SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE 1 Introdução A eletricidade não tem cheiro, não tem cor e não tem sabor. Justamente por ser assim ‘invisível’ é que pode representar riscos para a vida e para o meio ambiente. Este aspecto não deve representar um fator de medo, mas antes uma atitude responsável e consciente no trato com a rede e equipamentos elétricos cuja importância no cotidiano é notável. Ao longo da História da Eletricidade, riscos e acidentes envolvendo pessoas, animais e instalações sempre estiveram presentes. O que se objetiva, neste estudo, é através de conhecimento e conscientização desenvolver‐se atitudes que possam significar a preservação da vida e a utilização consciente e adequada que os recursos oferecidos pelo uso da energia elétrica podem oferecer. 2 A física das tempestades e dos raios Fonte: INPE ‐ Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Endereço: http://www.inpe.br/webelat/homepage/ (acesso em 21.01.2010) 2.1 Breve Histórico Foi somente após a descoberta da eletricidade no início do século XVIII que a natureza elétrica da atmosfera da Terra começou a ser desvendada. Em 1708, William Wall, ao ver uma faísca sair de um pedaço de âmbar carregado eletricamente, observou que ela era parecida com um relâmpago. Na metade do século, após a descoberta das primeiras propriedades elétricas da matéria, tornaram‐se evidente que os relâmpagos deveriam ser uma forma de eletricidade, associados de alguma maneira com as tempestades. Benjamin Franklin foi o primeiro a projetar um experimento para tentar provar a natureza elétrica do relâmpago. Em julho de 1750, Franklin propôs que a eletricidade poderia ser drenada de uma nuvem por um mastro metálico. Se o mastro fosse isolado do solo e um SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE observador aproximasse um fio aterrado, uma faísca saltaria do mastro para o fio quando uma nuvem eletrificada estivesse perto. Se isto ocorresse, estaria provado que as nuvens são eletricamente carregadas e, conseqüentemente, que os relâmpagos também são um fenômeno elétrico. Em maio de 1752, Thomas‐François D'Alibard demonstrou que a sugestão de Franklin estava certa. Em junho de 1752, Franklin realizou outro experimento com o mesmo propósito, seu famoso experimento com uma pipa. Ao invés de utilizar um mastro metálico, ele usou uma pipa, já que ela poderia alcançar maiores altitudes e poderia ser usada em qualquer lugar. Novamente, faíscas saltaram de uma chave colocada na extremidade do fio 1 preso a pipa em direção a sua mão. Também em 1752, L. G. Lemonnier repetiu o experimento de Franklin com o mastro metálico, mas em vez de aproximar um fio aterrado, colocou um pouco de poeira para ver se ela seria atraída. Ele descobriu que mesmo quando não havia nuvens, situação conhecida como condição de tempo bom, uma fraca eletrificação existia na atmosfera. Ele também encontrou evidências de que tal eletrificação variava da noite para o dia. Em 1775, G. Beccaria confirmou a existência da variação diurna da eletrificação na condição de tempo bom e determinou que a polaridade da carga elétrica na atmosfera nestas condições era positiva e que ela mudava para negativa quando havia tempestades próximas, em concordância com as observações de Franklin. Em 1779, H. B. Saussure mediu pela primeira vez a carga induzida em um condutor imerso na atmosfera. Seu instrumento, um precursor do eletrômetro, consistia em observar a separação entre duas pequenas esferas suspensas lado a lado por fios finos. Além de confirmar os resultados de Beccaria, Saussure descobriu uma variação anual da eletrificação na condição de tempo bom, bem como uma variação com a altitude. Ele acreditava que elas poderiam ser explicadas assumindo que o ar continha uma carga positiva. 1 ATENÇÃO: em hipótese alguma procure refazer o experimento de Franklin, pois os riscos de vida serão iminentes! SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE Em 1785, C. A. Coulomb descobriu que o ar é condutor de eletricidade, observando que um objeto condutor isolado quando exposto ao ar, gradualmente perdia sua carga, visto que os gases eram então considerados isolantes. Sua descoberta, entretanto, não foi compreendida na época e acabou sendo esquecida. Em 1804, P. Erman, explicando as observações de Saussure, sugeriu pela primeira vez que a Terra devia ser carregada negativamente. Em 1842, J. Peltier confirmou esta idéia e sugeriu que a carga no ar deveria ser originária da Terra, a qual por sua vez se tornou carregada durante sua formação. Em 1860, W. Thomson (também conhecido por Lord Kelvin) defendeu a idéia de que cargas positivas deveriam existir na atmosfera para explicar sua eletrificação em tempo bom. Ele foi também, o primeiro a reconhecer a eletrificação da atmosfera como uma manifestação de um campo elétrico. Em 1885, J. Elster e H. F. Geitel propuseram a primeira teoria para explicar a estrutura elétrica das tempestades. Em 1887, W. Linss chegou aos mesmos resultados obtidos por Coulomb cerca de 100 anos antes e, então, estimou que a Terra perderia quase toda a sua carga para a atmosfera condutora em menos de uma hora, a menos que a fonte de cargas fosse restabelecida. Este fato deu origem ao que se tornou conhecido como problema fundamental da eletricidade atmosférica, isto é, como a carga negativa da Terra é mantida. As primeiras idéias para resolver este problema somente surgiram no século seguinte. Finalmente em 1899, J. Elster e H.F. Geitel descobriram que a radioatividade está presente na atmosfera, estabelecendo uma explicação para a presença de íons na mesma. As próximas descobertas a respeito da eletrificação da atmosfera só surgiram após o desenvolvimento de instrumentos fotográficos e elétricos no século XX. SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE 2.2 Estrutura Elétrica da Atmosfera O ar é composto de uma mistura de gases, sendo os principais: nitrogênio, oxigênio, vapor d’água (eventualmente gotículas de água e partículas de gelo) e aerossóis (partículas sólidas e líquidas em suspensão). Na atmosfera 2 (esquema ao lado) inferior e média atmosfera, íons negativos e positivos movem‐se em resposta aos campos elétricos. Durante seu movimento eles colidem com partículas neutras, as quais atuam de modo a impedir o movimento. A facilidade dos íons de se moverem através das partículas neutras é descrita por um fator denominado mobilidade, o qual depende da massa e da carga dos íons, da densidade de partículas neutras e da temperatura. A capacidade da atmosfera de conduzir uma corrente elétrica é expressa em termos de sua condutividade. A condutividade na atmosfera inferior e média atmosfera é praticamente a mesma. A condutividade também varia com a latitude devido à variação da intensidade de raios cósmicos, e tende a ser maior em altas latitudes. Perto da superfície da Terra, a condutividade apresenta variações em associação com a presença de neblina ou poluição. Na atmosfera superior, a condutividade é anisotrópica devido ao fato da mobilidade de íons e elétrons depender da direção do campo magnético. 2 Fonte: http://oguiageografico.files.wordpress.com/2008/09/atmosfera1.png (acesso em 04.01.2010) SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE 2.3 Circuito Elétrico Atmosférico Global O campo elétrico de tempo bom é conseqüência da existência de uma carga na superfície da Terra e da condutividade. Em função de esta carga ser negativa, o campo elétrico é voltado para baixo. O campo elétrico de tempo bom também apresenta variações diurnas e sazonais.. Em resposta à existência de um campo elétrico vertical orientado para baixo e à presença de íons negativos e positivos, uma densidade de corrente orientada para baixo, denominada de densidade decorrente de Maxwell, está constantemente fluindo na atmosfera nas regiões de tempo bom. Acima da camada planetária, a densidade de corrente é basicamente uma densidade de corrente de condução. Medidas de densidade de corrente na atmosfera também incluem a contribuição da densidade de corrente de deslocamento associada com variações temporais do campo elétrico. A densidade de corrente de condução em condições de tempo bom apresenta também a mesma variação diurna que o campo elétrico. A diminuição do campo elétrico de tempo bom com a altura deve ser necessariamente acompanhada pela presença de cargas na atmosfera. Se não existem fontes de carga na atmosfera, esta variação é um efeito direto da variação da condutividade com a altura. Se a condutividade fosse uniforme, cargas não se acumulariam na atmosfera e o campo elétrico seria uniforme. Quase toda carga na atmosfera está abaixo de 30 km. Integrando a densidade de carga na atmosfera da superfície até a ionosfera (ou, em termos práticos 30 km), uma carga total de cerca de 600 kC é obtida. A carga na superfície da Terra é também de 600 kC, compensando esta carga na atmosfera. Na atmosfera, em condições de tempo bom, uma densidade de corrente constante está sempre presente. Em conseqüência, se não existisse uma fonte contínua de carga, após um intervalo de tempo toda carga na atmosfera fluiria para a superfície da Terra cancelando sua carga, de modo que não existiria um campo elétrico na atmosfera. SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE 2.3 Ocorrência de Relâmpagos na Terra Cerca de 100 relâmpagos ocorrem no mundo a cada segundo, o que equivale a cerca de 5 a 10 milhões por dia ou cerca de 1 a 3 bilhões por ano. Apesar do fato de que a maior parte da superfície de nosso planeta estar coberta por água, menos de 10% do total de relâmpagos ocorrem nos oceanos, devido a dificuldade destes responderem às variações de temperatura ao longo do dia, o relevo menos acidentado e a menor concentração de aerossóis comparado à superfície dos continentes. Relâmpagos ocorrem predominantemente no verão, devido ao maior aquecimento solar, embora ocorram em qualquer período do ano. Em médias latitudes, relâmpagos já foram registrados em dias com temperaturas tão baixas quanto ‐10° C. A distribuição global de relâmpagos, em relação ao número de relâmpagos nuvem‐solo por quilômetro quadrado (densidade de relâmpagos) por ano, foi pela primeira vez estimada com base em observações feitas ao longo das décadas de 40 e 50, do número de dias de tempestade que ocorrem por ano em um dado local, também conhecido como índice ceráunico. Dias de tempestade são definidos como aqueles em que um observador, num dado local, registra a ocorrência de trovão. A partir das observações do número de dias de tempestade por ano, a densidade anual de relâmpagos nuvem‐solo pode ser estimada de forma aproximada através de uma fórmula empírica obtida por estudos realizados em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. Recentemente, a distribuição global de relâmpagos tem sido obtida através de observações feitas com sensores ópticos a bordo de satélites. A densidade de relâmpagos por ano obtida a partir de observações feitas por satélite após 1995 é, contudo, restritas a latitudes inferiores a 35°, devido à órbita do satélite, e tendem a representar a densidade total de relâmpagos, visto que o sensor a bordo do satélite não é capaz de discriminar os diferentes tipos de relâmpagos. Assim como para o índice ceráunico, a densidade de relâmpagos nuvem‐solo pode ser estimada a partir das observações de satélite. SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE As observações de satélite confirmam que a maioria dos relâmpagos ocorre sobre os continentes e em regiões tropicais. De um modo geral, sabe‐se que as principais regiões de ocorrência de relâmpagos são a região central da África, o sul da Ásia e a região sul dos Estados Unidos no hemisfério norte, e o Brasil (exceto pela região nordeste), a região norte da Argentina, o sul da África, a ilha de Madagascar, a Indonésia e a região norte da Austrália no hemisfério sul. Em alguns pontos destas regiões, como Uganda e a ilha de Java, a densidade de relâmpagos por ano atinge valores próximos àqueles registrados no famoso edifício "Empire State" em Nova York, que com seus 410 metros de altura é atingido em média por cerca de 20 relâmpagos por ano, a maioria relâmpagos solo‐nuvem. Relâmpagos são raros em regiões de altas latitudes geográficas (latitudes maiores que 60°), devido ao ar ser muito frio, e em regiões desérticas, onde não há umidade suficiente para a formação das nuvens de tempestade. O Brasil, devido a sua grande extensão territorial e ao fato de estar próximo do equador geográfico, é um dos países de maior ocorrência de relâmpagos no mundo. Estima‐ se, com base em dados de satélite, que cerca de 50 milhões de relâmpagos nuvem‐solo atinjam o solo brasileiro por ano, ou seja, cerca de dois relâmpagos por segundo. Isto equivale a uma média de quase 7 relâmpagos por quilômetro quadrado por ano. As pesquisas sobre relâmpagos em nosso país têm‐se intensificado nos últimos anos. Atualmente, cerca de um terço da superfície de nosso país está coberta por sistemas de detecção de relâmpagos, inclusive parte da região amazônica, onde medidas nunca tinham sido feitas. Por outro lado, a atividade humana está afetando significativamente os relâmpagos. Estudos recentes têm mostrado que a ocorrência de relâmpagos tem aumentado significativamente sobre grandes áreas urbanas em relação às áreas vizinhas. Acredita‐se que este efeito esteja relacionado ao maior grau de poluição sobre estas regiões e ao fenômeno conhecido como "ilha de calor", aquecimento provocado pela alteração do tipo de solo e a presença de prédios. SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE 2.4 Origem dos Relâmpagos Os relâmpagos se originam da quebra de rigidez dielétrica ou da capacidade isolante do ar. No experimento realizado ocorre, precisamente, uma descarga elétrica, cuja diferença é que por estar alimentado na rede elétrica do laboratório são produzidos centenas de raios por minuto, porém de intensidade e dimensões muitíssimo menores do que aquelas observadas nos fenômenos atmosféricos A quebra de rigidez do ar ocorre quando o campo elétrico é suficiente para ionizar os átomos do ar e acelerar os elétrons a ponto de produzir uma descarga. Medidas em laboratório estimam que para que a quebra de rigidez do ar ocorra dentro da nuvem, campos elétricos devem ser da ordem de 1 milhão de V/m. Em nosso experimento, a intensidade do campo elétrico foi da ordem de 10 vezes menor do que os que normalmente ocorrem no interior de uma nuvem. Medidas recentes têm mostrado que o campo elétrico dentro das nuvens de tempestade atinge valores máximos entre 100 e 400 kV/m. Estes valores são inferiores àquele para a quebra de rigidez do ar na altura da nuvem, e em princípio, não seriam suficientes para que ocorra a quebra de rigidez dielétrica do ar nestes níveis, a não ser que outros processos estejam atuando. Dois processos têm sido propostos para explicar a iniciação dos relâmpagos a partir dos valores de campo elétrico medidos. Um deles considera que as gotículas de água se polarizam pelo campo elétrico ambiente atuando de modo a reduzir o campo necessário para a quebra de rigidez. Tal processo, contudo, aparentemente não é capaz de reduzir o campo para quebra de rigidez aos valores observados. O segundo processo considera que os elétrons secundários produzidos pela radiação cósmica na atmosfera atuam de modo a iniciar as descargas ao serem acelerados por estes campos, ao invés dos elétrons de baixa energia dos átomos do ar, num processo denominado quebra de rigidez por avalanche. Ambos os processos não explicam completamente o surgimento dos relâmpagos. Depois de iniciada a descarga, os elétrons na região de cargas negativas são atraídos por cargas positivas que começam a se mover através do ar rumo a estas cargas criando um canal condutor. O processo de quebra de rigidez é normalmente localizado perto da região de cargas negativas da nuvem. SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE Matematicamente é possível expressar a relação a Intensidade de Campo Elétrico (E), pela relação entre a Diferença de Potencial (U), dada em volts (V), e a distância (D) expressa em metro (m): No experimento realizado a diferença de potencial era igual a 6,0 x 103 V, também expressa como 6,0 kV (lê‐se: seis kilovolts). Como a distância medida entre as extremidades dos eletrodos é de aproximadamente 6,0 cm, ou seja, 6,0 x 10‐2 m, o campo elétrico gerado pelo equipamento experimental será: Portanto: Note, portanto, que o experimento realizado no laboratório apresenta uma intensidade de campo elétrico da ordem de dez vezes menor do que a intensidade de campo elétrico médio, no interior de uma nuvem. SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE 2.5 Proteção contra Relâmpagos 2.5.1 Seres Humanos Para evitar acidentes com relâmpagos as regras de proteção pessoal listadas abaixo devem ser seguidas. Se possível, não saia para a rua ou não permaneça na rua durante as tempestades, a não ser que seja absolutamente necessário. Nestes casos, procure abrigo nos seguintes lugares: • carros não conversíveis, ônibus ou outros veículos metálicos não conversíveis; • em moradias ou prédios, de preferência que possuam proteção contra raios; • em abrigos subterrâneos, tais como metros ou túneis; • em grandes construções com estruturas metálicas; • em barcos ou navios metálicos fechados; • em desfiladeiros ou vales. Se estiver dentro de casa, evite: • usar telefone, a não ser que seja sem fio; • ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas; • tocar em qualquer equipamento elétrico ligado a rede elétrica. Se estiver na rua, evite: • segurar objetos metálicos longos, tais como varas de pesca, tripés e tacos de golfe; • empinar pipas e aeromodelos com fio; • andar a cavalo; • nadar; • ficar em grupos. Se possível, evite os seguintes lugares que possam oferecer pouca ou nenhuma proteção contra raios: SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE • pequenas construções não protegidas, tais como celeiros, tendas ou barracos; • veículos sem capota, tais como tratores, motocicletas ou bicicletas; • estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica. Se possível, evite também certos locais que são extremamente perigosos durante uma tempestade, tais como: • topos de morros ou cordilheiras; • topos de prédios; • áreas abertas, campos de futebol ou golfe; • estacionamentos abertos e quadras de tênis; • proximidade de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos; • proximidade de árvores isoladas; • estruturas altas, tais como torres, linhas telefônicas e linhas de energia elétrica. Se você estiver em um local sem um abrigo próximo e sentir seus pêlos arrepiados ou sua pele coçar, está indicando que um raio está prestes a cair, portanto, ajoelhe‐se e curve‐se para frente, colocando suas mãos nos joelhos e sua cabeça entre eles. Não se deite no chão. 2.5.2 Edificações: Pára‐raios Um sistema de proteção contra relâmpagos tem como objetivo blindar uma estrutura, seus ocupantes e seus conteúdos dos efeitos térmicos, mecânicos e elétricos associados com os relâmpagos. O sistema atua de modo que a descarga atmosférica possa entrar ou sair do solo sem passar através das partes condutoras da estrutura ou através de seus ocupantes, danificando‐os ou causando acidentes. Um sistema de proteção contra relâmpagos não impede que o relâmpago atinja a estrutura, ele promove um meio para controlar e impedir danos através da criação de um caminho de baixa resistência elétrica para a corrente elétrica fluir para o solo. A idéia de proteger prédios e outras estruturas dos efeitos diretos dos relâmpagos SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE através do uso de condutores foi pela primeira vez sugerida cerca de dois séculos atrás por Benjamin Franklin. Os principais componentes de um sistema de proteção contra relâmpagos são: • terminais aéreos • condutores de descida • terminais de aterramento • condutores de ligação equipotencial Os terminais aéreos, conhecidos como pára‐raios, são hastes condutoras rígidas montadas em uma base com o objetivo de capturar o relâmpago. Eles devem ser instalados nos pontos mais altos da estrutura. Algumas vezes, estas hastes são interligadas através de condutores horizontais. Os condutores de descida são cabos que conectam os terminais aéreos aos terminais de aterramento. Os terminais de aterramento são condutores que servem para conectar os condutores de descida ao solo. Eles são tipicamente condutores de cobre ou revestidos com cobre enterrados no solo. O nível de aterramento depende bastante das características do solo. Os condutores de ligação equipotencial, por sua vez, são condutores que visam igualar o potencial entre os diferentes condutores para impedir descargas laterais. Descargas laterais, também conhecidas como correntes de sobretensão, são causadas por diferenças de potencial entre a corrente, percorrendo o condutor, e objetos próximos. Elas são resultados da resistência finita dos condutores à passagem de corrente elétrica e à indução magnética. A zona de proteção de um sistema de proteção formado por um terminal aéreo é a região adjacente a qual é SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE substancialmente imune à incidência direta de relâmpagos. Como uma regra simples, esta região pode ser representada por um cone ao redor do terminal aéreo, tendo um raio no solo equivalente a altura do terminal aéreo em relação ao solo. A aplicação desta teoria, denominada teoria do cone de proteção, tem muitas exceções e deve ser considerada somente como uma primeira aproximação. Em particular, tem‐se mostrado que o raio do cone de proteção no solo depende do nível de proteção esperado, bem como da altura da estrutura. Para estruturas com alturas superiores a 20m, esta teoria não é aplicável. Nestes casos, aplica‐se a teoria conhecida como teoria da esfera rolante. Esta teoria é baseada no conceito de distância de atração, que é a distância entre a ponta do líder escalonado e o ponto de queda do relâmpago no solo no instante da quebra de rigidez dielétrica do ar próximo ao solo. A zona de proteção calculada por esta teoria é em geral menor que aquela obtida pela teoria do cone de proteção. Para estruturas com alturas superiores a 60m, outro tipo de sistema de proteção, que utiliza condutores horizontais conectando os terminais aéreos que forma uma gaiola, é recomendado pelas Normas Brasileiras de Proteção ABNT NBR‐5419. Para saber mais: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Endereço: http://www.inpe.br/webelat/homepage/ (acesso em 21.01.2010) SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE 3 Uso e cuidados com a eletricidade de uso doméstico e profissional Fonte: Instituto de Estudos e Pesquisas dos Trabalhadores do Setor Energético Na Internet: http://www.iepe.org.br/index.php/Geral/Cuidados‐basicos.html (acesso: 04.02.2010) 3.1 Segurança dentro de casa 3.1.1 ‐ Não ligue diversos aparelhos elétricos na mesma tomada Apesar desta ser uma prática caseira muito comum, ela é muito perigosa, e provoca sobrecarga e danos à sua instalação elétrica. Os fios podem sobreaquecer e causar curto‐circuito. Evite também o uso de extensões. 3.1.2 Na troca de lâmpadas Ao trocar uma lâmpada, sempre a segure pelo bulbo do vidro. Não encoste os dedos na parte interna do bocal (soquete). 3.1.3 ‐ Fique de olho nas instalações elétricas Confira periodicamente as suas instalações elétricas e troque o mais rápido possível os fios velhos com isolamento precário, desencapados ou defeituosos. Também não faça instalações com fios em mau estado, incompatíveis com a carga (finos demais), com disjuntores "automáticos" (com corrente nominal acima da capacidade de condução dos fios do circuito que está protegendo), nem utilize interruptores ou tomadas sem espelho (tampa). SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE 3.1.4 ‐ Não se esqueça de desligar a chave geral Antes de fazer qualquer reparo na instalação, desligue sempre a chave geral. 3.1.5 ‐ Fusíveis e disjuntores Na queima de um fusível ou no desligamento de um disjuntor, procure identificar a causa. Isso porque são esses dispositivos que protegem as instalações elétricas. Após solucionar o problema, substitua o fusível por outro de igual amperagem ou religue o disjuntor. Nunca use arames ou fios no lugar de fusíveis. 3.1.6 ‐ Problemas com os fios Emenda de fios malfeita, fios desencapados e mal isolados geram "fuga de corrente" e causam choques, podendo assim provocar o aumento do consumo de energia elétrica ou oferecer riscos de vida. 3.1.7 ‐ Evite "gambiarras" Não faça adaptações ou qualquer tipo de "gambiarra" em suas instalações elétricas, pois elas comprometem a segurança de seu imóvel e das pessoas que vivem ou trabalham nele. Fonte: http://rubensmolina.blog.uol.com.br/images/ gambiarra.jpg 3.1.8 ‐ Água e eletricidade: perigo de verdade A água é boa condutora de eletricidade, portanto, SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE nunca use e nem coloque aparelhos elétricos em lugares molhados (por exemplo, quando estiver no chuveiro ou na banheira). Também nunca mude a posição das chaves (verão/ inverno ou liga/ desliga) de seu chuveiro elétrico quando este estiver em funcionamento. 3.1.9 ‐ Normas ABNT = mais segurança para você Confira se suas instalações foram projetadas e executadas de acordo com as Normas NBR 5410 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ‐ ABNT. 3.1.10 ‐ Não abra o seu aparelho de TV Não mexa no interior de televisores, mesmo desligados. A carga elétrica pode provocar choques perigosos. Em caso de problemas com sua TV, chame um técnico. 3.1.11 ‐ Limpeza de aparelhos elétricos Somente limpe os eletrodomésticos de sua casa após desligá‐los e desconectá‐los da tomada. Jamais enfie garfos, facas ou quaisquer objetos metálicos no interior dos aparelhos, principalmente se eles estiverem ligados. 3.1.12 ‐ Aparelhos elétricos X canos metálicos Quando estiver utilizando algum aparelho elétrico, não se SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE encoste a canos metálicos (de água, por exemplo). Como eles estão em contato com a terra, a corrente elétrica poderá passar através de seu corpo. 3.1.13 ‐ Crianças em casa: todo cuidado é pouco Não deixe que crianças mexam em aparelhos elétricos, toquem em fios e nem muito menos coloquem dedos em tomadas. Nesse caso, procure utilizar dispositivos próprios para vedar tomadas ao alcance de crianças. Foto: imagem gerada por um Gerador de Van de Graaff, sem risco para a criança. No entanto, todo cuidado é pouco, quando o assunto é eletricidade e criança. Fonte: http://boaspiadas.blogspot.com/2007/06/foto‐engracada‐ de‐crianca.html (acesso em 04.01.2010) 3.1.14 ‐ Desligue corretamente o sue aparelho elétrico Nunca desligue um aparelho elétrico puxando pelo fio. 3.1.15 ‐ Aterramentos O aterramento dos aparelhos elétricos e da caixa do padrão de medição é uma medida de segurança em caso de defeitos, quando o fio da fase energizado toca as partes metálicas do próprio fio. 3.1.16 ‐ Choque no uso do chuveiro elétrico é sinal de problema Se você toma choques quando liga o chuveiro elétrico, então certamente há problema de aterramento (fio terra) na instalação do chuveiro. Nesse caso, não tente consertar o SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE defeito sozinho. Chame um eletricista de sua confiança. 3.2 Segurança externa 3.2.1 ‐ Cuidado com as árvores As árvores são indispensáveis à qualidade de vida, mas devem ser mantidas em um porte que não interfira nas redes elétricas, o que pode causar interrupções no fornecimento de energia, principalmente em dias de temporais e ventos fortes. Através da poda periódica você evita acidentes. Fonte: http://ibahia.globo.com/batv/materias_texto.asp?modulo=2912&codigo=205200 (acesso em 04.01.2010) 3.2.2 ‐ Instale a antena da TV longe da rede elétrica Nunca instale a sua antena de TV próxima a rede elétrica. Se, acidentalmente, a antena cair sobre a rede, pode provocar choques elétricos com conseqüências graves. Cuidado também com a reparação de antenas muito perto de fios elétricos. Prefira sempre deixar esses serviços para profissionais especializados. Fonte: http://www.abradee.org.br/Semana_2008/historico_dicas_2006.asp (acesso em 04.01.2010) 3.2.3 ‐ Cuidado com as pipas Não empine pipas em locais próximos às redes elétricas. Se a pipa de se enroscar em um fio, pode causar curto circuito na rede e até SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE um acidente grave. Oriente as crianças a brincar com pipas em áreas seguras, longe da fiação. 3.3 Interrupção de Energia Sempre que falta energia em uma casa, alguém faz a pergunta inevitável: "Será que o defeito é aqui em casa ou na rede da concessionária?" Na realidade, este tipo de problema pode ter 3 origens: 3.3.1 ‐ A interrupção foi programada pela concessionária. As interrupções são previstas com antecedência pela concessionária, para a realização de algum trabalho na rede elétrica. Elas são chamadas "interrupções programadas" porque o horário em que deverão ocorrer e seu tempo de duração são pré‐ determinados, acontecendo geralmente nos finais de semana, e a população é informada bem antes, através de comunicados em rádio. 3.3.2 ‐ Houve interrupção acidental na rede concessionária. Há casos em que as interrupções são imprevistas, pois resultam de algum acidente na rede de eletricidade da concessionária. 3.3.3 ‐ Aconteceu algum defeito na instalação elétrica da casa. Para descobrir se o defeito é em sua casa, verifique se os vizinhos têm energia elétrica. Não se baseie na iluminação pública, pois ela tem circuito independente e poderá estar acesa se a interrupção for apenas ao trecho da rede que fornece eletricidade à sua residência. Se o problema ocorre apenas em sua casa, veja como identificar a causa: Comece pela caixa de distribuição. Desligue a chave geral e examine todos os fusíveis. SEGURANÇA NO USO DA ELETRICIDADE Geralmente, o queimado está mais aquecido. Se ele for de louça, a ruptura na solda causada pelo excesso de carga elétrica estará bem visível. Ouro método para você procurar o defeito é desligar todas as chaves. Depois, ligue a chave geral e, uma a uma, vá ligando todas as chaves dos circuitos. O defeito poderá estar em um deles, exatamente naqueles cujos equipamentos a ele ligados não estiverem funcionando. Se nenhum dos circuitos funcionar, o fusível queimado poderá estar na chave geral ou no medidor de energia. Identificado e trocado o fusível, observe se, em seguida, ele queima de novo. Em caso positivo, estará havendo curto‐circuito ou sobrecarga em algum ponto da instalação elétrica. Você vai precisar então chamar um eletricista para reparar o defeito. Caso haja disjuntor do tipo "quick‐lag" em lugar do fusível, é só rearmá‐lo. Se acontecerem desligamentos seguidos, deve estar havendo algum problema mais sério. Aqui então você também deve chamar o eletricista.