FIGURAS DE LINGUAGEM OU ESTILO 3º ANO – PROFª. CARLA As figuras de linguagem servem para deixar o texto mais interessante, mais divertido, comovente, enfim, mais expressivo. Em geral, esse recurso é amplamente utilizado em textos literários, entretanto, é possível que apareça também em textos não literários. Dependendo do que se pretende evidenciar, as figuras de linguagem são escolhidas. Hoje, enfatizaremos duas figuras que costumam gerar polêmica em virtude de sua natureza, a antítese e o paradoxo. A antítese consiste na utilização de termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido. Veja alguns exemplos: O amor e o ódio caminham lado a lado. A verdade e a mentira fazem parte do dia a dia. Perceba que no mesmo contexto foram utilizadas palavras que possuem sentidos opostos: AMOR X ÓDIO VERDADE X MENTIRA O paradoxo também se fundamenta na oposição, só que esta ocorre entre o mesmo referente, por isso é mais profundo, pois permeia (atravessa) o âmbito das ideias, não simplesmente das palavras ou orações, como na antítese. Veja o exemplo: Os mesmo braços que serviram de abrigo hoje transmitem solidão. O paradoxo, no exemplo, está sendo representado pela oposição entre ideias: Como é possível o mesmo braço abrigar e trazer solidão? Os exemplos e a explicação objetivaram esclarecer que tanto a antítese quanto o paradoxo são figuras pautadas na oposição. Entretanto, o que as diferencia é exatamente o seu campo de atuação. A antítese opõe palavras que já são de natureza opostas, enquanto o paradoxo opõe ideias opostas entre si, como visto no exemplo acima. A escola literária que mais utilizou essas figuras foi o Barroco em virtude da conturbação de sentimentos, ideias e desejos tão comuns à época. Antítese Na antítese, são utilizadas duas teses contrárias, antônimas, como contradição de ideias. Veja o exemplo abaixo: “Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem”. (Monte Castelo, Renato Russo) O eu lírico está acordado enquanto os outros dormem. São duas ideias opostas, mas que não formam uma. Tratam-se de dois indivíduos diferentes, e duas condições diferentes: um está acordado, e o outro dormindo. A antítese, desta forma, consiste em confrontar ideias opostas e, a partir disso, construir um sentido para a frase. PARADOXO A contradição é a marca mais forte do paradoxo. Esse, consiste em usar um mesmo referente com duas ideias opostas, empregando duas palavras que, mesmo opostas, se fundem em uma ideia. Por exemplo a frase “Estou dormindo acordado”, representa duas ideias opostas unidas em um único significado. Confira outro exemplo abaixo: “Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves) A frase, de Castro Alves, mostra a dor, naturalmente ruim, associado a ideia de prazer, unindo ideias contraditórias, transformando-as em uma única. A diferença Para explicar melhor: na antítese, as ideias contrárias estão, de fato, em oposição. Já no paradoxo, duas ideias contraditórias unem-se para dar um significado que vai além dos limites da expressão verbal. A frase já citada como exemplo, “estou dormindo acordado”, não se refere ao literal, mas à ideia de que se está muito sonolento, mesmo que acordado e, as duas ideias opostas de estar acordado e estar dormindo, referem-se a apenas uma pessoa. ANTÍTESE Consiste na oposição entre duas palavras ou ideias, geralmente na mesma frase. Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. Exemplos: "Amigos ou inimigos estão, amiúde (frequentemente), em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal." -"Nasce o sol e não dura mais que um dia. Depois da luz, se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, em contínuas tristezas, a alegria..." (Rui Barbosa) “Os jardins têm vida e morte.” E Carlos, jovem de idade e velho de espírito, aproximou-se. O que sempre foi simples tornou-se complexo. PARADOXO OU OXÍMORO É o encontro de ideias com sentidos opostos. São pensamentos que se contradizem formando um só núcleo de expressão, diferenciando-se desta forma da antítese. É quando as ideias se fundem ,aparentemente, de forma contraditória. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo. Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer;" (Camões) - Nunca dois iguais foram tão diferentes. - A casa que ele fazia sendo a sua liberdade era sua escravidão (Vinícius de Morais) ANTÍTESE E PARADOXO Paradoxo é a aproximação de ideias contrárias. Ex.: Já estou cheio de me sentir vazio. Antítese consiste na exposição de palavras contrárias. Ex.: Ele não odeia, ama. "Como podemos ver, na antítese, apresentam-se ideias contrárias em oposição. No paradoxo, as ideias aparentam ser contraditórias, mas podem ter explicação que transcende os limites da expressão verbal." Relacionado com a antítese, o paradoxo é uma figura de pensamento que consiste quando a conotação extrapola o senso comum e a lógica. As expressões assim formuladas tornam-se proposições falsas, à luz do senso comum, mas que podem encerrar verdades do ponto de vista psicológico/poético. Simplificando, é uma afirmação ou opinião que à primeira vista parece ser contraditória, mas na realidade expressa uma verdade possível. Em língua portuguesa, os paradoxos mais citados estão no célebre soneto de Camões: Antítese: "Eu sou velho, você é moço." (mais de 1 referente) Paradoxo: "Eu sou um velho moço." (um idoso com espírito de jovem). (1 único referente) DEFINIÇÃO DE PARADOXO Paradoxo é um conceito absurdo, falta de senso aparente, de disparate. Faz relações contrárias a um sujeito qualquer. Antítese consiste na exposição de ideias opostas. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. É uma figura relacionada e muitas vezes confundida com o paradoxo. Várias antíteses podem ser feitas através de Amor e Ódio, Sol e Chuva, Paraíso e Inferno, Deus e Diabo. Exemplos de antítese e paradoxo "Já estou cheio de me sentir vazio,..."- PARADOXO "Ele a amava, ela o odiava". - ANTÍTESE "Hoje fez sol, ontem, porém, choveu muito". - ANTÍTESE "Você é meu doce e sal". - PARADOXO "Você é o mel que amarga minha vida". PARADOXO IRONIA Consiste em sugerir, pela entonação, o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. Exemplos: - O ministro foi sutil como uma jamanta e fino como um hipopótamo... - Como ele está apaixonado!! IRONIA É a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico. “A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.” Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica. Exemplo "Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor." (Mário de Andrade) Os políticos brasileiros são tão honestos! Figura que consiste em dizer, com intenções sarcásticas e zombadoras, exatamente o contrário do que se pensa, do que realmente se quer afirmar. Exige, em alguns casos, bastante perícia por parte do receptor (leitor ou ouvinte). Exemplos Olá! Júlio. Como você está em forma (considere-se que Júlio seja um rapaz com mais de 130 quilos)! Meus parabéns pelo seu serviço (considere-se que o vigia tenha dormido e a empresa tenha sido completamente esvaziada durante um assalto)... Ex.: Meu irmão é um santinho (malcriado). A IRONIA é um instrumento de literatura (arte da fala) ou de retórica (persuasivo da fala e da escrita) que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte de zombar de alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor. Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo (exemplo contido na carta de Jânio Quadros quando agradece às Forças Armadas o apoio que não teve). Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posição. PERÍFRASE ou ANTONOMÁSIA É a figura que consiste em exprimir por várias palavras aquilo que se diria em poucas ou em uma palavra. Torna-se, portanto, uma referência indireta. PERÍFRASE - Consiste no emprego de palavras para indicar o ser através de algumas de suas características ou qualidades. Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a distingue. Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome próprio. Exemplos: Ele é o rei dos animais. (Leão) Visitamos a cidade-luz. (Paris) A cidade da luz = Paris O país do sol nascente = Japão A eterna cidade = Roma A cidade maravilhosa = Rio de Janeiro "Cidade maravilhosa Cheia de encantos mil Cidade maravilhosa Coração do meu Brasil." (André Filho) O rei do futebol = Pelé EUFEMISMO Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante. É a atenuação ou suavização de ideias consideradas desagradáveis, cruéis, imorais, obscenas ou ofensivas. Exemplos: Ele entregou a alma a Deus. (Em lugar de: Ele morreu) Nos fizeram varrer calçadas, limpar o que faz todo o cão... (Em lugar de fezes) Ela é minha ajudante (Em lugar de empregada doméstica) "...Trata-se de um usurpador do bem alheio..." (Em lugar de ladrão) Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante. É uma maneira de, por meio de palavras mais polidas, tornar mais suave e sutil uma informação de cunho desagradável e chocante. Consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável. Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou) O senhor está faltando com a verdade (ou seja, com todas as letras, está mentindo). DISFEMISMO É o contrário do eufemismo. O disfemismo é utilizado para dar um impacto violento, desagradável, obsceno e ofensivo. DISFEMISMO ou CACOFEMISMO É uma figura de estilo (figura de linguagem) que consiste em empregar deliberadamente termos ou expressões depreciativas, sarcásticas ou chulas para fazer referência a um determinado tema, coisa ou pessoa, opondo-se assim, ao eufemismo. Expressões disfêmicas são freqüentemente usadas para criar situações de humor. Exemplos: Ele bateu as botas! (Em lugar de morreu.) Esse lixeiro é muito ruim. (Em lugar de: Esse gari não trabalha muito bem.) EUFEMISMO é uma figura de linguagem que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma expressão. Consiste na visualização de uma expressão. É necessário ressaltar que em uma série de materiais didáticos há exemplos inadequados de eufemismo, principalmente no que se refere à morte: "Ir para a terra dos pés juntos", "Comer capim pela raiz" e "Vestir o paletó de madeira" são comuns nesses livros. Expressões populares têm um caráter cômico, o que pode atender em parte a intenção do eufemismo. Entretanto, seu uso em situações de grande impacto, como a morte, beira o grotesco e a função dessa figura de linguagem se perde. Um exemplo mais adequado é dizer que o indivíduo "partiu", ou que "deixou esse mundo". Exemplos: Ele é desprovido de beleza. (Para não falar que é feio) Você faltou com a verdade. (Em lugar de mentiu) Ele entregou a alma a Deus. (Em lugar de: Ele morreu) Nos fizeram varrer calçadas, limpar o que faz todo cão... (Em lugar de fezes) Ela é minha ajudante (Em lugar de empregada doméstica) "...Trata-se de um usurpador do bem alheio..." (Em lugar de ladrão) "Era uma estrela divina que ao firmamento voou!" (Em lugar de morreu) (Álvares de Azevedo) "Quando a indesejada da gente chegar" (Em lugar de a morte) (Manuel Bandeira) Ele subtraiu os bens de tal pessoa. (Em vez de furtou) "...Para o porto de Lúcifer." (Em vez de inferno) (Gil Vicente) "Verdades que esqueceram de acontecer" (em lugar de mentira) (Mário Quintana) Passar os cinco [dedos] -- expressão popular (Em vez de roubar) "Ele vivia de caridade pública" (em vez de "esmolas") (Machado de Assis) Ele foi morar junto com Deus. (Em lugar de morreu) (Gabriela Prizo) Ele foi convidado a sair da escola. (Em lugar de expulso da escola) Ele se apropriou do dinheiro do colega. (Em lugar de roubou) (Marcelo Fileti) Ele não foi feliz nos exames. (Em vez de: ele foi reprovado) Enriqueceu por meios ilícitos. (Em vez de: ele roubou) Ele virou estrelinha... (Em vez de morreu) Ela não raramente falta com a verdade (Em vez de mentir) CATACRESE A catacrese é um tipo especial de metáfora, "é uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito linguístico, já fora do âmbito estilístico." É a figura de linguagem que consiste na utilização de uma palavra ou expressão que não descreve com exatidão o que se quer expressar, mas é adotada por não haver outra palavra apropriada - ou a palavra apropriada não ser de uso comum. O pé da mesa estava quebrado. Não deixe de colocar dois dentes de alho na comida. Quando embarquei no avião, fui dominado pelo o medo. A cabeça do prego está torta. A asa da xícara quebrou-se. Sentou-se no braço da poltrona para descansar Ele já compôs a cabeça do samba. Outros exemplos: folhas de livro, pele de tomate, dente de alho, céu da boca, cabeça de prego, mão de direção, ventre da terra, asa da xícara. HIPÉRBOLE ou AUXESE É a figura de linguagem que incide quando há demasia propositada num conceito, expressa de modo a definir de forma dramática aquilo que se ambiciona vocabular, transmitindo uma ideia aumentada do autêntico. Em palavras mais simples, hipérbole é "expressar uma ideia de forma exagerada". Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto. É habitual na linguagem corrente, como quando se pronuncia: "Já te ressalvei mais de mil ocasiões, para não retrocederes a proferir-me elevado!". É a figura de linguagem que consiste no exagero. Exemplos Alguns exemplos de expressões que contém hipérboles, colhidos da literatura: "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac) "Um quarteirão de perucas para Clodovil Pereira †(2009)". (José Cândido Carvalho) "Assim esperamos - disse a plateia, já agora morrendo de rir." (Caetano Veloso)[5] "Eu chorei rios de lágrimas." "Você me faz morrer de rir." "Estou morrendo de fome!" Personificação ou Prosopopeia É uma figura de estilo que consiste em atribuir a objetos inanimados ou a seres irracionais sentimentos ou ações próprias dos seres humanos. Ocorre prosopopeia (ou animização ou personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, características próprias de seres animados a seres inanimados ou imaginários. Também a atribuição de características humanas a seres animados constitui prosopopéia o que é comum nas fábulas e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: "O peixinho (...) silencioso e levemente melancólico..." Exemplos: "... os rios vão carregando as queixas do caminho." (Raul Bopp) Um frio inteligente (...) percorria o jardim..." (Clarice Lispector) Ex.: O Sol amanheceu triste e escondido. Exemplos de personificação: "O Gato disse ao Pássaro, que tinha uma asa partida,..." "O Vento suspirou e o Sol também." "A Cadeira começou a gritar com a Mesa." "O morro dos ventos uivantes." "A Bomba atômica é triste, Coisa mais triste não há Quando cai, cai sem vontade." (Vinícius de Morais) "A lua beijava a face do lago adormecido. " "O fogo dançava com o vento." "O sol brilhava contente na manhã seguinte." "As árvores acariciaram os passáros." COMPARAÇÃO Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, como, tal qual, tal como, que nem e outros. Consiste em atribuir características de um ser a outro, em virtude de uma determinada semelhança. O meu coração está igual a um céu cinzento. ( triste,melancólico) O carro dele é rápido como um avião. (veloz) O amor queima como o fogo. ( esquenta) “Minha dor é inútil como uma gaiola numa terra onde não há pássaros.” ( gaiola sem pássaros não tem utilidade) O dia voa igual a um pássaro. “ Agora...quero vê esse bacana pegá condução, ficá amassado pra ir trabaiá, ficá que nem sardinha nos ônibus pra podê ganhá salário mínimo; quero vê”. ( fala de um operário) A chuva caía como lágrimas de um céu entristecido.( lágrimas escorrem) GRADAÇÃO ou CLÍMAX Consiste em uma série de palavras ou expressões em que o sentido vai se intensificando continuamente de forma ascendente (crescente) ou descendente (decrescente). Exemplos de gradação ascendente: Em menos de um ano passou de estagiário, a funcionário, a chefe e a tirano. Minha prima sempre se achou bonita, linda, deslumbrante. Sempre se achou a mulher mais vistosa do mundo. Exemplos de gradação descendente: Ela berrou, gritou, falou, sussurrou, murmurou… já não havia mais nada que pudesse fazer. A famosa atriz já foi milionária, rica, classe média e até remediada. Quem diria que acabaria sua vida na miséria? Depois da tempestade, dos relâmpagos e trovões, a chuva continuou caindo durante dias, até se transformar num suave chuvisco. “ Ó não guardes, que a madura idade te converta essa flor, essa beleza, em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.” Ao relembrar o que dissera à namorada naquele momento de ciúme incontrolável, Samuel sentiu-se um animal, um inseto, um verme, um nada. METÁFORA Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido. É um termo empregado com significado de outro por haver entre ambos uma relação de semelhança. É uma comparação subentendida, SEM a presença de conectivo. É o emprego de uma palavra com o significado de outra entre elas uma relação de semelhança. Compare um circo a um balão características do circo características do balão - feito de pano - é feito de papel - é grande - é pequeno - tem forma arredondada - tem forma arredondada - tem luz dentro - tem luz dentro características comuns ao circo e ao balão Agora leia esta frase: “O circo era uma balão aceso com música e pastéis na entrada.” Oswald de Andrade O escritor percebendo os pontos de intersecção( pontos em comum) entre as características de um circo e as de um balão, estabeleceu entre ambos uma comparação mental e criou, assim, uma metáfora. “ O Brasil é novo, é um país pivete.” ( é novo como um pivete) “ O rio era um bicho que de repente embrabecera.” ( é como se fosse um bicho feroz) “Sua boca é um cadeado E meu corpo é uma fogueira.” “Não sei que nuvem trago neste peito Que tudo quanto vejo me entristece...” ( é como se trouxesse uma nuvem que representa a tristeza) Enquanto a metáfora trabalha com os traços semânticos comuns entre duas ideias, a metonímia funciona com a relação de contiguidade( proximidade) entre elas. Perceba agora que os traços de significados das duas ideias comparadas entram em intersecção ( ponto em comum) na metáfora. Exemplo: Subjetivo: um gato é um quadrúpede, mamífero, felino, que mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e pode ser sensual. Ao compararmos os dois com a metáfora "Esse moço é um gato", o traço de significado que provavelmente estaremos colocando em intersecção é apenas o traço sensual . METONÍMIA Já na metonímia, as duas ideias não se superpõem como na metáfora, mas estão relacionadas por contiguidade, proximidade. Por exemplo, as expressões: 1- "sem-teto", 2- "Tomou o copo todo", 3- "Adoro ler Veríssimo" são metonímias, respectivamente, porque: 1- O termo teto está em relação de contiguidade com o resto da habitação. É uma das suas partes, e na expressão substitui o todo "habitação". (Um sem-teto geralmente também não tem o restante da habitação - a porta, as janelas, as paredes, o chão.) 2- O termo copo normalmente contém alguma bebida e é usado no lugar da bebida que contém. (Ninguém consegue beber o copo) 3- O termo Veríssimo é usado no lugar dos livros e crônicas do autor. (A pessoa gosta dos textos do autor; é impossível ler uma pessoa. Ocorre metonímia quando empregamos: O autor pela obra: Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares) Ouvi Mozart com emoção. ( a música de Mozart) O continente pelo conteúdo: Bebeu um copo d’água. ( bebeu a água que estava no copo) A fome era tamanha que as crianças comeram uma panela de arroz. ( comeram o arroz que estava na panela – continente: panela; conteúdo: arroz) Ofereceram-lhe sorvete e ele tomou o pote todo. (tomou o sorvete que estava no pote- continente: pote; conteúdo: sorvete) A parte pelo todo: Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto substitui casa) O bonde passa cheios de pernas. ( pernas = pessoas) O efeito pela causa: Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui o trabalho) Algumas indústrias irresponsáveis despejam a morte nos rios. (morte= poluição) O abstrato pelo concreto: A juventude é corajosa e nem sempre consequente. ( juventude= jovens) A infância é saudavelmente desordeira. ( infância= crianças) A marca pelo produto: Use Bombril. ( Bombril= palha de aço) Comprei um Fiat. ( Fiat= carro)