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ENSINO E APRENDIZAGEM COOPERATIVA: O EXEMPLO DOS JOGOS
COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA
Nilma Fátima De Oliveira.
Rafaela Bernardes do Prado Martins
RESUMO
Partindo de experiência no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência, de Educação Física, da Universidade Estadual de Londrina, em
acompanhamento às práticas pedagógicas aplicadas na Escola Municipal
Maestro Roberto Pereira Panico, observou-se através da proposta de uma
modalidade de Jogo Popular: A bola queimada, os desdobramentos do processo
de aprendizagem cooperativa como possibilidade de conteúdo da Educação
Física. As nuances, características e impacto na formação do aluno puderam ser
evidenciadas em campo, destacando-se que muitos dos valores que surgem em
situações de cooperação são precisamente aquelas que se deseja na educação,
como a sensibilidade, a ajuda mútua, a coordenação de esforços a valorização
e a amizade. A inclusão destes elementos em propostas de trabalho propicia
férteis oportunidades pedagógicas, possibilitando o aproveitamento de
vivências, comparações de pontos de vista, defesa de interesses, participação
em discussões, consciência da crise e do conflito. Ao relacionar o observado em
campo, com o referencial teórico, obteve-se um breve diagnostico do potencial
desta prática.
Palavras-chaves: Aprendizagem Cooperativa, Educação Física Escolar, Jogos
Cooperativos.
1- INTRODUÇÃO
Na sociedade atual podemos verificar uma revalorização dos vínculos
e das competências sociais. A aprendizagem cooperativa posiciona-se como
uma importante solução pedagógica perante as necessidades da sociedade,
pensada a partir de uma visão crítica contra o paradigma dominante de ensino
que reproduz a diferenciação social e formata os indivíduos à medida dos
interesses da produção, promovendo uma escola segregadora, fundamentada
na estrutura de aprendizagens competitivas.
Com a chegada da pós-modernidade, as condições epistemológicas
que sustentam esse paradigma desmoronaram-se, abrindo novas oportunidades
para a afirmação de paradigmas alternativos no domínio educacional, adotando
uma perspectiva crítica perante o projeto da sociedade (BESSA & FONTAINE,
2002).
Neste contexto a Educação Física tem avançado e se esforçado para
superar os modelos, competitivo e tecnicista dominantes. Mas, não podemos
deixar de observar que, no exercício do cotidiano escolar, ainda muito se
reproduz o mito da competição e os processos esportivos clássicos na Educação
Física.
Os jogos cooperativos procuram desmistificar a visão competitiva na
Educação Física escolar, proposta que vem se revelando como a mais nova e
mais adequada tendência ou concepção da Educação Física Escolar na busca
por projetos educacionais não competitivos (CORREIA, 2006).
O interesse por essa temática surgiu durante o estudo da Psicologia
da Educação, como componente curricular, na Universidade de CoimbraPortugal, e em continuísmo, sua inserção nas práticas que orbitam o Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) de Educação Física da
Universidade Estadual de Londrina, desenvolvido em escolas municipais e
estaduais de Londrina.
O objeto deste estudo contempla aulas de Educação Física,
ministradas na Escola Municipal Maestro Roberto Pereira Panico, e a detida
observação da pratica de jogos, com a devida extração de conclusões lúdicas e
comportamentais. Partindo dessa experiência, objetivou-se apresentar o
processo de aprendizagem cooperativa, utilizando o exemplo dos jogos
cooperativos como conteúdo da disciplina Educação Física, nos aspectos do
processo de aprendizagem cooperativa na escola, sua estrutura de trabalho,
suas vantagens e inconvenientes, sua evolução, conceitos, características,
princípios pedagógicos, sócio-educativos, e conclusões acerca da experiência
observada no PIBID, e seu impacto na dinâmica do processo coletivo.
Segundo Marconi e Lakatos (2003) a pesquisa bibliográfica, ou de
fontes secundárias, abrange a bibliografia já tornada pública em relação ao um
tema de estudo. Apesar desta pesquisa demonstrar-se de caráter bibliográfico,
pela característica de acompanhamento das referidas aulas de Educação Física,
em suas nuances, em campo, esta não pode ser considerada estudo
preponderantemente secundário, sendo sua alma primaria alicerçada na
observação em campo.
2- A APRENDIZAGEM COOPERATIVA NA ESCOLA
A aprendizagem cooperativa na escola começou a ser divulgada na
década de 1970 nos Estados Unidos a partir de trabalhos publicados por
Johnson & Johnson (1999), ao ponto de se considerar que ela tem vindo a
revolucionar o pensamento e as práticas educacionais (BESSA & FONTAINE,
2002).
As atividades de aprendizagem cooperativas são aquelas que os
elementos do grupo se encontram vinculados, onde o sucesso de um jogador é
interdependente do sucesso de seus pares, e consequentemente do sucesso do
grupo como o todo. Engloba um conjunto de processos de ensino que partem da
organização da turma em pequenos grupos de trabalhos, mistos e heterogéneos,
constituídos por pequeno número de alunos que trabalham em conjunto de forma
cooperativa, para resolverem as tarefas que lhes são impostas (FONTES &
FREIXO, 2004).
Ribeiro (2006) ensina que para o desenvolvimento de um trabalho
cooperativo são necessários os seguintes componentes essenciais da
aprendizagem:
•
Interdependência positiva;
•
Interação estimulante, frente a frente, que permita ao aluno o
desenvolvimento da auto-estima e de competências sociais;
•
Responsabilidade individual e coletiva;
•
Atividades interpessoais e de grupo;
•
Avaliação do grupo.
Para Fontes & Freixo (2004) entre estes fatores a interdependência
positiva é o aspecto mais importante, pois sem o sucesso dos alunos, e do grupo,
o docente não obtém sucesso. Observa-se esta particularidade a partir do leque
de vantagens que o grupo de trabalho cooperativo apresenta em comparação
com grupos de trabalho competitivos, em referência ao relacionamento positivo
entre os componentes do grupo e ao aspecto cognitivo, uma vez que para o
sucesso comum os mesmos têm que aumentar sua produtividade, motivar-se e
motivar os demais companheiros de equipe, maximizar o esforço, e promover
melhora no pensamento crítico, espírito de grupo, respeito pessoal e acadêmico,
bem como, promover materialização da integração, aumento da auto-estima e
conseguinte desenvolvimento social.
Neste âmbito também é possível afirmar que a aprendizagem
cooperativa atua de forma eficaz nos grupos em que se faz aplicada, pelo
aspecto do trabalho cooperativo gerar corresponsabilidade social.
No processo de assimilação do saber cooperativo, o indivíduo é
estimulado a colaborar para que seus pares também assimilem os conteúdos.
De acordo com Fontes & Freixo (2004) a partir das várias formas de
funcionamento de um grupo podemos observar que a interdependência positiva,
pode ser trabalhada de diferentes modos, seja através de conteúdo, propostas,
e tarefas, entre outros, variando assim de acordo com:
•
Os objetivos – refere-se a percepção do indivíduo sobre o fato
de que só atingirá seus objetivos, quando o grupo inteiro o fizer;
•
A recompensa/celebração – diz respeito a satisfação individual
em virtude do sucesso, associada ao evento grupal de
comemoração, transcende para a satisfação do coletivo;
•
A tarefa – materializa-se quando os elementos de um grupo
organizam para atingir um objetivo comum;
•
Os recursos – caracteriza-se pela união de partes, meios,
insumos e competências, de posse individual, que juntas
proporcionarão a realização da atividade;
•
Os papéis – mostra-se através do claro e inequívoco
entendimento sobre a atividade que cada elemento irá
desempenhar, distintamente, e em complementação das
demais, para consecução da meta;
•
A identidade – constitui-se na “cola social”, que une
naturalmente os elementos em um grupo coeso, sólido e com
cultura coletiva e identidade própria, auferindo-se nominação,
“slogan”, adoção de mascote.
Segundo Ribeiro (2006), a interdependência positiva transcende o
sucesso do individual para o coletivo, solidificando as bases da Aprendizagem
Cooperativa.
2.1- Estrutura do Trabalho Cooperativo
Freixo & Fontes (2004) afirma a não existência de unanimidade, na
bibliografia existente, em referência a identificação de uma dimensão ideal para
a constituição dos grupos de aprendizagem cooperativa.
O número de elementos de cada grupo depende das tarefas a serem
realizadas, da média de idade dos alunos, da sua experiência anterior na
modalidade desenvolvida, passando também pela disponibilidade de materiais e
tempo disponível.
2.2- Vantagens e Inconvenientes da Aprendizagem Cooperativa
Segundo Fontes & Freixo (2004) a aprendizagem cooperativa
organizada em pequenos grupos, permite que os alunos adquiram determinados
valores e competências, e exercitem atitudes ligadas a cooperação
independente do conteúdo trabalhado. Esta cooperação em grupo é fundamental
para o entendimento da escola como promotora do pensamento crítico, criativo
e de valores que intensificam o sentido da aprendizagem e das relações
humanas.
Fraile (1998) faz referência às vantagens da aprendizagem
cooperativa para os alunos em duas categorias de efeitos:
•
Efeito da aprendizagem cooperativa ao nível das competências
cognitivas, que proporciona: Maior produtividade e redimento,
desenvolvimento do pensamento crítico, criativo e resoluto,
aquisição e utilização de competência cognitivas superiores e
de estratégias em nível elevado, desenvolvimento e utilização
de linguagem própria e elaborada nos debates e no
intercâmbio de informação entre grupos.
•
Efeito da aprendizagem cooperativa ao nível das competências
atitudinais, que proporciona: Desenvolvimento de imagem
pessoal positivista, autovalorização e autoestima, aumento do
interesse e motivação devido aos processos interpessoais
desenvolvidos, valorização das competências e esforços
empreendidos, desenvolvimento do respeito mútuo baseado
na
confiança,
desenvolvimento
colaboração,
da
solidariedade
responsabilidade
e
empatia,
individual
e
transcendência para a responsabilidade coletiva, culminando
com
a
integração
dos
alunos
com
dificuldade
de
aprendizagem.
Por outro lado há de considerar-se que a aprendizagem cooperativa
não apresenta apenas vantagens, uma vez que nesta modalidade pedagógica,
podem surgir problemas na relação entre alunos e dificuldades de coordenação
pelos docentes, provocando o insucesso. Portanto para que este processo seja
bem sucedido faz-se necessário que os alunos dominem um conjunto de
procedimentos e atitudes intrínsecas ao processo cooperativo, e que o docente
identifique e entenda os aspectos culturais do individual e do coletivo, intervindo
de forma holística na adaptação em busca do objetivo comum (FONTES &
FREIXO, 2004).
Outra desvantagem está relacionada ao caráter natural de percepção
de resultados positivos, não necessariamente vinculados a período temporal
especifico, sendo necessário amadurecimento do processo, o que muitas vezes
pode criar situações de angústia e stress, principalmente nos docentes, não
atingiram as competências requeridas para o bom funcionamento do grupo
(FONTES & FREIXO, 2004).
E finalmente, segundo FONTES & FREIXO (2004), a idade dos
alunos, os seus hábitos sociais e o interesse que manifestam pela modalidade
desenvolvida, nem sempre se manifestam adequadamente, afetando o
rendimento dos grupos de trabalho.
3- OS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA
3.1- Evolução dos Jogos Cooperativos.
Conforme ensina Brotto (2002), A preocupação com o excesso de
valorização do individualismo e a competição exacerbada, impulsionaram a
inserção dos Jogos Cooperativos na sociedade moderna, em primeiro momento
na cultura oriental.
Tendo em vista que a competição segundo Brotto (2002) é
considerada como um valor natural e normal da sociedade humana, esta
apresenta-se como forte característica nos diversos setores da vida social.
Nos estudos de Weinstein & Goodman (1993) encontra-se a
afirmação clara e objetiva:
Existe a necessidade para criar modelos cooperativos de jogar juntos,
para oferecer um equilíbrio diante da competição que nos envolve. Sem
alternativas cooperativas as quais possamos escolher, nós não saberemos
discernir sobre quando a competição é o modo apropriado.
Brotto (2002) se faz tácito ao afirmar que se fizermos uma reflexão
sobre as nossas experiências de jogar, dentro ou fora da escola, verificaremos
a forte tendência na prática dos jogos competitivos, pois a excessiva valorização
da competição se manifesta nos jogos através de resultados numéricos e na
vitória. Sendo assim, nem sempre os programas de Educação Física, Esporte
ou Recreação, enfatizam outras formas de experimentação de jogos, sem o fator
condicionante da competição.
Nesta consoante, os Jogos Cooperativos foram criados com a
finalidade de promover a auto-estima, bem como o desenvolvimento das
habilidades interpessoais positivas, em orientação à prevenção de problemas
sociais antes que eles se tornem reais. Dado o exposto, os Jogos Cooperativos
são um exercício de potencialização de valores e atitudes capazes de permitir o
desenvolvimento da sociedade humana como um todo.
3.2- Conceitos e Características.
Conforme Deacove (2003) os participantes de Jogos Cooperativos,
jogam uns com os outros, ao invés de uns contra os outros. Assim, os jogos
foram feitos para serem jogados pelo prazer de jogar, e/ou superar os desafios
e não com o objetivo de derrotar os outros jogadores.
De acordo com Brotto (2002) jogando cooperativamente temos a
chance de considerar o outro como um parceiro, um solidário, em vez de tê-lo
como um adversário, cooperando para interesses mútuos e priorizando a
integridade de todos.
Os Jogos Cooperativos são estruturados para diminuir a pressão que
os jogos competitivos proporcionam, visando a união entre as pessoas,
despertando a coragem em assumir riscos e vencer desafios, deixando de lado
a preocupação com o fracasso e/ou sucesso individual, reforçando a confiança
pessoal e interpessoal, onde ganhar ou perder são apenas referências para o
contínuo aperfeiçoamento de todos, cuja prática resulta no envolvimento total em
sentimentos de aceitação e vontade de continuar jogando (BROTTO, 2002).
Os Jogos Cooperativos, segundo Brotto (2002), caracterizam-se por:
serem divertidos para todos; todos os jogadores têm sentimento de vitória; todos
envolvem independente de sua habilidade; aprende-se a partilhar e a confiar; há
mistura de grupos que brincam juntos criando alto nível de aceitação mútua; os
jogadores envolvidos nos jogos por um período maior, gozam de maiores
possibilidades de desenvolver suas capacidades; aprende-se a solidarizarão
com os sentimentos dos outros, desejando também o seu sucesso; os jogadores
aprendem a ter senso de unidade; desenvolvem a auto confiança porque todos
são bem aceitos; a habilidade de preservar-se face às dificuldades é fortalecida;
todos encontram um caminho para crescer e desenvolver.
3.3- Princípios Socioeducativos da Cooperação
Quando se aprende a jogar cooperativamente, permite-se às pessoas
descobrirem que podem criar inúmeras possibilidades de participação e inclusão
através de gradativas modificações de regras e estruturas básicas do jogo,
sendo assim os Educadores, Técnicos Esportivos e outros profissionais
envolvidos com essa dinâmica promovem o favorecimento de transformações
nas atitudes pessoais e nos relacionamentos sociais.
Os principais eixos da Pedagogia Cooperativa no processo de ensino
e aprendizagem, segundo Brotto (2002) são: convivência, (onde deve haver a
vivência compartilhada, tenho a necessidade de experimentar para poder
reconhecer a si e aos outros); a Consciência, (criação de clima de cumplicidade
entre os participantes); e a Transcendência (disposição para dialogar, decidir em
consenso, experimentar as mudanças propostas e integrar no jogo e na vida, as
transformações desejadas). Nesta órbita, a pedagogia proposta pelo Jogo
Cooperativo apoia-se na interdependência dessas três dimensões, enquanto
nexos de um processo mais amplo de manifestação da consciência pessoal e
grupal.
3.4- Categorias dos Jogos Cooperativos
Segundo Brotto (2002) em sua abordagem sistematizada visando
facilitar a integração da consciência de Cooperação no processo de ensino do
Esporte, a categorização dos Jogos Cooperativos é identificada como:
•
Jogos Cooperativos Sem Perdedores – Jogos
em que os participantes são posicionados livremente, com
delimitação de espaço, e buscam um objetivo comum, no
entanto não há equipes, o participante quando possuir a bola
ou objeto de jogo pode escolher a quem vai colaborar,
descrevendo uma sequência de perde e ganha, colaboração e
recebimento de ajuda, e assim por diante. Um bom exemplo
desta categoria é o “Jogo da Bola Sentada”. Jogos de
Resultado Coletivo – Jogos elaborados, onde as estratégias
requerem dedicação e coordenação dos integrantes de uma
equipe, que busca resultado positivo em prejuízo da outra. Por
exemplo, o jogo de basquetebol que é jogado por duas equipes
de 5 jogadores, que têm por objetivo passar a bola por dentro
de um cesto colocado nas extremidades da quadra, seja num
ginásio ou ar livre. A vencedora é a equipe que numericamente
superar sua oponente em cestas convertidas. Apesar de, em
primeiro momento parecer predominantemente competitivo, o
basquetebol promove ao máximo a integração proposta pela
Pedagogia Coletiva, dentro da equipe, caso contrário, não
observa-se conversão de resultados.
•
Jogos Semi-Cooperativos - São indicados para
iniciar a aplicação dos Jogos Cooperativos em atividades
pedagógicas, principalmente no contexto de aprendizagem
esportiva. A estrutura dos "Jogos Semi-Cooperativos" favorece
o aumento da cooperação entre os membros do time e oferece
aos participantes a oportunidade de jogar em diferentes
posições: todos jogam, todos tocam, todos passam, todos
marcam pontos, promovendo isonomia funcional. Constitui-se
exemplo desta categoria, em interpolação com a anterior, o
“voleibol”, com sua característica de rodizio posicional dos
elementos de uma mesma equipe.
De acordo com Brotto (2002) embora as categorias sejam
apresentadas
separadamente,
elas
relacionam-se
de
uma
maneira
interdependente, fazendo com que em uma mesma categoria, exista a presença
de outras.
4.- A experiência vivida no PIBID
Em observação às aulas de Educação Física, ministradas a alunos do
segundo ano do Ensino Fundamental I, da Escola Municipal Maestro Roberto
Pereira Panico, verificou-se o estudo do conceito e vivencia de práticas referente
ao conteúdo dominância lateral.
Neste procedimento, a docente propunha o jogo da Bola Queimada,
também conhecido por Caçador, Baleado, Mata-Mata, Queima, Barra Bola,
Cemitério, entre outros. O jogo foi realizado na quadra poliesportiva da instituição
de ensino, delimitado em espaço retangular, dividido em dois campos iguais,
com duas equipes e compostas por número equitativo de participante.
As regras sugeridas pela docente foram: Todos os alunos deviam
jogar (se um aluno que já jogou pegar a bola deveria passar para o colega que
ainda não jogou); jogar a bola ora com a mão direita, ora com a mão esquerda;
só era queimado, o participante que era tocado pela bola entre os ombros e os
pés; quando queimado o jogador deveria dirigir-se para o “cemitério” (pequeno
espaço no final da quadra). A equipe que restar com mais componentes ganha
o jogo. No entanto, se a bola ocasionalmente for em direção ao “cemitério” e
tocar qualquer de seus componentes, todos são liberados e voltam para o jogo,
nas equipes que escolherem, desde que o critério equitativo de formação seja
observado. Restando ainda a possibilidade da equipe com número diminuto de
participantes, e percebendo a possibilidade de derrota, lançar deliberadamente
a bola contra o “cemitério” para promover reorganização das equipes e
continuação cíclica do jogo.
Desta forma, e de acordo com Brotto (2002), podemos caracterizar o
jogo da queimada proposto, como Jogo Semi-Cooperativo. Existiu a competição
entre as equipes, mas pelas regras sugeridas, a cooperação prevaleceu, o jogo
só chegava ao final por limitação temporal e a vitória se dava de forma
randômica. Evidenciou-se que os participantes de posicionamento social menos
privilegiado demonstraram naturalmente comportamento cooperativo, enquanto
os diametralmente opostos tiveram certa dificuldade em “abrir mão” do senso de
egoísmo e egocentrismo.
Nesta linha, evidenciou-se que os participantes de menor porte físico,
e mais fracos demonstraram maior propensão ao comportamento cooperativo,
enquanto os maiores e mais fortes tiveram certa dificuldade em não relacionar a
atividade à competição. A partir dessa experiência percebeu-se que muitos dos
valores que surgem em situações de cooperação são precisamente aquelas que
se deseja na educação, como a sensibilidade, a ajuda mútua, a coordenação de
esforços a valorização e a amizade. Imprescindíveis para a formação do aluno
como cidadão critico, solidário e social.
Para Lopes e Pimentel (2008) a cooperação na educação vai muito
além dos Jogos Cooperativos, podendo-se usá-los como estratégia para buscar
a igualdade e a justiça, e para o entendimento de como seus resultados sociais
podem ser aplicados em contextos mais amplos. Estruturas de cooperação criam
as condições para transformar a desigualdade, produzindo situações de
igualdade e relações humanas onde cada um sente a liberdade e a confiança
para trabalhar em conjunto em função de metas comuns.
5- CONCLUSÃO
Os jogos cooperativos propiciam oportunidades atraentes e ricas em
diversas situações, o que possibilita uma grande dinâmica de vivências:
comparação de pontos de vista, defesa de interesses, participação em
discussões, vivência da crise e do conflito. O Jogo Cooperativo evidencia-se,
portanto, como potencializador de fatores sócio emocionais, como a cooperação
e a descontração.
O Jogo Cooperativo contribui para a construção do conhecimento, do
desenvolvimento da moralidade, da sociabilidade, da emocionalidade, do desejo
e da solidariedade. Conhecer as características e necessidades individuais das
pessoas, nos seus diferentes momentos de vida, suas vontades e desejos,
associando a uma leitura crítica do nosso cotidiano, é uma tarefa básica para
criarmos um ambiente favorável no processo de humanização do homem.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Aprendizagem Cooperativa. Porto: Edições Asa, 2002.
BROTTO, O. Fábio. Jogos cooperativos: O jogo e o esporte como um exercício
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http://rbceonline.org.br/revista/index.php/RBCE/article/view/99/107
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2003.
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Livros Horizonte, 2004.
FRAILE, C. L. El trabajo en grupo: Aprendizaje cooperativo en segundaria.
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http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2159-8.pdf
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RIBEIRO, Celeste M. Cardoso. Aprendizagem cooperativa na sala de aula
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WEINSTEIN, M.; GOODMAN, J. B. Playfair, everybody’s guide to noncompetitive
play.10.ed. San Luis Obispo: Impact, 1993.
AUTORES:
Nilma Fátima De Oliveira. Estudante/bolsista Pibid – Uel: Educação Física
[email protected]
Rafaela Bernardes do Prado Martins. Docente de Educação Física, na rede
municipal de Londrina. Participante do Gepef/UEL e Pibid/UEL.
[email protected]
LINHA DE ESTUDO: 2- Fundamentos teórico-metodológicos do processo
ensino-aprendizagem e avaliação em Educação Física
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