insumos produtivos, taxa de câmbio, taxa de paridade
entre os parceiros comerciais do país, custos de transporte, estrutura de incentivos,
barreiras tarifárias e não-tarifárias no país importador, qualidade e imagem do produto,
dentre outros (BNDES, 1991).
3. PROCEDIMENTO ANALÍTICO
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3.1. Indicador de Posição Relativa (POS)
É um índice de desempenho desenvolvido pelo Centro de Estudos Prospectivos de
Informações Internacionais (CEPII) da França. É de caráter absoluto e consiste na
participação do saldo comercial de certo país no mercado mundial do setor de exportação
de certo produto. Segundo Lafay (1999), o indicador pode ser calculado para um produto
ou setor, e a evolução deste indica se as exportações/importações líquidas do país estão
crescendo a taxas superiores ou inferiores as do comércio mundial do produto. Este índice
é calculado pela equação:
 ( X ijn − M ijn ) 
n
POS ij = 100 × 

Wi n


POS ijn = posição do país (j) no mercado mundial de certo produto (i), no período n;
X ijn = valor das exportações de certo produto (i) do país em foco (j) , no período n;
M ijn = valor das importações do mesmo produto (i) do país em foco (j) , no período n;
Wi n = valor do comércio mundial do produto (i) no período n; note-se que Wi n se
refere ao valor total das exportações mais as importações mundiais do produto i.
Quanto mais alto o seu valor, maior a intensidade de participação do país no
comércio internacional do produto, seja como exportador ou como importador. Se o
indicador for positivo, o país é um exportador líquido; do contrário, é um importador
liquido.
3.2. Índice de Vantagem Comparativa Revelada de Balassa
O conceito de vantagem comparativa, de maneira simplificada, procura demonstrar
que o comércio internacional é vantajoso quando os países se dedicam a produzir apenas
aqueles bens em que são comparativamente mais eficientes do que os outros. Ele busca
mensurar os produtos em que o país apresenta vantagem comparativa com base nos fluxos
de comércio passado, pressupondo que a eficiência produtiva relativa de um país pode ser
identificada por meio de seu desempenho no comércio internacional.
Uma maneira simples e objetiva de se mensurar a vantagem comparativa de uma
região ou país foi definida pelo índice de Vantagem Comparativa Revelada – VCR, de
Balassa (1989), em que os resultados que apresentam valores acima de 01 (um) estariam
indicando uma vantagem comparativa do país no setor estudado. Tradicionalmente, a
Vantagem Comparativa Revelada é calculada em relação ao mundo, podendo ser definida
matematicamente por:
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X Kpaís
X Tpaís
VCR = mundo
XK
X Tmundo
em que:
X Kpaís = exportações do bem k do país; X Tpaís = exportações totais do país; X Kmundo =
exportações mundiais do bem k; e X Tmundo = exportações totais do mundo.
3.3. Índice de Vantagem Comparativa Revelada de Lafay (VCR)
Após Balassa ter desenvolvido seu índice de Vantagem Comparativa Revelada,
algumas versões alternativas foram desenvolvidas, como o indicador de VCR de Lafay
(1999), que também é muito utilizado com a finalidade de confirmar ou negar os resultados
obtidos com o indicador de Balassa.
Tal indicador avalia a competitividade entre produtos ou setores em um
determinado espaço econômico, seja qual for o saldo global que afete o seu conjunto de
bens e serviços, permitindo que se aprofunde a análise sob a perspectiva de tendência à
especialização de um país, dissociando-a da conjuntura macroeconômica.
Dessa forma, para um produto k de um país i primeiramente calcula-se o seu saldo
em relação ao Produto Interno Bruto (Yi), ou seja, em relação ao tamanho do mercado
nacional:
X − M ik
Yik = 1000 * ik
Yi
sendo:
X ik = exportações do produto k do país i; M ik = importações do produto k do país i; e
Yi = Produto Interno Bruto do país i.
A seguir, define-se a contribuição do produto k ao saldo em relação ao PIB, de acordo
como o demonstrado abaixo:
VCR = f ik = Yik − g ik * Yi
Sendo:
g ik =
X ik + M ik
Xi + Mi
e
Yi = 1000 *
Xi − Mi
Yi
em que: Xi e Mi são respectivamente as exportações e as importações totais do país i.
Além disso, faz-se necessário eliminar a influência das alterações de vantagem
comparativa que não sejam específicas da região analisada, mas que resultem da própria
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evolução da participação do produto no mercado mundial. Para isso, toma-se por base um
ano r como referência e, utilizando-se do fator de ponderação a seguir, são corrigidos cada
um dos fluxos X e M para os diversos tempos n.
ekn =
Wkr
Wr
Wkn
Wn
em que:
Wkr = exportações mais importações mundiais do produto k, no ano de referência r;
W r = exportações mais importações mundiais totais, no ano de referência r;
Wkn = exportações mais importações mundiais do produto k, no ano n;
W n = exportações mais importações mundiais totais, no ano n.
Para calcular o indicador de Vantagem Comparativa Revelada f’ em relação aos
pesos mundiais do ano de referência r, tem-se que: o ano de referência coincide com f,
enquanto os outros anos (n) diferenciam-se quanto mais o comércio mundial do produto k
tender a se desviar da tendência média registrada para o conjunto de bens.
Por último, o índice de Vantagem Comparativa Revelada de Lafay é um indicador
que, quando tem sinal positivo, significa que o país analisado possui vantagem
comparativa, e que, quando o mesmo apresenta o seu sinal negativo, este não possui
vantagem comparativa.
3.4. Taxa de Cobertura (TC)
A taxa de cobertura - TC é utilizada para relacionar as exportações com as
importações do produto i. É também um indicador usado para obtenção de informações
que auxiliam no estudo da competitividade. A taxa de cobertura do produto i é definida
como sendo o quociente entre as exportações e as importações do produto i, ou grupo de
produtos de um país ou região, e é representada da seguinte maneira:
TCij = Xi / Mi
onde:
Xi = Exportações do produto i da região ou país j;
Mi = Importações do produto i da região ou país j.
Este indicador mostra o quanto as exportações são maiores/menores que as
importações do produto i. Quando TCij > 1, diz-se que houve uma vantagem comparativa
em termos de cobertura das importações, ou seja, as exportações do produto i são maiores
que suas importações. Os produtos que ao mesmo tempo apresentam VCR positiva e TC
maior que a unidade constituem os pontos fortes de uma economia. Acontecendo o oposto,
isto é, produtos que apresentem simultaneamente desvantagens comparativas reveladas e
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taxa de cobertura inferior à unidade são tidos como pontos fracos de uma economia.
Comparando-se os pontos fortes de um país com os fracos dos parceiros comerciais,
identificam-se os produtos com maior potencial em termos de comércio (Hidalgo, 2000).
3.5. Indicador de Desempenho das Exportações (DES)
O indicador de desempenho das exportações mostra o desvio entre as exportações
do produto i de uma região ou país j, efetivamente realizadas em direção a outra região ou
país k, no decorrer do ano t, e o que estas exportações teriam sido se a região ou país
tivesse mantido a mesma participação no mercado, registrada no ano t0 (Silva, 2001). Ele
analisa o comportamento do comércio de um produto entre dois países/regiões e pode ser
calculado como:
t
to
DES itjk = X itjk − X ito
jk * M jk M jk
em que:
DES itjk = indicador de desempenho da exportações do produto i do país/região j para o
país/região k no ano t;
X itjk = valor das exportações do produto i no ano t do país/região j para o país/região k;
(
)
X ito
jk = valor das exportações do produto i no ano t 0 do país/região j para o país/região k;
M tjk = valor das importações totais do produto i no ano t realizado pelo país região k;
M tojk = valor das importações totais do produto i no ano t 0 realizado pelo país região k.
O cálculo do indicador de desempenho permite avaliar se o país j perdeu ou ganhou
espaço no mercado do parceiro k e contribui para fazer uma análise sobre a evolução no
comércio mundial para o produto i. Se o resultado do indicador for positivo, significa que o
país/região aumentou sua participação no mercado do país importador em relação ao
período inicial no que diz respeito ao produto em análise. Portanto, se houve perda de
espaço no mercado DES < 0 e se houve ganho DES >0.
3.6. Fonte de Dados
Para a análise do desempenho das exportações brasileiras de etanol foram
selecionados alguns dos principais produtores/exportadores de etanol de acordo com os
dados das Nações Unidas (http://comtrade.un.org) pela classificação 2207 (Álcool Etílico
Não-Desnaturado e Álcool Desnaturado) do SH (sistema harmonizado). Mais
especificamente, coletou-se dados do Brasil, EUA, China e França.
As informações necessárias para determinação dos indicadores utilizados neste
trabalho foram de origem secundária e referente ao período de 1994 – 2008. Foram
utilizadas as seguintes fontes: World Trade Organization (WTO), United Nations
Commodity Trade Statistics Database (UNCOMTRADE) e International Monetary Fund
(IMF). Do banco de dados das Nações Unidas (UNCOMTRADE) foram retiradas as séries
anuais de exportação/importação de etanol dos países selecionados e as
12
Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
exportações/importações mundiais totais de etanol. As séries anuais sobre o comércio
mundial total e o comércio total de cada país foram obtidas do World Trade Organization
(WTO) e, através do Fundo Monetário Internacional (FMI), foram coletadas séries anuais
sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos países envolvidos.
Os dados utilizados estão expressos em (US$), da mesma forma que os valores
FOB (Free on Board) das exportações e importações.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Indicador de Posição Relativa no Mercado (POS)
Analisando o caso brasileiro na Tabela 1, nota-se que o indicador de posição foi
negativo para os anos de 1994 a 1997, revelando uma participação deficitária no comércio
internacional de etanol. Porém, a partir de 1998 o Brasil torna-se um exportador líquido de
etanol, com grande destaque após 2004, quando atinge valores superiores a 14% para o
índice de posição e se consolida como o maior exportador mundial de etanol.
A participação deficitária do Brasil nos primeiros anos da análise, revelada pelos
valores negativos do indicador, esteve relacionada principalmente com a abertura
comercial do país ocorrida em 1990 e com a implantação do Plano Real em 1994. Apesar
dos inúmeros resultados positivos deste plano e do câmbio especial para certos setores
produtivos nacionais importadores de máquinas e equipamentos, o referido plano também
contribuiu para a apreciação do Real até o início de 1999, transformando a balança
comercial em deficitária, com as importações muito estimuladas e as exportações
desestimuladas.
Já os expressivos valores positivos do índice, nos últimos anos da análise, são
confirmados pelo grande aumento das exportações brasileiras de etanol a partir de 2004,
que chegaram a atingir o patamar de 5 bilhões de litros em 2008, atribuindo ao país uma
posição de destaque no comércio mundial do produto.
Tabela 1. Índice de Posição Relativa no Mercado Exportador de Etanol, 1994 a 2008.
13
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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Ano
Brasil
EUA
1994
-13,23
4,02
1995
-13,42
6,07
1996
-6,91
3,54
1997
-4,95
6,51
1998
1,54
1,32
1999
3,57
-2,67
2000
1,19
-1,79
2001
2,06
-1,04
2002
7,02
-3,64
2003
5,91
-2,81
2004
14,82
-5,43
2005
15,70
-4,79
2006
18,66
-18,57
2007
16,03
-7,34
2008
19,23
-7,65
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da pesquisa.
China
2,51
0,50
0,75
2,53
2,09
0,87
2,17
3,23
1,43
3,27
0,90
1,12
5,21
0,66
0,52
França
5,39
5,81
3,94
4,29
6,00
5,84
5,71
4,51
5,23
5,43
4,38
2,80
1,17
2,73
3,76
Os EUA, no período de 1994 a 1998, apresentaram-se como exportador líquido de
etanol. Porem exibiu valores negativos no restante do período, chegando a -18,57% em
2006. Essa participação deficitária pode ser explicada pelo crescimento da demanda além
da oferta doméstica norte americana do biocombustível, principalmente nos últimos anos,
devido às preocupações ambientais e visando a diminuição da dependência do petróleo.
Já China e França tiveram valores positivos durante todo o período analisado,
estando a China num patamar inferior, com valores, em média, menores que os da França
em termos de participação superavitária no mercado mundial de etanol. O valor médio das
exportações anuais francesas foi três vezes maior que o da China (US$ 240.760.689,07 da
França contra US$ 73.191.137,59 da China) e o valor médio das importações da França foi
R$ 83.211.807,47, enquanto o da China foi R$ 2.439.532,60.
4.2 Índice de Vantagem Comparativa Revelada de Balassa
O indicador de vantagem comparativa revelada (VCR) é uma medida revelada, uma
vez que seu cálculo é realizado através de dados observados do comércio. Este índice
demonstra se o país, neste caso Brasil, possui vantagem comparativa na exportação de
etanol, confrontando sua participação na pauta exportadora do agronegócio nacional e
mundial. Quando este indicador é maior do que um, o país é competitivo na exportação do
produto ou possui vantagem comparativa em função de apresentar um desempenho
superior à média mundial. Quando o resultado obtido é menor do que um, diz-se que o país
possui desvantagem comparativa na exportação do produto ou não é competitivo.
Os dados da Tabela 2 mostram o grande destaque do Brasil na exportação de
etanol, onde os índices em todo o período analisado foram maiores que a unidade e bem
expressivos. Isso demonstra que o país possui vantagens comparativas reveladas na
produção de etanol, permanente inserção no comércio internacional deste produto e maior
14
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competitividade relativa na estrutura de produção. Entre 1994 e 2001, o índice apresentou
uma média de 6,85, valor superior ao máximo atingido por qualquer dos outros países
analisados. No restante do período estudado, 2002 – 2008, o indicador passou a ter grandes
aumentos, atingindo o valor máximo de 34,11 em 2006, confirmando a grande vantagem
comparativa do Brasil na exportação de etanol.
Observa-se que os índices de VCR de Balassa da França, a exemplo do Brasil,
foram maiores que a unidade em todos os anos da análise, porém em menor magnitude que
os brasileiros. Com o indicador francês variando entre 2 e 3,5, observa-se certa constância
da vantagem comparativa e da participação francesa no mercado internacional do
biocombustível, considerando o ano de 2006 uma exceção, onde a França apresentou
maior queda na sua competitividade e o indicador atingiu o valor de 1,5.
Já EUA e China possuem índices tanto com valores menores que um quanto
valores maiores que um, sugerindo uma desvantagem comparativa na exportação do etanol
nos anos em que o índice atinge valores abaixo da unidade. Apesar de serem dois grandes
produtores mundiais de etanol, estes países tem dado prioridade ao atendimento do
crescente mercado interno em detrimento do mercado exportador.
Tabela 2. Índice de VCR de Balassa no mercado exportador de etanol, 1994-2008.
Ano
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Brasil
8,34
9,49
6,06
4,32
3,77
9,95
4,51
8,41
15,95
12,54
28,95
27,93
34,11
29,95
30,47
EUA
2,08
2,56
1,51
1,93
1,34
1,03
1,31
1,25
0,97
1,14
0,81
0,67
0,31
1,11
0,80
China
2,05
0,48
0,56
1,63
1,28
0,62
1,22
1,56
0,63
1,17
0,31
0,36
1,37
0,17
0,12
França
3,49
3,44
2,29
2,56
2,83
3,37
3,15
2,63
3,07
2,89
2,61
2,06
1,50
2,40
2,67
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da pesquisa.
4.3 Índice de Vantagem Comparativa Revelada de Lafay (VCR)
Ao analisar os resultados obtidos para o indicador de Vantagem Comparativa
Revelada, de Lafay, verifica-se que alguns deles foram muito semelhantes àqueles
15
Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010,
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observados através do indicador de Balassa. Contudo, outros foram bem diferentes, como
no caso do Brasil, que, através do indicador de Lafay, apresentou resultados negativos para
os anos de 1994 a 1997, caracterizando um período de desvantagem comparativa no setor
e, desta forma, em oposição aos resultados obtidos, para esse período, pelo indicador de
Balassa. Porém, o indicador exibiu valores positivos e crescentes de 1998 a 2008,
assemelhando-se com os resultados do indicador de Balassa.
A China, apesar de possuir desvantagem comparativa na exportação de etanol em
alguns anos pelo índice de Balassa, não obteve valores negativos pelo indicador de Lafay,
mostrando uma vantagem comparativa durante todo o período analisado. Contudo, estes
valores foram bastante baixos, sugerindo uma tímida competitividade nas exportações
chinesas em anos como 2001, 2003 e 2006.
Tabela 3. Índice de VCR de Lafay no mercado exportador de etanol, 1994-2008.
Ano
Brasil
EUA
1994
-0,60
0,02
1995
-0,43
0,03
1996
-0,21
0,02
1997
-0,15
0,03
1998
0,06
0,01
1999
0,20
0,00
2000
0,07
0,01
2001
0,13
0,01
2002
0,45
0,00
2003
0,36
0,00
2004
0,92
-0,01
2005
0,81
-0,01
2006
0,93
-0,06
2007
0,81
-0,02
2008
1,03
-0,03
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da pesquisa.
China
0,10
0,02
0,02
0,07
0,05
0,02
0,06
0,08
0,03
0,08
0,02
0,03
0,12
0,01
0,01
França
0,09
0,10
0,07
0,09
0,12
0,12
0,16
0,12
0,13
0,13
0,11
0,08
0,04
0,09
0,13
No caso francês, há uma grande similaridade na análise dos resultados pelo índice
de Balassa e Lafay, onde pelo indicador de Lafay a França apresentou resultados positivos
durante todo o período analisado e revelou também uma pequena variação no índice entre
os anos da amostra, o que confirma a constância da competitividade e da participação
francesa, embora em um patamar bem inferior ao brasileiro no mercado mundial de etanol.
16
Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010,
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Os EUA, de acordo com a Tabela 3, tiveram nos quatro primeiros anos da análise
uma tímida vantagem comparativa no setor. Já no restante, este país praticamente não teve
vantagem comparativa ou acabou apresentando desvantagem, como nos anos de 2004 a
2008, onde o indicador exibiu valores negativos. E, como no caso da França, os resultados
dos indicadores de Balassa e Lafay para os EUA demonstraram certa similaridade.
4.4 Taxa de Cobertura (TC)
Observando os resultados para China e França, nota-se que estes países tiveram, em
todo o período analisado, vantagem comparativa em termos de cobertura. Isso significa que
as exportações superaram as importações. Os dois países também tiveram o VCR de Lafay
positivo em todos os anos, podendo-se inferir que estas economias apresentam-se como
potenciais centros produtores e exportadores de etanol.
Tabela 4. Índice da Taxa de Cobertura dos principais componentes do mercado exportador
de etanol, 1994-2008.
Ano
Brasil
1994
0,22
1995
0,22
1996
0,28
1997
0,29
1998
7,80
1999
14,54
2000
2,92
2001
2,16
2002
194,99
2003
107,84
2004
1571,38
2005
2582,30
2006
6453,30
2007
680,45
2008
3071,65
EUA
1,57
1,94
1,68
2,29
1,19
0,68
0,81
0,87
0,57
0,66
0,39
0,38
0,06
0,37
0,30
China
51,03
6,35
22,68
45,92
34,26
10,02
55,20
121,39
19,37
41,34
11,29
7,32
79,61
24,09
39,51
França
2,48
3,05
2,54
2,77
3,58
2,98
4,19
3,10
3,35
3,79
3,33
2,61
1,66
2,61
3,64
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da pesquisa.
Já Brasil e EUA tiveram resultados opostos ao longo dos anos da análise, tanto para
a taxa de cobertura quanto para o índice de VCR de Lafay. Enquanto a exportação
brasileira de etanol foi insignificante nos anos 1994-1997, devido ao VCR negativo e a
TC<1, para os EUA ocorreu o contrário e nestes anos o setor de etanol mostrou-se como
17
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ponto forte na economia norte americana. Já no restante do período analisado, de 1999 a
2008, as exportações dos EUA tornaram-se inexpressivas, devido a TC<1 e a falta de
vantagem comparativa revelada no setor, enquanto as exportações brasileiras foram
significantes, com resultados positivos para os dois índices neste mesmo período. Ou seja,
os EUA tem-se caracterizado como potencial consumidor de etanol, podendo ser atendido,
principalmente, por países com uma alta taxa de cobertura das exportações de etanol, como
é o caso do Brasil.
5. Indicador de Desempenho das Exportações (DES)
O indicador de desempenho, conforme descrito anteriormente, expressa a diferença
entre as exportações em valor de um produto i, de um país/região j, em direção à um
país/região k, no ano t, e o que elas teriam sido se o país tivesse mantido a parte de
mercado que possuía no ano de referência. Neste trabalho, o ano de 1994 foi utilizado
como referência para os demais, sendo calculados os indicadores dos principais países
exportadores de etanol, nos anos seguintes a este até 2008, como mostrado na tabela a
seguir.
Tabela 5. Índice de Desempenho no mercado exportador de etanol, 1994-2008.
Ano
Brasil
EUA
China
1994
1995
-4814434,69
34512639,40
-58942362,77
1996
-23951538,19
-41362193,37
-53891036,33
1997
-40400672,95
36226315,52
5817260,67
1998
-31990885,21
-29848401,12
-2809434,06
1999
2769161,88
-87046745,70
-26415460,37
2000
-34443424,83
-60182126,24
-4744612,95
2001
8342946,41
-74680289,97
20942519,68
2002
84156436,71
-132478201,69
-21820876,51
2003
67272199,25
-124864941,11
26792329,86
2004
381704706,26
-223807205,75
-46297079,35
2005
599990061,80
-346647851,07
-49775767,15
2006
1302990597,94
-780207432,93
247656026,06
2007
1145662760,39
-581787514,70
-163533340,97
2008
1982029746,31
-789535671,62
-213095655,72
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da pesquisa.
França
-18684422,84
-57595330,20
-45249740,70
4826922,29
-980039,18
-22487351,05
-42106210,02
-26287740,42
-23520124,89
-70244861,18
-178396384,05
-474255474,29
-393233954,39
-341159170,27
Conforme mostra a Tabela 5, a evolução do desempenho das exportações de etanol
do Brasil entre 1995 e 2000, com exceção de 1999, foi negativa quanto ao mercado
mundial, relativamente a 1994. Já nos anos entre 2001 e 2008, o país ganhou participação
expressiva nas exportações. Tal fato pode ser explicado pelo grande aumento da demanda
mundial por etanol, nos últimos anos, que foi impulsionada, principalmente, pelos recentes
tratados ambientais e visando a diminuição da dependência do petróleo, sendo o Brasil um
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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
dos únicos produtores superavitários de etanol capaz de atender essa demanda. Daí a
explicação para a explosão nas exportações brasileiras de etanol, principalmente, após
2004.
EUA, China e França mantiveram um desempenho negativo em termos das
exportações mundiais em quase todos os anos do período, o que sugere não estarem
voltados à exportação de etanol, mas sim a atender o crescente mercado interno,
impulsionados, principalmente, pela validação das metas do Protocolo de Quioto, a partir
de 2005.
Os resultados obtidos confirmam a dificuldade do setor sucroalcooleiro do Brasil
com a concorrência internacional no período do Plano Real e a superação do setor
alcooleiro através do posterior ganho de competitividade e do dinamismo das exportações
brasileiras de etanol no mercado internacional, retratados por Lírio et al( 2006) e Venâncio
(2008).
O investimento do Brasil em tecnologias para obtenção de etanol a partir da cana de
açúcar, além das condições de mão de obra barata e abundante, clima, solo, entre outros
fatores, proporcionam um baixo custo de produção e garantem uma alta competitividade
para o produto no mercado internacional.
5. CONCLUSÕES
Nos últimos anos, a crescente preocupação internacional com a diminuição da
emissão de gases poluentes tem elevado o interesse de diversos países por fontes
renováveis de energia, como o etanol. Neste contexto, esse trabalho investiga a
participação do Brasil e de seus concorrentes no mercado exportador de etanol.
De modo geral, observa-se um comportamento negativo das exportações
brasileiras, no período de 1994 a 1997, de acordo com todos os indicadores analisados,
evidenciando que a valorização cambial após a implementação do Plano Real resultou na
redução das exportações e aumento das importações de etanol do país. Ou seja, com a
valorização da sua moeda, o Brasil passou a ter desvantagens comparativas às dos demais
exportadores de etanol, por ofertar etanol no mercado internacional a um maior preço
relativo.
Os resultados também mostraram que após 1999 as exportações de etanol dos EUA
tornam-se inexpresssivas, comprovadas pela taxa de cobertura menor e pela falta de
vantagem comparativa revelada no setor. Por outro lado, as exportações brasileiras de
etanol obtiveram resultados positivos, de acordo com os dois índices mencionados, neste
mesmo período. Ou seja, os EUA tem-se caracterizado como potencial consumidor de
etanol, com seu mercado podendo ser atendido, principalmente, por países com uma alta
taxa de cobertura das exportações de etanol, como é o caso do Brasil.
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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Os números brasileiros mais expressivos surgem a partir de 2002, quando todos os
indicadores propostos apresentam-se crescentes e consequentemente favoráveis à
competitividade do Brasil no mercado internacional de etanol. Vale destacar a
superioridade dos valores, a partir de 2002, dos índices brasileiros, quando comparados
com os dos EUA, França e China. Os paises competidores do Brasil no mercado
exportador de etanol não possuem a vantagem comparativa brasileira, estando focados no
atendimento a crescente demanda doméstica de etanol.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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