RELÂMPAGOS E MEIO AMBIENTE Tainá Cristhina Nogueira João Orientação: Maria Lúcia Pereira Antunes O estudo de grandes tempestades e seus raios relaciona diversas áreas da Físicas tais como eletricidade, física térmica, ondas e acústica, eletromagnetismo e formas de energia. Cerca de 50-100 relâmpagos ocorrem a cada segundo em nosso planeta, a maior parte na região tropical (cerca de 70 %). Um relâmpago é uma corrente elétrica muito intensa que ocorre na atmosfera com típica duração de meio segundo e típica trajetória com comprimento de 5-10 quilômetros ( ver figura 1) é associado a nuvens chamadas cúmulo-nimbus (ver figura 2) ou de tempestade que são formadas quando são altas as temperaturas e a umidade do ar. Nessas ocasiões, o calor originário da radiação solar aquece o solo, que, por sua vez, aquece o ar das camadas mais baixas da atmosfera. O ar aquecido se expande e sobe. E, ao subir, cede calor ao ar das camadas mais altas da atmosfera e esfria. Enquanto esfria, o ar ascendente se condensa, formando pequenas nuvens - cúmulos-nimbos - verticalmente mais extensas, com a face inferior lisa. Elas se formam a cerca de 2 quilômetros de altura do solo e se estendem por até 18 quilômetros acima. Se a umidade do ar for muito grande, essas nuvens crescem e se aglomeram tornando-se cada vez maiores. Esse processo se acentua à medida que as gotículas de água das camadas mais altas da nuvem se congelam. A condensação cede calor ao ambiente e o aquecimento faz a coluna de ar elevar-se ainda mais. As gotículas de água também se agrupam, aumentando de peso até que a coluna de ar não mais as sustente, ocorrendo a precipitação. Figura 1 – Relâmpago Figura 2 – Nuvem cúmulo-nimbus As tempestades decorrem da formação de nuvens de tempestade que têm altura entre 1,5 a 15 km, apresentando temperaturas internas muito diferentes. Na parte inferior, a temperatura é próxima à do ambiente (em média 20°C), enquanto na parte mais alta pode atingir – 50°C. Este enorme gradiente de temperatura gera ventos muito intensos no interior das nuvens que, por sua vez, provocam a separação de cargas elétricas devido ao atrito entre as partículas de gelo existentes no topo. Por indução* no solo há surgimento de excesso de cargas positivas e se estabelece uma enorme diferença de potencial entre nuvem e solo, podendo atingir milhões de volts. Uma vez vencida a capacidade isolante do ar entre o solo e as nuvens, ocorrem de 30 a 40 descargas elétricas sucessivas de aproximadamente 0,01 segundo que constituem um único raio, uma descarga elétrica que aquece o ar, provocando uma expansão que se propaga em forma de uma onda sonora, originando o trovão que alcança um máximo de intensidade em torno de 50-100 Hz quando produzidos por relâmpagos no solo e enquanto que aqueles produzidos por relâmpagos nas nuvens tem um máximo em torno de 20-30 Hz, tendo durações típicas são 5-20 segundos e atingindo uma velocidade de cerca de 100.000 km/s. Parte da energia acústica do trovão esta concentrada em freqüências abaixo daquelas que o ouvido humano pode escutar** . Esta parte é chamada trovão infra-sônico e acredita-se estar associada com mudanças na energia eletrostática dentro da nuvem após a ocorrência de um relâmpago. As correntes elétricas envolvidas neste processo variam de 10.000 a 200.000 ampères, aumentando a temperatura do ar para até 30.000°C, provocando violenta expansão, com ondas de compressão que podem ser audíveis a alguns quilômetros de distância. Tipos de Raios Grande parte dos relâmpagos é nuvem-solo (ver figura 3). Relâmpagos solo-nuvem (ver figura 4) são relativamente raros e, geralmente, ocorrem do topo de montanhas ou estruturas altas, ou ainda podem ser gerados por foguetes lançados em direção as tempestades. Há também relâmpagos nuvem-nuvem (ver figura 5) e globular. Sendo este ultimo o nome dado a uma esfera luminosa que geralmente ocorre perto das tempestades (ver figura 6), mas não necessariamente simultaneamente a um relâmpago normal, ela pode apresentar as cores: vermelha, amarela, azul, laranja ou branca. Este tipo especial de descarga elétrica consiste geralmente num balão de plasma ou gás fortemente ionizado e tem um diâmetro de 10 centímetros a 1 metro. Aparecem próximo ao solo ou na atmosfera, e mantêm um brilho relativamente constante durante sua vida. Elas podem mover-se rápida ou lentamente (chega a atingir uma velocidade de 100 km/h) , ou ficar paradas, podem ser silenciosas ou produzir estalos, duram de segundos a minutos (média de 4 segundos) e desaparecem lenta ou subitamente em silêncio ou produzindo um ruído e deixando um odor de enxofre, interferindo nas emissões de rádio. Pode também deixar marcas de queimaduras e outros rastros no chão, mas atravessa os vidros, as paredes ou cortinas sem provocar incêndio. Embora elas tenham sido observadas por mais de um século, não são bem conhecidas e permanecem um mistério. Figura 3 – Relâmpago nuvem-solo. Figura 4 – Relâmpago solo-nuvem. Histórico Em 1785, Coulomb descobriu que o ar é condutor, observando que um objeto condutor isolado exposto ao ar gradualmente perdia sua carga. Sua descoberta, entretanto, não foi compreendida na época, visto que os gases eram então considerados como isolantes, e ficou completamente esquecida. Em 1804, P. Erman, de modo a explicar as observações de Saussure, sugeriu pela primeira vez que a Terra devia ser carregada negativamente. Em 1842, J. Peltier confirmou esta idéia e sugeriu que a carga no ar deveria ser originária da Terra, a qual por sua vez teria tornado-se carregada durante sua formação. Um relâmpago nuvem-solo negativo inicia-se através da quebra de rigidez do ar dentro da nuvem cúmulo-nimbus. Ela é causada por um intenso campo elétrico de cerca de 100-400 kV/m entre duas regiões de cargas opostas. Figura 4 – Relâmpago nuvem-nuvem Figura 5 – Relâmpago bola ou globular A capacidade da atmosfera de conduzir uma corrente elétrica é expressa em termos de sua condutividade. A condutividade na atmosfera inferior e média atmosfera é isotrópica, sendo dada pelo produto da densidade de íons, a carga dos íons e a mobilidade, onde somente os íons pequenos contribuem para a condutividade, uma vez que a mobilidade dos íons grandes é bem menor. A condutividade na atmosfera inferior e média atmosfera aumenta com a altitude. Esta variação é principalmente devida ao aumento da mobilidade com a altitude, em conseqüência da diminuição da densidade da atmosfera. A condutividade também varia com a latitude, devido à variação da intensidade de raios cósmicos, e tende a ser maior em altas latitudes. Perto da superfície da Terra, a condutividade apresenta variações em associação com a presença de neblina ou poluição. Na atmosfera superior, a condutividade é anisotrópica devido ao fato da mobilidade de íons e elétrons depender da direção do campo magnético. A 100 km de altitude, a condutividade do ar é 11 ordens de magnitude superior àquela perto do solo e aproximadamente igual à condutividade do solo. Influência sobre o Meio Ambiente Os relâmpagos têm um largo efeito sobre o meio ambiente, eles provavelmente estavam presentes durante o surgimento da vida na Terra e podem mesmo ter participado na geração das moléculas as quais deram origem a vida, eles provocam incêndios participando, com isto, na composição de equilíbrio das árvores e plantas. Relâmpagos modificam as características da atmosfera ao redor das regiões onde ocorrem, quebram as moléculas do ar, as quais ao se recombinarem produzem novos elementos que modificam o equilíbrio da atmosfera, afetando a concentração de importantes elementos como o ozônio, estes se misturam com a chuva e precipitam-se como fertilizantes naturais. Relâmpagos exercem um papel em manter o campo elétrico de tempo bom na atmosfera, o qual é uma conseqüência da carga negativa líquida existente na Terra e da carga positiva líquida na atmosfera e também exercem um papel significativo na manutenção do equilíbrio entre ondas e partículas na ionosfera e magnetosfera, atuando como uma fonte de ondas. Mesmo antes de um raio cair já existe perigo, pois as nuvens estão carregadas de eletricidade e, se por baixo da nuvem tivermos, por exemplo, uma cerca muito comprida, os fios da cerca também ficarão carregados com eletricidade, se uma pessoa ou animal tocar na cerca irá tomar um choque elétrico, que em alguns casos poderá ser fatal. * Uma das formas de eletrização dos corpos; processo pelo qual a separação de cargas ocorre sem o contato direto entre os corpos (sendo um deles eletrizado e o outro neutro). ** O som mais grave perceptível pelo ouvido humano possui freqüência aproximadamente igual a 20 Hz, ao passo que o som mais agudo que o ouvido humano pode detectar é de 20 kHz. BIBLIOGRAFIA Physical Science Study Committee edart - São Paulo Fundamentos de Física Ramalho, Ivan, Nicolau, Toledo vol.2 ed. Moderna Física Antonio Tagliaro 10a edição ed. F.T.D., S.A. Física, Um Curso Universitário Alonso e Finn vol.2 ed. Edgard Blucher Ltda. livros técnicos e sites: http://www.defesacivil.gov.br/recom03_index.htm http://www.gold.br.inter.net/luisinfotempesta.html http://www.fisica.ufc.br/tintim8.htm http://www.incess.ucsb.edu/gem/tempestades.htm http://www.ufpa.br/ccen/fisica/aplicada/duvidas.htm http://www.hidrofire.com.br/raios.htm http://www.tierramerica.net/2001/0826/pconectate.shtml http://www.geosfera.com.br/parceiros/segurança/raios.asp http://www.agr.feis.unesp.br/raios.htm http://www.geocities.yahoo.com.brcereni2003/raios.htm http://www.canaldoengenheiro.com.br/et/ufoxraios.htm