radioprotecao na odontologia - TCC On-line

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Radioproteção na Odontologia
GESING, M.C.1; BORSATO, L.A.2
1 Pós-graduando do Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da
Universidade Tuiuti do Paraná(Curitiba, PR).
2 MSc. Orientadora do Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da
Universidade Tuiuti do Paraná(Curitiba, PR).
Endereço para correspondência: [email protected]
______________________________________________________________________
RESUMO:
O cuidado em qualquer atividade que utilize radiações ionizantes é fundamental. Os raios X são
imperceptíveis aos sentidos e por isto tendem a ser subestimados. O uso incorreto pode ocasionar
problemas sérios à saúde principalmente aos profissionais que cotidianamente fazem uso destas
radiações. O objetivo deste trabalho é avaliar por meio de revisão de literatura a melhor maneira de
utilização dos raios X na Odontologia sem que estes causem danos aos pacientes e profissionais que
deles utilizam. Não se discute a importância da utilização das radiações ionizantes, mas seu uso
correto, pois as vantagens das boas práticas no diagnóstico por imagem, refletem-se em toda a vida
clínica dos profissionais da saúde, seu relacionamento com os pacientes e sua qualidade de vida.
Palavras chave: proteção radiológica, radioproteção, radiação ionizante.
________________________________________________________________________________
ABSTRACT:
Care in any activity that uses ionizing radiation is essential. The X rays are imperceptible to the
senses and therefore tend to be underestimated. But improper use can cause serious health problems
especially to professionals who daily make use of these radiations. The aim of this study is to
evaluate through a literature review how best to use the X rays in dentistry, without they cause harm
to patients and professionals who use them. We do not dispute the importance of the use of ionizing
radiation, but their proper use, since the benefits of good practices in diagnostic image reflects
throughout the lifetime of the health professionals, their relationship with patients and their quality
of life.
Keywords: Radiological protection, radioprotection, ionizing radiations
___________________________________________________________________________
1 INTRODUÇÃO
organismos vivos. O uso dos raios X
constitui riscos para os profissionais que o
Desde o desenvolvimento das primeiras
utilizam para diagnosticar patologias e para
experiências por Wilhelm Conrad Röntgen,
os pacientes a eles submetidos (FENYO-
com os chamados raios X, começaram a
PEREIRA; PINTO, 2006).
surgir as primeiras suspeitas sobre os
Atualmente o diagnóstico e a utilização
possíveis efeitos deletérios destes sobre os
clínica dos raios X na odontologia estão
1
fortemente disseminados que se torna
aplicada
impossível imaginar como poderíamos
reprodutivo a probabilidade de defeitos
proporcionar um tratamento de qualidade
genéticos é pequena. Diante da exposição
aos nossos pacientes sem a eventual
insignificante
utilização desta importante ferramenta. Em
necessidade de preocupação excessiva
1999 Silva et al. descreveram que a
sobre o exame radiográfico dentário da
radiação X é uma energia ionizante que,
gestante, quando for indicado. O uso de
sendo manipulada corretamente, traz mais
avental de chumbo ajudará a tranqüilizar a
benefícios que danos. O objetivo deste
paciente. Todavia, é preciso prudência na
trabalho é avaliar por meio de revisão de
decisão da necessidade do exame. Deve-se
literatura a melhor maneira de utilização
considerar a possibilidade de esperar o fim
dos raios X na Odontologia sem que estes
da gravidez, o desejo da paciente e suas
causem danos aos pacientes e profissionais
opiniões pessoais.
que deles utilizam.
Garcez Filho; Rocha ; Oliveira (1990)
antes
do
das
final
do
gônadas,
período
não
há
realizaram uma pesquisa sobre os meios de
proteção
utilizados
pelos
Cirurgiões-
Dentistas em seus consultórios e as
conclusões foram muito desfavoráveis,
2 REVISÃO DE LITERATURA
apontando
que
41,7%
usualmente
Williams ; Gray (1986) relataram que os
seguravam a película para o paciente, 30%
benefícios do uso correto dos raios X
não utilizavam avental plumbífero durante
superam
ser
exames de raios X em pacientes grávidas e
ocasionados. Muitas condições anormais
7% não utilizavam qualquer proteção
dos dentes e outras estruturas podem ser
contra os efeitos deletérios dos raios X.
mais facilmente detectadas pelo uso de
Agravado pela utilização do aparelho
pequenas doses de radiação do que por
emissor dos raios X estar normalmente
outro meio e às vezes somente por este
instalado na sala clínica de atendimento
meio. Nenhuma dose de radiação por si só
aos pacientes.
é benéfica, porém existe uma dose abaixo
Em 1° de junho de 1998 a portaria nº 453,
da qual qualquer alteração somática é
do
aceitável para a população como um todo.
Vigilância
As crianças são mais suscetíveis, mas
diretrizes básicas de proteção radiológica
existe uma dose abaixo da qual, mesmo
em diagnóstico médico/odontológico no
os
danos
que
possam
Ministério
da
Sanitária
Saúde/Serviço
de
estabeleceu
as
2
Brasil. Esta portaria demonstra que o uso
consideração das necessidades de saúde
das radiações ionizantes representa um
geral e dentária.
grande
saúde,
Capelozza et al. (1998) relataram que os
requerendo, entretanto, que as práticas que
efeitos da radiação ionizante sobre tecidos
dão origem a exposições radiológicas
podem ser morfológicos e funcionais. A
sejam efetuadas em condições otimizadas
intensidade das reações provocadas nos
de proteção. Isto é: a necessidade de
tecidos vai depender da dose, da área
garantir a qualidade dos serviços de
irradiada, da sensibilidade do tecido e do
radiodiagnóstico prestados à população,
estágio de desenvolvimento das células.
assim como de assegurar os requisitos
Uma célula em reprodução ou quando
mínimos de proteção radiológica aos
jovem sofre mais os efeitos da radiação. Os
pacientes, aos profissionais e ao público
tecidos
em geral. A portaria regula a limitação de
epitélio, endotélio, conjuntivo, nervos e
dose de radiação ao paciente e aos
músculos. Os conceitos de radioproteção
profissionais da radiologia, trata de tópicos
envolvem o estabelecimento de doses
como
para
limites e de doses permitidas. Deve-se
anos),
seguir o conceito ALARA (as low as
prevenção de acidentes, licenciamento de
reasonably achiavable) “tão baixo quanto
serviços
avanço
na
gravidez,
exercício
da
área
da
idade
mínima
radiologia
(18
mais
sensíveis
são:
sangue,
de
radiodiagnóstico,
controle
razoavelmente possível” ou seja usar o
ocupacional,
padronização
dos
mínimo de radiação que produza uma
exames,
imagem com qualidade diagnóstica. Deve-
controle ambiental dos serviços para
se seguir as seguintes recomendações:
garantir um padrão seguro. Em seu
filmes
capítulo 5 cita os requisitos para radiologia
correto do filme, uso de filtração e
odontológica. Neste capítulo além de listar
colimação, técnica radiográfica precisa,
normas técnicas como sinalização, e uso de
uso de protetor de tireóide e avental
material
como
plumbífero. Proteção do operador: deve
vestimentas plumbíferas, normatiza os
permanecer a 1,8 m do cabeçote e em um
equipamentos intra e extra-orais, citando
ângulo de 90 a 135°, nunca segurar o filme
quais as características que devem possuir.
para o paciente e uso de dosímetros.
Procedimentos
a
Silva et al. (1999) descreveram que a
exigência de realizar exames radiográficos
radiação X é uma energia ionizante que,
somente
sendo manipulada corretamente, traz mais
equipamentos
de
após
utilizados
nos
radioproteção
de
trabalho
exame
como
clínico
e
a
mais
sensíveis,
processamento
3
benefícios
que
resultados
ineficientes. Neste aspecto reside a maior
obtidos neste trabalho evidenciaram um
preocupação de todos aqueles que estão
alto índice de desinformação sobre como
apreensivos com a poluição do meio
montar um consultório odontológico com
ambiente. A legislação vigente no Brasil
um aparelho de raios X entre alunos da
está sob a tutela de dois organismos: o
graduação. O cirurgião dentista precisa
serviço público e o serviço privado. O
conhecer as regulamentações de radiologia
serviço público encontra-se regido por uma
odontológica para iniciar as suas atividades
Lei
profissionais de maneira segura, tanto para
regulamentares.
os pacientes como para ele mesmo e de
promulgada em 1950 foi alterada, apenas
modo a não ferir a legislação vigente sobre
no que diz respeito ao percentual de
o assunto.
gratificação financeira. O serviço privado
Rushton; Horner ; Worthington (1999) em
está amparado pela Consolidação das Leis
um estudo conduzido na Grã-bretanha,
do Trabalho.
analisaram a qualidade das radiografias
Freitas (2000) preconizou o uso de massa
panorâmicas
na
baritada em paredes da sala de raios X (1
prática diária e avaliaram que a maioria
cm igual a 1 mm de chumbo) e vidro
estava abaixo do considerado de bom
plumbífero. O ideal na instalação de um
padrão.
radiografia
aparelho, é posiciona-lo de tal forma que o
panorâmica pode ser melhorada pela
feixe útil sempre fique direcionado para
atenção
uma parede. Hemogramas periódicos, a
A
danos.
usadas
normalmente
qualidade
cuidadosa
Os
à
da
técnica
e
ao
Fundamental
A
e
dois
Lei
Decretos
fundamental
processamento.
cada semestre, deverão ser realizados, pois
Rosa (2000) mencionou que o exercício da
alterações de contagem globulares são os
radiologia está sujeito à normas, embora de
primeiros sinais detectáveis de possíveis
âmbito internacional, recebem tratamento
lesões somáticas.
diferente em cada país e são transformadas
Rushton; Horner ; Worthington (2001)
em legislação específica. De modo geral,
reafirmam a validade das radigrafias
em quase todos os países observa-se um
intraorais na prática diária. Embora muitas
texto legal bem próximo aos parâmetros
descobertas
internacionais de segurança contra as
radiografias panorâmicas, os dentistas
radiações
os
clínicos gerais possuem pouca experiência
mecanismos de fiscalização da observância
em diagnosticar patologias neste tipo de
da legislação são, na maioria dos casos,
exame.
ionizantes.
No
entanto,
sejam
reveladas
por
4
Em 2004 a ADA (American Dental
cirurgiões
Association)
normas de segurança em relação ao uso das
sugeriu
normas
para
o
dentistas
negligenciam
as
emprego de exames radiográficos:
radiações X.
1. Radiografia intra-oral é útil para a
Silveira; Monteiro; Brito (2005) fizeram
avaliação do trauma dentoalveolar. Se a
um trabalho de avaliação de meios de
área de interesse se estende para além da
radioproteção
complexo
odontológicos em Olinda /PE e concluíram
dentoalveolar,
imagem
em
consultórios
extrabucal deve ser indicada.
que a grande maioria dos consultórios esta
2. Cuidados devem ser tomados para
equipada com protetores de chumbo
examinar
para
(avental e/ou colar). O avental de chumbo
qualquer evidência de cárie, perda óssea
é utilizado como único meio de proteção
por doença periodontal, anomalias do
ao paciente em 33% dos consultórios,
desenvolvimento e doenças ocultas.
sendo que destes 41,7% não é utilizado
3. O exame clínico é imprescindível,
junto com o colar de tireóide, devendo este
exames de raios X são complementares e
ser considerado obrigatório em todas as
não devem ser pedidos antes de exame
tomadas. Apenas 28,6% dos consultórios
clínico e anamnese.
tem suportes específicos para os aventais e
Oliveira et al. (2005) realizaram uma
colar,
pesquisa por meio de questionário enviado
desconhecimento
a 240 consultórios notou-se que a minoria
profissionais à determinação da portaria
(18%) tinha sinalização sobre utilização de
453
radiação ionizante e 42%
possuíam
integridade destes instrumentos. A maioria
blindagem entre o consultório (onde eram
dos profissionais não utiliza protetores
realizadas as tomadas ) e a sala de espera,
específicos para si, mais normalmente sai
somente 47% relatou utilizar avental de
da sala ou realiza a tomada radiográfica
chumbo no paciente e apenas 11.25%
entre 2 a 3 metros do aparelho. Um maior
utilizava proteção tanto ao operador quanto
conhecimento e obediência as normas de
ao
radioproteção aumentaria a proteção tanto
todas
paciente.
as
radiografias
40,83%
permitiam
isto
da
mostra
ANVISA,
desobediência
por
parte
comprometendo
ou
dos
a
acompanhante durante as tomadas, e cerca
a profissionais quanto aos pacientes.
de 35,42% destes não utilizavam proteção.
Fenyo-Pereira ; Pinto (2006) descreveram
A calibração do aparelho era realizada a
os raios X como altamente energéticos,
cada 2 anos por 69,17% e nunca foi feita
tendo
por 10,83%. O estudo conclui que os
estruturas que compõe o corpo humano.
capacidade
de
atravessar
as
5
São denominados radiações ionizantes,
exposição
relacionada
levantamento periapical.
a característica de remover
é
bem
menor
que
elétrons orbitais de átomos, formando
•
Uso de vestimenta plumbífera.
elementos que provocarão efeitos nocivos
•
Esclarecimento
ao organismo, este pode ser somático
colaboração evita repetições.
(indivíduo que foi exposto), genético (seus
•
descendentes).
menos exposição.
São
cuidados
do
um
paciente,
Uso de raios X digitais necessitam
recomendados para radioproteção:
•
•
Controle de qualidade: erro =
feixe primário deve incidir em direção a
repetição = maior dose profissional +
uma parede e nunca para uma porta ou
paciente + meio ambiente.
abertura que de acesso a um local onde
•
Armazenamento
insumos,
utilizar
correto
somente
de
durante
a
Para proteção ao Meio-Ambiente o
possa haver outras pessoas.
•
Os
líquidos
processadores
não
validade dos produtos.
devem ser dispensados no esgoto comum,
•
pois afetam seriamente o meio-ambiente.
Filmes mais sensíveis E e F ( 40%
de redução em exposição).
Em
•
Correto processamento do filme.
Científicos
•
Arquivamento: envelopes próprios,
American National Standards Institute e a
2006
o
Conselho
da
ADA
de
Assuntos
relatou
que
a
datados, evitam repetição.
Organização
•
Calibração do aparelho de raios X.
Padronização estabeleceram padrões para
•
A área exposta não deve ser maior
velocidade
Internacional
dos
filmes
para
radiográficos.
que 7 cm (colimador).
Velocidades de filmes disponíveis para
•
radiografia dental são: D-speed, E-speed e
Kv não inferior a 70 Kvp ( portaria
453 de 1998/ministério da saúde).
•
técnica
F-speed o mais rápido. O uso de maior
radiográfica pode exigir novo exame e
velocidade de filme pode resultar em até
nova exposição. Exames radiográficos
em
devem ter indicação clínica precisa.
exposição
•
Gestantes e crianças devem ser
comprometer a qualidade de diagnóstico.
expostos aos raios X somente quando
Filme de uma velocidade mais lenta do que
estritamente necessário.
E-speed
•
Escolha
Indicação
incorreta
F-speed, com D-speed sendo o mais lento e
precisa
da
de
raios
X
50%
de
redução
para
não
deve
o
percentual
paciente
ser
usado
da
sem
para
radiografias dentais.
panorâmico, pois tem largo espectro e a
6
White ; Pharoah (2007) descreveram uma
300 milhões odontológicos. Os exames
forma de mensurar o risco das alterações
odontológicos são responsáveis por apenas
genéticas pela exposição à radiação é
2,5% da média anual de exposição à
determinar a dose cumulativa. Isto é a
radiação diagnóstica e 0,3% da média
quantidade de radiação que uma população
anual de exposição à radiação total
requer para produzir na geração seguinte
(contando ambiental). A filosofia de
um número de mutações adicionais, tão
radioproteção está no princípio de: “tão
grande quanto o de mutações espontâneas.
baixo quanto razoavelmente possível” e a
Em seres humanos, a dose cumulativa para
dose para indivíduos operando aparelhos
mutações que resultam em morte é de
de raios X odontológicos está estimada em
aproximadamente 2 Sv. Uma vez que um
0,4% do limite permitido. Para o paciente
indivíduo recebe em média, radiação nas
verificou-se que um exame intra-oral
gônadas muito menor, a radiação contribui
utilizando-se 20 filmes realizando uma
relativamente pouco para danos genéticos
técnica que otimize a dose, libera menos da
as populações. Como comparação, a dose
metade da quantidade da dose de radiação
nas gônadas de homens após um exame
que um único exame de tórax. A ADA
radiográfico periapical completo com bite-
recomenda uso de protetores de chumbo
wings é muito baixa, por volta de 1µSv ou
para tireóide e abdômen apesar da radiação
menos.
de
secundária ser considerada extremamente
aproximadamente 50 vezes menos, na
baixa. A escolha de um bom aparelho com
faixa de 0,02 µSv.
quilovoltagem e miliamperagem corretas e
Frederiksen et al. (2007) relataram que os
o correto processamento do filme são
clínicos devem se familiarizar com a
instrumentos de grande validade para
quantidade
radiação
proteção radiológica. A não ser que haja
encontrada na Odontologia, o possível
barreiras de proteção disponíveis para o
perigo que tal exposição causa e os
operador,
métodos utilizados que tem efeito na
distância de no mínimo 2 metros e numa
redução da exposição e da dose. O uso
direção que não seja a mesma do feixe útil
destas
o
de radiação durante a exposição. Um
conhecimento necessário para explicar os
programa de controle de qualidade deve
benefícios e possíveis riscos do uso dos
ser estabelecido para assegurar a qualidade
raios X. Em 1993, estimou-se em mais de
da
1 bilhão de exames radiológicos médicos e
continuada é sempre necessária, pois
A
dose
de
nos
ovários
exposição
informações
à
é
fornece
ele
imagem
deve
posicionar-se
radiográfica
e
a
educação
7
adquirir
conhecimento,
desenvolver
e
casos em que o terceiro molar apresente
manter habilidades são considerados um
íntima ligação com o nervo alveolar
processo contínuo.
inferior deve-se relevar a maior dose
Hirsch et al. (2008) compararam dois
causada pela exposição tomográfica.
equipamentos de tomografia cone-beam
Okano et al. (2009) analisaram duas
utilizando campos de imagem (FOVs)
marcas comerciais de tomógrafos cone
diferentes, foram analisadas as doses
beam (3D Accuitomo®;J,Morita e CB
absorvidas por cada aparelho utilizando
MercuRay®; Hitachi) e um tomógrafo tipo
diferentes FOVs. Uma das principais
fan beam ( HiSpeed QX/i®;GE). O estudo
conclusões é que, mais importante que
revelou que existem diferenças na dosagem
escolher o melhor equipamento, são as
entre os dois tomógrafos cone beam, sendo
decisões tomadas na prática clínica, onde
que o 3D Accuitomo® é menor que o CB
necessitamos ser conscienciosos do tipo de
MercuRay® , estes apresentam exposição a
imagem que
é
realmente
radiação bem menor que o fan beam.
Profissionais
da
saúde
necessária.
ser
Kim e Mupparapu (2009) fizeram um
adequadamente treinados e cientes da
estudo relacionando a dose de radiação
necessidade do uso do menor FOV
emitida
possível e também da menor energia
radiográficas e concluíram que tomografias
necessária para a realização do exame.
expõem o paciente à dose de radiação pelo
Concluindo: a dose de radiação entregues à
menos 4 vezes superior a um tomada
partir de ambas as máquinas é similar ao
panorâmica. Recomenda-se que filmes
usar 4X4 centímetros de FOV. Um
abaixo de e-speed não sejam usados em
pequeno FOV deve ser utilizado para
radiologia
imagens dentais, FOV maiores devem se
panorâmicas uso de ecrans terras raras e
restringir aos casos em que uma visão mais
filmes ultra rápidos são recomendados,
ampla é necessária.
pois diminuem a exposição em até 50% em
Öhman et al. (2008) concluíram que a
relação aos sistemas de ecrans cálcio
tomografia não deve ser considerada como
tungstato.
exame
de
Gava (2009) concluiu que tomografias
cirurgia de remoção de terceiros molares,
cone beam, oferecem uma ótima qualidade
baseado no fato que a exposição pode ser
de imagem o que pode aumentar a
de 3 a 4 vezes mais alta na tomografia que
qualidade do atendimento ao paciente. O
no exame panorâmico padrão. Apenas em
lado negativo é a que a dose de radiação a
padrão
para
devem
planejamento
em
oral.
diferentes
Em
tomadas
radiografias
8
qual o paciente é exposto é muito maior
relação
aos
cuidados
básicos
em
que a radiologia tradicional. Deve-se haver
radioproteção. Muitos ainda seguram a
sempre uma clara indicação para uma
película durante as tomadas radiográficas
investigação tomográfica. A substituição
(GARCEZ FILHO; ROCHA; OLIVEIRA;
das tradicionais radiografias panorâmicas
1990). O uso do avental plumbífero não é
por tomografias não é recomendado.
generalizado (GARCEZ FILHO; ROCHA;
OLIVEIRA; 1990; Oliveira et al. 2005)
muitas vezes quando utilizado faz-se sem o
uso
3 DISCUSSÃO
do
colar
cervical
(SILVEIRA;
MONTEIRO; BRITO 2005). Estes hábitos
não são aceitáveis à luz da moderna prática
Williams ; Gray (1986) relataram que o
uso correto dos raios X supera os danos
que possam ser ocasionados, e muitas
de radioproteção. Devemos lembrar que
segundo Williams; Gray (1986), nenhuma
dose de radiação é benéfica.
condições anormais dos dentes e outras
Nossa
estruturas podem ser mais facilmente
(portaria
detectadas pelo uso de pequenas doses de
saúde/Serviço de Vigilância Sanitária)
radiação, esta frase justifica o uso dos raios
reconhece
X em diagnóstico odontológico. Mas
representa um grande avanço na área da
devemos estar cientes que o uso correto da
saúde. Mas requer o uso de boas práticas
radiação ionizante depende de vários
para alcançar o objetivo sem causar danos
fatores. Alguns são auto-evidentes como o
ao paciente e aos profissionais que em seu
uso de aventais de proteção, outros são
dia a dia utilizam os raios X.
mais
discretos
processamento
como
e
o
correto
armazenamento
das
tomadas radiográficas para que o paciente
não tenha que ser novamente exposto
algum tempo depois pela degradação de
um exame corretamente executado e mal
acondicionado e/ou processado (FENYO-
legislação
n°
sobre
453
que
do
o
radioproteção
Ministério
da
radiodiagnóstico
Os conceitos de radioproteção devem
seguir os conceitos de ALARA (as low as
reasonably achiavable) “tão baixo quanto
razoavelmente possível”, ou seja: usar o
mínimo de radiação que produza uma
imagem
com
qualidade
diagnóstica
(CAPELOZZA et al.1998).
PEREIRA ; PINTO,2006).
Com o advento dos exames tomográficos
Existe ainda um descuido generalizado por
muito se tem discutido sobre como
parte dos profissionais da odontologia em
9
proceder em relação à forma de utilização
Ministério da saúde/Serviço de Vigilância
desta poderosa ferramenta. A dose de
Sanitária).
radiação que o paciente é exposto durante
um exame tomográfico é muito maior que
um exame tradicional (GAVA, 2009). Por
4 CONCLUSÃO
esta característica devemos nos guiar por
critérios rígidos ao sugerirmos a utilização
Este trabalho conclui que a utilização de
deste tipo de exame. Segundo Öhman et al.
radiações ionizantes para diagnóstico e uso
em 2008 a tomografia não deve ser
clínico na Odontologia está consolidada. A
considerada o exame padrão para o
utilização de boas práticas, segundo a
planejamento de cirurgia de remoção de
regulamentação vigente (portaria nº 453,
terceiros molares, apenas casos em que o
do
terceiro molar apresente íntima ligação
Vigilância Sanitária), garante a proteção
com o nervo alveolar inferior deve-se
dos profissionais da saúde que se utilizam
relevar
pela
de radiações ionizantes, dos pacientes
exposição tomográfica. A utilização de
submetidos a estes exames, bem como
tomógrafos cone beam por sua menor
também ao meio ambiente. Sente-se ainda
exposição radiográfica é preferível aos
a necessidade de maior informação dos
tomógrafos fan beam (OKANO, 2009).
profissionais e maior engajamento destes,
Gava (2009) relatou que a substituição das
na utilização de métodos de proteção
tradicionais radiografias panorâmicas por
radiológica.
a
maior
dose
causada
Ministério
da
Saúde/Serviço
de
tomografias não é recomendado. Hirsh et
al. (2008) em seu estudo concluíram que
mais importante que escolher o melhor
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equipamento são as decisões tomadas na
prática clínica, onde necessitamos ser
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conscienciosos do tipo de imagem que
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realmente necessitamos.
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GTON, H.V.; The Quality of Panoramic in
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British Dental Journal, Volume 186, nº12,
jun 1999. p. 630-633.
AGRADECIMENTOS
RUSHTON,V.E.;HORNER,K.;WORTHIN
A todos os professores, pelo apoio e
compreensão ao longo deste percurso.
GTON,
H.V.;
Screening
Panoramic
Radiology of Adults in General Dental
Practice: Radiological Findings, British
Dental Journal, Volume 190, nº09, mai
2001. p. 495-501.
SILVA,
P.R.D.;
PINTO,
R.H.R.;
Aos colegas, pela cumplicidade, ajuda e
amizade.
Em especial professora Lígia Aracema
Borsato, orientadora deste trabalho, que
sempre me guiou com serenidade e
conhecimento.
CORRÊA, M.C.C.S.F.; YANAGUIZAWA
JR., J.L. Nova Legislação Para Radiologia
Odontológica. Avaliação dos Alunos da
UNIMAR. São Paulo, ano 2 ,nº2, 1999, p.
63-67.
SILVEIRA,M.M.F.; MONTEIRO, I. da S.;
de BRITO, S.A.; Avaliação da utilização
dos
meios
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radioproteção
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consultórios odontológicos em Olinda/PE,
Odontologia. Clín.-Científ., Recife, 4 (1):
43-48, jan/abr. 2005.
12
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