Sumário 1- Objetivo do Trabalho...................................................................................... 1 2- Justificativa .................................................................................................... 1 3- Metodologia ................................................................................................... 1 4 - Introdução ..................................................................................................... 2 5 - Desenvolvimento .......................................................................................... 2 Estratificação em Castas. .................................................................................. 3 Estratificação em Estamentos. ........................................................................... 3 Estratificação em Classes. ................................................................................. 3 Riqueza, Prestígio e Poder ................................................................................ 4 A Exclusão em Geral ......................................................................................... 4 Exclusão Social.................................................................................................. 9 A exclusão e o trabalho ................................................................................... 13 Exclusão no Brasil ........................................................................................... 15 Exclusão da mulher ......................................................................................... 15 Exclusão Racial ............................................................................................... 16 Exclusão Educacional ...................................................................................... 18 A Exclusão dos Deficientes da Sociedade ....................................................... 19 Legislação Brasileira para deficientes precisa de mudança............................. 20 Deficientes e a participação nas esferas da vida em sociedade ...................... 20 Aspectos da saúde .......................................................................................... 20 Deficientes ....................................................................................................... 20 6- Conclusão .................................................................................................... 21 7- Referências Bibliográficas ........................................................................... 23 FAC 1 1- Objetivo do Trabalho Exposto ao desafio histórico de enfrentar uma herança de injustiça social que exclui parte significativa de sua população do acesso a condições mínimas de dignidade e cidadania, este trabalho visa descrever algumas das realidades de exclusão no Brasil, estabelecendo relações entre as raízes – descoberta, colonização, escravidão, etc – e o atual retrato do país. Em primeiro lugar, o Brasil não é um país pobre, mas um país com muitos pobres. Em segundo lugar, os elevados níveis de pobreza que afligem a sociedade encontram seu principal determinante na estrutura da desigualdade brasileira — uma perversa desigualdade na distribuição da renda e das oportunidades de inclusão econômica e social. 2- Justificativa As crescentes desigualdades sociais têm despertado intenso interesse acadêmico e não acadêmico, de organismos internacionais oficiais e de organizações não-governamentais. Ao analisar o objeto de estudo, as desigualdades estão notavelmente ausentes como objeto explícito de políticas públicas nacionais, mesmo quando essas políticas têm efeitos redistributivos. 3- Metodologia O trabalho se caracteriza por ser do tipo exploratório e bibliográfico. Inicialmente, abordar-se-ão os principais conceitos sobre desigualdade, exclusão e, posteriormente, os possíveis desencadeamentos teóricos referentes à desigualdade econômico-social, possibilitando constatar quais as causas, origens, efeitos, observações e soluções inerentes ao tema. 1 FAC 2 4 - Introdução O Brasil é um país com desigualdade extremamente elevada. Em 1972, com a publicação dos resultados do Censo Demográfico de 1970, a ansiedade por reduzir a desigualdade aumentou, e tornou-se polêmica. A desigualdade provoca a exclusão dos menos favorecidos, em termos de sociedade, educação, saúde, cultural, economia, tecnologia; há também os excluídos devido à raça, ou algum tipo de deficiência. Outro fator de exclusão refere-se às mulheres, aonde a desconstrução deste paradigma se dá a partir do século XIX através do empenho e da luta feminista na sociedade mundial. 5 - Desenvolvimento A crescente desigualdade vem sendo objeto de estudo de diversas disciplinas atualmente. Para que este processo seja entendido, é necessário recorrer às raízes históricas, sistemas econômicos, paradigmas, cultura brasileira e fatores sociais. A desigualdade, geradora da exclusão, é um dos fatores mais relevantes da sociedade, principalmente no caso da separação dos indivíduos em localização semelhante no sistema econômico, isto é, em classes sociais. O sistema de estratificação é um processo através do qual os indivíduos participam da sociedade, e se localizam hierarquicamente em setores homogêneos quanto ao poder, riqueza e prestígio, ou seja, a distribuição desigual de recompensas socialmente valorizadas. Em algumas sociedades, onde há, por exemplo, baixo nível de produção e esta é dividida coletivamente para sobrevivência, a diferenciação social é simples, pois os direitos e deveres são atribuídos segundo a idade ou sexo. A estratificação pode ser classificada em castas, estamentos ou classes. 2 FAC 3 Estratificação em Castas. O sistema de estratificação em castas é caracterizado pelo fato de que os indivíduos são classificados na hierarquia social pela herança. Estes transmitirão aos seus descendentes a mesma localização social que possuem. Os ricos podem controlar o seu próprio sistema, enquanto os pobres não conseguem se locomover na hierarquia social. Estratificação em Estamentos. O sistema de estamentos compreende duas características: o peso do prestígio é maior do que a riqueza – a nobreza e a honra são mais importantes do que o dinheiro; e a localização do indivíduo na hierarquia social, que é de direito – o nobre, mesmo tornando-se pobre, ele nasceu nobre; já o plebeu, mesmo que enriqueça, nasceu plebeu. Este tipo de estratificação permite a possibilidade de mobilidade social vertical, como, por exemplo, a possibilidade de um funcionário administrativo do senhor tornar-se nobre. Estratificação em Classes. Típica das sociedades antiaristocráticas, urbano-industriais, esta se baseia no direito de todos os indivíduos poderem usufruir todas as vantagens econômicas e sociais oferecidas pela sociedade, independente da condição em que nasceu. Nesta classificação, os indivíduos podem ter acesso a qualquer classe social, porém nem todos têm possibilidades reais de ascensão. Nas sociedades de classe, a localização dos indivíduos na hierarquia social é dificilmente percebida, pois é muito complexo estabelecer limites entre as diferentes camadas. 3 FAC 4 Riqueza, Prestígio e Poder Constatando duas espécies de estratificação em uma mesma sociedade, Weber distingue duas ordens interdependentes: Ordem Econômica: é a forma pela qual bens e serviços são distribuídos; Ordem Social: a forma pela qual a honra se distribui numa sociedade. A Exclusão em Geral Muito se questiona a respeito das causas da desigualdade e exclusão, e as respostas podem ser encontradas entre diferenças biológicas inata dos indivíduos, até os que falam em “vontade divina”. Segundo o autor Henrique Rattner, a exclusão de qualquer ordem significa “estar fora”, á margem, sem possibilidade de participação. Para H. Arendt, excluídos são pessoas que “não tem o direito a ter direitos”. Para Marx, o processo da exclusão está atrelado ao funcionamento econômico do sistema capitalista. E também num produto do sistema capitalista, enquanto população economicamente marginalizada, socialmente excluída, e politicamente destituída dos seus direitos básicos. Para Engels, essas relações são o produto das relações econômicas como escravidão, servidão e capitalismo. Os trabalhadores, pertencentes ao pólo mais fraco, são dominados pelas idéias da burguesia ou classe dominante. A base da sociedade é a produção econômica e tem-se uma estrutura, um estado e as idéias econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. O capitalismo é atingido, segundo Engels, por crises econômicas como o ciclo de Kondrantieff, sendo o modo de acumulação primitiva de capital pertencente ao capitalismo um impedimento para o desenvolvimento das forças produtivas. A solução proposta por este autor seria a inversão da pirâmide social, ou seja, colocar no poder a maioria, os proletários, que seria a única força capaz de destruir a sociedade capitalista e construir uma nova sociedade, socialista. Para ele, a economia do futuro que associaria todos os homens e povos do planeta, só 4 FAC 5 poderia ser uma produção controlada por todos os homens e povos. Quanto mais o mundo se unifica economicamente mais ele necessita de socialismo. Porém, o que realmente importa são as ações das classes sociais que, para Marx e Engels, em todas as sociedades em que a propriedade é privada existem lutas de classes, como por exemplo, senhores x escravos, nobres feudais x servos, burgueses x proletariados. A luta do proletariado, além de envolver os sindicatos por melhores salários e condições de vida, deveria incluir a luta ideológica para que o socialismo fosse conhecido pelos trabalhadores e assumido como luta política pela tomada do poder. Marx demonstra que o capitalismo produz injustiça social, e que o único jeito de uma pessoa ficar rica e ampliar sua fortuna seria explorando o proletariado inerente ao capitalismo. O operário produz mais para o seu patrão do que o seu próprio custo para a sociedade, e o se apresenta necessariamente como um regime econômico de exploração, sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema. Para Max Weber as principais premissas das empresas capitalistas, são: 1. Apropriação de todos os bens materiais de produção, como terra, instrumentos, máquinas, etc, como propriedade de livre disposição por parte das empresas lucrativas autônomas. Isto é, apropriação privada dos meios de produção; 2. Liberdade mercantil, isto é, liberdade de mercado no que diz respeito ao comércio. Trata-se da compra e venda de mercadorias no mercado, incluindo a força de trabalho e a capacidade do mercado de fixar o preço da mão-de-obra (salários); 3. Técnica racional, ou seja, contabilizar tudo o que for possível. Poderia ser entendido como o trabalho técnico que se transforma em capital fixo, isto é, tecnologia incorporada ao capital e que modifica a composição orgânica do mesmo; 4. Direito racional, ou seja, direito calculável, o que representa a superestrutura jurídico-política que se faz presente na sociedade burguesa; 5. Trabalho livre, isto é, as pessoas são obrigadas a vender livremente (tanto no aspecto jurídico quanto no econômico) sua atividade num mercado. Isto é, 5 FAC 6 trabalho formalmente livre gerado pelo capitalismo. Neste ponto Weber faz uma observação aguda sobre a relação capital-trabalho, ressaltando a funcionalidade da pobreza para o capital: 6. Finalmente, Weber lista como última das premissas das empresas capitalistas, comercialização da economia, isto é, um mercado de títulos de valores para os direitos de participação e direitos patrimoniais das empresas. Pode-se considerar que em Marx isto seria o capital bancário e a capacidade da mercadoria se transformar em dinheiro e vice-versa. Weber ressalta o papel da racionalização existente na cultura ocidental. Devido à racionalização da técnica e da economia, com o propósito de diminuir custos, é que se abriu caminho para a invenção no século XVII. Desta forma, o capitalismo pôde criar uma organização racional do trabalho, abrir mercados dentro e fora do país (penetração do princípio mercantil e organização do trabalho sobre esta base) e desenvolver a organização empresarial do trabalho, decorrente da ordem intrínseca de decomposição dos vínculos primitivos. No sistema capitalista a acumulação de capital está atrelada à produção de mais-valia, logo o crescimento econômico se regula por um mecanismo que estabelece e simultaneamente encobre uma relação de poder social. Isto se deve ao fato da acumulação de capital associa-se com a exploração, socialmente estruturada e reproduzida. O mercado é um mecanismo do sistema de trabalho social, controlado pela moeda e que também institucionaliza relações de poder entre proprietários dos meios de produção e trabalhadores assalariados. Ressalta-se que a existência de uma estrutura de classes , como destacado, produz maiores contradições, como a contradição dos interesses de classe, pois esta estrutura de classes se expressa no Estado, cuja correlação de forças conduz a política econômica e o enfrentamento das crises econômicas periódicas. Assim, o capitalismo, conforme já supracitado traria consigo os germes de sua própria destruição, ou, economicamente falando, engloba ciclos de expansão e retração com vales e picos de crescimento e crises, principalmente por crises de demanda. 6 FAC 7 Nota-se, portanto que mudanças sociais implicam em contradições ou crises. Portanto, a crise econômica que ameaça a integração social é, ao mesmo tempo, uma crise social. Não estaremos avançando no sentido sócio-econômico caso não superemos a condição de subcidadãos dos grupos e /ou classes excluídas. Uma transformação na condição dessa pobreza estrutural implica numa mudança estrutural do capitalismo. Retomando os modelos, o neoliberalismo, oriundo das bases revisadas de Adam Smith e sua obra ‘A Riqueza das nações’ dispõem contrariamente ao ‘Manifesto’ de Marx, e, mesmo propondo ajustes estruturais, também está em crise. Esta representada por duas frentes: a social-democracia, que defende transformações sociais por meio de reformas, o que historicamente se mostra como um reforço da reprodução social do capitalismo; e, de outro lado, o bolchevismo, representante da tentativa socialista da superação do capitalismo pela revolução política, o que tem se revelado utópico. Assim, pode-se afirmar que a superação da crise do modelo neoliberal de crescimento econômico, do padrão de acumulação dependente e do modo de produção capitalista dar-se-á por meio de mudanças estruturais combatentes à pobreza e à desigualdade, em particular ao que se refere à situação dos 211 milhões de pobres na América Latina. Desta forma, encara-se a possibilidade da erradicação da pobreza como uma mudança estrutural capaz de dar um mínimo de cidadania possível a essa população e de criar condições para futuras transformações ainda maiores. Têm-se ainda, como hipóteses secundárias, as suposições que: • A desigualdade crescente verificada entre os países e entre as classes sociais, empiricamente comprovadas, tende a aumentar devido à própria dinâmica sócioeconômica do sistema capitalista monopolista globalizado. • A gestão neoliberal da globalização tende a agravar a situação, promovendo uma maior exclusão social na América Latina. • A meta de erradicação da pobreza, aparentemente inviável, evidencia assim a decadência da gestão neoliberal frente a globalização e seu modelo de 7 FAC 8 crescimento econômico, além do sistema capitalista enquanto padrão social de igualdade e democracia. Sustenta-se que a desigualdade é um componente estrutural do sistema devido a processos conhecidos de exploração e dominação. Esta desigualdade inviabiliza que a pobreza seja erradicada por meio apenas de políticas focalizadas e administradas por um bloco de poder de classes sociais interessadas apenas em consolidar o modelo econômico neoliberal nas formações sociais latinoamericanas. A bem dizer, Rosa Luxemburgo, considera permanente, ou melhor, estende até os nossos dias o que para Marx era uma fase histórica da economia capitalista denominada de “acumulação primitiva”. Isto é, a formação do operariado, a expropriação de terras, e exploração das colônias, não teria sido apenas uma fase importante de transição da economia feudal para a capitalista, como diz Marx, mas um processo associado ao próprio funcionamento do capitalismo, mesmo na sua fase atual. Em outras palavras, ela não aceita a suposição de Marx do “domínio geral e exclusivo do modo capitalista de produção” porque nunca existiu no mundo real uma sociedade capitalista auto-suficiente, sob exclusivo domínio do modo capitalista de produção. Assim, a acumulação seria mais do que uma relação interna dos ramos de produção da economia capitalista; sendo, antes de tudo, uma relação entre o capital e um contexto não capitalista. Fica claro então que não se nega a contradição entre criação e reprodução de mais-valia, mas essa contradição é devidamente situada historicamente e na realidade concreta, onde, apesar das crises, o capitalismo se expande continuamente. Independentemente dos ciclos do capital, a capacidade produtiva se desenvolve continuamente. Somente quando tivermos na realidade concreta o universal e exclusivo domínio do modo capitalista de produção é que essa contradição aparecerá de forma determinante. A contradição irá aparecer quando não existam mais setores ou países pré-capitalistas a conquistar, pois a condição vital da acumulação do capital é a dissolução progressiva e contínua das formações pré-capitalistas. 8 FAC 9 Exclusão Social A exclusão social remonta a antiguidade grega, onde a exclusão de escravos, mulheres e estrangeiro era considerada comum, algo “vindo de Deus”. Na segunda metade do século XVII, o iluminismo serviu para começar a quebrar a idéia de divindade acerca da exclusão, com as palavras de Rosseau “liberdade, igualdade e fraternidade”. Atualmente, esta questão é discutida de forma generalizada em todas as partes do mundo. De modo amplo, a exclusão é um processo social e histórico marcado pela inferioridade de grupos sociais ou pessoas, com profundo impacto na individualidade. Para Gary Rogers (1999), a discussão sobre o tema iniciou-se na Europa com o crescimento da pobreza urbana ligada a condição política e econômica social. A exclusão social era comparada somente entre países (externo); após a revolução industrial, com o capitalismo industrial, os burgueses – detentores dos meios de produção – apropriavam a mais valia do proletariado, estes mão-de-obra assalariada. A exclusão, provocada não apenas por fatores econômicos, também é gerada por compostos políticos e sociais, nos campos da educação, cultura, trabalho, etnia, identidade, políticas sociais, etc. Silver (1999), ao compreender a integração social na Europa e nos Estados Unidos, cita três paradigmas ligados à filosofias políticas: o “especialismo” (liberalismo), em que a exclusão pe conseqüência da discriminação; a “solidariedade” (republicanismo), em que exclusão surge do rompimento do indivíduo com a sociedade; já no “monopólio” (neocapitalismo), a exclusão resulta da formação de monopólios de grupos sociais. Para Rogers (1999), a exclusão manifesta-se de diversas maneiras e atinge a sociedade diferentemente e ao tentar entender a exclusão, deve-se remeter a alguns modelos societais, propostos. A partir de 1980, os efeitos da exclusão social foram fortalecidos, gerando desempregos prolongados e os socialmente excluídos. Os “despossuídos” do 9 FAC 10 passado se juntaram aos “deserdados”, até mesmo os com elevados níveis de instrução, em decorrência do fracionamento da antiga classe média. Castel (1993,1997) supões dois eixos para a determinação de quatro zonas de exclusão: o eixo do trabalho e o eixo das relações sociais, que geram as zonas de integração, vulnerabilidade, desfiliação e assistência. A pobreza e a desigualdade, não sendo somente exclusivas do capitalismo, persistem e crescem neste modo de produção hegemônico no planeta devido a dois processos: • crescimento econômico capitalista: processo de extração do excedente econômico das sociedades do Terceiro Mundo, solidificada e estruturada por meio de mecanismos como os inerentes à teoria de ‘deterioração dos termos de troca’ (incluindo a repatriação dos lucros dos investimentos externos, a transferência dos royalties de produtos e processos tecnológicos, pagamento de juros das dívidas externas, etc.; ) e • superexploração dos trabalhadores por meio da já citada extração crescente de mais-valia, aliada à inclusão marginal dos pobres que trabalham, logo, o desenvolvimento e a dinâmica da própria expansão do capitalismo produz, como vimos, um exército industrial de reserva. Ambos têm se intensificado com a globalização e capitalismo, citamos a Terceira Revolução Tecnológica e o capitalismo financeiro internacional na economia mundial, e, além disso, observamos a superação do padrão fordista de organização da produção. Todos estes convergem para expandir as possibilidades de rentabilidade do capital em detrimento do trabalho. Desde os anos 1970, o processo de reclassificação social da população mundial em escala global inerente à mudança e evolução das dinâmicas das relações entre o capitalismo e o trabalho, e portanto, da estrutura mundial de acumulação capitalista, associadas ao predomínio da acumulação especulativa e financeira, originando a extrema concentração de ‘reanálises’ nos países centrais, determinando uma hierarquização das economias no planeta. No entanto, além da crise do padrão de acumulação dependente latino-americano, evidencializado com a crise do modelo nacional-desenvolvimentista, pode-se vislumbrar a crise 10 FAC 11 econômica capitalista da segunda metade do século XX como subproduto da redução das taxas de lucro que se começa a verificar nos anos 1960, e que se traduz nas taxas baixas de investimento, poupança e crescimento, reduzindo a demanda agregada (conforme Marx e Engels preconizaram). Contudo, além das crises financeiras cada vez mais freqüentes e das recessões que se verificaram, agora há um agravante estrutural que evidencia e destaca a dificuldade do capitalismo em se tornar um sistema que propicie condições de vida aceitáveis para todos. A crise econômica é de um sistema que não se sustenta como sistema econômico capaz de assegurar a reprodução social das sociedades do planeta. Com dificuldades de garantir um mínimo de eqüidade econômico-social, o sistema capitalista reproduz a miséria já existente e cria mais desemprego entre os trabalhadores (processo de exclusão social), produzindo um proletariado marginalizado planetário ao lado de um exército industrial de reserva superexplorado e globalizado. Muitos autores descrevem as causas da exclusão social diferentemente. No início do século XX, a corrente marxista-revolucionária defendia que a causa da exclusão era o capitalismo, defendendo a implantação do socialismo, em que o governo forneceria condições igualitárias para todos. Cem anos depois, com a queda da União Soviética, impõe-se uma revisão crítica do conceito e aplicações desta corrente. Uma outra corrente preconiza a educação das massas para facilitar a mobilidade social ascendente por meio de uma relação diretamente proporcional entre nível médio em anos de estudo e ascensão social em reais anuais, ; Outro pressuposto é o já citado neoliberalismo, onde o poder do Estado é trocado pelo mercado na questão da influência na economia, deixando à sociedade a tarefa de auto-regulação de seus conflitos econômicos. No quadro desta corrente, a exclusão social não pertence à esfera estatal, ou ao menos, não lhe é inerente. . Já uma quarta proposta é o sistema de tributação progressista, onde os impostos seriam cobrados proporcionalmente ao desenvolvimento do país. A exemplo disto, a Taxa ‘Tobin’ é uma taxa cobrada por transações financeiras 11 FAC 12 internacionais, cujos rendimentos serviriam para financiar projetos de desenvolvimento dos países mais pobres. Nenhuma destas tendências é nova ou imprevista, pois já foram teorizadas, sobretudo desde Marx. Assim, elas não são conseqüência de um fenômeno novo chamado "globalização", o que seria uma quinta proposta (capitalismo financeiro – internacionalização do capital), como se fosse diferente ou separado do capitalismo, pelo contrário, são produto do caráter capitalista da estrutura dominante. E como vemos atualmente e, levando e consideração todos os autores e propostas expostas, temos que: • Está em curso um processo de reconcentração do controle de reanálises, bens e renda em mãos de uma minoria reduzida (no máximo, uns 20%) proporcionalmente decrescente. • Isto implica que está em curso um processo de polarização social crescente da população mundial, entre uma minoria cada vez mais rica, e uma maioria crescente e mais pobre. • Está em curso um processo de incremento da superexploração da uma maior massa de trabalhadores no mundo, pois além da concentração de rendas e de riqueza, crescem as diferenças salariais, se amplia a proporção dos desempregados e dos marginalizados dos ambientes centrais da estrutura de acumulação, processo que, por sua vez, permite a diminuição contínua da média de salário. • Está em curso um processo de declínio do interesse e da capacidade do capital para transformar a mão-de-obra em mercadoria, especialmente nos níveis tecnologicamente mais avançados da estrutura mundial de acumulação. • Como conseqüência, estão em expansão formas não-salariais de controle do trabalho: escravidão, servidão pessoal, pequena produção mercantil independente e reciprocidade. O salariado ainda é a forma de trabalho que mais se expande, mas está em declínio. 12 FAC 13 • Está em curso um processo de crise das relações de exploração do padrão capitalista de controle do trabalho e pronuncia-se uma mudança no padrão de distribuição da população salariada em proporção à não-salariada. • A configuração do capitalismo mundial, isto é, a estrutura das relações entre o capital e cada uma das formas de controle do trabalho, bem como as relações do conjunto de todas elas entre si, está em processo de mudança, o que implica uma transição no sistema. • Nesse sentido específico e nessa dimensão, na estrutura de exploração do trabalho estaria em curso um processo de reclassificação social da população mundial em escala global. • Em todo caso, está em curso um processo de reconcentração e de reconfiguração das relações entre capitalismo e trabalho. • Estes processos estão associados a mudanças drásticas na estrutura mundial de acumulação capitalista, associados ao predomínio da acumulação especulativa e financeira, especialmente desde os anos 1970. A exclusão e o trabalho Partindo do eixo do trabalho, o desemprego leva á falta de condições de vida, gerando discriminação e exclusão de direitos. Isto é reflexo das mudanças no estatuto do trabalho ocorridos na década de 1980 (SCOREL, 1999; NASCIMENTO 1994). Mesmo com grandes avanços, como a abolição da escravatura, direitos políticos como a universalização do voto, a população rural, que era a maioria, eram excluídas dos direitos sociais e políticos até a década de 1960. Com a industrialização, plataforma de exportação, substituição de importação, substituição de importação, subsídio governamental e aumento do capital produtivo, a partir da década de 1950 iniciou-se uma reformulação estrutural na base econômica, havendo migração rural que foi acentuada pelo alto grau de comodidade e baixo desenvolvimento da produção rural brasileira. 13 FAC 14 O governo de Getúlio Vargas favorecia apenas os assalariados formais empregados na cidade. O acesso à direitos somente foi sendo homogeneizado entre a população rural e urbana em 1988, com a aprovação da nova Constituição Federal. Esta passou a permitir o acesso à saúde e educação para todos, e não somente aos empregados com contrato formal de trabalho. O Sistema Único de Saúde (SUS) e a inovação na Previdência Social são marcas do progresso na questão social. Na Era Vargas (1930-1945), surgiram uma série de mecanismos integrados da estrutura de trabalho: a criação do Ministério do Trabalho, a Carteira de trabalho, a oficialização dos sindicatos. Essas instituições visavam incluir os trabalhadores e evitar eclosão de problemas sociais através do controle estatal (peleguismo). Entre 1930 e a década de 1970, o Brasil viveu um significante aumento de empregos formais graças ao crescimento do setor industrial, e a diminuição dos empregos informais. Durante a década de 1980, a redução da geração de empregos novos e formais, a eliminação de parte das ocupações formais e a diminuição do poder de compra dos salários causaram uma desestruturação no mercado, aumento do desemprego e enfraquecimento do estatuto do trabalho (POCHMANN, 2002). Na década de 1990, estes problemas se agravaram, e este período passou a ser chamado de “a década da informalidade”. A percepção de exclusão pela sociedade confunde a política com caridade, filantropia, ajuda humanitária, levando os excluídos à perda dos direitos de cidadania, perda da auto-estima, e falta de participação em grupos sociais organizados. O trabalho não deve ser entendido apenas como gerador de renda, mas como um espaço para que cada indivíduo possa elaborar experiências, ampliar horizontes e expectativas de vida; ao contrário, o desemprego, além de desestruturar famílias, impede o pensamento em carreira, futuro, projetos pessoais, familiares e sociais. 14 FAC 15 Exclusão no Brasil A exclusão é uma realidade que se apresenta em todo o país. Dos 5.507 municípios existentes em 2003, apenas 200 estavam num padrão adequado de vida. Pesquisadores da Unicamp e PUC – SP lançaram recentemente o “Atlas da Exclusão Social”, onde traça o mapa este problema no país. Se comparar a população de São Paulo e locais acima do Trópico de Capricórnio, podemos perceber diferenças de exclusão. Nas grandes cidades, as pessoas pobres têm melhores condições de vida do que em cidades pobres. Outro fator importante do estudo é a relação entre violência e miséria. Ao contrário do paradigma social, os autores identificaram que a pobreza não é o fator determinante do crime. As grandes cidades – e mais ricas – possuem mais violência e dificuldades de controle do que cidades pequenas. Para Amorim, o que determina a violência nas metrópoles é a disparidade econômica entre os ricos e pobres, isto é, a existência de pessoas muito ricas (renda elevada) com as de baixíssima renda. A desigualdade é o fator determinante da violência. A exploração da violência urbana trouxe também o desemprego e escassez de mobilidade social. A falta da reforma social, na ânsia de uma justa distribuição de renda, influencia também no mercado de trabalho. Diante da insuficiência de emprego e escassez de renda, o jovem sai precocemente da escola para entrar no mundo do trabalho, aposentados não deixam seus postos de trabalho, e empregados aceitam maior jornada de trabalho para garantir o emprego e ganhar horas extras. Exclusão da mulher A exclusão que atinge a mulher situa-se nos âmbitos sociais, por vias de trabalho, classe, etnia, cultura, idade, raça, etc. Ao longo dos séculos, a relação de homens e mulheres sofreram discriminações, pois na mulher é atribuída a condição de inferior. Vários cientistas como Aristóteles e Platão, remetiam a imagem da mulher à reencarnação dos 15 FAC 16 homens covardes e injustos; e ressaltam características: as mulheres choram com mais facilidade, são vulneráveis a piedade, tem menos pudor e ambição, é menos digna de confiança e é mais encabulada. Outros, como Rousseau e Kant, atribuíam a mulher ao casamento, maternidade, falta de inteligência, caprichosa, e com moral fraca. Estes fatores são os que reforçam a base da exclusão feminista na sociedade, que vem sendo revertida ao longo do tempo, através de idéias que avançam social, cultural, econômica e politicamente. Segundo Michel (1983), a entrada da mulher no mercado de trabalho deuse através da filantropia como um meio do isolamento do lar. Este rompimento se deu por um processo de reações e conquistas que ocorrem até os dias atuais, e é mercado por relações desumanas de trabalho e preconceito de inferioridade. No mercado, o salário recebido auxilia no orçamento familiar, gerado por tarefas que os homens se negam a fazer, a exemplo os trabalhos semelhantes aos domésticos; porém, esta inclusão é inversamente proporcional, pois o homem continua ausente do trabalho doméstico. Por falta de equidade, a mulher acaba assumindo uma sobrecarga de trabalho no espaço público e doméstico. Por outro lado, esta situação favorece a quebra do preconceito designados à mulher: ela pode gerenciar a sua própria vida, exercer o papel de chefe da família e livra-se dos padrões coletivos. Exclusão Racial Tem-se como exclusão racial a evidência de que o negro tem menos oportunidades que outros brasileiros na hora de estudar trabalhar ou quando exerce seu direito de cidadania, podendo ser resultado de mais de um século de não-reconhecimento da exclusão racial como verdadeiro problema nacional. Analistas e pesquisadores brasileiros remontam à década de 1880, quando da abolição, para justificar que a exclusão dos negros pós-abolicionismo teve como origem fundamentalmente a elite política da época que ignorava qualquer plano de integração efetiva do liberto na sociedade. 16 FAC 17 Segundo Flávio Gomes, da UFRJ, a exclusão racial além de outros fatores foi relegada a segundo plano por muitas décadas pela idéia de que no Brasil todas as raças convivem harmoniosamente, inibindo o debate sobre a integração efetiva do negro desde a República. O reconhecimento do processo de exclusão racial teve início na década de 1950, quando sociólogos como Florestan Fernandes, Roger Bastide e Costa Pinto ressaltam e enfatizam suas dúvidas sobre a democracia racial. Não se pode confundir, no entanto, o convívio pacífico entre as etnias componentes da sociedade brasileira com uma virtude da nação em detrimento de um problema histórico. A partir deste momento, o movimento negro irá abraçar essa versão e lutar contra a omissão do governo e da sociedade no combate à discriminação racial. Segundo Oracy Nogueira, professor e estudioso das complexidades raciais e inter-raciais, o preconceito racial é uma atitude ou disposição não favorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece. A partir do final do Século XIX, como já introduzido, em decorrência dos processos abolicionistas e de proclamação da República, as elites dominantes em nosso país vislumbram a necessidade de formulação de uma identidade nacional. Diante disso, tornou-se necessária a discussão das questões relativas à cor e à raça dos brasileiros, como já observado nos censos de 1872 e de 1890. Já no censo de 1970, estes itens foram excluídos pelas autoridades, ressaltemos que era a época auge do Regime Militar, sendo uma constante a manifestação das autoridades em afirmar a inexistência de racismo. Durante o intervalo de tempo citado da Abolição ao período de ditadura militar pós-1964, os aspectos ligados a cor e raça foram estrategicamente suprimidos ou não, de acordo ou com as políticas governamentais vigentes. As discussões atuais enaltecem a controvérsia sobre cor e classificação racial dos brasileiros como, por exemplo, a proposta de cotas para estudantes 17 FAC 18 negros em universidades públicas. Em vários segmentos da sociedade, tanto nos chamados “novos movimentos sociais” quanto nos setores governamentais, busca-se uma definição mais precisa na identificação dos afro-descendentes brasileiros, com o objetivo de implementar políticas públicas de inclusão social, pois vivemos em um momento de reivindicações organizadas e de busca de alternativas que levem a diminuir as desigualdades sociais, inclusive as geradas pelo racismo. Segundo estudos, quanto mais distante do padrão branco europeu de aparência, menor a chance e são as oportunidades no sistema social, inclusive educacional e no mercado de trabalho. Considerando-se as definições de preconceito de marca e de preconceito de origem, segundo Nogueira, “...onde o preconceito é de marca, a probabilidade de ascensão social está na razão inversa da intensidade das marcas de que o indivíduo é portador, ficando o preconceito de raça disfarçado sob o de classe, com o qual tende a coincidir...” (Nogueira, 1976: 90) Assim, em nossa sociedade o preconceito e a exclusão racial estão mais ligados à aparência do que à origem biológica e ou étnica, o que ocorre em outros países, logo, quanto mais se é escuro e mais pobre, maior a tendência de ser excluído do modelo socioeconômico, sendo variáveis diretamente proporcionais às diferenças cromáticas da pele, influenciando em uma maior ou menor aceitação social. Cabe o desafio de desconstruir um conceito historico de imobilidade e preconceito que traça até hoje e define as diretrizes da interação sistêmica social e econômica, exigindo medidas públicas para dirimir as bases de nossos problemas sociais de país emergente de industrialização tardia. Exclusão Educacional As informações dos dados do censo Demográfico de 2006, existe no Brasil quase um milhão e meio de crianças de 7 a 14 anos sem matricula ou evadidas das escolas. O fato é que esse numero é muito alto mesmo lavando em consideração a população brasileira. 18 FAC 19 No estado mais desenvolvido industrialmente da federação, São Paulo há sete municípios com percentuais de crianças sem escola que variam entre 13,7 a 10 % e 123 municípios com percentuais entre 1,9 % e 1 % e finalmente , 54 cidades com 1% de crianças fora das escola . O estado que apresenta os piores indicadores é a Bahia com quase 78% das crianças estagio critico e muito critico de ensino . Principais diferenças de classes de exclusão social e educacional . 1º -Falta de incentivo do governo. 2º- Dificuldade de inclusão educacional. 3º- Preconceito da sociedade . 4º- condições sócio- econômicas OBS ; Somente 2% da população brasileira chega ao final de seu curso acadêmico concluído . A Exclusão dos Deficientes da Sociedade Em todas as partes do mundo e em todos os níveis de cada sociedade há pessoas com deficiência . O numero total de deficiência no mundo e muito grande EE. está a aumentar . Resultados da diferentes circunstancias socioeconômicas e das disposições que os Estados adotarem relação do bem estar dos seus cidadãos . O texto do programa de Ação Mundial para pessoas Deficientes, menciona o agravo das lesões e das incapacidade,, pôr causa da falta de cuidados. O texto fala da prevenção de deficiências, e de medida de segurança no trabalho . 19 FAC 20 Na Ledds Castle Declaration on the Prevention of Disablement ( Declaração do Castelo de Ledds Sobre a Prevenção da Deficiencia ) de 12 de novenbro de 1981 Um grupo de médicos, administradores de serviços de saúde e políticos institui, notadamente, nas medidas concretas seguintes princípios que visam a evitar a deficiência causadas pela desnutrição, pelas infeções e pela negligencia poderiam ser evitas graças a uma melhoria de baixo custo, dos cuidados básicos de saúde. Legislação Brasileira para deficientes precisa de mudança A conferencia realizada em agosto de 2006 sobre a legislação brasileira para deficientes físicos em Brasília, palestrantes e juristas propuseram até alterações na Constituição. Especialistas acreditam que as leis do Pais não são suficientes para garantir a integração dos deficientes na sociedade e que alguns pontos devem ser modificados . Deficientes e a participação nas esferas da vida em sociedade Na idade media, os deficientes físicos e mentais eram freqüentemente vistos como possuídos pelo demônio e eram queimados como as bruxas. Aspectos da saúde A falta da mesma que propicia a continuidade de uma serie de problemas sociais Deficientes A OMS diz que há cerca 600 milhões de deficientes físicos no mundo. Este quadro está mudando a cada dia : 20 FAC 21 O que esta sendo feito para mudar esta realidade. Empresas com 100 (cem ) ou mais funcionários está obrigada a preencher com 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas. A dispensa do trabalhador só poderá ocorrer se a empresa tiver reposição de condições semelhante ao cargo ( 90 dias) a mais O Ministério do Trabalho e da Previdência Social devera gerar estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas pôr reabilitados e deficientes, fornecendo quando solicitadas pelo sindicato . Como conclusão deste tema teremos a apresentação da Diretora da Apae de São Roque, Sra Luciana Cury que mostrara, como é feito o trabalho de inclusão destes jovens no mercado de trabalho e reflexo na sociedade local e o trabalho da Apae no Brasil . 6- Conclusão Em relação à exclusão e à conjuntura nacional, é possível concretizar mudanças sociais, econômicas e políticas que permitam à sociedade brasileira romper definitivamente com seu caráter desigual e autoritário, caminhando rumo a uma verdadeira democracia. Torna-se fundamental, portanto, a vontade de tratar de forma integrada os problemas urbanos, superando a histórica repartição setorial das políticas em geral Assim, em que pesem as perspectivas e possibilidades de mudança, ainda são intensas as disputas quanto aos rumos que tomará a política econômica e social, apesar de já se ter transcorrido 4 anos mais 1*3 do mandato do presidente Lula, remontando a história desde o colonialismo. Nesse cenário, não resta dúvida de que a sociedade organizada tem um papel fundamental para determinar o caráter e a profundidade das transformações que poderão ser efetivadas para 21 FAC 22 irromper os preconceitos e cerceamento de direitos constitucionais, humanitários e democráticos, efetivamente falando. Logo, argumentamos que para enfrentar tais dilemas, é condição ‘sine qua non’ que se insira no centro do debate a questão democrática, ou seja, as discussões sobre o grau de inclusão e de participação sócio-política da sociedade civil e a interação entre as instâncias deliberativas de governo e a sociedade. Isto posto, entre novas e velhas práticas, como vimos, acreditamos que é preciso ocupar os espaços públicos de participação, mesmo que limitados pelas opções macroeconômicas e políticas, buscando produzir mudanças políticas setoriais como na própria cultura de participação democrática. No entanto, as possibilidades dessas mudanças ocorrerem dependem não só da sociedade diretamente, mas também de seus representantes no cenário político e da capacidade de articulação e comprometimento dos sujeitos coletivos com presença na cena pública, enaltecendo a representatividade das organizações sociais e sua interação com o governo pelos canais de governança democrática. Destarte, é no campo da política que estarão sendo definidas as possibilidades da integração social constituir cidadãos e aprofundar nossa dinâmica democrática. Logo, considerando os fatores sociais, econômicos e políticos abordados neste e que envolvem o fortalecimento do Estado e da sociedade civil, vemos que para dirimir os problemas de exclusão ora citados temos que irromper os desafios para a democratização da democracia brasileira, remetendo diretamente a novos projetos articulados e associados a um novo projeto de nação. 22 FAC 23 7- Referências Bibliográficas ARENDT, H. (1970), On Violence. 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