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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL
8,5
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Sirlene Oliveira de Sousa
[email protected]
Orientador (a): Prof. Ilso Fernandes do Carmo
PRIMAVERA DO LESTE/2013
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Sirlene Oliveira de Sousa
Orientador (a): Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência
parcial para obtenção do título de
Especialização em Psicopedagogia e
Educação Infantil.”
PRIMAVERA DO LESTE/2013
Dedico este trabalho a Deus, que me deu
forças durante esta caminhada, a minha
família, queridos companheiros dessa
jornada,
que
me
propiciaram
a
oportunidade de acreditar em mim mesma
e vencer, a meus filhos pelo carinho,
incentivo, pela minha luta diária, a
coordenadora do Curso Lisiani Fortini e
ao meu professor e orientador da
monografia Ilso Fernandes do Carmo.
AGRADECIMENTOS
Ao senhor Deus Poderoso e soberano, por ter me dado à vida e por não ter
me deixado sozinha nunca.
A minha mãe Maria José, meu exemplo, por caminhar ao meu lado todo o
tempo torcendo pela minha vitória a cada segundo.
Aos amigos e colegas da AJES que caminharam ao meu lado nesta jornada.
Ao meu orientador Ilso Fernandes do Carmo Fernandes, também por toda a
minha família.
“É pelo trampolim do riso e não pela lição
de moral que se chega ao coração das
crianças” (José Paulo Paes)
RESUMO
O propósito desta pesquisa é discutir as inferências de brinquedos e jogos
na construção do conhecimento em crianças da Educação escolar, tendo como
ponto de partida o ato de brincar como uma forma prazerosa de aprender, e sua
importância na educação infantil e fundamental, destacando a necessidade destes
para o desenvolvimento da criança. A infância é fascinante, durante a vida é neste
período
que
exteriorizamos
nossos
sentimentos,
nossas
experiências
e
essencialmente nossa criatividade da forma mais espontânea que existe: brincando.
Sendo este ato de liberdade que proporciona a construção do conhecimento, que é
adquirido pela criação de relações e não por exposições a fatos e conceitos
isolados. Portanto é através do lúdico que a criança desenvolve seus aspectos
emocionais, cognitivos e afetivos. Nesta pesquisa com base bibliográficas, procurouse analisar quais os conceitos que os professores vem trabalhando o brinquedo e o
jogo nas escolas, se eles usam esses recursos e se eles utilizam o lúdico como
instrumento de avaliação.
Portanto concluí que estes educadores já começaram a preocupar-se com a
questão do brincar na escola, de como ele é importante para aprendizagem da
linguagem e desenvolvimento cognitivo da criança. Através do jogo a criança
interage com a realidade e estabelece relações com o mundo em que vive.
Palavras-chave: criança, brincadeiras, lúdico, jogos e desenvolvimento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 07
CAPÍTULO I – A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ... 08
CAPÍTULO II – ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO BRINCAR NA
INFÂNCIA ................................................................................................................ 12
CAPÍTULO III – O EDUCADOR E O LÚDICO ......................................................... 19
CAPÍTULO IV - O JEITO DE APRENDER NO ESPAÇO LÚDICO ......................... 26
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 29
INTRODUÇÃO
Iniciou-se o trabalho realizando-se uma pesquisa bibliográfica buscando
encontrar autores que propiciassem o suporte teórico necessário para a abordagem
do tema proposto. Apresentar a importância do lúdico no desenvolvimento da
criança na educação infantil.
Percebe-se que brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio
deste ato que a criança pode reproduzir o seu cotidiano. O ato de brincar possibilita
o processo de aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da
autonomia e da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre
jogo e aprendizagem.
O objetivo deste estudo monográfico trata-se da construção de um estudo
bibliográfico sobre a temática, buscando suporte teórico e metodológico para
proporcionar aos Educadores de Educação Infantil uma proposta educacional
pautada nos valores éticos, morais, afetivos através das brincadeiras e jogos
infantis. A brincadeira povoa o universo infantil desde os tempos mais remotos da
História.
Através dela a criança apropria-se da sua imagem, seu espaço, seu meio
sociocultural, realizando inter e intra-relações. O brincar é um precioso momento de
construção pessoal e social, é permeado pelo eixo de trabalho Movimento, onde a
criança movimenta-se construindo sua moralidade, afetividade perante as situações
desafiadoras e significativas presentes no brincar e inerentes à produção social do
conhecimento. O lúdico é de suma importância no desenvolvimento da criança na
educação infantil.
Esse trabalho está composto por quatro capítulos. O primeiro capítulo nos
mostra a importância do brinquedo na educação infantil. O segundo capítulo nos
apresenta a importância do ensino-aprendizagem através do brincar na infância. O
terceiro capítulo mostra a importância do o educador e o lúdico.E o quarto capítulo
nos apresenta o jeito de aprender no espaço lúdico.
CAPÍTULO I – A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O brinquedo é um meio de expressão, é um objeto que pode ser oferecido
de grande número de significações pela criança e esta significação ocorre por meio
da expressão material, ou seja, das qualidades físicas do objeto brinquedo, como
cor, forma, textura, odor, ruídos, material de que é constituído ou construído, desse
modo o conteúdo de um brinquedo não determina a brincadeira, mas o ato de
brincar é que revela o contexto do brinquedo.
Como elementos de cultura os jogos e brinquedos estão ligados a outros
aspectos, como religião, trabalho, mitos e ritos. Vários autores consideram que os
jogos são mais antigos que o trabalho e fonte principal de cultura. (HIUZINGA,
1971).
O brinquedo possibilita que a criança construa suas relações com objeto,
relações de posse, de utilização, de abandono, de perda e de desestruturação que
constituem os esquemas que ela relaciona-se com outros objetivos na vida futura,
sendo que o brinquedo possui várias características e de modo especial, de ser um
objeto que possui vários significados, é dotado com um forte valor cultural.
A brincadeira não intenta alcançar objetivos pré-definidos, a diversão. Não
negando que a brincadeira acontece a aprendizagem; mas, o jogo, engloba a
brincadeira e, no ato de jogar é que existe o brincar.
“[...]. o brincar em qualquer tempo, não é trivial é altamente sério e de
profunda significação.” (FROBEL, apud, KISHIMOTO, 1999, p. 23).
Para a criança a brincadeira é uma forma privilegiada de interação com
outros sujeitos, adulta e crianças, e com os objetos e a natureza à sua volta.
Brincando, elas se apropriam criativamente de forma de ação social tipicamente
humana e de práticas sociais específicas dos grupos aos quais pertencem,
aprendendo sobre se mesmas e sobre o mundo em que vivem. O brincar, tanto para
educadores como para as crianças, constitui uma atividade humana promotora de
muita aprendizagem e experiências de cultura.
09
Brincar é muito importante porque, enquanto estimula o desenvolvimento
intelectual da criança, também ensina, os hábitos necessários ao seu
crescimento. O brincar é fazer em si, um fazer que requere tempo e
espaços próprios; um fazer que se constitui de experiências culturais, que é
universal e próprio da saúde, porque facilita o crescimento, conduz aos
relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação consigo
mesmo (a criança) e com os outros. (WINNICOTT, 1975, p. 63).
Os jogos e brincadeiras no trabalho psicopedagógico muito podem contribuir
na prática pedagógica, atingindo diferentes faixas etárias. Variando desde
brincadeiras já conhecidas da criança até a criação de novos jogos.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,
[...] brincar é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento
da identidade e da autonomia das crianças [...]”, além de [...] “desenvolver
habilidades importantes como a atenção, a imitação, a memória e a
imaginação, o aluno também amadurece a capacidade de socialização por
meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis
sociais (BRASIL, 1998, p. 22).
Lembrando que quando a criança cria um jogo ou o confecciona, a
motivação é sempre maior, fazendo com que ela se sinta valorizada, principalmente
as tímidas e com baixa estima.
Estes recursos possibilitam às crianças manifestarem curiosidades sobre os
conhecimentos já adquiridos, bem como a exploração de vários materiais que são
colocados a sua disposição, pois jogando e brincando, a criança assimila
conhecimentos, experiências e valores, contribuindo para o desenvolvimento
cognitivo, social e afetivo.
Segundo ARAÚJO (1992, p. 14),
É de fundamental importância o jogo na vida da criança, pois quando ela
brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de
esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter
sentimentos de liberdade e satisfação pelo que faz, dando, portanto, real
valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante.
Conhecendo o valor educativo contido nos jogos e brincadeiras, o educador
poderá alcançar um desenvolvimento globalizado, atingindo necessidades de seu
aprendiz, de forma que este seja um sujeito ativo na construção de seu
conhecimento, pois o encanto natural das crianças de todas as idades e realidades
sociais pelo brincar, nos fez pensar na importância dos jogos e brincadeiras como
parceiros do processo de ensino-aprendizagem.
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“Os brinquedos são suporte para a mediação do professor que desafia o
raciocínio das crianças, tornando possível que o aprender-descobrindo aconteça
dentro de um contexto.” (CHÂTEAU, 1996, p. 7)
As crianças brincam, transformando os brinquedos, reelaborando-os
criativamente. Combinando os dados da própria experiência, elas constroem uma
nova realidade e quando as crianças brincam entre si, ou sozinhas, não estão
“perdendo tempo”, mas sim construindo uma série de conhecimentos e de
habilidades importantíssimas, ao mesmo tempo em que podem reviver e resolver
uma série de conflitos emocionais, brincando na presença de adultos que se
interessam por seus jogos. (RISCHBIETER, 2000, p.98)
O ato de brincar, jogar, criar e imitar é um meio para que as crianças se
apropriem da cultura corporal na qual estão inseridas, contribuindo assim para o
desenvolvimento de relações interpessoais na sala de aula e fora dela. Em um
ambiente
organizado
os
jogos
e
brincadeiras
auxiliam
as
interações,
o
desenvolvimento cognitivo e a autonomia das crianças.
De acordo com MOYLES,
O brincar é o principal meio de aprendizagem da criança… [e esta]
gradualmente desenvolve conceitos de relacionamentos causais, o poder de
discriminar, de fazer julgamentos, de analisar e sintetizar, de imaginar e
formular. (2002, p.37).
Brincar leva naturalmente à criatividade, porque em todos os níveis do
brincar as crianças precisam usar habilidades e processos que proporcionam
oportunidades de ser criativo.
Então,
É preciso que os profissionais de educação infantil tenham acesso ao
conhecimento produzido na área de Educação Infantil em geral, para
repensarem sua prática, se reconstituir enquanto cidadãos e atuarem
enquanto sujeitos da produção, para que possam mais do que “implantar”
currículos ou “aplicar” propostas à realidade da creche/ pré-escola em que
atuam, para participar da sua concepção, construção e consolidação.”
(KRAMER apud CAMPOS, 1996, p. 19).
O educador deve ser o articulador dos processos de desenvolvimento e
aprendizagem,
orientando,
mediando,
propondo
desafios,
estimulando
a
curiosidade, a criatividade e o raciocínio da criança. Deve ainda criar atividades que
promovam a interação da criança com objetos e com outras crianças para que
ocorra o desenvolvimento infantil. Tudo isso deve acontecer de forma lúdica, pois
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além de divertir, as brincadeiras são excelentes aliadas no processo de
aprendizagem.
CAPÍTULO II – ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DO BRINCAR NA
INFÂNCIA
Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar
é um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do
lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é
promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o
conhecimento através das características do conhecimento do mundo.
A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica,
podem
desenvolver
diferentes
atividades
que
contribuem
para
inúmeras
aprendizagens e para a ampliação da rede de significados construtivos tanto para
crianças como para os jovens.
OLIVEIRA (1997, p. 57) acrescenta o fato que a:
Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações,
habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o
meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos
fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o
indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes da
informação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo). Em Vygotsky,
justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de
aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no
processo. (...) o conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente,
sempre envolvendo interação social.
Com isso, é possível entender que o brincar auxilia a criança no processo de
aprendizagem. Ele vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá no
desenvolvimento cognitivo e facilitando a interação com pessoas, as quais
contribuirão para um acréscimo de conhecimento.
A essas ideias associamos nossas convicções sobre o brincar como prática
pedagógica, sendo um recurso que pode contribuir não só para o desenvolvimento
infantil, como também para o cultural. Brincar não é apenas ter um momento
reservado para deixar a criança à vontade em um espaço com ou sem brinquedos e
sim um momento que podemos ensinar e aprender muito com elas. A atividade
lúdica permite que a criança se prepare para a vida, entre o mundo físico e social.
Observamos, deste modo que a vida da criança gira em torno do brincar, é por essa
razão que pedagogos têm utilizado a brincadeira na educação, por ser uma peça
importante na formação da personalidade, tornando-se uma forma de construção de
conhecimento.
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De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 23, v.01):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e
aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para
o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser
e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da
realidade social e cultural.
O Referencial Curricular aponta ainda que
Por isso o educador é a peça fundamental nesse processo, devendo ser um
elemento essencial. Educar não se limita em repassar informações ou
mostrar apenas um caminho, mas ajudar a criança a tomar consciência de
si mesmo, e da sociedade. É oferecer várias ferramentas para que a pessoa
possa escolher caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua
visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá
encontrar. (BRASIL, 1998, p. 30).
E continua sobre o papel importante do educador na educação infantil,
dizendo que,
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento,
organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que
articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e
cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos
conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na
instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no
parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir
um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de
experiências educativas e sociais variadas. (BRASIL, 1998, p.30).
Educar é acima de tudo a inter-relação entre os sentimentos, os afetos e a
construção do conhecimento. Segundo este processo educativo, a afetividade ganha
destaque, pois acreditamos que a interação afetiva ajuda mais a compreender e
modificar o raciocínio do aluno. E muitos educadores têm a concepção que se
aprende através da repetição, não tendo criatividade e nem vontade de tornar a aula
mais alegre e interessante, fazendo com que os alunos mantenham distantes,
perdendo com isso a afetividade e o carinho que são necessários para a educação.
A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a
aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a
ludicidade em parceria com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de
ensino-aprendizagem. E quando o educador dá ênfase às metodologias que
alicerçam as atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno, pois
se aprende brincando.
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SANTOS (2002), refere-se ao significado da palavra ludicidade que vem do
latim ludus e significa brincar. Onde neste brincar estão incluídos os jogos,
brinquedos e divertimentos, tendo como função educativa do jogo o aperfeiçoamento
da aprendizagem do indivíduo.
Assim, a ludicidade tem conquistado um espaço na educação infantil. O
brinquedo é a essência da infância e permite um trabalho pedagógico que possibilita
a produção de conhecimento da criança. Ela estabelece com o brinquedo uma
relação natural e consegue extravasar suas angústias e entusiasmos, suas alegrias
e tristezas, suas agressividades e passividades.
Ainda SANTOS (2002, p. 12), relata sobre a ludicidade como sendo:
(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser
vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a
aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para
uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os
processos de socialização, comunicação, expressão e construção de
conhecimento.
Ao assumir a função lúdica e educativa, a brincadeira propicia diversão,
prazer, potencializa a exploração e a construção do conhecimento. Brincar é uma
experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da
Educação Infantil.
Portanto, cabe ao educador criar um ambiente que reúna os elementos de
motivação para as crianças. Criar atividades que proporcionam conceitos que
preparam para a leitura, para os números, conceitos de lógica que envolve
classificação, ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe na
resolução de problemas, aprendendo assim expressar seus próprios pontos de vista
em relação ao outro.
OLIVEIRA (1997, p. 61) afirma que:
A implicação dessa concepção de Vygotsky para o ensino escolar é
imediata. Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a escola
tem um papel essencial na construção do ser psicológico adulto dos
indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas. Mas o desempenho
desse papel só se dará adequadamente quando, conhecendo o nível de
desenvolvimento dos alunos, a escola dirigir o ensino não para as etapas de
desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos, funcionando
realmente como um motor de novas conquistas psicológicas. Para a criança
que freqüenta a escola, o aprendizado escolar é elemento central no seu
desenvolvimento.
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O processo de ensino e aprendizagem na escola deve ser construído, então,
tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança, num
dado momento e com sua relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido, e
como ponto de chegada os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente
adequados à faixa etária e ao nível de conhecimentos e habilidades de cada grupo
de crianças. O percurso a ser seguido nesse processo estará demarcado pelas
possibilidades das crianças, isto é, pelo seu nível de desenvolvimento potencial.
Enfim, estar ao lado do aluno, acompanhando seu desenvolvimento, para
levantar problemas que o leve a formular hipóteses. Brinquedos adequados para
idade, com objetivo de proporcionar o desenvolvimento infantil e a aquisição de
conhecimentos em todos os aspectos.
A partir da leitura desses autores podemos verificar que a ludicidade, as
brincadeiras, os brinquedos e os jogos são meios que a criança utiliza para se
relacionar com o ambiente físico e social de onde vive, despertando sua curiosidade
e ampliando seus conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos físico, social,
cultural, afetivo, emocional e cognitivo, e assim, temos os fundamentos teóricos para
deduzirmos a importância que deve ser dada à experiência da educação infantil.
Para KISHIMOTO (1998, p. 109) “o jogo está na gênese do pensamento, da
descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar de criar e transformar o
mundo.” Partindo do pressuposto que a Educação Infantil é direcionada à promoção
da infância e que o aprendizado começa a ser construído desde o nascimento,
torna-se essencial integrar ao ensino infantil características lúdicas que possibilitem
à criança uma integração e socialização mais prazerosa dentro da escola, e ainda
promovam a criatividade e as descobertas que, muitas vezes, ficam implícitas no
interior do aluno.
O ensinar na Educação Infantil deve ser sempre acompanhado da ideia de
aprender, ou seja, quando um educador, em conjunto com os colaboradores da
escola, compreende que a educação é uma troca e que, portanto, é necessário que
haja sempre inovação, a partir daí surgem contextos e situações diferenciadas e
atrativas para ambos, aluno e professor.
Segundo MOYLES,
16
Crianças de todas as capacidades e idades ficam mais dispostas a
compartilhar e discutir uma atividade escolhida e estruturada por elas
quando têm tempo para explorar uma área de interesse. É nesse estágio da
educação que as crianças precisam ter tempo para se dedicar por longos
períodos às suas próprias investigações. As atividades
lúdicas permitem
que elas comecem por aquilo que já sabem, procurem estruturas entre
ideias e explorem e deem status às idéias intuitivas e imaginativas. (2006,
p.163).
Visto dessa forma, pode-se inferir que o lúdico é um estímulo ao
aprendizado espontâneo, constituindo-se como uma forma de proporcionar novos
saberes e, desde cedo, incentivar a construção da autonomia e identidade do
educando. As brincadeiras, jogos, músicas e brinquedos assumem uma postura de
estimuladores do conhecimento e não simples estratégias para manter os
educandos comportados na sala de aula.
Deixar que a criança evidencie o mundo do faz-de-conta é consentir que ela
aprenda a lidar com a realidade, que ela vivencie um pouco do mundo dos adultos
dentro das suas possibilidades e de acordo com ingenuidade própria da infância. O
papel do adulto nesse sentido, e principalmente do professor, é fornecer elementos
que transformem o faz-de-conta em ações educativas e que a criança não
ultrapasse nas suas brincadeiras. Nesse caso, quando, por exemplo, a criança
brinca de imitar cenas como beijos, atitudes que acontecem ao seu redor, palavras
inadequadas, o orientador pode utilizar-se daquele momento para orientar sobre a
fase certa de determinados gestos ou ações que não devem ser imitadas.É valido
ressaltar que a introdução de jogos pode possibilitar a compreensão e manutenção
das regras na sala de aula, uma vez que à medida que a criança joga, aprende a
seguir e a cumprir não só as regras do jogo, mas também as do cotidiano escolar e
como consequência do mundo que a cerca.
Nessa perspectiva, a conscientização e a mediação do professor são fatores
relevantes na inserção do lúdico dentro das instituições de ensino. Essa nova forma
de ensinar e aprender brincando deixa para trás o aprendizado tradicional,
incrementa as aulas e dá proporções de modernidade à educação e ao pensamento
pedagógico.
Desse modo, o cenário educacional se expande através de manifestações
de valorização à infância e da participação do aluno no processo de aprendizagem.
A ludicidade é algo que faz parte da vida de qualquer ser humano, isto é, o
indivíduo já nasce envolvido por sentimentos de alegria e de risadas. No cenário do
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aprendizado, esse aspecto não pode ser diferente, já que a alegria precisa ser uma
meta, e o lúdico deve ser interligado à diversão e ao aprendizado, ganhando assim,
um teor pedagógico dentro da educação.
Para MOYLES (2006, p. 162), “O adulto estará na posição de oferecer
atividades de aprendizagem cuidadosamente planejadas que ajudarão a criança a
questionar, desenvolver e refletir sobre suas idéias.”
A criança, por sua vez, precisa ser respeitada, ter a oportunidade de expor
suas emoções e sentimentos em qualquer ambiente, principalmente na escola que é
um lugar que favorece as descobertas e o seu envolvimento com outras crianças e
que diariamente é acompanhada e direcionada por adultos.
Cabe, então, à escola, com a intervenção do professor, compor conteúdos
que se adaptem e agucem o aprendizado e interesse, como por exemplo, o lúdico
por intermédio das brincadeiras.
Uma das questões que devem ser ressaltadas sobre o lúdico é que inserir
brincadeiras nas aulas não implica em deixar que elas aconteçam de maneiras
desorganizadas e sem sentido para o aprendizado. O professor precisa, antes de
qualquer ação, planejar e dar sentido pedagógico às brincadeiras, oportunizar
através delas que realmente haja uma expansão e descoberta do conhecimento.
Conforme SANTOS,
Independente da época, cultura e classe social, os jogos e brincadeiras
fazem parte da vida da criança, pois elas vivem num mundo de fantasia, de
encantamento, de alegria, de sonhos, onde realidade e faz de conta se
confundem. O jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si
mesmo, da possibilidade de experimentar de criar e de transformar o
mundo. (2000, p. 9).
É no constante ato de brincar que o educador encontrará na criança suas
características, seu modo de ser e de se integrar. Uma criança que não vive a
infância com naturalidade e que lhe é tirado o direito de se expressar através das
brincadeiras, provavelmente, será um pequeno indivíduo limitado ao que almeja o
adulto, um futuro cidadão sem participação ativa nas questões sociais e,
consequentemente, nas atitudes e ações pessoais.
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da
identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se
comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na
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brincadeira, faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as
crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a
atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas
capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e da
experimentação de regras e papéis sociais. (LOPES, 2006, p. 110)
A ludicidade é de certa forma a linguagem da infância vista de maneira mais
proveitosa; é um método de ela se comunicar com o mundo e com o adulto e
demonstrar o que, muitas vezes, está implícito em seu eu.
Pensar o lúdico como um meio de comunicação no cotidiano escolar e
consequentemente como fonte de informação é possibilitar que a criança se
relacione com o meio que a cerca e isso deve ser um pensamento unificado nos
sistemas de ensino e uma meta entre os que regem a educação.
CAPÍTULO III – O EDUCADOR E O LÚDICO
Valorizando a importância dos jogos no desenvolvimento e na formação da
criança, pretende-se com esse capítulo enfatizar sobre o lúdico na educação e a
prática do educador no processo ensino aprendizagem, demonstrando que através
do jogo a criança se socializa, encontra prazer, desenvolve a motricidade , o
intelecto, criando e reconstruindo a realidade à sua volta.
Segundo Nunes de Almeida (2003), é uma tarefa muito difícil formar
professores para uma plena e inteira introdução do lúdico na escola. Somente se o
educador estiver bem preparado para realizar uma educação lúdica é que ela terá
um sentido real, verdadeiro, funcional.
Segundo MAKARENKO, apud ALMEIDA (2003, p. 65),
A tarefa é difícil, mas possível. A realidade pode tornar-se a base e a
própria fonte do prazer ao mostrar a contradição entre o dever, a alegria
presente e a aspiração de buscar e aprender sempre .
“O professor não deve opor-se à liberdade do aluno. Deve, sim, reforçar a
confiança, incentivar,a autonomia do aluno[...].”
ALMEIDA (2003), ainda no fala que nos dias de hoje os alunos só acreditam
nos professores que sabem participar, transformar suas aulas em trabalho-jogo
seriedade e prazer. Quando os alunos gostam do professor, se esforçam mais para
aprender e não decepcioná-lo. Do mesmo modo, quando um professor desperta na
criança a paixão pelos estudos e confia nela, ela mesma buscará o conhecimento,
descobrindo que a melhor escola é aquela que existe dentro dela mesma.
Muitos educadores, disse ainda Nunes de Almeida (2003), não aprenderam
a confiar nos alunos. Não conseguem sequer despertá-lo e conscientizá-lo de sua
capacidade. Daí impõe o saber e o cobram com medo de que os alunos dominem.
Frente a isso, é preciso recuperar o verdadeiro sentido da palavra escola:
lugar de alegria, prazer intelectual, satisfação.
De acordo com FAZENDA, apud PINTO (2003, p.106):
O professor precisa ser o condutor do processo, mas é necessário adquirir a
sabedoria da espera, o saber ver no aluno aquilo que nem o próprio aluno
havia lido nele mesmo, ou em suas produções. A alegria, o afeto, o
aconchego, a troca, próprios de uma relação primal, urobórica não podem
pedir demissão da escola; sua ausência poderia criar um mundo sem
colorido, sem brinquedo, sem lúdico, sem criança, sem felicidade.
20
É preciso repensar a formação do professor para que estes tornem sua
prática reflexiva e sejam cada vez mais competentes, alimentando o desejo de
aprender de seus alunos e transformando a realidade.
Nunes de Almeida (2003, p.121) nos diz que “antes mesmo de sugerir
qualquer tipo de atividade é necessário que os alunos estejam conscientes e
preparados para isso.” Conhecendo suas regras para fazer bom uso delas. Quando
não há discussão de regras podem acontecer competições que poderão transformar
a atividade em um antijogo, onde há violência e transgressão.
Do comportamento da criança decorre o sucesso do jogo. Existem situações
onde as próprias crianças estabelecem as regras do jogo. Em outras, cabe ao
professor discutir as regras com eles. Para um melhor desempenho das atividades
lúdicas, o professor poderá, antes de entrar na fase de execução dos jogos,
juntamente com o grupo de alunos, levantarem as atitudes básicas que norteiam o
bom comportamento dos participantes.
De acordo com Nunes de Almeida (2003, p.122), “Cabe ao professor
certificar-se de que os participantes entenderam as regras, as metas e o
funcionamento do jogo.”
Ao aplicar um jogo a primeira preocupação do professor é explicar
minuciosamente os detalhes, fazendo com que os participantes entendam suas
explicações, sendo interessante que elabore por escrito o que será aplicado, para se
sentir seguro, não decepcionando seus alunos por falta de organização. Cada
palavra ou gesto do professor deve representar entusiasmo e estímulo.
Portanto, o conhecimento e participação do educador com o lúdico é
fundamental no processo ensino-aprendizagem, na troca de experiências entre
professor e aluno. O educador deve usar recursos e técnicas criativas e envolventes
para conquistar a confiança do seu aluno.
Segundo Macedo; MACEDO; PETTY; PASSOS (2005, p. 17),
Escola obrigatória que não é lúdica não segura os alunos, pois eles não
sabem nem têm recursos cognitivos para, em sua perspectiva, pensar na
escola como algo que será bom em um futuro remoto. [...] Em jogos e
brincadeiras, as tarefas ou atividades não são meios para outros fins, são
fins em si mesmos. Na perspectiva das crianças, não se joga ou brinca para
ficar mais inteligente. [...] joga-se e brinca-se porque isso é divertido,
desafiador [...].
21
De acordo com ALMEIDA (2007, p. 23), o professor sozinho pode tornar um
espaço, ainda que pobre de recursos, em um rico ambiente educativo; no entanto,
um rico espaço pode ser também um paupérrimo ambiente educativo. Material
sozinho não funciona. Ele precisa ser humanizado. Ele precisa vir para dentro da
vida do conhecimento de busca.
Enfim precisa-se de educadores mais comprometidos com a educação
lúdica e saberes lúdicos, para o êxito das crianças, principalmente na educação
infantil.
O lúdico aplicado à prática pedagógica não apenas contribue para a
aprendizagem da criança, como possibilita ao educador s aulas mais dinâmicas e
prazerosas.
A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras
na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao educador. Brinquedos não
devem ser explorados somente como lazer, mas também como elementos bastante
enriquecedores para promover a aprendizagem.
Os educadores precisam estar cientes de que a brincadeira para o educando
é necessária e que ela traz enormes contribuições no desenvolvimento da habilidade
de aprender a pensar.
SANTOS (1997, p.14), afirma que, “quanto mais o adulto vivenciar sua
ludicidade, maior será a chance de este profissional trabalhar com a criança de
forma prazerosa.” Desta maneira, o jogo e a brincadeira são experiências vivenciais
prazerosas. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir em
um processo vivenciado prazerosamente.
A escola, ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um
bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade
vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados. Para
CAMPAGNE, citado por KISHIMOTO (1994, p.113), “a atuação do professor incide
sobre a valorização das características e das possibilidades dos brinquedos e sobre
possíveis estratégias de exploração.”
Nesse sentido, os educadores podem oferecer informações sobre diferentes
formas de utilização dos brinquedos, ampliando o referencial infantil. É importante
que os brinquedos oferecidos às crianças reconheçam e valorizem os aspectos
22
culturais da própria região, explorando suas origens, seus materiais, sua estética e
sua história.
De acordo com SANTOS (1997, p.38), ”a formação lúdica valoriza a
criatividade, o cultivo da sensibilidade e a busca da afetividade”, o adulto que
vivencia atividades lúdicas revive e resgata com prazer à alegria do brincar,
potencializando a transposição dessa experiência para o campo da educação, por
meio do jogo.
O lúdico como prática pedagógica requer estudo, conhecimento e pesquisa
por parte do educador.
É importante que o educador descubra e trabalhe a dimensão lúdica que
existe em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a
sua prática pedagógica.
No entanto, para que isso aconteça é necessário que ele busque resgatar a
ludicidade, os momentos lúdicos que com certeza permearam seu caminho.
Importante ressaltar que os jogos, ao serem utilizados pelo educador no
espaço escolar, devem ser devidamente planejados.
Neste enfoque, ANTUNES (1998, p.37) destaca que:
Jamais pense em usar os jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso
planejamento, marcado por etapas muito nítidas e que efetivamente
acompanhem o progresso dos alunos, e jamais avalie qualidade de
professor pela quantidade de jogos que emprega, e sim pela qualidade dos
jogos que se preocupou em pesquisar e selecionar.
No planejamento de uma atividade, o professor deve antes adequar o tipo de
jogo ao seu público e o conteúdo a ser trabalhado, para que os resultados venham
ser satisfatórios e os objetivos alcançados.
O lúdico como recurso pedagógico revela que os educandos, na maioria das
vezes, percebem suas capacidades e suas dificuldades. Cabe ao educador
identificar tais capacidades de formar e propiciar a integração de todas as áreas de
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.
É nessa perspectiva que o lúdico é um importante recurso pedagógico para
a definição de ações pedagógicas adequadas a serem estudadas em cursos de
formação de professores. Com efeito, a utilização de jogos e brincadeiras em
23
diferentes situações educacionais é um meio para estimular as aprendizagens
específicas dos alunos.
O fundamental é o professor deixar que a criatividade seja sua aliada no
exercer da ludicidade.
O professor é o grande agente do processo educacional. A alma de
qualquer instituição de ensino é o professor. Por mais que seja investido na
equipagem das escolas, em laboratórios, bibliotecas, anfiteatros, quadras
esportivas, piscinas, campos de futebol, tudo isso não se figura mais do que
aspectos matérias se comparados ao papel e a importância do professor.
(ANTUNES, 2002, p. 40).
É fato real que a formação superior, em conjunto com a habilidade e
interesse de renovação do professor, são essenciais para uma aula mais proveitosa
e criativa, entretanto, a autêntica vocação, conscientização e sensibilidade,
principalmente do professor de Educação Infantil, são valores indispensáveis no
processo educativo. A compreensão e o afeto devem sempre ser praticados em
qualquer ação educativa e estar interligados à função e ao exercício do magistério
de qualquer profissional da educação.
Reconhecer que o aluno é o foco principal dentro do ambiente escolar e que,
portanto, precisa estar constantemente envolvido na construção do ensino e ainda
ser valorizado a partir das suas características, atitudes e valores, sejam elas,
sociais, individuais ou coletivas, é importantíssimo para que haja realmente um
aprendizado mais construtivo. Nesse contexto, o lúdico propõe a diversificação e o
senso de continuidade nas aulas, dando sentido e garantia de que o mundo infantil
prevaleça e que o educador não se limite a conteúdos que, muitas vezes, estão
relacionados somente aos seus objetivos e até mesmo de muitos pais que
compreendem que a escola deve ser apenas um lugar de aprender a ler e escrever,
ou um espaço para que a criança permaneça enquanto os responsáveis trabalham.
Nesse sentido, pode-se inferir que o educador é a grande ênfase, o
mediador em todo o processo de aprendizagem e de ludicidade, sendo ele o
responsável pela modificação, tornando possível que a criança seja ela mesma na
escola. Assim, o professor influencia o brincar ao mesmo tempo em que auxilia na
manutenção da disciplina e integração no momento das brincadeiras.
O papel do educador infantil, antes limitado pelo seu próprio olhar e pelo
olhar da sociedade em geral (ironicamente, em tempos idos, chamado
algumas vezes de babá de luxo), hoje se redimensiona. Ele passa a ser o
indispensável mediador da aprendizagem, o conciliador de conflitos entre as
crianças e entre os pais, o modelo de curiosidade, de comportamentos
saudáveis e de espírito crítico. (SIMÕES, 2004, p. 255).
24
É visível que muitos professores não conseguem abdicar de suas aulas
tradicionais, que pouco brinca ou cantam na sala de aula, e alguns acreditam que
brincar atrapalha na questão da disciplina e organização das aulas. Dessa forma, é
preciso que além de conhecimento sobre o assunto, o professor tenha o olhar, a
sensibilidade e a percepção de que atuar na Educação Infantil é acima de qualquer
conceito uma questão de vivenciar e sentir que a educação é responsabilidade de
todos que a escolhem não só como trabalho, mas como algo que faz parte do
processo de transformação do indivíduo a partir da infância.
Vale ressaltar que muitos brinquedos podem ser construídos pelo professor
em conjunto com o aluno. Um professor desenvolve um ensino motivador e
explora as linhas de uma aprendizagem significativa na análise de
matemática, ciências ou história, é possível que todos os alunos aprendam,
mas se promove um jogo
que ressalte a percepção sobre o
autoconhecimento ou sobre a empatia, ainda que seja possível que todos
percebam essa finalidade, alguns mudarão seu comportamento emocional e
outros não devido à persistência necessária. (ANTUNES, 2002, p. 10.11)
O reconhecimento do que consiste a criança, seus princípios e concepções
deve ser um complemento para que o professor melhore sua atuação, amplie seu
planejamento e enriqueça suas metodologias educacionais, fazendo do lúdico um
instrumento de apoio e de maior qualificação à pratica educativa.
Destaca-se, ainda, que o professor é merecedor do título de mediador, pois
é ele quem está frente a frente com o aluno, sabe das suas necessidades e o que
pode ser acrescentado para que haja uma relação mais ampla e mais favorável ao
seu dia a dia, especialmente quanto às crianças no processo de Educação Infantil
que dependem do adulto para cuidados e atenção.
O lúdico é acima de tudo a oportunidade de aproximação e valorização do
trabalho do professor que em, meio a uma função tão importante, muitas vezes
18passa por muita discriminação tanto no âmbito salarial quanto na relação com os
pais ou até mesmos dos colaboradores do contexto escolar, por isso é comum
encontrar educadores desmotivados, fechados ao novo, ao senso de mudança.
Talvez isso também ocorra porque o próprio educador caiu no senso da falta
de estímulo, de motivação e encontre barreiras dentro de si para compreender que
a Educação Infantil, diferente das outras etapas de ensino, merece uma atenção
maior, pelo simples fato de que ser criança é ainda uma fase da inocência, das
descobertas, mas é também a fase da dependência das pessoas que as cercam.
25
No processo de ensino do sistema de conhecimentos, ensina-se a criança o
que ela não tem diante dos olhos, o que vai além dos limites de sua
experiência imediata. Pode-se dizer que a assimilação dos conceitos
elaborados no processo da própria experiência da criança (VYGOTSKY,
2001, p. 269).
Então, é responsabilidade da família, da escola, dos governantes e da
sociedade em promover não só um ensino pautado e limitado aos ideais dos
adultos, mas uma escola de Educação Infantil que priorize a infância para que o
aprendizado aconteça de forma diferenciada.
Nessa perspectiva, o professor acolhe, resgata e transmite ao aluno tudo
que advém em prol de dar maior qualidade e estabilidade à criança. Assim, inserir,
vivenciar e tornar acessível o lúdico no cotidiano escolar depende da interferência e
conscientização do professor que ganha maior reforço nas aulas e ainda se diverte
quando brinca, joga ou canta com as crianças.
CAPÍTULO IV - O JEITO DE APRENDER NO ESPAÇO LÚDICO
Cada criança tem seu jeito de aprender, seu tempo que deve ser respeitado,
necessitando de um ambiente que seja aconchegante e acolhedor. Segundo PINTO
(2003, p.108),
Quando a criança é aceita com seu jeito de aprender, quando descobre que
o ambiente é acolhedor, o próprio ambiente lúdico conjuga o verbo aceitar,
que os seus limites são respeitados, como conseqüência, ela abre sua
guarda, fica aberta também para o conhecimento e vai empregar todos os
recursos disponíveis para ultrapassar seus próprios limites e atingir todo o
seu potencial. Ela estará construindo um adulto seguro, capaz de ousar,
íntegro.
Muitas crianças têm um jeito diferente de aprender. Mais que jeito é esse?
De acordo com Marly Rondan Pinto (2003, p. 107),
Esse jeito é um conjunto de recursos, estratégias, comportamentos, gestos,
sons a que a criança recorre a aprender. Este conjunto tem um número
infinito de componentes, pois cada criança é diferente da outra.
Para que a criança confie nas pessoas, é necessário muita paciência,
carinho e dedicação e que seja um acolhimento sincero em um ambiente que lhe
proporcione prazer e segurança.
Segundo PINTO (2003, p.109), quando a criança inicia sua vida escolar,
precisa de um ambiente acolhedor, com visual agradável, bonito, colorido
[...] mas não bastam paredes desenhadas, pintadas ou jardins e árvores: a
postura do adulto que irá receber a criança necessita de um acolhimento
verdadeiro e prazeroso e que será aceita do jeito que sabe ser, sem
condições [...]” depois que adaptar-se, confiar nas pessoas que a rodeiam,
poderá então sugerir, ensinar, começar a mostrar o papel que cada um
desempenha e os limites de cada um “[...] a criança deve ser vista como um
todo: corpo físico, emoção, suas vivências, um ser pleno e não apenas o
lado cognitivo.
Nem sempre a escola tem um ambiente alfabetizador. Felizmente muitas
crianças aprendem coletivamente, mesmo o professor tendo como elementos como
o quadro e o giz. Mas a criança necessita do lúdico para um desenvolvimento
preciso, e que lhe proporcione prazer, brincando, criando, descobrindo um mundo de
muitos obstáculos, que serão vencidos com suas habilidades e experiências.
O jogo é considerado como um treino par a vida adulta. Brincando, a criança
aprende de forma diferente, sendo mais gostoso o aprender. A partir da vivência
27
com outras crianças e o lúdico, ela socializa, cria, recria, inventa, tendo um jeito
especial de agir e de olhar o mundo.
O material pedagógico também é essencial para um bom desempenho da
atividade lúdica, e tem que ser trabalhado de acordo com cada dificuldade da
criança, respeitando o jeito de aprender de cada uma.
Segundo PINTO (2003, p.109), “para cada jeito de aprender, existe um jeito
de ensinar.” O material pedagógico não deve ser visto como um objeto único,
sempre igual para todos, pois se trata de um instrumento dinâmico que se altera em
função dos elos simbólicos e imaginários da criança.
Há vários tipos de crianças, umas mais quietas, outras mais agitadas, e que
precisam de uma atenção mais direcionada do educador, pois estão em constante
movimento, e que às vezes atrapalham as outras crianças, sendo o seu tempo de
concentração muito curto. Afirma Marly Rondan Pinto,
Sempre que aparece um caso como este, cabe a professora facilitar o
acesso desta criança a um número maior de brinquedos para ela manipular
e, sempre que possível, brincar junto, jogar com ela, assim o seu tempo de
brincar vai ficando mais longo e ela vai acabar aprendendo do seu jeito.
(2003, p.108).
Portanto a criança ser aceita como é, é muito importante para seu
desenvolvimento no espaço lúdico, sendo um fator muito rico na aprendizagem. E
são os jogos e brincadeiras que tornam um facilitador para que tudo aconteça de
forma natural e prazerosa. Enfim, os jogos não são um modelo, uma receita ou um
manual pronto e acabado, onde não se pode alterar, acrescentar ou diminuir nada.
Pelo contrário, os jogos devem ser alterados para melhor se adequar às
necessidades da turma e dos objetivos que se tem frente a ele em cada momento.
Assim o brincar de forma organizada, edificada abre portas, sendo uma
parceria professor-aluno com o processo ensino-aprendizagem.
CONCLUSÃO
Percebe-se com essa pesquisa bibliográfica, que o lúdico, ou seja, o brincar
é muito importante na eficiência do processo de educação infantil. Cada passo da
construção do conhecimento tem o jogo como seu aliado.
Percebe-se, com esse trabalho bibliográfico, a importância da utilização, por
parte do professor, da brincadeira e dos jogos como fonte de desenvolvimento
individual e de equipe. A criação da situação imaginária ou a definição de regras
específicas dentro da brincadeira, numa análise mais profunda, revelam que as
ações no brinquedo são subordinadas ao significado dos objetos, contribuindo para
o desenvolvimento da criança.
O jogo possui uma característica integradora, pois a medida que a criança
joga ela vai se conhecendo melhor, e ao mesmo tempo, interage com outras
crianças e com os adultos. É na brincadeira que as crianças aprendem como os
outros pensam e agem, descobrindo assim uma forma mais rápida para a troca de
idéias e o respeito pelo outro.
É através do lúdico que a criança abandona o seu mundo de dificuldades e
constrangimentos se desenvolvendo, propondo uma realidade de prazer e
descobertas. A infância é, portanto, um período de aprendizagem e preparo para a
fase adulta. É nesse momento que a brincadeira se torna uma oportunidade de
firmação. Brincando a criança se torna espontânea, desperta sua criatividade e
interagem com o seu mundo.
Porém, o educador precisa ter um preparo para introduzir o lúdico em sua
prática.
Se o professor não estiver bem preparado ele se perde frente aos jogos, não
alcançando resultado nenhum, se perdendo em seus objetivos. Enfim, os jogos não
são um modelo, uma receita ou um manual pronto e acabado, onde não se pode
alterar, acrescentar ou diminuir nada. Pelo contrário, os jogos devem ser alterados
para melhor se adequar às necessidades da turma e dos objetivos que se tem frente
a ele em cada momento.
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