1) Tales de Mileto é tradicionalmente considerado o primeiro filósofo. Com ele, inaugurava-se um tipo de explicação sobre a origem do mundo, que chamamos cosmologia. É característica principal da cosmologia: a) a tentativa de explicar racionalmente o surgimento do cosmos, baseando-se nos fenômenos naturais e sem recorrer a supostas ações de forças sobrenaturais. b) a explicação sobre a origem de mundo a partir das ações combinadas dos deuses cultuados pela religiosidade popular. c) a aceitação de todas as informações provenientes da tradição cultural na tentativa de justificar as regras sociais. d) a simples reprodução racional dos conteúdos criacionistas contidos na tradição mitológica oriental. 2) A cosmologia, tentativa de compreensão racional da natureza, está nas origens da atividade filosófica. Com Parmênides (530-460 a.C.), surge uma nova área do saber filosófico, a ontologia, que é corretamente definida como: a) o estudo racional das relações entre os objetos naturais na composição mais ampla do cosmos. b) o estudo do ser humano em sua natureza mais profunda, abandonando-se, então, as preocupações cosmológicas. c) o estudo do ser, da essência última das coisas. d) o conhecimento sistemático da aparência dos seres. 3) A gnosiologia deve ser compreendida como: a) uma área da filosofia que se dedica a verificar a validade ou não dos conhecimentos filosóficos produzidos em outras áreas. b) uma área do saber filosófico que reúne em si a ética, a política, a cosmologia e a ontologia. c) uma área da filosofia que estuda o próprio conhecimento, examinando sua fonte, suas condições e seus limites. d) uma área da filosofia contemporânea que examina exclusivamente as bases do conhecimento científico. 4) O período socrático da filosofia antiga também é conhecido como: a) período antropológico, pois tanto Sócrates quanto os sofistas se dedicaram a temas referentes ao ser humano, como a moral e a política. b) período mítico, porque há um total abandono da especulação racional em decorrência dos equívocos pré-socráticos. c) período cosmológico, porque as questões da natureza são reelaboradas de acordo com a razão. d) etapa ontológica, pois a especulação filosófica volta-se exclusivamente para o ser do mundo. 5) Sobre a atividade filosófica contemporânea, a única afirmação correta é: a) Muitas áreas antes incluídas na investigação filosófica se tornam áreas específicas do saber, como é o caso da psicologia e da sociologia. Consolidam-se também outras áreas da atividade filosófica, como a filosofia da linguagem e a filosofia da mente. b) Há um abandono dos temas humanos e um retorno às temáticas cosmológicas, agora, porém, contando-se com o suporte das informações científicas para tanto. c) É marcada por um reinício absoluto, ou seja, há uma total recusa da tradição filosófica, o que se justifica pelos resultados pouco convincentes dessa tradição, tanto no aspecto prático quanto no intelectual. d) Nota-se uma revalorização completa dos temas metafísicos medievais. 6) (Uel 2010) A ONU declarou 2009 o Ano Internacional da Astronomia pelos 400 anos do uso do telescópio nas investigações astronômicas por Galileu Galilei. Essas investigações desencadearam descobertas e, por sua vez, uma nova maneira de compreender os fenômenos naturais. Além de suas descobertas, Galileu também contribuiu para a posteridade ao desenvolver o método experimental e a concepção de uma nova ciência física. Com base nas contribuições metodológicas de Galileu Galilei, é correto afirmar: a) A experiência espontânea e imediata da percepção dos sentidos desempenha, a partir de Galileu, um papel metodológico, preponderante na nova ciência. b) A observação, a experimentação e a explicação dos fenômenos físicos da natureza desenvolvidos por Galileu aprimoram o método lógico-dedutivo da filosofia aristotélica. c) A observação controlada dos fenômenos na forma de experimentação, segundo o método galileano, consiste em interrogar metodicamente a natureza na linguagem matemática. d) A verificação metodológica da verdade das leis científicas pelos experimentos aleatórios, defendida por Galileu, fundamenta-se na concepção finalista do Universo. e) O método galileano reafirma o princípio de autoridade das interpretações teológico-bíblicas na definição do método para alcançar a verdade física. 7) (Uel 2010) Leia o seguinte texto de Adorno e Horkheimer: O esclarecimento, porém, reconheceu as antigas potências no legado platônico e aristotélico da metafísica e instaurou um processo contra a pretensão de verdade dos universais, acusando-a de superstição. Na autoridade dos conceitos universais ele crê enxergar ainda o medo pelos demônios, cujas imagens eram o meio, de que se serviam os homens, no ritual mágico, para tentar influenciar a natureza. Doravante, a matéria deve ser dominada sem o recurso ilusório a forças soberanas ou imanentes, sem a ilusão de qualidades ocultas. O que não se submete ao critério da calculabilidade e da utilidade torna-se suspeito para o esclarecimento. (ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985, p. 21.) Com base no texto e no conceito de esclarecimento de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar: a) O esclarecimento representa, em oposição ao modelo matemático, a base do conhecimento técnico-científico que sustenta o modo de produção capitalista na viabilização da emancipação social. b) O esclarecimento demonstra o domínio substancial da razão sobre a natureza interna e externa e a realização da emancipação social levada adiante pelo capitalismo. c) O esclarecimento compreende a realização romântica da racionalidade que acentuou, de forma intensa, a interação harmônica entre homem e natureza. d) O esclarecimento abrange a racionalização das diversas formas e condições da vida humana com o objetivo de tornar o ser humano mais feliz, quando da realização de práticas rituais e religiosas. e) O esclarecimento concebe o abandono gradual dos pressupostos metafísicos e a operacionalização do conhecimento por meio da calculabilidade e da utilidade, redundando num modelo próprio de razão instrumental. 8) “Agora que as paixões acalmaram, volto à proibição do fumo em ambientes fechados, aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas. Como é possível considerar a proibição de fumar nos lugares em que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual? As evidências científicas de que o fumante passivo também fuma são tantas e tão contundentes que os defensores do direito de encher de fumaça restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por duas razões: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente, não consigo imaginar terceira alternativa’. (VARELLA, Drauzio. “O fumo em lugares fechados”. Folha de S.Paulo, 25/04/2009.) “Típico do espírito fascista é seu amor puritano pela ‘humanidade correta’ ao mesmo tempo em que detesta a diversidade promíscua dos seres humanos. Por isso sua vocação para ideia de ‘higiene científica e política da vida’: supressão de hábitos ‘irracionais’, criação de comportamentos ‘que agregam valor político, científico e social’. O imperativo “seja saudável” pode adoecer uma pessoa. Na democracia o fascismo pode ser invisível como um vírus. Quer um exemplo da contaminação? Votemos uma lei: mesmo em casa não se pode fumar. Afinal, como ficam os pulmões dos vizinhos? Que tal uma campanha nas escolas para as crianças denunciarem seus pais fumantes?” (PONDÉ, Luis Felipe. “O vírus fascista”. Folha de S.Paulo, 22/09/2008.) (Unesp 2010) Confrontando o conteúdo dos dois textos, assinale a alternativa correta. a) Para os dois autores, é correta a existência de uma lei que proíbe o fumo em lugares fechados, pois ambos baseiam-se em argumentos de natureza política e filosófica. b) O primeiro texto ampara-se em argumentos científicos, e o segundo, em argumentos de natureza política e filosófica. c) Para o autor do segundo texto, o fascismo é um fenômeno superado da história, e por isso incompatível com sociedades democráticas. d) Para o autor do segundo texto, argumentos de base científica prevalecem sobre argumentos de base política e filosófica. e) Os dois textos apresentam visões contrastantes sobre a proibição do fumo, sendo que ambos baseiam seus argumentos sob um ponto de vista científico. 9) Responda a questão com base no trecho a seguir: “É no princípio do século VI a. C., na Mileto jônica, que homens como Tales, Anaximandro, Anaxímenes inauguram um novo modo de reflexão concernente à natureza que tomam por objeto de uma investigação sistemática e desinteressada, de uma história, da qual apresentam um quadro de conjunto, uma theoria.” (VERNANT, J. P. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 2002, p. 109.) Esse novo modo de reflexão, que se inicia no princípio do século VI a. C., substitui: a) os agentes sobrenaturais que moldavam a ordem do mundo natural e justificavam a existência das coisas. b) os agentes naturais que derivavam das observações empíricas e justificavam a existência das coisas. c) as explicações derivadas do lógos e as consequências teleológicas impostas por esse modelo. d) as explicações naturalistas e as interpretações matemáticas da realidade. 10) Responda a questão com base no trecho a seguir: “É no princípio do século VI a. C., na Mileto jônica, que homens como Tales, Anaximandro, Anaxímenes inauguram um novo modo de reflexão concernente à natureza que tomam por objeto de uma investigação sistemática e desinteressada, de uma história, da qual apresentam um quadro de conjunto, uma theoria.” (VERNANT, J. P. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 2002, p. 109.) A investigação empreendida por Tales, Anaximandro e Anaxímenes deve ser entendida como: a) Hipóteses verificáveis acerca da existência de uma ordem imutável presente no universo. b) Redução de tudo que existe a dados empíricos e pretensão de descartar toda e qualquer explicação não observável. c) Explicação, de caráter universal, que visa explicitar como o universo está estruturalmente ordenado. d) Tentativa de reestruturar os mitos a partir de uma nova linguagem e novos métodos de investigação. 11) Considerado o primeiro psicólogo da humanidade com o seguinte pensamento "conhece-te a ti mesmo" 926 a) Aristóteles b) Platão c) Sócrates d) Bacon e) Marco 12) (U. F. Uberlândia-MG) "[...] Assim, a magia e a mitologia ocupam a imensa região exterior do desconhecido, englobando o pequeno campo do conhecimento concreto comum. O sobrenatural está em todas as partes, dentro ou além do natural; e o conhecimento do sobrenatural que o homem acredita possuir, não sendo da experiência direta comum, parece ser um conhecimento de ordem diferente e superior. É uma revelação acessível apenas ao homem inspirado ou (como diziam os gregos) “divino” — o mágico e o sacerdote, o poeta e o vidente." F. Cornford, Antes e depois de Sócrates. A partir do texto acima, é correto afirmar que: a) o campo do conhecimento mítico se limita ao que se manifesta no campo concreto comum. b) a magia e a mitologia não se confundem com o conhecimento concreto comum. c) o conhecimento do mito, por ser uma revelação, é acessível igualmente a todos os homens. d) o mito não distingue o plano natural do sobrenatural, sendo o conhecimento do sobrenatural superior. 13) (U. E. Londrina-PR) "Zeus ocupa o trono do Universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si, alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?" Jean-Pierre Vernant. O Universo, os deuses, os homens. O texto apresentado é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale a alternativa correta. a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação. b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas verdades. c) As explicações míticas constroem-se de maneira argumentativa e autocrítica. d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de provas. e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de não contradição. 14) Assinale a alternativa correta sobre a tese ocidentalista a respeito do surgimento da filosofia. a) De acordo com a tese ocidentalista, a filosofia é uma criação absoluta dos gregos antigos, ao inaugurarem uma especulação verdadeiramente racional do mundo e fundarem os elementos da ciência antiga. b) Para os ocidentalistas, o surgimento grego da filosofia é inquestionável porque, apesar de a filosofia não se diferenciar do mito, os povos helênicos possuíam tradição de narrativas míticas anteriores aos orientais. c) De acordo com essa perspectiva, não importa propriamente o local de origem da filosofia, desde que se assuma o corte definitivo representado pelos mitos orientais em relação ao saber tradicional greco-romano. d) A tese ocidentalista reforça o papel dos gregos na produção da filosofia, pois estes teriam sido privilegiados pelos deuses para a tarefa. Por isso usam a expressão “milagre grego”. 15) (U. E. Londrina-PR, adaptada) Sobre a passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga, considere as afirmativas a seguir. I. Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus componentes, já contêm características essenciais da compreensão grega de mundo que, posteriormente, se revelaram importantes para o surgimento da filosofia. II. O naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia, já se evidencia na própria religiosidade grega, na medida em que nem homens nem deuses são compreendidos como perfeitos. III. A humanização dos deuses na religião grega, que os entende movidos por sentimentos similares aos dos homens, contribuiu para o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando o desenvolvimento do pensamento filosófico e científico. IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento filosófico, em virtude da assimilação que os gregos fizeram da sabedoria dos povos orientais, sabedoria esta desvinculada de qualquer base religiosa. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II b) II e IV c) III e IV d) I, II e III 16) (U. E. Londrina-PR) "Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os gregos puseram a serviço do seu problema último, da origem e essência das coisas, as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram com as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e casual o reino dos mitos, fundado na observação das realidades aparentes do mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo." W. Jaeger, Paideia. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e filosofia na Grécia, é correto afirmar: a) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina no Oriente sob o influxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia. b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos, representando uma nova forma de pensamento plenamente racional desde as suas origens. c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de forma gradual. d) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma vez que o pensamento filosófico necessita do mito para se expressar. e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que até hoje são objeto da pesquisa filosófica. 17) (IFSP 2011) Comparando-se mito e filosofia, é correto afirmar o seguinte: a) A autoridade do mito depende da confiança inspirada pelo narrador, ao passo que a autoridade da filosofia repousa na razão humana, sendo independente da pessoa do filósofo. b) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da explicação de realidades passadas a partir da interação entre forças naturais personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da história e se opõe ao da ciência. c) Enquanto a função do mito é fornecer uma explicação parcial da realidade, limitando-se ao universo da cultura grega, a filosofia tem um caráter universal, buscando respostas para as inquietações de todos os homens. d) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verdades absolutas e são, em essência, faces distintas do mesmo processo de conhecimento que culminou com o desenvolvimento do pensamento científico. e) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita contradições ou fabulações, admitindo apenas explicações que possam ser comprovadas pela observação direta ou pela experiência. 18) (Uel 2010) Leia atentamente os textos abaixo, respectivamente, de Platão e de Aristóteles: [...] a admiração é a verdadeira característica do filósofo. Não tem outra origem a filosofia. (PLATÃO. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará, 1973. p. 37.) Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol e das estrelas, assim como a gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (por isso o amigo dos mitos é, em certo sentido, um filósofo, pois também o mito é tecido de maravilhas); portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária. (ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I. Tradução Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p. 40.) Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre a origem da filosofia, é correto afirmar: a) A filosofia surgiu, como a mitologia, da capacidade humana de admirar-se com o extraordinário e foi pela utilidade do conhecimento que os homens fugiram da ignorância. b) A admiração é a característica primordial do filósofo porque ele se espanta diante do mundo das ideias e percebe que o conhecimento sobre este pode ser vantajoso para a aquisição de novas técnicas. c) Ao se espantarem com o mundo, os homens perceberam os erros inerentes ao mito, além de terem reconhecido a impossibilidade de o conhecimento ser adquirido pela razão. d) Ao se reconhecerem ignorantes e, ao mesmo tempo, se surpreenderem diante do anseio de conhecer o mundo e as coisas nele contidas, os homens foram tomados de espanto, o que deu início à filosofia. e) A admiração e a perplexidade diante da realidade fizeram com que a reflexão racional se restringisse às explicações fornecidas pelos mitos, sendo a filosofia uma forma de pensar intrínseca às elaborações mitológicas. 19) (Uel 2010) A obra de Galileu Galilei está indissoluvelmente ligada à revolução científica do século XVII, a qual implicou uma “mutação” intelectual radical, cujo produto e expressão mais genuína foi o desenvolvimento da ciência moderna no pensamento ocidental. Neste sentido, destacam-se dois traços entrelaçados que caracterizam esta revolução inauguradora da modernidade científica: a dissolução da ideia greco-medieval do Cosmos e a geometrização do espaço e do movimento. (KOYRÉ, A. Estudos Galilaicos. Lisboa: Dom Quixote, 1986. pp. 13-20; KOYRÉ, A. Estudos de História do Pensamento Científico. Brasília, Editora UnB, 1982. pp. 152-154.). Com base no texto e nos conhecimentos sobre as características que marcam revolução científica no pensamento de Galileu Galilei, assinale a alternativa correta. a) A dissolução do Cosmos representa a ruptura com a ideia do Universo como sistema imutável, heterogêneo, hierarquicamente ordenado, da física aristotélica. b) A crença na existência do Cosmos, na física aristotélica, se situa na concepção de um Universo aberto, indefinido e até infinito, unificado e governado pelas mesmas leis universais. c) Contrária à concepção tradicional de ciência de orientação aristotélica, a física galilaica distingue e opõe os dois mundos do Céu e da Terra e suas respectivas leis. d) A geometrização do espaço e do movimento, na física galilaica, aprimora a concepção matemática do Universo cósmico qualitativamente diferenciado e concreto da física aristotélica. e) A física galilaica identifica o movimento a partir da concepção de uma totalidade cósmica, em cuja ordem cada coisa possui um lugar próprio conforme sua natureza. 20) (Unesp 2010) “Em algum remoto rincão do sistema solar cintilante em que se derrama um sem-número de sistemas solares, havia uma vez um astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da história universal: mas também foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer. - Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Ao contrário, ele é humano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão pateticamente, como se os gonzos do mundo girassem nele. Mas se pudéssemos entender-nos com a mosca, perceberíamos então que também ela boia no ar [...] e sente em si o centro voante deste mundo”. (NIETZSCHE. O Livro das Citações, 2008.) Sobre o texto, é correto afirmar que: a) Seu teor acerca do lugar da humanidade na história do universo é antropocêntrico. b) O autor revela uma visão de mundo cristã. c) O autor apresenta uma visão cética acerca da importância da humanidade na história do universo. d) Ao comparar a vida humana com a vida de uma mosca, Nietzsche corrobora os fundamentos de diversas teologias, não se limitando ao ponto de vista cristão. e) Para o filósofo, a vida humana é eterna. 21) Considerado o primeiro psicólogo da humanidade com o seguinte pensamento "conhece-te a ti mesmo" 926 a) Aristóteles b) Platão c) Sócrates d) Bacon e) Marco 22) Responda a questão com base no trecho a seguir: “É no princípio do século VI a. C., na Mileto jônica, que homens como Tales, Anaximandro, Anaxímenes inauguram um novo modo de reflexão concernente à natureza que tomam por objeto de uma investigação sistemática e desinteressada, de uma história, da qual apresentam um quadro de conjunto, uma theoria.” (VERNANT, J. P. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 2002, p. 109.) Esse novo modo de reflexão, que se inicia no princípio do século VI a. C., substitui: a) os agentes sobrenaturais que moldavam a ordem do mundo natural e justificavam a existência das coisas. b) os agentes naturais que derivavam das observações empíricas e justificavam a existência das coisas. c) as explicações derivadas do lógos e as consequências teleológicas impostas por esse modelo. d) as explicações naturalistas e as interpretações matemáticas da realidade. 23) Copia de Responda a questão com base no trecho a seguir: “É no princípio do século VI a. C., na Mileto jônica, que homens como Tales, Anaximandro, Anaxímenes inauguram um novo modo de reflexão concernente à natureza que tomam por objeto de uma investigação sistemática e desinteressada, de uma história, da qual apresentam um quadro de conjunto, uma theoria.” (VERNANT, J. P. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 2002, p. 109.) Esse novo modo de reflexão, que se inicia no princípio do século VI a. C., substitui: a) os agentes sobrenaturais que moldavam a ordem do mundo natural e justificavam a existência das coisas. b) os agentes naturais que derivavam das observações empíricas e justificavam a existência das coisas. c) as explicações derivadas do lógos e as consequências teleológicas impostas por esse modelo. d) as explicações naturalistas e as interpretações matemáticas da realidade. 24) (Ueg 2011) A influência de Sócrates na filosofia grega foi tão marcante que dividiu a sua história em períodos: período pré-socrático, período socrático e período pós-socrático. O período pré-socrático é visto como uma época de formação da filosofia grega, na qual predominavam os problemas cosmológicos. Ele se desenvolveu em cidades da Jônia e da Magna Grécia. Grandes escolas filosóficas surgem nesse período e muitos pensadores se destacam. Entre eles, um jônico, que ficou conhecido como pai da filosofia. Seu nome é: a) Tales de Mileto b) Leucipo de Abdera c) Sócrates de Atenas d) Parmênides de Eléia 25) Algumas condições históricas favoreceram o nascimento da filosofia na Grécia Antiga. Dentre elas estão: a) As grandes invenções da época, como a da escrita alfabética, a do telescópio e a da pólvora. b) Acontecimentos políticos e importantes mudanças sociais, como a participação dos escravos e estrangeiros na vida pública. c) As viagens marítimas, que colocaram os gregos em contato com os conhecimentos produzidos por outros povos e contribuíram para desencantar o mundo. d) A expansão do império macedônico e a descentralização do poder político promovidos por Alexandre, O Grande. 26) A filosofia é uma forma de compreensão da realidade que, de maneira sistemática, racional e metódica, alcança a natureza em suas camadas mais profundas. No entanto, isso só foi possível graças a um conjunto de condições socioculturais viabilizadas pelo surgimento das poleis gregas. Concebida dessa forma, é correto afirmar que: a) A expressão “milagre grego” descreve corretamente a continuidade entre o pensamento mítico e o surgimento da filosofia. b) O surgimento da filosofia permitiu aos gregos que se livrassem definitivamente das narrativas mitológicas. c) O surgimento da filosofia é solidário à nova ordem política das cidades gregas, na qual o debate público ocupa lugar central. d) A filosofia causa a urbanização das colônias gregas e, consequentemente, acelera seu desenvolvimento econômico. 27) Se considerarmos como característica importante da atividade filosófica a investigação racional crítica sobre o mundo natural e social, que exclui, portanto, a autoridade prévia do discurso religioso, não é correto identificarmos a plena presença da filosofia nas antigas civilizações orientais, pois: a) no Egito e na Mesopotâmia, sobretudo, não havia uma explicação ordenada para a vida natural, embora prevalecesse a minuciosa fundamentação religiosa para a hierarquia social nesses povos. b) natureza, política, economia, cultura e sociedade eram solidamente integradas no pensamento mítico, que explicava todos os aspectos da vida social e natural a partir de princípios divinos e possuía no déspota-deus a mediação entre os seres humanos e o sobrenatural. c) as narrativas míticas desses povos restringiam-se a responder pelos fundamentos da ordem natural, dispensando-se de explicar a existência dos seres humanos, que, desse modo, investiram seus esforços na criação da pesquisa filosófica. d) a inexistência de um corpo sacerdotal vinculado ao Estado propiciou uma espécie de pluralismo religioso, impedindo a unidade cultural no interior dessas civilizações e, consequentemente, prejudicando qualquer forma de especulação racional. 28) (U. E. Londrina-PR) "[…] os traços pelos quais a democracia é considerada forma boa de governo são essencialmente os seguintes: é um governo não a favor dos poucos, mas dos muitos; a lei é igual para todos, tanto para os ricos quanto para os pobres e, portanto, é um governo de leis, escritas ou não escritas, e não de homens; a liberdade é respeitada seja na vida privada seja na vida pública, em que vale não o fato de se pertencer a este ou àquele partido, mas o mérito." Norberto Bobbio, Estado, governo, sociedade. Com base no texto, considere as seguintes afirmativas sobre os direitos fundamentais da democracia grega. I. Todos os cidadãos se submetem a uma elite, formada pelos ricos, que governa privilegiando seus interesses particulares. II. Todos os cidadãos possuem os mesmos direitos e devem ser tratados da mesma maneira, perante as leis e os costumes da pólis. III. Todo cidadão tem a liberdade de expor, na assembleia, seus interesses e suas opiniões, discutindo-os com os outros. IV. Todo cidadão deve pertencer a um partido para que suas opiniões sejam respeitadas. Assinale a alternativa correta. a) Apenas as afirmativas I e II são corretas. b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas. c) Apenas as afirmativas II e III são corretas. d) Apenas as afirmativas II e IV são corretas. e) Apenas as afirmativas III e IV são corretas. 29) (Ueg 2012) Para os gregos da Antiguidade, a palavra “idiota” era usada para representar o cidadão que não se preocupava com a vida política da cidade-estado. Portanto, de acordo com essa acepção grega, poderia ser considerado um “idiota” a) o filósofo Sócrates, que afirmava que a verdadeira sabedoria estava em reconhecer que “tudo que sei é que nada sei”. b) o general Alexandre, o Grande, que, tendo sido aluno de Aristóteles, pretendia dominar militarmente todo o mundo conhecido. c) o habitante da Polis, portador de direitos políticos, que ignorava os discursos e as decisões tomadas durante os debates públicos ocorridos na Ágora. d) os escravos, os estrangeiros, as mulheres e as crianças, que não tinham direito à cidadania, ao voto ou à voz na assembleia. 30) (Unesp 2012) Aedo e adivinho têm em comum um mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é. (Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado.) O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre outros aspectos, a) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmissão oral das tradições, dos mitos e da memória. b) a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos períodos de seca ou de infertilidade da terra. c) o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica. d) a forma como a história era escrita e lida entre os povos da península balcânica. e) o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam. 31) Algumas condições históricas favoreceram o nascimento da filosofia na Grécia Antiga. Dentre elas estão: a) As grandes invenções da época, como a da escrita alfabética, a do telescópio e a da pólvora. b) Acontecimentos políticos e importantes mudanças sociais, como a participação dos escravos e estrangeiros na vida pública. c) As viagens marítimas, que colocaram os gregos em contato com os conhecimentos produzidos por outros povos e contribuíram para desencantar o mundo. d) A expansão do império macedônico e a descentralização do poder político promovidos por Alexandre, O Grande. e) A excepcional inteligência do povo grego. 32) “Nenhum deus, nenhum ser humano fez este cosmos, antes este sempre foi, é e será um fogo sempre vivo, inflamando-se a espaços e extinguindo-se a espaços.” (HUSSEY, E. In: Primórdios da Filosofia Grega. Heráclito. Aparecida: Ideias e Letras, 2008, p. 154.) Segundo Heráclito, podemos afirmar que: a) O cosmos se constitui por acaso e permanece e permanecerá sempre o mesmo. b) O cosmos se formou mediante um lento processo que ao longo do tempo se estabilizou, possibilitando a vida. c) O cosmos, como o fogo, queimará até um dia chegar ao fim, sem poder ser restaurado. d) O cosmos se constitui como um eterno processo, formado por estágios que podem ser representados pelo “fogo sempre vivo”. 33) “Todas as aparências contribuem igualmente para a teoria. Essa é uma posição que o atomismo compartilha com Protágoras, mas este último garante o status igual das aparências por meio do abandono da objetividade: no mundo protagórico, a realidade não passa da totalidade das aparências equipolentes.” (TAYLOR, C. C. W. “Os Atomistas”. In: Os Primórdios da Filosofia Grega. Aparecida: Ideias e Letras, 2008, p. 260). Com base no trecho, assinale a alternativa incorreta: a) Para os atomistas, a objetividade do conhecimento pode ser mantida, pois os corpos resultam da composição da matéria e não sofrem interferência exterior. b) Para os atomistas, é possível buscar descrições físicas que superem a esfera da mera aparência. c) A totalidade das coisas é, para os atomistas e para Protágoras, algo meramente subjetivo. d) A objetividade do mundo físico pode contribuir para superar a dicotomia entre aparência e realidade. 34) Não é parte da lista de conteúdos pertencentes aos ensinamentos dos pitagóricos: a) Devemos levar uma vida que nos assegure um melhor renascimento. b) O número é o princípio de onde tudo deriva. c) Nossas ações nada representam para as divindades. d) A autodisciplina é adquirida por longos períodos de meditação e silêncio. 35) Empédocles e Anaxágoras são considerados filósofos representantes da escola pluralista. Ambos concordam que os princípios fundamentais presentes nos elementos pertencentes à natureza já haviam sido descritos por Parmênides, exceto a noção de: a) Identidade. b) Complementaridade. c) Unidade. d) Imutabilidade. 36) Para atomistas como Leucipo e Demócrito, o universo é composto por: a) Ser, átomos e movimento finito. b) Devir, átomos e repouso. c) Espaço vazio, átomos e movimento perpétuo. d) Espaço vazio, átomos e repouso. 37) (U. E. Londrina-PR) "Os poemas de Homero serviram de alimento espiritual aos gregos, contribuindo de forma essencial para aquilo que mais tarde se desenvolveria como filosofia. Em seus poemas, a harmonia, a proporção, o limite e a medida, assim como a presença de questionamentos acerca das causas, dos princípios e do porquê das coisas se faziam presentes, revelando depois uma constante na elaboração dos princípios metafísicos da filosofia grega. Adaptado de Giovanni Reale, História da filosofia antiga. Com base no texto e nos conhecimentos acerca das características que marcaram o nascimento da filosofia na Grécia, considere as afirmativas a seguir. I. A política, enquanto forma de disputa oratória, contribuiu para formar um grupo de iguais, os cidadãos, que buscavam a verdade pela força da argumentação. II. O palácio real, que centralizava os poderes militar e religioso, foi substituído pela ágora, espaço público onde os problemas da pólis eram debatidos. III. A palavra, utilizada na prática religiosa e nos ditos do rei, perdeu a função ritualista de fórmula justa, passando a ser veículo do debate e da discussão. IV. A expressão filosófica é tributária do caráter pragmático dos gregos, que substituíram a contemplação desinteressada dos mitos pela técnica utilitária do pensar racional. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e III b) II e IV c) III e IV d) I, II e III e) I, II e IV 38) (U. E. Londrina-PR) "Entre os “físicos” da Jônia, o caráter positivo invadiu de chofre a totalidade do ser. Nada existe que não seja natureza, physis. Os homens, a divindade, o mundo formam um Universo unificado, homogêneo, todo ele no mesmo plano: são as partes ou os aspectos de uma só e mesma physis que põem em jogo, por toda parte, as mesmas forças, manifestam a mesma potência de vida. As vias pelas quais essa physis nasceu, diversificou-se e organizou-se são perfeitamente acessíveis à inteligência humana: a natureza não operou “no começo” de maneira diferente de como o faz ainda, cada dia, quando o fogo seca uma vestimenta molhada ou quando, num crivo agitado pela mão, as partes mais grossas se isolam e se reúnem." Jean-Pierre Vernant, As origens do pensamento grego. Com base no texto, assinale a alternativa correta. a) Para explicar o que acontece no presente, é preciso compreender como a natureza agia “no começo”, ou seja, no momento original. b) A explicação para os fenômenos naturais pressupõe a aceitação de elementos sobrenaturais. c) O nascimento, a diversidade e a organização dos seres naturais têm uma explicação natural e esta pode ser compreendida racionalmente. d) A razão é capaz de compreender parte dos fenômenos naturais, mas a explicação de sua totalidade está além da capacidade humana. e) A diversidade de fenômenos naturais pressupõe uma multiplicidade de explicações e nem todas essas explicações podem ser racionalmente compreendidas. 39) (U. E. Londrina-PR) "Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa proposta é importantíssima [...] podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental. Giovanni Reale, História da filosofia. A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles investigado. a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano. b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte. c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos. d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo. e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação. 40) (U. E. Londrina-PR) Ainda sobre o mesmo tema, é correto afirmar que a filosofia: a) surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na realidade sensível, e em oposição aos mitos gregos. b) retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional, formulando hipóteses lógico-argumentativas. c) reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer prova da existência de alguma força divina. d) desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, graças à supremacia cultural dos gregos. e) se estabeleceu como um discurso acrítico e teve suas teses endossadas pela força da tradição. 41) (U. F. Uberlândia-MG) "Do arco o nome é vida e a obra é morte." Heráclito, Sobre a natureza. Esse fragmento ilustra bem o pensamento de Heráclito, que acreditou ser o mundo o eterno fluir, comparado a um rio no qual entramos e não entramos. Assinale a alternativa que explica o fragmento mencionado acima. a) Todas as coisas estão em oposição umas com as outras, o que explica o caráter mutável da realidade. A unidade do mundo, sua razão universal, resulta da tensão entre as coisas, daí o emprego frequente, por parte de Heráclito, da palavra “guerra” para indicar o conflito como fundamento do eterno fluxo. b) A harmonia que anima o mundo é aberta aos sentidos, sendo possível ser conhecida na multiplicidade daquilo que é manifesto, uma vez que a realidade nada mais é que o eterno fluxo da multiplicidade do logos heraclitídeo. c) A unidade dos contrários, a vida e a morte, é imóvel, podendo ser melhor representada para o entendimento humano por intermédio da imagem do fogo, que permanece sempre o mesmo, imutável e continuamente inerte, e não se oculta aos olhos humanos. d) O arco, instrumento de guerra, indica que a ideia de eterno fluxo, das transformações que compõem o fluxo universal, é o fundamento da teoria do caos, pois o fogo se expande sem medida, tornando a realidade sem nenhuma harmonia ou ordem. 42) (U. E. Londrina-PR) "Mais que saber identificar a natureza das contribuições substantivas dos primeiros filósofos, é fundamental perceber a guinada de atitude que representam. A proliferação de ópticas que deixam de ser endossadas acriticamente, por força da tradição ou da “imposição religiosa”, é o que mais merece ser destacado entre as propriedades que definem a filosoficidade." Alberto Oliva, Pré-socráticos: a invenção da filosofia. Assinale a alternativa que apresenta a “guinada de atitude” que o texto afirma ter sido promovida pelos primeiros filósofos. a) A aceitação acrítica das explicações tradicionais relativas aos acontecimentos naturais. b) A discussão crítica das ideias e posições, que podem ser modificadas ou reformuladas. c) A busca por uma verdade única e inquestionável, que pudesse substituir a verdade imposta pela religião. d) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” como fundamentos para o conhecimento. e) A desconfiança na capacidade da razão em virtude da “proliferação de ópticas” conflitantes entre si. 43) Em seu clássico poema sobre o Ser, Parmênides afirmou: “É necessário dizer e pensar que o ser seja: com efeito, o ser é, o nada não é. Um só caminho resta ao discurso: o que o ser é.” (KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os filósofos pré-socráticos. Lisboa: Calouste, 1983, p. 255.) Esse breve trecho do poema de Parmênides enuncia os princípios: a) Da razão suficiente e do terceiro excluído. b) Da não contradição e da identidade. c) Da causa e efeito e da identidade. d) Do terceiro excluído e da não contradição. 44) Em seu clássico poema sobre o Ser, Parmênides afirmou: “É necessário dizer e pensar que o ser seja: com efeito, o ser é, o nada não é. Um só caminho resta ao discurso: o que o ser é.” (KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os filósofos pré-socráticos. Lisboa: Calouste, 1983, p. 255.) De acordo com o trecho do poema, é correto afirmar que: a) Pensar e ser são o mesmo, logo o ser não se identifica com o lógos. b) Pensar e ser são o mesmo, logo o ser escapa à razão. c) Pensar e ser são o mesmo, logo tudo o que pode ser pensado existe. d) Pensar e ser são o mesmo, logo o ser só pode ser pensado e não dito. 45) (U. F. Uberlândia-MG) "Só é possível pensar e dizer que o ente é, pois o ser é, mas o nada não é; sobre isso, eu te peço, reflita, pois esta via de inquérito é a primeira de que te afasto; depois afasta-te daquela outra, aquela em que erram os mortais desprovidos de saber e com dupla cabeça, pois, no peito, a hesitação dirige um pensamento errante: eles se deixam levar surdos e cegos, [perplexos, multidão inepta, para quem ser e não ser é considerado o mesmo e não o mesmo, para quem todo o caminho volta sobre si mesmo. Parmênides, Sobre a natureza, 6, 1-9. Sobre o trecho do poema, é correto afirmar: I. Só se pode pensar e dizer que o ser é. II. Para os mortais, o ser é considerado diferente do não ser. III. É possível dizer o não ser, embora não se possa pensá?lo. IV. Duas vias de inquérito devem ser afastadas: a do não ser e a dos mortais. Estão corretas: a) II e III b) II e IV c) I e III d) I e IV 46) (U. F. Uberlândia-MG) Leia atentamente o seguinte verso do fragmento atribuído a Parmênides. "Assim ou totalmente é necessário ser ou não." Simplício, Física, 114, 29. A partir do fragmento apresentado, escolha a alternativa que representa corretamente o princípio parmenidiano da verdade. a) O ser é e o não ser é não ser. Ambos podem ser pensados e afirmados, pois é possível pensar e dizer falsidades e o que não existe. b) Somente o ser é, pode ser pensado e afirmado. O ser coincide com o pensamento e com a verdade. O não ser não é e não pode nem ser pensado nem exprimido. c) O ser é (existe) necessariamente na natureza, mas pode não existir no pensamento, enquanto não é pensado. A relação entre o ser e o pensamento não é necessária. d) O caminho da verdade é a via da opinião, que comporta ao mesmo tempo o ser e o não ser. Afirmar totalmente o ser e o não ser implica a opinião verdadeira. e) 47) (U. F. Uberlândia-MG) Parmênides de Eleia, filósofo pré-socrático, sustentava: I. O ser é. II. O não ser não é. III. O ser e o não ser existem ao mesmo tempo. IV. O ser é pensável e o não ser é impensável. Assinale: a) Se apenas I, III e IV estiverem corretas. b) Se apenas I, II e III estiverem corretas. c) Se apenas II, III e IV estiverem corretas. d) Se apenas I, II e IV estiverem corretas. e) Se todas as afirmativas estiverem corretas. 48) (U. F. Uberlândia-MG) Parmênides (c. 515-440 a.C.) deixou seus pensamentos registrados no poema Sobre a natureza, do qual restaram apenas fragmentos cultivados pelos filósofos do mundo antigo. Uma das passagens célebres preservadas é a seguinte: "Necessário é o dizer e pensar que (o) ente é; pois é ser, e nada não é; isto eu te mando considerar. Pois primeiro desta via de inquérito eu te afasto, mas depois daquela outra, em que mortais que nada sabem erram, duplas cabeças, pois o imediato em seus peitos dirige errante pensamento […]." Parmênides, Sobre a natureza. Analise as assertivas abaixo. I. A opinião humana busca o que é (ser) naquilo que não é (ser). II. O mundo dos sentidos é (ser), portanto, o único digno de ser conhecido. III. Não se pode dizer não ser é, porque não ser é impensável. IV. Dizer não ser é não não ser é o mesmo que afirmar não ser não é. Assinale a alternativa que contém as assertivas corretas. a) I e III b) II e III c) II e IV d) I e IV 49) Assinale a alternativa que trata corretamente da diferença entre os filósofos pré-socráticos e os sofistas. a) Ambos, pré-socráticos e sofistas, dedicavam-se aos temas da physis ou natureza, muito embora os sofistas o fizessem apenas pelo exercício especulativo, uma vez que não acreditavam mais na possibilidade de o pensamento humano atingir o ser das coisas. b) Os sofistas, diferentemente dos pré-socráticos, que investigavam a natureza, refletiram acerca dos temas humanos, sobretudo sobre a vida do homem na pólis. c) Os sofistas ampliaram seu campo de reflexão, investigando os temas humanos, embora, do mesmo modo que os pré-socráticos, ainda atribuíssem mais importância aos temas da physis. d) Os sofistas permanecem investigando a natureza, mas abandonam o caráter exclusivamente especulativo da filosofia pré-socrática, adotando procedimentos experimentais. 50) De acordo com os sofistas, a virtude é obtida mediante um aperfeiçoamento moral que consiste: a) no desenvolvimento de qualidades inatas e que, enquanto tais, pertencem exclusivamente aos aristocratas, não sendo acessíveis ao conjunto dos cidadãos. b) na obediência aos valores tradicionais da religião grega, sem os quais não haveria a possibilidade de uma vida efetivamente moral. c) na identificação de princípios morais universais, ou seja, válidos para o conjunto da humanidade. d) na capacidade de usar adequadamente a palavra na vida pública e na assimilação das regras que tornam possível a convivência humana. 51) As leis sociais são definidas pelos sofistas como: a) um produto da razão humana que, como tal, tem legitimidade absoluta e universal, não devendo haver variações entre os povos. b) convenções sociais que cada sociedade estabelece conforme seus costumes e escolhas, podendo ser modificadas ao longo do tempo. c) inspiradas pelos deuses e, portanto, imutáveis. d) convenções que são as mesmas em todas as sociedades, pois os seres humanos encontram necessariamente os mesmos caminhos para a regularização de sua vida social. 52) Assinale a alternativa que se refere corretamente à declaração de Protágoras de que o homem é a medida de todas as coisas. a) Protágoras, ao anunciar o homem como medida de todas as coisas, reforça o caráter absoluto do conhecimento humano, uma vez que a humanidade é senhora absoluta da natureza. b) A afirmação de Protágoras ressalta o homem como único ser passível de opiniões, muito embora, para ele, o uso sistemático da razão fosse capaz de identificar a verdade contida nas próprias coisas. c) Trata-se apenas de mais uma provocação de Protágoras em questões religiosas, uma vez que os deuses é que eram medida de todas as coisas. d) Trata-se de uma perspectiva relativista, pois a existência das coisas e suas qualidades dependeriam exclusivamente de quem as experimentasse, sendo que o que seria agradável a um poderia ser desagradável a outro. 53) Segundo o sofista Antífon, não há uma superioridade dos gregos em relação a outros povos, pois: a) de acordo com a lei da natureza, não há diferença entre os seres humanos, que são todos iguais. b) diferenças de classes ou entre os povos são fundamentadas nos princípios naturais, mas podem ser transformadas pelos homens. c) basta um exame detido para identificar a inferioridade dos gregos em relação aos demais povos antigos. d) os gregos, diferentemente dos orientais, usam de modo pertinente a razão, o que é prova de sua igualdade. 54) (Ueg 2011) No século V a.C., Atenas vivia o auge de sua democracia. Nesse mesmo período, os teatros estavam lotados, afinal, as tragédias chamavam cada vez mais a atenção. Outro aspecto importante da civilização grega da época eram os discursos proferidos na ágora. Para obter a aprovação da maioria, esses pronunciamentos deveriam conter argumentos sólidos e persuasivos. Nesse caso, alguns cidadãos procuravam aperfeiçoar sua habilidade de discursar. Isso favoreceu o surgimento de um grupo de filósofos que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos vinham de diferentes cidades e ensinavam sua arte em troca de pagamento. Eles foram duramente criticados por Sócrates e são conhecidos como a) maniqueístas b) hedonistas. c) epicuristas d) sofistas 55) Quanto à moral da sociedade ateniense de seu tempo, Sócrates e os sofistas recusavam sua validade absoluta. Entretanto, sob o aspecto da filosofia moral, destacam-se as diferenças entre sofistas e Sócrates, que são adequadamente resumidas em uma das alternativas adiante. Assinale a alternativa correta. a) Para os sofistas, a moralidade é sempre uma convenção, sendo os valores e as normas, portanto, passíveis de revisão sempre que os cidadãos considerarem necessário. Sócrates, por sua vez, propunha a substituição da moralidade de submissão, imposta pela tradição, por uma autonomia moral em que os homens discriminariam racionalmente o bem do mal. b) Os sofistas consideravam a moralidade sob o prisma do relativismo, ou seja, noções como certo e errado dependem do contexto social em que são geradas. Sócrates, diferentemente, propunha o retorno à ciência da natureza como caminho para estabelecer a verdade no plano ético. c) Rigorosamente não há diferenças, pois Sócrates, apesar das críticas que fazia ao movimento sofista, não chega a adotar uma postura filosófica original em relação aos sofistas. d) Os sofistas aceitavam a moralidade ateniense em sua universalidade, quer dizer, tomavam-na como modelo para todas as sociedades humanas, enquanto Sócrates, com seu método dialógico, era, sobretudo, um relativista em questões morais. 56) O “conhece-te a ti mesmo”, máxima adotada por Sócrates como referencial de sua atitude filosófica, deve ser compreendido nos seguintes termos: a) Trata-se de uma recusa do racionalismo, pois o conhecimento é imediato, bastando ao indivíduo consultar seu íntimo para obtê-lo. b) Inaugura o subjetivismo moral, pois, com cada indivíduo conhecendo a si mesmo, não há mais a possibilidade de verdades universais. c) É a típica ironia socrática, pois o filósofo sabia da impossibilidade de o homem conhecer a si mesmo. d) É a proposta socrática de um exame racional da natureza humana com o propósito de identificar a finalidade da própria vida. 57) Assinale a alternativa que sintetiza o conceito de paideia socrática. a) Trata-se do cultivo da razão, assegurando o conhecimento dos princípios morais verdadeiros e a vida virtuosa. b) Tem como fim único a preparação para a retórica, instrumento essencial para o êxito político. c) Baseia-se na cultura aristocrática segundo a qual a educação é apenas o meio de confirmação da superioridade pelo nascimento. d) Trata-se da adequação pedagógica dos indivíduos aos valores morais estabelecidos. 58) Texto 1 Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para um outro. Se, de fato, não há sensação alguma, mas é como um sono, a morte seria um maravilhoso presente. […] Se, ao contrário, a morte é como uma passagem deste para outro lugar, e, se é verdade o que se diz que lá se encontram todos os mortos, qual o bem que poderia existir, ó juízes, maior do que este? Porque, se chegarmos ao Hades, libertando-nos destes que se vangloriam serem juízes, havemos de encontrar os verdadeiros juízes, os quais nos diria que fazem justiça acolá: Monos e Radamante, Éaco e Triptolemo, e tantos outros deuses e semideuses que foram justos na vida; seria então essa viagem uma viagem de se fazer pouco caso? Que preço não seríeis capazes de pagar, para conversar com Orfeu, Museu, Hesíodo e Homero? (Platão. Apologia de Sócrates, 2000.) Texto 2 Ninguém sabe quando será seu último passeio, mas agora é possível se despedir em grande estilo. Uma 300C Touring, a versão perua do sedã de luxo da Chrysler, foi transformada no primeiro carro funerário customizado da América Latina. A mudança levou sete meses, custou R$ 160 mil e deixou o carro com oito metros de comprimento e 2 340 kg, três metros e 540 kg além da original. O Funeral Car 300C tem luzes piscantes na já imponente dianteira e enormes rodas, de aro 22, com direito a pequenos caixões estilizados nos raios. Bandeiras nas pontas do capô, como nos carros de diplomatas, dão um toque refinado. Com o chassi mais longo, o banco traseiro foi mantido para familiares acompanharem o cortejo dentro do carro. No encosto dos dianteiros, telas exibem mensagens de conforto. O carro faz parte de um pacote de cerimonial fúnebre que inclui, além do cortejo no Funeral Car 300C, serviços como violinistas e revoada de pombas brancas no enterro. (Funeral tunado. Folha de S.Paulo, 28.02.2010.) (Unesp 2010) Após análise dos dois textos, pode-se afirmar que: a) o texto 1 é de natureza fictícia, e portanto não baseado em fatos históricos. b) Platão não apela a entidades míticas para justificar sua concepção positiva sobre a morte. c) Platão faz alusão a um fato histórico fundamental para a filosofia ocidental: as circunstâncias da morte de Sócrates. d) o texto 2 trata do caráter sagrado e religioso dos funerais em nossa sociedade. e) o texto 1 evidencia que a morte não é um tema filosófico. 59) (Ueg 2010) A Grécia foi o berço da filosofia, destacando-se pela presença dos filósofos que pensaram o mundo em que viveram utilizando a ferramenta da razão. O período da história grega e o filósofo que afirmou que “só sei que nada sei” foram respectivamente o a) período pós-clássico e Sócrates. b) período helenístico e Platão. c) período clássico e Sócrates. d) período clássico e Platão. 60) Para Sócrates, a coragem, sem a orientação da sabedoria: a) não deixa de ser uma virtude, pois não raramente encontramos ignorantes corajosos. b) é uma virtude, porém menos completa porque é menos disposta aos riscos. c) não é uma virtude, tornando-se, isto sim, imprudência. d) é a verdadeira virtude, porque não recua ante os perigos. 61) (U. F. Uberlândia-MG) O trecho a seguir faz uma referência ao procedimento investigativo adotado por Sócrates. "O fato é que nunca ensinei pessoa alguma. Se alguém deseja ouvir-me quando falo ou me encontro no desempenho de minha missão, quer se trate de moço ou velho […] me disponho a responder a todos por igual, assim os ricos como os pobres, ou se o preferirem, a formular-lhes perguntas, ouvindo eles o que lhes falo. Platão, Apologia de Sócrates. Marque a alternativa que melhor representa o “método socrático”. a) Sócrates nada ensina porque apenas transmite aquilo que ouve de seu daímon. Seu procedimento consiste em discursar, igualmente para qualquer ouvinte, com longos discursos demonstrativos retirados da tradição poética ou com perguntas que levem o interlocutor a fazer o mesmo. b) A profissão de ignorância e a ironia de Sócrates fazem parte de seu procedimento geral de refutação por meio de perguntas e respostas breves (o élenkhos) e constituem um meio de reverter o argumento do interlocutor para fazê-lo cair em contradição. A refutação socrática revela a presunção de saber do adversário, pela insuficiência de suas definições e pela aporia. c) Sócrates nunca ensina pessoa alguma, porque a profissão de ignorância caracteriza o modo pelo qual encoraja seus discípulos a adquirir sabedoria diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia socrática é uma dissimulação que, pela zombaria, revela as verdadeiras disposições do pequeno número dos que se encontram aptos para a filosofia. d) Sócrates nunca ensina pessoa alguma antes de testar sua aptidão filosófica por meio de perguntas e respostas. Seu procedimento consiste em destruir as definições do adversário por meio da ironia. A ignorância socrática encoraja o adversário a revelar suas opiniões verdadeiras, que, pela refutação, dão a medida da aptidão para a vida filosófica. 62) Assinale a alternativa que define adequadamente o método dialético socrático. a) A dialética consiste em exposições realizadas por Sócrates, com um discurso racionalmente estruturado no qual se apresenta uma ideia que, na sequência, é longamente desenvolvida, permitindo conclusões definitivas sobre o tema em questão. b) Trata-se de um diálogo descompromissado em que a livre associação de ideias possibilita instantes de profundidade filosófica, ao modo das antigas inspirações divinas dos poetas. Esses instantes eram, então, articulados discursivamente como ponto de partida para novas conversas. c) Trata-se de um diálogo em que seus participantes debatem racionalmente um tema proposto, devendo renunciar a possíveis pretensões de autoridade pessoal e valendo-se exclusivamente do exame racional dos argumentos apresentados. Pretende-se, com isso, que todos os protagonistas do diálogo, juntos, atinjam um conhecimento preciso do tema discutido. d) Trata-se de uma postura que rejeita qualquer possibilidade de conhecimento, o que é compatível com a declaração socrática de ignorância. Nesse sentido, não passa de exercício intelectual exibicionista. 63) O método socrático é caracterizado pela utilização da ironia. Sobre a ironia de Sócrates, é certo afirmar: a) É incoerente com a seriedade de seus propósitos filosóficos, o que revela que mesmo alguém profundamente empenhado na pesquisa filosófica, como Sócrates, é também passível de suas contradições pessoais. b) É compatível com a ignorância inicialmente declarada por Sócrates, pois alguém que nada sabe apenas pode dedicar-se, por despeito intelectual, a ironizar o saber largamente cultivado por outros. c) É um artifício utilizado por Sócrates que, com desvios e dissimulações, acaba proporcionando a seus interlocutores a oportunidade de verificar que seu saber é, realmente, muito maior do que eles próprios imaginavam. d) É um conjunto de disfarces e desvios verbais empregados por Sócrates com o propósito de deixar claros ao seu interlocutor os problemas contidos na definição inicialmente apresentada sobre um tema. 64) Assinale a alternativa que se refere corretamente à refutação socrática. a) Parte importante do método socrático, consiste na avaliação racional e minuciosa de uma tese proposta pelo interlocutor de Sócrates. Através do diálogo, verificam conjuntamente que a tese não se sustenta racionalmente. Refuta-se, então, a tese proposta. b) Parte importante do método socrático, consiste em, a partir das falhas de argumentação dos oponentes de Sócrates, iniciar um discurso construtivo acerca das coisas, tendo esse discurso profundo alcance moral, mesmo que carente de verdade. c) Consiste em destruir racionalmente a tese proposta por um interlocutor, o que não pode ser considerado parte do método socrático, pois esse método pretende construir saberes, e não destruí-los. d) É um conjunto de perguntas feitas por Sócrates que resultaram em máximas filosóficas que perduram na cultura ocidental contemporânea. 65) Sobre a exortação socrática, é certo dizer: a) Consistia em convites às pessoas que se interessavam por assuntos filosóficos para que fizessem perguntas a Sócrates. b) Era parte final do método socrático, posterior à refutação. c) Era usada em substituição à ironia. d) Era o estímulo feito por Sócrates para que seu interlocutor lançasse uma tese sobre um tema.